Ano XI
Nº 129
Maio de 2016
vitória Revista da Arquidiocese de Vitória - ES
Especial Não invocarás o nome de Deus em vão
Entrevista Nada derruba a gratidão do gari em ver a cidade limpa
Famosos e anônimos. Bastam 15 minutos
•
•
editorial
Sociedade de Deus e do dinheiro
E
Maria da Luz Fernandes Editora
spiritualidade, religião e fé são palavras que entraram no vocabulário comum e, de certa forma, afastaram-se de seus sentidos originais. Aquilo que era restrito a espaços religiosos ou aplicados a situações que envolviam fé, hoje espalha-se por outros espaços algumas vezes alimentando a fé e sustentando a espiritualidade, outras com sentidos distantes e interesses muito variados. Os símbolos religiosos invadiram as prateleiras do comércio e misturam-se a outros produtos dando a sensação que fé e religião podem ser comprados nos shoppings, supermercados e outros centros de comércio. Os interesses diferentes podem modificar a mensagem, mas a simplificação da mensagem pode ajudar a divulgá-la e torná-la mais acessível. Algumas matérias desta edição abordam essa questão e sugerem reflexões e argumentos para ajudar a entender esse fenômeno atual. Boa leitura! n
fale com a gente Envie suas opiniões e sugestões de pauta para mitra.noticias@aves.org.br anuncie Associe a marca de sua empresa ao projeto desta Revista e seja visto pelas lideranças das comunidades. Ligue para (27) 3198-0850 ou comercial@redeamericaes.com.br ASSINATURA Faça a assinatura anual da Revista e receba com toda tranquilidade. Ligue para (27) 3198-0850
@arquivix arquivix mitraaves www.aves.org.br
vitória Revista da Arquidiocese de Vitória - ES
Ano XI – Edição 129 – Maio/2016 Publicação da Arquidiocese de Vitória
03
08
Editorial
Micronotícias
05
Aplicativo para cultivar horta em casa
atualidade Ética na comunicação e o agrado ao público
11
Especial Não invocarás o nome de Deus em vão
21
38
sujestões
Mundo litúrgico
22
viver bem No aconchego do abraço de mãe
Lágrimas do Rio Doce
A Palavra, guia da Igreja celebrante
27
comunicação Quinze minutos de fama ou quinze segundos para destruí-la?
42
46
33
Eleição Voto branco ou nulo: qual a diferença? E você cristão, faz a diferença?
Sociedade de Deus e do dinheiro
ensinamentos
Diaconia: servir a Igreja na prática da caridade
acontece
III Encontro Estadual do Terço dos Homens
19
caminhos da bíblia Formados e enviados pela Palavra
29
entrevista
Valorizado ou humilhado, nada derruba a gratidão de ver a cidade limpa
34
Mercado da fé
A fé em cartaz e na vitrine
24
diálogos Maria, Mãe da Igreja, um Título que se distribui em mil
12 ideias 15 Economia Política 16 espiritualidade 17 pensar 20 Documentos da igreja 28 Aspas 39 arquivo e memória 40 pergunte a quem sabe
45 Cultura capixaba
Ponte Florentino Avidos
Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Pe. Andherson Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Diovani Favoreto, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi e Vitor Nunes Rosa • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: wmrosa@redercres.com.br - (27) 3198-0850 Fale com a revista vitória: mitra.noticias@aves.org.br • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini • Designer: Paulo V. Rocha /Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266
Atualidade
Ética na comunicação e o agrado ao público
A relação atual entre a essência, a raiz da comunicação e a veiculação daquilo que o público deseja ver.
Q
uem se comunica para agradar faz marketing, uma forma de comunicação que recebe, nos dias atuais, enorme investimento acadêmico e financeiro. O marketing, no entanto, invadiu o espaço editorial dos jornais e revistas há muito tempo. O pessimista Carlo Collodi, jornalista e escritor italiano do século XIX, criador do boneco Pinóquio, dizia que o jornalismo, na verdade, era apenas e tão somente, o que se publicava em algumas páginas para dar suporte ao comércio que precisava da publicidade. Talvez esteja exatamente nisso a raiz da comunicação que tende a agradar: a lei do lucro exige que se venda, para vender é preciso agradar, para revista vitória I Maio/2016 5
Atualidade
agradar é necessário saber o que o público quer ler, ver e ouvir. Considerando esse ponto de partida, é preciso verificar também que existe uma modalidade de comunicação que pretende alcançar sucesso junto ao público, algo que vai além do lucro. Esse tipo de comunicação só tem eficiência se adular, assustar,
Existe ainda, um elemento mais complexo: o proselitismo. A comunicação que quer convencer. Muitas vezes, a qualquer custo. Para isso, são construídos discursos que balançam entre dois polos: o conforto e a ameaça. Nos dois casos, se produz comunicação que agrada porque o medo é apenas uma estratégia para a conquista. A comunicação religiosa está sempre sob o risco dessa modalidade de comunicação. Há quem queira
despertar o lado masoquista das pessoas que se encantam com o grotesco, com a violência ou os assuntos mórbidos. Nessa mesma esteira estão os mecanismos que precisam ser acionados para agradar bisbilhoteiros e voyeuristas com muito exibicionismo principalmente de linguagens e de imagens que privilegiam o sexo e a sede da fama. A cultura da celebridade, portanto, tem sido pano de fundo para a elaboração da comunicação que pretende agradar. revista vitória I Maio/2016 6
trazer para seu grupo religioso o ouvinte, o telespectador ou leitor por meio de mensagens açucaradas ou, com o mesmo objetivo, quem toma pelo pescoço os medrosos e culpados com afirmações arrepiantes sobre destino daqueles que não lhe der trela. Proporcionais meios
Eugenio Bucci é jornalista e Doutor em Comunicação. Ele atuou, longos anos, como crítico de cultura e televisão nos principais jornais e revistas do País. Foi chefe da antiga Radiobras no primeiro governo Lula. Num artigo publicado recentemente no qual abordava a situação atual da imprensa no Brasil, ele foi ao centro da questão ética para quem comunica: “uma imprensa que não sabe ouvir e identificar em falas divergentes um núcleo de razão legítima está a um passo de desistir de si mesma. Só há imprensa quando existe o propósito de proporcionar à sociedade os meios pelos quais ela possa dialogar consigo mesma”. O que Bucci fala especificamente para a ética na imprensa serve, perfeitamente, para toda a comunicação. Ser ético é ser honesto. Esse exercício não permite a queda na armadilha do agrado a qualquer
custo. Comunica-se a verdade, dizem os documentos da Igreja. Comunica-se a melhor versão da verdade, dizem os mais pragmáticos e realistas leitores dos códigos de deontologia profissional dos comunicadores. Comunica-se com ética, na linha da ponderação de Bucci, quando se oferece ao público um “núcleo de razão legítima”. Esse núcleo é formado pelos fatos, opiniões plurais, atenuantes e agravantes circunstanciais. E é isso. Um passo adiante disso já é tendência, partidarismo. Ou ainda: é comunicação ética quando se proporciona ao público os meios que ele precisa para formar sua própria opinião sobre os temas apresentados. No exercício da comunicação, no campo ético, agradar e desagradar são fenômenos equivalentes. Tanto quem faz uma coisa ou como a outra, de forma proposital, pode estar tomando distância da essência da comunicação ética e livre. Pode estar apenas construindo veículos de marketing para alcançar o sucesso próprio ou para arregimen-
tar seguidores fiéis. A ética da comunicação chama a atenção para os velhos e bons critérios de distância, de crítica, de apuração junto as partes e da manutenção, permanente, de um passo atrás para dar margem a revisão, a correção e a reelaboração dos discursos. Na verdade, a ética garante a abertura e a constante busca da verdade dos fatos e a livre expressão da opinião das pessoas. Marketing da adulação
Há que se fazer uma ressalva: o marketing que se faz para agradar pode ser ético. Claro, quando é praticado sem o envolvimento promiscuo com a comunicação que pretende ser imparcial e objetiva. E quando não se confunde com o suborno e o puxa-saquismo. Apesar do marketing conviver com a crítica, a desconfiança e a dúvida quanto à validade ética de seus princípios e práticas, é preciso reconhecer que se pode promover comunicação para agradar sem que isso seja necessariamente uma distorção. Para isso, revista vitória I Maio/2016 7
é necessário, no mínimo, reconhecer a natureza da comunicação feita e identificá-la como legitimamente um instrumento de convencimento em vista de um fim que também seja correto, claro. Para a admissão desse tipo de comunicação, basta que se faça, sempre, a distinção entre o repasse de ideias e de fatos e a ficção que serve ao convencimento para a venda ou a conquista de quem recebe a mensagem da comunicada. Trata-se do firme e corajoso dever de declarar qual é o ponto do qual se parte e qual é a direção pretendida. Ninguém é enganado, ao menos com sã consciência, quando é possível perceber qual é o propósito de uma determinada mensagem. Faz-se comunicação sob o domínio ético mesmo quando agrada, se essas condições são devidamente respeitadas e assumidas. n Pe. Rafael Vieira, CSsR Jornalista profissional e assessor da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB
micronotícias
Agricultura 100% orgânica é lei na Dinamarca
Duplicar a quantidade atual de terra cultivada organicamente até 2020 e aumentar o investimento em agricultura biológica são metas do governo dinamarquês para tornar sua agricultura totalmente sustentável. No país existem leis protegendo a natureza, a água, o uso de defensivos e outros produtos agrícolas há 25 anos e a população já está habituada com este cuidado. Atingir a meta significa oferecer às escolas, cantinas e hospitais, até 60% de alimentos de origem orgânica.
