Atelier de Projeto 8

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SOBRADO ULHÔA CINTRA


Estudo de Viabilidade e Estudo Preliminar desenvolvidos na disciplina de Atelier de Projeto 8, sob a orientação dos docentes Maria de Lourdes Nóbrega e José Nilson Pereira. O estudo foi desenvolvido sobre um recorte localizado no bairro de Santo Antônio, região do centro histórico da cidade do Recife. O trabalho foi desenvolvido pelas (o) alunas (o) Bruna Araújo, Maria Cecília Barbosa, Pollyanna Coimbra e Yuri da Costa, no semestre letivo 2021.2 na Universidade Católica de Pernambuco.


01 02

Introdução

01

Estudo de Viabilidade

18

Breve Histórico Morfologia da Área Fluxos Parâmetros Urbanísticos Metodologia de Estudo Implantação Zoneamento Corte Esquemático Escala Volume Massa e Densidade Cores e Texturas

03 Anteprojeto Situação e coberta Plantas Baixas Cortes Fachadas

04 Estudo de caso 05 Perspectivas 06 Referências

43 51 53 73


01 | Introdução


01.1 A Formação do Bairro de Santo Antônio De acordo com Cavalcanti (1977 apud Leite, 2016) a história do Bairro de Santo Antônio começa ainda no século XVII, período da ocupação holandesa, quando estes alteraram o padrão português de ocupação do solo e expandirem o povoamento em direção ao continente, consolidando ocupação na Ilha de Antonio Vaz que viria ser conhecida como “Nova Maurícia”. A história moderna do Recife apenas tem início a partir de 1840, com atuação da Repartição de Obras Públicas criada com intuito de ampliar a cidade através da modernização da Ilha de Antonio Vaz (MENEZES, 2015 apud REYNALDO, 1998). Já segundo Moreira (2016), entre os anos 20 e 30, a cidade do Recife foi o centro de debates sobre o seu redesenho e teve como um dos focos Santo Antônio. A evolução urbana de Santo Antônio está muito conectada a de outro bairro vizinho, o bairro de São José. Em 1609 antes da chegada dos atuais bairros de Santo Antônio e São José, foram erguidas construções sobre uma parte singular de terra conformada pela confluência dos rios Capibaribe e Beberibe.

1609

Segundo os estudos de Béringer, Fournié (1942 apud REYNALDO, 2017) o interesse holandês na região ocorre a medida que estes constatam a dificuldade em se fortificar Olinda e proteger sua região acidentada, em virtude disto, a maior ilha denominada de Ilha de Antonio Vaz (atual bairro de Santo Antônio) foi escolhida para ser o território de domínio.

01.1

Breve Histórico

Mello (1987 apud REYNALDO, 2017) destaca que há registro de um convento franciscano em 1606, esta seria a primeira edificação na região, e até a chegada dos holandeses em 1630 a ocupação na região era mínima. A escolha desse terriório, de acordo com Reynaldo (2017, p. 56) foi realizada por Bueren e Drewisch, engenheiros encarregados pelo projeto de expansão do domínio holandês à época.

1648


Seguno Menezes (1998), os bairros de Santo Antônio e São José passam pela maior etapa de ocupação durante os anos 1739-1776. Nesse período os portugueses já haviam retomado o território dos holandeses e substituído edificações fortificadas por novos equipamentos e por Igrejas que ressaltassem o domínio católico perante o ex domínio calvinista. Durante estes 37 anos, observa-se o surgimento de novas quadras na área, mais notadamente na área mais próxima do rio Capibaribe, a ocupação de mangues e o aterramento de áreas alagadas se torna necessária ante a demanda habitacional exponencial na região.

1808

1865

Reynaldo (2017) destaca outro marco importante para a reconfiguração da área de Santo Antônio e São José. A partir de 1914 a cidade passa por uma troca de transporte coletivo, o uso de tração de animais passa a ser substituído por bondes e ônibus elétricos, estimulando o processo de expansão e aumentando a mobilidade. É importante destacar que esta mudança interferiu na organização funcional do espaço urbano, estimulando a transferência de contigente populacional para novas áreas periféricas, ao mesmo tempo, houve acréscimo de usos como de comércio, serviços, lazer, e edifícios institucionais.

De acordo com Menezes (1998), o projeto inicialde fortificação da Ilha de Antonio Vaz pelos holandeses consistia em um sistema aberto de muralhas, feitas de terra e de madeira, com alguns trechos reforçados com pedras que emolduravam a frente d’água, complementada pelos fortes Ernesto e Forte Frederico localizados no extremo norte e extremo sul da área. O ano de 1637 foi marcado pela chegada do Conde Maurício de Nassau, personagem importante do processo de ocupação da Ilha de Antonio Vaz. Nos anos subsequentes, os holandeses elaboram um plano de cidade com base nos desenhos de Pieter Post de 1639. Segundo Reynaldo (2017), o reconhecimento do valor central da ilha por Maurício de Nassau estabelece configuração de território político-administrativo e onde se planejaria o crescimento das novas áreas comerciais e residenciais.

2021

Figura: Ampliação da Ilha de Antonio Vaz, desenho de Johannes Vingboons; do original, Cornelis Golyath (1639).


Figura: Mapa da cidade Mauricia (atual cidade de Recife/PE) de 1639 (Fonte: Atlas de J. Vingboons do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano). Notar as fortificações de Ernefta e Frederick-Henrici na Ilha de Antonio Vaz) e muralha que resguardava a cidade Maurícia).


