Neuroarquitetura e os efeitos psicológicos da cor
Yasmin Rodrigues da Costa – yasmaean@gmail.comDesign de Interiores, Ambientação e Pós Produção do Espaço
Instituto de Pós-Graduação - IPOG Brasília, DF, 05 de agosto de 2022
Resumo
A cor é um elemento que exprime diversos significados a depender do contexto em que está inserida. Seja no campo religioso, político, semântico, como símbolo de uma cultura, nas formas da natureza ou nos espaços físicos, a cor é uma percepção visual que sempre esteve presente no cotidiano da humanidade. Além disso, a cor é parte importante da composição de um espaço, uma das variáveis ambientais. Desse modo, a questão que deu início a essa pesquisa foi se de fato as cores, e os demais elementos que integram um ambiente, podem impactar de forma positiva ou negativa as pessoas em determinado local. Logo, esse artigo tem como objetivo levantar dados sobre neurociência e sobre os estudos que se tem acerca da neuroarquitetura referente a elementos que compõem um ambiente; apresentar o panorama geral das cores ao longo da história; pesquisar sobre as cores e suas características fisiológicas e psicológicas, para entender quais respostas físicas e emocionais são despertadas. A metodologia foi executada através de revisão bibliográfica com base em livros, documentários e demais textos que discorrem sobre o presente assunto.Com a conclusão da pesquisa e utilizando o conhecimento encontrado na neurociência, na neuroarquitetura e na psicologia das cores, concluise que de fato as cores atuam na percepção humana, influenciam nas decisões, no comportamento e despertam emoções, bem como respostas físicas no organismo, sendo uma ferramenta de grande importância nos projetos e espaços.
Palavras-chave: Cor. Variáveis ambientais. Psicologia das cores. Neuroarquitetura.
1. Introdução
Esta pesquisa está inserida na área de conhecimento do Design de Interiores e se fundamenta na ideia de que o design é responsável por criar ambientes que promovam bem-estar, conforto e que seja compatível com sua funcionalidade. Segundo Miriam Gurgel (2017):
Chamamos de design a arte de combinar formas, linhas, texturas, luzes e cores para criar um espaço ou objeto que satisfaça três pontos fundamentais: a função, as necessidades objetivas e subjetivas dos usuários e a utilização coerente e harmônica dos materiais.
Dito isso, se faz necessário que o espaço físico utilize artifícios para compor a ambiência de determinado lugar, a fim de gerar um melhor aproveitamento do espaço, pensando tanto na estética, quanto na saúde dos usuários. Além disso, é importante dispor de um olhar analítico para desenvolver e solucionar, e criatividade para conciliar projetos, prazos e expectativas para concepção de um ambiente completo e harmônico.
No entanto, para que se torne possível tais aspectos, é necessário que o profissional, designer de interiores ou arquiteto, busque sempre conhecimentos que possam agregar valor, e que possam ajudar a compor projetos cada vez mais assertivos, pensando principalmente em como as pessoas que utilizam tal ambiente vão se sentir. Dentre esses elementos utilizados temos as chamadas variáveis ambientais, nomeadas assim pela Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura, que se dividem em 7 sendo elas: aromas, sons, biofilia, iluminação, forma, personalização e cores (RÁDIO ARQUITETURA, 2021), que foram usadas no presente artigo como base de estudo utilizando para tal, a neurociência e a neuroarquitetura. Essa classificação varia de autor para autor, por exemplo, para Gurgel (2017) o design de interiores é materializado no ambiente através do uso dos seis elementos: espaço, forma e contorno, linhas, textura e padronagem, luz e cor. De qualquer modo, ambas as nomenclaturas seguem a mesma linha de raciocínio e nas duas abordagens, a cor é considerada como elemento importante na materialização de um ambiente.
Quando o assunto é cor, várias áreas se empenham em estudá-la e compreendê-la, tanto em sua relação com a arte, quanto em relação a ciência. Esse universo da cor está presente desde muito tempo na história da humanidade e seu estudo pode ser dedicado à parte física, química, fisiológica ou mesmo psicológica da cor, sendo que cada uma dessas vertentes possui um amplo campo de pesquisas.
A cor exerce influência em áreas como na moda, publicidade, vendas, psicologia, ciência, natureza e nos ambientes não seria diferente. De acordo com Gurgel (2017:51) “é importante conhecer as características das cores e utilizá-las com sabedoria para que sejam uma forte aliada no projeto de interiores”, também Johannes Itten (1975:8), em 1975, já atribuía às cores grande importância, afirmando que:
A cor é a vida, pois um mundo sem cores parece morto. As cores são as ideias originais, as filhas da luz e da sombra, ambas incolores no início do mundo. […] A luz, fenômeno fundamental do mundo, nos revela através das cores a alma viva deste mundo. (Tradução da autora)
Dessa forma, a motivação desse artigo foi não somente a cor, mas, principalmente, a reflexão sobre seus aspectos e propriedades a partir da psicologia das cores e dos estudos de neuroarquitetura. Busca-se em tais estudos compreender se as cores, e os demais elementos que integram um ambiente possuem tamanha importância, a ponto de fazer com que seja despertado nos usuários, boas ou más sensações por meio de respostas inconscientes e involuntárias, causadas pela conformação do ambiente físico. Além disso, o artigo tem como objetivo pesquisar acerca das diferentes respostas que as cores causam, para melhor entender seu comportamento psicológico, determinar de forma consciente os tons em cada contexto específico para assim, poder aplicá-las de forma correta nos projetos de design de interiores. E ainda, encontrar na neurociência e na neuroarquitetura embasamento para compreender em quais aspectos o corpo humano é afetado sobre a influência das cores e dos demais elementos de composição de um ambiente. Acredita-se que esse artigo é uma forma de colaborar com os estudos já existentes e reunir materiais de diferentes literaturas, contribuindo com os que se interessam pelas problemáticas da cor, e que encontram dificuldade em aplicá-las nos projetos ou nas demais áreas em que a experiência visual é algo fundamental.
2. Estruturação do artigo
A metodologia utilizada foi de revisão bibliográfica com base em livros, documentários, vídeos e demais textos que discorrem sobre o assunto em questão.
O artigo foi dividido em três partes, sendo a primeira destinada a uma contextualização sobre o que é neuroarquitetura, qual o objetivo e qual a importância para os projetos. Na segunda parte, tratou-se dos elementos que compõem o espaço e que participam das sensações e experiências sensoriais dos indivíduos sendo elas: aromas, sons, biofilia, formas, iluminação, personalização e cores.
A última parte foi destinada a apresentação da cor de forma detalhada, devido a sua importância nessa pesquisa. Logo, a terceira e última parte do artigo foi subdividida na visualização da cor, que abordou o processo da visão por um ponto de vista fisiológico; em seguida, fez-se um panorama sobre a cor ao longo da história com as principais descobertas que colaboraram com o que se sabe hoje; e por fim, a psicologia das cores, em que foi selecionada para o estudo 8 cores, sendo elas: as cores primárias (amarelo, vermelho e azul); secundárias (violeta, laranja e verde) e as cores preta e branca, apresentadas em diferentes contextos (moda, arte, vestimentas, publicidade e ambientes) para possibilitar um amplo entendimento.
