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PARAZÃOHEBDO Ano um

ANO II - NÚMERO TREZE / 05 DE JUNHO DE 2015 / BELÉM - PARÁ

Número Zero

FUTEBOL, HUMOR E CULTURA

DEPOIS DE UM COMEÇO NO CAMPEONATO BRASILEIRO DA SÉRIE B COM ARBITRAGEM DIVIDOSA, PAYSANDU VENCE TRÊS SEGUIDAS E PODE CHEGAR HOJE NO G4.

Com: EMMAN WALTER PINTO HAROLD BRAND BRAHIM PEDRO MAUÉS FRAGA ELIHU DUAYER

JOÃO CARLOS

MATTIAS

DELA CORTE JUNIOR LOPES PAULO BARBOSA

MESTRE

VEREQUETE

WILLIAN JOÃO BENTO MARLON VILHENA

FERNANDO VASQS

HOMENAGEM DOS CARTUNISTAS AO REI DO BLUES

B.B

KING


Paulo Emman Comprem os Posters Comemorativos. Bicampeonato Do Remo 2014-15.

PAPÃO PRA CIMA E AVANTE....

Com a arte do cartunista Paulo Emman e do quadrinista da Marvel Joe Bennet, os posters serão feitos sob encomenda. Impressos no papel de ótima qualidade no formato A3 ( 30x40 cm). Preço promocional de Apenas R$ 10 reais. ESCALAÇÃO

Dono da bola Paulo Emman Dono do campo Lu Hollanda Dono do apito Walter Pinto

Dono do placar Harold Brand Dono das bandeirinhas Junior Lopes Dono da maca Paulo Mashiro Dono das camisas Ricardo Lima Colaboradores especiais Luiz Pê/Sodré/ Brahim Darwich

Timaço Goleiro: Tomaz Brandão Lateral direito: Elihu Duayer ( RJ) Lateral esquerdo: Elias Pinto Zagueiro central: João Bento 1º Volante: Mauro Bentes 2º Volante: Fraga Meia direita: Vasqs Meia esquerda: Versales (SP) Ponta direita: Marcelo Seabra Ponta esquerda: Marcelo Rampazzo Centroavante: Ítalo Gadelha Administração e internet Alícia Ana Paula

Administração Trav. nove de janeiro,2383 Bloco B 1001- S. Brás Fones: (91) 3199.0472 99223.6464 Redação e contatos: pauloemman@yahoo.com.br hollandaluciane@yahoo.com.br


Walter Pinto

Um golpe desastrado

O golpe que os adversários de Pedro Minowa tentaram aplicar quase deu certo, mas a justiça impediu que a vergonhosa trapaça se consumasse. Menos mal. Minowa foi destituído por que? Na sua gestão, o Remo deu a volta por cima, conquistou o Parazão e o acesso à série D. Além disso, por muito pouco, não levou a Copa Verde. Tudo isso sem jogar em seu campo, graças a uma ação desastrosa do presidente anterior, vulgo Pirão. O que queriam os conselheiros? Que o Remo estivesse na série B? Ora, bolas... O roubo bem sucedido A condição humana de árbitros e bandeirinhas leva-nos a entender seus erros, mas não a perdoá-los. No jogo entre Flamengo e Avaí, até Nelson Rodrigues, que enxergava muito pouco do que rolava no campo, veria que a bola saiu totalmente pela linha de fundo. Mais cego que Nelson, porém, foi o bandeirinha, que correu para o centro do campo, corroborando a marcação do árbitro e validando o gol da vitória do Avaí. O dia da caça

Depois de ser garfado duas vezes nos primeiros jogos do campeonato brasileiro da série B, o Papão valeu-se de um erro do árbitro para seguir em frente na Copa do Brasil. Marcar pênalti sobre Leandro Cearense, num lance escancaradamente mal encenado, não concede ao árbitro nenhum tipo de perdão. Mas para a galera do papão, o lance teve o doce sabor de uma vingança contra os roubos praticados contra o time. Se é para roubar,

pelo Paysandu Sport Clube foi prestigiar o Norte-Norte de Remo. O domingo estava espetacular. O sol estava firme, o vento no ponto certo, as marolas não atrapalhavam os barcos. Tudo prenunciava um dia auspicioso para os amantes da regata. E foi mesmo. Meu vizinho teve um domingo especial, como sempre é especial os domingos de regata para ele. No entanto, ao sair da Estação das Docas, ao final da competição, ele foi assaltado por dois bandidos, de armas em punho, que lhe levaram a carteira e o celular. Evidentemente meu vizinho foi mais uma vítima da violência que só aumenta em nosso Estado. De nada adiantou o governador colocar um general do Exército para comandar a segurança pública. Os bandidos estão dando de goleada. Lembram do Radamés?