A análise do processo de ocupação do bairro de Santo Antônio passa também pelos estudos de Joel Outtes (1997) que destaca a presença dos sobrados, becos, vielas e ruas estreitas na área que dificultava a entrada de luz solar e correntes de ar na região. Estas características da área passaram a ser apontadas por uma série de surtos de epidemias na época. Em meados de 1850, com o surto de febre amarela, a medicina passa por uma reformulação passando o seu interesse exclusivo no paciente para os condicionantes sociais do paciente. Outtes (1997) destaca, por exemplo, como medidas médicas adotadas na época a sujeira da cidade e a necessidade de desinfecção do ar, a partir daí surge uma nova figura: o sanitarista. O sanitarista passa a ser uma figura intermediária entre o médico e o engenheiro, um profissional com saberes de medicina social, construção civil, bacteriologia, que ocupava-se em repensar a cidade com construção de redes de saneamento e abastecimento de água. No Recife, foi significativa a figura de Saturnino Brito e seu plano de saneamento da cidade, que além da construção de um sistema sanitário, previa também a abertura de vias e reconfiguração da malha viária. A partir dos anos 20 diversos planos para remodelação da área central da cidade são encomendados, dando início a um período de intensos debates sobre modernidade versus patrimônio. Dentre estes, válido destacar o plano do urbanista Ulhôa Cintra, considerado uma síntese de propostas anteriores, com uma diferença: a criação de uma centralidade em São José. Ulhôa Cintra propõe então uma nova configuração da Praça do Carmo transformando-a em um ponto de atração e distribuição de tráfego urbano, recuperando a ideia de conexão norte/sul. O relatório de Ulhôa Cintra ainda destacava a importância de coexitir o velho e o novo, propondo também um novo caminho que não fosse o apagamento da história do Recife.

Figura acima: Estudo de Remodelação dos bairros centrais pelo urbanista Ulhôa Cintra em 1943.

Figura ao lado: Na proposta de Ulhôa Cintra, havia a intenção de abertura do Pátio do Carmo para formar uma grande rotatória de veículos ao encontro de novas Avenidas projetadas.


01.2 | Morfologia


Seguindo a análise proposta pelo Plano Centro Cidadão (2014), a verificação de tipos arquitetônicos similares será elemento definidor de identidade da área: “quanto maior a recorrência de um mesmo tipo ou conjunto de tipos, maior o grau de identidade tipológica de uma área. Na área de análise foram encontrados ao todo 10 (dez) tipos arquitetônicos distintos, dentre estes o que detém o maior percentual é o tipo classificado como Casa sem recuo (38,15%). Importante destacar a presença do tipo Sobrado na área, que segundo Aragão (2017) é caracterizada por construções de uso residencial comuns à paisagem brasileira do oitocentos, localizadas de frente para a rua ou de esquina. Segundo o autor, no Recife, esta tipologia emerge ante o “espaço sobrado” dos lotes. Importante destacar que o tipo Casa sem Recuo muitas vezes apresentam traços característicos dos sobrados ou da Casa Porta e Janela que foram sendo gradativamente descaracterizados ao passar dos anos. Esses tipos apresentam 21,05% empenas pronunciadas e cobertas de duas águas de telha cerâmica. 11,85%

N

TIPOLOGIAS ESCALA 1/2000

38,15%

EDF. SOBRE PILOTIS

EDF. SEM PODIO E SEM RECUO

TEMPLOS

CASA SEM RECUO

EDF. SEM PÓDIO COM RECUO

EDF. SEM PÓDIO SOLTO NO LOTE

SOBRADO

EDF. COM GALERIA

CASARÃO

38,15%

PALACETE

01.2

Morfologia

21,05%

11,84%

3,94%

5,26% 2,63%

5,26%

3,94% 1,31%

1,31%


TEMPLO EDF. COM GALERIA EDF. SOLTO NO LOTE CASARÃO PALACETE

PILOTIS CASA SEM RECUO SOBRADO S/ RECUO S/ PÓDIO C/ RECUO S/PÓDIO

Conforme dito, na área de estudo foram encontradas ao todo 10 tipologias distintas, sendo as mais recorrentes a Casa sem Recuo (38,15%), Edifício sem pódio e sem recuo (21,05%) e Sobrado (11,85%). Foi observado que o tipo Casa sem Recuo possui um grande número de Sobrados e Casas Porta e Janela que foram sendo substituídos ou descaracterizados ao longo dos anos. Os edifícios sem pódio e sem recuo, também são expressivos e juntamente com o tipo Edifício com pilotis e com Galeria registram um importante legado arquitetônico da área: a arquitetura protomoderna e arquitetura moderna. Ainda que constem importantes legados arquitetônicos, o bairro de Santo Antônio vem passando por um processo de abandono e decadência nas últimas décadas, o relatório sobre Imóveis Abandonados no Bairro de Santo Antônio produzido pela ONG Habitat para Humanidade e Coletivo CAUS (2018) revela que a RPA1 concentra o maior número de imóveis abandonados da cidade e maior número de IPTU devedor. De outro lado, o déficit habitacional na Região Metropolitana do Recife (RMR) vem se intensificando, é que revela o último censo do IBGE, assim como o Atlas das Comunidades de Interesse Social (CIS) produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife. A estimativa, portanto, é de 12,3% de imóveis ociosos no bairro de Santo Antônio, o bairro também possui uma densidade demográfica de 3,53 e apenas 142 domicílios. É um contraste quando se fala no número de domícilos precários na cidade do Recife, cerca de 30% do número total de domicílios no Recife apresentam precariedade, esses dados também são utilizados pelo Atlas das CIS (2018). Repensar a ocupação do bairro de Santo Antônio é crucial para que futuras gerações tenham acesso a toda história do bairro. Discutir esses dados alarmantes é necessário para despertar uma consciência da preservação e vitalidade das tipologias existentes.


