LABIRINTO – DA ESPERANÇA À PERDIÇÃO
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Poesias reunidas 3
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Belo Horizonte - 2017
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Capa: Vitor Corleone Moreira
Labirinto/ Vitor Moreira – Belo Horizonte I. Poesias reunidas
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A pintura Universo Humano de 2004, que retrata toda a minha criação artística. Basicamente há em cada ser vivente um universo pessoal repleto de semelhanças, independente do caráter das pessoas, das crenças, das tradições...em cada universo pessoal há um céu de estrelas, luz e mistério e uma terra de prazer e realização. É como se cada um dispusesse a sua imagem de mundo da forma que melhor lhes convém, mas todos pactuam de uma semelhança muito grande em relação aos elementos que constituem a subjetividade e o contexto social como um todo. 7
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Labirinto – Da Esperança à Perdição, um livro que retrata dois momentos distintos de um mesmo sonho: a possibilidade de realização e o esmaecimento da esperança. Esse é o décimo oitavo livro de minha obra literária, composto de poesias reunidas entre os anos de 2016 e 2017. Em nossas vidas estamos sempre aprisionados aos desejos, aos momentos e às oportunidades de sermos felizes. A existência do homem no planeta sempre visou primeiramente a sobrevivência e uma busca de explicações para as suas origens e o destino, os rumos que a existência percorrerão e qual será o resultado da vida. Nesse sentido, a necessidade de encontrar a felicidade se mostra como um elemento entremeado à vida de cada um. Um hedonismo prático e objetivo, onde através do desejo de felicidade, cada um busca evitar o sofrimento e buscar sempre a felicidade, o prazer e a realização. Os sonhos se tornam um elemento de embriagues diária de cada indivíduo, onde consegue guardar suas aspirações em sua forma mais perfeita, pura, na ausência das marcas, chagas e feridas da vida real. Contudo, a realidade na quase totalidade das vezes é um ceifador voraz que vem e rouba o sorriso e a felicidade. Pior é quando não é a realidade, e sim o intelecto maléfico e inescrupuloso das pessoas que se revela. O desengano com as pessoas é revelador! É antes de mais nada uma saída de um labirinto de sonhos. Em um primeiro momento a mágoa, a dor, o desespero, uma ausência total de felicidade e um misto de ódio e sentimento de vingança. Mas depois de tanto vivermos e nos desiludirmos sempre em nossas vidas, não seria uma questão de tirar um peso da consciência? Continuar em um erro, em um sonho sem 8
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fundamento de felicidade é embriagar o interior do ser com um desejo que nunca vem. Não há felicidade onde existe o erro, a falsidade e o sentimento momentâneo de amor ou de paixão, mas que com o tempo se revela em apenas interesse e conveniência. Vida é como a essência de um labirinto: vivemos sempre procurando a felicidade, uma saída para os problemas, para a solidão e um refúgio para os maiores anseios de felicidade e realização, entretanto, apenas nos deparamos com caminhos que não têm saída e sempre é necessário retornar, corrigir o que está errado, mudar de rota, seguir uma outra estrada. À procura de uma porta que nunca chega, uma felicidade que nunca vem, andando perdidos por caminhos que não levarão a lugar algum e ao final de mais uma caminhada, o corpo cansado, o olhar pesaroso e a incerteza sobre a felicidade são as únicas verdades que se podem apalpar. Esperanças perdidas. Triste é despertar e descobrir que tudo aquilo que foi sonhado e o que se procurou com voracidade é uma utopia. Sair do labirinto que aprisiona a vida humana é impossível! Tal qual um peixe em um oceano, jamais terá asas para voar ao espaço. Será sempre prisioneiro do oceano. O amor se tornou sentimento arredio nos últimos tempos! As pessoas se deixam levar demais pelo desejo carnal, a aspiração do momento, a fissura. Na verdade é como se já não existisse o amor, nos moldes em que foi desenvolvido para ser um elo de ligação entre os seres. Desregrado, sem fidelidade e sem pudor, como espinhos planejados nas paredes do labirinto por onde cada um caminhará na busca da felicidade. O amor é sentimento 9