3. A Neuroarquitetura
Nas últimas décadas, o avanço das tecnologias computacionais impulsionou os estudos sobre o funcionamento do sistema nervoso central, por meio de exames laboratoriais como a Ressonância Magnética e o Eletroencefalograma; ensaios biométricos como Eletrocardiografia, Frequência Cardíaca e Expressão Facial e ainda Ensaios Psicométricos, buscando respostas sobre o funcionamento, desenvolvimento e estruturação do cérebro (VITORINO apud LIMA e col. 2021:143).
Os mapeamentos por imagem e a observação do comportamento humano em diferentes tipos de ambientes revelou a capacidade do sistema nervoso em adaptar sua morfologia e fisiologia de acordo com estímulos internos e externos. Essa oportunidade de analisar as respostas derivadas de certos estímulos em diferentes áreas do cérebro foi ganhando notoriedade e, logo passou a ser estudada por diversos profissionais em diferentes áreas compartilhando cada vez mais o conhecimento e as descobertas adquiridas. Essa área de pesquisa que visa estudar o sistema nervoso em seus três principais eixos: cérebro, nervos periféricos e medula espinhal para explicar não somente as reações do corpo, mas também os fenômenos da mente recebe o nome de Neurociência.
A Neurociência auxilia a quantificar e compreender os padrões cognitivos de funcionamento do cérebro em níveis que fogem da percepção consciente. Análises emocionais e subconscientes são estímulos que podem ser medidos assim que ocorrem, como respostas automáticas do cérebro antes mesmo que o indivíduo tome consciência. Apesar de cada pessoa ser única e ter a sua própria influência genética, cultura e experiência individual, os estudos relacionados a neurociência mostram que a interação entre cérebro, ambiente e comportamento individual, de uma maneira geral, moldam os indivíduos e suas diferentes respostas (ANFA, 2006).
Áreas que exploram as vertentes psicológicas, comportamentais e cognitivas do estudo da Neurociência passaram a buscar respostas com base científica avaliando como esses estímulos físicos e sensoriais influenciam no comportamento humano em certos lugares e situações. Um de seus campos de atuação é a Neuroarquitetura, nome que se dá a aplicação da Neurociência aos Projetos
Arquitetônicos. O termo Neuroarquitetura passou a ser utilizado oficialmente em 2003, com a fundação da Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA) em San Diego, na Califórnia (EUA), onde o neurocientista Fred Gage e o arquiteto John Paul Eberhard se uniram para discutir acerca do impacto do ambiente físico na estrutura e no funcionamento do cérebro (ANFA, 2021).
A Neuroarquitetura surgiu da vontade de compreender como o espaço construído muda os processos mentais, quais reações são desencadeadas, quais os impactos nas sensações dos indivíduos, ou seja, todas as questões que auxiliam a encontrar o que é necessário para criar um ambiente eficiente, projetado não apenas para atender questões funcionais e estéticas, mas que seja usufruído em sua totalidade preservando a individualidade de cada um, além de fornecer ferramentas científicas para comprovar e experimentar hipóteses. E dessa forma, os projetos passam a ser embasados em estudos científicos e não mais empíricos, para proporcionar ambientes que estimulem o desenvolvimento físico e social.
No entanto, não é apenas o ambiente físico que exerce influência sobre o comportamento humano. Variáveis como hábitos, ambiente social, história familiar, cultura, conexões sociais e experiências anteriores também afetam as reações fisiológicas e comportamentais das pessoas, estabelecendo emoções, positivas ou negativas, que podem interferir em como o ambiente é experimentado. Outro fator a ser considerado é o tempo de permanência sob a exposição de determinado estímulo, ou mesmo a frequência em que o usuário fica no ambiente. Quanto maior for essa exposição, maior os efeitos de mudanças plásticas no cérebro e os efeitos no organismo. Por isso, espaços como ambientes de trabalho e estudos, em que as pessoas passam uma média de 8 a 9 horas por dia precisam ser pensados para estimular os hormônios de felicidade como serotonina e endorfina, para proporcionar bem-estar.
Segundo Juhani Pallasmaa (2015), os julgamentos biológicos estão sendo feitos a todo o momento como o toque na maçaneta de uma porta, ou em um corrimão, a proporção dos degraus da escada, a textura do piso, o cheiro dos materiais, a presença de luz natural. Essas respostas biológicas acontecem antes da pessoa refletir sobre a experiência do ambiente (MALLAGRAVE apud NEUROARQ, 2019/20:4). A forma como essas sensações são decodificadas estão correlacionadas com vivências anteriores, o que torna cada experiência única.
A aplicação da neuroarquitetura ajuda a estabelecer alguns padrões que podem ser captados para gerar identificação e participação ativa nos usuários a partir de características para estimular comportamentos específicos, tais como concentração, criatividade, bem-estar, relaxamento, interação, envolvimento, respeito, melancolia, consumismo e etc, a depender da intenção de cada espaço. Além disso, parâmetros de orientação que interferem, inclusive, nas tomadas de decisão e compras, causados por meio da percepção espacial de cada indivíduo também são objetos de estudo da Neuroarquitetura.
Alguns elementos de composição do espaço utilizados por arquitetos e designers influenciam em como os usuários se sentem e se comportam, podendo contribuir para uma boa sensação ou mesmo provocar o incômodo em determinados ambientes. Dentre os vários elementos que compõem um espaço, separou-se para esse artigo 07 variáveis ambientais determinadas pela Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura, como elementos que influenciam diretamente nas sensações que o usuário pode experimentar. São eles: aromas, sons, biofilia, iluminação, forma, personalização e cores (RÁDIO ARQUITETURA, 2021).
4. Variáveis ambientais que compõem um espaço
4.1. Aromas
Os sentidos são sempre muito explorados na composição dos ambientes, pois é possível ativar memórias antigas e contribuir para criação de novas memórias. As lembranças positivas são interpretadas pelo cérebro e desencadeiam boas respostas ao organismo, portanto são utilizadas para tornar os ambientes mais agradáveis. O aroma, por exemplo, mesmo que não seja algo palpável desperta o inconsciente no sentido de remeter a lugares, histórias, pessoas e memórias perdidas, por isso, um mesmo cheiro pode causar reações diferentes.
O olfato tem papel muito importante na sobrevivência humana, é uma parte primitiva que colabora muito com o desenvolvimento ao longo dos séculos, seja para saber se os alimentos estão bons para consumo, decifrar odores, sentir o gosto das coisas e etc. Na indústria é comumente explorado para incentivar o consumo, tanto por meio dos aromas de comidas para estimular o apetite, quanto na aplicação de óleos essenciais nos ambientes.
[…] os neurônios olfativos acabam ativando regiões diferentes do cérebro como o córtex olfativo, responsável por identificar os odores, o hipotálamo, que influencia comportamentos como apetite e impulso sexual, a amígdala, envolvida em emoções, e o hipocampo, importante para a formação de memórias olfativas (GUIMARÃES, 2009).
Diante de um sistema ainda pouco decifrado, os estudos nas áreas de neurociência e neuroarquitetura vêm desvendando a anatomia do olfato e o processo até atingir as reações físicas e químicas. Procuram identificar melhor quais condicionantes do sistema olfativo agem inconscientemente no corpo e como as moléculas são identificadas pelo sistema olfativo para que haja a diferenciação dos mais diversos aromas.