que nos locupletemos todos, afinal, também somos filhos de Deus. Remando em águas turvas O esporte de Remo, que conhecemos por regata vai mal das pernas, como sempre. Sobrevive de teimoso e de alguns abnegados, gente que tira do bolso para sustentar uma paixão. A Federação Paraense de Regata funciona na casa do seu presidente, um ex-remador que faz das tripas coração para

manter vivo o esporte. Os clubes pagam uma taxa por regata, que não cobre as despesas. O jeito é passar o chapéu. Mesmo assim, a Federação sediou, em Belém, um campeonato Norte-Nordeste de Regata. Mesmo remando contra a maré, a regata paraense segue sua trajetória de glória e penúria. Um domingo quase espetacular Um vizinho apaixonado pela regata desde a época que remou

Quase na surdina, o jogador Radamés rescindiu o contrato com o Paysandu. Dele, a torcida vai guardar uma única lembrança, a de ser namorado de Viviane Araújo, a modelo que lançou, numa noite de festa, o novo uniforme do papão. Radamés não é um mau jogador, mas é muito limitado. Recebe a bola da defesa, caminha dois passos e passa para quem está do lado. Não destrói, nem constrói. Jogadores como ele, há muitos no Pará. A diferença é que os locais não tiveram a sorte de encontrar uma Viviane Araújo em suas vidas. Tão logo saiu do bicolor, ele assinou contrato com o Boa Esporte, time da cidade mineira de Varginha. Radamés optou por ser marcado de perto pela modelo. Ou foi o contrário?

Venha para o PARAZÃOHEBDO . Ajude no financiamento coletivo que será lançado em breve. PARAZÃOHEBDO (91) 3199.0472 / 99223.6464


Pedro Maués

A luta do século As tardes daquele mês de julho pareciam se arrastar morosamente, como não querendo passar, diante da ansiedade que tomou conta de quase toda população de Abaetetuba, desde que a Empresa de Som e Publicidade Copacabana, a rádio cipó mais afamada daquela região, começara a divulgação do que seria considerado como o evento do século:o espetáculo de luta livre marcado para o Cine Imperador, palco sagrado dos cinéfilos do lugar, que traria consigo quatro combates preliminares e, como atração inédita, uma espécie de atual “card principal”, a contenda entre o campeoníssimo Índio Paraguaio, invicto há mais de quinze anos, corpulento, musculoso e maligno como uma fera indomada, contra um desafiante local que, por ventura, estivesse a fim de arriscar a própria pele em troca de fama e uma bela quantia em dinheiro. O auto-falante do carro som, capitaneado pelo Raimundo Garganta Profunda, alardeava pelos quatro cantos da cidade, clamando pelo espírito altaneiro de um filho da terra que pudesse honrar os homens dali. Destemor era a palavra de ordem daquele ousado abaetetubense que, mesmo sem seguro de vida ou coisa parecida, fosse capaz de encarar o perigo, com o rompante de enfrentar aquela besta-fera, descendente de Apaches, pele-vermelha notabilizado pelo espírito guerreiro e que, não raro, além de bater forte nos adversários, costumava morder as costas e chupar gotas de sangue dos incautos desafiantes. As inscrições foram abertas no prédio onde funcionava um esboço de academia, onde incipientes praticantes de halterofilismo, levantavam canos de ferro com latas de leite ninho cheias de concreto nas extremidades, bem como faziam cabo de guerra com cordas

esticadas entre uma jaqueira e um piquiazeiro lá nos fundos da casa do Mauro Doido, ficando a cargo de uma comissão composta por um professor de educação física, um operador de carro de mão, um dentista e um pai de santo , a triagem e a seleção do futuro herói que subiria ao ringue pra enfrentar o índio. Os primeiros candidatos, ali perfilados desde as quatro da manhã, eram o Tebudo, Geraldo Tuberculoso, Mão de Paca, Cara Errada, Engole Tora, Pé de Quilo e Bob Tenebroso, todos eles ávidos pra serem selecionados ao combate do século e eméritos brigadores de rua, conhecidos pelas inúmeras festas que conseguiram acabar, dotados de força bruta e quase nenhuma técnica que pudesse fazer frente ao cabeludo indígena de músculos proeminentes e desafiadores. A triagem começou e logo alijou o Mão de Paca e o Engole Tora pelo fato de que os mesmo apresentavam deformidades físicas nas mãos e na boca, impedindo-os de, ao menos, balbuciar os seus nomes completos e endereços. Seguindo a seletiva, Geraldo Tuberculoso não aguentou pular corda por 15 minutos, tendo escarrado uma bola de sangue que assustou a todos ali presentes.Tebudo e Cara Errada