Escola pública usa energia solar para economizar na conta e instruir alunos Economia de 70% na conta de energia é o resultado da iniciativa da escola municipal Professor Milton de Magalhães Porto na cidade de Uberlândia, Minas Gerais que passou a gerar energia com a colocação de placas solares no telhado. Em um ano, desde que as placas foram instaladas, a economia foi de R$ 15 mil. Os professores estão aproveitando a energia solar como instrumento de ensino em diversas disciplinas. Segundo a direção da escola, o valor economizado será aplicado na própria escola, com melhorias na estrutura e passeios educativos.
revista vitória I Maio/2016 8
Lama do desastre de Mariana transformada em tijolos Tijolos de Mariana é o projeto desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais que produz tijolos de maneira artesanal com a lama que devastou a cidade mineira em novembro de 2015. Em três meses foram produzidos 1200 tijolos e o desafio agora é montar uma fábrica com produção em escala industrial, para gerar empregos diretos e indiretos à comunidade. Uma campanha colaborativa foi criada com o objetivo arrecadar R$ 400 mil para financiar o projeto.
“Ao final de cada ano, mais de 1 bilhão de quilos de lama terão sido retirados do meio ambiente, produzindo uma quantidade de tijolos suficientes para reconstruir mais de 1.200 casas populares, hospitais e escolas da região”, diz o texto publicado na plataforma de financiamento colaborativo que não aponta riscos na utilização do produto.
Chip ajuda jovem tetraplégico a mover mão e jogar videogame O jovem norte-americano Ian Burkhart, paraplégico conseguiu mover a mão direita, o pulso e os dedos graças a uma equipe de cientistas que programou o chip para ativar os nervos que perderam o movimento. No experimento, os pesquisadores utilizaram sinais neurais para ativar os músculos de acordo com os próprios comandos. O jovem conseguiu tocar uma guitarra de videogame, passar um cartão de crédito na máquina leitora e colocar água em uma jarra. Por meio de algoritmos criados por um computador com inteligência artificial, o estudo decodificou a atividade cerebral.
revista vitória I Maio/2016 9
Aplicativo para cultivar horta em casa Para quem deseja cultivar a sua horta em casa, mas não tem noções de plantio e colheita, foi criado o aplicativo Plantit, que ensina como, quando e onde plantar e colher, ao menos, 28 variedades de cultivos. A ferramenta oferece informações e dicas práticas para semear produtos como alho, salsa, cenoura, morango, berinjela, tomate, cebola e muitas outras possibilidades. O aplicativo está disponível para os sistemas iOS e Android e é gratuito.
MARIA DE NAZARÉ Breve tratado de mariologia
184 páginas
PAULUS Livraria de Vitória – ES
Rua Duque de Caxias, 121, Centro CEP.: 29010-120 | Tel.: (27) 3323.0116 vitoria@paulus.com.br
144 páginas
72 páginas
244 páginas
Daniela del Gaudio
Nos passos de Maria
Maria
Luiz Alexandre Solano Rossi
Tão plena de Deus e tão nossa Kathleen Coyle
No mês de Maria, cabe a nós refletir: em meu lugar, o que Nossa Senhora faria? Entre os muitos sons que escutamos no decorrer do dia, é preciso reservar um tempo para ouvir a voz de Maria. Este livro será o seu companheiro diário nesse processo. Você poderá lê-lo antes de iniciar suas atividades e, assim, sentir-se revigorado para mais um dia de vida.
A história não tem registro de Maria de Nazaré, exceto pelos documentos de fé, e o relato a seu respeito nesses documentos é breve. Como essa lacuna coexiste com o crescimento do culto a Maria no decorrer dos séculos? Para descobrir, a autora Kathleen Coyle resolveu pesquisar a fundo a história dessa mulher, cujo culto acalenta milhares de cristãos.
paulus.com.br
Caminhar com Maria para seguir Jesus José Adriano Gonçalves Maria viveu como a maioria de nós: no anonimato. Pertencia ao universo dos pobres e excluídos. O livro Caminhar com Maria para seguir Jesus propõe reflexões acerca da vida e da missão dessa mulher, que foi gente como a gente. Maria é o caminho e o modelo a se seguir para encontrar Jesus e andar lado a lado com Ele.
especial
Não invocarás o nome de Deus em vão
N
a sessão da Câmara dos Deputados quando ocorreu a votação a respeito da admissibilidade do impeachment da Presidente Dilma chamou muito atenção a quantidade de Excelências que invocavam o nome de Deus na hora da sua declaração de voto. Alguém até comentou que nunca vira tantas vezes o uso do nome de Deus em vão. Entre os Dez Mandamentos da Lei de Deus está o imperativo: “Não invocarás o Santo Nome de Deus em vão”, que vem logo em seguida do “Amarás a Deus sobre todas as coisas”. Os demais mandamentos se referem às relações dos homens com Deus e entre si. Jesus Cristo, ao ensinar os discípulos a rezar, assim orienta: “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o vosso Nome”. Daí a grandeza desta prece rezada pelos cristãos. Deus não pode ser banalizado e misturado aos interesses pessoais, pois o Senhor “não deixará impune aquele que pronunciar seu Nome em vão” (Ex 20,7). Ao mesmo tempo, olhan-
do para a moeda do Real encontramos a expressão “Deus seja louvado”. Com estas moedas os homens compram sexo impuro, votos em eleições, financiam o crime organizado e investem em guerras e seus artefatos. É o Nome de Deus usado da forma mais vil, mais vergonhosa! Quando eu era pequeno minha mãe dizia que quando se pega em dinheiro é preciso depois lavar as mãos para poder pegar em comida. Como inserir ali o Nome de Deus? Também os norte-americanos inscreveram em suas cédulas de dólar “In God we trust”. “Cremos em Deus” e com esta moeda impuseram domínio ao mundo. Tem crescido a cultura pentecostal cristã, em grande parte, responsável por esta inserção no cotidiano da vida política e profissional. Como é possível invocar o nome de Deus no início de uma sessão parlamentar se daí alguns minutos serão os interesses pessoais que estarão acima de todas as coisas? Como foi clara a narrativa da votação invocando “meu Deus, minha
revista vitória I Maio/2016 11
família, minha cidade... só coisa minha e meu”. Isso é pecado contra o segundo mandamento, pois Deus não está acima de todas as coisas. Muitas pessoas analisam o momento atual dizendo que é preciso investir na formação política do povo. Mas também é preciso investir na formação religiosa deste mesmo povo. A luta pelo Reino de Deus não é compatível com esta prática. É preciso retirar Deus deste teatro, desta encenação, que incorpora o discurso religioso à prática política de defesa dos interesses pessoais. As razões teístas dos “nobres” deputados são expressões da hipocrisia farisaica. Enfraquecer o Estado Laico é caminhar para o fim da Democracia. É bom nunca esquecer isso. Invocar a Deus para balizar condutas impróprias à moralidade pública é infringir a Lei do próprio Deus a quem se invoca. Um amigo meu dizia: “Que nenhum Deus seja necessário para balizar nossas mazelas”. n Edebrande Cavalieri Doutor em Ciências da Religião e professor da Ufes
ideias
O
s tempos são difíceis, e os tempos assim têm o poder de nos tirar das nossas capacidades de enxergar, de nossas habilidades de analisar, de nossos dons de discernir os eventos e as realidades. Tempos difíceis comprimem nossas veias, travam os músculos do sorriso, agitam-nos e sequestram-nos de nós mesmos. Tempos difíceis podem ser também tempos esquisitos, que é o caso atual. Mais do que estranhos. Sim, esdrúxulos. Em que a visão da realidade guia-se por uma lógica estapafúrdia, onde a coerência ética passa a ser desprezada, e os impulsos (instintos)
Pescar luz pacientemente no poço das sombras ganham notoriedade. Predomina o absurdo, o nonsense. Estes modos ganham o abraço dos “bons”, movimentam as turbas, e reforçam os propósitos interesseiros daqueles que querem tirar vantagem sempre e de tudo. Ao final, e perturbados todos, facilmente são conduzidos. Ah, manter-se sereno, lúcido, amoroso é um desafio quase que impossível de ser encarado nestes tempos. Quase. Pois deles, como de poço sombrio, é que haveremos de tirar a água que aguardamos. Outro dia aqui na rede - este mundo
revista vitória I Maio/2016 12
maravilhoso, luminoso, assombroso, de muitas conexões - me dispus a ouvir a fala de um rabino, vídeo que por acaso caiu diante dos meus olhos. Resumidamente o que ele dizia era que Deus criou o mundo, e que tudo no mundo é uma extensão de Deus. Deus não fez do mundo algo estranho a si mesmo, mas o mundo criado é tão somente, também, Deus. Todo o mundo e tudo o que nele se dá e acontece é Deus. E que se algo acontece é porque Deus participa, faz, está naquele acontecimento. Assim, segundo o seu raciocínio, as reações contra pessoas, fatos e acontecimentos são reações contra Deus. E ele argumentava para contrapor-se ao cultivo da raiva e outros sentimentos ruins que se levantam do coração de tantos nestes tempos. Se com raiva respondo a algo é contra Deus que respondo com aquele sentimento. Não que não sejamos chamados a agir, mas que a nossa ação não seja eivada de ódio, intolerância, ignorância, carência de lucidez. Tudo isso dirigido contra Deus não nos proverá de felicidade, decerto. Bem - pensamos nós que de Jesus procuramos os passos - ter o amor como resposta para tudo é, de fato, a melhor alternativa. Enfim, os tempos esquisitos estão questionando a todos. Muitas são as tentativas de respostas. Certo, no entanto, é que de cada um se exige a busca de outros modos
de vida. Entre outras coisas importa não se deixar levar pelo senso comum, pelas soluções fáceis e perturbadas, pelas orientações dos veículos de comunicação que se impõem sobre as mentes desprotegidas... Resistir. Quem vai pela turba perturba-se indiscutivelmente, e facilmente abre mão da realidade, da lógica, do senso de responsabilidade, da empatia, da compaixão. Troca-se assim, facilmente, o justo pelo injusto. E assim se faz por não se enxergar a troca que é feita. Assustados e tristes vamos. É preciso seguir. Vamos nos exercitando em tentativas (nem sempre exitosas) de manter-nos em dialogo com a realidade, com o único tempo que nos habita, este de agora, aqui neste Brasil. Assombram-nos os acontecimentos, quase recuamos de medo, mas não desistimos de recolher um pouco de luz, colhida, pacientemente - como diria Pablo Neruda - na fonte das sombras. “Há que sentar-se na beira/do poço da sombra/e pescar luz caída/com paciência”. (Mas é preciso desligar a TV para dar-se a essas pescarias). n Dauri Batisti
revista vitória I Maio/2016 13
Alô Central! A informação a qualquer momento, direto da redação.