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bandido, que rouba a felicidade das pessoas, e na maioria das vezes é um lobo devorador de sonhos, disfarçado sob o mais belo olhar esverdeado, ou os mais sedosos cabelos. É difícil de se reconhecer o diabo quando ele se veste com doçura e usa maquiagem para esconder a imperfeição de seu caráter. Os maiores enganos dos homens em relação ao amor residem justamente na proporção entre o que se pode sonhar e o que o destino trás até o seu desejo. Até as ervas daninhas são produzidas da terra que alimenta a fome do mundo. É difícil de se diferenciar em um primeiro momento da vida aquilo que presta, daquilo que é podre de corpo e espírito. Difícil, improvável e obsoleto, pois é natural do homem aprender com os erros ou jamais aprender e continuar errando seguidas vezes. Um labirinto é como os obstáculos que a vida impõe, que os falsos amores plantam, que nós mesmos desenvolvemos, porém em muitos casos, é mais conveniente uma porta fechada e se perder numa procura incessante por uma felicidade que nunca vem, porque descobrir a verdade é libertador demais para ser gostoso. A verdade é dolorosa, porém é dor que se sente só naquele momento, depois passa. Viver uma vida inteira procurando e buscando uma saída que não existe, uma felicidade de momento, como vinho que embriaga e depois de um tempo provoca enxaqueca, é um fardo mais pesado para se carregar.
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Coração... Apaga de meus lábios a tristeza Se bate em meu peito me fazendo viver Retira dos meus olhos essa nuvem de lágrimas Devolve ao meu rosto o prazer pela vida Meus passos tristes na calçada Acompanham os pensamentos perdidos Sem destino, direção As portas do casebre rangendo chamam a solidão Quanta saudade Declino o corpo sobre o travesseiro gelado Enquanto nas paredes do quarto minha tristeza ecoa E embora ainda me doa a dor da ausência Tú coração me dizes de forma suave Para acreditar Acreditar que o amanhã que não conheço Trará o sorriso no clarão da aurora A volta da alegria e a chama que arde no clamor da esperança Aos céus! Oh céus...por tudo Que há de sagrado Leva de mim a angústia amarga que inflama o querer Saudade é dor que mata e não perdoa Mas sei... Há um rio de lágrimas límpidas e cristalinas Percorre as mãos do tempo E se deitam sobre a minha paixão 11
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E ainda que a vida rouba os sorrisos Não foi em vão que vivi Pelo que acreditava Sonhar que o destino forjaria em fogo Ardeu almas que sequer se apegam E testemunham que existe amor Ah coração, sofre junto agora Divide com seu dono essa dor tão pura Inocente e branda de quem só amou Sem se arrepender de se entregar sonhando Ao que há de mais puro, refém Sem manchas para impedir Embora a vida reservou na prisão sem grades Lágrimas apenas
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Quem roubou o meu sono Ou foi a dor de uma tristeza ingrata A solidão que me maltrata e mata Ou a saudade que sorri de mim Nem sei quem são nas vozes que ecoam Nos cantos negros dessa casa fria Eu já nem sei o que é alegria Mas sei que amor nos faz sofrer assim Não há glória sem batalha ardente E quem não planta uma só semente Não pode ver o seu jardim florido Por isso espero nesse labirinto O amor tão puro que jurou estar vindo Pra curar um peito que sofre ferido
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Ela luta contra a dor que abala Que proíbe tudo e não pode ousar Restringir um sonho que se ousou sonhar E só seu coração apaga um grande amor Nem as desventuras de uma longa espera Apogeu das flores sob a primavera A saudade brava que a fez chorar Em seu quarto frio sob o cobertor Quiçá desista do que já sentiu Como o brinco que o rio levou E deixou a menina chorando Sempre há alguém na espera e a vida é labirinto Toda nuvem negra esconde um sol sorrindo E a felicidade sempre está esperando