4.2. Sons
Os sons causam grande impacto no bem-estar das pessoas, pois ao mesmo tempo que podem contribuir para ambientar os espaços e deixá-los mais aconchegantes, por exemplo, com música, podem se tornar um obstáculo quando em posição de ruído. O som se faz presente desde a Antiguidade, os bebês conseguem escutar mesmo ainda dentro da barriga da mãe e reagem a esses estímulos se mexendo ou mesmo com os batimentos acelerados. Ao longo da existência humana, o som, enquanto vibração que se propaga no ar capaz de ser percebido pelo ouvido humano, sempre esteve presente ao longo da história.
Ao pensar acerca dos primórdios dos sons e da fala humana, especula-se que o homem ao se deparar com os ruídos dos animais e da natureza (vento, água, trovões e etc) passou a reproduzir tais barulhos e à medida em que os sentidos foram evoluindo, assim como o cérebro, as necessidades passaram a ser outras e essa imitação dos sons existentes deu lugar à criação.
Os materiais que se tinha na época como pedras, madeira, ossos, corpo e principalmente a voz eram elementos usados das mais diversas formas, serviam para marcar território, se comunicar, fazer rituais e até mesmo combinar sons e silêncios das mais diversas maneiras, criando assim diferentes ritmos, mesmo que sem o entendimento e definição do que se conhece como música hoje em dia.
A neurociência busca relacionar os sons com as diversas áreas cerebrais, estudando a influência da música nas atividades cognitivas, afetivas e sensoriais. O ouvido capta os sons e o direciona para o canal auditivo, em seguida, esse sinal sonoro após ser recebido por meio da vibração do ar é transmitida ao tímpano, movimentando as estruturas do ouvido interno, que transforma esse estímulo vibracional em impulsos elétricos, que são, por fim, interpretados pelo cérebro, após uma longa cadeia de eventos mentais, que tem como resultado a leitura geral, individual e subjetiva de cada pessoa a partir de prévias experiências, acontecimentos e lembranças (LAMHA, 2021).
Por fim, é importante levar em conta a idade dos usuários e que nem todas as pessoas recebem os estímulos da mesma maneira, por exemplo pessoas que não escutam bem ou que têm dificuldades de enxergar a longa distância podem experimentar o ambiente de uma forma diferente de pessoas que não tem nenhuma dificuldade nesse sentido. O sons podem afetar inclusive o desempenho, pois quando se está em um ambiente ruidoso torna-se difícil a concentração, o que aumenta a irritabilidade, dores de cabeça, fadiga, etc.
4.3. Biofilia
A palavra Biofilia vem do grego, em que "bio" significa vida e "filia" amor, logo, a biofilia vem do amor a vida no sentido de estar conectado com a natureza. O termo Biofilia ficou conhecido pelo sociobiologista Edward Wilson, que descreveu o tema como a relação emocional dos humanos com outros organismos vivos e incluiu ainda, a proposição de que há uma base parcialmente genética para a resposta positiva dos seres humanos à natureza, ou seja, isso seria algo biológico (WILSON e col. 1993:42).
Essa necessidade intrínseca do ser humano de estar conectado com a natureza está relacionado também à evolução humana, pois ao longo de boa parte da história do desenvolvimento humano, a vida sempre foi conectada à natureza. A vida em centros urbanos ainda é muito recente, o Homo Sapiens passou em torno de 90 mil anos vivendo completamente inserido na natureza para finalmente começar a construir assentamentos mais estáveis que evoluíram para vilarejos e cidades e por ser algo ainda novo, o cérebro não está adaptado (WILSON e col. 1993:48).
A dinâmica em que a sociedade contemporânea está inserida, cheia de tarefas e focada apenas no trabalho, faz que as pessoas fiquem cada vez mais tempo inseridas dentro de edifícios. Essa falta de contato com o meio externo tem se mostrado prejudicial à saúde, podendo ser atrelada às doenças psicológicas, segundo alguns pesquisadores, que se fazem cada vez mais presentes. Alguns estudos indicam que pessoas que vivem no campo ou em áreas afastadas da cidade tendem a ter menos riscos de desenvolver transtornos mentais e comportamentos antissociais do que aquelas que vivem nos centros urbanos. Outros estudos mostram que ao tocar a madeira o sistema nervoso parassimpático tende a se tornar mais ativo, isso explica o porque ambientes com madeira despertam a sensação de tranquilidade nas pessoas (IKEI e col. 2017).
Em se tratando de ciência, o contato com a natureza diminui o estresse e irritabilidade atuando no aumento da atividade do sistema parassimpático com melhora na função corporal, controle dos níveis de estresse e consequentemente, redução da atividade simpática. Tais fatores contribuem com o aumento da
capacidade cognitiva e concentração dos indivíduos, pois a relação com a natureza proporciona mais saúde e bem-estar (HEERWAGEN e col. 2012:5).
Com isso, o design biofílico tem a prerrogativa de trazer elementos naturais, como iluminação, ventilação, vegetação, água, formas orgânicas, materiais naturais e até mesmo animais para configurar ambientes que estimulem experiências multissensoriais, satisfação e prazer, mesmo que essa experiência seja de forma indireta. “De acordo com estudos da neurociência, a capacidade de processar informações conscientemente é inferior a 1% da capacidade de processamento inconsciente” (PAIVA, 2018).
4.4. Iluminação
A iluminação está presente em vários aspectos das relações humanas, pois é responsável pela regulação do organismo, possibilita a realização de tarefas, está diretamente relacionada à visão e interfere no impacto fisiológico do corpo. Antigamente, os períodos de luz eram previsíveis, pois quando tinha sol havia claridade e quando vinha a noite havia escuridão, e esses períodos de luz e sombra demarcados de forma precisa se relacionavam com os processos biológicos do corpo humano, que utiliza a luz como meio de diferenciar dia e noite.
No entanto, após a descoberta da eletricidade, o aumento da exposição à iluminação noturna cresceu de forma exponencial e fez que ficasse mais difícil essa sincronização do corpo humano com a passagem da luz ao longo do dia (chamado de ciclo circadiano), pois o dia passou a ser prolongado artificialmente. À medida em que a tecnologia se desenvolveu, o trabalho noturno passou a ser inserido na vida da população, assim como outras fontes de luz, por exemplo, a televisão, o computador e smartphones, que passaram a fazer cada vez mais parte da rotina.
Dessa forma, as pessoas passam cada vez mais tempo expostas à luz artificial, um estímulo constante que pode dessincronizar os ritmos biológicos e funções do corpo como secreção hormonal, função celular e comportamento sonovigília, que estão associados ao controle circadiano, e uma vez que essa referência de dia/noite é perdida há uma alteração na neuroplasticidade e neurotransmissão do cérebro. Isso causa transtornos do humor e distúrbios do sono, que podem levar a doenças como insônia, depressão, transtorno bipolar, transtorno de estresse póstraumático, ansiedade e queda do sistema imunológico (BEDROSIAN, 2017).