ELIHU DUAYER

ficaram pelo caminho, depois que a comissão percebeu um bafo de cachaça terrível saindo de suas entranhas, o que não era permitido pelo regulamento do desafio.Pé de Quilo, mesmo com o porte físico avantajado, ficou de fora por estar convalescendo de uma gonorreia contraída dois meses antes, lá na casa de tolerância da Tia Maria Fogão, pelo que restou vitorioso o nosso intrépido herói Bob Tenebroso. No dia do evento, um sábado de noite estrelado e abafado pelo calor do verão, as dependências do Cine Imperador estavam tomadas pela população, com um número imenso de fãs amontoados e trepados nas árvores que ficavam ao redor do local que, estrategicamente, deixou abertas as suas janelas para que todos pudessem conhecer de perto o candidato a herói que, estranhamente, sumiu três dias antes do evento, sem dar qualquer explicação ao seu treinador e aos organizadores do evento, excetuando-se o fato de que uma irmã dele, Glorinha Vai Quem Quer, levou uma carta redigida e assinada pelo Bob ao médico da comissão, garantindo que estaria às 20:00h., impreterivelmente, pronto para subir no ringue ali armado. As luzes apagadas anunciaram a entrada do Índio Paraguaio,

esbanjando músculos e uma vitalidade impressionante, numa sunga verde-limão reluzente, que fizeram tremer as cordas vocais do Raimundo Garganta Profunda ao anunciar aqueles 115 kgs de maldade num dos cantos do ringue, saltitando numa velocidade estonteante, rápido como um corisco, e com os olhos destilando um ódio tão venenoso quanto uma picada de jararaca. Eis que, subitamente, adentra ao ringue o destemido Bob Tenebroso, sob um improvisado roupão feito de sacos de açúcar, escoltado pelo treinador Paulo Bagudo, e causando um rebuliço no acanhado Cine Imperador, que pareceu entrar em ebulição no momento em que o legítimo abaetetubense pisou no ringue. Ficou parado num dos cantos, sem fazer alarde ou qualquer exercício, demonstrando uma impavidez impressionante diante de tanto perigo. Feitas as advertências de praxe, o mediador do combate autorizou o seu início e, para surpresa de todos e do perplexo índio, Bob Tenebroso rapidamente tirou aquele fétido roupão improvisado e, em guarda, encarou o adversário como se estivesse diante de um prato de comida. Quando o Índio se aproximou do oponente, foi que conseguiu perceber a tática por ele usada para aquela luta magistral: Bob Tenebroso ficara uma semana sem tomar banho, sem escovar os dentes, comendo uma mistura tenebrosa de tamuatá com repolho e passando sobre sua pele uma mistura bem bolada de vômito de gato, banha de mucura e o chorume de restos de caranguejo que acondicionou em um saco plástico por uma semana. A mistura foi letal. Quando o Índio partiu pra ofensiva, Bob abriu os braços e se agarrou ao oponente, o mantendo sob suas axilas por dois minutos. Final do combate. Nocaute técnico. Missão dada, missão cumprida. Bob virou herói.


Fraga

Walter Pinto

Cartunista brasileiro Fraga estampa sua arte no Cam Nou O cartunista paulistano Gabriel Fraga teve, no último 26 de maio, provavelmente um dos momentos mais emocionantes de sua carreira. Ver seu trabalho estampado no Camp Nou, em Barcelona, numa lona de 70 metros de altura com a imagem do Xavi produzida para a agência BUM, de Barcelona. Trabalho realizado especialmente para a despedida do craque catalão. Com a direção criativa de Josep Maria Urgell e Jordi Urgell. Fraga que atualmente mora em São Paulo, morou dois anos na Espanha e continua com os contatos e realiza trabalhos freelancer pra agência européia.