01.3 | Fluxos


N

Analisar tanto a intensidade do fluxo de pedestres, quanto a intensidade do fluxo de veículos é de extrema importância, pois revela bastante sobre quem protagoniza as ruas e vias, se as vias permitem a conexão entre outros bairros e até mesmo a facilidade entre eles. O bairro de Santo Antônio está situado numa área central da cidade do Recife, e, com isso, passam por ela importantes vias que conectam bairros e levam a outras vias que conectam também cidades.

FLUXOS ESCALA 1/2000

Apesar da localização central do bairro, o trecho em estudo está situado mais ao norte e não possui grandes fluxos de veículos. A Avenida Dantas Barreto merece ser destacada por ser um corredor de fluxo intenso, mas que no recorte analisado esse fluxo é bem menos intenso, e pode ser classificado como fluxo moderado de veículos, tanto particular, como de transporte público. As calçadas da Avenida Dantas Barreto também atraem muitos pedestres, pois nos arredores existem diversos usos, principalmente comercial, o que gera grande fluxo de pedestres na via durante os horários comerciais.

1.

A área de estudo, localizada na Rua Ulhôa Cintra, possui um grande potencial para se tornar uma via compartilhada, ou seja, tem a capacidade de comportar diversos modos de transporte simultaneamente no mesmo espaço, com prioridade à circulação dos modos ativos (a pé e bicicleta).

LEGENDA : Fluxo Reduzido Fluxo Moderado Fluxo Intenso Ciclovia Via Pedestrianizada

1.

Praça Rua Ulhôa Cintra

A Rua Ulhôa Cintra possui capacidade para atrair mais pedestres do que carros, a via possui momentos mais estreitos com becos, que impedem o acesso de veículos maiores. A intenção, portanto, é na moderação do tráfego desta área, a fim de gerar uma convivência pacífica entre os diferentes usuários da via. Deve priorizar a circulação dos modos ativos, mas sem impedir a acessibilidade de veículos automotores aos lotes lindeiros, veículos carga e descarga e serviços essenciais.


01.4 | Parâmetros Urbanísticos


A análise da legislação é um fator de grande importância para intervenções paisagísticas, urbanísticas e arquitetônicas, pois é uma peça norteadora para as futuras proposições.

N

ZONEAMENTO ESCALA 1/2000

A partir do estudo do novo Plano Diretor do Recife, pode-se observar que o Bairro de Santo Antônio é considerado uma área de Macrozona do Ambiente Natural e Cultural - MANC, que tem por objetivo valorizar, preservar e recuperar, de forma sustentável e estratégica, os recursos naturais e culturais da cidade, de modo a formar um sistema integrado para uso e desenvolvimento sustentável. A MANC é composta pela Zona de Ambiente Natural - ZAN; e Zona de Desenvolvimento Sustentável - ZDS, que são subdivididas em 4 diferentes zonas, estando a área em estudo localizada na ZDS Centro. A ZDS Centro tem como principal característica a concentração de Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural (ZEPH) no território, a fim de promover a associação da utilização dos imóveis à sua preservação e atender às definições do planejamento de preservação do patrimônio cultural.

ZEPH RIGOROSO ZEPH AMBIENTAL ZDS CENTRO IEP IMÓVEIS TOMBADOS

Apesar do novo Plano Diretor estabelecer parâmetros para ZDS Centro, ainda não foi editada a Lei do Uso do Solo e Ocupação (LUOS), então não podemos ainda considerar estes parâmetros. Diante disto, e ainda de acordo com o que estabelece o Novo Plano Diretor de 2021, edificações para áreas de patrimônio devem ser compatíveis com a feição do lugar. Válido pontuar ainda que uma ZEPH é dividida em duas zonas: Setor de Preservação Ambiental (SPA) e Setor de Preservação Rigorosa (SPR). Geralmente, as SPAs tem planos específicos para cada lugar, contudo, o setor de projeto que está zoneado como uma SPA não tem um plano específico, para tanto se utiliza a regra geral (intervenções compatíveis com a feição do lugar). Ainda importa destacar que aplicação de coeficiente de 5,0 seria incompatível com a feição da área de estudo, portanto, mais adequado utilizar o coeficiente de 2,0 (não há outras referências para usar o coeficiente maior de 5,0). Os afastamentos, alinhamentos e ocupação serão definidos de acordo com a metodologia de Nivaldo Andrade (consonância e dissonância e seus 6 elementos).


01.5 | Metodologia


Para se intervir em um determinado contexto urbano repleto de preeexistências faz-se crucial análise de diversos fatores para que essa intervenção não provoque processo de ruptura no entorno. A metodologia adotada pela disciplina de Atelier 8 é aquela desenvolvida pelo estudiodo Nivaldo Andrade Junior (2006). Nivaldo Andrade Junior em sua dissertação intitulada Metamorfose Arquitetônica (2006), realizou um estudo detalhado a respeito de intervenções projetuais contemporâneas sobre patrimônio histórico edificado. O autor analisa as intervenções levando em consideração 6 elementos que podem estar em consonância ou dissonância com o patrimônio existente, são eles: 1) Implantação, 2) Escala, 3) Volume, 4) Massa e Densidade, 5) Ritmo e 6) Cores e Texturas. Este tópico se preocupará em ilustrar, de forma breve, a metodologia desenvolvida por Nivaldo Andrade, a metodologia orientará Estudo de Viabilidade / Preliminar apresentado nos próximos capítulos deste trabalho.