As luzes quentes se assemelham ao início da manhã e fim da tarde e remetem a períodos de descanso e relaxamento, enquanto que a luz fria/azul faz referência ao sol de meio dia, pico máximo de alerta e realização de atividades. No ritmo circadiano vemos justamente essa mudança de luz natural ao longo do dia, espectros esses que se assemelham ao relógio biológico humano. Quando o estímulo de luz fria é recebido à noite, o organismo entende que ainda está em processo de atividades, privando hormônios indutores do sono como a melatonina, o que resulta em dificuldade para dormir. Isso também acontece porque as células fotossensíveis encontradas na retina seguem enviando mensagens ao cérebro mesmo quando se está com o olho fechado, por isso é mais difícil dormir em lugares claros ou após longas exposições à luz azul. Por isso, o ideal seria evitar telas antes de dormir para que o cérebro compreenda que irá iniciar um processo de descanso. Diante de tamanha importância da iluminação, se faz necessário que os projetos luminotécnicos sejam mais assertivos e levem em conta os efeitos biológicos que a iluminação ocasiona.
4.5. Forma
O termo forma é utilizado em muitos contextos com diferentes significados, logo, no seguinte artigo utilizaremos o conceito de forma como os limites externos de um objeto, seu aspecto. É representada pela proporção e configuração do espaço, dimensionamento, altura do pé-direito, texturas, assim como mobiliários e artigos de decoração, que compõem um ambiente e influenciam em sua leitura.
A forma pode constituir-se em princípio de um ponto estático; uma sucessão de pontos que forma a linha; uma sucessão de linhas formando um plano, ou uma forma completa dando origem a um volume. Paul Klee, artista, pintor e professor, faz uma observação a respeito das dimensões partindo da observação de duas linhas paralelas que, quando vistas por um ângulo defletido dão a noção de perspectiva e tridimensionalidade mostrando “[...] o poder subjetivo do olho humano de se mover livremente e criar espaços para suas próprias aventuras óticas" (KLEE, 1968:10, tradução da autora), que é muito utilizado nos projetos de arquitetura para criar diferentes efeitos e visuais para o espaço.
Em seus estudos sobre teoria das formas, o pintor Wassily Kandinsky procurou chegar a um glossário dos elementos da criação a partir de associações entre formas, cores e suas relações, pois segundo ele era inato de todo elemento uma ressonância interior. A conclusão que ele chegou foi que o quadrado, por possuir linhas horizontais consideradas frias (por representarem uma base de sustentação) e linhas verticais consideradas quentes, representava o puro e o racional, figura estática, plana e neutra. O triângulo constituído por lados iguais, por possuir três ângulos pontiagudos e ativos, representava rispidez e dureza. O círculo por ser uma linha sem ângulos mostrava continuidade (KANDINSKY, 1970:74). O círculo, assim como as formas orgânicas, remetem a natureza e são melhor interpretadas pelo cérebro (ANFA, 2006).
As formas dos objetos, mobiliários e espaços estão sempre conectadas com outros elementos como os diferentes materiais, cores e texturas que contribuem para a expressividade do ambiente, por exemplo, a textura dá a característica superficial da forma e afeta tanto as qualidades táteis como a reflexão da luz. Outros aspectos como o pé-direito alto pode contribuir para estados mentais mais criativos, enquanto o pé-direito baixo contribui para estados mentais de maior foco e concentração (LEVY apud PAIVA, 2020). A proporção e a escala também são
elementos que alteram muito a percepção do espaço, que pode acolher ou retrair a depender do equilíbrio entre os tamanhos dos elementos de composição e a escala do ser humano.
4.6. Personalização
A personalização entra no sentido de fazer um ambiente que possa atender e acolher o maior número de pessoas possível. Ao se falar em utilizar a neuroarquitetura para conhecer melhor as respostas inconscientes e conseguir realizar espaços que tenham impacto de forma positiva na vida das pessoas, não se pode deixar de mencionar a importância de aspectos como a inclusão.
A necessidade de se projetar os espaços pensando em acessibilidade, medidas adequadas, rampas, pisos táteis, banheiros acessíveis e etc, são alguns dos cuidados necessários para permitir o acesso de todas as pessoas aos ambientes. Além das deficiências ocasionadas pelas doenças congênitas, que ocorrem antes do nascimento, e as que são adquiridas ao longo da vida, deve-se levar em conta também o envelhecimento da população, que acarreta em problemas de locomoção, perda da visão e audição, enfraquecimento da musculatura, doenças crônicas e outros fatores que dificultam o acesso aos espaços públicos e privados. Quando os espaços não possuem ergonomia e acessibilidade levam ao impedimento da atuação de forma igualitária na sociedade e diminuem a auto-estima e confiança das pessoas com deficiência. Um ambiente inclusivo é aquele que proporciona uma experiência que engloba diferentes estímulos como tato, olfato, sentimentos, visão, e conseguem abranger diferentes tipos de necessidades.
O agrupamento dos diferentes tipos de deficiência torna difícil a compreensão das necessidades de cada grupo, por isso a importância de além das normas universais de acessibilidades serem seguidas, realizar um contato maior com os usuários para que possa ser melhor compreendida as demandas e necessidades, assim como as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia. Dessa forma, ao se projetar de forma personalizada e inclusiva, as pessoas que têm alguma deficiência podem ter maior autonomia e melhores condições de vida.
Uma maior preocupação em relação às pessoas com deficiência, bem como uma conscientização positiva somente ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, devido as consequências como lesões, mutilações e alterações físicas de vários tipos e graus que afetou diretamente a vida desses soldados para realizar tarefas cotidianas. Desde então passou-se a olhar para as cidades e para as barreiras e dificuldades presente nas edificações, que se tornaram cada vez mais evidentes e um assunto de interesse mundial resultando em adequações legislativas e normas técnicas. No entanto, ainda nos dias de hoje percebe-se como as cidades e os espaços ainda precisam melhorar muito para atender à todos.
5. Cor e visualização
A cor é um elemento marcante ao longo da história, sendo reconhecida por seus aspectos físicos, químicos e psicológicos. Assim como os outros elementos descritos ao longo desse artigo, a forma como cada pessoa caracteriza uma cor leva muito em conta o contexto, as experiências anteriores, o grupo social inserido e o estado emocional, pois o cérebro trabalha a partir de associações em conjunto com outros sistemas do corpo para desencadear respostas no organismo. No entanto, a cor é um artifício muito utilizado por designers e arquitetos para dar vida a um
ambiente, criar atmosferas e até mesmo para estimular os usuários, exercendo papel de muita importância. Além disso, também tem grande impacto em áreas como moda, publicidade, design e nas artes em geral, sendo que muita dessa notoriedade está atrelada aos aspectos psicológicos da cor e seus efeitos.