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Acreditei no amor Esperei Uma flor para tocar de leve Com seu jeito de fazer feliz Lágrimas invadiram olhos De tristeza...de tudo Esperei Uma espera de sonho De fantasia Expressão encantada Olhares que se cruzassem Vidas que se completassem Um momento eternizado Esperei pelo dia certo Sorrir para variar E secar a solidão dos olhos Esperei para me cobrir com manto Cobrir meu corpo e demonstrar Que é possível amar É possível Esperei e não me importo De esperar mais algum tempo Uma vida é eterna espera E nunca é tarde para encontrar Ou para poder viver Com um amor 15
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Nos dias claros de sol Seu olhar é o arrebol Verdes claros, a aurora E me apaixonam O sorriso a alabarda Seduz minha cor parda Sou refém da solidão Martírio dos que amam Eu queria vê-la, ora Revelar princesa, agora O amor por você Que vem do coração Tempestade de emoção Que morre e volta a viver
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Queria ser o sol Para todas as manhãs Estar com você E motivar o brilho selvagem Dos seus olhos Queria ser a lua Para acolher seu espanto Iluminar o escuro Acompanhar seu sono Receber a essência Dos seus sonhos tão belos Ser cúmplice da brisa Que leva seu perfume Nos muros altos De sua casa Eu sempre estaria contigo Ou nas manhãs Ou anoitecer Para te ouvir, te iluminar E ver você dormir E mesmo se desse errado Não fosse Igual ao que sonhamos Sendo o brilho da lua Eu seria o último A me despedir de você E sendo o sol Seria o primeiro a te avistar 17
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Queria te ver sempre bela Flor da primavera No lençol da relva Seus cabelos de pluma sedosa Cachoeira da selva Percorrendo as matas Onde moram pardais Olhos de esmeralda Cândidos! Absoluta! E as palavras, brisa fria Refrescam meus dias Seus braços de cisne Declinados perfeitos Em nosso amor matinal Não por amor Nem por paixão Que é perfeita para mim Mas porque na vida De uma primavera florida O destino me deu a melhor flor
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Se as rosas pudessem falar Revelar agora a minha tristeza Olhando o jardim tão cheiroso A doce brisa do ar E o céu repleto em beleza Com as estrelas brancas da noite Sei que elas agradeceriam O orvalho tão doce e frio Que vai caindo em silêncio Talvez consolassem a saudade Sua voz que ecoa como som das sereias Os risos – meus contos de areia Que o coração escreveu aqui De uma pedra bruta sua jóia rára A carência que o orvalho cala Na noite escura de um jardim de flor
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As ondas são anjos que sacodem o mar Que tremem, palpitam, banhados de luz... São anjos que correm a brincar E no leito de escuma revolvem-se nus! E quando de noite vem pálida a lua Seus raios incertos tremer, marejar, E a trança luzente da maré flutua As ondas são anjos que brincam no mar! Não dormem nem sonham. O vento do céu Vem tímido à noite seus seios beijar. São brisa suave reféns do adeus Enquanto minhas lágrimas correm pro mar. E quando nas águas os ventos suspiram, São doce e danone os ventos e o mar. São beijos que queimam, manhãs que inebriam E os anjos brincando nas ondas do mar! E quando a saudade maltrata o amor Os ventos, as chagas, o choro, o penar... Dor que não consente, coração sem flor Os anjos já não brincam nas ondas do mar
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Chove novamente nos meus olhos Previsões de novas tempestades Não suporto mais a dor que mata Essa dor tem nome de saudade Se te fiz chorar perdoa amor Quem dera se ao chorar formasse um rio Pra refletir a imagem dos seus olhos E encher meu coração que está vazio Não queria mais perder momentos Medos que povoam nosso olhar Vou secar seu pranto com meus beijos Só você me faz acreditar Esse tempo ingrato impõe a espera Mas sei esperar pra ter você As lágrimas eu sei que o tempo seca Eu guardarei o lenço pra você
