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CAPÍTULO 7

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CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 5

No outro dia cedo, Ellen foi acordada por sua cunhada vestindo um biquíni indecente e abrindo todas as cortinas e janelas do seu quarto. Logo atrás de Nayah veio a sua sogra, horrorizada pelos trajes da filha.

- Acorde, Ellen! Está um dia de sol lindo! Venha tomar sol comigo à beira da piscina, assim que você terminar o café.

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- Você não pode vestir isso lá fora, minha filha! E se os vizinhos te virem? Parece mais indecente do que tomar sol pelada...

Calma, mamãe! Não temos vizinhos pertos e se chegar visitas eu coloco uma roupa por cima. Quero destacar bem minhas manchinhas! Roxo vai ser o novo

tom do verão...

Ellen colocou um traje de banho muito mais comportado e foi olhar-se no espelho, verificar suas novas manchas. Era muito estranho pensar que sexo com um alienígena pudesse ter esse efeito. Foi quando olhou para seu rosto e descobriu que seus olhos também estavam

verdes! Seus olhos castanhos comuns haviam se ido e

agora ostentava o mesmo verde vívido fosforescente de seu companheiro. Desde que o conhecera sua vida tinha sido uma loucura tão grande que esta tinha sido a primeira vez que se olhara em um espelho. Lembrou das loucuras que tinham feito na cama e mesmo fora dela e a saudade ficou

ainda maior. Vestiu um vestido simples por cima do traje de banho e foi tomar café da manhã com sua nova sogra e

sogro.

Quando foi até a piscina encontrar sua cunhada comentou do espelho:

- Você acredita, Nayah, que eu não tinha ideia que meus olhos estavam verdes? Quer dizer, eu sabia das manchas, sim, mas não tinha ideia que os olhos também mudavam.

- É isso aí, não existe isso de transar escondido com um Xhiar!

- É mesmo a versão alienígena do ‘kiss and tell’! (N.T.: beijar/transar e contar para todos)

- Quem você está chamando de alienígena, humana? – brincou a cunhada bebendo de um copo enorme cheio de gelo e uma bebida de aparência deliciosa. Ellen podia jurar que sentia o cheiro de álcool dali da distância que ela

estava, rencostada em uma espreguiçadeira. O organismo deles era mesmo muito mais resistente que os dos humanos, pensou.

- Uma curiosidade: isso acontece para todos? Ou é só uma coisa masculina?

- Bem, depende. Se você já é Xhiar, a mudança de cores só ocorre depois de um bom tempo de convivência, as cores misturam. Minha mãe tinha manchas e olhos

roxos como os meus e depois de casar com meu pai que tinha olhos azuis, o tom mudou. Mas se você conseguir convencer alguém de outra raça a fazer sexo oral em você, a mudança será imediata, creio eu.

Meu Deus, acabo de me tocar que meu sogros também sabem que eu chupei Poison antes mesmo de poder dar um beijinho nele! Isso é tão pervertido...

- Em teoria você poderia ter beijado ele antes, mas não ia aproveitar nada assim desmaiada. Nollo safadinho, juro que não sei como ele te convenceu...você parece uma garota tão recatada!

- Ei, vai com calma! Não sou tanto assim, tive minha cota de arrependimentos e bad boys. E você, me conta sobre suas namoradas...

- Confesso que enquanto adolescente fazíamos uma verdadeira disputa entre os três para ver quem beijava mais! Os dois sempre morriam de raiva de eu me sair

melhor em tudo: nas lutas, nas notas e com as meninas. Mas eles dois facilitavam demais, Nyall era muito arrogante e Nollo muito afobado. Ops, desculpe falar mal do seu companheiro!

Ellen riu, deliciada de saber as loucuras da juventude dos três. Nayah não se incomodava de falar sobre os três e suas aventuras.

Tudo bem, todos tivemos uma fase estranha na

juventude. Eu, com certeza. Minha mãe tinha uma saúde muito frágil e eu me preocupava com ela, minhas notas sempre foram apenas medianas. Namorar de verdade só comecei depois que ela faleceu.

- O que você trabalhava na Terra?

Nada muito importante, eu era auxiliar em um consultório odontológico.