A cor está diretamente associada à visão, por isso o processo fisiológico da cor que se inicia no olhar é um fator importante na compreensão de como as cores são percebidas e captadas pelo ser humano. Todo esse processo se dá a partir dos estímulos luminosos recebidos pelos objetos em que a íris, parte colorida do olho, contrai e dilata regulando a quantidade de luz que entra através da pupila. Na camada mais interna do olho encontra-se a retina e é no centro da retina que se encontra a fóvea, pequena região que contém em maior quantidade as células fotorreceptoras chamadas de cones e bastonetes, onde a luz precisa chegar para que a visão seja precisa e detalhada. Essas células possuem formatos e funções diferentes, sendo que os cones são os capazes de captar as cores e possibilitar a visualização de forma colorida. Eles são encontrados em três tipos, correspondendo às luzes vermelha, verde e azul. Por outro lado, os bastonetes atuam na recepção da luz e possibilitam a visão em lugares pouco iluminados, no entanto não são sensíveis às cores, por isso no escuro a visão se dá em escalas de cinza. As células fotorreceptoras recebem e transformam a luz em impulso elétrico que é enviado ao cérebro por meio do nervo óptico. Esses estímulos são traduzidos pelo córtex, que por sua vez, analisa e transforma o impulso recebido em imagem (ZEDALIS e col. 2018; MARTINS e col. 2019).
Figura 2- Olho humano em corte transversal e uma ampliação com as camadas da retina Fonte: https://openstax.org/books/biology-ap-courses/pages/27-5-vision (2018)
Acredita-se que a informação luminosa que chega aos olhos é recebida em formato de borrões de cor, onde são identificados elementos gerais como contraste, orientação das linhas, cor, movimento e brilho até que o córtex visual comece o processo de interpretar os dados recebidos analisando aspectos como as propriedades de superfície da imagem, contorno e distinção entre primeiro plano e plano de fundo (ZEDALIS e col. 2018). Por fim, acontece o reconhecimento do objeto, uma imagem reconhecível a partir de parâmetros associativos. Em meio a todo esse processo há ainda a relação sensitiva em que uma camada mais profunda do cérebro estabelece sensações e percepção dando significado ao objeto visual para posteriormente estabelecer um vínculo racional. Ou seja, além de toda a parte fisiológica, em que o processo da visão é descodificado a partir de um mecanismo
padrão da anatomia humana, há ainda espaço para uma parte também psicológica, pessoal e única dentro da interpretação e reconhecimento das imagens.
É conhecido que a cor está associada ao comprimento de onda da radiação eletromagnética visível, e as diferentes tonalidades que podemos perceber são a resposta do nosso olho a diferentes combinações de comprimentos de onda. Mas ainda há um grande debate no meio científico a respeito de como as cores são processadas e entendidas pelo cérebro, bem como a ligação entre o processo fisiológico de ver uma cor e o aspecto psicológico que cada cor exerce na percepção humana. Os neurocientistas pesquisam sobre a existência de vias neurais separadas apenas para processar informações sobre as propriedades visuais. Além disso, há um debate sobre a organização funcional cerebral e se de fato há um "centro de cores" no cérebro e qual seria sua localização.
Com os estudos da neurociência é possível verificar quais áreas são excitadas no cérebro diante dos diferentes comprimentos de ondas que chegam, o que permite um melhor entendimento entre a cor e a área afetada indicando comportamentos involuntários e inconscientes dos indivíduos sob determinado estímulo. Tal entendimento pode ser utilizado em pesquisas de consumo e comportamento para entender sobre aspectos emocionais e subconscientes, bem como escolhas mais assertivas de cores para os espaços.
A cor é onipresente e é uma fonte de informação. As pessoas decidem-se dentro de 90 segundos de suas interações iniciais com pessoas ou produtos. Cerca de 62-90% da avaliação é baseada apenas em cores. Portanto, o uso prudente de cores pode contribuir […] para influenciar os humores e sentimentos – positiva ou negativamente […] (SINGH apud MARTINS e col. 2019).
Em todo caso, o mesmo comprimento de onda é percebido de forma diferente por cada pessoa, o que leva a subjetividade da cor enquanto sensação visual não demonstrando a complexa realidade do que enxergamos. Os comprimentos de onda possuem excitações diferentes, por exemplo, ondas mais longas, como as da cor vermelha são percebidas mais rapidamente e possuem maior grau de agitação, enquanto comprimentos de ondas mais curtos, como o roxo, possuem menor grau de agitação e por isso demoram mais a ser percebidas sendo que ambos os casos resultam em diferentes respostas do organismo.
5.1. Panorama da cor
A cor sempre esteve presente no cotidiano da humanidade exprimindo diferentes significados com base no contexto histórico em que está inserida. Além disso, a cor pode abranger valores constituídos por campos semânticos de origens diversas como religiosa e política, e ao mesmo tempo ser utilizada como uma forma de linguagem para comunicar e transmitir informação. Muitas vezes, a cor é utilizada como símbolo de um lugar ou cultura e carrega diferentes interpretações e mensagens. E simbologias como essas, também influenciam o pensamento das pessoas no que diz respeito às associações cromáticas.
Contudo, também podemos associar a percepção da imensa gama de cores existentes no mundo tomando como base os fenômenos naturais e suas diferentes tonalidades, como por exemplo, as cores do arco íris e da aurora boreal vistos como tranquilizantes, enquanto o relâmpago e o trovão despertam a sensação de medo.
Tais fatores contribuíram para as pessoas associarem à cor, certas características e significados com base em efeitos também psicológicos (ITTEN,1975:8).
Fazendo um breve panorama sobre a cor percebe-se que no período grego, Aristóteles (384-322 a.C) já apresentava uma classificação sobre as cores e colocava como sete as cores principais – branco, amarelo, vermelho, violeta, verde, azul, preto e afirmava que as demais cores seriam derivadas da mistura dessas. Além disso, ele considerava a cor como um dos atributos do objeto, uma de suas propriedades (PEDROSA, 1989).
Já no período renascentista, retomando os estudos sobre cor, Leon Battista Alberti (1404-1472) – matemático, pintor, teórico de artes visuais dentre outros –afirmava que só existiam quatro cores verdadeiras, que eram equivalentes aos quatro elementos. O fogo era representado pela cor vermelha, a água pelo verde, o ar pelo azul e a terra pela cor cinza. Para Alberti, o preto e o branco não eram cores verdadeiras, seriam apenas alterações de outras cores sendo que os responsáveis pelo escurecimento e pelo clareamento de uma cor seriam as sombras e a luz, respectivamente (PEDROSA, 1989).
Ainda no período renascentista, Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o responsável por um dos maiores avanços acerca dos estudos sobre as cores. As cores primárias foram definidas por ele como aquelas que não poderiam ser originadas a partir de outras cores, classificando-as como vermelho, amarelo, verde e azul - considerando os conhecimentos daquela época. Para ele, o branco e o preto eram fundamentais na pintura e responsáveis pela concentração de brilho e luminosidade. Uma de suas maiores descobertas para as artes foi a simultaneidade dos contrastes de cor, mostrando que, em cores justapostas, uma cor escura parecerá mais escura ao lado de uma clara, da mesma forma que uma cor clara terá maior luminosidade ao lado de uma cor escura. Suas pesquisas estavam direcionadas principalmente para os artistas e seus estudos foram compiladas postumamente no que ficou conhecido como Tratado da Pintura e da PaisagemSombra e Luz (PEDROSA, 1989).
