Revista Vitória - Fevereiro 2019

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Ano XIII | Nº 162 | Fevereiro de 2019

REVISTA DA ARQUIDIOCESE DE VITÓRIA – ES

O frágil

espaço público

brasileiro pág. 11



EDITORIAL

SOLIDÁRIOS SEMPRE Fomos surpreendidos no final de janeiro com mais uma tragédia, desta vez em Brumadinho, MG, provocada pelo rompimento de uma barragem. A Revista Vitória solidariza-se com todos os que sofrem, seja pela morte de parentes, amigos e conhecidos, seja pelas perdas ambientais que também atingem as pessoas. Nesta Revista temos sempre o objetivo de buscar pautas em favor da pessoa e preservação do meio ambiente, e, por isso, lamentamos o acontecido e reafirmamos nosso empenho em buscar trazer aos leitores, textos que nos sensibilizem para essas questões. A Arquidiocese de Vitória celebrou uma missa pelas vítimas como forma de participar deste momento e juntou-se à Igreja Católica no Brasil para fortalecer iniciativas de apoio. A você leitor reforçamos o apelo para que faça o que lhe for possível em vista de aliviar o sofrimento dos atingidos. Seja solidário! Seja humano perante as tragédias humanas e evite-as com pequenas atitudes no dia a dia! Boa leitura!

Maria da Luz Fernandes Editora

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Publicação da Arquidiocese de Vitória / ES • ISSN 2317-4102

Fevereiro de 2019

19 O que é socialismo? ASPAS

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Uma proposta política e econômica que surgiu no final do século XVIII, no marco da Revolução Industrial, para confrontar o capitalismo.

ATUALIDADE

O novo governo e as políticas públicas.

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PAUTA LIVRE

Caminhos de esperança. Acolher, proteger, promover e integrar os migrantes e os refugiados.

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SUGESTÕES

Santa Cruz, em Aracruz. Um paraíso capixaba.

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REPORTAGEM Santuário Nossa Senhora da Saúde: natureza e fé

IDEIAS Presente e presença, instante e corpo

17 21 33 36 41 42 45 46

Mundo litúrgico Espiritualidade Lições de Francisco Caminhos da Bíblia Flashes do cotidiano Fazer bem Arquivo e memória Aconteceu

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MISSA DE POSSE

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DIETAS ENGORDAM

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FELIZ ANO VELHO

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VIDA COMUNITÁRIA

Especial

Viver bem

Economia política Catequese

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ENTREVISTA

Grupo Abraço: quem cuida também precisa ser cuidado. Entrevista com a psiquiatra e psicanalista Maria Benedita Reis.

Arcebispo Metropolitano: Dom Dario Campos • Arcebispo Emérito: Dom Luiz Mancilha Vilela • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098–ES • Repórter: Andressa Mian / 0987–ES • Conselho Editorial: Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Vander Silva, Milena Cabral • Colaboradores: Pe. Andherson Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi • Revisão de Texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: vlorenzetto@redercres.com.br – (27) 3198-0850 • Fale com a Revista Vitória: mitra.noticias@aves.org.br • Diagramação e Arte de Capa: Paulo Arrivabene • Impressão: Gráfica e Editora GSA – (27) 3232-1266


REPORTAGEM

SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DA SAÚDE: O ENCONTRO DA NATUREZA COM A FÉ “Um lugar de paz e devoção”. Assim, o bispo emérito da Diocese de Colatina, Dom Décio Sossai Zandonade, definiu o Santuário Nossa Senhora da Saúde, em Ibiraçu, onde atua como reitor. Quem chega ao local logo percebe o que Dom Décio quer dizer e nota uma atmosfera especial onde a natureza e a religiosidade popular interagem com grande força.

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REPORTAGEM

Foi justamente a força religiosa do povo e a tradição que trouxe de volta para o lugar de origem a Festa de Nossa Senhora da Saúde. Os missionários combonianos chegaram em Ibiraçu na década de 50 para construir o Seminário, hoje Instituto Espírito Santo de Inovação Social (IESIS). Durante o tempo que permaneceram na região, os missionários transferiram a festa, celebrada tradicionalmente no dia 21 de novembro, para o dia 15 de agosto e mudaram também o local passando a realizá-la no Seminário, onde também construíram uma capela para Nossa Senhora da Saúde. “Quando eles foram embora, por volta de 1997, o povo voltou a realizar a festa no dia 21 de novembro, na igrejinha, no mesmo local onde a devoção havia iniciado. É interessante, pois não adianta mexer com a tradição do povo”, observou Dom Décio.

A devoção vem de longe, foi trazida para a região por imigrantes italianos em meados de 1880. Eles construíram uma capela dedicada a Nossa Senhora da Saúde, e em sinal de devoção, fixaram no interior da capela um quadro de Nossa Senhora. “Foi a primeira igrejinha, possivelmente construída com madeira e estuque, e neste local iniciaram a tradição de rezar o terço, fazer os pedidos 06

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No dia 22 de dezembro, Dom Geraldo Lyrio Rocha, o primeiro bispo da Diocese de Colatina, esteve no Santuário para celebrar os 20 anos do Santuário Nossa Senhora da Saúde. Foi ele que em 1988, como conta Dom Décio, teve “uma inspiração celeste e na missa que presidia teve a intuição de decretar a igrejinha, Santuário Diocesano”.

e agradecer as graças alcançadas. As pessoas recebiam as graças e voltavam para agradecer e fazer mais pedidos. Em 1928 foi construída no lugar da capela, uma igrejinha de tijolos, que foi restaurada e continua sendo visitada pelos romeiros que vêm ao Santuário”, contou. A romeira Maria de Fátima Lemos, foi ao Santuário com a Romaria do Apostolado da Oração no dia 15 de dezembro do ano passado, e conversou com a reportagem da Revista Vitória. Ela disse que conheceu a antiga igrejinha e a visitou muitas vezes quando era criança. “Morava pertinho e tudo isso aqui era um sítio. Muitas famílias vinham rezar e participar das festas de Nossa Senhora da Saúde. As crianças ganhavam laranjas após as rezas. Foi um período muito bom”, contou.

“Para mim isso foi uma coisa de Deus e de Nossa Senhora, porque não é comum escolher uma igrejinha meio abandonada e decretá-la santuário, mas aconteceu. Depois Dom Geraldo foi transferido para Vitória da Conquista, e quando eu assumi como bispo, consegui que o Papa Bento XVI decretasse Nossa Senhora da Saúde a padroeira da Diocese de Colatina. Aí a coisa se alastrou facilmente. Esse foi um momento muito importante dessa história”, afirmou.

ROMARIAS

Os visitantes e romeiros chegam de toda parte do estado e também de algumas regiões do Brasil, principalmente do sul da Bahia, e o atendimento acontece de 7 às 20 horas. As missas são celebradas aos sábados (18 horas), aos domingos (8h30 e 18 horas), e todo dia 21 de cada mês, dia consagrado a Nossa Senhora da Saúde, as missas são celebradas às 7 e 19 horas.


Nos dias em que estão agendadas as romarias, mais de 100 voluntários trabalham no local, além da equipe de serviço. Dom Décio fala com muito carinho dos voluntários, que não medem esforços para atender os romeiros. Para ele, que celebra as missas e atende às confissões diariamente, o número de visitantes tem aumentado tanto que há necessidade de mais um padre ou um grupo de religiosas para auxiliar no acolhimento dos romeiros. “Nós chegamos a atender mais de 2 mil pessoas em um único dia”, conta Rosimeri Rosário, responsável pela cozinha do Santuário, e pelos agenda-

mentos das romarias. O número de visitantes também é grande na época da novena de Nossa Senhora da Saúde, em novembro, quando é celebrada a festa.

Mas o aumento de visitantes é mais um estímulo para Dom Décio, que impressiona pela dedicação ao Santuário e pelo carinho e docilidade com que trata cada romeiro que se aproxima dele. São abraços, beijos e apertos de mãos calorosos, dedicados a quem veio de longe agradecer ou fazer seu pedido especial a Nossa Senhora. Foi um pedido especial que levou a senhora Carmelita Soares Vieira ao Santuário, mais

precisamente à “sala dos milagres”, onde centenas de pessoas deixaram escritos os pedidos a Nossa Senhora da Saúde e os registros das graças alcançadas, como fotos e resultados de exames de pessoas que foram curadas. “Peço pela saúde de minha irmã Luzia, que viveu muitos anos com pressão alta e agora está diabética. Tenho fé que Nossa Senhora da Saúde vai interceder a Deus por ela”, disse emocionada.

A senhora Carmelita é uma das centenas de romeiros que chegou ao Santuário em um dos 12 ônibus de Vitória, com grupos do Apostolado da Oração.

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REPORTAGEM

“Durante o ano recebemos também as romarias da Educação, do Terço dos homens, da Pastoral da Sobriedade, a da Pastoral da Criança, entre outras temáticas. Eles vêm para agradecer e pedir proteção para o trabalho que realizam”, contou Dom Décio.

Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, bispo da Diocese de Colatina, também fala com entusiasmo sobre o Santuário. “É o maior Santuário do norte do estado! Esse título de Nossa Senhora atrai muitas pessoas que pedem pela saúde, emprego, proteção... As pessoas vêm de vários lugares e é um ponto importante de espiritualidade em nossa Diocese”, afirmou. Todo dia 21 de cada mês, explicou Dom Wladimir, as 700 comunidades da Diocese de Colatina fazem um momento Mariano a Nossa Senhora da Saúde. A devoção, afirma o bispo, fortalece a caminhada espiritual dos fiéis, aumentando também a devoção a Nossa Senhora e o amor a Jesus.

Para quem quer passar mais tempo no Santuário, explica Dom Wladimir, há a possibilidade de hospedagem no IESIS, que comporta até 120 pessoas. Grupos acima de 30 pessoas, entretanto, podem agendar a chegada para os sábados, com saída aos domin08

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gos, participar da programação das missas e confissões no Santuário e também assistir duas palestras sobre Nossa Senhora, ministradas pelo padre Edgar Rigone, pároco da Paróquia São Marcos.

Segundo Dom Décio, a relação do Santuário com a paróquia sempre foi boa e é um desejo dele que também os romarios possam ficar hospedados no seminário. “Sonhamos muito com isso e estamos trabalhando nesse sentido”, garantiu.

PROJETOS

Vários projetos foram planejados por Dom Décio para o Santuário, a construção de uma hospedagem que possa atender todos os romeiros e a construção de uma casa para religiosas são alguns deles. No entanto, a menina dos olhos de Dom Décio é o Projeto do Caminho do Rosário de Nossa Senhora da Saúde; uma estrada que está sendo construída integrada à natureza, na qual os visitantes percorrerão rezando a Oração do Terço.

“Os Mistérios Gozosos serão marcados por buganvílias amarelas, os Luminosos, por buganvílias na cor vermelha, os mistérios Dolorosos, pelas roxas e lá em cima os mistérios Gloriosos, buganvílias brancas. Esculturas em chapas de aço do


REPORTAGEM

artista Gerson Roccia, de Venda Nova do Imigrante, representando os mistérios, serão inseridas no trajeto. A estrada já está quase pronta, falta apenas um trecho. O projeto do rosário é realmente muito bonito e será uma atração forte aqui, junto com apelo à Senhora da Saúde”, comemorou.

Existe ainda no Santuário, um espaço dedicado às confissões. “Também temos um projeto lindo para este lugar. As salas dos confessores já estão prontas e próximo a elas terá um crucificado muito bonito e duas estátuas em pedra-sabão; uma de Cristo flagelado e outra de Cristo coroado de espinhos, inseridos em um ambiente bonito, de paz, para as pessoas se prepararem para as confissões”, vislumbrou. Dom Décio conta que em 2004, enquanto bispo, ao chegar no local onde hoje está o Santuário, descobriu que a área não pertencia à Diocese e precisou negociar a compra do terreno. “Fizemos uma tenda onde começaram as celebrações. Depois, quando decidimos começar a construção, a arquiteta fez um projeto bem integrado com a natureza que resultou nesse templo aberto, expansivo, que interage com a natureza. Lá estão as imagens de Nossa Senhora, abençoada pelo Papa Bento

XVI e a de São José, abençoada pelo Papa Francisco. Estamos plantando árvores nativas, frutíferas e ornamentais, para que a natureza se revigore e a gente tenha condições de trazer de volta os passarinhos e os animais. Um pouco mais para baixo do terreno vamos fazer uma grande área de eventos para 2 mil pessoas, e mais abaixo ainda, um grande estacionamento que terá acesso pela estrada de Aracruz, onde a Vale está construindo um túnel. Isso é um sonho, mas o projeto está quase pronto”, contou.

“Para mim isso foi uma coisa de Deus e de Nossa Senhora, porque não é comum escolher uma igrejinha meio abandonada e decretá-la santuário, mas aconteceu.” Atrás do templo do Santuário foi construído um local de oração, debaixo de um pergolado. O Santíssimo, segundo Dom Décio, será levado para esta área, e no terreno logo acima, que apresenta um declive, será instalado um cenáculo com imagens em pedra sabão feitas por um artista do município de Coronel Xavier Chaves, em Minas Gerais. “Se-

rá um local dedicado à Eucaristia, um local tranquilo para que as pessoas possam ficar em oração”, afirmou.

O CAMINHO DA SABEDORIA

O Santuário de Nossa Senhora da Saúde, conta Dom Décio, está inserido na rota do Caminho da Sabedoria, um trajeto de 110 quilômetros, criado em parceria com os monges do Mosteiro Zen no Morro da Vagem.

Ao todo, são 23 pontos de referência histórica, 21 capelas e igrejas, além do Santuário e do Mosteiro. O cenário que proporciona uma verdadeira viagem pelo tempo, atravessando fazendas centenárias, matas, cachoeiras, igrejas antigas e estações ferroviárias, tem um trajeto que parte da Igreja Matriz de São Marcos e segue por Pedro Palácios, Pendanga, Piabas, São Pedro, Rio Lampê, Santo Antônio, finalizando no Santuário de Nossa Senhora da Saúde. O percurso, segundo Dom Décio, é feito em uma semana, em média, e a comunidade já entrou no espírito de acolher e hospedar os peregrinos. O Caminho, além de belo, valoriza a natureza, a espiritualidade e a conscientização ambiental.

Andressa Mian Jornalista

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ATUALIDADE

A VOLTA DO RECALCADO: BOLSONARO E O FRÁGIL ESPAÇO PÚBLICO BRASILEIRO

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atual governo, aquém da modernidade colonial e republicana - que se constitui num modo de racionalidade política econômica e estética que segrega povos brasileiros originários negros e pobres - parece ancorar-se num ‘revival’ constante do mito da democracia racial em contradição aos saldos enormes deixados pela mistificação da cultura e obnubilação da raça no Brasil. Trata-se de total desprezo àquilo que os movimentos sociais brasileiros, ao longo

de sua paradoxal construção, denunciaram sobre o exercício do poder, pelo que definiram como sendo ‘público e privado’ e pelos lugares e direitos conquistados pelos sujeitos.

Classicamente o que é público diz respeito ao alargamento dos espaços, às produções identitárias, às lutas de classe que implementam o reconhecimento político de novos sujeitos e, de imediato à remodulação do que seja cidadania, abrigando também as lutas travadas desde o Brasil Colônia pa-

ra fazer destas terras vermelhas um lugar múltiplo e complexo. Não se pode falar, desta feita, de Brasil, sem ressaltar o importante tensionamento vivenciado na década de 80, considerada perdida para os economistas, mas muito produtiva para os movimentos políticos de cidadania, para o sindicalismo e movimento estudantil, no sentido de definir novas margens e parâmetros para as políticas de saúde e educação, por exemplo. Tais movimentos vão desde o questionamento da posse e

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ATUALIDADE

uso da terra, da exclusão de povos negros, indígenas e campesinos, da restrição dos direitos das trabalhadoras, da invisibilização de mulheres e população LGBT, de modo que desnudaram o caráter autoritário do pacto agrário/burguês e racista que gerou o estado brasileiro. Os pactos pelo alto excluíram grupos sociais inteiros e incorporaram outros de forma desigual e fragmentária, revelando o caráter elitista do estado.

É exatamente do desprezo a essa disputa popular e democrática, que mobiliza e evidencia relações de poder, que se nutre o Governo Bolsonaro, amalgamado na criminalização da diferença e/ou na tradição conservadora nutrida pela própria esquerda brasileira. Uma vez que, o que é público é fragilizado por causa da ausência de acertos de contas com o passado, estamos diante da perigosa ausência de políticas públicas que viabilizem, compensem, indenizem e reconheçam o que deveria ser de todos, incidindo na noção de direitos e de participação popular.

AS CONTAS DO PASSADO: RECALQUE E PERIGO

O passado recalcado na cultura neurótica retorna como um surto. Aquilo que ficou im12

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pedido de ser publicizado (portanto recalcado) funciona como uma ferida que não mais pode ser escondida: nossos microfascismos, o racismo nosso de cada dia, o desprezo aos pobres e mulheres, dentre outros. Para os que acham que isso nada tem a ver com economia, basta esticar os olhos até a história e ver o que torna possível a (re)construção de formas pretéritas de exploração e das mais cruéis formas de subalternização, senão a plena certeza de inferioridade de uns em detrimento dos outros. A racialização e genereificação dos povos, especialmente latinos e africanos, qualificados na divisão internacional do trabalho e adensados pela intersubjetividade ocidental tornou possível a (ine)existência de não humanos e sua sequente escravização e pauperização.

Sem noção consistente do que é público, e mais ainda do que é popular, o povo brasileiro cambaleia em espaços fraturados e frágeis da democracia burguesa, e agora, correndo total perigo de que as políticas públicas sejam sombras de uma imagem que não houvera sido real. Ainda pode-se dizer que o atual governo desconsidera relações ontológicas com a terra, a existência de historicidades e que, portanto, estamos dian-

te da possibilidade catastrófica de genocídio de povos originários e tradicionais.

BOLSONARO: A CARA CÍNICA DO ESTADO DEPENDENTE

Proclamando-se “acima de ideologias”, o governo iniciado em janeiro, vem naturalizando sua prática discursiva, obviamente construída a partir de interesses de seu grupo, além de acionar formas cada vez mais coercitivas de produzir e garantir suas ideias. Isto é notório pelo já anunciado fim do Programa Mais Médicos, pela integralização da questão indígena à pasta da Agricultura, pela tentativa de desinstitucionalização das questões trabalhistas, pelas anunciadas limitações à atuação dos Conselhos Nacionais destinados a produzir políticas públicas. O também proclamado ‘fim aos ativismos’ – como se a ação dos movimentos dele dependesse – diz respeito ao alcance restrito ao que seja democrático de seu servil governo.