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Se eu precisasse Viver a vida sem você Os meus dias seriam vazios As noites longas e geladas Com você por perto existe encanto Eu já me apaixonei antes Mas nunca tão forte Não era assim Seus sonhos são como pétalas de rosa A levam onde desejar estar Quem dera tocassem meu rosto E limpassem a tristeza A estrada não é fácil Um labirinto de portas fechadas Se revela diante dos olhos Estarei torcendo por você Para que encontre a saída Há uma luz além do horizonte Um novo céu Uma nova terra Onde dois serão um só
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Deu amor inesquecível Começou num dia incrível Se tornou infinito Em meu coração Um amor bonito Igual ao que sinto Mais que mereço Tão intensa paixão Acaso do destino Se voltas pra mim Pela sentimentalidade Seja doce até o fim Quem me dera sem fim Para a eternidade
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Quero seu abraço e seu sorriso O seu cheiro no anoitecer Os seus cabelos sobre o meu rosto Sua voz pra acalantar meu ser Seu amor apaga o desgosto É uma fonte de imenso prazer Seu olhar me toca igual a brisa A saudade acaba quando estou com você Quero seu carinho todo o tempo Para encher meus dias de felicidade O que a mão do tempo desenhou no coração que sonha e sofre, luta e vence com dignidade, a poeira da distância jamais levará Eis o meu amor caído ao solo frio Pra que tu recolhas sobre seus dedos E esmague quando deixar de me amar
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A sua voz é como o doce som da vida Suas palavras são minhas flores do campo Os seus sorrisos são nuvens tão claras E meus desejos são pássaros sem casas Eu vou viver por alguns anos sem o mel Sob a promessa de em terra santa ser teu céu Fortaleza pra abrigar o seu amor De dia, nas noites...onde for Eu quero ser teu pão de cada dia D receber o seu mor como despojo Pra alegrar minha vida a cada aurora Quero ser o mel que adoça a sua boca Ser o grão de amor e de amizade Que cresce mais a cada dia, a cada hora
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Se eu for pensar tudo na vida Em tudo que eu gostaria E o que o meu interior precisava Para ser feliz Pensaria em você o tempo todo Esquecer você é como perder minha identidade Me transformar em uma outra coisa Mudar a minha personalidade E apagar a melhor parte da minha vida Assim é o amor Como assombração que muitas bocas falam E poucos olhos veem Desperta princesa A luz da tarde é cálida Os passarinhos vão se recolher E a brisa vai levar saudade minha Em seu universo descobri Que entre o sonho e a realidade Existe a felicidade A minha Para deixar de ser um sonho Precisa da sua presença
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Vem sonhar o amor real E realizar o sonho de uma vida De ver a primavera florida Com as flores lindas do amor Nos meus braços sua proteção Que meu sentimento oferece Serei o cobertor que aquece Seus braços que querem calor Esse sentimento real Que não se inclina pro mal Somente para o bem-me-quer Apaga a dor da solidão Reflete o amor e a paixão Contigo -ab aeterno – mulher
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Como é bom olhar seus olhos Delicados, jovens, puros Que iluminam todo o escuro E aquecem meu coração Duas luzernas acesas Faróis do meu sonhar Destino do além-mar Remédios contra a solidão A força e o esplendor da selva E a cor verde da selva Onde o sol não pode entrar Flor! Seu olhar tão bonito Quando me promete o infinito Inspira o coração a sonhar
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Olha como a flor se acende Quando seu sorriso Está presente no amanhecer A esperança aparece E me faz sorrir também Olha que esmeraldas lindas Reluzindo como espelho Um encanto tão sublime Tão brilhante Mais quentes que o sol Sem palavras me curvo Ao encanto do seu rosto Que povoa minhas lembranças E viajo em ternura Aventuro-me em sonhos joviais Bela! Perfeita! Muito mais do que podia Para delírio de quem Somente pode admirar