A cor enquanto ciência passou a ser estudada pelo físico inglês Isaac Newton (1642- 1726) no século XVII, que se preocupou com a cor enquanto luz. Demonstrou por meio de um experimento, em que a luz solar penetrava um prisma triangular transparente, que a cor branca se dividia em sete cores, nomeadas por ele como rubeus, aurantius, flavus, viridis, caeruleus, indicus e violaceus (vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, índigo e violeta). Esse experimento foi descrito em sua obra Nova Teoria das Luzes e das Cores (1672) mostrando que as cores nascem das diferenças de reação à luz. Além disso, Newton apresentou um círculo cromático para determinar a posição das misturas de cor com divisões de diferentes proporções que representavam as cores conforme encontradas em seu espectro linear. O branco e o preto não estavam incluídas dentre as cores do espectro visível (PEDROSA, 1989; FEITOSA-SANTANA e col. 2006).
Essas descobertas abriram caminho para muitos outros estudos e pesquisas ao longo do século XVIII acerca das características da luz e da cor. Dentre eles podemos destacar Thomas Young (1773-1829), que concluiu que diferentes comprimentos de onda correspondiam a diferentes matizes; Charles Bonnet (17201793), que mencionou a existência de ressoadores de luz na retina; Georg Christoph Lichtenberg (1742- 1799), que apresentou as três cores-luzes primárias que o olho humano seria capaz de perceber: vermelho, amarelo e azul; George Palmer (1746-1826) que propôs a existência de três tipos de luzes que corresponderiam, respectivamente, a três tipos de partículas localizadas na retina; Gaspard Monge (1746- 1818), que, pela primeira vez, alertou para a modificação de uma cor em função da presença de sua complementar nomeando o fenômeno como sombras coloridas (FEITOSA-SANTANA e col. 2006).
No século XIX, os fenômenos visuais passaram a ser estudados também sob o ponto de vista da percepção humana e as descobertas anteriores abriram caminho para que muitos pintores se voltassem para pesquisas acerca das características da luz e dos mecanismos de percepção visual. Em 1810, o poeta e escritor alemão
Johann Wolfgang Von Goethe, decide estudar as cores com uma visão diferente da época, voltando seus olhares para uma abordagem mais humanista levando em conta a percepção humana. Para Goethe, seria possível entender a cor partindo da observação da natureza, experiência, intuição e teoria. Ele dedicou muitos anos da sua vida ao estudo cromático, compilados em seu livro Doutrina das Cores (1810).
Além de todo o aspecto fisiológico da cor, ele reinterpretou as cores e as renomeou de púrpura, amarelo e azul claro, aproximando-se das cores magenta, amarelo e ciano, utilizadas atualmente na impressão industrial. Durante suas investigações, preocupou-se ainda com o efeito das diferentes cores sobre seres humanos, ou com o que chamou de "efeito sensorial-moral das cores"
Apesar das rejeições enfrentadas por Goethe devido ao seu pensamento à frente de sua época, ele obteve muito destaque no campo das artes, onde sua obra exerceu muita influência. Tais estudos contribuíram não só com o avanço do desenvolvimento de conceitos básicos sobre a visão – parte fisiológica da cor –como também abriu as portas para uma reflexão a respeito da percepção humana.
5.2. Psicologia da cor
A psicologia das cores mostra a ligação entre a cor e a resposta que ela causa no organismo relacionando as sensações e emoções a partir de impressões pessoais ou coletivas, demonstrando como determinada cor é entendida pelo indivíduo que as observa. Aponta a maneira como nosso cérebro se comporta diante de informações captadas visualmente.
As cores podem ser identificadas como cores luz, que são radiações luminosas visíveis, representada pela luz solar, que se decompõe em outras 7 cores, e as cores pigmento, extraídas através de substância material que, conforme sua natureza, absorve, refrata e reflete os raios luminosos. Além disso, as cores apresentam três características principais são elas: matiz, tom e saturação. O matiz é o que possibilita a diferenciação de uma cor para outra, já o tom se relaciona à quantidade de branco encontrada naquela cor, sendo que tons mais escuros possuem mais preto e tons mais claros, mais branco. A saturação, é a característica referente à palidez ou intensidade da cor, quanto mais saturada, mais intensa.
Segundo Eva Heller (2013), psicóloga e cientista social, as cores agem sobre os sentimentos e sobre a razão, não se combinam ao acaso nem são uma questão
de gosto individual. São vivências comuns que, desde a infância, foram ficando profundamente enraizadas em nossa linguagem e pensamento. Separou-se para o presente artigo o estudo psicológico de 8 cores, sendo elas: as cores primárias (azul, vermelho, amarelo), as cores secundárias (verde, laranja, violeta) e as cores preta e branca para apresentar algumas de suas principais características.
5.2.1. Azul
O azul é uma cor primária, ou seja, não pode ser obtida pela mistura de outras cores. É conhecido por representar confiança, credibilidade e harmonia. De acordo com Eva Heller (2013:47) quando associamos sentimentos às cores, pensamos em contextos muito mais amplos, como por exemplo, o azul é visto também no céu, portanto azul é também a cor do divino, do eterno. O efeito psicológico do azul adquiriu um simbolismo universal como cor da distância, isso porque com o aumento da profundidade, todas as cores se dissolvem em azul, pois quanto mais distantes mais recobertas de ar.
Azul é uma cor fria e além desse fato estar conectado com o comprimento de onda dessa cor, psicologicamente está associado a experiência, por exemplo, a coloração da pele fica mais azulada no frio. Por isso é muito utilizado nas embalagens de alimentos que devem ser conservados frios e frescos.
Nas artes, o azul dos pintores era caro e nobre, já no vestuário, o azul sempre foi uma cor muito usada devido ao índigo, a mais importante das tintas. No design, o azul possui efeito calmante, mas também dá ao ambiente um aspecto frio, pois ele dá a impressão visual de abrir o espaço e é visto como pouco aconchegante.
Nos estudos de mapeamento pela neurociência, a cor azul atinge o córtex pré-frontal responsável pelo raciocínio lógico e comunicação e a resposta transmitida é que os tons escuros remetem ao poder e os claros, frescor e higiene, e a cor azul em geral está associada a produtividade e sucesso (CRÍZEL, 2020).
5.2.2. Vermelho
O vermelho também é uma cor primária sendo que o completamente puro, que não contém partículas de amarelo nem de azul, é o “magenta”. É uma cor em que o simbolismo está marcado por duas vivências elementares: o vermelho do fogo e do sangue. Seu caráter psicológico está associado à força, atividade e agressividade e o simbolismo relacionado ao sangue faz do vermelho a cor dominante de todas as atitudes positivas em relação à vida, o sangue é visto como a essência da força vital, da vida animal. Também é relacionada como cor da justiça devido a época em que as sentenças eram estabelecidas levando em conta o pensamento de que sangue se pagava com sangue. Por outro lado, na China, a cor vermelha é muito utilizada principalmente pelas crianças e é a cor da alegria.
No pós-guerra veio a era do consumo, e o vermelho, a cor dos anúncios publicitários, se converteu em símbolo de bem-estar. Na publicidade, o vermelho é utilizado, pois desperta mais atenção do que algo impresso em preto.
Nos ambientes de ampla permanecia a cor vermelha é evitada por deixar o usuário mais agitado. Psicologicamente a cor vermelha faz referência a algo mais energético e quente, acredita-se que outros efeitos como a agressividade também podem ser suscitadas em ambientes pintados com vermelho, assim como acontece quando o uso das cores não são feitos de acordo com a funcionalidade.
