Realização prefeitura do recife
coordenação geral do spa
prefeito João Paulo Lima e Silva
Márcio Almeida
vice-prefeito Luciano Siqueira
coordenação secretaria de cultura
André Aquino (Gerente de Serviços de Formação em Artes Visuais)
secretário João Roberto Peixe
Beth da Matta (Gerente de Serviços do Museu Murillo La Greca)
assessoria executiva Maria do Céu Cezar
Daniela Brilhante (Gerente de Serviços de Design)
diretora de captação de recursos e marketing cultural Jucy Monteiro
Fernando Augusto (Diretor de Gestão e Equipamentos Culturais) Luciana Soares (Gerente de Serviços do CFAV)
fundação de cultura
Mateus Sá (Gerente de Serviços de Fotografia)
presidente Fernando Duarte diretor de desenvolvimento e descentralização cultural Beto Rezende
coordenação de produção
diretor de gestão e equipamentos culturais Fernando Augusto de Souza Lima
Rosa Melo
gerente operacional de artes visuais e design Márcio Almeida
equipe de produção Bárbara Collier, Bebel Kastrup, Juliana Notari,
Marquinhos Varella e Rodrigo Braga secretaria de gestão estratégica e relações internacionais
coordenação de monitoria Walmir Arcanjo assessoria de imprensa Anneliese Pires e Dani Acioli
secretária Lygia Falcão coordenadora de comunicação Ruth Vieira
revispa
diretor de jornalismo Ida Comber
edição de textos e conteúdo Ana Maria Maia e Júlia Rebouças
diretora de propaganda e criação Kássia Araújo
projeto gráfico Zoludesign (Aurélio Velho e Luciana Calheiros) com participação de Matheus Barbosa
equipamentos
foto da capa Josivan Rodrigues
Centro de Formação em Artes Visuais – CFAV
edição e tratamento de imagens Rodrigo Braga e Zoludesign
Centro de Design do Recife
revisão de textos em português Lindalva Bandim e Cláudia Freire
Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM
revisão e tradução de textos em espanhol Bruna Bandeira
Museu da Cidade do Recife
colaborações de texto André Aquino, Cristiana Tejo, Daniel Reyes,
Museu Murillo La Greca
Daniela Pérez, Jane Pinheiro, Joana D’Arc Souza Lima, Laura Lima, Márcio Almeida, Maurício Castro, Rinaldo, Rodrigo Braga.
Programa Multicultural/FCCR parceiros
Sociedade Amigos do MAMAM Fundação Nacional de Arte – FUNARTE Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco Fundaçao do Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco – FUNDARPE Centro de Artes e Comunicação – CAC/UFPE
colaborações de fotografia Aline Feitosa, Ana Lu, Bruno Faria, Bruno Monteiro, Bruno Vieira, Camila Noronha e Manuela Eichner (O mergulho), Clarissa Diniz, Christine Laquet, Dida Maia, Diogo Todé, Flávia Yue, Gabriel Mascaro, Goto, Gregório, Helder Tavares, Janaina Barros, Júnior Pimenta, Karinna Veloso, Larissa Ferreira, Paulo Pinheiro, Revista Fusão, Rodrigo Braga, Shima, Viviani Duarte e Yuri Firmeza intervenções gráficas Re:combo e Daniel Santiago agradecimentos A Cláudia Freire e a todos os que fizeram esta ReviSPA
O tempo presente O SPA das Artes Recife faz cinco anos. Vive, em 2007, sua sexta edição. Apesar da memória de 2002 não estar distante, ela adquire status de passado e suscita retomadas e reflexões. Pensamentos acerca de um tempo determinante, mas que, atravessado por lampejos de agora e amanhãs, reconfigura a cronologia dos fatos e reverbera nos tempos que se seguem. Esta terceira ReviSPA nasce do desejo, mesmo que aceleradamente, de retomar a memória do que ainda dialoga com o presente. Desde 2005, quando foi lançada, esta publicação assume o papel de contar a história dos SPAs. Esta edição, entretanto, o faz não só em relação ao ano que a antecede, mas ao evento como processo, como unidade evolutiva. Da sexta edição do SPA, vê-se o trânsito de pessoas, a efervescência dos embates, as trocas. Vê-se um evento interventivo e participativo ganhando corpo. Daqui de 2007, vê-se uma cidade em formação, arriscando articulações, modelos e conexões. Vê-se um circuito consolidado, em que, a despeito de qualquer percalço, artistas produzem, instituições funcionam, intercâmbios acontecem, e novos agentes fazem da arte fluxo e construção. São, portanto, cinco anos de pequenos ciclos unidos pela efeméride da data.
Para chegar ao intento de provocar diálogos entre passado próximo e atualidade, adotou-se o termo “balanço” como guia. Logo os colaboradores convidados ganharam uma dupla missão: lançar sobre a história seus prismas de análise, na medida em que preparavam as bases para proposições e confabulações sobre estratégias e investidas do porvir. O que há de novo? Que projeções e inferências podem ser lançadas para os próximos anos? Esta publicação não propõe diagnósticos ou previsões, mas está aberta às versões e às possibilidades. Por isso, provocamos a conversa entre artistas e críticos, buscamos as contribuições de nossos vizinhos latino-americanos, comemoramos um álbum de vários olhares, e transformamos a revista em plataforma de intervenção. Atitudes de um tempo que carrega o passado e arrisca o futuro, e que ficarão guardadas junto a esta ReviSPA. Ana Maria Maia e Júlia Rebouças
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A trajetória do SPA por Márcio Almeida com depoimentos de Maurício Castro, Rinaldo e Rodrigo Braga
Álbum de fotografias: uma memória colaborativa de todos os SPAs
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A trajetória da cidade por Jane Pinheiro
Canais para a arte
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A experiência da troca circuito de entrevistas entre Bárbara Collier, Clarissa Diniz e Yuri Firmeza
De las producciones inmateriales a la invisibilidad concentrada por Daniel Reyes
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A Gentil que é carioca
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Diálogos entre arte e público por André
por Laura Lima
Aquino e Joana D’Arc Souza Lima
SPA das Artes: puente intercultural
Pelo mundo ou Outras experiências
por Daniela Pérez
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Vias para o mundo por Cristiana Tejo
Programação
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A trajetória do SPA
Por Márcio Almeida*
A partir de 2002, o SPA das Artes toma as ruas como uma grande intervenção urbana, oferecendo à cidade a possibilidade de conhecer parte da produção artística contemporânea do Brasil. Sob a responsabilidade da gestão municipal, vem sendo realizado em parceria com a Sociedade de Amigos do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, e em convênio com a Fundação de Cultura Cidade do Recife / Secretaria de Cultura do Recife. Indo além das galerias e instituições, simultaneamente, cria oficinas, palestras e debates com artistas, críticos e curadores de relevância nacional e internacional. Várias parcerias foram concretizadas, permitindo aos organizadores aperfeiçoamentos em seu modelo, garantindo uma participação maior desses profissionais e do público, suprindo, a cada edição, algumas necessidades de uma cidade que carecia de espaços e de uma urgente reestruturação na formação e profissionalização de novos artistas, produtores, críticos e público.
* Márcio Almeida é artista plástico, Gerente Operacional de Artes Visuais e Design da Prefeitura da Cidade do Recife e Coordenador Geral do SPA das Artes 2007.
Este ano, realiza-se a 6a edição do SPA das Artes, com algumas mudanças. Uma delas é que, a partir desta edição, as atividades da Semana de Artes Visuais passarão a ser realizadas em duas semanas, a fim de minimizar o esforço dos participantes em acompanhar o número de ações que se concentravam em apenas oito dias. Daí, a mudança do nome para SPA das Artes – Recife 07. O evento tem como característica principal a capacidade de inovar e renovar, fruto de uma construção democrática com participação de grande número de pessoas que fazem a cena das artes visuais do Recife, refletindo e propondo o perfil e os formatos das edições. Mudanças são a praxe desse evento.
Mapeamos o circuito, possibilitando uma visão abrangente de nossa produção. Criamos núcleos descentralizados de formação, discussões e produções. Ultrapassamos os muros da cidade, extrapolamos as fronteiras do estado, conhecemos outros circuitos e mercados. Estabelecemos confrontos de idéias. Essa é nossa prática e entendemos que devemos seguir nessa linha: um evento completamente aberto ao novo. Por isso, deveríamos também avaliar tudo o que, de fato, enriqueceu-nos nessa empreitada, a fim de estabelecermos novos caminhos de prospecções e proposições a respeito das artes visuais, sempre nos contrapondo aos circuitos que, vez por outra, insistem em surgir, evitando os embates e fechandose, tentando criar reservas de mercado. Esforços não serão poupados para fazermos do SPA das Artes um dos maiores eventos dessa natureza na área das artes visuais, servindo de referência a outras cidades do país, e firmando-se, definitivamente, no circuito nacional brasileiro.
autonomia em sua geração. Será nosso pródigo como personagem essencial nessa mutação. Assim, espero os resultados desta fusão dos muitos caminhos contribuindo para uma vida comum. O fazer e o apreciar arte devem ser alimentados. Vamos deixar forte essa substância. Nós criamos para a vida.” Rinaldo, artista plástico e Coordenador Geral em 2003 e 2004.
“No sexto ano de realização do SPA, voltar os olhos para a trajetória desse jovem evento é perceber o quanto ele é diferenciado. O SPA não se destaca apenas por números (crescentes a cada edição), mas por adotar um perfil amplo, em termos de ações e
“O SPA é uma experiência mutante que vaga
abertura a mudanças. Para o sucesso e
há cinco anos, buscando abranger pessoas
consolidação desse formato, tem sido
e propostas surgidas no universo das artes
determinante a intensa adesão de parte da
plásticas. Financiando ações e promovendo
cadeia de produção, reflexão e circulação
debates, traz em si o desejo de autoconhecimento
das artes visuais da cidade. As opiniões de
e de autocorreção com a finalidade de não se
todos aqueles que fazem e acompanham o
engessar e, assim, perder o fluxo das mudanças de
SPA costumam encontrar ouvidos na equipe
atitude da arte. Tarefa dura, quase impossível para
que o faz, contribuindo para o fortalecimento
um evento institucional, mas, afinal, por que não?”
de ações encampadas por um poder público
Maurício Castro, artista plástico e Coordenador Geral em 2002.
mais disponível ao diálogo. O SPA tem uma evidente contribuição para o adensamento da prática e do pensamento no campo das artes no Recife, nos últimos anos. Notar que
“O que a arte pode fazer por uma cidade?
muitos dos objetivos — inicialmente sonhados
Realizar o SPA é uma atitude audaciosa, vestida
por um pequeno grupo de artistas e gestores
de inovações que ocupam o espaço cultural
— estão sendo atingidos é estimulante para
disforme de nossa pólis. Meu sentimento como
que se possa, agora, ampliar as ações para
agente criador e indutor desse processo é o
além do evento, agregando uma gama ainda
de um infante à procura das transformações
maior de artistas e, sobretudo, de um público
sociais. A arte pode e deve fazer a diferença na
estimulado a se surpreender com o potencial
formação sensível, atuante, real, imaginária e
da arte.”
prazerosa de nossas capacidades intelectuais. Burlar as incapacidades de percepção sempre foi nosso objetivo. Este ser SPA cresce; não temos
Rodrigo Braga, artista plástico e Coordenador Geral em 2005 e 2006.
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A trajetória da cidade
Por Jane Pinheiro*
Em meados dos anos 90, o Recife conheceu uma grande efervescência cultural de projeção nacional. Nas artes visuais, isso se deu através da valorização de artistas engajados numa produção contemporânea. Porém, sua inserção no cenário nacional não se efetivou num piscar de olhos: ela foi resultado de inúmeros fatores inter-relacionados. Podemos pensar que ela aconteceu num momento em que estava se redesenhando em todo o planeta uma nova relação entre os grandes centros produtores de arte e as chamadas periferias, em que a crítica de arte era cada vez mais valorizada, em sua condição autoral, nas diversas curadorias em que se começava a realizar com mais visibilidade mostras artísticas de minorias específicas. É inegável a importância de algumas ações institucionais como a criação do IAC –Instituto de Arte Contemporânea, do MAMAM – Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães, e a ação da FUNDAJ – Fundação Joaquim Nabuco, através da Galeria Vicente do Rego Monteiro e de sua Coordenadoria de Artes Plásticas, no processo de maior inserção da arte contemporânea pernambucana no cenário nacional.