Mattias

O humor agoniza, mas não morre O cartunista carioca João Carlos Mattias é o nosso convidado especial desta edição. Premiadíssimo e irrequieto, Mattias faz uma análise pessoal sobre como está vendo o atual momento dos Salões de Humor pelo Brasil. Com uma crítica honesta coloca este tema em debate. Um assunto obscuro e polêmico. Tem muita coisa consolidada, estagnada e pra se mudar. O PH abre espaço para contestações e defesas que sirvam para contribuir positivamente ao debate. TEXTO: MATTIAS

O humor agoniza, mas não morre. Só que, como em toda e qualquer agonia, causa uma comoção dilaceradora em quem vê e sobretudo naqueles que tem mais proximidade com aquele que agoniza. Desde que o Brasil saiu do regime militar, este é o período mais propício para os cartunistas. Mensalões, petrolões,corrupções, esculhambações mil e nós, assistindo tudo de mãos atadas, infelizmente. Alguns dirão: - Ah! Temos jornais, revistas e house organs. E eu direi: - Coloque mais morfina para o humor! Os poucos companheiros que ainda publicam na grande imprensa, não fazem mais charges. ilustram as idéias dos editores e donos de jornais. Aquela charge independente, de opinião... já era! A preservação do emprego, faz com que o “chargista”, não tenha a menor pretensão de fazer carga. Lamentavelmente, atravessamos um período onde a necessidade da manutenção do emprego num jornal ou numa revista, pressupõe ideologias ou opiniões próprias. E o pior, alguns desses companheiros, como octópodes vorazes, colocam seus tentáculos em vários pontos, sufocando àqueles que poderiam - também - estar no mercado, tornando o que era reduzido, quase inexistente. E aí, alguns outros companheiros dirão:_ Não temos espaços na mídia impressa, mas temos portais de humor. E eu direi:_ Tragam os desfibriladores! Fui responsável pela criação de um portal de humor, onde o presidente do portal, mendigava trabalhos de cartunistas conceituados, para que o portal tivesse notabilidade. Pois segundo a visão dele, somente com a publicação de trabalhos de grandes cartunistas, seria possível concorrer com dois outros portais: Um iraniano e outro Turco. Durante o período que gerenciei o portal “nunca” vi nenhum grande cartunista

enviando trabalho e, como eu tinha a senha, via o tráfego de envios. O presidente do referido portal, garimpava os trabalhos de quem tinha notoriedade no mercado e aquele companheiro com menos expressão ou quase nenhuma (por não publicar, nem ser premiado), acabava ficando para depois. Deixei o portal por não concordar com essa e diversas outras questões, que buscavam privilegiar os “amigos fortes”. E hoje, lamentavelmente, aquele que deveria ser o principal veículo virtual do humor gráfico nacional, virou um blog voltado para ações e conquistas de um grupo específico. Como se o Brasil não tivesse 26 estados, o Distrito Federal e cada um deles tem companheiros que produzem muito e indubitavelmente, poderiam estar ali, congregando e fazendo daquele espaço, uma proposta verdadeiramente coletiva. Em outro conceituado portal - o mais antigo do Brasil -, se não for amigo ou tiver afinidade com um dos gerentes, a publicação não pode ser feita. Ou seja... Se o companheiro não estiver numa rede social, já era! Não pode

ser possível! Deve ter alguma solução. Vislumbrando a solução, alguns pouquíssimos dirão: _ Restaram os salões de humor! E eu direi:_ Chamem os coveiros! Posso começar falando do meu estado... O Rio de Janeiro, que chegou a ter mais de 10 salões de humor, hoje resiste apenas com o Salão de Humor de Volta Redonda, que ainda não acabou por milagre. Basta entrarem no site do salão que irão ver a repetição constante de “comissões” e de “premiados”. Vou sempre que posso à abertura do salão e sou do tempo que o evento acontecia no Memorial Getúlio Vargas e haviam seis pessoas naquela gigantesca estrutura e o Sr. Alexandre (responsável pela realização do salão), com um prato cheio de biscoitos (daqueles quadradinhos) e suco de groselha. Mas o salão promovia renovação, com pelo menos, cinco menções honrosas em cada categoria. Hoje, a estrutura melhorou, os recursos melhoraram, mas a renovação, que poderia promover e possibilitar o surgimento e o reconhecimento de novos companheiros, efetivamente