- Não entendi...

- Eu trabalhava com um médico de dentes.

- No seu planeta existem médicos que só tratam de dentes? – espantou-se ela.

- Sim, e se um dia eu puder te levar na Terra vou te apresentar açúcar. o causador de tantos problemas dentais: o

- É uma droga?

- Sim, e o pior de tudo: é liberada. Até criancinhas podem usar. Aliás, se um dia eu te levar no meu planeta, vou te apresentar a santíssima trindade: café, doces e chocolates! (N.T.: açúcar /doces nesse contexto)

- Não sei se fico tentada ou com medo...

E se você for muito, muito corajosa, posso te apresentar o chiclete. Um alimento que não é para ser engolido, apenas para ser mastigado por horas e horas e fazer muitas bolas.

- Isso é horrível, parece mais como uma tortura para mim. Quem é você? Eu quero minha irmãzinha boazinha de volta...

Ficaram por horas se bronzeando na beira da piscina e falando sobre as diferenças entre a Terra e o Universo conhecido.

À tarde, se arrumaram e foram até a cidade para comprar os itens necessários a Nayah para começar a

restauração da Princesa Fiona.

Suri também entregou para Nayah uma lista enorme de compras. Estavam saindo

de uma loja quando encontraram uma fêmea Xhiar

deslumbrante, toda vestida de um tecido vaporoso e cintilante e que tinha olhos e manchas douradas. Tudo nela beirava perfeição. Desde o longo cabelo negro em ondas, os grandes cílios e boca perfeitamente maquiados, as muitas joias e unhas muito compridas também pintadas de dourado combinando com os olhos dela.

- Nayah, quanto tempo!

- Ah, Chiara! Sim, tudo bem com você? – apesar da beleza deslumbrante à sua frente, Nayah não parecia impressionada. Ellen fechou a boca ao perceber que estava fazendo cara de espanto.

- Muito bem, muito bem mesmo, agora que finalmente estou de volta à Caust. Você deve saber que fiquei viúva recentemente, não é mesmo? Ela sorriu exibindo os

dentes perfeitamente pontudos.

- Não. Na verdade, Ellen e eu chegamos ontem. Ellen, esta é uma colega de infância, Chiara.

- Olá, Chiara. Prazer em conhecê-la. – Chiara desviou os olhos de Nayah por uns instantes para ouvir o cumprimento de Ellen, mas não respondeu.

- Vi seus irmãos nas notícias recentemente. Eles vão

retornar a Caust em breve?

- Sim, possivelmente logo após o julgamento. – Naya não parecia nem um pouco interessada em continuar a conversa. Foi entregando as sacolas para Ellen e se dirigindo ao transporte.

- Nollo gostará de saber que estou disponível, agora. Você sabe como ele sempre teve uma queda por mim. –Sua expressão era de arrogância presunçosa. Ellen arregalou os olhos.

- Não, não vai! – respondeu Ellen indignada.

- Oh! Agora que percebi... sua namorada, ou bichinho de estimação é uma humana! Que bonitinho... – Chiara falou com uma falsa alegria olhando para Ellen sob os cílios enormes e uma cara de desprezo não disfarçado.

Nayah puxou a cunhada para dentro do transporte, antes que Ellen arrancasse aquelas mariposas que ela usava como cílios postiços. Tão irritada, demorou vários minutos para se recuperar. Nayah tocou em seu braço, tentando tranquilizá-la.

- Você não devia ter deixado ela te provocar! Olhos verdes, lembra? É obvio que ela disse aquilo só para te chatear.

- Que ódio daquela... vadia!

O resto da semana passou muito rápido. Enquanto Nayah e o pai se enfiavam na oficina restaurando a nave Princesa Fiona, Suri e Ellen se davam cada vez melhor. Suri era animada e tinha toda a disposição do mundo para ensinar Ellen a cozinhar. A maior parte dos pratos eram assados e muito fáceis de preparar e Ellen conseguiu aprender sem esforço.

Naquela noite, alguns amigos de Suri e Noah viriam para jantar. Ellen trabalhou o dia todo junto com a sogra para que tudo fosse perfeito.