* Jane Pinheiro é professora de Artes Plásticas do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco, e autora da dissertação “Arte Contemporânea no Recife dos anos 90 : Grupo Camelo, Grupo Carga e Descarga e Betânia Luna”. Recife, 1999. Programa de Pós-Graduação em Antropologia. UFPE
Essas instituições possibilitaram ao público acesso a exposições locais, nacionais e mesmo, no caso do MAMAM, exposições internacionais —o MAMAM trouxe para o Recife exposições de artistas do porte de Goya, Picasso, Basquiat e Beuys, e de pernambucanos de diversas gerações-. Essa ação institucional não se restringiu à montagem de exposições, mas abarcou outras estratégias de circulação de informação.
Algumas estratégias foram o Curso de História da Arte Moderna e Contemporânea promovido pela FUNDAJ junto com o MAMAM, cujos professores eram críticos de arte do eixo Rio-São Paulo; palestras e workshops promovidos pelo IAC; intercâmbio de exposições entre o MAMAM e outros MAMs, a exemplo da exposição de artistas baianos aqui e, posteriormente, a de pernambucanos lá; e o evento Nordestes realizado no SESC-Pompéia em São Paulo, promoção conjunta SESCFUNDAJ. Observa-se, portanto, uma ação institucional no sentido de formar público e de estabelecer um diálogo entre a produção local e a de outros estados do país. É necessário, entretanto, ressaltar que anterior e paralelamente a essa ação institucional... Existiu uma ação provocadora dos artistas na cidade, através de uma participação maciça nos diversos salões do país e de produções individuais e coletivas desses mesmos artistas, produções que caberiam, em princípio, às instituições. É o caso do Projeto Camelo no IAC, do Projeto Conexão Camelo, do Temporal-PE, promovido pelo N.A.V.E. – Núcleo de Artes Visuais e Experimentos, da exposição Sacrossantos Eróticos promovida pelo Carga e Descarga, dentre outras. Ações que tiveram algum apoio, é verdade, do IAC, do NAC-PB, do MAMAM e da FUNDAJ, respectivamente, mas que foram levadas à frente pelos artistas. Um grupo de artistas que tinham em comum o fato de haverem deslocado o foco de sua produção, do objeto para uma atitude em relação à arte, e que dialogavam entre si. Que realizaram performances sem nunca terem assistido a uma, ao vivo. Que fizeram instalações sem nunca terem visto uma. Que construíram, além de uma maneira própria de lidar com as dificuldades de informação, de diálogo e de produção cultural, uma cultura visual própria. Que tinham uma atitude de pesquisa, uma inquietação básica com relação à idéia de arte, aos materiais e à forma de expressão. E que buscavam acima de tudo, espaço. Espaço para uma produção de arte contemporânea em contraposição a uma produção pictórica figurativa. Paradoxalmente, essa falta de espaço parece ter sido um dos fatores que alavancaram a produção de arte contemporânea da cidade na cena nacional. Pelo fato de terem ficado à margem de um mercado voraz e de uma crítica especializada, os artistas puderam produzir um trabalho de pesquisa mais livre de amarras, não se prendendo a materiais específicos, ou a idéias consagradas.
Uma das características mais marcantes da produção da cidade nos anos 90 era, justamente, essa liberdade de experimentar: de misturar materiais, de poder fazer um trabalho completamente diferente do outro, uma vez que não existia um marchand esperando uma linha de produção. No final dos anos 90, os jornais e as exposições locais e nacionais tornaram evidente o momento de efervescência em que vivíamos: um momento em que os olhos dos críticos voltavamse para o Recife, e os museus e galerias do eixo Rio–São Paulo abriam suas portas à nossa produção de artes como um todo. A primeira década do século XXI encontra a cidade do Recife com uma cena cultural, em muitos aspectos, bastante diversa da dos anos 90. Ganhamos inúmeros espaços expositivos e produzimos não só artistas e ações educativas nos espaços expositivos (inclusive em galerias particulares) como também curadores e críticos de arte. Mas, olhando nossa produção atual, fico com uma terrível sensação de que... Falta carne, falta sangue, faltam vísceras no mercado. Temos inúmeros espaços expositivos, e o que se vê, inúmeras vezes, é uma arte asséptica, feita de “encomenda” para o gosto do curador. Penso que, talvez, seja melhor ser curador que artista. Tem-se mais possibilidade de criar. Pena que estejam todos, ou quase todos, com luvas estéreis de látex para não se contaminar... Foi-se o tempo em que a nudez de Cuquinha era um ato de subversão ao sistema de arte instituído: Lourival Batista tirou a roupa com data e hora marcadas!
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A experiência da troca A convite da ReviSPA, os artistas Bárbara Collier (PE) e Yuri Firmeza (CE), participantes do SPA 2006, e a crítica de arte Clarissa Diniz vivenciaram a experiência da troca. Pautados por questões norteadoras de seus trabalhos, entrevistaram-se, mutuamente, na cadeia de conversas que segue transcrita.
De Bárbara para Yuri Bárbara Collier > Quando o artista trabalha com performance, o corpo fica muito em evidência, inevitavelmente. Diferente de uma pintura, por exemplo, é seu corpo que está ali, é sua imagem que fica guardada, registrada. Todos os trabalhos, embora diferentes, remetem ao próprio corpo, à sua imagem. Isso não é muito egocêntrico ou exibicionista? E, afinal, não é muito clichê realizar suas performances sempre nu? Yuri Firmeza > Acho que um corpo nu pode ser tão clichê quanto um corpo recoberto por roupas. Dessa forma, acredito que não seja a nudez que torne o trabalho impregnado ou não de clichês, mas sim o que se faz com ela, de que forma é abordada. Sei que estou em uma permanente zona de risco, não pelo fato de me apresentar nu, mas por saber que estamos perpassados por “lugares comuns” atravessados e formatados pelas “evidências”. E é por este motivo que meu trabalho é sempre um embate, desde seu período de “gestação”, no qual procuro criar desvios, trilhar outros caminhos, afastar-me dos clichês, até o seu “parto”, ou o embate com o mundo, com vocês. A outra questão que você coloca – o fato de os artistas que trabalham tendo como suporte seu próprio corpo ficarem superexpostos — eu acho delicada de ser respondida. Delicada porque eu, que venho há algum tempo sendo “protagonista” de performances, fotografias e vídeos, já não “me vejo” na-
queles lugares. Já não vejo meu corpo, eu, Yuri. Penso que estou falando de um corpo que é nosso, e de um espaço que veste o corpo ao mesmo tempo em que é preenchido pelo mesmo. Bárbara Collier > Alguns artistas convidam atores para executar suas performances. Você poderia ter feito isso em Ação 4, mas surge outra questão: onde fica a alma do trabalho, se ele é executado por um ator? Este trabalho passa a ser uma minicena com diretor? O que o ator vai fazer se algo fugir do planejado? Eu nunca dirigi, nem escrevi roteiros para performances, mas gosto desta proposição. Acho, inclusive, que o autor e o ator — que pode ser um “espectador” — nunca terão o domínio total da performance, porque esta lida justamente com as forças do acaso. Alguns artistas, como você já colocou, contratam atores profissionais para executarem as suas performances e, é óbvio, faz parte da proposição do artista que determinada ação seja executada por outra pessoa. Acho que, em determinados trabalhos, essa estratégia funciona, tanto conceitualmente, quanto no ato em si. Em outros casos, não vejo necessidade da atuação de uma outra pessoa que não seja o próprio artista. Foi por não ver necessidade da participação dessa outra pessoa para executar meu trabalho Ação 4 que apareço em cena. O vídeo-performance consiste em uma relação sexual minha comigo; paralelamente a essa imagem, ouvimos o som de eletrocardiogramas e de uma respiração que oscila entre dois extremos, um superprazer e a respiração ofegante de um moribundo. De Yuri para Clarissa Yuri Firmeza > Pude perceber em seus textos uma verve poética junto à conotação crítica. Sua performance Afora é também extremamente delicada e poética, sem, no entanto, deixar de ter seu potencial crítico. Gostaria que falasse um pouco sobre esse limiar, ou fusão, da sua produção enquanto artista e enquanto crítica. Outra questão é que tem sido recorrente nos depararmos com a afirmação de que o “papel” do crítico é estabelecer critérios. Queria que falasse um pouco sobre o que entende por crítica, e como você vê o cenário de jovens críticos no país. Clarissa Diniz > Talvez invada minha crítica uma sensibilidade com os processos criativos do artista. Aquele tipo de sensibilidade que aflora a partir de uma identificação, da
empatia e da possibilidade de “me colocar no lugar de”. Não só minha atuação como “artista”, mas minha intensa convivência com artistas me coloca numa posição bastante não-distanciada em relação ao meu “objeto de análise”. Cheguei, então, à idéia de crítica de imersão, uma espécie de tentativa de resolver — em mim mesma — essa situação de ser crítica e artista e amiga de artista e namorada de artista. Por crítica de imersão compreendo um tipo de pensamento que equilibra suas bases na crença de que, para se ter mais segurança e “legitimidade” para discursar sobre a arte, faz-se necessário uma contaminação, uma imersão nos paradigmas e conflitos da prática artística. Assim, surgiu em mim um maior desprendimento em relação à separação entre atividade crítica (supostamente imparcial) e artística (entendida como totalmente subjetiva). Sobre a segunda questão, acho que o papel do crítico não é o do juízo, mas o da análise (que, incorpora o juízo, claro, mas não faz dele seu fim). Os ditos critérios, entendo, são tentativas de organização do pensamento que, por sua natureza subjetiva, não devem ser tomados como parâmetros generalizantes. Por sua vez, o cenário de críticos pareceme bastante frutífero. Minha única preocupação é que esta nossa geração de críticos consiga encontrar (e fabricar) espaço para a pesquisa em arte — aquela que se debruça, persistentemente, sobre questões específicas, tendo, assim, a possibilidade do real aprofundamento. Yuri Firmeza > O SPA estimula uma série de artistas a pensarem a cidade, o espaço público. Como você vê a atuação desses artistas na cidade do Recife? É possível distinguir as proposições que foram feitas por artistas da cidade das proposições de artistas de outras regiões? Que estratégias você percebe como pertinentes? Quais são os riscos de se trabalhar numa escala de cidade? Clarissa Diniz > Talvez alguns dos trabalhos dos conterrâneos sejam mais específicos, por conhecerem exatamente nossa malha urbana. Mas, na maioria dos casos, não percebo diferenças gritantes. As intervenções são pensadas de um modo tal que poderiam encaixar-se em qualquer meio urbano. E se essa característica faz do evento uma iniciativa nada regionalista, por outro lado — e agora já falando sobre trabalhar na escala de uma cidade — amplia o risco que se corre ao fazer uma arte dita “pública” sem que se abrace, de fato, as significações e interferências que os públicos e as dinâmicas urbanas trazem para o trabalho. Torna-se
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muito importante tentar compreender o funcionamento do contexto no qual se pretende intervir para que, assim, a intervenção, de fato, provoque algum tipo de entropia no sistema no qual se insere. De Clarissa para Bárbara Clarissa Diniz > Sua produção, ao lidar com as representações e estereótipos da mulher na cultura ocidental, costuma ser logo filiada aos discursos feministas. De que maneira você encara essa filiação? De alguma forma, seus trabalhos recentes têm se aproximado, ainda que timidamente, de questões relativas aos rituais de purificação, como acontece em Lavadeira e em Diva, onde você experimenta o banho de seu corpo e sua unção com óleos e sais... De maneira geral, me parece que sua produção tem se identificado, cada vez mais, com aspectos ritualísticos, supostamente ligados à feminilidade. 12
Bárbara Collier > Lá vem você com essa história de feminismo! Acho que essa palavra é muito carregada de símbolos. Meu trabalho fala da mulher, do que é ser mulher; não tenho como negar, no entanto, a influência dos ideais feministas no meu trabalho. Desde criança, me perguntava por que a mulher é culpada de todo pecado do mundo, como diz a Bíblia. Por que as mulheres, nessa sociedade machista, nordestina, pernambucana, tinham que viver com homens que as humilhavam, para não desorganizar a “sagrada família”. Por que serem fadadas a viver infelizes? Isto sempre fez parte do meu universo; é minha questão, não tenho como fugir, vivo repensando e me colocando sobre a minha própria identidade feminina. No entanto, tenho muita dificuldade com títulos e jargões e vocês, críticos, são ótimos nisso. E se eu tiver vontade de fazer um trabalho que levante questões sobre o aquecimento global, ou outras questões, não vou poder fazer porque sou uma artista feminista-engajada? E essa questão do ritual é ótima; quem mais aproveita do trabalho sou eu, tenho como degustar o momento. E se meu trabalho é uma busca de identidade, os rituais são ótimos nessa busca. A palavra ritual já é muito feminina. Temos toda essa coisa mística, esse “sexto sentido”, essa energia, esse poder de gerar vida. Acredito que os ritos ainda estarão presentes no meu trabalho. Até porque tenho como referencial artistas como Marina Abramovic e Ana Mendieta, e elas têm belos trabalhos “ritualísticos”.