Nos estudos de mapeamento pela neurociência, a cor vermelha atua na amígdala, parte do cérebro responsável por regular emoções como agressividade, medo, comportamento sexual e prazer. Com isso é interpretado como uma cor que transmite excitação, virilidade e dinamismo (CRÍZEL, 2020).
5.2.3. Amarelo
O amarelo é a terceira cor primária, a mais clara dentre elas. Geralmente é apreciada por pessoas de maior idade e está simbolicamente ligada ao sol, à luz e ao ouro. Possui uma característica ambígua, pois ao mesmo em que representa otimismo, luz e entendimento a depender do tom pode representar irritação, hipocrisia e inveja. Para o paladar sempre remete ao ácido, azedo e amargo.
Na Bauhaus, Wassily Kandinsky trabalhou com associações de cores e formas e de acordo com Kandinsky, assim como os demais professores da Bauhaus, o amarelo correspondia ao triângulo devido as pontas e ao ângulos fechados.
Nas vestimentas, antigamente, o amarelo não era uma cor muito apreciada, pois tinha a tradição de ser usado como cor dos traidores: Judas Iscariotes, o traidor de Jesus, na maioria das vezes era representado em amarelo nas telas. No entanto, na Ásia o amarelo possui muito prestígio, sendo usado até mesmo como cor da majestade imperial (HELLER, 2013:170).
O amarelo é uma cor quente, transmite a sensação de dinamismo, estímulo e energia. No design de interiores é utilizada para estimular a criatividade e o raciocínio das pessoas ao mesmo tempo em que leva para o espaço alegria e contemporaneidade. Por ser uma cor forte e marcante geralmente é mais utilizada em pontos de cor, como em itens de decoração, móveis, cortinas, lustres e etc.
Nos estudos de mapeamento cerebral da neurociência, a cor amarela atinge o sistema de recompensa, responsável pela experiência prazerosa e a resposta transmitida é que essa cor sugere otimismo, clareza e calor (CRÍZEL, 2020).
5.2.4. Verde
O verde é uma cor secundária, ou seja, é obtido pela mistura de duas cores primárias: amarelo e azul. Psicologicamente é uma cor de extrema importância, pois está intimamente ligada à natureza, à consciência ambiental e tudo que remete ao natural. É um símbolo de saúde, pois sempre está relacionado com a vida vegetal e ao mesmo tempo está ligado ao estágio da imaturidade, que como todas as plantas, passa pela fase verde até poder amadurecer. O verde é a cor da juventude.
É conhecido como uma cor que transmite calma, esperança e segurança. Está sempre em uma posição intermediária, neutra. O vermelho dá a impressão de proximidade, o azul de distância; no meio fica o verde. O vermelho é quente, o azul é frio; a temperatura do verde é agradável. O vermelho é ativo, o azul é passivo; o verde é tranquilizador (HELLER, 2013:193). Devido a essa passividade do verde torna-se uma cor cansativa, como diz Kandinsky, “Essa ausência constante de movimento é uma característica que atua de forma positiva sobre as pessoas e os espíritos que estão cansados; mas, depois de algum tempo, todo esse sossego vai se tornando monótono” (KANDINSKY apud HELLER, 2013:213).
No design é utilizado em espaços que exigem maior concentração, tranquilidade e longa permanência. É uma cor indicada para ambientes de estudo, mas para espaços de venda pode comprometer, pois instiga o usuário a ter maior cautela. Outra referência muito presente como solução de interiores é o uso do
verde em plantas e objetos que remetam a natureza, pois a biofilia tem grande impacto nos usuários. Nos estudos de mapeamento pela neurociência, a cor verde atinge o córtex pré-frontal e está ligado às decisões, abstração e afetividade, remete à natureza, equilíbrio e coerência (CRÍZEL, 2020).
5.2.5. Laranja
O laranja é uma cor secundária obtida pela mistura das duas cores primárias: amarelo e vermelho, combinando as contradições dessas duas cores e fortalecendo seus pontos em comum. Essa é a cor da diversão, da sociabilidade e do lúdico, e nesse mesmo sentido, o laranja pertence ao acorde da extroversão. O laranja é uma cor controversa e por estar tão ligada à recreação é também vista como uma cor do que não se leva a sério.
O vermelho é doce, o amarelo é ácido, o laranja é agridoce. A atividade pode ser amarela, quando for leve e pacífica, laranja, quando for frenética e, finalmente, vermelha, que é a atividade no mais alto grau de excitação. Ou seja, percebe-se que a cor laranja tem características de ambas as cores que fazem parte da sua mistura.
O nome vem da fruta que naqueles tempos era exótica, e essa cor só passou a ser vista de forma autônoma após a fruta ser conhecida por toda a Europa, pois até então era vista como um “vermelho amarelado” (HELLER, 2013:337).
Na China, o laranja tem o seu significado próprio como a cor da transformação. No budismo, o laranja é a cor da iluminação, o mais alto grau da perfeição. No vestuário, o laranja pertence às cores de quem quer se sobressair, que foge do básico com intenção. Peças de roupa na cor laranja são mais vistas em mulheres e está presente, principalmente, na moda de verão.
Nos ambientes é visto como agradável, pois clareia e aquece, sendo uma cor ideal para alegrar corpo e mente. Além disso, no design é muito utilizada para estimular a comunicação. Nos estudos de mapeamento cerebral, a cor laranja atinge o sistema de recompensa, responsável pela experiência prazerosa e a resposta transmitida é que essa cor sugere confiança, amizade e dinamismo (CRÍZEL, 2020).
5.2.6. Violeta
O violeta é uma cor secundária obtida pela mistura das duas cores primárias: azul e vermelho, que possuem qualidades muito opostas. É portanto, a cor dos sentimentos ambivalentes. Considerada a mais artificial das cores, pois é a mais rara na natureza, o violeta é uma cor fria, e muito utilizada no design das embalagens dos cosméticos destinados às mulheres “maduras”.
Psicologicamente está ligada à vaidade, ambição, ao luxo e ao poder. Além disso, no violeta todos os opostos se fundem, ele simboliza o misticismo, magia, a transmutação e a espiritualidade. Também é uma cor ligada à religião, sendo associada à fé e a humildade pelos cristãos; e à boa saúde, pois alimentos de cor violeta são ricos em antioxidantes, que retardam o envelhecimento.
Nas artes, como matéria-prima para tinturas era obtido a partir dos chamados “caramujos espinhentos”, que vivem no mar e que se encontram em todo o Mediterrâneo. A tintura vinha do muco incolor que o caramujo secretava, que ao ficar no sol dava origem a cor, e por ser resistente ao desbotamento ficou conhecida como a cor simbólica da eternidade. Para obtenção de um grama de púrpura, se fazia necessário dez mil moluscos, e o grama custava dois mil euros, o que tornou essa uma cor exclusiva (HELLER, 2013:363).
No Império Romano era, por lei, a cor imperial, cor do poder e usá-la sem permissão acarretava em punição com pena de morte. Porém, desde 1453, quando Constantinopla foi conquistada pelos turcos, o púrpura autêntico desapareceu. Como cor litúrgica da Igreja, o violeta é a cor da penitência. No simbolismo cristão, o violeta é a cor da humildade.
