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CAPÍTULO 6
Pegaram uma nave de transporte de passageiros até a Estação no Planeta Commos 2. A viagem foi tranquila, mas Ellen admirou-se como a sua cunhada permanecia vigilante. Com certeza ela estava preparada para qualquer eventualidade. Não pode deixar de sentir admiração pela desenvoltura e segurança que sua nova irmã emanava. Ellen gostaria de ser tão autoconfiante como os três irmãos gêmeos. Estar com um deles sempre a deixava segura e protegida. Era a convicção de que era amada e mesmo
tendo se passado tão pouco tempo desde que os conhecera
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e
sentia que também retribuía esse amor. Era se conhecesse por sua vida toda esses três, a agitação borbulhante, as brincadeiras cáusticas mas sempre amorosas. Pertencer a uma família.
A estação era um grande centro comercial agitado e Ellen pode comprar tudo o que precisava por lá. Seres de todos os tipos circulavam pelas ruas superlotadas de
Commos. Nayah a advertiu a não tirar o capuz, pois humanas sempre chamavam atenção muitas de sua espécie pela galáxia. pois não haviam
Nayah e Ellen estavam de luvas e mangas compridas, então Ellen estranhou quando a cunhada começou a comprar muitos vestidos delicados e decotados. E trajes de banho que fariam uma stripper corar! Aparentemente o preço era inversamente proporcional à quantia de tecido usado, quanto menos tecido, mais caro! Ellen também
comprou trajes de banho, vestidos e sapatos mas resolveu comprar o que se sentiria bem usando na Terra. Não curtia essa linha mais sexy antes e não ia começar agora que estaria morando com a sogra.
- Caust é o único planeta onde posso expor minhas manchinhas sem causar medo! Quero vestir o mínimo de roupa legalmente possível enquanto estiver por lá!
Os perfumes que encontrou em Commos eram divinos, assim como as loções e cremes. Ellen não resistiu e as duas compraram quase mais do que poderiam
carregar
sozinhas. Nayah alugou uma estação de armazenamento pois ainda precisariam de uma nave para chegar até em casa. Enquanto Ellen tomava banho e dormia em uma pensão, ela sumiu e apareceu dizendo que havia comprado a nave perfeita para voltarem para casa.
Você precisa ver a belezinha que encontrei! Uma raridade, depois de reformada vai valer uma fortuna! Você vai me ajudar a encontrar o nome perfeito para ela.
- Ela?
- Ah, sim. A XK49827 é com certeza ela. E então? O que acha?
Ellen olhou em volta procurando a nave especial que sua cunhada acabara de adquirir. No espaçoporto havia naves gigantescas, outras médias e pequenas, com linhas elegantes e escuras e ao lado de uma lixeira havia o que parecia ser, bem...mais lixo espacial.
- Essa é sua nave? – Ellen ficou tão decepcionada, mas tentou deixar o tom de voz o mais neutro possível. – É bem pequena, não?
- Não se preocupe, o espaço interno é ótimo! E o motor está como novo, quase não foi usada nos últimos anos! Único dono, um Trasg que chegou a lutar na última guerra Sêneca! Ele praticamente me deu de graça, paguei metade do que estava disposta a pagar.
Ellen pensou que provavelmente era pelo motivo de oferecer risco de vida, se é que conseguiria alçar vôo.
Então, que nome você daria para uma princesa robusta, mas guerreira?
Eu acho que... Princesa Fiona. Isso, combina totalmente com “ela” a nave. O que acha?
- Princesa Fiona... combina perfeitamente, irmãzinha!
Nayah estava tão radiante que tascou um beijo na testa de Ellen. Os trigêmeos tinham essa mesma energia. Se um dia tivesse filhos com Poison, eles também seriam hiperativos?
Já tenho o meu projeto de férias! Reformar a Princesa Fiona. Que cores você acha que combinariam para a lataria dela? Eu gostaria de restaurar a cor original mas não estou conseguindo identificar...
É a ferrugem e as cracas que certamente
atrapalham, mas você entende de motores, funilaria e
essas coisas de mecânica?
- Sim! Enquanto o sonho de mamãe era que eu ficasse de vestidinhos e frufrus tomando chá, eu só queria ficar com meus irmãos na oficina do meu pai. Sempre fui moleca.