Clarissa Diniz > Quase todas as suas performances (assim como Noiva, onde está sua felicidade? e Como tirar a vida que existe dentro de você) contaram com roteiros precisos de ação. Quase, cenicamente, você sabia o que tinha que fazer. No entanto, em Diva, sua mais recente performance, você se permitiu estar à deriva durante o tempo em que se manteve “em exposição” na vernissage. Como aconteceu essa mudança na concepção de suas performances? Bárbara Collier > Em todas, eu tinha objetivos muito claros. Em Noiva... e em Como tirar a vida... eu queria levantar questionamentos precisos, dentro dos trabalhos. Já em Diva queria mesmo sentir, queria a deriva e foi ótimo, muito menos tenso. Foram seis horas de trabalho, mas pareceu rápido; adorei. Essas mudanças foram uma necessidade do próprio trabalho e vêm das necessidades de cada um deles. Prefiro deixar meu trabalho fluir, com liberdade de escolha, de ações e de (in)consciência.
Álbum de fotografias: uma memória colaborativa de todos os SPAs
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Monga Submarino | Fernando Peres | Oficina de Manuel Ramirez | fotografias de Aline Feitosa
Papo de artista com Abelardo da Hora, Luciano Pinheiro, Rinaldo, Paulo Bruscky, Ypiranga Filho e Raul C贸rdola | fotografia de Aline Feitosa
Varal de imagens do Canal 03 | Show da banda Testículos de Mary | fotografias de Aline Feitosa
2002
Ação Contatos | autoria e fotografia de Goto
Palestra de Júlio Castro | fotografia de Aline Feitosa
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2003
Trabalho de Mário Simões com participação de Carlos Melo no Assentamento | Innó no Assentamento | fotografias de Rodrigo Braga
Amanda Melo no Assentamento | fotografia de Rodrigo Braga
Trabalho de Ana Lu | fotografia de Clarissa Diniz
M2, de Bruna Pedrosa | fotografia de Bruno Faria
Ação de Moacir Lago | fotografia de Gregório Vieira Penduricalhos, de Janaína Barros | fotografia de Quéops Negão
2004 Trabalho e Fotografia de Karinna Veloso
Cynthia Rocha | fotografia de Clarissa Diniz
Nossa Senhora dos Artistas, de Bruno Vieira
Trabalho de Inn贸 | fotografia de Rodrigo Braga
Fotografias de Clarissa Diniz
Trabalho e fotografia de Bruno Monteiro
2004
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Entrelinhas | fotografia de Clarissa Diniz
Vende-se este rio, ação de Marcos Costa | fotografias de Rodrigo Braga
NĂŁo pise na grama, de Beth da Mata | fotografia de Beth da Mata
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Fotografia de Clarissa Diniz
Coquetel de lançamento do SPA 2005
Clarissa Diniz, Silvia Barreto, Adriana Dória, Marília Sales, Juliana Monachesi e Júlia Rebouças em reunião do grupo de crítica | fotografia de Rodrigo Braga
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Ocupa-se, ação de Diogo Todé | fotografia de Josivan Rodrigues
Gargamel no coquetel de lançamento do SPA 2005 | fotografia de Dida Maia
2005
João Roberto Peixe e Fabiano Gonper | fotografia de Rodrigo Braga
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Documentação da TV Capibaribe | fotografia de Rodrigo Braga
Ação de Paulo Pinheiro
Coquetel de lançamento do SPA 2005 | fotografia de Dida Maia
2005 Trabalho de Augusto Ferrer | Ação de Marcos Costa | fotografia de Rodrigo Braga
Lançamento da Fusão eSPAcial | fotografia de Luca Barreto Reunião aberta do SPA 2006 | fotografia de Mateus Sá
Ação de Larissa Ferreira | fotografia de Luciano Santana
2006
Vista do Edifício Western | fotografia de Viviani Duarte
Painel da oficina de Flávia Yue | fotografia de Flávia Yue
Still do vídeo Galo da Madrugada, de Gabriel Mascaro e Iezu Kaeru
Gravação do vídeo Galo da Madrugada
2006
Performance de Yuri Firmeza | fotografia de Mateus SĂĄ
ArtĂŠrias, de Christina Machado | fotografia de Helder Tavares
Ação de Camila Noronha e Manuela Eicher (O mergulho) | fotografias de Helder Tavares e das autoras
2006
Cinema Vertical, do coletivo TV Primavera
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Aula 1 Duchamp | autoria e fotografia de Bruno Faria
Exposição da residência artística de Christine Laquet no MAMAM no Pátio | fotografia de Christine Laquet
Autoria e fotografia de Júnior Pimenta
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Performance de Shima | fotografia de Val Lima
Lanรงamento do edital do SPA 2007, no Museu Murillo La Greca | fotografia de Rodrigo Braga
2007
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Canais para a arte A produção de publicações voltadas para as artes visuais ganhou importantes reforços durante o SPA 2006. Valendo-se do espaço de experimentação que o evento proporciona, grupos de críticos, artistas, designers e jornalistas organizaram um rico leque de edições que acrescenta elementos à difusão da arte contemporânea e à reflexão sobre ela. Foram lançados Fusão, Redes, Cromossoma, Tatuí, BOCA e Dois Pontos, com perfis editoriais distintos, mas sempre complementares e, em todos os casos, propostos a partir de uma iniciativa independente dos grandes veículos de comunicação. Alguns estão concentrados na produção artística local; outros, voltam-se a questões e espaços mais amplos. Todas as publicações, porém, partem deste lugar de onde se fala: o Recife. Conheça momentos editoriais de algumas delas.
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Redes A revista foi produzida pelo artista plástico Bruno Vieira. Contém textos, entrevistas e reproduções de obras que pretendem apresentar os trabalhos de arte sem, contudo, construir discurso sobre eles.
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<< A proposta: fomos procurados para participar da programação como atravessadores — atravessar o formato científico e criar situações poéticas/artísticas. O contra-senso: vinha em moldes de arte que contestamos. A possibilidade poética: pensamos em promover uma grande brincadeira pública em Belém, e lidar com as possíveis tensões que essa brincadeira pudesse gerar. A rede: nossa atuação é em rede. A desconfiança: em desrespeito ao nosso processo de trabalho, em dado momento, fomos pressionados a dizer o que iríamos fazer. A acusação: fomos acusados de querer contribuir para que o evento “não desse certo”. (...) A represália: o Aparelho foi desconvidado. O motivo: talvez não pensassem tratar-se de um trabalho autoral; com o desconvite a possível autora passasse a saber quem manda nas artes... A conseqüência: o que foi excluído do evento foram as expressões confinadas em guetos periféricos. O entendimento: a universidade travou o trânsito intercultural; podemos concluir que impediram o intercâmbio entre a cultura universitária e a cultura de rua. O recado: “a poesia está na rua mesmo assim você me vê, mantenha a forma livre pra poder se defender... Você que me olha de lado, você está do lado errado, você nunca vai saber o que eu quis dizer... (Grupo Urucum, PA) >> Dois Pontos Funcionando no endereço virtual www.doispontos.art.br, o portal pretende atuar como espaço de divulgação e discussão sobre arte contemporânea em Pernambuco, aberto à colaboração textual e imagética dos interessados. Lançado às vésperas do SPA 2006, Dois Pontos é uma iniciativa de Alberto Lins, Ana Maria Maia, Jonathas Andrade, Júlia Rebouças e Luciana Freire. << Pernambuco vive um momento especial nas artes visuais. Seus artistas projetam-se no Brasil e no exterior. As instituições artísticas recebem destaque pela realização de trabalhos competentes. O grande público, gradualmente, aproxima-se dos espaços de arte. Um calendário de eventos — com salão, semanada na rua, galerias em atividade — consolida o estado como parte importante de um circuito. Ainda há muito a se fazer, sem dúvida, mas já são inegáveis a vida e a potência que a arte contemporânea encontra por estas terras.
O Portal Dois Pontos surge, no meio deste cenário, como uma tentativa de dar vazão a toda uma produção que, mais do que visual, é também textual. Ele nasce da necessidade de tornar públicas, idéias que estavam restritas a fóruns privados. Dois Pontos, portanto, coloca-se como espaço para onde confluem experiências, opiniões e reflexões. Parte-se do entendimento de que só com a exposição de idéias e o diálogo é possível desenvolver e solidificar um meio como o de arte contemporânea, que é pura permuta — de poéticas, estéticas, filosofias. >> Tatuí Lançado em forma de fanzine e blog, Tatuí cunhou o termo “crítica de imersão” e propôs um modelo de crítica que parte da contestação à produção vigente. O projeto foi realizado por Clarissa Diniz, Ana Luisa Lima, Silvia Paes Barreto, Bruno Vilela e Renata Nóbrega. << Está certo, tudo bem, admitimos: pode mesmo ter se tornado clichê falar em “imersão”, nesses últimos tempos tão pós-modernos. Termos como “contaminação”, “vivências”, entre outros, estão mesmo em voga, e parece que todos andam notando que é impossível ser “imparcial”, “objetivo”. Mas, será mesmo que a crítica de arte, por exemplo, tem, de fato, se abstido de um discurso de tom moralista para se ater a um texto mais cúmplice, ainda que não acrítico? Nós, jovens, pessoas de bom coração, nos sabemos também clichês, pósmodernos e portadores de moral, mas, ainda assim, teimamos em tentar inventar novos modos de ser nós mesmos — e isso inclui nosso lado de críticos de arte. Almejando dar uma sacudida em nossa ainda afoita e imatura pulsão crítica, é que fazemos este fanzine, apelando para nosso corpo para ver se, esgotando-o, chegamos perto de esgotar, também, nossas prévias formatações de pensamento, abrindo espaço para um discurso mais verdadeiro e autêntico. Para concretizar esse esforço (físico, mental e espiritual), nada melhor do que o SPA. A idéia é simples: passar o dia inteiro correndo de um lado para outro, em busca dos trabalhos e depoimentos de artistas e outros envolvidos e, em meio a essa correria, refletir. Os textos que aqui estão são, portanto, textos cujo distanciamento crítico em relação ao suposto “objeto de análise” tende a zero; palavras escritas no correr da Semana — algumas, ainda, durante a realização dos trabalhos. Enfim, uma pretensa crítica de imersão. (Clarissa Diniz) >>
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De las producciones inmateriales a la invisibilidad concentrada
Por Daniel Reyes*
En un contexto donde hubo una politización del arte que — como en amplios espacios de Latinoamérica — fue connotada por las dictaduras militares, la continuidad necesaria para la consolidación del intercambio cultural se ve constantemente amenazada por el fantasma del pasado. Esta situación insensibiliza los determinados contextos desde los que se construye la relación de arte y política escindiendo producción de arte y producción de políticas de arte. El pragmatismo con que se recibe la producción local se debe en gran medida a una sobrevaloración de una política teórica del arte, olvidando voluntariamente que el matrimonio teoría–arte es históricamente posterior al de arte–política.