Cine Líder O que rola nas telonas e nas telinhas pelo mundo.
Minuto Mulher Saúde, vida melhor, dicas de beleza e muito mais
Inbox Reflexões sobre a vida em sociedade
Moderna e conectada
Conta aí As notícias do dia a dia, de maneira rápida e objetiva
Tá sabendo? O mundo das celebridades e as novelas em destaque
Trânsito Informações sobre as condições de tráfego nas avenidas e rodovias da região
Esporte Os destaques de todos os esportes
Muita música, diversão e interatividade
Economia Política
Compromisso maior
P
dos Deputados foi um lametável assado um ano e meio das precisa voltar ao efetivo proepisódio de colocar na posição eleições presidenciais, o tagonismo internacional. É sóde julgadores, deputados com Brasil ainda vive o clima cio fundador do BRICS e seus reconhecida ficha suja. É mais de descontentamento daqueles mais recentes desmembramentos do que necessário que ele seja que tiveram menos votos. Con- banco de desenvolvimento e parado no Senado. Feito isso, testados em diversas instâncias fundo de reserva. São instrucom a maior brevidade possível, os resultados – e recusados os mentos que podem contribuir é desejável que o governo eleito pedidos – a mais recente tentapara melhor inserir empresas em 2014 passe a conduzir uma tiva de eleição antes de 2018 é brasileiras no mercado mundial; o processo de impedie criar mecanismos de mento em tramitação no salvaguardas diante “o Brasil precisa voltar ao Congresso. efetivo protagonismo internacional. da voltatilidade da es Dividida no início peculação financeira É sócio fundador do BRICS e seus de 2015 entre buscar a mundializada. O Brasil mais recentes desmembramentos anulação das eleições pode se beneficiar dessa e ‘sangrar o governo’ parceria política em inibanco de desenvolvimento e fundo (no dizer do Sen. Aluiciativas de cooperação de reserva. São instrumentos que sio Nunes – PSDB/SP), sócio-cultural-científipodem contribuir para melhor inserir os perdedores acabaram ca-tecnológica. O País empresas brasileiras no mercado levando o País à paralitem muito a ganhar lisia política – que requer derando vínculos consismundial” diálogo entre diferentes tentes dentro do bloco. agenda positiva para o País. - o que resultou no engessamento Convergindo os dois lados, Por um lado, para que a do governo eleito. a agenda de mudanças climáticas economia volte a crescer, gerar Como a economia necessita e de sustentabilidade precisa ser empregos e distribuir rendas. É de regras estáveis para poder retomada internamente para que preciso o retorno à pró-atividade funcionar e de sinalização de poo Brasil avance em seu posiciodos bancos públicos no incentivo líticas públicas, paralisia política namento nessas áreas em foruns à produção. O crédito necessáe inação governamental serviram internacionais. rio para o crescimento deve ser de combustível para o agrava Que o impeachment seja canalizado para atividades nos mento da situação econômica rechaçado pelo Senado e que a diversos segmentos, principalem tempos de crise internaciodisputa entre partidos políticos mente naqueles onde as micro, nal. Reverter esse quadro exige seja canalizada para uma agenda pequenas e médias empresas ingredientes bastante escassos positiva para o Brasil. n nacionais já demonstraram caneste abril de 2016. pacidade de inovar e competir. A passagem do processo Arlindo Vilaschi Por outro lado, o Brasil de impedimento pela Câmara Professor de Economia e Coordenador do Grupo de Pesquisa em Inovação e Desenvolvimento Capixaba da UFES
revista vitória I Maio/2016 15
espiritualidade
Desatadora de nós
E
m Augsburgo, na Alemanha, tem um quadro que foi pintado em 1700 pelo artista Johann Schmidtner, retratando a Imaculada Conceição, mas, com algumas peculiaridades inspiradas no pensamento de Santo Irineu: “Eva por sua desobediência, atou o nó da desgraça para o gênero humano; Maria por sua obediência, o desatou”. No quadro temos ainda anjos que entregam a Maria uma fita com nós grandes e pequenos, alguns nós apertados e outros mais folgados. A fita simboliza o pecado original que provocou tantos nós para a humanidade. Nossa Senhora com sua obediência desatou o nó da desobediência
original. Também nós, os filhos de Maria, somente poderemos desatar os nós da nossa existência e do nosso mundo através da obediência ao Pai. A Mãe de Jesus, denominada por São Paulo como nova Eva, fez exatamente o contrário da antiga Eva. Aquela desobedeceu, esta foi obediente ao Pai até o fim; Eva arrancou o fruto da árvore para si; Maria, a nova Eva, teve o fruto do seu ventre pregado na árvore, na árvore da Cruz. Diante de tal Mãe, quero repetir os sentimentos da oração de um santo bispo brasileiro: Mãe, não quero nada. Vim apenas te ver... Em nome de todos os homens que vivem te suplicando, em nome de todos os irmãos que já se aproximam de ti de mãos estendidas, deixa que eu esqueça
um momento o vale de lágrimas, a terra das tristezas, nossa miséria de mendigos, nossa pobreza de criaturas, nossa tristeza de pecadores, para saudar-te, Rainha nossa e Virgem Mãe de Deus! Bendito seja o Criador de teu olhar boníssimo que tem o dom de acender a esperança nas almas desalentadas, nos corações em desespero à beira do abismo, do irremediável, do fim! Bendito seja o Criador de tuas mãos sem mancha, por onde passa toda luz que tomba sobre a escuridão dos homens! Bendito seja o Criador de tua sombra suavíssima, pois, já notei, Mãe querida, que bastam a tua lembrança, o teu perfume, para encher a solidão da vida, a solidão do homem. Mãe, não quero nada. Vim apenas te ver... (Oração de D. Helder Câmara). n
Também nós, os filhos de Maria, somente poderemos desatar os nós da nossa existência e do nosso mundo através da obediência ao Pai Dom Rubens Sevilha, ocd Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória
revista vitória I Maio/2016 16
Ordenação Presbiteral de Alessandro Chagas 23 de abril de 2016
Foto: Marcus Tullius
pensar
caminhos da bíblia
Formados e enviados pela
N
o relato do Evangelho de Lucas, nosso olhar se depara com a cena de Jesus, juntamente com seus discípulos e uma grande multidão num lugar deserto. O dia já declinava e a multidão precisava comer, o que faz com que os discípulos, com receio de que a multidão permanecesse no local e passasse fome, peçam a Jesus que a despedisse. Neste contexto é que Jesus lhes dá uma direção: “Dá-lhes vós mesmos de comer”. Uma afirmação que contém um comando e uma missão, algo que num primeiro momento lhes pareceu impossível de ser assumido e cumprido, devido revista vitória I Maio/2016 18
Palavra aos poucos recursos que tinham naquele local. Onde encontrar o necessário para alimentar tamanho número de pessoas? Como fazer como que todos comessem se possuíam somente cinco pães e dois peixes? O relato do Evangelho nos