IMPLANTAÇÃO

ESCALA

DENSIDADE

Implantação De acordo com Andrade (2006), a implantação equivale à localização do novo objeto arquitetônico, seja ele a ampliação de um edifício existente, a uma complementação de um edifício arruinado ou mesmo um edifício absolutamente novo - com relação ao espaço urbano e às preexistências com as quais se encontram em relação visual o edifício original que foi ampliado, as ruínas complementadas ou o conjunto em que se insere a nova edificação, respectivamente. O estudo da implantação é fundamental para aqueles casos em que uma nova edificação será inserida em um contexto histórico. Para uma implantação consonante é necessário que esta ocorra em respeito com o traçado urbano e com a lógica da malha da urbana. Para tanto, é necessário observar os alinhamentos e afastamentos da nova edificação edificação no contexto, bem como suas faces se comportam em relação aos edifícios vizinhos.

Consonante

Dissonante

VOLUME

RITMO

01.5

COR TEXTURA

Metodologia

Nivaldo Andrade (2016) apresenta estes dois exemplos como formas de implantar uma nova edificação em dado contexto histórico. A figura acima é um exemplo consonância de implantação, o Manhattan Bank em Milão, apesar da evidente contemporaneidade de sua arquitetura, acomoda-se ao terreno de forma semelhante aos edifícios históricos do entorno. Já o exemplo ao lado, a sede do jornal The Economist em Londres, é um exexemplo de implantação dissonante.

A sua implantação com blocos recuados, contrasta com a implantação e a malha urbana desta parte da cidade. Esta implantação cria duas novas vias de circulação de pedestres no interiores do quarteirão, fragmentando-o e mudando o traçado da área.


Escala

Volumetria

De acordo com Andrade (2006), “a escala diz respeito à relação entre as dimensões da nova arquitetura e aquelas preexistências na qual a intervenção ocorre”. Ainda segundo o autor, a nova edificação será consoante quando esta respeitar as dimensões gerais do que já existe, buscando fazer essa aproximação de gabaritos (ANDRADE, 2006). A escala pode definir de fato se há harmonia entre o conjunto novo e o preexistente.

Escala Consonante

Outro elemento que Nivaldo Andrade apresenta em sua dissertação é a volumetria. Para o autor, volumetria corresponde à forma geral ou morfologia da obra arquitetônica. Trata-se, certamente, de um dos aspectos mais importantes na definição da aparência final da obra, ainda que, uma nova arquitetura possa repetir volumetricamente as preexistencias vizinhas, e ainda assim, entrar em contraste com elas (ANDRADE, 2006). Como exemplo de consonância, o autor apresenta a Embaixa Suíça em Berlim, onde os arquitetos responsáveis pela ampliação repetem o volume do edifício neoclássico preexistente. Já como exemplo de dissonância, Andrade apresenta o Edifício sede da seguradora Swiss Re em Londres, popularmente conhecido como The Gherkin (o Pepino) Exemplo consonante: Embaixada Suíça em Berlim.

Escala Dissonante

Exemplo consonante: Carrée D’arts (Nimes).

Exemplo dissonante: The Gherkin em Londres. Volumetria Dissonante

Exemplo dissonante: Casaitalia (Haia).

Volumetria Consonante


Densidade / Massa O próximo tema abordado na metodologia de Nivaldo Andrade (2006) é a relação entre densidade/massa da nova edificação. Segundo o autor, a densidade e massa estão diretamente relacionadas às técnicas construtivas, uma vez que estas estão apresentando novas linguagens a cada dia. Para Andrade Júnior (2006) as construções com paredes autoportantes, em alvenaria de pedra, tijolo, mais comumente apresentada pela arquitetura tradicional gera uma construção densa e pesada, com uma predominância de cheios.

Ritmo

Densidade Consonante

Em contrapartida, métodos contemporâneos, com uso de paredes envidraçadas, com metal e elementos paramétricos gerará uma arquitetura mais diáfana, leve, com predominância de vazios. Essa relação entre os cheios e vazios, o denso e o leve são o constituem a análise da densidade e da massa. Densidade Dissonante

Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago. Exemplo de consonância.

Para Andrade Júnior (2006), o ritmo pode ser entendido como a cadência estabelecida pela repartição de determinados elementos utilizados na composição das superfícies-limite do objeto arquitetônico e que configuram sua aparência: fenestração (aberturas), estrutura (quando aparente e distinguível), elementos de decoração salientes ou escavados na fachada, mudança de materiais, acabamento. Ainda de acordo com Andrade Júnior (2006), para que esteja em consonância, as edificações que vão intervir em um contexto histórico repetem os ritmos das preexistências. O autor cita dois exemplos para ilustrar: como ritmo consonante, o autor menciona a Torrre Velasca, onde o ritmo marcado pela estrutura de concreto saliente faz menção ao ritmo das construções históricas, já como dissonante, o Museu Judaico de Berlim que rompe com o ritmo do entorno ao propor aberturas diagonais de forma distinta das aberturas geométricas do entorno.

Torre Velasca em Milão. Ritmo Consonante

Museu Universitário de Utrecht. Exemplo de Densidade dissonante.

Ritmo Dissonante

Museu Judaico em Berlim.