* Daniel Reyes é curador independente e editor da revista eletrônica Arte y Crítica.
En este sentido, la labor que realiza Arte y Crítica como productor textual en torno a las artes visuales depende directamente de la producción artística local que se realiza en los diversos contextos donde funcionamos. Utilizando la ubicuidad que otorga Internet como transporte de contenidos, nuestra línea editorial se centra en la relación de contexto y momento, estableciéndose también como un archivo de consulta que otorga visibilidad reflexiva a producciones que transitan entre la semi clandestinidad de la autoproducción y la construcción cultural de las instituciones. Como plataforma de producción crítica, subordinamos la misma a los hechos que nos presenta la producción plástica, retomando directamente la relación
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entre las obras de arte y su relato posible. No es menor que, salvo en contadas ocasiones o en determinados proyectos, el grueso de nuestro contenido sea producido por ese extraño grupo de artistas visuales que escriben, generando un espacio de escritura que en la gran mayoría de casos se ha dejado a otros grupos.
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de un movimiento de personas y de contenidos que giran en torno a un producto inmaterial, pero que requiere diversas instancias de materialización para que mantenga un mínimo de circulación que integre sus partes al entramado cultural y haga, desde ahí, su aporte.
En Chile, durante los años noventa, hemos sido testigos de cómo la excesiva encriptación del lenguaje con el que se construían los contextos teóricos de las obras enajenaban su percepción hasta hacerla subsidiaria de marcos teóricos que transformaban a las artes visuales en un subproducto de la historia contingente, siendo la producción visual un residuo ilustrativo del poder de una historia pretendidamente politizada. Los colaboradores estables de nuestra revista, como generación educada en los noventa, sufrimos el problema de lidiar entre nuestros “padres totémicos” — como dice Justo Mellado —, influidos por esta tendencia a la encriptación y por los grupos amilitantes generados en los márgenes de la producción cultural de la transición democrática. Los cambios de poderes culturales acaecidos durante los años noventa y comienzos del siglo XXI han sido incapaces de abrazar a una generación que se ha creado sus propias hojas de ruta, amparada en estrategias de red y financiamiento que sobrepasan las fronteras políticas y que se encuentran afianzadas en medios inexistentes diez años atrás, trazando relaciones directas entre nuevas fronteras culturales transnacionales y la producción local. A pesar de eso lo independiente sigue siendo mal visto desde los diversos lados que el tardocapitalismo instaló en nuestra región: por un lado el gobierno y su débil institucionalidad lo rechazan por no alinear el discurso a la gran cultura del país pretendida; y, por otro, la empresa privada no ve ninguna viabilidad en la construcción de relatos sobre las artes visuales. En este sentido Arte y Crítica — así como otras muchas iniciativas que me ha tocado conocer en Latinoamérica, Europa del este e incluso China y Asia Pacífico — se posiciona como agente cultural independiente de la coyuntura política formada a partir del capitalismo tardío en lugares donde la modernidad nunca se asentó como epicentro cultural y donde la noción de progreso ha cambiado un bienestar social por uno de adquisición. Ante la pregunta que nos planteaba el proyecto editorial documenta 12 magazines — ¿Educación? —, nuestra respuesta sería la de seguir escribiendo, ya que nuestro pasado inmediato es, desde un principio “epiférico”, o en palabras estructuralistas “descentralizado”, generador
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Das produções imateriais à invisibilidade consentida Em um contexto de politização da arte, provocada pelas ditaduras militaresem diversos lugares da América Latina, a continuidade necessária para a consolidação do intercâmbio cultural vê-se constantemente ameaçada pelo fantasma do passado. Esta situação insensibiliza determinados contextos a partir dos quais se constrói uma relação de arte e política, cindindo produção de arte e produção de políticas de arte. O pragmatismo com que se recebe a produção local deve-se, em grande parte, à supervalorização de uma política teórica da arte, esquecendo-se, voluntariamente, que o casamento teoria–arte é historicamente posterior ao arte–política. Neste sentido, o trabalho que realiza Arte y Crítica, como produtor textual em torno das artes visuais, depende diretamente da produção artística local que se realiza nos diversos contextos em que funcionamos. Utilizando a ubiqüidade que a internet — como transporte de conteúdos — possibilita, nossa linha editorial centra-se na relação de contexto e momento, estabelecendo-se, também, como um arquivo de consulta e reflexão sobre produções que transitam entre a semiclandestinidade da autoprodução e a construção cultural das instituições. Como plataforma de produção crítica, subordinamo-la aos fatos que nos apresenta a produção plástica, retomando diretamente a relação entre as obras de arte e seu possível relato. Não é menos importante o fato de que, salvo em contadas ocasiões ou em determinados projetos, a maior parte de nosso conteúdo seja produzida por esse estranho grupo de artistas visuais que escreve, gerando um espaço de retratação que, na grande maioria dos casos, deixa a outros grupos. No Chile, durante os anos noventa, fomos testemunhas de como a excessiva codificação da linguagem com que se construíam os contextos teóricos das obras alienava sua percepção a ponto de fazê-la subsidiária de marcos teóricos que transformavam as artes visuais em um subproduto da história contingente, sendo a produção visual um resíduo
ilustrativo do poder de uma história, voluntariamente, politizada. Os colaboradores estáveis de nossa revista, como geração educada pelos anos noventa, sofrem o problema de tentar driblar nossos “pais totêmicos” — como diz Justo Mellano —, influenciados por essa tendência à codificação, e pelos grupos desmilitarizados, gerados nas margens da produção cultural da transição democrática. As mudanças de poderes culturais acontecidos durante os anos noventa e começo do século XXI foram incapazes de abraçar uma geração que criou sua própria rota, amparada em estratégias de rede e financiamento que ultrapassam as fronteiras políticas, e que se encontram consolidadas em meios inexistentes há dez anos atrás, traçando relações diretas entre novas fronteiras transnacionais e a produção local. Apesar de tudo isso, o independente continua sendo mal visto nos diversos lados que o capitalismo tardio instalou em nossa região: por um lado, o governo e sua frágil institucionalidade o rejeitam por não alinhar o discurso à grande cultura nacional pretendida; e, por outro, a empresa privada não vê nenhuma viabilidade na construção de relatos sobre as artes visuais. Neste sentido, Arte y Crítica — assim como muitas outras iniciativas que pude conhecer na América Latina, no leste europeu e ainda na China e na Ásia do Pacífico — se posiciona como agente cultural independente da conjuntura política, formada a partir do capitalismo tardio, em lugares onde a modernidade nunca se assentou como epicentro cultural, e onde a noção de progresso trocou um bem-estar social por um de aquisição. Diante da pergunta que nos colocava o projeto editorial documenta 12 magazines — educação? —, nossa resposta seria a de continuar escrevendo, uma vez que nosso passado imediato parte de um princípio “epiférico” — ou, em palavras estruturalistas, “descentralizado” —, gerador de um movimento de pessoas e conteúdos que giram em torno de um produto imaterial, mas que requer diversas instâncias de materialização para que mantenha um mínimo de circulação que integre suas partes à rede cultural e faça, daí, seu aporte.
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A Gentil que é carioca
Por Laura Lima*
Existe no centro do Rio de Janeiro um lugar que se chama A Gentil Carioca, um espaço de arte/galeria, que representa artistas do Rio de Janeiro e de outros estados. A Gentil, como é carinhosamente chamada, é dirigida por três artistas: por mim, Márcio Botner e Ernesto Neto. Pode parecer que falar de A Gentil Carioca seja daqueles papos tão entusiastas que nos soam marqueteiros, de que tudo é possível se tivermos perseverança e força. Um bom marketing faz parte dos negócios, e o que se segue é tudo verdade. A estória começa com a primeira do singular e, inevitavelmente, passa para o plural.
*Laura Lima é artista plástica e sócia da galeria A Gentil Carioca (RJ).