Tanto na moda quanto nos ambientes é visto como uma cor ousada que demonstra que a escolha foi consciente para chamar a atenção e se diferenciar, é percebida como uma cor extravagante no bom sentido. Nos estudos de mapeamento cerebral da neurociência, a cor violeta atinge o polo frontal, responsável pelo planejamento de ações e pode remeter ao mistério, mas também se relaciona a calma e sensatez (CRÍZEL, 2020).
5.2.7. Preto
O preto é conhecido como a cor da elegância e também da negação, uma cor que agrada muito os jovens por remeter a carros e roupas da moda, por outro lado a cor preta sempre foi vista como uma cor negativa. O efeito psicológico do preto está associado em maior parte a algo pesado, pois fazemos referência a situações que acabam na cor preta como a carne decomposta e dentes cariados, associando ainda a traumas e morte, mesmo que instintivamente.
A adição de preto transforma todos os significados positivos das cores em seu oposto negativo. A reversão de todos os valores, essa é a ação mais forte do preto (HELLER, 2013:238). Nas artes sempre houve a dualidade do preto ser ou não ser uma cor, para os impressionistas, por exemplo, o preto seria uma não-cor.
Na história, as cores sempre estiveram relacionadas com poder. Na Idade Média, a nobreza reservava para si as cores luminosas e mais caras, enquanto as classes menos favorecidas utilizavam as cores escuras. Com o descobrimento das Américas, surgiu um corante chamado campeche, extraído da madeira de uma árvore nativa da América Central e pela importação cara, o preto tornou-se uma cor nobre (HELLER, 2013:244).
No vestuário, o preto é sinônimo de simplicidade e elegância, pois ao mesmo tempo em que passa a impressão de individualidade deixa em evidência a personalidade, uma vez que quem se veste de preto não tem necessidade de se tornar interessante pelas cores chamativas. No mercado da moda, desde 1980, o preto tem prevalecido nas coleções de todos os grandes desenhistas.
Em se tratando de interiores, acredita-se que a cor preta fecha os espaços, tornando-os menores do que os espaços brancos, por exemplo. O mesmo acontece com os mobiliários, que dominam o espaço, possuem presença mais forte e aparentam ser mais pesados e duros. No entanto é uma cor que tem maior impacto sobre as pessoas e impressiona mais, por isso é muito importante para criar atmosferas. Com o Modernismo e o famoso lema: a forma segue a função, iniciou-se um período de renúncia a enfeites, padrões e cores supérfluas e os tons passaram a ser preto, branco ou cinza. Com isso, a funcionalidade e a praticidade ocuparam lugar de destaque e a cor preta passou a representar luxo e sofisticação.
Nos estudos de neurociência, a cor preta atua na amígdala, parte do cérebro responsável por regular emoções como agressividade, medo e comportamento sexual e está associado a curiosidade e superioridade (CRÍZEL, 2020).
Assim como o preto, questiona-se se o branco é uma cor, e em se tratando de cor enquanto luz, o branco não é uma cor e sim a mistura de todas as outras cores. No entanto, na cor enquanto pigmento como nos materiais e substâncias, o branco é sim uma cor, e de fato a mais pura de todas as cores (HELLER, 2013:275).
A simbologia da cor branca está ligada à luz, à pureza e à inocência. Está sempre associada ao seu caráter tranquilo e passivo, uma cor que é nobre, mas ao mesmo tempo fraca, contrastando com as cores preta e vermelha que representam força. Devido a essa pureza, relaciona-se psicologicamente o branco à limpeza e a todos os serviços que exigem higiene. Por exemplo, a vestimenta branca é obrigatória nos lugares em que se produzem produtos alimentícios e também em áreas hospitalares para passar a sensação de limpeza e esterilização.
Nas vestimentas, as roupas brancas e claras são associadas ao verão, pois refletem muita luz e são frescas. Isso também ocorre porque psicologicamente a leveza está associada a clareza e o branco é a mais clara das cores. Nos países asiáticos, o branco representa a cor do luto e faz referência à reencarnação. Outra utilização dessa cor é para representar o desconhecido, como pode ser observado em mapas antigos, os espaços brancos correspondiam a regiões inexploradas.
Nos ambientes, o branco é uma cor bem aceita, pois cria uma camada neutra servindo de tela em branco que pode ser adornada com mobiliários, decorações e pontos de cor. Mas o uso da cor branca precisa ser cuidada para que não deixe o ambiente frio, por exemplo, em quartos de hotel em que se espera aconchego, o uso do branco desagrada. Nesses ambientes espera-se cores mais quentes e uso de materiais naturais. Desse modo, ambientes com muita predominância do branco psicologicamente remetem aos hospitais, sendo associado a contextos negativos.
Nos estudos de neurociência, a cor branca atua no córtex cerebral esquerdo, parte responsável pelo raciocínio lógico e está associada à pureza (CRÍZEL, 2020).
6. Conclusão
Ao se projetar em interiores há uma grande quantidade de variáveis que devemos considerar para criar um ambiente com intenções definidas e que possa influenciar de forma positiva os usuários daquele espaço. Ao se estudar sobre neurociência, mais precisamente sobre neuroarquitetura foi possível entender um pouco mais sobre os elementos que compõem um espaço, o modo como cada um deles atuam no corpo e as reações que são desencadeadas.
Dentre as variáveis apresentadas destacou-se a importância da cor na vida humana desde os primórdios e em todas as vertentes em que ela se encontra, seja em seu aspecto físico, fisiológico, químico ou psicológico.
A fisiologia da cor mostrou como é o processo da visão, a partir da luz que chega aos olhos e um pouco do percurso que acontece ao se enxergar uma cor. No entanto, essas conexões dentre o ato de ver uma cor e como esse estímulo é de fato entregue ao cérebro, assim como a ligação entre a fisiologia e a psicologia da cor, ainda é algo que está sendo desvendado no meio científico, por ser um sistema complexo.
Ao trabalhar com interiores, arquitetura, vendas ou diversas outras áreas que necessitam maior atenção às respostas dos usuários a diferentes estímulos, se faz necessário entender as impressões psicológicas e neurológicas causadas pelas cores. Desse modo, há um maior comprometimento com o desenvolvimento dos espaços pensando em quem irá usar o ambiente, estimulando maior produtividade, bem-estar, relaxamento e logo, saúde.
A correlação entre a parte psicológica da cor e a neuroarquitetura ajuda a entender, por exemplo, porque a pintura de uma parede ou as cores dos móveis podem impactar em como um espaço é percebido, positivamente ou negativamente, assim como as melhores cores para se usar em áreas de estudo e relaxamento, ou cores para estimular criatividade e atenção, calor ou frio e assim por diante.
Dessa forma, foi possível perceber que de fato as cores atuam na resposta humana aos diferentes matises aos quais somos expostos. As experiências vividas por uma pessoa influenciam diretamente em suas decisões futuras e a interpretação pessoal das cores causa sensações mesmo que de forma inconsciente, além disso as cores têm uma simbologia socialmente determinada a depender do contexto e local em que está inserida, de aspectos religiosos, culturais e sociais.
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