não parece ser mais a tônica daquele e de outros poucos salões. Atribuições de menções honrosas, não custa “absolutamente” nada para nenhum salão de humor, mas podem contribuir consideravelmente com a renovação. Infelizmente, salões que promoviam o humor de maneira mais justa, como os Salões Internacional de Paraguaçu e Salão Internacional de Caratinga, estão inativos. Restando-nos ainda, o Salão Internacional de Piracicaba, que, graças aos “Deuses do Humor”, mudou consideravelmente nos últimos 10 anos, promovendo o surgimento de muita gente boa e tornando isso público, através de seus catálogos. “Além de outros pouquíssimos os quais ainda acredito na seriedade como Medplan, coordenado pelo cartunista Jota A, o Salão Internacional de desenho para Imprensa (RS), Mogi (SP)e mais uns dois “no máximo”. No mais, nada muda e as ações entre amigos servem como pano de fundo da urna mortuária. Peçam para o carro funerário aguardar alguns minutinhos, por favor!


Mattias LABORATÓRIOS, ESTUDOS E MUITA TÉCNICA. Caricaturas de personalidades realizadas por João Carlos Mattias, que utiliza diversas técnicas na produção, mostrando um talento incomum no manuseio de materiais desde o artesanal, passando pela tinta acrílica, photoshop e Corel Draw. Pela ordem: Jaguar, D. Perpétua, Cartola, Mestre Cupijó, Anderson Silva, Tupak e Elias Gleyser.


B.B. KING

Homenagem ao rei do Blues DELA CORTE (SP)

EMMAN (PA)

MATTIAS (RJ)

JUNIOR LOPES (PA)


B.B. KING PAULO BARBOSA (MG)

ELIHU DUAYER (RJ)

WILLIAN (PB)

JOテグ BENTO (PA)


Fernando Vasqs Cartunista e redator de humor. Foi colunista do “Jornal da Tarde” e do Pasquim-SP. Ilustrador do Diário Popular por 12 anos. Autor do livro “Ostras ao Vento, humor disposto a nada”.


ACC-2015 - uma ode ao Pará SONIA M. BIBE LUYTEN * Ao longo de quatro décadas da minha carreira tenho participado de muitos encontros, festivais e comicons de quadrinhos. Em todos eles há palestras, debates, oficinas de HQ e animação, feiras de revistas e livros, exposições, exibição de filmes, shows, cosplays e concurso de Histórias em Quadrinhos. Este, no entanto, foi surpreendente. A começar pela sua localização, longe dos grandes centros e capitais do Brasil. Foi realizado na cidade de Abaetetuba, a mais de 120 quilômetros de Belém à margem direita da foz do rio Tocantins. Essas vias fluviais eram as rotas por onde passavam os navegadores portugueses na época da colonização do Pará, a partir do século XVI em diante e, neste encontro de Quadrinhos, foram navegadas pelos desenhistas, pesquisadores e fãs da nona arte. O próprio nome da cidade, Abaetetuba já é uma ode, um poema: de origem Tupi, vem de aba (homem), ete (forte, verdadeiro) e tuba (lugar de abundância). O significado, portanto, é: lugar de homens e mulheres fortes e valentes. E foi assim que homens e mulheres valentes realizaram a Amazônia Comicon 2015 abraçado pela Prefeita da cidade, Francineti Carvalho com apoio do secretário municipal de educação, Jefferson Felgueiras. O idealizador, outro homem forte que nunca desistiu do seu sonho, é Luiz Cláudio Negrão, um dos fundadores do Grupo Ponto de Fuga há 20 anos dedicado à pesquisa e produção de quadrinhos. Outro ponto positivo foi a presença maciça de desenhistas e pesquisadores do Pará que vieram de outras cidades do estado como Belém, Cametá, Castanhal, Muaná, Ananindeua e Tucuruí. E dois grandes nomes de lá conhecidos em todo Brasil, completaram este cenário: Gian Danton, professor universitário e roteirista desde 1989 e Joe Benett trabalhando para a norte-americana Marvel desenhando o Homem-Aranha, Vingadores, Conan, Namor, Elektra, Hulk e muitos outros. Gian Danton e Benett há

Sonia Luyten com Luiz Cláudio Negrão

décadas atrás fizeram parceira com o álbum A Insólita Família Titã, Refrão de Bolero, A Floresta Negra. No espaço dedicado ao ComiCon veio o reconhecimento a Joe Benett com uma exposição de trabalhos contando sua trajetória de 30 anos no mundo dos quadrinhos, inclusive os grandes personagens da Marvel. No AmazôniaComicon 2015, houve também um concurso e premiação das melhores desenhos para as crianças das escolas que compõem o município de 72 ilhas. Para a Prefeitura de Abaetetuba a utilização das HQs no processo ensino-aprendizagem era primordial, pois “O mais importante é que o evento foi pensado como instrumento pedagógico, envolvendo as escolas municipais”, segundo o secretário municipal de educação, Jefferson Felgueiras. E para a Prefeita Francineti Carvalho além deste reforço para o ensino do