Conheci Márcio Botner há muitos anos. Foi um colega da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Nessa época e, ainda hoje, aquela escola lançava no mercado fornadas de personalidades interessantes da arte brasileira. Tem um bando de nomes por aí que passaram por lá. Falo do início dos anos 90, pós-geração 80. Naquela época, convivíamos em volta da piscina, comíamos o pão caseiro do Arjan Martins e tomávamos umas cervejas, dia sim, dia não. Márcio era do tipo “ligadão”, com uma paciência de Jó para ouvir o outro falar de si mesmo, e para muitos, um talento especial, sempre envolvido com questões políticas da Escola, dos professores etc. Ficávamos horas conversando sobre inserção, dicotomias entre mercado e arte e, sobretudo, de arte, uma vez que, dadas as preocupações
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para encurtar o percurso, quem tem acesso a isto tem acesso da vida e da arte, nenhum assunto era mais importante que a uma informação valiosa que escreve aos poucos a história as próprias. Segui meu rumo, continuei a produzir. O tempo de uma geração ou de um artista colecionado. O processo do passou. Um belo dia, encontro Márcio em seu ateliê, num lucolecionismo é uma das questões que levantamos, comumengar incrível, no Centro do Rio, região da Saara, onde existem te, na galeria. Se um colecionador faz parte de uma cadeia árabes, judeus, chineses, portugueses, todos brasileiros, e cultural, necessariamente, sua função não deve se limitar a novos brasileiros vivendo juntos. Acho que tomamos umas e ser apenas cumulativa. Além do pensamento que empreende outras a mais do que estávamos acostumados; do belo porre, naquilo que coleciona, pode, também, participar de construsurgiu a idéia inflamada de abrir um espaço de arte, dirigido ções de projetos que não sejam apenas objetos colecionáveis. por artistas, naquele mesmo lugar, no centro. A gente achava, Em 2004, começamos a Parede Gentil na qual convidamos are ainda acha, que a cidade, a arte, o estado, o país e o mundo tistas brasileiros e internacionais para pensarem um projeto precisavam, sabe? Isso foi há quatro anos. Márcio teve a idéia para a fachada lateral do prédio da galeria. O colecionador de convidar o Ernesto Neto; idéia genial. Neto é um cara com patrocina a obra e, sem que tenha para si um objeto, particiuma visão e experiência vivida pelos anos de exposições aqui pa, ao mesmo tempo, do pensamento de arte. Possuir como e no exterior; um curioso, guiado por extrema sensibilidade e cadinho cultural ou como co-propulsor ativo de uma obra é um embaixador pertinaz. (Franklin Cassaro participou dos prialgo que está estreitamente ligado a uma consciência de colemeiros meses desse espaço, vale lembrar). Fizemos mistério cionar que não deixa defasagem de tempo. Afinal, a questão até o dia da inauguração, que rolou com o trabalho do Fabiaé como fazer com que o mercado não esteja tão aquém do no Gonper, artista da Paraíba. A escolha de Fabiano Gonper tempo de pensamento e produção de obras de arte. Hoje, fazeera clara: artista talentoso de um outro estado, com o projeto mos cerca de dez exposições por ano e há sempre um gostinho Gonper Museum. A inauguração foi um estrondo: apareceram peculiar em colocar em uma coleção algo que seria até então dinossauros que não deixavam seus lares por nada desse “incolecionável”. mundo. Optamos, claramente, por assumir o padrão de galeria que representa artistas, que comercializa obras e assim Outra questão que move A Gentil Carioca é a educação. Tense sustenta. Claro que um lugar dirigido por artistas nunca tar acelerar o acesso à informação, criar bases onde a cultura é assim tão padrão. Alguns amigos alertaram para o perigo seja algo de valor incontestável e necessário. Estamos numa diplomático dessa empreitada. Hoje, temos 19 artistas reprerota de fazer, ainda que nosso cadinho seja num país com ursentados. Nosso primeiro comprador foi Antonio Dias. Uma gências. Dois anos atrás, fizemos uma exposição que se chasurpresa começar assim: um artista como colecionador. mou ‘Educação Olha!’ com desenhos de cerca de 70 artistas de vários estados do Brasil. Desenhar é o ato mais simples, Neto, Márcio e eu somos diferentes. Não há uma única corrensem rebuscamentos iniciais do processo de pensamento e cote de pensamento. Márcio abre a casa todos os dias. Enfrenta municação. Desde então, continuamos a produzir, todo mês, os pepinos de produção estrutural com maestria, e começou camisetas pensadas por artistas diversos, que contenham a assim, sem saber nada, no fazendo e aprendendo. Hoje, parpalavra educação. As camisetas suavemente vão se espalhanticipamos das principais feiras de arte contemporânea para do por aí, carregando estas mensagens. Talvez, ainda façamos novas galerias em diversos países. No começo, deu o maior uma escola, não para ensinar, mas para viver. frio na barriga e, claro, continua dando, senão não tem a menor graça. As idéias vão aparecendo. É muito comum o artista visitar A Gentil e terminar a visita no bar da esquina. Lá, continuamos Com o tempo, a A Gentil Carioca passou a ser rota de museus no mesmo jeitinho, brasileiro ou carioca, de conversar sobre e instituições do mundo inteiro. Não existem muitos colearte. Na A Gentil, há sempre bom atendimento, boa arte, cercionadores, e praticamos, ainda com parcimônia, a arte de veja e biscoito Globo (muito distribuído nas praias do Rio e em convencer pessoas que apresentam pendor e interesse em nossas vernissages). O lema é: ali quem manda é o artista. se tornarem novos colecionadores. A base dessa prática está na filosofia de que cada obra de arte é um ‘cadinho’ cultural. Cada colecionador empreende uma linguagem de escolhas de mundo, o que é bastante importante porque criam-se extratos diferentes. Dá-se parte do escoamento da produção de arte e,
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Diálogos entre arte e público
Por André Aquino e Joana D’Arc Souza Lima*
O tema da formação do público de artes visuais entrecruza-se aos discursos da democratização e universalização do acesso à cultura e à educação. Grosso modo, essas falas estão na origem da idéia de mediação, que implica na consideração da diversidade e especificidades, tanto dos interlocutores, quanto das situações de interlocução. “Dar acesso” à cultura não seria, simplesmente, “favorecer o contato” com produtos culturais e ampliar o público de artes visuais, mas tomar parte na formação desse público e de sua educação estética. Integrar os campos da cultura e da educação, nessa perspectiva, significa deles participar, entrar em suas estruturas e delas sair com uma atitude crítica e com um olhar atento e curioso; acreditar, com Ana Mae Barbosa, que “uma sociedade só é cultural e artisticamente desenvolvida quando, paralelamente a uma produção cultural e artística de alta qualidade, existe também uma alta capacidade de acesso e entendimento dessa produção por parte do público”; tarefa que é compartilhada, numa compreensão alargada, por diversos atores, em diferentes frentes. * André Aquino é Gerente de Serviços de Formação Visual em Artes Visuais da Prefeitura da Cidade do Recife. Joana D’Arc Souza Lima é mestre em história da arte pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordena o setor educativo do Instituto Ricardo Brennand.
Pensar como o SPA das Artes do Recife e iniciativas similares vêm se apropriando do espaço da cidade, e como ele vem participando da formação de seus públicos alinha-se a reflexões que integram várias agendas na atualidade. Não por acaso, a 12ª edição da documenta de Kassel, um dos mais respeitados
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eventos internacionais de artes visuais, sinaliza uma preocupação com a formação de um público apreciador de arte contemporânea ao eleger como temática de uma de suas publicações a educação estética e o alcance social da arte contemporânea. Atentemos para algumas considerações sobre o problema da formação, no sistema das artes, a partir da realidade local do Recife: 1) No campo escolar — o universo da sala de aula é autônomo e carece de uma maior integração com o sistema das artes. Eles se entrecruzam e, ao fazerem isso, permitem que pensemos nas questões de acesso e participação, ou seja, numa formação voltada para a construção do universo cultural dos sujeitos. Esse entrecruzamento possibilita ao sujeito repensar sua história e seu cotidiano, bem como acessar repertórios diferentes do seu. Qual a inserção possível/desejável do público escolar em eventos como o SPA? Quais os limites e possibilidades dessa participação? 2) Nas instituições culturais — nestas, os processos de formação têm expandido seus cenários, integrando as políticas de fomento do sistema cultural. Não possuir setores educativos passa a não agregar valor financeiro e ético às instituições. Experiências “extramuros” destas últimas têm contribuído para ampliar o alcance de suas ações. Algo também digno de nota é a configuração interdisciplinar que atualmente as equipes de educativos vêm assumindo. Entretanto, um problema raramente discutido, mas que resvala na profissionalização desse campo, são as baixas remunerações e o caráter temporário das equipes. 3) Na Universidade — outro campo importante, cuja missão fundamental é a formação de profissionais críticos que circulam em vários âmbitos dos sistemas da cultura, e a pesquisa. Deve-se criar ou fortalecer pós-graduações com linhas de pesquisa que possibilitem aos alunos aprofundar seus estudos e poéticas. Enfim, ao formar artistas, arte-educadores e pesquisadores, a universidade forma público apreciador, apropriador, fruidor e multiplicador, e isto se reflete tanto no sistema da produção como no da recepção. 4) Voltando ao SPA, pensemos em sua inserção, por meio das intervenções urbanas em sua malha, e no cotidiano da vida da cidade e de seus habitantes, com ritmos temporais múltiplos. O que faz com que a arte seja pública? Sua essência, sua forma ou sua localização? Como o público apropriase das intervenções artísticas, atropelado por poéticas tão díspares e ao mesmo tempo tão próximas de experiências vividas no espaço da urbe? São questões que, mapeadas,
acreditamos serem importantes e poderem alimentar novas edições do evento. Que desdobramentos a discussão e a prática da recepção/ mediação podem gerar? O SPA tem priorizado a formação de profissionais no campo das artes, por meio de oficinas, seminários e bolsas de incentivo à produção artística, mas poderia também priorizar os espectadores que são tocados, mesmo quando não vêem, por alguma ação fruto do SPA.
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Vias para o mundo
Por Cristiana Tejo*
Desde muito cedo, encanto-me com os relatos dos viajantes e imigrantes que chegam ao Recife desde o século XVI. São muitos os registrados, alguns amplamente divulgados, tais como os de Hans Staden, Henry Koster, Martha Graham, Charles Darwin e Simone de Beauvoir, entre outros. Gosto, em especial, das observações sobre as peculiaridades locais que passam despercebidas pelos que aqui nasceram e não viajaram suficientemente, e o impacto visual causado pela emergência da cidade por trás dos arrecifes, perspectiva marítima que nunca tive, e que a grande maioria dos visitantes do século XX também não tem, uma vez que o acesso às capitais litorâneas do Brasil se dá hoje, majoritariamente, pelas vias terrestre e aérea. Ao iniciar minha vida de viajante curiosa e incansável, notei o quanto lugares estrangeiros nos ajudam a reconhecer nosso lugar, nossas fraquezas e riquezas, e a perceber como devemos a muitos povos o que consideramos ser genuinamente nosso. O eu não pode ser construído sem a diferença, sem o outro.
* Cristiana Tejo é curadora e diretora do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM).
Por mais que a imagem do feudo, da cidade auto-suficiente e auto-centrada, cruel com os “forasteiros” e invasores, seja usada para nos definir de maneira recorrente e orgulhosa, é justamente o caráter cosmopolita e o balanço entre o permanente e o transitório que acredito pontuarem a história de Pernambuco. Poderíamos mencionar inúmeros processos de adequação, ressignificação e aclimatação de elementos
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estrangeiros que passaram a fazer parte de nossa paisagem natural e humana (gostaria de citar a cana-de-açúcar, o coco, o caju, a carambola, a jaca, a fruta-pão, a manga, o sapoti...). Apesar do hibridismo não ser exclusividade desta terra, o Recife distingue-se das demais capitais do Nordeste por seu constante poder de atração sobre intelectuais e artistas, e de difusão de idéias, fenômeno que tipifica o cosmopolitismo. A decadência econômica das elites nordestinas arrefeceu o trânsito pela região e favoreceu a concentração de dinheiro e massa crítica no Sudeste. Este longo preâmbulo justifica meu entusiasmo por projetos que avivem o intercâmbio entre Pernambuco e o mundo. Além de ser uma prerrogativa da contemporaneidade, facilitar o diálogo intercultural e a descentralização, mostra-se como uma estratégia crucial para revertermos desigualdades de oportunidades e as seqüelas econômicas que acometem nosso estado. Fechar-se significa renegar o direito de se contextualizar, e em tempos de globalização, isto pode ser apreendido como suicídio artístico. O mais grave, talvez, seja negar o acesso de toda uma população ao conhecimento de ponta, informação visual e teórica importantes para a produção cultural de acuidade. A internet é um arquivo aberto e abrangente, mas não substitui a potência do encontro físico e a condição de fenômeno coletivo de compartilhamento de uma experiência artística. Portanto, favorecer as trocas e o estabelecimento de pontes é o norte de minha prática de gestão cultural e de curadoria. Em todos os projetos nos quais já estive e estou envolvida persiste a intenção de fortalecer a condição do Recife como ponto de partida e de convergência de leituras do mundo, a fim de contribuir na profissionalização do meio, para gerar uma via de mão dupla, para apurar nosso olhar.
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SPA das Artes: puente intercultural
Por Daniela Pérez*
Todavía hoy, es relativamente poco el intercambio que existe en las artes visuales entre los países de América Latina con respecto a los más recientes trabajos producidos en las distintas regiones de cada uno de éstos. Luego de personalmente asisti a SPA 2006. Fue fundamental permanecer en la ciudad durante toda la semana en la que el evento se desarrolló, logrando desdoblar, de manera significante, algunas de las razones detrás del relevante esfuerzo por mantener en alto dicho evento. Las conversaciones con artistas, organizadores, el público y distintos invitados no cesaron a lo largo de los siete intensos días, permitiendo interesantes intercambios sobre los conceptos abordados a través de distintas expresiones artísticas. Recife, una ciudad rodeada por ríos y para la cual los puentes representan estructuras primordiales para la comunicación, deja claro por medio de este evento que, a pesar de que en tiempos pasados fue considerada como una ciudad ensimismada, en la última década ha activamente procurado contactos externos. A partir de 2002, SPA se ha llevado a cabo anualmente, abriendo sus puertas a todo Brasil y poco a poco también a extranjeros como yo, posibilitando una apertura con países latinos. * Daniela Pérez é curadora associada do Museo Tamayo Arte Contemporâneo, na Cidade do México. É mestre em Curadoria de Arte Contemporânea pelo Royal College of Art, Londres.