mostra o quanto Jesus sabia o que tinha pedido e, ao mesmo tempo, o que Ele mesmo faria. Ao tomar nas mãos os poucos recursos que os seus discípulos foram capazes de recolher, reconhece o esforço dos seus e apresenta tudo isso ao Pai dando-Lhe graças. Jesus realiza um gesto eucarístico ao tomar os pães e os peixes e distribuí-los aos seus discípulos a fim de que distribuíssem à multidão. Não somente todos comeram e ficaram saciados, mas também foram recolhidos doze cestos com tudo o que sobrou. Tal passagem do Evangelho de Lucas está unida diretamente ao que está apresentado em Lucas 5,5, quando Pedro, depois de ter escutado o Senhor, toma a palavra e confirma a sua confiança na Palavra do Mestre. No relato, Jesus, depois de ter ensinado às multidões, convida aos discípulos a lançarem as redes em águas mais profundas, para além do que tinham ido durante toda a noite. Seguindo o comando do Senhor, acabam por fazer uma enorme pesca e reconhecem, com o ocorrido, Jesus em sua divindade, como o Santo de Deus. Em ambos os textos, foi exatamente na Palavra do Senhor que nasceu a revista vitória I Maio/2016 19
confiança dos discípulos, já que Nela eles depositam a sua fé. No momento do envio do Senhor, seja no primeiro texto: “Dá-lhes vós mesmos de comer”, quanto no segundo, os discípulos reconhecem que o Senhor jamais os desampararia. Chamados e enviados a pregar a Palavra e a curar os enfermos, no texto lido, são convidados a alimentar os homens e mulheres, no intuito de confirmar a sua fé. Sendo assim, fica muito clara a relação direta entre a Palavra acolhida e o envio para a missão, já que, sem ser formado pela Palavra o discípulo jamais seria capaz de reconhecer que é o Senhor quem multiplica os seus esforços. A cena dos pães e da grande pesca são sinais claros que indicam a força da Palavra acolhida no coração dos discípulos e os frutos que a mesma pode produzir. Desde a confiança total no Mestre até o enfrentamento das dificuldades que se apresentam no caminho, na certeza de que o envio recebido está baseado na força da Palavra. n Pe. Andherson Franklin Professor de Sagrada Escritura no IFTAV e doutor em Sagrada Escritura
Documentos da igreja
AMORIS LAETITIA: um olhar atento, carinhoso e otimista sobre a família
I
mediatamente após a divulgação da Exortação Apostólica AmorisLaetitia (A Alegria do Amor), o padre jesuíta e teólogo AntonioSpadaro, SJ, diretor da Revista La CiviltàCattolica, publicou uma análise muito pertinente e perspicaz sobre o documento, a partir da qual proponho esta breve reflexão. Como primeira observação, cabe ressaltar o contexto que deu origem ao documento. A Exortação é fruto de um processo sinodal, no qual a Igreja - através da reunião de seus pastores, devidamente assessorados por peritos e outros convidados - se debruça sobre um tema relevante da atualidade. Em relação à família, foram dois sínodos: um extraordinário, com o tema “Os desafios pastorais em torno da família no contexto da Evangelização” (05-19/10/2014), e outro ordinário, “Jesus Cristo revela o mistério e a vocação da família” (04-25/10/2015). Este segundo contando com a assessoria direta de Frei Antonio Moser, OFM, confrade de saudosa memória morto tragicamente numa tentativa de assalto no dia 09 de março. Merece também menção o documento preparatório, composto por um amplo questionário enviado às Igrejas particulares e
Encontro de situações e pessoas concretas, sempre numa postura de escuta, misericórdia e acolhida, na esperança de abrir a todos o caminho da Salvação e do encontro com Jesus Cristo que abordava questões delicadas em torno da situação das famílias em nosso tempo. Segundo elemento a ser destacado é que se trata de um documento com abordagem predominantemente pastoral, marcado por uma profunda preocupação de ir ao encontro de situações e pessoas concretas, sempre numa postura de escuta, misericórdia e acolhida, na esperança de abrir a todos o caminho da Salvação e do encontro com Jesus Cristo. “É uma exortação sobre o amor, não sobre a doutrina do matrimônio”, explica o Padre Spadaro. Sendo assim, uma das palavras-chaves é discernimento, levando-se em conta a consciência e a historicidade, ou seja, pressupondo-se o chão da realidade, a experiência concreta, os sofrimentos e as vitórias de cada pessoa. Para além de insistir em questões doutrinais, bioéticas e morais, o Papa sonha que a Igreja apresente o matrimônio como um caminho dinâmico de crescimento e realização, deixando espaço à
revista vitória I Maio/2016 20
consciência dos fiéis (Cf. AL 36). No Capítulo VIII, no qual convida à misericórdia e ao discernimento pastoral diante das situações que não respondem plenamente à proposta do Senhor, Francisco destaca três verbos que devem nortear a postural eclesial: acompanhar, discernir e integrar. A terceira e última observação diz respeito ao tom positivo e propositivo do Papa Francisco. Mais uma vez ele convida a Igreja a sair de si e erguer a cabeça para, junto com os homens e as mulheres da atualidade, contemplar um caminho de esperança, percebendo na família e na vocação matrimonial uma opção realizadora e cheia de sentido, um caminho seguro para o encontro com o Deus de Jesus Cristo. É um documento longo (9 capítulos e 325 parágrafos), mas merece ser lido e estudado com paciência, carinho e atenção por nossas comunidades. n Frei Gustavo Wayand Medella, OFM Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
sugestões
MÚSICA
DVD 180 graus Missionário Shalom
LAZER
Passagem da Tocha Olímpica A tocha olímpica passará por nove cidades do Espírito Santo, com o objetivo de mobilizar para as Olimpíadas de julho. A chegada na capital será no dia 17 de maio e vai percorrer 32km em cerca de quatro horas de percurso. As outras cidades a serem visitadas são: Cachoeiro de Itapemirim, Guarapari, Vila Velha, Serra, Aracruz, Colatina, Linhares e São Mateus.
FESTIVAL
Santa Jazz Santa Jazz é o Festival Internacional de Jazz & Bossa que acontece na cidade de Santa Teresa, entre os dias 20 e 22 de
maio. Dentre as atividades que agitam a cidade localizada na região serrana do estado, estão as apresentações de Rosa Passos, Mauro Senize e Gilson Peranzzetta, além da banda norteamericana Shawn Holt and The Teardrops. Mais informações na fanpage do evento www. facebook.com/FestivalSantaJazz ou pelo site www.santajazz.com.br
O Missionário Shalom, grupo musical ligado à Comunidade Shalom, lançou seu dvd “180 Graus – ao vivo no Halleluya” gravado em Fortaleza, edição de 2015. O repertório de 19 músicas conta com cinco canções inéditas e regravação de sucessos do grupo como, ‘Estrangeiro Aqui’ e ‘Malas Prontas’. O DVD está à venda no site da Canção Nova e nas lojas e livrarias católicas.
EXPOSIÇÃO
Lágrimas do Rio Doce Exposição fotográfica Lágrimas do Rio Doce no Café Bamboo, Praia do Canto vai até 30 de maio. Os visitantes poderão interagir com as fotografias do fotógrafo Leonardo Merçon e conferir como o Rio Doce era antes da tragédia do rompimento da barragem da empresa Samarco, na cidade de Mariana/MG, e como está agora. As imagens da Exposição serão vendidas. Toda a renda arrecadada será destinada à realização do projeto também nomeado de “Lágrimas do Rio Doce”. A iniciativa é do Instituto Últimos Refúgios.