Os Pioneiros no Estudo de Quadrinhos no Brasil. Livro da pesquisadora que está sendo lançado na Feira do livro de Belém.

quadrinho em sala de aula, “festejamos o nosso artesanato de miriti”, referindo-se ao Miritifest, o festival de brinquedos feitos da palmeira miriti, que aconteceu no mesmo período do Amazônia ComicCom. E a grande surpresa foi que Sidney Gusman trouxe uma gravação do Mauricio de Sousa que levou boas palavras aos alunos das escolas municipais no momento da entrega dos prêmios para os vencedores. Acredito que a presença de muitos desenhistas e pesquisadores do Pará nas mesas redondas e palestras do Amazônia ComiCon rendeu uma autoestima muito grande aos paraenses uma vez que o grande contingente era do estado como Elton Galdino, Carlos Amorim, redator e editor do

blog CineTvNews Virtual, Gisele Henriques, Rafa Cabral, do grupo Ronin, Paulo Emmanuel, Vince Sousa entre muitos outros. Vince Sousa, por sua vez, reuniu para um documentário o resultado de suas pesquisas que fez em acervos pessoais de desenhistas e também entrevistas sobre a história dos quadrinhos no Pará. Nele figuram artistas como Bichara Gaby, Branco Medeiros, Gian Danton, Joe Bennett, Andrei Miralha, Marcelo Marat, Luiz Claudio Negrão e Paulo Emmanuel, entre outros, além de professores e fãs que, durante mais de 40 anos movimentaram, inspiraram, criaram e divulgaram os quadrinhos no estado. O contato com os professores e pesquisadores durante a minha palestra: “ Quem me tem medo de usar o quadrinho em sala de aula” demonstrou mais uma vez o quanto as histórias em quadrinhos podem ser uma ferramenta de trabalho acessível e de baixo custo nas escolas, principalmente na rede pública em Abaetetuba. Mas ainda é uma linguagem desconhecida pelos professores, resultando nesta resistência. Um dos problemas enfrentados também é a evasão - ou até mesmo – a ausência de alunos portadores de deficiência. A implantação e a regularização da função do professor cuidador no quadro do magistério municipal possibilitou melhorar a aprendizagem destes alunos e concretizou os princípios da inclusão educacional na cidade. Desde 2009 reuniu um total de 502 alunos atendidos e 427 professores cuidadores envolvidos no programa. O uso de quadrinhos na sala de aula, realizadas de forma planejada, reforçará ainda mais – de forma barata e acessível - os recursos pedagógicos específicos às necessidades destes alunos. Para mim foi uma experiência gratificante ver o entusiasmo, a garra e boa vontade dos organizadores que tornou Abaetetuba, sede deste evento, uma referência para promover as Histórias em Quadrinhos e os artistas da região.


Lançamentos em destaque

Opera Graphica Editora lançou o álbum A Insólita Família Titã, que apresenta duas histórias completas ilustradas por Joe Bennett: A Insólita Família Titã, escrita em parceria com Gian Danton, e Powers, de sua própria autoria. Ambas as histórias estão sendo relançadas pela primeira vez depois de décadas. R$ 30,00 Venda pelo site da editora.

Gian Danton oferece, neste livro, sua experiência de mais de duas décadas lidando com as Histórias em Quadrinhos, seja produzindo roteiros, seja ministrando cursos sobre o assunto. Este trabalho parte também de outras obras suas, como o fanzine A difícil arte de escrever quadrinhos e o Manual do roteirista, escrito em parceria com ABS Moraes, um dos mais talentosos

escritores de quadrinhos da nova geração.Em O roteiro nas Histórias em Quadrinhos “o neófito pode encontrar todas as dicas para se tornar um roteirista de qualidade.