Ao incidir sobre o papel de conselhos destinados a regular as políticas públicas, alguns com mais de quarenta anos e outros criados na década de 90, que aprovam orçamentos, apuram denúncias e redigem nor-


mas, o Governo Bolsonaro limita não só as políticas públicas, mas como desconstrói o conceito que as embasa, concentrando nas mãos do estado o papel regulador da sociedade civil. Com isso, o desmonte dos direitos e o avanço da precarização da vida, especialmente a violação do direito à diferença é consequência direta, uma vez que em sua própria origem a democracia é o meio de garantir os direitos das minorias, sendo essa a razão filosófica de sua existência, em âmbito, inclusive liberal.

O importante é constar que não se trata de um ‘fanfarrão’ na política, mas do programado e oportuno modo de superar a crise tremenda de lucratividade do capital, no ataque às multiplicidades e na atualização da razão ocidental e colonial que orienta os estados de capitalismo dependente. Bolsonaro (re)suscita modos de governar que mobiliza os saldos deixados pela lacuna de ausência do público, mobilizando individualismos de fragmentos despóticos, por vezes, liberais por outros, monstro que só sobrevive em terras de muitas lutas, mas também de elite autoritária e cruel. Tempos sombrios se avizinham, porque de sombras somos também constituídos.

Ana Cristina Nascimento Givigi Professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

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IDEIAS

PRESENTE E PRESENÇA

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m tempo nos é dado, um corpo nos é oferecido: a vida acontece. E acontece - ou deveria acontecer - como presente e presença, tempo e mundo, instante e corpo. Não sem exigências, no entanto, a vida assim se apresenta. Por ser propositiva será sempre provocadora, convocando-nos para que a atualizemos, para que nos façamos presentes (no tempo) e para que sejamos no mundo uma presença (corpo), de modo a afirmarmos pela nossa vida singular, pelos nossos pensamentos, sentimentos e atitudes a força e a beleza que ela contém, potência de criação de realidades. O presente – isso que não para de passar – se dará não mais como uma extensão de horas que nunca são suficientes para todas as nossas expectativas, mas como intensidade de cada instante. E a intensidade alargará o presente. Cabe aqui fazer uma distinção. Viver intensamente significa buscar experiências que ofereçam

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prazer imediato (nisso somos capturados). Viver com intensidade significa não se vender aos pequenos prazeres (que satisfaz esse ou aquele sentido), mas ter em vista o contentamento, aquele sentimento que nos preenche o corpo e a alma e que é proveniente da vida potente que se atualiza e se fortalece em cada experimentação, produzindo valor e sentido. Esse modo de vida com certeza alargará o presente, tingindo-o de eternidades.

O corpo – isso que não para de mudar – se oferece como um campo onde as forças virtuais se tornam atuais, onde as possibilidades se tornam realidades, onde a potência se renova ao se atualizar, se refazendo e criando realidade. O corpo é a atualização do absoluto, do desejo, da vida que se reconhece como força e beleza. O corpo não é menor do que a mente e a alma. Um corpo pode tantas coisas. Ele é a presença visível, palpável, exuberante da vida no mundo.

Não poucas vezes, contudo, somos desapropriados de nosso tempo e de nosso corpo. Eles passam a ser habitados e conduzidos por outras forças (dos quais quase sempre nos fazemos cúmplices por conta dos pequenos prazeres que elas nos oferecem) que nos seduzem, nos coagem e nos exploram. O tempo vira dinheiro e o corpo vira objeto a ser explorado, e desprezado (tanto vivo quando morto). Além de sermos expropriados de nosso corpo e tempo, pode ser que também - num outro caminho triste - nos percamos deles. Não poucas vezes nos percebemos perdidos no mundo, órfãos da própria vida, distantes das vitalidades e intensidades, órfãos do próprio corpo e tempo, como se devêssemos ter nascidos em outra época e em outro “personagem”. Isso inclusive explica o interesse das pessoas pelas tais “vidas passadas”, supostamente vividas em outro tempo e corpo. Por nos sentirmos destituídos do próprio corpo e tempo,


IDEIAS

Viver com intensidade significa não se vender aos pequenos prazeres, mas ter em vista o contentamento, aquele sentimento que nos preenche o corpo e a alma e que é proveniente da vida potente que se atualiza e se fortalece em cada experimentação, produzindo valor e sentido.

ou por nos perdermos deles, entramos num movimento de reforço de identidades constituídas a partir do “buraco negro” que nos suga e que se dá por não vivermos o que a vida pode. Do buraco negro projetamos uma vida ideal e passamos a viver em função de certas identidades desvinculadas das fontes da vida, identidades que se oferecem como capazes de gerar sentido (o pai, o médico, o político, o servidor público, o

homem de bem, o isso e aquilo). Mas, por sermos mais do que umas identidades, nenhum desses papéis produzidos pela máquina social nos possibilitará uma vida intensiva. Todas elas oferecerão momentos para vivermos intensamente como garantia da continuidade da nossa servidão (pequenos prazeres que nos são vendidos em belos apelos para o consumo que nos fazem vender a alma para tê-los).

Dentre outros artifícios importa destacar - quando estamos desvinculados da vida em nós, presos por esta ou aquela identidade, cheios de buscas do que nos falta e vazios de sentidos, podemos desejar ardentemente o poder. Mas esse gosto pelo poder nos desmascara porque revela exatamente a nossa impotência. Os impotentes buscam o poder. Ao contrario, haveríamos de buscar forças. Forças, sim, exatamente para não precisar de poder. Forças para ser capaz, para ser criativo, para ser generoso.

Dauri Batisti Padre, Psicólogo e Mestre em Psicologia Institucional

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MUNDO LITÚRGICO

BENDITO SEJA DEUS!

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endizer, benzer ou abençoar tem tudo a ver com falar bem, elogiar, desejar o bem para alguém. Esta é a etimologia da palavra, que provém do latim “benedicere”. De forma geral, em sentido religioso, designa a relação do humano com o sobrenatural, o sagrado, e é comum nas diversas religiões. Tanto a liturgia judaica como a cristã tem predominância na atitude de constantemente bendizer a Deus, em sinal de reconhecimento da ação benéfica, salvífica e eficaz do Criador para com a criatura. Na fé cristã são reconhecidos esses feitos por meio de Jesus Cristo, o único mediador entre o Deus e a humanidade (cf. 1Tm 2,5-6a), na culminância do seu Mistério Pascal, que é celebrado nas formas sacramentais, com ápice na liturgia eucarística.

A bênção torna-se uma dinâmica transformadora na vida pessoal, familiar e comunitária: no ato de “falar bem”, no reconhecimento do princípio vital do Criador, há uma nova ordem mental, expressada pelo pensamento, pelo sentimento e pela oralidade, com reper-

cussão corporal e abertura para o revigoramento.

A bênção tem caráter litúrgico e pertence ao conjunto de sacramentais instituídos pela Igreja. Estes são sinais sagrados e meios para celebrar a graça de Deus e seus efeitos, em vista da santificação, e nas várias circunstâncias da vida (cf. Catecismo da Igreja Católica - n. 1667-1672).

O gesto de abençoar é função de ministros ordenados, de religiosos e também de leigos. Deve seguir as orientações da Igreja conforme cada categoria de ministros, como também considerar os livros litúrgicos: Missal Romano e Ritual de Bênçãos (ambos para ministros ordenados), e o Ritual de Bênçãos para Ministros Leigos.

Os Rituais de Bênção contemplam diversas circunstâncias como, por exemplo: bênção de pessoas (várias categorias); bênção de edifícios e outras obras; bênçãos de lugares; bênção de objetos litúrgicos; bênção de elementos devocionais.

Além do caráter oficial e ministerial das liturgias, não se pode esquecer de outros possíveis momentos importantes do cotidiano em que a oração de bênção é plena de sentidos, conforme a cordialidade e os costumes locais. Em âmbito doméstico, a bênção dos pais, dos avós, dos padrinhos e madrinhas, como também das refeições familiares. Em comemorações festivas com grupos diversos de conotação religiosa cristã-católica: peregrinos, expressões de religiosidade popular, novenas, orações do rosário, ofícios, Folia de Reis, festejos do Divino Espírito Santo e outros.

Por todo o sempre, “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo.” (Ef 1,3).

Fr. José Moacyr Cadenassi

Frade Franciscano Capuchinho, letrista, cantor, consultor de liturgia, apresentador de rádio e agente de ecumenismo e diálogo inter-religioso



ASPAS

“...me dirijo a todos vocês como Presidente do Brasil e me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo...”. (Jair Bolsonaro, 01/01/2019)

SOCIALISMO É...

