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TRANSMISSÃO
TRANSMISSÃO TF72-SC AISIN/AT6
Problemas recorrentes com intrusão de água
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Por: Departamento Técnico APTTA Brasil/ Fotos: Divulgação
São várias as reclamações que recebemos de técnicos reparadores, informando e questionando sobre as falhas dos trocadores de calor da transmissão TF72-SC AISIN, presente em vários modelos, de fabricantes diferentes. Conhecida como AT6, na linha Citroën está presente no C4 Lounge 6 marchas, também tem a mesma nomenclatura nos veículos da Fiat como o Argo, Toro, Cronos automáticos flex 6 marchas, e também nos da Jeep, ou seja, o Renegade e Compass automáticas, flex, 6 marchas.
Os técnicos reparadores e a APTTA Brasil já conhecem o problema desde 2018, quando os primeiros veículos com esta transmissão foram lançados no mercado. Esta falha é decorrente da degradação do material do trocador de calor, feito de alumínio, peça responsável pela troca do calor gerado pela transmissão automática em seu trabalho, e que utiliza o próprio líquido de arrefecimento do motor como meio de reduzir o calor da transmissão.
A principio se pensou que o problema era decorrente do próprio líquido de arrefecimento, que atacava o alumínio, e, portanto, a montadora envolvida (Stellantis) recomendava no manual do proprietário, a substituição do liquido de arrefecimento indicado por outro de composição ligeiramente diferente, porém sem sucesso. Como o problema persistiu, chegou-se a conclusão que a própria qualidade do material envolvido na fabricação do trocador de calor era a responsável pela falha, devido à redução de custos.
Como sabemos, quando ocorre intrusão de água dentro de uma transmissão automática, e com a agravante do etileno glicol, que
Trocador de calor do câmbio AT6 é altamente danoso ao fluido da transmissão, num primeiro momento o proprietário não percebe o que está acontecendo, e com a utilização frequente, os componentes internos são afetados por esta mistura.
A única indicação ao proprietário que algo de errado está ocorrendo, é a diminuição do nível do liquido de arrefecimento do motor no reservatório de expansão, porém mesmo que ele completasse o nível do líquido, isto poderia não dar uma pista sobre o verdadeiro motivo do nível baixo.
Imagine os componentes eletrônicos dentro da transmissão (módulos, solenoides, sensores, chicote elétrico) e os componentes colados tais como cintas e discos de
compósito, trabalhando dentro d’água. A simples substituição do fluido, e do componente causador do problema, não conseguirá reverter os danos causados à transmissão. Isto sem contar a corrosão causada nos rolamentos, eixos e pistas de aço, e engrenagens internas da caixa.
CARLOS NAPOLETANO
Diretor Técnico da Aptta Brasil www.apttabrasil.com
O proprietário somente terá ciência do problema quando a transmissão começar a se comportar de maneira estranha, porém aí já será tarde demais.
Conversor de torque de um Citroën C4 Lounge com a entrada de água na transmissão pelo trocador de calor
Os fabricantes dos veículos envolvidos não querem admitir que o problema é falha dos componentes, e dizem que ocorre por falta de manutenção preventiva, porém veículos com quilometragens tão baixas quanto 20.000 quilômetros, tem apresentado este problema. Alguns ainda dentro do período de garantia.
Aos técnicos independentes, recomendamos que, por ocasião da substituição do fluido da transmissão, esclareça ao proprietário do veículo a necessidade de substituir também o trocador de calor, por turos de danos à transmissão. Isto é apresentado como manutenção preventiva. Embora onere um pouco mais o serviço, isto evitará que o proprietário gaste cerca de R$ 15.000 a R$ 20.000 mais tarde.
O fato do trabalho de reparação numa transmissão que sofreu intrusão de liquido de arrefecimento e água ficar tão caro, é que quase nada do câmbio original poderá ser reaproveitado, envolvendo a substituição de rolamentos, corpo de válvulas, solenoides, peças de aço, etc. Somente a carcaça da transmissão e algumas poucas peças podem ser reutilizadas.
Também não recomendamos a compra de uma transmissão de desmanche, pois estas transmissões são bastante específicas do veículo, e a compra de uma transmissão que parece igual, muitas vezes tem diferenças significativas entre si, gerando mais tarde códigos de falha relativos à relação de marchas, sensores, solenóides, etc. Isso irá ocasionar mais dor de cabeça ao técnico e ao proprietário.
O que se pode fazer é comprar uma transmissão usada, com a devida documentação, e reaproveitar a maior quantidade possível de peças idênticas, para dar uma sobrevida à transmissão.
O que as montadoras envolvidas farão no futuro para solucionar definitivamente este problema ainda não sabemos, porém podemos seguir as orientações acima para diminuir ao máximo o prejuízo de nosso cliente.