A vida de Gaspar Vianna. O lançamento será realizado em Breve no Hospital das Clínicas Gaspar Viana. Com a arte de Joe Bennett e Ruy José,

Quanto: R$ 30,00 Os livros podem ser adquiridos através do e-mail: profivancarlo@gmail.com

Máximus Para compra é diretamente com o autor. Contatar via zap: (091) 982933847, pra quem é de fora, através de depósito em conta e via correios. dados no blog: http://yangoverso.blogspot.com alanyango@gmail.com

Graphic Novels A MSP prepara o lançamento para todo Brasil de mais um lote das Graphics MSP. O Penadinho, com Paulo Krumbin e Cristina Eiko, tem lançamento marcado e em breve estará em todas as livrarias e bancas de revistas de todo país. Sidney Gusman é o responsável editorial pelos projetos.


Junior Lopes

A “pareidolia” na vida de Junior Lopes TEXTO: JUNIOR LOPES

Há uns quinze anos atrás, acordei com uma grande ressaca, incomodado com o matraquear incessante do barulho de uma máquina de costura. Andei cambaleante até a sala, onde minha sogra estava costurando uma saia. Os retalhos de tecidos descartados no chão me chamaram atenção, não só pela beleza, mas por insinuarem um retrato em alto contraste de ninguém menos que Jimi Hendrix. Descobri, este mês, que o nome do que sempre convencionei a chamar de “maluquice, insight” ou algo parecido, tem um nome científico: pareidolia. A pareidolia é um fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. É comum ver imagens que parecem ter significado em nuvens,

montanhas, solos rochosos, florestas, líquidos, janelas

embaçadas e outros tantos objetos e lugares. Este episódio

do Jimi Hendrix me motivou criar mais retratos têxteis, quase sempre de músicos que eu admirava. Mostrei alguns desses desenhos a uma amiga que era fã do James Dean e ela me propôs pagar por um retrato do ator, todo feito com jeans e instantaneamente intitulado “James Jeans”. Depois de pronto o retrato, essa amiga foi morar fora de São Paulo e eu fiquei, contrariado, com o desenho. Meses depois, levei meu portfólio numa agencia de publicidade e o diretor de arte, depois de ver muitas ilustrações se interessou justamente por esse James Jeans e pediu mais três ilustrações usando a mesma técnica (colagem com tecidos). Esse “job” despretensioso foi enviado para o festival publicitário de Cannes, em 2003 e faturou um Leão de ouro para a agência, na categoria “Poster”, na campanha Cut for You, da Levi’s. Resumo da ópera: Beba.


Marlon Vilhena

Especial para cigarros — tenho que ir pra casa, baby. tá ficando tarde. Ela fez cara de muxoxo. — então tá. mas vai com cuidado, coração. Deu uma última amaciada nas ancas fartas da Lívia, que saiu dando risinhos dentro da minissaia e se fazendo de bem-comportada. Safada essa daí, pensou enquanto procurava as chaves. Ainda vou pegar de jeito. Tinha de chegar logo em casa, onde Marinalda o esperava. Provavelmente com pouco bom humor. Ele tinha dito que chegaria antes da meia-noite, e precisava de pelo menos meia hora até chegar ao conjunto residencial. Um dia desses deixo a Marinalda e parto pra outra. Mulher azeda, não sei que bicho mordeu ela nesses últimos anos. Tem várias outras por aí. A Lívia é jeitosinha e, pelo visto, gosta de um esquema bem bolado. Preciso me divertir, todo mundo precisa de vez em quando. A Marinalda é que escolheu usar aquela cara de merda quando acorda e quando vai se deitar. Decidiu que deveria acelerar o máximo que pudesse dentro do bom senso. Bem lá no fundo, sabia que havia um serzinho da consciência procurando uma brecha no meio daquele cérebro embotado pra lhe dizer que o bom senso ficara em casa, antes dele sair pro trabalho pela manhã. — que se dane. Quase nenhum carro à vista.

EMMAN

Pôde até mesmo cortar alguns sinais vermelhos, assim economizava tempo. Destino: Conjunto Stelio Maroja, Ananindeua. Muito chão pra correr. Iria pela Avenida Centenário, como sempre fazia. Àquela hora não adiantava inventar rotas. Mais um sinal vermelho cortado, enquanto pensava na vida, ou pior, em Marinalda. Aquela mulher vai me fazer criar cabelos brancos, já tô até vendo. E olha que não tivemos filhos. Melhor assim, já imaginou o tamanho da encrenca? Tudo, menos filhos com a Mari. As trepadas eram boas no começo, mas então ela quis

