No âmbito do Ano da França no Brasil
1
A Prefeitura de Belo Horizonte por meio da Fundação Municipal de Cultura apresenta: 5º FAN – Festival Internacional de Arte Negra de Belo 2
Horizonte. De 3 a 8 de novembro na orla da Lagoa da Pampulha. No ano da França no Brasil os congos daqui recebem os congos de lá. Música, dança, teatro, cinema, literatura, gastronomia, artes plásticas e artesanato. Artistas do Brasil, da África e do Caribe numa celebração da cultura da paz. Entrada gratuita. Mais informações: www.fanbh.com.br
3
música
Babilak Bah
4
Babilak Bah trabalha
alguns projetos, entre
com a arte de ritmar e
eles o “Enxadário –
tirar som de objetos.
Orquestra das Enxadas”
Também é poeta, pes-
e o “Enxadigma”, uma
quisador e arte-educa-
nova pesquisa que surge
dor e não se considera
a partir da possibilidade
um músico, nem um
de se fazer uma série
compositor no sentido
de instrumentos com
clássico, mas um artísta
o ícone enxada e um
do ruído. Em 20 anos
diálogo com a música
de estrada, construiu
eletroacústica.
5
Carlinhos Antunes Carlinhos Antunes é
Tarancón, Susana Baca
cantor, compositor,
(Peru), Carlos Nuñes
produtor, arranjador e
(Espanha), Paul Winter
multi-instrumentista
(EUA) e grupo Ron Ben-
(violão, viola, charango
gale (Romênia). Tocou
e percurssão). Como
no Marrocos, Peru,
instrumentista trabalhou Nicarágua, Holanda, em shows e discos com
Cuba, França, Inglaterra
Fátima Guedes, Jair
e Grécia.
Rodrigues, Oswaldinho do Acordeon, Grupo
6
Celso Moretti Celson Moretti é músico
do reggae favela, tipo
autodidata. Iniciou em
de música oriunda do
1984 sua carreira no
reggae jamaicano. Tem
reggae como compositor como principais influêne vocalista da banda
cias Luis Melodia, Marku
Nêgo Gato, considerada
Ribas, Itamar Assump-
a primeira do gênero de
ção e Bob Marley.
Minas Gerais. É criador
Cidade Negra Cidade Negra ĂŠ uma
mente um dos maiores
banda brasileira, ori-
nomes do Reggae
ginalmente de reggae,
brasileiro. Formado por
com outras influencias,
Alexandre Massau (vo-
como soul e o pop rock.
cal), Bino Farias (baixo)
A banda surgiu ainda
e Lazao (bateria). Suas
nos anos 80, na Baixada letras falam de amor e Fluminense sob a alcunha de Lumiar e ĂŠ atual-
problemas sociais.
7
Conexão African Beat O Grupo Conexão African ao utilizar técnicas de
8
Beat é coordenado pelo
tambor, djembê, congas,
músico, multi-instru-
tambores de base, can-
mentista, compositor
to, violão, interpretação
e arranjador senegalês
e dança, por meio de
Mamour Bá, e procura
arranjos sofisticados.
regatar os ritmos tribais
Fala Tambor O grupo Fala Tambor é o
contemporâneas a partir
primeiro grupo de sam-
da influência da cultura
ba de roda da cidade
de matriz africana. Todo
de Belo Horizonte e do
trabalho desenvolvido
Estado de Minas Gerais.
foi feito a partir de
Também foi o primeiro
pesquisas de ritmos e
movimento cultural tom- danças provenientes bado como bem cultural
dessa matriz durante os
imaterial afro-brasileiro
sete anos de existência
da cidade, no Inventário
do grupo. Atualmente
“Tradições Afro-Brasi-
possui um acervo de 80
leiras”, realizado pela
composições próprias,
Fundação Municipal de
nas expressões musicais
Cultura. Criado em 2000, de samba-de-roda, por Carlinhos de Oxossi,
congo-frevo e afoxés.
ogan, percussionista,
Ritmos variados como o
cantor e compositor,
quebra-caboclo, cabula,
o grupo Fala Tambor
mojolo, congo, arrebate,
é formado por um
rebate e barra-vento
corpo cênico-vocal, que
também integram o
produz suas leituras,
repertório musical do
criações e recriações
grupo.