Cores e Texturas Este último elemento que Andrade (2006) destaca são as cores e texturas da intervenção, ou seja, os materiais utilizados nas superfícies-limite da nova arquitetura, em relação com aqueles utilizados nas preexistencias. As cores e texturas podem ser fundamentais na percepção de um dado patrimônio histórico, sendo importante uma pesquisa destes elementos não só nas fachadas mas em tudo aquilo que constitui a paisagem cultural.

IMPLANTAÇÃO

ESCALA

VOLUME

Cor/ Textura Consonante DENSIDADE

Andrade Júnior (2006) apresenta como exemplo consonante de cores e texturas a Casa Cicogna na Fondamenta delle Zattere em Veneza, apesar de ser uma construção contemporânea, a escolha do tom marrom para a construção faz com que a mesma se mimetize com o entorno histórico do grande canal Veneziano. De outro lado, como dissonante, o Museu de Arte Contemporâneo de Barcelona (MACBA), destoa pelo seu tom branco.

RITMO

COR TEXTURA

Cor/ Textura Dissonante CONSONÂNCIA

Casa Cigona, Veneza.

MACBA, Barcelona.

EDIFICAÇÕES PARA ÁREAS DE PATRIMÔNIO COMPATÍVEIS COM AS FEIÇÕES DO LUGAR.


02 | Estudo de Viabilidade


02.1 | Implantação


N

Implantação

ANÁLISE DOS CHEIOS E VAZIOS ESCALA 1/2000

Para buscar uma consonância com a implantação do Sobrado Ulhôa foi feita uma análise da forma de ocupação dos lotes do entorno. Esta análise reflete como as edificações se comportam no território e forma uma leitura visual única da área. Na área de estudo encontramos ao todo 4 predominâncias na forma de ocupação do lote, sendo a de maior número a Ocupação Total do Lote (69,5%). Esse alto índice está relacionado também com as tipologias encontradas (Casa sem recuo, sobrados e edifícios sem recuo e sem lote).

MORFOLOGIA DOS LOTES

Com pátio interno

08 - 11,0% 50 - 69,5%

Sem recuos

07 - 9,7%

Com recuo de fundo

Solto no lote

07 - 9,7%

Outra forma de ocupação encontrada e que merece destaque é a denominada “Com pátio interno”, encontramos essa forma de ocupação no conjunto religioso de São Francisco, mas também em edifícios ecléticos (Tribunal de Justiça) e Protomodernos. É uma forma interessante pois facilita a ventilação e iluminação interna da edificação.


No projeto do Sobrado Ulhôa a implantação está em consonância com a implantação dos edifícios vizinhos. A nova edificação está alinhada com as edificações vizinhas, está diretamente conectada com o passeio público em respeito à configuração da malha urbana e ao tipo Rua Corredor (Rua Ulhôa Cintra).

Implantação Consonante

Importante salientar que a edificação vizinha possui uma fenestração na parte posterior do seu lote, tomando partido esse fato, cria-se um pátio cuja função seja levar ventilação e iluminação aos ambientes do Sobrado. Recuos laterais também são propostas para permitir a exaustão do ar quente e propiciar conforto climático. Apesar de haver recuos laterais e ao fundo do lote, a implantação está em consoância em face da ocupação alinhada com o passeio público e em um determinado trecho, colada com as empenas dos edifícios vizinhos o que cumpre harmonia com as feições da área de intervenção.

Implantação Consonante Sem recuo, alinhado com passeio público. Recuo Lateral

Recuo Posterior

Recuo Lateral

1. 1 1.

3.

1.

3. 2.

2.

1. Implantação com pátios internos, 2. Implantação com recuo posterior, 3. Implantação sem recuos. Tomamos com partido a implantação com recuo posterior para criar um microclima de trocar de ar e permeabilidade de ventos e luz natural no interior dos ambientes.


02.2 | Zoneamento


Zoneamento

Sendo assim, para o pavimento térreo a demanda consiste em lojas com uso a definir por futuro investidor interessado no empreendimento, no entanto, a estrutura da loja deve de antemão prever espaço para áreas molhadas. Para os pavimentos superiores a diretiva foi de Habitação, para tanto, ventilação, iluminação devem ter prioridade para permitir o bem-estar dos futuros moradores. Circulação vertical, horizontal, lixo, gás, shafts , quadro de energia, caixa d’agua, elevadores e casa de máquinas também se tornam essenciais ao programa.

RESUMO GERAL DO PROGRAMA - SOBRADO ULHÔA

Seguindo o estudo da implantação, o próximo passo foi refletir sobre o zoneamento da edificação. O programa proposto pela disciplina de Atelier 8 segue diretrizes da Prefeitura da Cidade do Recife, que está debatendo a necessidade de Reabilitação das Áreas Centrais e Históricas da Cidade.