Tomando en cuenta las inmensas distancias debido al gran territorio que conforma al país, es de suma importancia des-
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centralizar el circuito del arte contemporáneo. Normalmente cuando se habla de centros y periferias, las más evidentes influencias suelen venir del centro hacia fuera. En el caso de este evento, me parece que la provincia de Brasil deja una clara prueba de la necesidad de expandir los circuitos del arte contemporáneo más allá de los lugares considerados como “más desarrollados” al contar con un mayor número de herramientas prácticas, teóricas, críticas y económicas. El intercambio cultural que se genera en la periferia es particularmente importante tanto para los locales como los de fuera, ya que provee relevantes y nuevas ideas mientras impulsa la producción en lugares con destacable potencial artístico. Además, cuando el intercambio cultural viene acompañado por un sistema que posibilita un entendimiento más completo, como el encontrarse cara a cara con las realidades de un contexto, logran prevalecer diálogos de mayor calidad en su contenido. Así, queda claro que es esencial contar con visiones de personas que habitan diariamente un lugar, así como de aquellos que ven con ojos nuevos. Eventualmente, ambos también fungirán como agentes comunicativos, en sus respectivos contextos, de aquello que se ha cruzado en sus caminos. A un año de mi visita a Recife, puedo constatar que tanto mi ponencia como las infinitas pláticas informales que surgieron resultaron ser valiosas fuentes de información visual, teórica y social que adquirí en un periodo relativamente corto. La descentralización que ha conseguido SPA das Artes no es sólo a nivel nacional sino que también es un proyecto que, mientras trabaja en colaboración con instituciones, también se aleja de ellas para dar entrada a una serie de manifestaciones que requieren contextos “más independientes” para su existencia. Aunque el tema de espacio público en la ciudad ha sido de gran relevancia en las pasadas ediciones de SPA, las propuestas por parte de los artistas quedan abiertas a sus propios intereses estéticos y conceptuales, los cuales en conjunto promueven ampliamente que el circuito artístico invada zonas inusuales y confronte a públicos nuevos. Por otra parte, es tal el interés que este tipo de intercambio cultural ha suscitado en un lugar como Recife que hasta la convivencia entre artistas que se encuentran en momentos muy diferentes de sus carreras se lleva a cabo sin necesidad de diferenciar entre el estatus de cada uno dentro del circuito artístico. En vez, todos aportan equitativamente a la creación de dinámicas de intercambio.
Otro ejemplo de un distinto proyecto mas que se desarrolla también el ámbito “público” y responde a las particularidades de su contexto, es inSite en la zona de Tijuana y San Diego (en México y Estados Unidos correspondientemente). Para un gran número de las prácticas artísticas que acontecen en SPA y en inSite, las condiciones específicas de contexto suelen representar el punto de inicio de una investigación en la que la ciudad se convierte en el lugar donde los experimentos artísticos tienen cabida. Incluso, es común que los proyectos artísticos hagan reaparecer historias urbanas que estaban por desaparecer en el olvido. Es sumamente relevante destacar que uno de los mayores aciertos detrás de SPA ha sido el lograr proveer tanto a los distintos componentes del mundo de las artes como al público que se convierte en testigo de las actividades con una continuidad. A pesar de que SPA cuenta ya con un perfil y una apariencia reconocibles, una de sus principales banderas es la de evento mutante que se reevalúa en cada una de sus ediciones. De esta manera, se continúa alimentando su capacidad de renovación e innovación que responde a las nuevas necesidades de tal contexto. Tengo plena confianza en que tanto locales como extranjeros, reinventarán en este territorio un sin fin de posibilidades, haciendo uso de los puentes y redes de comunicación que SPA das Artes lleva acrecentando en este siglo XXI no sólo dentro de Recife sino fuera también.
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SPA das Artes: ponte intercultural Ainda hoje, é relativamente pequeno o intercâmbio existente nas artes visuais entre os países da América Latina, com relação aos mais recentes trabalhos produzidos nas distintas regiões de cada um deles. Assisti, pessoalmente, ao SPA 2006, e foi fundamental permanecer na cidade durante toda a semana em que o evento se desenvolveu, conseguindo desdobrar, de maneira significativa, algumas das razões por trás do relevante esforço de manter em alta esse evento. As conversas com artistas, organizadores, o público e distintos convidados não cessaram ao longo dos sete intensos dias, permitindo interessantes intercâmbios sobre os conceitos abordados através de diversas expressões artísticas. 60
Recife, cidade cortada por rios, e para a qual as pontes representam estruturas primordiais de comunicação, deixa claro, por meio desse evento, que, apesar de em tempos passados ter sido considerada uma cidade ensimesmada, na última década tem procurado, ativamente, contatos externos. A partir de 2002, o SPA vem acontecendo, anualmente, abrindo suas portas a todo o Brasil e, pouco a pouco, também a estrangeiros como eu, possibilitando uma abertura com os países latinos. Levando-se em conta as imensas distâncias devidas ao grande território que compõe o país, é de suma importância descentralizar o circuito de arte contemporânea. Normalmente, quando se fala de centros e periferias, as mais evidentes influências costumam vir do centro para fora. No caso desse evento, parece que a província do Brasil deixa uma clara prova da necessidade de expandir os circuitos de arte contemporânea, para além dos lugares considerados “mais desenvolvidos”, ao contar com um maior número de ferramentas práticas, teóricas, críticas e econômicas. O intercâmbio cultural gerado na periferia é particularmente importante, tanto para os locais como para os de fora, uma vez que os provê de relevantes e novas idéias, enquanto impulsiona a produção em lugares com destacável potencial artístico. Além disso, quando o intercâmbio cultural vem acom-
panhado de um sistema que possibilita um entendimento mais completo, como o encontrar-se cara a cara com as realidades de um contexto, conseguem prevalecer diálogos de maior qualidade em seu conteúdo. Assim, fica claro que é essencial contar, tanto com visões de pessoas que habitam diariamente um lugar, como daqueles que vêem com olhos novos. Eventualmente, ambos também exercerão a função de agentes comunicativos em seus respectivos contextos daquilo que cruzou seus caminhos. Há um ano de minha visita ao Recife, posso constatar que tanto meu relatório como as infinitas conversas informais que surgiram, resultaram em valiosas fontes de informação visual, teórica e social que adquiri em um período relativamente curto. A descentralização que o SPA das Artes tem conseguido não é só em nível nacional, mas é também um projeto que, enquanto trabalha em colaboração com instituições, afasta-se delas para dar entrada a uma série de manifestações que requerem contextos “mais independentes” para sua existência. Apesar de o tema espaço público na cidade ter sido de grande relevância nas edições passadas do SPA, as propostas por parte dos artistas continuam abertas a seus próprios interesses estéticos e conceituais, os quais, em conjunto, promovem amplamente a invasão de circuitos artísticos em zonas incomuns e o confronto a públicos novos. Por outro lado, é tal o interesse que esse tipo de intercâmbio cultural vem suscitando em um lugar como o Recife, que até a convivência de artistas que se encontram em momentos muito diferentes de suas carreiras acontece sem necessidade de diferenciar o status de cada um dentro do circuito artístico. Em vez disso, todos aportam, equitativamente, em uma criação de dinâmicas de intercâmbio. Outro exemplo de um projeto diferente, mas que se desenvolve também no âmbito “público” e responde às particularidades de seu contexto, é o inSite, na zona de Tijuana e San Diego (no México
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e nos Estados Unidos, respectivamente). Para um grande número de práticas artísticas que acontecem no SPA e no inSite, as condições específicas de contexto costumam representar o ponto de partida de uma investigação em que a cidade se converte no lugar onde os experimentos artísticos acontecem. Inclusive, é comum os projetos artísticos fazerem reaparecer histórias urbanas que estavam por desaparecer no esquecimento. É sumamente relevante destacar que um dos maiores acertos por trás do SPA foi conseguir prover de uma certa continuidade, tanto os distintos componentes do mundo das artes, como o público que se converte em testemunha das atividades. Apesar de o SPA já contar com perfil e aparência reconhecidos, uma das principais bandeiras é a do evento mutante que se reavalia em cada uma de suas edições. Dessa maneira, continua alimentando sua capacidade de renovação e inovação que responde às novas necessidades de tal contexto. Tenho plena confiança em que tanto locais como estrangeiros reinventarão, nesse território, um sem fim de possibilidades, fazendo uso das pontes e redes de comunicação que o SPA das Artes vem acrescentando neste século XXI, não só no Recife, mas também fora.
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Pelo mundo ou Outras experiências Eleger a cidade como cenário e suporte para a realização de ações de arte. Agregar às ações palestras, oficinas e debates. Esta composição que faz do SPA das artes um evento de grande interesse não é particular à cidade do Recife. País e mundo afora, comunidades artísticas articulam suas semanas, quinzenas ou festivais e marcam o calendário de quem quer produzir, discutir ou vivenciar arte contemporânea.
EIA (SP) Experiência Intensiva Ambiental é o que designa a sigla criada por um grupo de artistas no início de 2004 e que hoje representa um evento anual, rumo a sua quarta edição, de problematização do espaço público urbano de São Paulo. O evento reúne, sempre entre novembro e dezembro, ações e rodadas de debate. Blog: http://www.mapeia.blogspot.com/ InSite (México / EUA) Promovido no corredor entre Estados Unidos e México, nas cidades de San Diego e Tijuana, o InSite acontece, a cada dois anos, desde 1992. As características políticas e culturais do entorno de fronteira entre países orientam as temáticas de residências e circuitos de formação de público. Madrid Abierto (Espanha) Desde 2004 a Prefeitura de Madrid dedica o mês de fevereiro à realização de intervenções urbanas no Paseo de La Castellana–Recoletos–Prado, principal eixo viário do centro da capital espanhola. Nas quatro edições do evento, além de palestras e bate-papos, 42 projetos de ações enviados por artistas de todo o mundo já foram realizados. Website Oficial: http://www.madridabierto.com/esp/index.htm
Programação
primeira semana
14h às 18h
8h30 às 13h
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Oficinas
Oficinas
Oficinas
Oficinas
Oficinas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Realização de ações Artísticas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Oficinas
Oficinas
Oficinas
Oficinas
Oficinas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Papo de artista Raul Mourão (rj) e Marcos Chaves (rj) e Artistas bolsistas Prédio ocupação
a partir das 19h
66 Coquetel de abertura do SPA com lançamento da Revispa 2007 Centro de Formação em Artes Visuais
Debate publicações Revista Continente Multicultural (pe), Portal Dois Pontos (pe), Editora Livrinho de Papel Finíssimo (pe) e Revista Ragú (PE)
Lançamento de Performance Publicações da Daniela Mattos Coleção Arte Mamam no Pátio BRA: Raul Mourão (rj) e Marcos Chaves (rj) Teatro Arraial
LOCAIS DE REALIZAÇÃO residência artística, bazar mostra paralela, saldão e confraternização Prédio ocupação do SPA’07 Oficinas, bolsas de incentivo à formação Centro de Formação em Artes Visuais e Museu Murillo La Greca Ações, bolsas de incentivo à produção artística espaços públicos e instituições da cidade Palestras e debates Teatro Hermilo Borba Filho, Teatro Apolo e Fundação Joaquim Nabuco
Abertura de exposição Christina Machado (pe) e Maurício Silva (pe) Museu Murilo La Greca
Realização de ações artísticas
Debate “artista etc” Flávia Vivaqua (sp) Divino Sobral (go) Teatro Hermilo
Papo de artista Maurício dias (rj) e Walter Riedweg (rj) e Artistas bolsistas Auditório Mamam Abertura de exposição Milena Travassos (ce) Fundaj Derby Debate grafiteria Flávio Ferraz–jey (Sp) Galo e Koblitz (pe) Kabum
PRÉDIO OCUPAÇÃO Marquês de Olinda, 142, Bairro do Recife (acesso pelos fundos) CENTRO DE FORMAÇÃO EM ARTES VISUAIS Casa 11, Pátio São Pedro, Bairro de São José MUSEU MURILLO LA GRECA Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, 366, Parnamirim FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO Rua Henrique Dias, 609, Derby
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Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas Bazar Prédio ocupação
Debate Joël Girard (fr) Teatro Apolo Performance Maurício Silva Prédio ocupação
Festa Intervenção artística Maurício Dias (rj) e Walter Riedweg (rj) Prédio ocupação
TEATRO HERMILO BORBA FILHO e TEATRO APOLO Rua Cais do Apolo, 121, Bairro do Recife TEATRO ARRAIAL Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista KABUM Rua do Bom Jesus, 147, Bairro do Recife MAMAM Rua da Aurora, 265, Boa Vista (acesso pela Rua da União)
segunda semana
A partir das 19h
14h às 18h
8h30 às 13h
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Mostra Paralela
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Oficinas
Oficinas
Oficinas
Oficinas
Oficinas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Oficinas
Oficinas
Oficinas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Bazar Prédio ocupação
Palestra A Exposição ectópica: alguns casos Paulo Cunha e Silva (port) Teatro Hermilo
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Dom 30
Realização de ações artísticas
Abertura do Saldão Prédio ocupação
Saldão Prédio ocupação
Oficinas
Oficinas
Saldão
Saldão
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Realização de ações artísticas
Papo de artista Flávio Ferraz – jey (sp) e Artistas bolsistas Prédio ocupação
Papo 60 Paulo Bruscky e Cristiana Tejo Amparo 60
Papo de artista Artistas bolsistas Prédio ocupação
Debate Bazar equipe da Prédio ocupação Tatuí (Grupo de Crítica)
Abertura de exposição Manuel Veiga (pe) Museu Murilo La Greca
Debate Arte de Rua x Público Alexandre Dias Ramos (rs) e Daniela Labra (rj) Fundaj Derby
Palestras Repensando o contemporâneo: a ética, o popular e o mercado Kevin Power (esp) e Arte contemporânea brasileira: contraditório Moacir dos Anjos (pe) Teatro Apolo
Bazar Prédio ocupação Palestra Um pulso ao real na videocriação contemporânea Mónica Caballas (esp) Teatro Hermilo
Saldão Festa Prédio ocupação
67 Show de encerramento Orquestra Contemporânea de Olinda Projeções Jarbinhas (PE) Pátio de São Pedro
Residência artística durante as duas semanas o SPA’07 disponibilizará edifício no Bairro do Recife para residência artística — sobretudo de artistas de outros estados —, trocas de experiências, criações coletivas e exposições de trabalhos.