revista vitória I Maio/2016 21
Local: Café Bamboo Rua Afonso Cláudio, 254 Praia do Canto – Vitória/ES Data: Até 30 de maio Horário de funcionamento: 10h às 21h
viver bem Vander Silva
revista vit贸ria I Maio/2016 22
No aconchego do abraço de mãe
E
xiste um abraço que cura quase tudo. Acredito que todos sabem muito bem qual é. O abraço de mãe. Este abraço vem em tantos momentos distintos e, muitas vezes, não o valorizamos. Quando nascemos e somos apresentados a um mundo de luz, ruído e frio, onde buscamos calor e aconchego que acalma o nosso choro e nos faz sentirmos bem-vindos? Este abraço parece mágico quando ganhamos nossos primeiros machucadinhos. Quando não é o suficiente, a dona dele usa de artilharia pesada: aquele beijo que não tem choro que resista. Durante toda a infância corremos atrás deste abraço e ele é nosso, só nosso. Coitado de quem se atrever a aproveitar dele um pouquinho que seja. Muitas vezes este abraço conforta mais ela do que a gente. Que mãe não abraça forte sua
criança enferma como se quisesse transferir para o próprio corpo o que atinge o filho dela? Tem também a mãe que busca abraçar um filho com necessidades especiais como se assim conseguisse protegê-lo de qualquer maldade que exista no mundo. Não podemos nos esquecer do abraço de vó. Mãe duas vezes, que neste abraço procura aproveitar o que muitas vezes a vida não deixou viver com os próprios filhos. E chega o momento em que não queremos mais estes abraços: “não na frente da escola”; “não na presença dos meus colegas”. Ou temos vergonha, afinal “não somos mais crianças” ou estamos com raiva por algo que nem lembramos, mas nos afastamos. Nos fechamos para o abraço. A mãe ali ao lado compreende, aceita, mas sofre pela falta do carinho. O tempo vai passando e aos revista vitória I Maio/2016 23
poucos este abraço vai voltando em momentos de alegria, de tristeza, de reencontro, de despedida e em outros momentos mil em que nos sentimos bem-vindos como da primeira vez em que fomos abraçados. Chega o dia em que este abraço muda. Somos nós que queremos proteger e dizer para a nossa mãe que ela é bem-vinda e que a presença dela ainda é e sempre será muito importante para a gente. Vai chegar o dia em que não poderemos mais sentir este abraço. Podemos senti-lo somente em nossa memória e feliz é quem tem muitos destes abraços armazenados na lembrança. O melhor a se fazer é criar repertório. Seja por telefone, seja através de uma mensagem, seja naquele contato maravilhoso, abrace. Assim você vai construir sua felicidade tendo como base o carinho. n
diálogos
Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES
Maria, Mãe da Igreja, um Título que se distribui em mil
revista vitória I Maio/2016 24
E
stamos em pleno Ano da Misericórdia e, quem nos revela em sua Pessoa o que significa “misericórdia” e quem é a Misericórdia é Jesus, pois, Ele mesmo diz: “Eu e o Pai somos Um”. É o mesmo Jesus que nos deixa como testamento a sua Mãe, quando diz já pregado na cruz:” Eis aí a tua Mãe” dirigindo-se ao discípulo João, único representante dos apóstolos no momento de sua morte. A Igreja sempre interpretou este diálogo entre Jesus, Maria sua Mãe e João, como diálogo representativo, isto é, João nos representava a todos naquele momento crucial. Ganhávamos uma Mãe juntamente com a nova filiação, filhos adotivos e irmãos de Jesus. Esta realidade tornou-se mais forte e mais explícita por ocasião da vinda do Espírito Santo sobre a Comunidade Apostólica, quando nascia a Igreja de Jesus Cristo. Entre os apóstolos estava também Maria, a Mãe de Jesus. Nascia a Igreja pela força do Espírito Santo e com ela movida, também pelo Espírito Santo, Mãe da Igreja. Desde então a Comunidade Eclesial, movida pelo Espírito vem descobrindo o lugar e a importância de Maria na sua caminhada de fé, esperança e caridade.
A Mãe de Jesus e Mãe da Igreja é venerada e amada, como modelo de discípula, mestra de espiritualidade. E essa admiração tornou-se tão grande na vida da Igreja que esta chama-a, por ela ser a Mãe do Verbo Encarnado de Deus, de Mãe de Deus. Teotókos, como a chamam os irmãos do Oriente e Mãe de Deus para nós do Ocidente! A realidade teológica, cristológica e eclesiológica do título de “Mãe da Igreja” não ficou somente nas esferas dos teólogos, da hierarquia da Igreja. O título de “Mãe” é também profundamente afetivo. A piedade popular vem cultivando esta relação filial com a Mãe da Igreja e Mãe de Deus. Ora, o filho quer proteção, o filho quer e precisa de amparo. Nada mais correto do que diante de uma piedade pascal perante o Redentor, que a piedade Mariana participe dos sofrimentos do Filho Amado e o acolha em seus braços, Senhora da Piedade! Daqui surge uma piedade eclesial na relação com a Mãe, piedade pessoal e piedade comunitária, eclesial. Aprendemos, pessoalmente, a dirigirmo-nos à Mãe que ampara; Mãe que consola e afaga o coração dos filhos sofridos. Aprendemos eclesialmente a relacionarmo-nos com a Mãe de nossa pequena família eclesial, a família domestica;
aprendemos a relacionarmo-nos com a Mãe de nossa comunidade eclesial, paroquial, diocesana, como Mãe da Igreja, Particular e Universal. Atrevemo-nos, até, a venerá-la como padroeira de municípios, de nosso Estado do Espírito Santo, sob o Titulo de Nossa Senhora da Penha, a Senhora das Alegrias, como também do Brasil, sob o título de Nossa Senhora Aparecida. Mãe da Igreja! Santa Maria Mãe de Deus! Hoje, no Estado do Espírito Santo Maria ocupa um lugar primordial entre os católicos que a veneram e aclamam como “Nossa Senhora da Penha” a “Senhora das Alegrias” . E, que linda festa os Capixabas realizam em louvor da Mãe da Igreja, sob o Titulo de Nossa Senhora da Penha. Uma festa que deveria ser divulgada pela mídia para todo o Brasil por todas as emissoras. Infelizmente, elas ainda não perceberam que seriam mais valorizadas se asrevista vitória I Maio/2016 25
sumissem esta missão de fazer com que a maioria do povo brasileiro pudesse acompanhar com fé a Romaria dos Homens, num trajeto de 14kms (dizem os entendidos em estatísticas que este ano percorreram este trajeto mais de seiscentas mil pessoas) saindo da Catedral metropolitana até aos pés do Convento da Penha! A Romaria das Mulheres que ultrapassa cem mil fiéis e outros tantos e inúmeros devotos que se mobilizam durante o Oitavário e o dia da Grande Festa Capixaba. Hoje também a piedade popular dos capixabas católicos é vibrante porque a mesma Mãe da Igreja e de “Deus Encarnado” está visitando todas as paróquias da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, sob o titulo de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil. É o afeto profundo que a nossa gente querida expressa diante da Mãe da. Igreja e Mãe de Deus.. Quantas lágrimas!... Quantas graças recebidas, através da Mãe da Igreja!..., Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida!!! É a piedade popular e eclesial que a Mãe de Jesus provoca em nossa gente. É a certeza de que Jesus não nos deixou órfãos. Deu-nos Sua Mãe como Companheira de travessia para a eternidade, Mãe da Igreja e Senhora de mil títulos! n
Este projeto é seu também! Seja um evangelizador através das ondas do Rádio.
CONHEÇA E FAÇA PARTE: 3198-0850 ACESSE escuteamerica.com.br e faça seu cadastro.
Comunicação
Quinze minutos de fama ou quinze segundos para destruí-la?
N
os anos 1960, o artista estadunidense Andy Warhol (1928-1987) fazia um ensaio fotográfico ao ar livre para o lançamento de um de seus livros. Sua presença em um lugar público acabou reunindo uma multidão. As pessoas não queriam apenas acompanhar as fotos, mas também aproveitar para aparecer nelas. Vendo tal fenômeno, Warhol – famoso pelos seus quadros que retratam garrafas de Coca-Cola ou ícones pop como Marilyn Monroe – cunhou uma das frases mais famosas: “No futuro, todo mundo será famoso por 15 minutos”. Décadas depois, vemos que diversos elementos dessa sua profecia sobre os “eternos” 15 minutos de fama permanecem válidos. Ou até foram reforçados com o passar do tempo, tornando cada vez mais atual aquele “futuro” sonhado pelo artista. Dos paparazzi – que invadem a privacidade alheia – aos “big brothers” – que expõem voluntariamente a própria privacidade –, vemos que o desejo de “aparecer por aparecer” tornou-se quase um objetivo de vida. Aparecer é sinônimo de
estar vivo. A sensação é de que ser famoso não está apenas ao alcance de “qualquer um”, mas sim de “todos”, muitas vezes até mesmo quando não se quer. Surgem, assim, as chamadas “celebridades instantâneas”, criadas e destruídas sob medida para agradar o grande público (ou ser esquecido por ele). Durante o tempo de sua validade, são onipresentes nas conversas de bar, na escola e na família. Ascendem ao palco regional, nacional ou internacional e lá permanecem enquanto durar o interesse dos fãs e dos patrocinadores – também instantâneos. Em tempos de internet e de uma comunicação global extremamente veloz, a efemeridade daqueles 15 minutos pode ser ainda maior, mas o alcance dessa fama ficou muito mais fácil: qualquer um pode aparecer ao mundo com um mero clicar de botões. Se conseguir se diferenciar por suas qualidades ou defeitos – ou pelo exagero radical de ambos –, meio caminho estará trilhado. Na internet, como diz o ditado, todo mundo pode ser famoso para 15 pessoas. Contudo, cada uma
revista vitória I Maio/2016 27
dessas 15 pessoas está conectada com outras 15, e aí as redes facilitam a “multiplicação das efemeridades”. Muitas vezes, porém, essa fama instantânea pode perdurar, surpreendentemente, dando seus frutos positivos, em diversos âmbitos. Temos diversos casos de subcelebridades que, aprimorando suas qualidades pessoais ou suas especialidades artísticas, mantiveram a fama por mais tempo; ou ainda ampliaram o seu alcance em relação a públicos mais vastos; ou mesmo aproveitaram a fama inicial como impulso para se destacar em outras áreas – chegando até, em alguns casos, ao Congresso nacional. O problema mesmo é quando chegamos a um processo inverso e muito mais problemático no longo prazo: deputados e deputadas que, em 15 segundos, desfazem toda e qualquer fama, reputação e relevância política. Esse fenômeno, sim, é muito mais grave e preocupante. n Moisés Sbardelotto Jornalista e doutor em Comunicação. É autor de “E o Verbo se fez bit” (Editora Santuário)
aspas
O Malandro O malandro/Na dureza Senta à mesa/Do café Bebe um gole/De cachaça Acha graça/E dá no pé O garçom/No prejuízo Sem sorriso/Sem freguês De passagem/Pela caixa Dá uma baixa/No português O galego/Acha estranho Que o seu ganho/Tá um horror Pega o lápis/Soma os canos Passa os danos/Pro distribuidor Mas o frete/Vê que ao todo Há engodo/Nos papéis E pra cima/Do alambique Dá um trambique/De cem mil réis O usineiro/Nessa luta Grita (ponte que partiu) Não é idiota/Trunca a nota Lesa o Banco/Do Brasil Nosso banco/Tá cotado No mercado/Exterior Então taxa/A cachaça A um preço/Assustador
Mas os ianques/Com seus tanques Têm bem mais o/Que fazer E proíbem/Os soldados Aliados/De beber A cachaça/Tá parada Rejeitada/No barril O alambique/Tem chilique Contra o Banco/Do Brasil O usineiro/Faz barulho Com orgulho/De produtor Mas a sua/Raiva cega Descarrega/No carregador Este chega/Pro galego Nega arrego/Cobra mais A cachaça/Tá de graça Mas o frete/Como é que faz? O galego/Tá apertado Pro seu lado/Não tá bom Então deixa/Congelada A mesada/Do garçon O garçon vê/Um malandro Sai gritando/Pega ladrão E o malandro/Autuado É julgado e condenado culpado Pela situação
Chico Buarque
revista vitória I Maio/2016 28
entrevista
Maria da Luz Fernandes
Valorizado ou humilhado, nada derruba a gratidão de ver a cidade limpa 39 anos e dando o primeiro passo para concretizar um sonho Edson Soares de Souza foi gari durante dez anos e fala do amor e das tristezas que experimentou na profissão enquanto sonha em ser advogado.