S

ocialismo é uma proposta política e econômica que surgiu no final do século XVIII, no marco da Revolução Industrial, para confrontar o capitalismo, especialmente na sua versão liberal. Surgiu a partir de uma realidade na qual os trabalhadores eram subordinados aos industriais e demais empresários, sob duras condições de trabalho e sem nenhuma proteção legal. Eram, por exemplo, sujeitos a jornadas de trabalho que chegavam a 16 horas diárias, sem descanso semanal, baixos salários, péssimas condições ambientais e de segurança e sem limite de idade: as crianças trabalhavam desde pequenas e os idosos não tinham direito à aposentadoria. Foi nesse contexto de pleno desenvolvimento do capitalismo, e consequentemente rápido aumento da miséria, que surgiu o socialismo como proposta de transformação da sociedade, por meio da distribuição equilibrada da riqueza e da propriedade, encurtando a distância entre ricos e pobres.

Entre as principais propostas do socialismo estão: fim das

classes sociais e da propriedade privada, socialização dos meios de produção (passam a pertencer à sociedade, sob controle do Estado), economia planificada (todos os setores econômicos passam a ser controlados e dirigidos pelo Estado, que determina preços, salários e regula o mercado) e controle do Estado sobre a divisão igualitária da renda. Como podemos notar, no Brasil não há e nunca houve um Estado sequer com uma dessas características.

Aliás, a Constituição Brasileira, ora vigente, estabelece em seu artigo 170, que a ordem econômica do Brasil tem como princípios a propriedade privada e a livre concorrência, que são duas características essenciais de regimes capitalistas. O parágrafo único deste mesmo artigo assegura “a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos”. Da mesma maneira, nossa Constituição assegura, no artigo 17, o pluripartidarismo, enquanto os regimes socialistas estabelecem o unipartidarismo. Outra confusão que a frase do atual presidente tenta incul-

car na cabeça das pessoas desinformadas é que comunismo e socialismo são a mesma coisa. Pura desinformação. Embora ambos regimes têm estruturas econômicas e políticas com os mesmos objetivos, são distintos entre si. De comum têm o fato de serem opostos ao capitalismo e buscarem eliminar as desigualdades sociais, acabando com a exploração dos trabalhadores. As diferenças nós veremos na próxima edição desta revista. Grosso modo, podemos afirmar aqui que o comunismo se assemelha muito mais a um capitalismo de Estado, enquanto o socialismo se parece mais a um capitalismo com efetivo controle social. Ou ainda, o socialismo está mais para o Estado de bem-estar social do que para o comunismo.

Talvez este seja o maior medo dos que defendem um modelo absolutamente liberal de capitalismo, ou ainda, defendem um capitalismo de compadrio, como o que vivemos no Brasil desde antes, durante e após o regime militar.

Elson Faxina Jornalista e Professor da UFPR

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ESPIRITUALIDADE

O ESPÍRITO DE DEUS ESTÁ SOBRE MIM!

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nicio este colóquio com você, amigo, a partir do texto do Profeta Isaías que Jesus aplicou a si mesmo em sua missão redentora no meio de nós (Isaias 1,1-2; Lc. 4,18-19). Tenho para mim que este texto também se aplica ao cristão. O Sacramento do Batismo nos confere este direito e responsabilidade. A imitação e seguimento de Jesus implica a consciência e a sabedoria de que o Espírito está sobre nós e conosco durante toda a nossa vida cristã, seja no exercício de nossa profissão ou no estilo de vida que assumimos como vocação e missão

vinda do Alto. É evidente que, junto a este Dom, recebemos, também, o Dom da Liberdade. O Espírito de Deus respeita o ser humano, criado livre e à Sua semelhança! (Gen. 1,27).

Não existimos por acaso. Deus nos deu o dom da vida e da fé para vivermos a Novidade do Amor. Viver o dom da vida na história humana de cada dia, sob a Palavra Criadora e Redentora! Uma história humana vivida na fé, sob a Luz Divina do Espírito que dá forma à Palavra Educadora, que nos torna justos e nos ensina a distribuir a Justiça que vem do Alto.

Sua profissão, sua vocação e missão, amigo, terá plena validade sob este foco libertador. Por isso, diga a si mesmo, todas as manhãs, ao iniciar o seu trabalho, e, todas as noites, antes do justo repouso: “O Espírito está sobre mim...”! Cada manhã será um novo dia no Senhor! “Dar-vos-ei um coração novo, porei no vosso íntimo um espírito novo, tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne”. (Ez.36,26)!

Dom Luiz Mancilha Vilela, sscc Arcebispo emérito

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PAUTA LIVRE

Acolher, proteger, promover e integrar os migrantes e os refugiados; essa é a provocação que o Papa Francisco faz ao mundo, em especial aos cristãos católicos.

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ebaixo de uma árvore, lá estavam os quatro. Era por voltas das 15 horas. Sob o sol forte, eles já haviam caminhado aproximadamente 30 quilômetros. Saíram de Pacaraima (RR) na tarde do dia anterior. Passaram a noite às margens da BR 174 que liga à cidade de Boa Vista (RR). A família Martines Gomes tinha percorrido cerca de 690 quilômetros, desde San Félix, na Venezuela, até chegar ao Brasil. “Tenemos mucha hambre y sed”, disse Adriana Gomez, 18 anos, ao nos contar que estavam sem forças para prosseguir a caminhada, pois estavam com muita fome e sede. Não tinham comido nada naquele dia. Alguém no caminho doou alguns biscoitos, mas estavam reservando pa-

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ra o pequeno José Armando, 3 anos, que no colo da mãe Eglis, 36, tentava sugar o leite do peito, mas aparentava sem força e Eglis disse que não tinha mais leite. Não havia se alimentado, nem bebido água naquele dia. Edson, 15 anos, sentado na raiz da árvore, não pronunciou uma palavra. Olhar triste, distante. Pela frente, tinham ainda, aproximadamente, 211 quilômetros até a capital. Assim é a saga de boa parte dos migrantes venezuelanos que cruzam a fronteira de seu país para o Brasil, fugindo da miséria deixada pela crise social, política e econômica de sua terra. Os desafios enfrentados nesta situação humanitária incluem a falta de abrigamen-

to, acesso a serviços, desconhecimento das leis brasileiras. Os venezuelanos chegam com pouca informação sobre o Brasil. Os desafios de sobrevivência são imensos, a maioria não tem dinheiro para moradia e acabam em situação de rua, famílias inteiras. Há outros agravantes como a integração e o enfrentamento à xenofobia em um contexto de tensões e polarização política, a qualificação desperdiçada em empregos informais com baixa remuneração, a barreira da revalidação de diploma, a falta de acesso ao aprendizado da língua, a exploração laboral em fazendas, minas de carvão, indústria madeireira. Contudo, essa realidade da migração ocorre em todo o mundo, não só entre Brasil e Venezuela.


De acordo com o Papa Francisco, em sua Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2018, o encontro com o outro não pára no acolher, mas envolve mais três ações: proteger, promover e integrar. “No verdadeiro encontro com os outros, seremos capazes de reconhecer Jesus Cristo que pede para ser recebido, protegido, promovido e integrado? O encontro com Cristo é a fonte da salvação, uma salvação que deve ser anunciada e trazida a todos”, afirmou o Santo Padre. “Repetidas vezes expresso especial preocupação pela triste situação de tantos migrantes e refugiados que fogem das guerras, das perseguições, dos desastres naturais e da pobreza. Trata-se, sem dúvida, dum ‘sinal dos tempos’’’, afirma Francisco.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UN DESA - 2017), ao redor do mundo, 173 milhões de refugiados são deslocados por guerras e conflitos, mais que na II Guerra Mundial. E, para cada grupo de 113 pessoas no planeta, um é solicitante de refúgio e quatro são migrantes internacionais ou deslocados internos. 12% da população mundial é constituída de migrantes

internos, deslocados, desplazados. No mundo, 13% do total de migrantes são latino-americanos. Na América Latina há 57,5 milhões de migrantes internacionais, já os refugiados são 804 mil. Os deslocamentos internos no continente americano chegam a 5,4 milhões. Entre outros tantos números, 6,1% da população da América Latina é constituída por migrantes internacionais.

Segundo informações do ACNUR, com a mudança de governo no Brasil, o trabalho conjunto terá de ser fortalecido ainda mais, pois poderá enfrentar vários desafios, entre esses, na fronteira, com a identificação e registro. De acordo com a Doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia, Márcia Maria de Oliveira, há alguns paradoxos na questão migratória, pois permanece a garantia do direito de migrar, contudo as sociedades negam o direito de não migrar. Ela afirma que a mesma sociedade que produz os meios de expulsão está produzindo o rechaço e a xenofobia. Már-

cia lembra o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, no livro “Tempos líquidos” que afirma, enquanto de um lado crescem as economias mundiais, avançam as tecnologias que encurtam o tempo e as distâncias, de outro lado “cada vez mais, os refugiados se veem sob fogo cruzado, mais exatamente, numa encruzilhada, expulsos à força ou afugentados de seus países nativos, mas sua entrada é recusada em todos os outros”. Segundo o sociólogo, as migrações e os refugiados representam um sintoma das desigualdades sociais, das injustiças econômicas, dos processos de exclusão, das guerras, das crises políticas e da escandalosa concentração da economia mundial nas mãos de uns poucos grupos econômicos.

Irmã Osnilda Lima, fsp Assessora Nacional de Comunicação do Secretariado Nacional da Cáritas Brasileira

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ESPECIAL

MISSA DE POSSE

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Dom Dario asperge os fieis

Celebração Eucarística com a tomada de posse do 4º Arcebispo da Arquidiocese de Vitória, Dom Dario Campos, ofm, aconteceu no dia 05 de janeiro na Catedral Metropolitana de Vitória. Aqui o registro desse momento importante na história desta Igreja Particular.