reserv. d’água

habitação áreas molhadas

circ. vertical lojas áreas molhadas

pátio descoberto

circ. horizontal

lixo quadro de energia

gás

shafts


Laje Im

permea bilizada i = 2%

Caixa d’á gua

Laje Im

R. Ulhôa

PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA ESC.: 1/200

Cintra

permea bilizada

i = 2%

Solo Na

tural


ÁREA 67.35m²

ÁREA 35.38m ² ÁREA 36.06m² ÁREA 36.85m ² ÁREA 56.48m ²

R. Ulhôa

PLANTA BAIXA TÉRREO ESC.: 1/200

ÁREA 63.99m²

ÁREA 3.0m² ÁREA 3.0m²

Cintra

LEGENDA CIRCULAÇÃO VERTICAL

CIRCULAÇÃO

ÁREA MOLHA-

COMÉRCIO

SOLO NATURAL

LIXO


ÁREA 89 m²

ÁREA 48.86m ²

ÁREA 33.56m²

ÁREA 54.59m ²

R. Ulhôa

PLANTA BAIXA 2º PAVIMENTO ESC.: 1/200

ÁREA 52.17m²

Cintra

LEGENDA CIRCULAÇÃO VERTICAL SOLO NATURAL

HABITACIONAL


Projeçã oM

ezanino

ÁREA 89 m²

ÁREA 48.86m ²

ÁREA 33.56m²

ÁREA 54.59m ²

R. Ulhôa

PLANTA BAIXA 3º PAVIMENTO ESC.: 1/200

Projeçã oM

ezanino

ÁREA 52.17m²

Cintra

LEGENDA CIRCULAÇÃO VERTICAL SOLO NATURAL

HABITACIONAL


CORTE TRANSVERSAL ESQUEMÁTICO ESCALA 1/100

LEGENDA: Lojas

Reservatório d’água

Circulação

Pátio verde

Habitação


02.4 | Escala


Escala A escala da área de estudo resguarda um gabarito baixo, com maioria de 2 ou 3 pavimentos. Tal fato se dá em razão da grande quantidade de Casas sem Recuo e Sobrados que trazem o gabarito mais próximo da escala humana. Em alguns momentos essa escala é rompida, principalmente quando observamos os edifícios protomodernos e modernistas. Na área de estudo podemos encontrar a antiga sede da Secretaria de Educação, o Tribunal de Justiça de Pernambuco e o Edifício JK com escalas que se destacam no entorno.

O gabarito Total do Sobrado Ulhôa faz referência ao gabarito do Edifício D’ouro, estando em consonância, portanto, com preexistencias da área de estudo.

O Sobrado Ulhôa busca consonância com o Edifício D’ouro, elemento arquitetônico singular na paisagem da área de estudo e próximo do coeficiente de utilização indicado para a ZEPH 10 (Coef.Utilizaçao = 2,0). A escala de referência adotada pela proposta de intervenção é o Edifício D’ouro cujo gabarito total é de 8,70m.


ESCALA COMPATÍVEL COM AS FEIÇÕES DO ENTORNO = COEFICIENTE DE UTILIZAÇÃO DE 2,0. NÃO POSSUIMOS REFERÊNCIA PARA UTILIZAR UM COEFICIENTE MAIOR, UM GABARITO MAIOR IMPORTA EM DISSONÂNCIA E RUPTURA DA SENSAÇÃO DE PROXIMIDADE COM A ESCALA HUMANA NO ENTORNO. GABARITO TOTAL DA EDIFICAÇÃO = 8,70m.

A escala da proposta está em consonância com o gabarito do edifício D’ouro. Importante destacar que seu pavimento térreo está em consonância com as marquises dos edifícios vizinhos.

+8.70m +5.75m +2.80m +0.0m

SKYLINE TRECHO A - R. Ulhôa Cintra

PROPOSTA TÉRREO + 2 PVTO EDF. D’OURO TÉRREO + 1PVTO EDF. D’OURO MARQUISE EDIFÍCIO VIZINHO

SKYLINE TRECHO B - R. Ulhôa Cintra

LEGENDAS: PROCURADORIA GERAL DO ESTADO EX SEDE SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CASAS TÉRREAS


02.5 | Volume


Volume Além da análise da implantação, o estudo da forma e da tipologia das construções preexistentes também são importantes para a proposição de uma nova edificação consonante. O Sobrado Ulhôa propõe laje inclina em direta relação às empenas pronunciadas dos sobrados existentes no entorno.

Volume mais comum na área, casa térrea ou com 2 pavimentos e telhado com duas águas.

PRINCIPAIS VOLUMES ENCONTRADOS NO ENTORNO DE ESTUDO

Volume em destaque na área, geométrico, racional e com laje plana.

SOBRADO

CASA TÉRREA

EDIFÍCIO PROTOMODERNO

EDIFÍCIO MODERNO COM GALERIA

Volume em destaque na área, galerias generosas para o passeio público, loggias propostas pelo conjunto moderno do entorno.


Volume em consonância com o entorno com empena pronunciada e laje inclinada, uma releitura do telhado de duas águas com telha cerâmica.


02.6 | Densidade, Massa


Densidade O próximo elemento levado em consideração para o Sobrado Ulhôa foi o estudo da densidade ou massa da fachada. O estudo do entorno, demonstra que que a maioria das fachadas são compostas de cheios: cerca de 69,71% da fachada de ambos os lados da Rua Ulhôa Cintra, em contrapartida a 30,29% de vazios. Esse maior número de cheios corrobora os dados já encontrados com o estudo dos Tipos, onde se percebe uma predominância de Casas sem Recuo e Sobrados. Estes tipos são caracterizados por paredes de alvenaria espessas e com fenestrações mais simétricas com um determinado ritmo. Atentar para isso é fundamental para a definição da massa e densidade da fachada do edifício.

Exemplo do tipo mais comum de fachada no entorno, mais cheios do que vazios.

A antiga sede da Secretaria de Educação, atual sede da Banda da Polícia Militar, é um exemplo arquitetônico do estilo Protomoderno, uma transição entre as aberturas calculadas e painéis mais permeáveis, em fita que imprimem um novo ritmo ao entorno. O Sobrado Ulhôa retoma a ideia de painéis na fachada, contudo, em uma leitura contemporânea.

O Edifício D’ouro é um exemplo de mais cheios do que vazios na fachada. A análise da sua fachada serviu de referência para a geometria das aberturas da fachada do novo edifício a ser implantado na área.