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Bolsas de incentivo à produção Wolder Wallace (PE) Curso Intervenção urbana de cunho político que traz à tona a questão de como o homem relaciona-se e explora o ambiente em que vive. No leito do rio Capibaribe, um único curso serve de palco para o confronto histórico de dois tempos, dois fluxos antagônicos d’água: o atual, poluído, semi-morto, e o antigo, vivo, cristalino. 18/09 | manhã | Rio Capibaribe, altura da Ponte do Limoeiro, Santo Amaro Izabela Pucu e Daniela Mattos (RJ) Ficção/Fraccion Mostra de vídeo reunindo 25 artistas que investigam as potencialidades da própria linguagem videográfica e trabalhos voltados para a intervenção no espaço urbano/ paisagem, onde o vídeo funciona como registro. 19 e 20/09 | das 15h às 19h | Prédio Ocupação do SPA
Coletivo Soco na Pomba (SP) [Renan Araújo, Denise Alves de Oliveira e Taygoara Schiavinoto] Dispositivo de interação combinada – DIC Nesta performance os artistas estarão conectados através de um aparelho denominado DIC, demonstrando a dependência existente em ações cotidianas — como o simples ato de respirar — evidenciando que um gesto individual pode tornar-se coletivo. Pretende-se investigar os diversos significados dos termos cooperação, interação e dependência. 19/09 | às 18h | Prédio Ocupação do SPA
tisfação e a tristeza são temas presentes. 21/09 | às 9h | Praça Joaquim Nabuco
Nivardo Victoriano Conrado Junior (CE) Balançamdores É uma intervenção urbana que propõe a fixação de sete balanços nas árvores de uma praça. Os balanços se transformam em balançados. O artista se apropria dos assentos de madeira dos balanços pintando-os de branco e re-escrevendo poemas de Manoel Bandeira em que a dor, a insa-
Daniel Aragão (PE) Solidão Pública Vídeo intervenção com projeção simultânea e ao vivo. Em uma cabine isolada, com uma câmera de alta definição, em local de grande movimentação, serão projetadas imagens em tempo real dos transeuntes que venderão 3 minutos de sua solidão por R$ 3,00. 21/09 | das 18h às 21h | Praça do Diário
Aslan Cabral (PE) Search Performance que parte da análise de como nossos hábitos são fortemente influenciados por levantamentos tecnológicos como a Internet, o Google, a Wikipédia e céleres estruturas de informação que, apesar de tantas virtudes comunicativas e de convivência, criam paralelamente uma geração de “palpiteiros”, mais do que fo rmadores de opinião. 21/09 | às 17h | Prédio Ocupação do SPA
Coletivo Casa de Marimbondo (PE) [Carlos Oliveira, Juva, Juto Galo] A Porta A ação consiste em abandonar uma porta de 1,5 m de largura por 2,5 m de altura, com bases fixas de madeira que permitam que ela fique em pé sem a necessidade de paredes, com carpetes com a frase “sejam bem-vindos” e uma chapa metálica que identifica as portas de apartamentos, assim como abertura para ambos os lados e dois olhos mágicos. 16 a 18/09 | Rua da Aurora 19 a 21/09 | Praça Maciel Pinheiro 22 a 24/09 | Largo do Carmo 25 a 27/09 | Rua Tomazina 28 a 30/09 | Pátio de São Pedro Micheline Torres (RJ) Carne A partir do manuseio de uma peça de frango congelado, a performer traça relações e apresenta imagens que transitam entre um ritual cirúrgico, a ação de preparar um alimento, a visão do órgão sexual feminino e o ato de envolver os corpos mortos em sacos pretos. 28/09 | às 18h | Prédio Ocupação do SPA Renato VaLle (PE) Diálogos Projeto de residência artística que propõe a intervenção em acervos de instituições de artes visuais usados como referência para geração de desenhos em grandes formatos e ações educativas com os visitantes. Galeria Dumaresq | durante o período do evento Jeims Duarte (PE) Raiz Raiz será a junção, por dobradiças metálicas, de vários blocos de madeira bruta. A instalação conformará uma estrutura densa, porém flexível, uma vez que suas articulações dobráveis possi-
bilitarão montagem e desmontagem em unidades modulares. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Bruno Firmino Costa da Silva (PE) Dentes de cavalo dado Intervenções com sticker (adesivos recortados) sobre pichações da cidade, tentando explicá-las, ironizá-las, fazer jogos de palavras e brincar com esses signos. Intervenções em muros, tapumes, postes, bocas de lobos, lixeiras. Em avenidas movimentadas do centro da cidade e bairros vizinhos | durante o período do SPA Laura Melo (PE) [colaboração Hugo C. Coutinho] La Grande Bouffet O polêmico filme “A Comilança” (La Grande Bouffet, FR, 1973) serve de mote para a performance da artista. Numa tradicional mesa de jantar, 30 pessoas se dispõem a assistir ao filme, servidos de um banquete. Transforma-se em instalação no dia seguinte: o resto da ceia permanece e duas TVs ficam no mesmo ambiente, uma com o registro da ocasião e outra a exibir o filme. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Ana Lu (PE) Assombração Série de ações/pinturas, enquanto intervenção urbana. As pinturas são baseadas em sombras, marcas dos corpos por onde eles passam. Existe uma tentativa de capturar esses “vultos” com tinta vermelha, capturando o calor e a efemeridade dos corpos. Espaços urbanos | durante o período do evento
Grupo “A firma da Irmã de irma” (PE) [Maurício Castro, Bruna Rafaela, Joelson e Soraya Fonseca] Banho Público Proposta de ocupação e performance que consiste em construir, com tubos de ferro galvanizado, as peças de encaixe da estrutura do “Banho Público”. No Prédio Ocupação do SPA | no Marco Zero e na Praia do Pina | durante o período do evento Cristiano Lenhardt (PE) Retratante e Retratado Um vídeo de 30’’ feito com 720 fotografias tiradas com máquina Olympus Trip (película), reproduzindo a ilusão de movimento própria do cinema. Filmagem no Sítio da Trindade (Casa Amarela) | com exibição no Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Grupo de Fotografia Fora de Foco (PE) [Bruna Gonçalves, Priscila Venâncio, Cleidjane Lima, Dionice Cristiane e Tallita Santos] Paisagem Invisível Trabalho experimental em fotografia stenopeica. Utilizando esse procedimento o grupo fotografará os vários anônimos que visitam e circundam o prédio do SPA durante quatro dias. Nesse período também serão feitos relatos do cotidiano dos transeuntes. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Zhica Philmes (PE) Madalena O vídeo Madalena pretendev ressaltar, ao selecionar trechos do livro São Bernardo, especificamente os capítulos 19 e 36, em que Graciliano Ramos, por meio do personagem Paulo Honório, mergu-
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lha nos emaranhados da solidão e da incapacidade de amar. Junto com esses trechos, estão fotos do antropólogo Pierre Verger e algumas telas do expressionaista Egon Shiele, acompanhados da música As Ilhas de Açoures do grupo português Madredeus. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento
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Naná Janus e Pedro Jaranillo (SP) Jardim Suspenso Instalação em que serão montadas pipas estampadas com “dentes de leão” que serão trocadas por desejos registrados em papéis pelo público e depositados numa urna. A proposta alude à tradição presente em São Paulo e Bogotá de se fazer um desejo e em seguida soprar um dente-de-leão. Praia de Boa Viagem Alberto Lins (PE) Bandaid Stiker Action Baseando-se nas proposições da stiker art (e da street art em geral), serão fixados diversos adesivos em formato de “bandaid” em três tamanhos diferentes no espaço urbano. A idéia é usar um ícone carregado de significados constituídos e lança-los sobre estruturas da cidade. Dois dias Autom.ato (PE) [Haidee Lima e HD Mabuse] Sombras do Recife Antigo Faz aproximadamente 10 anos que um incêndio destruiu um dos prostíbulos mais tradicionais do Bairro do Recife: o Franc’s Drinks. Situado na Av. Marquês de Olinda, só rivalizava na boemia do início dos anos 90 com o Bar do Grego. Através da combinação da linguagem urbana do stencil (utilizado em graffits) e do milenar teatro de sombras, o “autom.ato” pretende trazer de volta uma representação do universo das prosti-
tutas, boêmios e desocupados ao seu bairro de origem. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Movimento Cultural Boca do Lixo (PE) Na Beira do Rio Articulação do Movimento Cultural Boca do Lixo com entidades e grupos que promovem a cultura na Região Metropolitana do Recife, reunindo elementos de grafite, dança, música, teatro e audiovisual. Uma movimentação artística e cultural na comunidade de Condor, em Peixinhos, no local conhecido como Beira do Rio, à margem do Rio Beberibe. O objetivo principal é decorar casas dos moradores e levar arte e cultura à comunidade. Tatiana Sobreira (MG) 4x6 Residência artística. Pessoas, signos e o apelo visual dos objetos são temas recorrentes nos desenhos/ pinturas feitas em latinhas de rolo de filme fotográfico. A intenção da residência é a produção de peças durante a estadia, levando em consideração as informações adquiridas durante o período da mesma. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Nara Cavalcanti (PE) Oceanotipia Captação de imagens corporais de pessoas pelas ruas e na praia, por processo de cianotipia. O público será convidado a participar deitando-se ao sol sobre tecidos sensibilizados com solução de cianótipo, sendo então o contorno dos corpos impressionado em azul, restando no pano a marca da ausência de cada corpo. Os tecidos, com as imagens reveladas no próprio local, serão espalhados como bandeira pela cidade.