vitória - Qual era o seu sentimento
quando você era gari? Edson - Era um trabalho honrado e que me ensinou muito. Foi nesse trabalho que aprendi a respeitar o limite da natureza e o limite do homem e me fez entender que nós seres humanos precisamos cuidar melhor da nossa cidade. vitória - Depois que deixou de ser gari como olha para a cidade? Edson - Eu sinto-me muito honrado. Vejo que a cidade evoluiu bastante. Vitória e o Estado do Espírito Santo foram considerados bem cuidados em termos de limpeza pública e principalmente pela proteção da natureza e eu tenho orgulho de ter contribuído para isso. Fico feliz porque participei com meu trabalho. vitória - Quando olha para a rua hoje
você procura sujeira? Edson - Realmente eu me preocupo muito. Quando eu ando pela cidade eu sinto orgulho do trabalho que realizei e prestei à minha cidade, mas tem alguns locais que não são bem tratados, não porque o trabalho não seja executado, mas pelas pessoas que não respeitam o ambiente onde estão, o ambiente onde vivem, jogam lixo em qualquer lugar, não respeitam a natureza e, sinceramente
revista vitória I Maio/2016 29
entrevista
eu fico um pouco triste. As pessoas podiam cuidar melhor da sua cidade em todos os aspectos.
quero sempre que a minha cidade seja primeiro lugar e me senti bem fazendo.
vitória - Às vezes tem umas
vitória - E os coletores eles bus-
sujeiras por aí. Quando você encontra lixo jogado na rua reage contra as pessoas? Edson - Eu não chamo a atenção porque eu acho que o ser humano tem que entender que onde ele vive ele tem que cuidar. Então ele não precisa ser chamado a atenção por causa daquela atitude, ele tem que se conscientizar que é ali que ele mora, é ali onde ele vai criar seus filhos e o principal de tudo é que é a cidade que proporciona a saúde para a convivência. vitória - No seu caso que já
cuidou da limpeza pública não dá vontade de chamar a atenção? Edson - Dá, mas eu não sou de chamar a atenção de pessoas que não estão conscientes do que estão fazendo.
vitória - Nessas horas você lem-
bra de quando encontrava lixo jogado em lugares errados? Edson - Lembro. Tanto que faz pouco tempo eu passando num determinado lugar no Centro da cidade me incomodei porque vi tanto lixo amontoado nos pés dos postes. Parece até mania de coletor eu já peguei o lixo e voluntariamente botei no devido lugar mesmo depois de ter saído da empresa que eu era coletor. Eu fiz porque eu quero a minha cidade limpa, saudável e
cam limpar a cidade, têm essa preocupação? Edson - Fui coletor durante 10 anos, gari, varredor de rua, e limpeza em mutirão, limpando morros e bairros e como coletor de morro que é um trabalho bem complicado e bem cansativo, mas é gratificante, depois que eu passei por estas profissões eu fiquei diretamente em coletor de caminhão e posso dizer com toda a sinceridade e com toda a segurança, os coletores de caminhão de lixo, de resíduo público fazem o seu trabalho certo, sim. Eles fazem sim, não só pela condição financeira, mas também creio por uma questão de amor pela sua cidade. Eu creio que quando o coletor está atrás do caminhão ele deseja ver sua cidade em primeiro lugar na limpeza, ser admirada pelos turistas. Então eu acredito que os coletores fazem isso por amor e para garantir a sua renda financeira. vitória - O trabalho do cole-
tor de lixo é reconhecido pelas pessoas? Edson - As pessoas que têm consciência e reconhecem o trabalho do coletor, da manutenção da limpeza, sabem que é necessário e por isso valorizam as pessoas que cuidam da sua cidade, mas eu vou ser bem sincero, existem pessoas que não
revista vitória I Maio/2016 30
reconhecem, que rejeitam o nosso trabalho, rejeitam tanto o nosso trabalho quanto a gente como pessoas. Fomos muito visados, muito criticados, muito humilhados, mas enfim nada que possa derrubar a gratidão de ver a nossa cidade limpa, bonita e em primeiro lugar. vitória - Você já fez coleta de
lixo aqui na minha rua e passado um bom tempo minha amiga reconheceu você. Isso o deixou feliz? Edson - Me deixou feliz porque é um reconhecimento. O coletor roda a cidade de Vitória toda, então a gente conhece pessoas magníficas, pessoas interessantes, pessoas amáveis como essa senhora, a Dona Luciana, que me reconheceu. Eu fiquei muito satisfeito porque ela viu que eu fui um colaborador, fui uma pessoa que cuidei da rua dela, então foi gratificante ela ter me reconhecido e eu fico feliz, isso é muito bom. vitória - E quando você estava
limpando e as pessoas passavam e nem olhavam? Edson - Eu sentia uma rejeição. Infelizmente a gente não pode mudar a mente das pessoas, isso já vem do caráter da pessoa, da personalidade da pessoa. Realmente eu ficava triste porque a gente está tão amorosamente fazendo aquele trabalho para trazer mais saúde para as pessoas que estão morando naquele ambiente e as pessoas não dão a mínima, não estão nem aí, pisam, muitas vezes humilham o trabalhador. Mas
que me ensinou a trabalhar então quando eu faço é com amor. vitória - O que você está estu-
dando?
Minha família era muito humilde, tive que trabalhar cedo, a minha vida passou pelo Orfanato Cristo Rei, por isso a senhora vê que a minha família, a minha raiz é humilde e quando eu voltei para dentro da minha casa com treze anos tive que trabalhar. Minha mãe trabalhava sozinha e os padrastos que minha mãe arranjava não colaboravam com os filhos dela, então eu tive que me virar sozinho. Saí de casa muito cedo por isso não terminei meus estudos, mas agora votei a estudar, vou em frente e vou terminar meus estudos, estou no ensino fundamental. Eu vou realizar o meu sonho, um sonho que está dentro de mim há muitos anos e eu vou realizar.
Edson -
eu quero frisar e lembrar uma coisa: quando a cidade está parada e não tem essa manutenção, as pessoas lembram do trabalhador, do gari, do coletor. vitória - Agora que você deixou de ser gari, está fazendo outro tipo de trabalho? Edson - Na verdade, a minha profissão, antes de entrar na empresa Vital Ambiental, era pintor de parede. Mas eu precisava de ter uma renda fixa. Depois que eu saí da Vital voltei a mexer com pintura de parede. vitória - Você consegue fazer o salário que tinha como gari? Edson - Estamos passando por uma crise muito pesada. Por isso eu não tenho tirado o salário que eu tinha fixo, mas eu entendo e a gente vai levando a vida como Deus quer. vitória - E qual a sua opção
neste momento? Vai continuar como pintor ou está procurando um trabalho fixo de novo? Edson - No momento vou continuar como pintor porque é um trabalho
que eu faço por mim, mas eu tenho disponibilizado alguns currículos em algumas empresas e também estou fazendo alguns cursos, voltei a estudar, pretendo terminar os meus estudos e a gente vai levando. E aí se alguma dessas empresas que eu botei currículo me chamar eu vou porque é bom. vitória - Em que áreas você está procurando emprego? Edson - Estou procurando na área de vigilância porque eu já fiz o curso e fiz também de porteiro de condomínio de luxo. Estou esperando. vitória - Vigilante, porteiro,
pintor, limpeza pública... qual a sua preferência? Edson - A minha preferência é vigilante, mas como essa profissão não está tendo êxito, está meio restrita, como porteiro também está restrito eu vou continuar de pintor. vitória - Você pinta com amor, como fazia a limpeza pública? Edson - A profissão de pintor foi a primeira que eu aprendi e foi ela
revista vitória I Maio/2016 31
vitória - Qual é o seu sonho?