Cumprimento dos padres

Oração do Pai Nosso

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Apresentação da Bula de Nomeação


Oração na Capela do Santíssimo

Proclamação do Evangelho

Dom Dario recebe o carinho dos amigos

Cumprimento às autoridades

Dom Dario com os familiares

Entrega do báculo

Dom Dario com os familiares

Dom Dario assina a Ata de Posse

Consagração

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ENTREVISTA

GRUPO ABRAÇO: QUEM CUIDA TAMBÉM PRECISA SER CUIDADO

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uidar de um familiar com algum tipo de transtorno mental pode acarretar ao cuidador desgaste físico, emocional, isolamento social e até sobrecarga financeira. O Grupo Abraço, cujo lema é “Cuidando de Quem Cuida” foi criado para dar apoio aos cuidadores de pessoas com transtorno mentais graves. Os encontros acontecem na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, em Itaparica, e são coordenados pela psiquiatra e psicanalista Maria Benedita Reis.

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ENTREVISTA

O que é transtorno mental grave e como ele se apresenta? Transtorno mental é uma expressão para doenças mentais. Dentre as doenças mentais, a apresentação é ampla, e aí existem muitas manifestações, que podem ser leves, moderadas e graves. As manifestações graves podem ser passageiras ou definitivas. A esquizofrenia, por exemplo é considerada um transtorno grave, pois compromete a qualidade de vida dos indivíduos, que costumam apresentar delírios e alucinações.

É difícil para a família aceitar a doença mental? É difícil sim. Quando o transtorno é considerado grave, as manifestações da doença podem levar a sintomas incapacitantes como abandono escolar, desajustes familiares, dificuldades de relacionamentos e socialização, levando muitas vezes ao isolamento, tanto da família, quanto da pessoa doente. Antigamente, era comum que as famílias guardassem esses indivíduos em casa, os escondessem da sociedade. O fato da saúde pública ter sido implantada no Brasil, com ações de vacinação, visitas de agentes de saúde nas casas, colabo-

rou muito para a identificação e tratamento dessas pessoas.

Como as famílias lidam com a situação atualmente? O amor existe. É muito comum que as famílias deem mais afeto para este indivíduo. Na cabeça dos pais, principalmente da mãe, a atenção maior é para compensar o deficit que essa pessoa tem. Os cuidados com uma pessoa assim, são para o resto da vida. Por exemplo, um adulto de 40, 50 anos com transtorno cognitivo grave, é uma eterna criança. Não tem crítica moral ou social. Ele pode urinar na presença de uma visita, pode tirar a roupa, pode fazer qualquer coisa, até ser agressivo. A doença mental incomoda a sociedade, ela subverte uma ordem. É necessário um cuidado em tempo integral, mas que seja divido entre os familiares. Infelizmente é muito comum que apenas um familiar seja escolhido como cuidador e isso gera um peso muito grande para essa pessoa. São essas pessoas que o Grupo Abraço quer ajudar?

Sim, porque se percebe o quanto essa pessoa é sobrecarregada. O cuidador é aquele que precisa ir para “lá e para cá”, com o

portador de transtorno cognitivo. É ele que leva nas consultas, que vai em busca dos direitos, que também não pode sair de casa para resolver nada para si mesmo, pois precisa ficar atento para que aquele indivíduo não fuja, por exemplo. As outras pessoas da família não percebem que o cuidador também precisa cuidar da saúde, ter um lazer, que precisa praticar uma atividade física, ir à igreja, viver.... Então, geralmente essa pessoa se entrega, ou porque foi escolhida ou porque ela se escolhe de uma forma neurótica também. Dificilmente as famílias conseguem fazer uma divisão de tarefas e deixar que o cuidador tenha uma vida saudável. O ideal é que a família compartilhe o cuidado desse indivíduo. Como os cuidadores lidam com o fato de serem responsáveis em tempo integral por alguém com uma doença mental?

Cada um reage de uma maneira. A nossa mente faz mil arranjos das coisas. Alguns lidam com raiva, alguns com culpa, alguns como um fardo. Muitos também acreditam ser o destino deles, um designo, uma missão. Mas mesmo achando que é uma missão, as vezes sentem

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ENTREVISTA

raiva e culpa por estarem sentindo raiva. É complexo. Qual é a proposta do Grupo Abraço para quem vivencia essa situação e como ele surgiu?

A ideia do grupo foi minha e vem da minha percepção da sobrecarga dos cuidadores. Morava em São Paulo e já tinha vontade de criar um grupo de apoio para estas pessoas. Vim para Vila Velha há cinco anos e depois que me estabilizei comecei a procurar um local para as reuniões. A Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe nos abriu as portas. Temos a proposta de fazer com que o cuidador e sua família entendam que é preciso dividir as tarefas. A proposta do grupo é reunir esses familiares cuidadores em uma roda de conversa e possibilitar que sejam eles os protagonistas dos encontros.

As reuniões visam proporcionar a troca de experiências em um ambiente que estimule a convivência social. Lá, os participantes contam suas histórias, suas dificuldades e também fazem sugestões. Todos em uma busca coletiva de alternativas e estratégias eficientes que miniminizem o sofrimento e garanta qualidade de vida deles. Nesses encontros também são abordados a relação da família com a doença mental, os

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ENTREVISTA

sentimentos gerados, como a família pode colaborar com o tratamento e com a reinserção social do paciente. Como acontece esse protagonismo dos cuidadores nos encontros?

São eles que contam suas histórias, que choram, que desabafam, que sugerem alternativas uns para os outros, que trocam experiências e se identificam com pessoas que nunca viram, mas que vivem as mesmas situações e passam pelos mesmos sofrimentos. São trocas de vivências e de apoio.

No grupo existe o caso de uma pessoa que não comprava um sapato há dez anos. Os que tinha haviam sido presentes de irmãos. Esse cuidador não lembrava da última vez que comprou uma roupa, não se permitia ir a lugar algum para fazer algo por si mesmo. Após participar dos encontros do grupo, algumas mudanças já começaram em sua vida. Começou a perceber que não é “errado” ter um tempo para si, para ir ao médico, para cortar e pintar o cabelo. O sonho que tenho para o grupo é que, com o tempo, as atividades possam ser variadas, não apenas as rodas de conversas, mas caminhadas ou passeios, por exemplo. A intenção é fazer com que essas pessoas se

sintam fortalecidas e consigam melhorar a qualidade de vida, fazendo outras coisas.

Então já existe um retorno das pessoas que frequentam o grupo? Sim. As pessoas contam que conversaram com seus familiares e passaram a se permitir muitas coisas. Uma cuidadora me relatou que depois de ter participado do grupo foi ao ginecologista, algo que não fazia há mais de cinco anos. Ela disse para família: “eu preciso ir, pois preciso estar inteira para cuidar de outra pessoa.” E foi. Parece simples, mas para a maioria dos cuidadores não é. A senhora coordena o grupo. Existe uma equipe de profissionais que auxilia os encontros?

Atualmente temos uma psicóloga, duas assistentes sociais e um advogado, não para fazer trabalho jurídico, mas para dar orientações. Todos participam voluntariamente. Esperamos que a medida que o grupo se fortaleça, mais profissionais se envolvam no grupo para agregar. Para o próximo ano, a ideia é incluir temas. Levar aos encontros, por exemplo, um dentista para orientá-los quanto aos cuidados bucais, e outros profissionais para orientações sobre higiene pessoal e cuidados

com a saúde. Vai ter também uma parte para orientações sobre os direitos das pessoas com doenças mentais. Muitos cuidadores desconhecem esses direitos junto a Previdência Social. Todos os cuidadores podem fazer parte desse grupo?

Sim, o grupo é aberto a qualquer pessoa. Muitos cuidadores de pessoas com esquizofrenia procuram o grupo. Temos também uma pessoa que frequenta o grupo, que cuida da mãe com Alzheimer. Nós a acolhemos, mas é interessante que as pessoas saibam, que no Santuário de Vila Velha há um grupo específico sobre Alzheimer, que fez 18 anos, e que é diretamente ligado a Associação Brasileira de Alzheimer. Como participar dos encontros?

Para este ano de 2019, nossos encontros acontecem todas as últimas quintas-feiras de cada mês, de 19n30 às 21 horas, na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe. A paróquia fica localizada na avenida Estudante José Júlio de Souza, s/nº, na Praia de Itaparica, em Vila Velha. Quem quiser tirar dúvidas sobre o grupo ou sobre nossas reuniões pode ligar para o número (27) 3299-0951, das 13h30 às 18 horas.

Andressa Mian Jornalista

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SUGESTÕES

NAS ÁGUAS DO PIRAQUÊ-AÇU

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ma boa sugestão de passeio com a família ou com um grupo de amigos nesta época de verão é o Passeio de Escuna pelo Rio Piraquê-Açu, em Santa Cruz, Aracruz. De lá, partem quatro passeios diários, com duração de duas horas cada um. Após subir por cerca de meia hora pela foz do Piraquê-Açu, em direção à ponte da Rodovia ES 010, a escuna pára próximo a uma plataforma flutuante para que os turistas possam tomar banho no rio. Piraquê-Açu é um nome indígena que significa “Rio do Peixe Grande”. Os peixes grandes, principalmente os robalos, ainda podem ser encontrados na bacia hidrográfica que tem uma extensão de 65 km e abriga o 5º maior manguezal das Américas, com uma grande variedade de espécies.