- Obrigada pela ajuda, Ellen. Eu não conseguiria dar conta de tudo se não fosse você. Agora vá se arrumar que eu faço questão de exibir para meus amigos a minha linda

nora.

Ellen escolheu para a ocasião um lindo vestido vermelho, decotado e que deixava em evidência todas as suas manchinhas. Com os shampoos e loções comprados em Commos sua pele exibia um lindo tom suave e seu cabelo caía em ondas. Sentiu o ímpeto de pedir a Nayah que fizesse uma chamada para Poison, pois desde que ela viajou não tinha tido mais notícias. Sabia que era para sua proteção e que tão logo o julgamento terminasse os dois se reencontrariam novamente.

Seu rosto aqueceu a lembrar do sorriso de canto da boca que ele lhe dava. Do calor de seu corpo quando lhe abraçava e sentiu que de alguma forma era a mulher mais feliz do mundo em ter encontrado esse alienígena tão feroz mas ao mesmo tempo tão protetor. Mesmo quando Ellen pensava que ele era um mau-caráter e um fora da lei ele a protegeu para que nada de mau lhe sobreviesse.

Seus olhos verdes brilhavam no espelho ao pensar em seu companheiro. Companheiro... essa palavra parece tão mais carinhosa e compromissada do que namorado. Será que Poison gostaria de oficializar o compromisso dos dois assim que voltasse a Caust, como a mãe dele afirmava?

Como seria ter filhos com ele e criá-los com essa

família tão amorosa? Parecia um sonho realizado.

Lembrou das

outras mulheres que nesse momento aguardavam o julgamento na Estação SkyGuard. E se elas deixaram para trás suas famílias? Não parecia justo impedir elas de voltarem para seus lares. E se elas não se adaptassem a nova vida, ou pior ainda, voltassem a ser vítimas de abusadores sexuais.

Não era justo que as mulheres humanas estivessem sendo exploradas. A fragilidade das fêmeas humanas despertava os instintos mais baixos dos abusadores. Não tinham garras, dentes afiados, eram pequenas e delicadas

diante das outras raças muito maiores e mais agressivas. Ellen sabia que ter escolhido ficar com Poison tinha sido uma decisão acertada. Tinha seus inconvenientes? Sim, era muito difícil para ela lidar com os olhares receosos dos alienígenas que temiam seu veneno. Andar sempre de luvas e mangas compridas quando estivessem fora do planeta Caust. Por isso, se um dia tivessem filhos, eles seriam criados ali. Onde poderiam correr livres sem nenhum tipo de medo de que encostassem em algo.

CAPÍTULO 8

Tudo corria muito bem no jantar, quando chegaram os últimos convidados de Suri e Noah, seus vizinhos de longa data, acompanhados de sua filha Chiara.

Suri fez as apresentações e Chiara mencionou que já tinha se encontrado com Naya e Ellen na cidade.

- Que bom, Chiara! Se você ainda estiver na cidade faremos a cerimônia de casamento de Nollo e Ellen assim

que o julgamento terminar e ele puder retornar ao nosso planeta. Seus pais e você estão convidados desde já! Queremos fazer a cerimônia aqui mesmo, como manda a tradição. Vai ser emocionante!

Chiara, mal disfarçando o desprezo na voz falsamente condescendente retrucou:

- É mesmo? Não seria mais adequado esperar o noivo retornar para tomar ele mesmo as providências? Se demorar muito ele até pode mudar de ideia!

A mãe de Chiara protestou diante de tamanha grosseria disfarçada.

- Chiara! Que coisa desagradável de se dizer!

- Calma mãezinha! Eu e Ellen já somos amigas e ela sabe que gosto de provocar um pouco...

Ellen quase não conseguiu disfarçar o seu ódio por tamanha petulância, mas sorriu lindamente e abraçou a

sogra.

- Não se preocupem, não levei a mal a brincadeira. Afinal eu sei como a felicidade de quem está apaixonada pode incomodar os que estão... sozinhos.

Durante o jantar, Chiara continuou a provocar Ellen com olhares, que ela fazia questão de não desviar, sorrindo cada vez mais e deixando claro que não caía nas provocações.