Edson - Eu tenho um sonho de me
formar em Direito e eu vou realizar esse sonho.
vitória - É casado?
Sou casado, tenho quatro filhos e uma esposa trabalhadeira, amável, cuidadosa, dona de casa. As bênçãos que o Senhor me deu. Minha filha mais velha tem 12 anos já está no sexto ano, a mais nova está no terceiro ano, uma de cinco anos que está na creche e o mais novo de oito meses e eu moro com eles no Bairro Santo André em Vitória. n
Edson -
Reflexão e oração todas as manhãs
Um programa especial pra você
Segunda a Sexta, 9h15 Pedido de oração
99800-9110
Baixe o aplicativo em
escuteamerica.com.br
eleições
Voto branco ou nulo:
qual a diferença? E você cristão, faz a diferença?
N
este ano cumpriremos nosso papel republicano, e diante das urnas, votaremos para prefeito e vereador. O direito de votar foi conquistado há pouco tempo, se analisarmos o longo período da história. É fruto de lutas, que se estabeleceram num cenário de violações e privações suportadas pelo povo. É uma conquista. No Brasil, o voto é obrigatório brasileiros alfabetizados maiores de 18 e menores de 70 anos. O eleitor é livre para escolher o seu candidato ou não escolher candidato algum. O cidadão é obrigado a comparecer ao local de votação, ou a justificar sua ausência, mas pode optar por votar em branco ou anular o seu voto. De acordo com o Glossário do Tribunal Superior Eleitoral, “o voto em branco é aquele em que o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos candidatos”. Para votar em branco é necessário que o eleitor pressione a tecla “branco” na urna e, em seguida, a tecla “confirma”. Nulo é o voto em que o eleitor manifesta sua opção de anular sua escolha. Para votar nulo, o eleitor precisa digitar um número de candidato inexistente, confirmando, em seguida, a operação.
Antigamente como o voto branco era considerado válido (isto é, era contabilizado e dado para o candidato vencedor), ele era tido como um voto de conformismo em que o eleitor se mostrava satisfeito com o candidato que vencesse as eleições. O voto nulo (inválido) era um voto de protesto contra os candidatos ou contra a classe política em geral. Atualmente, vigora o princípio da maioria absoluta de votos válidos, conforme a Constituição e a Lei das Eleições. Consideram-se apenas os votos válidos, que são os votos nominais e os de legenda; e se desconsideram os votos brancos e nulos. A contagem dos votos de uma eleição está prevista na Constituição Federal que dá por “ eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos, excluídos os brancos e os nulos”. Os votos brancos e nulos não são contados. Por isso, mesmo se mais da metade dos votos forem anulados, não é possível cancelar uma eleição.
revista vitória I Maio/2016 33
Os votos nulos e brancos acabam constituindo apenas um direito de manifestação de descontentamento do eleitor, sem mais serventias para o pleito eleitoral. Assim, cabe ao cidadão, principalmente o cristão, cumprindo seu dever de anúncio e denúncia, analisar e escolher o melhor candidato para o representar. É preciso conhecer o candidato e suas idéias, estudar as propostas, dialogar com a comunidade, votar e monitorar o trabalho do candidato depois de eleito. Somos todos responsáveis e precisamos estar atentos àqueles que trazem sofrimento ao povo, quando governam ou legislam com interesses que não são os da coletividade. O católico cristão deve votar à luz do Evangelho. n Verônica Bezerra Advogada, membro do Centro de Apoio dos Direitos Humanos, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/ES
Mercado da fé Maria da Luz Fernandes Marcus Tullius
A fé em cartaz e na vitrine O
propósito do Conselho de Pauta da Revista Vitória era fazer a reportagem do mês de maio sobre a fé na vitrine, querendo, com isso, falar de fé e religião em exposição no cinema, jóias e bijuterias, CD’s, espetáculos, etc. Seria uma reportagem fundamentada em artigos publicados, em opiniões de especialistas e até pesquisas se as houvesse. Os pressupostos eram que a fé e a religião estão na vitrine ou porque se colocaram ou porque foram colocadas. Durante a pesquisa encontramos uma entrevista feita em 2010 pelo Instituto Humanitas Unisinos ao professor Luiz Vadico, Mestre e Doutor em Multimeios na Universidade Anhembi Morumbi em São Paulo, que aborda o assunto referindo-se ao cinema com temáticas religiosas, o que poderia ser intitulado de “a fé em cartaz”. Suas ideias, porém, podem servir para outros ambientes nos quais “a fé esteja na vitrine”. Por que o mercado incluiu a fé e a religião nos espaços comerciais e se apossou de produtos dando-lhes espaço e visibilidade? Quais as vantagens e os prejuízos dessa exposição? Professor Vadico responde. revista vitória I Maio/2016 34
A fé em cartaz
IHU - Como o cinema lida
com a questão religiosa e o sagrado? Luiz Vadico - Isso é assunto para um livro inteiro. E logo lançaremos esse livro sobre o Campo do Filme Religioso. Esse campo é formado pelo conjunto de produções que tratam temas ou assuntos religiosos e conta com uma grande massa de produções midiáticas. Ele se formou desde o início da história do cinema e se estendeu pelo desenvolvimento midiático em geral. Mas uma das suas características marcantes é que ele não é um campo independente e tranquilo. Ele se organiza sobre outros dois campos distintos: o Campo do Religioso (instituições religiosas e adeptos) e o Campo Fílmico (produtores em geral). Todas as produções importantes conhecidas necessitaram buscar um equilíbrio entre esses dois campos: o Campo do Religioso, cioso dos seus assuntos e de suas responsabilidades, e o Campo Fílmico, desejoso de conseguir lucrar com o público daquele. O que tivemos ao longo da história do cinema foi uma
confrontação constante, e os filmes que foram produzidos são o resultado dessa conflagração de forças sociais e religiosas, o que não é ruim, pois levou os religiosos a repensarem seus caminhos, e os produtores, a limitarem excessos. Listar grandes obras da relação cinema versus religião me parece algo bem subjetivo. Pessoalmente, acho mais tocantes, no que respeita ao cinema massivo, filmes como: “The King of Kings” ; “A Canção de Bernadette” ; “Marcelino Pão e Vinho; “Uma Cruz à Beira do Abismo; “Roma Cidade Aberta”. Chamou-me muito a atenção o trabalho do brasileiro Marcelo Masagão em “Nós que aqui estamos por vós esperamos” (1998). O aspecto da finitude humana é realmente algo que emociona e nos faz refletir. Gosto de ver nele uma relação com o sagrado cristão, talvez porque remeta ao “tu és pó e ao pó retornarás”. IHU - Como você analisa essa “saída” dos temas e figuras religiosos do domínio e do controle das religiões para a (re) criação livre por meio da arte, especialmente do cinema? revista vitória I Maio/2016 35
Desde o surgimento do cinema, os religiosos – aqui o termo é usado em sentido amplo – buscaram se apropriar do novo meio, e, inversamente, o novo meio buscou se apropriar dos assuntos religiosos para atrair determinado público para as salas de entretenimento. Um desejava usar como meio catequético e pedagógico, e o outro, como fonte de lucro através do entretenimento saudável. Em estudo recente, pudemos perceber que esse embate foi extremamente positivo. Nem sempre foi um diálogo, mas sempre que possível este se estabeleceu. De um lado, tivemos religiosos e instituições religiosas que acabaram se tornando mais flexíveis, e, se tivermos em vista o século XIX, este acabou sendo um efeito bastante positivo, pois o produto midiático acabou por levar informações e opções visuais e teológicas às vezes mais próximas, às vezes mais distanciadas do saber tradicional, o que possibilitou nos diversos momentos uma discussão pública e massiva de temas que poderiam estar “estagnados” no interior dos templos e igrejas. [...]