9
10
Foto: Yuri Pimenta
Jorge Dissonância “Africane” é o nome
africanos, um mix de
do show deste artista
português (expressões
que se apresenta com
coloquiais), com Tupi e
um repertório que
outros falares, embalado
possibilita pensar uma
com fusões, variações
música extraída dire-
rítmicas brasileiras de
tamente da fonte com
diversas influências.
textos em vissungos
L’Indigo L’Indigo é atualmente
grande interesse voltado
“o” grupo de referência
ao idioma e tradições.
do maloya da Ilha de
Influenciados pelos sevis
Reunião. Revelado no
kabaré, cerimônias em
show de encerramento
homenagem aos seus
do Festival Africolor
antepassados, a música
(França), L’Indigo lança
do grupo L’Indigo provo-
seu terceiro álbum e
ca a transe. Fundado em
multiplica shows. Depois 1999 pelo cantor líder de “Misaotra Mama”
Olivier Araste, o show
(2004), “Zanatany”
de L’Indigo é conhecido
(2006) e “Lafrikindma-
pela energia cênica e
da” (2008) traduz as raí- a comunicação com o zes do maloya e do povo público. Pontuados de da ilha da Reunião: o en- gaita e sanfona, L’Indigo contro da África, da Índia é uma fúria de vozes e e mais especificamente
percussões que deixa
de Madagascar, com um marcas por onde passa.
11
Pereira da Viola 12
Pereira da Viola é violei-
folião Valdão que Pereira
ro, cantor e compositor,
aprendeu a tocar a viola
considerado um ícone
utilizando, simultane-
da viola caipira. Nasceu
amente, o tampo para
no Vale do Mucuri,
percussão, o que deu
Norte de Minas Gerais,
origem a suas famosas
impregnado pela cultura
batidas de contra-dança,
afro-indígena e pelo som batuques e voltadosdas folias. Foi com o
inteira.
Simone Soul Simone Soul é consi-
carreira como baterista
derada uma das mais
de uma banda de hard
atuantes percussionistas rock em São Paulo, na brasileiras. Apresenta
década de 80. Atual-
um espetáculo de rítmos mente acompanha Zeca brasileiros e linguagem
Baleiro.
de música eletrônica com enfoque na cultura popular. Iniciou sua
Tereza Morales e banda Cubana radicada no Brasil, Tereza Morales e banda fazem show espetacular com o melhor da salsa, do merengue, do mambo e do chá-chá-çhá.
13
Tiken Jah Estrela africana do
Tiken é um típico artista
reggae, Tiken Jah possui africano, com multipli-
14
um toque de tristeza
cidade de influências
combativa e incansável
artísticas (Dioula, Akan,
na voz. Natural da Costa
Senóufo, Brasileira, Afro-
do Marfim se exilou
americana) que espalha
em Mali para fugir das
pelo mundo a identidade
perseguições políti-
de seu continente. Em
cas por denunciar os
2003, na França, ganhou
costumes medievais do
o prêmio “Victoire de
casamento forçado e da
Musíque”, com os
mutilação sexual, bem
discos “Françafrique” e
como as perseguições
“Coup de Gueule” em
étnicas, que culmi-
função da linguagem
nam em verdadeiros
simples e direta que
“banhos” de sangue,
utiliza para criticar a tor-
que ainda acontecem
tuosa situação política e
no dia a dia do país.
social do seu país.
Foto: Youri Lenquette
Tom Nascimento convida Dokttor Bhu e Shabê Reconhecido como um
cena do hip hop de BH
dos principais nomes da
nos anos 80 –, e Shabê,
nova safra de com-
rapper despojado,
positores e cantores
letrista sensível e rebus-
de Minas Gerais, Tom
cado – com referências
Nascimento apresenta
literárias –, destacam-se
o show “TecnoGroove”,
como uma singular dupla
uma mistura de soul
do rap mineiro. Apesar
15
music com salsa, afoxé e da recente parceria, os variações do samba, que “broda” possuem anos vão dar num punch que,
de estrada pelos palcos
ainda, ganha percussi-
de BH. Moradores da
vidade com os timbres
região de Venda Nova,
eletrônicos. Juntos
o encontro foi inevitável
no último Hip Hop In
desde 2007, Dokttor
e esse freestyle já foi
Concert, tendo sido
Bhu, um dos fundadores
apresentado em eventos
agraciados pelo festival
da extinta banda Divisão
como o 4º FAN em 2007, como o melhor conteúdo
de Apoio – pioneira na
Conexão Vivo 2008 e
poético.