me mudar. Disse isso na minha cara: eu vou te mudar, pra tu seres o homem que tens que ser. Que diabo de papo era aquele? Ah, pra cima de mim, não. Aos poucos foi relaxando. Deve ter relaxado até demais. Não soube explicar os detalhes. Quando abriu os olhos de novo, o carro já começava a raspar a mureta do canteiro da Centenário. O veículo subiu os pneus do asfalto e a capotagem se deu. Girou seis vezes antes de parar de ponta-cabeça. Incrivelmente saiu sem qualquer arranhão. Estava tonto,

chegou a cair de bunda, mas se escorou na lataria e se pôs de pé. Procurava processar o ocorrido e ouviu ao longe um zunzunzum. Pessoas acendendo as luzes de casebres, juntando coisas ao longo da via. Gente gritando e se amontoando feito moscas em carniça fresca. — carro capotado, galera. barricada, bora fazer barricada. — taca fogo nos pneus. Uma viatura encostou alguns minutos depois. Um policial se aproximou para averiguar o estrago do acidente. — o senhor está bem? Ele fez sinal de positivo, enquanto o oficial lhe fazia algumas perguntas de praxe. — qual o seu nome, senhor? — francisco vieira. — e essa turma fazendo protesto aqui ao lado? — não faço a menor ideia. agora fazem isso por qualquer motivo. virou moda. O policial coçou o queixo e logo liberou Francisco, que deixou seus dados e foi procurar um táxi. Quem sabe, chegando detonado em casa, Marinalda lhe desse um desconto, talvez lhe fizesse uns carinhos. Só que a imagem que vinha à mente era das ancas da Lívia. Aquela safada.

* Marlon Vilhena é Químico

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Harold Brand

Ozzy tentou se matar A violência só faz aumentar nesta cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará. Já vinha notando um certo arredio, distanciamento e tristeza, diferente dos latidos e a agitação que a alegria trás. Ozzy é muito sensível, foi abandonado pelo pai e pela mãe que preferiram criar um outro “dog” há dois anos. Para completar, ficava parte do dia solitário no apartamento. Inicialmente, defecava e urinava a esmo, pensávamos que era para chamar a atenção. Naquela manhã notei a cadeira do diretor voltada para a sacada mas, não atentei a armação. Ao retornar do trabalho por volta de duas da tarde me deparei com a seguinte cena: Ozzy pendurado do lado de fora, suspenso no ar e preso por uma das pernas a uma corda, balançando e desmaiado pela vertigem que certamente ocorre, quando se está no décimo segundo andar, a qualquer ser humano digo, animal. Corri e retirei-o da agonia. Ele vinha aprendendo algumas palavras entre as quais Bobó e Bobô, mas ligando os fatos e traduzindo a linguagem canina, em algumas noites ele em seus pesadelos, me recordo agora, balbuciou algo que só agora percebi: algo como “quero morrer”. Como psicólogo iniciei uma análise que misturava trauma, ressentimento e inveja. Trauma por

EMMAN

conta do abandono ainda na infância, ressentimento pelo amor platônico não correspondido a uma cadela da elite belenense, e inveja, como inveja? Ele soube do estilo de vida levado por um gato lá do Norte brasileiro

chamado Dante, cercado de regalias, sem conhecimento de ninguém acessou a animalnet e suas inúmeras redes sociais e viu como Dante era mimado e paparicado. Ainda havia a Batata da Ferreira Cantão, muito

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maior e feroz que ele, sua virilidade (a de Ozzy) foi posta a prova, pois foi justo por ela que Ozzy se apaixonou. A soma de todos estes fatores desembocaram naquele quase fatídico dia, por sorte na sua incompetência ele se lançou no espaço sem desatar o nó da cordinha que o levava ao parapeito da sacada antes do que seria o derradeiro salto para a eternidade, para o paraíso e suas sete mil virgens. Temos culpa, nós todos pois discutimos certa vez o preço da ração e dos poucos mimos na frente dele, inapropriadamente, na verdade discutíamos todo o contexto econômico do Brasil na era Dilma, esse fato o magoou muito, desistindo de crescer e ser um cachorro maduro e resolvido. Nosso erro foi não acompanhar a dinâmica e achar que ele era igual a qualquer cachorro. Devemos hoje, nossa entrada no budismo ao Ozzy, pois ele nunca mais voltou a ser o mesmo, sofrendo de uma doença diagnosticada como um tipo raro de catatonia-autista, o que favorece horas de meditação na cadeira do diretor.

* Haroldo Brandão é Psicólogo


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