Este bem incalculável presente nas terras capixabas permanece quase intacto, graças aos indígenas que habitam a região. De barco é possível com-

provar a ausência de lixo nas margens e apreciar as águas bem claras, que convidam para o mergulho. Durante o passeio, o que chama a atenção dos turistas é a natureza exuberante e preservada, porém pouco divulgada. Um guia ou roteiro turístico com contatos para agendar o passeio e com informações sobre a região, fazem falta. No entanto, na embarcação existe uma boa estrutura de segurança e pessoas capacitadas para este fim.

Para completar o passeio, os turistas podem agendar uma visita à Aldeia Temática, localizada às margens do rio, e conhecer um pouco da história e das tradições do povo indígena Guarani. Fica aqui a sugestão de passeio para capixabas e turistas que visitam a região.

Edebrande Cavalieri Doutor em Ciência da Religião Foto: Pollyana Martins

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LIÇÕES DE FRANCISCO

UMA IGREJA SINODAL

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esde o início de seu Pontificado, o Papa Francisco tem trabalhado ininterruptamente na Reforma da Igreja, cujo programa foi definido nos documentos Evangelii Gaudium, Laudato Sí e Amoris Laetitia. Um dos princípios fundamentais desta reforma é a experiência sinodal, ou sinodalidade. No discurso proferido por ocasião do 50º ano do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2015, o Papa abordou com profundidade esta temática que se confunde com a própria história da Igreja. Pode-se afirmar que este conceito é o carro chefe do trabalho de Francisco. A sinodalidade expressa um conteúdo antropológico mostrando que os homens não são indivíduos isolados na terra, mas irmãos. E aqui nos remetemos ao povo brasileiro, que tem atravessado um tempo de muitas dilacerações no seio familiar, com muitas brigas e divisões por questões políticas, com tantos irmãos discriminados em razão de suas escolhas ou situações. É urgente para os brasileiros iniciarem um pro-

cesso de reforma dos próprios corações. De nada adianta falar “Senhor, Senhor” com tanta hipocrisia deixada no lixo eleitoral, com tantas mentiras compartilhadas sem nenhum ato reflexivo. Parece que tivemos uma eleição pautada por mentiras, por “fakes news”. Não é possível caminhar juntos distribuindo mentiras sobre o nosso próximo que tenta caminhar conosco. O Papa nos diz que a sinodalidade “é realmente a melhor experiência que podemos viver: fazer parte de um povo em caminho na história, juntos com o Senhor que caminha no meio de nós”.

Será que ainda merecemos que o Senhor caminhe conosco? Ainda podemos dizer que somos um povo de filhos, um povo de irmãos e irmãs? A maior reforma a ser enfrentada por nós é a reforma de nossos corações. Como iremos reformar as estruturas da Igreja (Diocese, Paróquia e Comunidade) se não conseguimos sequer reformar nosso núcleo familiar, nossos grupos de convi-

vência social e profissional?

Sinodalidade nasce do coração da Revelação de Deus. É na Trindade que se vive uma infinita comunhão interpessoal. Isso não é comunismo, como tantas pessoas caluniaram a nossa Igreja, representada pelos bispos da CNBB. Tem alguém até que considera o Papa um comunista. Que Deus tenha piedade destes algozes!

Por fim, a sinodalidade não é um conceito restrito à Igreja Católica. Transcende os limites da Instituição e torna-se referência planetária, apontando a mesma caravana humana que atravessa a história. Temos uma casa comum, como nos diz o Papa na Encíclica Laudato Sí. A Igreja em Saída, requerida no programa de reforma de Francisco, é uma chave missionária, que só pode ser vivida em uma caminhada junto, numa experiência de sinodalidade. A experiência sinodal constitui a vida da Igreja ao longo da história. É caminho obrigatório para o advento do Reino dos Céus.

Edebrande Cavalieri Doutor em Ciências da Religião

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VIVER BEM

DIETAS ENGORDAM

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assunto emagrecimento e dietas é motivo de muito interesse desde muitos anos. Existem relatos históricos desde a época da Grécia clássica, onde a preocupação com o corpo já era tema de angústia e frustração, levando as pessoas a verdadeiras loucuras e fórmulas mágicas para emagrecer. Hipócrates aconselhava os pacientes a vomitarem após comerem e a fazerem um exercício intenso de corrida no meio do dia. Essa recomendação é assustadora hoje, mas fez muito sentido naquela época.

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VIVER BEM

Hoje ser gordo preocupa a maioria das pessoas, porque a medicina descobriu que a gordura faz mal à saúde e a sociedade faz com que as pessoas acima do peso se sintam mal com seus corpos. Então fazer dieta é normal e existem milhões delas espalhadas por aí; em capas das revistas, nos jornais, Internet e dissipadas em tratamentos por profissionais com promessas de resultados rápidos e milagrosos. O corpo que está na moda é magro, com baixíssimo teor de gordura e com os músculos fortes e aparentes. A questão é que não conseguimos modelar nosso corpo como uma massinha, e nenhuma dieta ou alimento fará isso por nós. Ainda assim, o comércio se vale de imagens de mulheres magérrimas e homens musculosos para vender seus produtos e planos alimentares fenomenais. Diante de todo esse cenário, o que nos resta é uma relação ruim com a comida e a sensação de que estamos sempre comendo errado. Se comemos uma salada, o fazemos desejando um pão; se comemos o pão, o fazemos achando que deveríamos estar comendo uma salada. Isso lhe parece familiar?

A todo momento nos deparamos com uma nova dieta e a esperança de resultados rápidos. A verdade é que são todas inúteis, pois cerca de 95% das pessoas voltam a recuperar todo o peso perdido e até um pouco mais, após uma dieta de emagrecimento. É o famoso efeito sanfona. Sendo assim, dietas engordam. O efeito sanfona é tão danoso ao organismo quanto a obesidade, aumenta o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, infarto e leva à redução do metabolis-

mo. Quem já emagreceu e engordou várias vezes na vida sabe bem o quanto o emagrecimento vai se tornando mais difícil com o tempo...

As dietas são difíceis de seguir, levam a uma obsessão por comida, pelo corpo e fazem a pessoa se sentir um fracasso. Vamos a um exemplo: imagine por um momento você eliminando os carboidratos da sua alimentação, decerto você consegue ficar alguns dias sem o pãozinho e outras massas. Nesse estágio você fica pensando nisso o tempo todo e esses alimentos proibidos passam a te chamar mais atenção. Você começa a perceber o pão em todos os lugares e o desejo por comê-lo vai aumentando. Até que um dia por qualquer motivo que seja, geralmente um acontecimento negativo, você desiste da dieta e o primeiro pensamento que surge é “hoje eu mereço um pão!”. Então, em vez de comer um, você perde o controle e come vários pães. Assim o círculo se fecha e você se sente um fracasso, se culpa e não consegue retomar a dieta, retorna sim aos antigos e ruins hábitos alimentares.

Entenda que a culpa não é sua e sim da dieta. As dietas causam mal estar físico e psicológico, te tiram de uma vida normal como ela deve ser. Sendo assim, precisamos repensar uma atitude simples, sensata e saudável. Emagrecer realmente não é fácil, mas é possível, requer cuidado e mudanças contínuas, frente ao estilo de vida.

Mariana Herzog Nutricionista e mestre em Ciências Fisiológicas pela Ufes com aprimoramento em transtornos alimentares pela USP


CAMINHOS DA BÍBLIA

Vós me ensinais o caminho para a vida (...) delícia eterna e alegria ao vosso lado. (Salmo 15)

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Salmo quinze canta a alegria da esperança em Deus, provada por todos aqueles que no Senhor depositam a sua confiança. De fato, o salmista recolhe a certeza do cuidado divino, algo que faz com que o seu coração se encha de alegria e júbilo. As palavras são confiantes, pois são apoiadas nas promessas do Senhor e na experiência que todos os filhos e filhas de Israel fizeram ao longo de toda a história. O Senhor é fiel e o seu povo sempre pode perceber esse cuidado amoroso de Deus, de maneira especial, diante das grandes perseguições e dificuldades. O coração em festa é sinal claro de uma confiança sem limites, a certeza de que o Senhor cuidará de todos os seus filhos e filhas. De fato, em tempos de grandes tribulações, o Salmo era fonte de alento e coragem, fazendo com que as forças do povo de Deus fossem revigoradas. No coração daquele que reza, nasce uma chama de esperança, pois, na medida em que faz memória dos feitos do Senhor, reconhece que as suas promessas nunca falharão.

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A alegria sempre nasce a partir da experiência da misericórdia divina, da acolhida do amor que acompanha, cuida, salva e garante ao povo um caminho para a vida. Sendo assim, a alegria do coração dos fiéis, nascida na esperança nas promessas divinas, está diretamente relacionada com a misericórdia do Senhor. Deus cuida dos seus e deseja levá-los ao melhor caminho, de modo que o seu projeto de vida plena seja alcançado e vivido por todos. Por isso, o Salmo, não somente canta as alegrias dos que em Deus esperam, mas, também, convida a todos a unirem-se ao Senhor na construção de um mundo novo.