16 Foto: Levindo Carneiro
Vander Lee convida Elza Soares e Lokua Kanza Para o show a ser
Arthur Rezende (bateria),
realizado na quinta
Thiago Corrêa (baixo),
edição do FAN, o cantor
Luiz Peixoto (guitarra) e
e compositor Vander Lee Gustavo Figueiredo (tepreparou um espetáculo
clados), a apresentação
diferente de seu show
conta com as partici-
“Faro”, em turnê pelo
pações especiais do
país. Acompanhado de
congolês Lokua Kanza e
sua banda composta por da carioca Elza Soares.
Com Lokua Kanza a
Marcelo Yuka e Ulisses
parceria foi firmada mais Capelletti, “No balanço recentemente. Além de
do balaio” e “Galo e
dividirem o palco em
Cruzeiro” de Vander Lee,
alguns shows, compu-
entre composições em
seram canções como
ngala, dialeto da terra
“Vou ver” e “Outonos”,
natal de Lokua Kanza.
presentes nos álbuns recentes do africano e de
17
Regina Souza, respectivamente. Lokua ainda canta com Vander Lee Elza Soares possui uma
em “Do Bão”, faixa do
relação antiga com o
disco “Faro” (lançado em
artista. Foi através do
2009). Essas canções
primeiro CD de Vander
estarão no roteiro do
Lee lançado em 1997
show, além de sucessos
que a cantora o conhe-
dos três artistas e mú-
ceu e resolveu incluir
sicas que fazem alusão
a música “Subindo a
ao tema “africanidade
ladeira” de autoria dele
brasileira” e negritude,
em seus shows. Ele fez
como “Juventude Trans-
participações nos shows
viada” de Luiz Melodia,
de Elza e a convidou
“Ave Maria no Morro”,
para gravarem essa
de Erivelto Martins, “Fa-
mesma música em seu
ceira” de Chico Buarque,
CD “Ao Vivo” de 2003.
“A carne” de Seu Jorge,
Foto: Lucille Reyboz
teatro 18
Maurício Tizumba A história de vitórias e
tida, contos da cultura
resistência do negro,
afro-brasileira: “Orixás”,
que trouxe da África
“Zumbi dos Palmares”,
para o Brasil crenças
“Dandara”, “Saci Pere-
e costumes, é o tema
rê”, “Cosme e Damião”
central do musical
e “Nossa Senhora do
“O Negro, a Flor e o
Rosário”. A peça tem
Rosário”, novo trabalho
direção de Paula Manata
de Maurício Tizumba. O
e traz no elenco nove
espetáculo leva para os
atrizes negras.
palcos, de forma diver-
Fotos: Netun Lima
19
La Part du Pauvre convida Núcleo Bartolomeu As atrizes Eva Doumbia e Nana Triban, integrantes da companhia francesa “La part du Pauvre”, e o Núcleo Bartolomeu, de São Paulo, apresentam a performance “France du Brazil”.
performance 20
Cia Baobá A Cia. Baobá (Ágora
savanas, florestas e
do Ojá) é formada pela
desertos africanos e
bailarina-coreógrafa
os quilombos forma-
Júnia Bertolino, pelo
dos a partir das ações
dançarino-coreógrafo
de resistência face à
Willian Silva e pelo
escravidão) e de hoje
musicista e compositor
(mormente as cidades
Jorge África. Criada em
com sua desorganiza-
1999, desde então suas
ção social), no intuito
montagens buscam
de trazer a público
abordar o cotidiano do
uma imagem do negro
negro em seu habitat
em toda sua beleza e
natural de ontem (as
altivez.
Fotos: Netun Lima
Luis Cuti e Dj Raphão Prato do dia: Pretume – 7 contos Trata-se do encontro
em Teoria da Literatura
dos quais participa
da encenação com a
e Doutor em Literatura
e para outros grupos
literatura, com destaque
Brasileira pelo Instituto
parceiros. Participou do
a personagens da vida
de Estudos da Lingua-
Fórum Nacional de Hip
cotidiana, por meio da
gem – Unicamp. Foi um
Hop, e do Movimento Hip
interpretação de contos,
dos fundadores e mem-
Hop organizado brasilei-
relacionando-os em uma bros do Quilombohoje-
ro. Participa e organiza
teia rítmica de voz e
Literatura, e um dos
vários eventos e festi-
movimento. O espe-
criadores e mantenedo-
vais, como Festival pela
táculo apresenta uma
res da série Cadernos
derrota do imperialismo
sequência de monólogos Negros, de 1978 a 1993. no Iraque, o Hip Hop e diálogos presentes
Raphão participa do gru- ocupa a USP e o Festival
em alguns contos do
po Estimulamentes, da
contra as demissões no
escritor Cuti.