Quando o jantar terminou, todos os convidados foram até uma sacada que dava para o jardim que Suri cultivava com muito carinho. A noite estava tão agradável e as flores perfumavam o ambiente. Ellen desceu até o jardim para sentir melhor o perfume de uma flor branca em forma de cálice. Escutou Chiara e Naya conversando sobre ela.

- Você sabe muito bem que ele apenas sentiu pena dela, assim como ele vivia recolhendo animaizinhos machucados na rua quando criança. Assim que ele souber que finalmente estou interessada nele ele irá rapidinho desistir dessa loucura de casamento. O que ele sente por

ela é pena, pois ela é uma humana patética que está se agarrando a ele como uma parasita!

Ao escutar as palavras tão maldosas de Chiara, Ellen não conseguiu segurar o choro e saiu correndo de perto. Com os olhos nublados pelas lágrimas não percebeu que duas figuras estavam escondidas nas sombras, esperando a melhor oportunidade para agarrá-la.

Nayah foi a que notou primeiro que Ellen estava desaparecida. Procuraram por todos os cômodos da casa, pelo jardim e não encontraram.

Noah vasculhou em volta da propriedade com uma lanterna e encontraram um dos brincos de Ellen caído no

lugar onde a pegaram. Imediatamente Nayah identificou que as pegadas que havia na poeira eram de botas de modelo militar e que nenhum dos convidados ali estava usando botas.

Enquanto os pais de Chiara consolavam Suri

que chorava nervosa, Nayah resolveu ligar para o irmão contando o ocorrido.

No comunicador na sala, Nyall fez algumas perguntas para se certificar e desabafou.

Isto não faz sentido! Ninguém, absolutamente ninguém tem o endereço de nossos pais. Mesmo que eles

soubessem que vocês estavam escondidas em nosso planeta de origem, forasteiros fazendo perguntas sobre uma humana despertaria a atenção. Eu saberia se tivessem aparecido forasteiros na cidade, meus contatos teriam me informado.

Neste momento, Chiara muito pálida, confessou:

Na tarde que eu encontrei vocês saindo da loja apareceram dois oficiais estrangeiros me dizendo que tinham uma convocação do julgamento para a humana e me perguntaram onde ela estava hospedada. Eles falaram que Nollo estava sendo acusado de estar ter sequestrado ela e que precisavam que ela fosse ao julgamento para provar que estava bem.

- E você acreditou, Chiara? Se eles estivessem mesmo com uma convocação, seria óbvio que eles já teriam o endereço! – reclamou Nayah, revoltada.

- Na hora eu até desconfiei, mas eles falaram que Nollo não estava colaborando com as investigações para proteger ela e vocês sabem como o Nollo é superprotetor, claro que ele iria se prejudicar... mas sério, eu juro que nunca imaginei que iriam sequestrar a humana!

- A humana se chama Ellen e é minha filha agora! Retire-se Chiara, pelo menos até aprender que a vida não

gira em torno do seu umbigo! – Replicou Suri. – Você está desconvidada! E agora? Como saber quem levou Ellen?

- Chiara, você disse que foram dois oficiais? Veja se reconhece estes dois... – Poison entrou na conversa e

mostrou uma imagem dos guardas da fronteira.

- Sim, foram esses dois mesmo! Eles não são oficiais?

São oficiais, mas não do Tribunal. São os dois guardas corruptos da fronteira 9. Eles não querem que Ellen testemunhe contra eles. Se eu sair agora ainda posso chegar antes que eles na estação de fiscalização. Nyall vai comigo, fique tranquila irmãzinha, nós vamos encontrá-la. E... Chiara?

Ela que estava quieta ao ouvir o seu nome animou-se e respondeu com uma voz falsamente doce:

- Sim, Nollo? O que mais posso fazer para te ajudar?

- Você e eu?

- Sim, Nollo... – Chiara ficou toda melosa e chegou mais perto da tela, inclinando-se para mostrar ainda mais o decote.

- Nós dois... nunca vai acontecer. Eu só dei em cima

de você para me vingar de Nayah por ter beijado a Miara

que era quem eu estava realmente interessado época. naquela

Chiara deu um grito, brava e bateu o pé no chão por despeito. Nayah olhou para ela e acenou.

- Já vai tarde, Chiara!

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