De fato, quando o salmista afirma: “Vós me ensinais um caminho para a vida”, ele assume para si a obra realizada em seu favor, pelo Senhor. Isto é, tendo sido ele atingido pelo cuidado de Deus e guiado por Sua Mão, deve se tornar para os seus irmãos e irmãs, sinal do cuidado e da graça de divina. Todavia, tal experiência e chamado não se reduzem ao salmista, em sua missão de comunicar o cuidado de Deus, mas, devem ser vividos por todo o povo de Deus. Todos os que foram instruídos e formados na esperança das promessas divinas, vivem com os corações marcados e iluminados pela esperança do cuidado de Deus, fonte de grande alegria. Por isso, são chamados a comunicarem o que receberam do Senhor, de maneira especial, tornando-se promotores da vida plena, sendo luzes no caminho dos homens e mulheres. Como verdadeiros construtores de uma sociedade marcada pela presença e graça divinas, sinal de vida plena para todos os escolhidos de Deus.


CAMINHOS DA BÍBLIA

Desse modo, a esperança e a alegria que o Salmo quinze quer comunicar está ligada diretamente à escuta e acolhida da Palavra de Deus, capaz de formar homens e mulheres novas. Verdadeiros discípulos missionários, que escutam, acolhem e vivem a Palavra, autênticos comunicadores da alegria da presença de Deus juntos os pequenos e pobres. Esses brilharão na construção de um mundo novo, de novos céus e terra, da Casa Comum para toda a Criação, apontando o rumo novo para toda a sociedade.

Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza Professor de Sagrada Escritura no IFTAV e Doutor em Sagrada Escritura Imagem: Jesus Christ Consolator, 1890, de Carl Heinrich Bloch.

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ECONOMIA POLÍTICA

FELIZ ANO VELHO

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dinâmica socioeconômica brasileira sofreu uma inflexão com o golpe de 2016 e com seu aprofundamento a partir das eleições de 2018. Nelas foram legitimados retrocessos sociais, políticos e econômicos que devem ser ampliados a partir de 2019.

Entre 2016 e 2018 os ganhos do mercado financeiro foram fortalecidos e devem ser mais robustos no futuro. Robustez a ser assegurada por privatizações e desnacionalizações motivadoras e viabilizadoras do golpe de 2016. Privatizações e desnacionalizações que fazem parte da agenda do congresso e do executivo que tomaram posse em janeiro. Agenda legitimada pelo voto popular, ainda que esse tenha sido conquistado sem o necessário debate aberto sobre suas causas e consequências. O discurso da privatização, por exemplo, continua sendo sustentado pelo argumento desprovido de evidências de que a desestatização - por si só e de forma exclusiva - gerará crescimento e emprego.

Diante do discurso dos que assumem em 2019 no Executivo e no Congresso, vem a triste sensação de que no passado o futuro parecia melhor.

Privatização, segundo o discurso, para atrair capital e tecnologia do exterior. Como as joias a serem entregues estão em áreas estratégicas como energia, agricultura, saúde e sistema bancário, vale indagar o que o capital estrangeiro pode acrescentar ao que o Brasil hoje domina de tecnologia?

Pouco. Porque conhecimentos tecnológicos e gerenciais - incorporados em empresas nacionais como Embraer, Embrapa, Fiocruz, Petrobrás, e as que atuam no sistema bancário - vêm há muito interagindo e construindo parcerias com empresas mundo afora. Interação e cooperação que as capacitam para um equilibrado diálogo com o que se produz na fronteira tecnológica mundial.

Retrocessos na área econômica acompanhados por reacionarismo no campo social. Reação à regras para a relação capital-trabalho, construídas desde a primeira metade do século passado e que foram desmontadas de forma açodada. Reação a pequenos avanços na inclusão social conquistadas a partir do estabelecido na Constituição de 1988.

Retrocessos e reacionarismo que se refletem também na forma como o País se coloca na geopolítica mundial. Seja pela subserviência aos interesses dos Estados Unidos, seja pelo que essa subserviência provoca de perdas de protagonismo do Brasil em áreas como mudanças climáticas, biodiversidade, segurança alimentar, justiça social e construção de alternativas à ordem mundial estabelecida no pós-II Guerra. Diante do discurso dos que assumem em 2019 no Executivo e no Congresso, vem a triste sensação de que no passado o futuro parecia melhor.

Arlindo Villaschi Professor de Economia arlindo@villaschi.pro.br

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FLASHES DO COTIDIANO

POR UM ANO DE SUCESSO ESCOLAR Esta semana fui convidado para uma daquelas reuniões de família. Gosto destes momentos, pois quando a família se reúne para decidir algo, boas ideias podem surgir. Mas confesso que fiquei preocupado com o tema da reunião. Espero que não seja eu... (rs) Cheguei por último e já tinha começado. Estavam meus pais, minha irmã e cunhado, e meu outro irmão. Não demorei muito a perceber o tema do encontro. Meu sobrinho reprovou na escola, no ano passado, e a grande dúvida era qual atitude deveria ser tomada com ele para que isto não acontecesse novamente. - É simples, dizia meu pai, basta cortar todo e qualquer tipo de regalias. Cortem jogos, televisão, computador e celular. Da escola para casa e da casa para escola.

Este discurso do meu pai fazia muito sucesso há algumas décadas, mas hoje o castigo é a melhor solução? Dizem que esta geração é mimada demais, mas o que leva alguém a reprovar na escola é somente irresponsabilidade? - Já fizemos isto ano passado, pai. Não deu certo, respondeu minha irmã.

Penso que é um erro creditar a culpa da reprovação só ao aluno. Acredito que seja todo um processo que envolve a família e a escola também. - Vocês acompanharam os estudos dele durante o ano?

Esta minha pergunta causou certo constrangimento, pois nos dias de hoje, os pais ficam quase todo o tempo fora de casa e poucos dispensam momentos para estar junto com os filhos, seja para o lazer, seja para acompanhar os estudos. Aí entram os celulares, jogos e computadores para que eles se distraiam, mas não se descobriu ainda o que fazer em relações ao estudo. - Tem que acompanhar, tem que estar junto, concluí.

- Não tem como, temos que trabalhar, disse meu cunhado. - E estabelecer metas? Perguntei. - Mas, como assim? Como definir metas e horários? O que é o ideal? Questionou minha mãe. O que deixou todos nós em um silêncio constrangedor. Depois de muitas ponderações, dúvidas e incertezas, lembramos de alguém que pode ajudar neste processo. A pedagoga da escola. Minha irmã e cunhado marcaram um horário, conversaram com ela e voltaram com informações interessantes: É importante conversar com a criança para ajudar a descobrir os motivos que levaram à reprovação. O diálogo deve ser franco e os pais devem falar das expectativas de dedicação e de boas notas, mas deve ser uma conversa motivadora e não ameaçadora e deve ser aproveitada a oportunidade para estabelecer horários de estudo, sem desprezar os momentos de lazer, além de destacar a importância de que o momento de estudar deve ser em um ambiente tranquilo e sem distrações. Com esta conversa o ano para meu sobrinho na escola parece ser promissor e todos nós descobrimos que temos a nossa responsabilidade pelos estudos dele. Então, com muito carinho e dedicação vamos aguardar os bons resultados neste 2019. fevereiro 2019

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FAZER BEM

APOSENTADO PLANTOU MAIS DE 25 MIL ÁRVORES E RECUPERA ÁREA DEGRADADA EM SP Popularmente conhecido como “Plantador de Árvores”, Hélio da Silva, 67 anos, administrador de empresas aposentado, plantou sozinho mais de 25 mil árvores na beira do córrego Tiquatira, no Parque Linear Tiquatira, localizado no bairro da Penha, Zona Leste de São Paulo.

A primeira muda de “Seu Hélio” foi plantada no local em 23 de novembro de 2013, desde então, ele não parou mais, e sua excelente iniciativa atraiu bons olhares. Quatro anos e 5 mil árvores depois, a recuperação de uma área antes degradada motivou a Prefeitura de São Paulo a transformar o bosque no primeiro parque linear (no decurso de um rio) da capital paulista.

DESCONHECIDA PAGA CONTA DE IDOSO SEM CONDIÇÕES EM FARMÁCIA Em uma farmácia dos Estados Unidos, uma mulher notou que um senhor não teria dinheiro suficiente para levar todos os medicamentos que ele precisava, e em um gesto de gentileza, ela se propôs a pagar a conta do idoso, mesmo sem o conhecer. O senhor, cujo nome é desconhecido, precisava comprar remédios para três meses de tratamento. O total de sua compra daria 170 dólares, quase

O “café da manhã grátis” está disponível de segunda a sexta, das 8h às 9h, horário que as crianças e os adolescentes costumam ir para escola em Dublin. fevereiro 2019

A mulher desconhecida presenciou a cena e em um ato de solidariedade quis pagar todos os remédios do senhor.

Outras pessoas que estavam presentes no momento se emocionaram e uma delas registrou a ação. O ato viralizou na internet e sensibilizou os internautas.

CAFETERIA OFERECE CAFÉ GRATUITO A CRIANÇAS O dono de uma cafeteria, em Dublin, capital e maior cidade da Irlanda está oferecendo café da manhã gratuito para as crianças, ou adolescentes, que passam a caminho da escola.