Banda Uafro, do projeto
ABC paulista. Atualmen-
Cuti é o pseudônimo de
Jazz e Rap Conde Favela te, organiza o Dia da
Luiz Silva. Nasceu em
e da Banda Audácia,
Cabeça Preta, evento
Ourinhos-SP, formou-se
que o acompanha nos
que reúne importantes
em Letras (português-
shows. Além de rimas,
nomes da cultura negra
francês) na universidade
Raphão produz algumas
e do movimento negro,
de São Paulo. Mestre
bases para os projetos
em São Paulo.
21
dança 22
Em edições anteriores,
cidade para com este
foram criadas estruturas evento patrimonial, e ações para promover
criando o Coletivo Fan
intercâmbios e cotejos
de Dança. Inspirado pela
de tecnologia e saberes. vida de Aimé Césaire e Neste sentido, foram
especialmente em seus
criados o Coletivo Fan
pensamentos sobre a
da Cena, o Coletivo Fan
Negritude, esta criação
da Imagem e a Rádio
é norteada pela obra
Ojá. Nesta edição o
“Cahier d’un retour au
Fan convocou artistas,
pays natal”. A idéia é
com foco na dança,
iniciar através desta
para acentuar ainda
linguagem, um diálogo
mais o sentimento
entre o Brasil e a África.
de pertencimento da
Foto: Natália Turcheti
Coletivo FAN da Dança A direção é de Patrick
Patrick também é o
Acogny, especializado
diretor artístico adjunto
em técnicas contem-
da École des Sables, no
porâneas e tradicionais
Senegal. Um centro de
de danças da África,
formação profissional
com sólida formação
para dançarinos da
nas técnicas de dança
África e fora de África.
contemporânea ociden-
Partindo de uma audi-
tal. Por uma década,
ção, foram seleciona-
dançou em companhias
dos sete artistas para
de dança na França e,
vivenciar um processo
em meados dos anos
criativo de confronta-
noventa, migrou para
ções e trocas. Estas
o Reino Unido, onde
vivências foram abertas
trabalhou com a com-
ao público em geral
panhia de Teatro Dança
e tiveram, além dos
Afro Caribe Kokum como participantes efetivos, coreógrafo residente e
ouvintes e observa-
diretor artístico. Hoje,
dores interessados no
encontra-se instalado
desenvolvimento desta
em França, na Bretanha. construção coletiva.
23
dança | cinema | palestra 24
Odum Orixás O grupo Odum Orixás
a entidade orienta seu
se desafia a fazer arte
trabalho a partir de
com o propósito de
pesquisas e reflexões
promover o desenvolvi-
sobre as trajetórias do
mento e a cidadania dos povo negro e as produafro-descendentes na
ções culturais de matriz
Grande BH. Constitu-
africana no contexto de
ído como Associação
Minas Gerais.
Cultural Odum Orixás,
Cinema para escolas Mostra Fespaco 40 anos Fespaco é um dos mais
ma é uma das principais
importantes festivais do
atividades econômicas
mundo e acontece na
do país. O Festival é
cidade de Ouagadougou, bienal e tem 40 anos em Burkina Faso, no
de existência. O evento
oeste da África. O cine-
acontece por toda a
cidade, em diversas
e oficinas de formação
salas de cinema, duas
para centenas de pro-
ao ar livre. Paralelamen- fessores oriundos de oute, acontecem shows,
tros países da África. O
encontros profissionais,
Diretor Geral do Fespaco
Mercado Internacional
é Michel Ouedraogo.
de cinema e televisão
África Negra
Fábio Leite
Permanência de práticas ancestrais Fábio Leite é autor do
USP. Trabalhou na África,
livro “A Questão Ances-
com socialização de
tral África Negra”, indi-
Educadores, na Costa do
cado ao Premio Jabuti.
Marfim. É especialista
É professor do Centro
em sociolagia da África
de Estudos Africanos da
Negra.