O resultado também será exibido no Prédio Ocupação do SPA Jonathas de Andrade (PE) Recenceamento Moral da Cidade do Recife Ação artística que consiste numa pesquisa de opinião de porta em porta em bairros da cidade do Recife, em que uma conversa sobre costumes é motivada a partir do preenchimento de um formulário de boas maneiras de um livro de 1981 (Centro de Educação para o Lar, Caderno de Atividades, Ed. Vicentina). Os novos formulários, preenchidos a cada dia, irão compor um painel de resultados que funcionará como um mapeamento moral da cidade. Este painel irá ocupar uma parede no prédio do SPA e será alimentado durante a semana. Grupo AR2 (RS) [Romy Pocztaruk e Adriana Tubino] Quem não vê? O projeto prevê a realização de três propostas cartográficas que irão interagir com o ambiente simbólico, físico e social da cidade do Recife, visando à elaboração de uma cartografia sentimental da cidade, que será compartilhada através de registros em imagens, relatos e trocas de impressões derivadas do contato entre os artistas o contexto urbano e comunidade. Pedro Meyer Barreto (RJ) Pintura Expandida Os discursos essenciais tentaram limitar a prática pictórica à ontologia do suporte e fatores fundamentais: sua natureza planar, seus pigmentos e verticalidade. Contudo, a pintura vai além e pode ganhar outros nomes. O artista realizará duas pinturas site-specifc nas paredes internas e externas do espaço expositivo. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento
Oficinas Bolsas de incentivo à formação Cristina Ribas (RJ) Políticas da Escrita: práticas autônomas na difusão das artes contemporâneas A oficina criará um ambiente de discussão sobre as práticas atuais de produção de informação e conhecimento em artes, à luz do pensamento da historiografia e da idéia de autonomia, flexibilizando este território de produção. Pretende trazer a escrita, o registro e seus derivados para o lugar da criação, que será (re)inventado por cada participante. Realizaremos uma análise crítica destas práticas que excedem o artístico, sendo elas possíveis formas novas de escrita da história no presente e das implicações políticas disto. 17 a 21/09 | das 14h às 18h | Museu Murillo La Greca Rubens Espírito Santo (SP) Arte Contemporânea: teoria e prática Com o objetivo de colaborar com a
formação de artistas e público em arte contemporânea, a oficina consiste na formação teórica em história e filosofia da arte e na experiência concreta com obras de arte, na modalidade instalação. O artista, de carreira consolidada, integra conceitos de arte, filosofia, e educação. Sua assistente, Ângela Castelo Branco, coordena as etapas pedagógicas. Ao final do processo, os participantes construirão uma Cabana (instalação pictórica com interior e exterior) obra realizada em parceria com o artista. 24 a 28/09 | 14h às 18h | Centro de Formação em Artes Visuais (CFAV) CONVIDADOS Viga Gordillo (BA) Água-Cidade: Ocultações e Espelhamentos Estudantes de arte, artistas e arte-educadores serão instigados a participar do exercício de reflexão paralelo à criação de objetos em poéticas contemporâneas. A presença das águas na cidade é o ponto de partida e referência, a obra
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de arte é parte inerente ao processo. O diálogo é o conceito fundamental e unificador também do projeto de oficina, quando ele existe, o ciclo se fecha. A oficina visa à aproximação de artistas e no máximo à participação de todas as instâncias envolvidas no processo. Uma situação peculiar, inovadora e cheia de desafios, pois tem a identidade e a alteridade como proposta do diálogo. 17 a 21/09 | 14h às 18h | Centro de Formação em Artes Visuais (CFAV) Flávio Ferraz – Jey (SP) Grafiteria – Grafite e Arte Urbana A oficina repassará experiências de curadorias, produções de projetos, exposições e produtos de arte, utilizando o portfólio e clipping da Galeria Grafiteria como ponto de partida, aliados às publicações da área. Pretende-se abordar as vertentes do grafite e suas técnicas, provocar a troca de experiências e a prática em conjunto durante os encontros. 18 a 21/09 | das 14h às 18h | Nascedouro de Peixinhos
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Artistas convidados Maurício Dias e Walter Riedweg (RJ) Realizarão a intervenção artística Throw, com projeção de vídeo na fachada do Prédio Ocupação do SPA. 22/09 | às 19h | Prédio Ocupação do SPA Maurício Silva (PE) Spalestrinha Música sem parole: arte-ação 21/09 | às 22h | Prédio Ocupação do SPA
Paralela João Manoel Feliciano Crystallus Capillus Anéis de gelo serão presos às tranças do cabelo do artista que finalizará a performance com o total derretimento do gelo. 17/09 | 10h | Prédio Ocupação do SPA Anamaria Pinheiro, Tássia Rebelo e Vinícius Lucena Siga o duende! Duendes espalhados pela cidade, tendo como ponto de partida da Torre Malakoff, indicarão o caminho a se seguir até o Prédio Ocupação do SPA. 18/09 | 11h | Prédio Ocupação do SPA UMLANGAIO – Núcleo Itinerante de Arte Contemporânea [Biagio Pecorelli] Procuro-me Baseada na filosofia existencialista, que concebe o homem como projeto aberto e irrealizável desde seu nascimento até a morte, a performance PROCURO-ME prega pelos postes e muros do Recife um anúncio de um homem perdido, em
busca de si mesmo. Da Av. Conde da Boa Vista em direção ao Pátio de São Pedro | 19/09 | a partir das 17h Pragapop Virgens fazem macumbas A Pragapop lança o curta-metragem “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito”, resultante da intervenção pública no dia 01/10/06, na Praça do Diário. Nessa intervenção, dois atores simularam sexo em um banco da praça enquanto alguns outros personagens se aproximavam pra conversar. A nova performance planejada para a SPA 2007 transforma o aspecto de todo o projeto. 21/09 | 19h | Prédio Ocupação do SPA Manoela Lima O que você vai ser quando você crescer? Ação performática na qual a artista pretende realizar o parto de seu filho adotivo antes mesmo de conhecê-lo. 22/09 | 10h | Prédio Ocupação do SPA
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Marco Bonachela (criação e interpretação), Hugo Carneiro e Henrique Costa (músicas) Processo 2_Som.a — Quadro: A Voz do Silêncio O projeto põe em interface quatro linguagens: vídeo, sapateado, música e tecnologia (através do software livre ViMus). O quadro A Voz do Silêncio trata do silêncio social a partir de pesquisa em ocupações de residências abandonadas no Recife. 29/09 | 19h | Prédio Ocupação do SPA SOMA3DESIGN [André Schebba e Nance F.] Cromossoma_2 — Telas Abstratas e Zine Monocromático — Diálogos entre Luz e Sombra (mono.cromo. soma) A idéia começou em 2004 e desde lá o foco vem sendo a monocromia, buscando evidenciar a forma que existe no contraste entre a cor e a sua ausência (no ambiente gráfico), entre a luz e a sombra (no ambiente fotográfico).
Hall de entrada do Edifício Sion (Av. Conde da Boa Vista, 170) | durante o período do evento | das 8h às 18h Socorro Souza Eis aqui o meu corpo / Este não é o nosso Rei Qual é o lugar do corpo? Qual é o seu papel? Um questionamento do corpo na contemporaneidade. O devir corpo, sua autocontemplação, auto-sujeição, essencialmente aos ditames da mídia e da sua exploração massiva. Ruas do Recife Antigo (postes de iluminação pública) | durante todo o SPA
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Rodolfo Araújo Próximo ao invisível Série de fotografias que também participou da II Mostra Recife de Fotografia. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento MENO’S CatártiCopérniCOW-I Muuuuuuuuuuuuuuuu nidadá Instalação dedicada à comunicação, ao ócio, à falta de grana e ao emprego decente, à força criativa barata e ao tempo / vida em que é despendida. Desempregados e descontentes de todo mundo, compareçam! Intervenham! Trajes de gala, sandálias ou sport chic. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Flávio Felipe 777 Maneiras Diferentes de se Morrer Fumando! É um HQ mudo, preto e branco, com traços simples que expõe o personagem principal às eventualidades da morte. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento
Marcos Martins Podotáctil Fixação de “piso táctil” (sinalização em favor de portadores de deficiência visual) nas calçadas de prédios em desuso do Recife, também no Prédio Ocupação do SPA. Viviane Duarte Porta Retrato A instalação revela imagens de diversas portas tendo como suporte outra porta. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Sávio Ivo Lagoinha Escultura-cinético-mutante-sujeito / reativo de arame, desenhos de sombras, registro fotográfico do seu desdobramento, acumulo e sobreposição, convívio e sedimentação. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Bruto Casa do Norte (O Recife de São Paulo, em Recife) Trabalho 1: projeto de intervenção urbana de transposição da fachada de uma “Casa do Norte” do bairro do Brás, em São Paulo, para a fachada de uma casa no Pátio de São Pedro em Recife. Trabalho 2: intervenção no cardápio do Restaurante Mamulengo, na Praça do Arsenal da Marinha, em seu horário de funcionamento normal, durante o período do evento. Carla Rodrigues De novo, de velho Remontagem de fotografias de uma família feitas no início dos anos 90. A velha e a nova fotografia, uma ao lado da outra, nos revelam os efeitos do tempo sobre as pessoas e os espaços. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento
Eduardo Chaiben Momentos As nuvens são quadros que a natureza pinta e se modifica a cada segundo. Assim como todos nós, somos transitórios, efêmeros em nossos sentimentos, mudamos, sumimos, aparecemos, protegemos, nos bloqueamos e podemos trazer tanto momentos de calmaria como os de tempestade. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Ana Rosa Passos Novas e Lendárias Perspectivas do Recife Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Gledson Shiva SPA/OFF OFF, outras formas de fazer, de fazer uma outra cultura que não seja a cultura habitual, aquela indicada pela antropologia: todas as formas costumeiras de ser e fazer de um determinado povo, de um dado agrupamento populacional, dos quais os hábitos comuns identificam seus membros e os caracterizam como iguais... Iguais repetidores da mesmice, iguais em suas acomodações, iguais na manutenção da apatia e desolação que povoa a sociedade RE — REtrógrada e REacionária, REfratária e REtardada. Prédio Ocupação do SPA e ambientes virtuais. Descobertas Assimetrias Antropometria com tinta acrílica. Explora a ligação entre um ser humano e outro, no qual somos parte de um mesmo desenho abstrato, feito simultaneamente. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Coletivo Entretantos
Invasão à Praça do Arsenal Uma praça será invadida por pequenos soldados pára-quedistas numa ação lúdica, minada de lembranças de tempos passados, buscando um tempo que não existe mais e que não morre. Ao satisfazer esse desejo latente, provocamos um instante de afeto e lembranças na paisagem modificada. 22 e 23/09 | Praça do Arsenal da Marinha | Recife Antigo Alcione Freitas, Ed Sá e Tânia Peixoto A gaiola não prende Instalação e performance. O desafio espaço-tempo, a delimitação de um espaço ou mesmo a sensação de aprisionamento posto em evidência não desestimulam e nem impedem o desenvolvimento artístico. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Izidorio Cavalcanti Monarquia Ainda No Recife Intervenção/performance produzida com uma câmera digital. Serão obtidas 3.000 fotografias de pessoas nas ruas utilizando uma coroa. Estas simbolizarão o poder, o ego e a vaidade de uma sociedade capitalista que não deixa de ter pensamentos monárquicos. Praça Diário de Pernambuco | durante o período do evento | a partir das 10h Aldemir Suco Corpus-Grama: um estranhamento sobre o corpo humano A técnica do fotograma é realizada através da exposição do papel fotográfico onde imagens são desenvolvidas a partir da projeção de objetos sobre o papel fotossensível. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Luiza Baldan
“Sem título” Quatro fotografias coloridas feitas no interior de uma casa habitada que registram detalhes do cotidiano dos moradores. Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento Elizângela Palafitas Prédio Ocupação do SPA | durante o período do evento
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Esta revista foi produzida entre agosto e setembro de 2007. As fontes utilizadas foram AG Book Stencil da Berthold (desenhada por Günter Gerhard Lange), para títulos, e família Amplitude de Christian Schwartz (comissionada pela Font Bureau), para texto. A pré-impressão, a impressão, a encadernação e o acabamento foram realizados na Gráfica Flamar, com tiragem de 1.300 exemplares, impressos sobre papel Reciclato 120 g/m2 e Offset 120 g/m2, para miolo, e cartão Duplex 330 g/m2, para capa. Intervieram sobre o projeto gráfico o artista Daniel Santiago, com a obra Paginassimpaginanão, e o coletivo Re:combo com Interferência nos papéis públicos.