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Olha nos meus olhos Sente o meu desejo Eu não quero mais Ficar sem você Vê que noite calma Longe do seu beijo Apogeu sem paz Longo amanhecer Que a madrugada antecede A solidão que pede O arrego da vida Os braços da pessoa querida Os beijos Que negou o adeus Flor! Meu paraíso real Princesa de amor sem igual Que ensinou num beijo Que onde existe amor Não floresce o adeus Não, porque a vida é quem ensina Decide os rumor do além-mar E o que vai acontecer E eu te escolho menina Por amor, pra te amar Meu tesouro maior é você 30
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Eis o meu corpo Tantas vezes colocado à prova Marcado de espinhos Sem carícias tenras O sangue a correr nas veias E o coração que bate forte Abandonado dentro de mim Eis o meu sonho Arredio e esperançoso Rondando meu interior Sem jamais ter visto a realização Eis a minha vida Os olhos regem a orquestra A boca resseca de sede da felicidade Eis a minha existência inteira Agora é seu despojo Cativo, entregue sem ousar lutar Pois sei que ao recolher do chão Meu coração e os sonhos Os colocará onde poderão viver Pra esquecer das marcas dos espinhos E ver as flores nascer no deserto
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Uma vez um pingo de chuva Ao cair do espaço Ergueu as águas do oceano De tanta alegria ao reencontrar As águas que tanto amava Das quais foi separado Quando o sol lhe ascendeu Se uma simples gota Que não pode sozinha Irrigar um deserto árido Sacode as ondas do oceano Corações que se diferem Ao se encontrar Por si só são capazes De criar estrelas no céu Criar um novo apogeu Reluzir tal qual manhã Eternizar-se no tempo Deixar marcas na história Que nem o adeus pode apagar
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Contemple a minha dor e o meu sufoco O ódio que se estampa em meu rosto velho Nem a luz da lua cheia clareia um olhar sombrio O vazio da alma nem mesmo um universo pode preencher Vê, como é robusta a face do desgosto Pura como o fogo que consome uma carta Quente como o sol que arde em meio ao nada Ela quer te vencer e não esquece a vontade O gosto do café é como fel e rasga a goela Em um pouco de lucidez pensamentos sobre a vida Não há saída porque a vida é corredor sem portas E agora já não há mais nada a se fazer Vê o que resta senão o sufoco As horas não importam, pois tudo é um mesmo ódio O tempo perde o significado Não há sentido em mais nada
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Se há alguém aí que entre A porta está aberta Eu não quero me levantar daqui Não fique aí como se escutasse tudo Se está atrás da porta possui motivo Se veio até aqui há uma razão Eu não vou me levantar
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Maquiagem negra Salto, rimel, lápis Pouca roupa Brilhos sem sentido Rosto brilhando pela máscara Uma nova vida A vida de outra maneira Vai A madrugada espera Não existe nesse palco nada além de fábulas Os risos embebidos em licor São nuvem que se dissipa no ar Gostoso mas dura só uma noite Vai A madrugada espera E com ela o frio bem gelado À procura dele que não chega Quem sabe amanhã Ou quem sabe nunca virá E cada noite um novo engano
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O melhor momento De todos os dias É quando esqueço tudo Um vazio puro Tudo Porque todo o resto É ruim demais
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Labirinto – Da Esperança à Perdição é o novo livro do artista Vitor Corleone Moreira. Uma linguagem simples de dois momentos distintos da vida, que são o sonho e o desapontamento. Poesias reunidas escritas nos anos de 2016 e 2017. Outras obras do autor são Renascendo da Cinza – A Democracia é do Povo; Emoção – Causos do Cotidiano; Rei Sitae – Onde a Coisa se Encontra; Frenesi – A Poesia da Vida; O Coração Não Nega; Soneto – Convite Para Sonhar; Quarenta Passos Até o Campo; É Que o Amor Morreu no Belvedere; Petrúcio; Desfragmentação – O Formigueiro de Ilê-Ifé; O Lavrador das Lavras Vazias; Carnaval em Raul Soares e Amor de Veraneio – Uma História de Verão sendo seu primeiro livro escrito em 2001. Completa o acervo do artista o CD Marcas da Paixão, de samba romântico. 38
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