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650 reais, mas ele verificou que não tinha todo aquele dinheiro na carteira.

A loja anunciou a louvável iniciativa no facebook e twitter: “Nós achamos que toda criança e adolescente merece um café da manhã quente e saudável antes da escola todos os dias, então eis o que decidimos fazer a respeito. A partir de segunda-feira, teremos um pote de mingau gostoso e outros quitutes das 8h às 9h.”


FAZER BEM

MÃE CONSEGUE NETFLIX PERSONALIZADA PARA FILHO AUTISTA Um caso de amor comoveu as redes sociais neste início de ano. Após apelo na web, uma mãe de Sorocaba, interior de São Paulo conseguiu um “Netflix” personalizado para seu filho assistir Procurando Nemo. O filme infantil é o preferido de Miguel, de 6 anos. Como de costume ele entrou no serviço por streaming na TV não encontrou o filme. A frustação e as crises do filho fizeram com que a mãe fos-

se buscar uma solução nas redes sociais.

O analista de suporte técnico Rodrigo Lima, 22 anos, ficou sensibilizado com o relato da mãe e dedicou dois dias para gravar e editar o filme personalizado com um menu parecido com o da Netflix, possibilitando que o garoto Miguel pudesse assistir ao seu desenho favorito repetidamente como se estivesse assistindo pelo serviço online.

VENDEDOR DE PICOLÉ RECOLHE LIXO E AJUDA LIMPAR PRAIAS NO ES Pensar no futuro é agir no agora. Marco Antônio Marques vende picolé nas praias de Vila Velha, Espirito Santo. Além de trabalhar, ele ensina. O vendedor aproveita o período do trabalho para recolher o lixo da areia.

Ele já juntou mais de 30 mil bitucas de cigarro, 4 mil garrafas pet e 700 hastes de pirulito desde o início de 2018.

Com a ajuda de um braço mecânico, que ganhou de presente, ele faz a limpeza.

“Eu ficava sempre abaixando e levantando. Aí um senhor me deu de presente. É mais prático e eu consigo

catar mais resto de lixo”, dis-

BEBÊ NASCE EM CALÇADA E É PRESENTEADO COM ENSAIO FOTOGRÁFICO A fotografa Nilza Rejane, 53 anos, presenteou a família de um bebê que nasceu em uma calçada de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A criança nasceu depois que a mãe dele, Judith Fleurissaint Baguidy, de 39 anos, foi obrigada a andar durante 40 minutos em direção a um hospital. Mas o pequeno Waldo, filho de imigrantes haitianos, não conseguiu esperar chegar no hospital e acabou nascendo na rua, na capital gaúcha.

Trabalhando há cinco anos com “Newborn”, a fotografa emocionada com a história, foi ao encontro da mãe haitiana e fez o convite para fotografar o recém-nascido Waldo. O bebê fez o book fotográfico com apenas 14 dias de vida, em um estúdio de Gravatai, na região Metropolitana.

se ao jornal local.

Todo lixo é levado para casa dele e contabilizado em uma tabela atualizada diariamente.

Marco pretende fazer um mosaico e chamar a atenção das pessoas para a quantidade de lixo deixada nas praias. fevereiro 2019

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CATEQUESE

VIDA COMUNITÁRIA

A

experiência mais concreta das comunidades cristãs é a vivência comum no Senhor. Os cristãos devem estar atentos para promover o bem comum, como também a assistência aos menos favorecidos e a reta doutrina. Estão presentes, desde os primórdios do cristianismo, como nos narra a Didaqué, as instruções para discernir, entre aqueles que estão diante das comunidades, quais são verdadeiros ou falsos profetas. São inúmeros os conselhos que regem a conduta daquele que vem em nome do Senhor, dentre eles: a continuação da doutrina outrora pregada, o despojamento, a pobreza evangélica, a prática vivencial do Evangelho que ensina, e o desapego aos bens materiais. A abertura à caridade é um dos meios de se reconhecer um verdadeiro profeta.

Os conselhos também se referem ao acolhimento de “todo aquele que vier em nome do Senhor”, contudo, é preciso examinar para poder conhecer; de forma que este não seja um “co-

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fevereiro 2019

merciante de Cristo” e para isso deve ajudar a comunidade com o labor do trabalho. O texto da Didaqué ainda traz uma referência muito importante que nos remete a uma realidade existente ainda hoje em nossas comunidades: a sustentação do sacerdote.

Sobre o sustento do ministro, a orientação é que se ele tiver uma profissão, então deve trabalhar para se manter, caso contrário fica a critério da comunidade. É importante que não haja nenhum cristão ocioso na comunidade. E acrescenta outra orientação a respeito das primícias da terra: “Tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê para os profetas, pois eles são os sumos sacerdotes de vocês. Se, porém, vocês não têm nenhum profeta, dêem aos pobres.” O que não pode é deixar de partilhar os bens e de pôr tudo em comum. O centro da vivência comunitária cristã não está somente na ação da caridade, contudo, esta é orientada pela celebra-

ção dominical, verdadeiro centro, onde depois de terem confessados os pecados, se parte o pão em nome do Senhor. A celebração é vínculo de comunhão e não pode haver discórdia entre aqueles que dela participam, para que não haja profanação do sacrifício. “O cimento da vida comunitária é a correção mútua, feita com espírito fraterno. Perdoar-se e reconciliar-se mutuamente é o sacramento básico, porque não é bom viver sozinho, como também não é fácil viver junto”. Tudo isso: as orações, as esmolas e a vida comum devem ser espelhadas na forma do Evangelho de Nosso Senhor. A vida perseverante no Evangelho é um conforto e uma missão. Conforto porque nos garante a vida futura para aqueles que se santificaram, e missão porque, nós que sabemos da verdade, somos convidados a anunciar ao mundo. A vida em comunidade tem uma finalidade, nos preparar para o grande encontro com Senhor no dia final.

Daniel Calil

Estudante de teologia da Arquidiocese de Vitória


ARQUIVO E MEMÓRIA

No início dos anos 90, a Mitra Arquidiocesana de Vitória, representada por Dom Silvestre Luís Scandian comprou duas rádios. O então Arcebispo muito se empenhou nesse projeto, pois via a necessidade de se comunicar cada vez mais e melhor com o povo de Deus. Com a proposta de levar a mensagem do Evangelho ao povo em todos os cantos do Estado do Espírito Santo, nasceu a Rádio América, que entrou no ar no início do ano de 1993. A aquisição da Rádio foi importante para a Igreja pois em 1974 Dom João Batista da Mota e Albuquerque, antecessor de Dom Silves-

tre, foi forçado a vender a Rádio Capixaba, que era naquele período, uma das mais importantes emissoras do estado. A venda aconteceu por pressão do Governo Militar e também para evitar represálias e maiores consequências, já que a rádio era um veículo de divulgação do trabalho evangelizador, de anúncio e de denúncia, realizado por Dom João e pelas Pastorais da Igreja.

A comemoração do aniversário de 5 anos da Rádio América aconteceu durante a abertura da CF 1998 no Campo de Futebol do Vitória. Na ocasião um grande bolo foi partilhado.

Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc


ACONTECEU POSSE DE DOM DARIO

Dom Dario Campos tomou posse como Arcebispo Metropolitano de Vitória na manhã do dia 05 de janeiro, na Catedral de Vitória. A posse seguiu o rito proposto pela Igreja: o cura da catedral, Pe. Renato Criste, recebeu o Arcebispo que beijou a cruz, se aspergiu, e entrou pela Catedral asper-

gindo os fiéis, seguido pelo Arcebispo emérito Dom Luiz Mancilha Vilela. Juntos, eles se ajoelharam na capela, diante do Santíssimo e depois seguiram para a sacristia, onde se paramentaram e iniciarem a Celebração Eucarística.

A Comunidade de São Benedito foi escolhida para a primeira missa de Dom Dario como Arcebispo Metropolitano de Vitória. A celebração aconteceu na quadra do Secri, no dia 06 de janeiro, data em que a Igreja celebra a Festa da Epifania.

culada Conceição, na Paróquia Santa Teresa de Calcutá. De lá, Dom Dario, padres e fiéis seguiram em caminhada até ao Secri.

A missa foi iniciada por Dom Luiz e após a apresenta-

MISSA NO MORRO SÃO BENEDITO

Não faltou alegria e muitas cores na celebração, que teve início na Comunidade da Ima-

A missa foi concelebrada pelos padres Kelder Brandão, Renato Criste, Ivo Amorim, Dauri Batisti, Arthur Juliati, Andherson Franklin, Jocemar Zagoto, Carlos Pinto Barbosa e Eder Carvalho da Prelazia de Lábrea.

Os jovens da Arquidiocese de Vitória que participaram da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2019 receberam a benção de envio de Dom Dario Campos no dia 11 de janeiro, na Catedral de Vitória. A JMJ, que te-

ve como tema “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38)”, foi realizada no Panamá entre os dias 22 a 27 de janeiro e contou com a presença do Papa Francisco.

MISSA DE ENVIO

ção e leitura da Bula de nomeação de Dom Dario, o documento foi apresentado ao povo. Em seguida, Dom Luiz dirigiu a Dom Dario uma saudação, entregou a ele o báculo (cajado) e o conduziu à Cátedra, de onde ele passou a presidir a Celebração, já como Arcebispo desta Igreja Particular.




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