CHEIOS 69,71%

VAZIOS 30,28%

SKYLINE TRECHO A - R. Ulhôa Cintra

SKYLINE TRECHO B - R. Ulhôa Cintra

A densidade e a massa do edifício entra em consonância com o entorno já que suas fachadas apresentam mais cheios do que vazios. A fachada frontal apesar de possuir painéis permeáveis gera uma leitura congruente com a sua fachada de referência, o do Edifício D’ouro. Painéis de 70cm são modulados de forma simétrica, assim como o Edifício D’ouro.

PROPOSTA


02.7 | Ritmo


Ritmo A análise do ritmo é feita também com base nas skylines, do sítio, identificando os diferentes parcelamentos de solos bem como, o ritmo das aberturas das fachadase suas modulações. As edificações do entorno da Rua Ulhôa Cintra possuem variação de aberturas tanto verticais quanto horizontais. Entretanto tomou-se como partido a fachada do Edifício D’Ouro que possui uma modulação de aberturas de que variam em 0.70m a 1m de largura. Desse modo, para obter consonância com a preexistência foi usada uma modulação de 0.70m para trazer o mesmo ritmo da fachada da rua para a edificação.

Fachada do Edifício D’Ouro. fonte: Google Maps.

C V C V C

Malha do extraída do estudo de aberturas do Edifício D’Ouro.

C V

Malha incorporada a proposta do Sobrado Ulhôa. A disposição de painéis lineares propõe uma leitura contemporânea da modução encontrada no edifício D’ouro.

C V C

Malha do extraída do estudo de aberturas do Sobrado Ulhôa


Análise do ritmo do parcelamento do solo

SKYLINE TRECHO A - R. Ulhôa Cintra

PROPOSTA

SKYLINE TRECHO B - R. Ulhôa Cintra

Análise do ritmo das aberturas das fachadas

SKYLINE TRECHO A- R. Ulhôa Cintra

SKYLINE TRECHO B - R. Ulhôa Cintra

PROPOSTA


02.8 | Cores e Texturas


Cores e Texturas Na área de estudo há pouca variação de cores e texturas, a maioria das superfícies são de alvenaria pintada em tons claros. Ocorre que a área de estudo está em processo de acelarada decadência, com muitas superíficies castigadas pela ação do tempo e do clima. A proposta do Sobrado Ulhôa são cores claras, que permitam um maior índice de refletividade e impeçam a troca de calor da radiação solar dentro da edificação, ao mesmo tempo que propõe uma linguagem neutra para o entorno entrando em consonância com as cores do edifício da Procuradoria Geral do Estado. A intenção de usar cores neutras permite também encontrar um minimalismo paisagístico e mimetizar a edificação dentro do contexto urbano.

Esquema de cores proposto pelo Sobrado Ulhôa, em consonância com os tons claros encontrados no entorno.


Análise dos dois lados da Rua Ulhôa Cintra.


03 | Anteprojeto


N

7

+0m

7

7

7

7

7

7

9

+0.5m

RUA ULHÔA CINTRA

7

6

6

5

6

6

1

8

1

10 3

2

4 LEGENDA:

PLANTA BAIXA TÉRREO - Escala 1:100

0

2

5

10m

1. Acesso pedestre 2. Lixo 3. Gás 4. Medidores 5. Shafts

6. Lojas 7. Área molhada 8. Circulação horizontal 9. Circulação vertical 10. Área verde


N

4

4

+3.50m

RUA ULHÔA CINTRA

3

2

2

1 5

6 3

1

3

2

3

6

3

1

3

2

3

4

4

1

2

3 7

LEGENDA: PLANTA 1º PAVIMENTO - Escala 1:100

0

2

5

10m

1. Sala/Cozinha 2. Banheiro 3. Quarto 4. Serviço 5. Shaft

6. Circulação vertical 7. Área verde


N

5

+6.50m

RUA ULHÔA CINTRA

4 8

6

4

2

5

6

3

1 10

3

7 8

7 3

9

7 4 6

8

4

5

8

3 7

6

5

LEGENDA: PLANTA 2º PAVIMENTO

0

2

5

10m

1. Circulação vertical 2. Shafts 3. Sala 4. Cozinha 5. Serviço

6. Banheiro 7. Acesso 3º Pvto 8. Quarto / Escritório 9. Suíte 10. Acesso casa de máquinas


RUA ULHÔA CINTRA

N

4

6

2

8 3

5

1

3

5 7

+10.0m

4

3

3

4

LEGENDA: PLANTA 3º PAVIMENTO

0

2

5

10m

1. Shaft 2. Acesso casa de máquina 3. Sala/cozinha 4. Banheiro

5. Varanda 6. Suíte 7. Laje técnica 8. Reservatório


03.2 | Cortes


8

13

7 12

2 5

11

9

10

4

5

4

6

+ 10.03m

+ 10.00m

4

4

3

4

4

4

4

3

4

4

4

+ 6.50m

4

+ 3.50m

2 3 0m

1

LEGENDAS:

CORTE TRANSVERSAL - Escala 1:50 0

2

5

10m

1. Sapata de concreto 2. Lojas 3. Circulação vertical 4. Habitação

5. Varanda 6. Laje técnica 7. Barrilete 8. Reservatório

9. Platibanda 10. Calha 11. Rufo 12. Telha cerâmica 13. Cumeeira


+ 10.00m

+6.50m

+ 3.50m

CORTE LONGITUDINAL - Escala 1:50 0

2

5

10m


03.3 | Fachadas


0

2

5

10m

FACHADA ANTERIOR

0

2

5

FACHADA LESTE

10m

FACHADA OESTE

FACHADA POSTERIOR


04 | Estudos de Caso


CONVENTO LORETTE Apartamentos Drbstr Local: Mechelen, Bélgica Ano: 2014 Arquitetos: dmvA Architects Área: 4.735 m² Resumo do Projeto: Ao provocar ação e reação entre o passado e o presente por meio da arquitetura contemporânea, a reforma deste bloco de edifícios históricos se adere a este princípio evolutivo. Terraços cobertos criam um diálogo com a bidimensionalidade das fachadas históricas. As aberturas verticais para iluminação chamam atenção na fachada e celebram a vida moderna, além de iluminarem as ruas durante a noite e, assim, criar uma interação com o espaço público. Justificativa da escolha: O projeto é ótimo exemplo de intervenção em sítio histórico, sua implantação é consonante com a implantação dos demais edifícios do entorno, suas cores e texturas remetem também às preexistências do contexto. Sua volumetria também busca consonância com o entorno, em determinados momentos do projeto sua empena faz menção às empenas encontradas no casario da região. Suas aberturas estipulam um ritmo e uma densidade em consonância com o entorno, só que de uma forma contemporânea, com aberturas mais minamilistas que permitem uma dinamicidade em sua fachada.

Convento Lorette, Mechelen (dmvA Architects) Fonte: Architectural digest, 2014.


A edificação propõe um diálogo muito interessante com o entorno, a lógica de cheios e vazios encontrada nos edifícios vizinhos é subvertida em alguns momentos desse projeto, a modulção do vazio passa a ser encontrada como cheio na nova edificação, o que cria uma harmonia sensível com o entorno.

A escala é consonante com o entorno, assim como a implantação, cores e texturas, ritmo, densidade e implantação. O resultado é um edifício de linguagem contemporânea mas totalmente em harmonia com o contexto histórico da cidade de Mechelen.


CAVERNA TROPICAL Casa em Bãc Ninh Local: Bãc Ninh, Vientã Ano: 2019 Arquitetos: H&P Architects Área: 160 m² Resumo do Projeto: Localizada no centro da cidade de Bãc Ninh, a casa foi projetada para acomodar uma família extensa de até quatro gerações. Seu design é inspirado nos efeitos de luz e espaço, que se assemelham a técnica construtiva de uma "caverna". Em um clima subtropical úmido, a residência proporciona experiências positivas e intensas aos sentidos dos usuários, baixa no acesso, de amplitude no interior, estreitamento nos cantos; abertura para o exterior, devido ao sistema das portas janelas; além da vegetação alternada, e distribuição uniforme da luz natural, com escurecimento gradual interno, e fachos de luz zenital, etc. Justificativa da escolha: As estratégias construtivas e soluções arquitetônicas utilizadas neste projeto é um ótimo exemplo de estratégias passivas de controle climático dentro de uma residência. A utilização de brises, pergolados, recuos, entrada controlada de luz natural, rasgos, são soluções interessantes também para a cidade do Recife. A área do projeto, por ser uma lote de pequenas dimensões, que possue assim como o estudo de caso, vizinhos nas empenas, pode responder de forma semelhante às soluções encontradas pelo arquiteto.


Brises filtram a luz solar e ainda assim permitem visibilidade do entorno.

Fachada rítmica e permeável

Luz filtrada nos ambientes propicia experiência calmante para os ambientes.

Marcação do térreo em consonância com o térreo dos edifícios vizinhos Pérgolas auxiliam na troca de ar quente com ar fresco e a existência de espécies vegetais.


05 | Perspectivas


VISTA DO ACESSO AO SOBRADO, LOJAS NO TÉRREO DIRETAMENTE CONECTADAS COM A RUA.


A ESTRUTURA APARENTE NA FACHADA FAZ A MARCAÇÃO DO TIPO SOBRADO EM CONSONÂNCIA COM O ENTORNO.




VARANDA NO TERCEIRO PAVIMENTO PERMITE UMA CONEXÃO DIVERISIFICADA COM O ENTORNO.



O ESPAÇO DAS LOJAS NO TÉRREO POSSUEM ÁREAS MOLHADAS E LAYOUT LIVRE PARA ADAPTAÇÃO DO USO.


VISTA DO ACESSO AOS PAVIMENTOS SUPERIORES (HABITAÇÃO) E VISTA DO ACESSO ÀS DEMAIS LOJAS DO TÉRREO.


PERSPECTIVA DE UMA UNIDADE DE HABITAÇÃO E LAYOUT SUGERIDO PARA SALA / COZINHA.





06 | Referências


Referências ANDRADE JUNIOR, Nivaldo Vieira de. Metamorfose arquitetônica: intervenções projetuais contemporâneas sobre patrimôni edificado, 2006.

MENEZES, L. Habitar no centro histórico: a habitação de interesse social como instrumento de reabilitação do centro histórico do Recife. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano). Recife: UFPE, 2015. Disponível em: < https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17045> Acesso em 12 jan. 2021. ______. Lei Municipal nº 18.770/2020. Institui o Plano Diretor do Município do Recife, revogando a lei municipal nº 17.511, de 29 de dezembro de 2008.Recife: Prefeitura da Cidade do Recife, 2020. REYNALDO, A., 1998. Las Catedrales siguen siendo blancas: un estudio sobre la política de tratamiento del centro antiguo de Recife (Brasil). Barcelona: Tese - Universitat Politècnica de Catalunya. ______. As catedrais continuam brancas: planos e projetos do século XX para o centro do Recife. Recife: Cepe, 2017.


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