Ouvir isso deixou Ellen apenas um pouco mais tranquila. Fazer uma viagem interplanetária em algo que mais parecia lixo espacial não era o conceito dela de uma viagem segura. Tudo na nave era estranho e
malconservado. Fios enrolados por toda parte, manchas de graxa e até mesmo a poltrona onde estava sentada estava em mau estado.
Ellen ficou orando para todos os santos que conhecia pedindo uma viagem segura. Foi somente depois de muito tempo em viagem que consegui cochilar um pouco. Desde que saíra da Terra não sabia mais o que era dormir despreocupada.
O planeta Caust era lindo, e o céu era azulesverdeado no exato tom que Ellen conhecia como cerceta. (N.T. pesquisei a cor e aqui no Brasil conheço como azul Tiffany) Até as árvores e grama tinham um tom de verde diferente da Terra como se um filtro azul tivesse sido
aplicado deixando tudo mais misterioso e exótico. A
paisagem era exuberante. Vegetação para todo o lado.
Os pais dos trigêmeos estavam esperando ansiosos do lado de fora do barracão que Naya aterrissou. O pai tinha o cabelo grisalho e a mãe era um pouquinho mais baixinha e gordinha do que a filha, seu cabelo preto muito bem penteado em um coque severo. Os dois tinham um grande sorriso no rosto.
- Que bom que vocês chegaram! Sou Suri e este é meu marido Noah. Fizeram boa viagem?
- Olá, sou Ellen. Sim, correu tudo muito bem.
Após as apresentações, Nayah puxou o pai para a oficina para apresentar a sua nova aquisição, a Princesa
Fiona, e Ellen entrou com a sogra para conhecer a casa. Nos primeiros cinco minutos ela entendeu que mais ouviria do que falaria e conseguiu ficar mais à vontade. Aparentemente Nayah herdou o dom da fala de sua mãe, pois esta conversava sem parar. Ellen não se incomodava com isso, na sua vida inteira foi mais calada e introspectiva. Suri a ajudou a trazer suas coisas para o quarto de Poison, ou melhor, Nollo. Também já foi desfazendo as malas e colocando as roupas no guarda-
roupas.
- As roupas acabei de comprar em Commos. Quando acordei na nave dos traficantes eu estava apenas com um pijama curto. – explicou Elle.
- Oh, pobrezinha! Deve ter sido horrível se raptada de
casa.
- Sim, foi. Mas poderia ter sido muito pior se eu não tivesse conhecido P... Nollo. Ele realmente me protegeu e me salvou de um destino terrível.
Querida, você está a salvo aqui conosco, agora. Assim que esses traficantes sejam condenados ele virá para casa e poderemos fazer uma grande cerimônia de casamento!
- Eu espero que sim. Nollo não volta para casa há muito tempo?
Desde que começou a trabalhar infiltrado. Aparentemente bandidos não podem ter família! – Suri
soou um pouco ofendida, como se fosse uma desculpa que ele dera para não voltar para casa. – Faz quinze solares pelo menos!
- É bastante tempo, mesmo.
Com a repercussão que esse último caso teve, provavelmente ele não poderá mais trabalhar infiltrado. Os meus filhos apareceram em todas as notícias, sabia? Você não tem ideia de como era embaraçoso ter dois filhos tão bem sucedidos e não poder contar a ninguém o que o terceiro fazia...Mas ele certamente se redimiu agora! Ele encontrou uma companheira e agora eu ganhei uma nova filha!
- Obrigada! Cert...
- Agora que um deles tem uma companheira, quem sabe os outros dois se animem também – interrompeu ela – e encham essa casa de netos!
- Não contem comigo! – gritou Nayah da cozinha.
Durante a refeição divina, Nayah e Suri conversavam sem parar. O pai e Ellen só concordavam e respondiam o
que lhes era perguntado. Certo momento ele deu uma piscadinha amistosa e segurou a mão de Ellen.
- Estamos muito felizes em ter você aqui conosco.
Ellen sentiu-se tão bem-vinda a essa família que não conseguiu segurar, seus lábios tremeram e seus olhos encheram de lágrimas. Estava há tanto tempo sozinha no mundo que não percebera o quanto ter uma família fazia falta. Se Poison e Nyall estivessem ali também seria como o Dia de Ação de Graças. As duas mulheres ao verem a reação de Ellen, levantaram-se da mesa e vieram para um grande abraço coletivo.