25
Literatura NegroBrasileira 26
Luis Cuti
Por meio de reflexões
forma audiovisual, um
sobre intertextualidade,
panorama da produção
“eu” poético, relação
literária dos afro-des-
história e literatura,
cendentes, destacando
metalinguagem, leitor/
os vários fatores que
texto/autor, além da in-
a influenciaram e a
fluência das ideologias,
influenciam.
a palestra apresenta, de
Vozes da paz: 3 Mestres Mestre Gilmar (Turma-
Rosário e São Benedito.
lina): Griot que explica o
Mestre Antônio (Minas
significado das cores das Novas): Tambores Ritufitas da Folia de Reis.
alísticos e Congada do
Mestra Lucélia (Bocaiú- Jequitinhonha. va): Participa do Catopê de Nossa Senhora do
Ori
Raquel Gerber
Raquel Gerber é soció-
de origem yorubá, povo
loga, cineasta, pesqui-
da África Ocidental.
sadora e conselheira da
Assim, numa definição
Cinemateca Brasileira.
mais sucinta pode-se
Ori, o filme: Abordando
dizer que “Orí” fala da
os movimentos negros
memória e da busca da
no Brasil e na América, a autoimagem do negro partir de 1977 e através
na modernidade. O filme
de suas lideranças, o fil- revela ainda a emoção me discute pensamentos da luta pela liberdade e ideologia. Resultado
do corpo e da alma
de 10 anos de pesquisa, dos povos da Moderniviagens e filmagens
dade do Ocidente: no
por vários Estados do
cotidiano, nas festas,
Brasil (São Paulo, Minas, como o Carnaval e nos Alagoas, Rio) e África
ritos como o Candomblé
Ocidental (Senegal, Mali
(terreiro Ylê Xoroquê),
e Costa do Marfim), num ressaltando o poder da trabalho que envolveu
Terra, dos Orixás e dos
mais de 100 pessoas.
ancestrais. “Orí” já foi
“Orí” significa “cabe-
premiado nos Festivais
ça” – consciência negra
Ouagadougou, na África,
na sua relação com o
Tróia, em Portugal e em
tempo, a história e a
Curitiba.
memória – um termo
27
exposições 28
Quatro jovens artistas afrodescendentes Até pouco tempo eram
oficiais – como nos
Gerais, Rio de Janeiro,
quase desconhecidas as salões de arte plásticas,
São Paulo e nos princi-
aventuras dos afrodes-
bienais e concursos
pais centros culturais do
cendentes no campo do
afins.
nordeste brasileiro foi
tão sonhado meio elitista A grande participação
rareando no século XIX
das artes plásticas do
dos artistas negros
com o surgimento da
Brasil. Tinham desa-
no século XVIII com o
Missão Francesa e da
parecido dos espaços
evento do Barroco e do
Academia Imperial de
alternativos, dos eventos Rococó na Bahia, Minas
Belas Artes, e mais ain-
da com o modernismo
Bahia; Jesuíno do Monte
e quase desaparecendo
Carmelo e Patrício da
na contemporaneidade.
Silva Manso em São
É sempre bom lembrar
Paulo; além de artistas
dos grandes nomes
do Século XIX, da Aca-
de negros e mestiços
demia Imperial de Belas
dessas épocas áureas
Artes, como Estevão
das artes no Brasil:
Silva, Firmino Monteiro,
Antonio Francisco Lisboa Rafael Pinto Bandeira e – O Aleijadinho – em
os irmãos Arthur e João
Minas Gerais; Manoel da Timótheo, estes com Cunha, Mestre Valentim
produção até o início
e Leandro Joaquim no
do Século XX, quando
Rio de Janeiro; Teófilo
faleceram; e por aí vai
de Jesus, Francisco
a grande contribuição
das Chagas – O Cabra
desses artistas na cultu-
– e Franco Velasco na
ra e nas artes plásticas
29
do Brasil.
graffiti tem em Alex
Assim é que festejamos
um grande e refinado
esses jovens artistas,
criador, seus persona-
suas vocações e as suas gens tem características
30
diversas linguagens,
próprias na sua morfolo-
que a princípio definem
gia assim como na sua
o talento e o largo
ação, como se fosse um
caminho que eles tem a
personagem de história
percorrer.
em quadrinhos. Mas
Alex Hornest – sua arte
vale ainda ressaltar a
nasceu na chamada
grafia e a técnica adqui-
Street Art (arte da rua)
rida por esse artista, na
os conhecidos grafiteiros substituição do pincel que a cada dia ganham
pela agilidade do ma-
mais prestígio nas
nuseio do spray, técnica
galerias de arte do Brasil essencial para a prática e do exterior. A arte do
do graffiti, assim sua
obra aos poucos vai se
interpretar seu sentir.
enquadrando na dimen-
Sidney Amaral – um
são da obra de arte, da
outro artista que tam-
arte que sai da rua para
bém evoca a mate-
um novo enfrentamento
rialidade dos objetos,
da própria obra de arte.
em muitos dos seus
Washington Silvera –
trabalhos ele transforma
um criador de sensa-
o frágil ou o leve em
ções materiais, pela
pesado, o efêmero em
dimensão em que tra-
definitivo, ou ainda a
balha com a experiência
essência dos materiais
de iludir e de fazer sentir normalmente usados a relação das coisas
nas artes plásticas. Essa
que são propostas nas
relação surreal e provo-
suas instalações, seja
cativa com que ele lida
com sua intervenção na
as suas propostas eleva
natureza, onde todas as
seus objetos a uma nova
coisas se excedem no
concepção da função
espaço e na realidade,
antiga. Assim é que essa
ou nos objetos do coti-
cornucópia de moedas
diano em que ele inverte armada no espaço se a materialidade. Vejam
opõe à sua função de
essas fotografias onde
realidade material.
ele propõe uma nova
Tiago Gualberto –
versão dos cinco senti-
completa esse time de
dos, tendo o seu próprio
artistas intrinsecamente
rosto como modelo para
unidos pelo expressar
31
32
suas criações plásticas
Brasil. Poderíamos per-
buscando, cada um
guntar quantos homens
com sua inventiva, a
e mulheres – escravos
transformação material
africanos – foram con-
das suas apropriações.
sumidos na produção do
Nesse caso, o artista
“ouro negro” no século
propõe ainda uma posi-
XIX. Claro que a obra de
ção política com esses
Tiago não responde essa
coadores de café, onde
angustiosa pergunta,
ele imprime suas xilo-
mas ela homenageia no
gravuras de rostos rea-
presente a memória de
listas de negros, numa
um passado recente.
provação histórica para resgatar a memória de
Emanoel Araujo
escravos africanos como Curador plantadores de um dos períodos de riqueza do
Diretor | Museu Afro Brasil
33
Eustáquio Neves Fotógrafo autodidata,
técnico em química
fia (1997), entre outros.
desde 1984 atua como
na Escola Politécnica
Em 1999 foi contempla-
freelancer na área de
de Minas Gerais, Belo
do com o programa de
publicidade e de docu-
Horizonte (1989). Foi
residência da Gasworks
mentação. Desenvolve
premiado ao longo de
Studios and Triangle Arts
trabalho de expressão
sua carreira com o 7º
Trust com suporte da
pessoal em fotografia e
Prêmio Marc Ferrez de
Autograph de Londres.
realiza pesquisas com
Fotografias, Funarte
Dedica-se a pesquisas
técnicas alternativas
(1994), Prêmio Nacional
de caráter etnográfico
e multidisciplinares,
de Fotografia, Funarte
junto às comunidades
manipulando negativos e (1997) e Grande Prêmio cópias. Completou curso J. P. Morgan de Fotogra-
negras.
34
realização Prefeitura Municipal de Belo Horizonte prefeito Márcio Lacerda Fundação Municipal de Cultura presidente Thaïs Velloso Cougo Pimentel chefe de gabinete Luciana Ferron diretoria executiva Edilane Carneiro Geraldo Venuto Solanda Steckelberg diretoria de ação cultural Solanda Steckelberg diretoria de equipamentos especiais Rodrigo Barroso
casa do baile Rachel Murta co-realização APPA (Associação Pró Cultura Palácio das Artes) projeto, curadoria e direção artística Adyr Assumpção e Rui Moreira produção executiva Plural Entretenimento design gráfico GuiliSeara Design exposição jovens artistas negros artistas expositores Alex Hornest Sidney Amaral Tiago Gualberto Washington Silvera curadoria Emanoel Araujo assistente de curadoria Cláudio Nakai
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36
apoio
co-realização
realização