Luiz Vadico -
Mercado da fé
Ora, esses temas e assuntos, entrando para o domínio público, permitiram um maior diálogo da sociedade, uma maior opção de escolhas, maior diversidade de ideias, o que para nós sempre é positivo. [...] O efeito disso é teologia. Como diz o teólogo Clive Marsh, basta falar sobre Deus e estamos fazendo teologia. Mesmo que isso não esteja na intenção do diretor ou produtor, vivemos numa sociedade de maioria cristã, fomos criados com esta ou aquela versão teológica, e não nos livramos dela, vivemos com ela e com pessoas que nela foram educadas. Então, um produto midiático qualquer que tenha assunto religioso sempre possui uma mensagem teológica, seja ela bem ou mal definida, ela sempre está lá. Esse é o construto final. A consequência dessa pro-
dução de teologia pelo cinema é que ela altera sutilmente a teologia tradicional. Mas isso não chega a ser um fenômeno negativo, pois produtoras de origem religiosa também produziram filmes e séries nos quais novas imagens cristológicas foram desenvolvidas, caso de “O Cristo Vivo”, da produtora Cathedral, de 1953. [...] IHU - Por outro lado, no Bra-
sil, mesmo que indiretamente, a religiosidade sempre permeia as obras cinematográficas. Como você percebe a manifestação da religiosidade no cinema brasileiro? Luiz Vadico - Em geral, o cinema brasileiro fica longe das questões religiosas. Isso sempre me causou estranheza, já que a religiosidade neste país borbulha por todos os lados. Elementos
revista vitória I Maio/2016 36
religiosos diversos abundam nos filmes brasileiros, mas sempre como referência fragmentária e mal desenvolvida e, em geral, sem a pretensão mesmo de serem desenvolvidos. Aparecem como elementos de pano de fundo ou fazem parte efetiva das histórias contadas, mas não são o assunto. Normalmente, são apenas manifestações estereotipadas que pouco ou nada têm a dever às religiões que acabam citando. Acho que a forma como as religiões afro-brasileiras são mostradas nos filmes nacionais são um exemplo gritante disso. Algumas vezes mostradas de forma preconceituosa, como nos anos 50 até o anos 70, outras vezes apenas de forma estereotipada, como se fizessem parte de algum mistério ou guardassem traços de um filme de horror. No que toca ao cristianismo, geralmente é a estereotipação clássica: aparecem personagens carolas, padres levianos ou excessivamente moralistas. As produções brasileiras de assunto religioso são recentes. E, acredito que razoavelmente bem sucedidas, como é o caso de “Maria, Mãe do Filho de Deus”, com a participação do Padre Marcelo Rossi, de 2003, e de “Irmãos de Fé”, sobre Paulo de Tarso, de 2004, também com
a participação do religioso. A imagem de Jesus resultante do filme era brasileira. Um Jesus sorridente, afável, de gestos expansivos, claramente amigo dos amigos. Um Jesus que tocava as pessoas fisicamente e que era tocado por elas, e isso é muito nosso, botar a mão no outro, chegar perto. Nenhuma outra produção em nenhum lugar do mundo tem isso. Outro filme marcante e que não teve a pretensão de ser religioso mas levou eficazmente a religiosidade brasileira para as telas foi o filme dosTrapalhões, “O Auto da Compadecida”, de 1987, em minha opinião, infinitamente superior à versão de Guel Arraes. O Jesus negro representado por Mussum é antológico, possui toda graça, leveza e seriedade que Jesus parece nos suscitar. E, novamente, isso é nosso, autenticamente nosso. Onde mais um Jesus Cristo num sorriso à provocação do protagonista do filme confessaria que era “crente”? Nosso Deus parece estar distante das ameaças e carrancas do Deus de outros países, ele não desperta reflexão. Nos dois casos, ele denota exemplo e emoção. Coisa bem diferente das produções hollywoodianas e autorais.
A “fé em cartaz” analisada por Vadico questionando a produção e os interesses das produtoras e das religiões e Igrejas oferece dicas para olharmos de maneira ampla a fé e a religião como produto. Assim é possível interpretar o sucesso expressivo e recente da novela “Os dez mandamentos” que ganhou uma versão adaptada para o cinema e agradou ao público em geral. Mas, como diz Dom Leomar Brustolin “a linguagem religiosa muitas vezes assume a linguagem do espetáculo. Manipulam-se símbolos, pessoas e realidades religiosas de acordo com a expectativa do público. Na relação com o mercado, o espetáculo é acentuado em detrimento da ética e dos Princípios religiosos”. n revista vitória I Maio/2016 37
Mundo Litúrgico
A Palavra, guia da Igreja celebrante
A
vida cristã, ritualmente celebrada nas ações litúrgicas, tem a sua amplitude na contemplação, assimilação e vivência da Palavra de Deus. Desde a prática da “lectio divina” (leitura orante, como oração pessoal) até a proclamação pública da Palavra, particularmente nas celebrações eucarísticas (ou somente nas celebrações da Palavra), a Igreja encontra o seu referencial e identidade na relação íntima (cf. DV 25) com o Verbo encarnado. É Cristo mesmo que fala quando a Palavra é proclamada nas assembleias litúrgicas (cf.
SC 7), promovendo o confronto do Mistério com a realidade histórica do povo celebrante, iluminando as obscuridades do tempo presente e fomentando a experiência pascal nas inúmeras realidades humanas. Portanto, liturgia da Palavra e liturgia eucarística formam um só ato de culto (cf. SC 56). Quem exerce a função ministerial de proclamar a Palavra necessita fazer, anterior à proclamação, a leitura orante da passagem bíblica, com as seguintes etapas: pedir a luz do Espírito para compreendê-la; ler; silenciar; ruminar; situar o trecho em seu contexto histórico e teológico, concluindo com uma atualização para a vida presente. A finalidade está na qualidade da proclamação, que ultrapassa uma simples leitura corrente: quem proclama expressa a veracidade, a urgência e a eficácia da Palavra de Deus, segundo a dinâmica cristã da conversão. Ela é elemento certeiro e eficaz de transformação pessoal, comunitária, social e universal, sendo um sinal de vida plena para todos. A verdadeira introdução e acolhida da Palavra está na proclamação e na escuta, e não em entradas coreográficas e performáticas trazendo o lecionário ou, ainda, revista vitória I Maio/2016 38
a Bíblia. A atitude de proclamar os conteúdos bíblicos deve despertar naqueles que escutam a atualidade da Boa Notícia de Cristo, promovendo o encontro, a meditação, o confronto e a decisão de fazer valer, em gestos concretos, o conteúdo salvador e vivificador da Palavra. Outro aspecto a ser observado e cuidado é o lugar fixo da proclamação da Palavra: a mesa da Palavra. Considerar e promover a adequação do espaço celebrativo conforme as orientações litúrgicas da Igreja, segundo o espírito do Concílio Vaticano II, é algo a ser mais aprofundado e concretizado pelas comunidades, paróquias, casas religiosas e casas de formação seminarística. É da mesa da Palavra que se proclamam os textos bíblicos, canta-se o salmo de resposta, entoase solenemente o Evangelho, faz-se a homilia (que poderá alternativamente ser feita na sédia – assento da presidência) e reza-se as preces dos fiéis. Ainda, valorizar a proclamação a partir dos Lecionários e do Evangeliário, não utilizando folhetos litúrgicos para tal. n Fr. José Moacyr Cadenassi, OFMCap
arquivo e memória Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc
Orações compostas por Dom João Batista No folheto acima estão a oração da mãe e a oração dos filhos escritas por Dom João Batista da Mota e Albuquerque. Esse folheto foi confeccionado pela Igreja Matriz da Glória no Rio de Janeiro, para ser entregue no dia das mães do ano de 1959 quando Dom João já era Arcebispo de Vitória.
revista vitória I Maio/2016 39
Pergunte a quem sabe
Esporte
Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para mitra.noticias@aves.org.br
Marcela Corrêa Bastos Especialista em Psicologia Esportiva
Para crianças começarem uma atividade física, é melhor um esporte individual ou coletivo?
O esporte abre a porta para a sociabilidade, contribuindo para a educação, além de exercitar a coordenação motora, resistência, desenvolver habilidades cognitivas, disciplina e a relação com o outro. Esporte coletivo é importante pois além de exercitar, os pequenos aprendem a respeitar o próximo, se integram mais aos grupos de amizades, desenvolvem o sentido de cooperação, desenvolvem a autonomia e estimulam também a criatividade, além de trabalharem o condicionamento físico, que previne problemas com a obesidade e outras doenças. A modalidade coletiva ajuda no processo de crescimento e formação cidadã da criança.
Quando as crianças aprendem algo novo, elas desenvolvem habilidades cognitivas, aprendem a respeitar o corpo, aumenta a autoestima, trabalha o equilíbrio emocional (força de vontade, autocontrole, autoconfiança), reconhece o outro e aprende a saber compartilhar, trabalhar em grupo, desenvolver autonomia e estimular a criatividade. Aprender a enfrentar adversidades e tirar lições delas talvez seja um dos maiores benefícios que o esporte coletivo pode proporcionar a um indivíduo, especialmente em sua infância e adolescência. A diferença que o coletivo faz nesse aspecto é o fato de que, em um momento de adversidade, a criança sabe que sempre encontrará conforto dentro do grupo. Outro aspecto fundamental do esporte coletivo entre as crianças é a oportunidade que elas têm em exercitar liderança e comunicação. Seja numa quadra de basquete ou num campo de futebol, crianças aprendem o valor do trabalho em equipe e praticam sua individualidade, pois o grupo necessita do apoio e rendimento pessoal de cada um para conseguir o objetivo final da atividade.
O celular precisa de antivírus?
Quando não há necessidade dele?
Para os telefones atuais todos precisam de antivírus.
Prof. Gilberto Sudré
Segurança da Informação e Computação Forense
revista vitória I Maio/2016 40
Tecnologia
Todo o celular precisa de antivírus. Mesmo nos aparelhos iPhone da Apple é necessário a instalação de um antivírus.
religião
Pe Eduardo Rodrigues
Paróquia Nossa Senhora da Glória Vila Velha
Por que fazemos a coroação de Nossa Senhora?
Toda e qualquer devoção a Nossa Senhora tem como escopo reconhecer que o Todo Poderoso fez maravilhas em seu favor, mas somente devido a sua divina maternidade. E a coroação faz parte desse reconhecimento que todos nós cristãos católicos temos em relação
a Nossa Senhora por ter sido escolhida como corredentora da humanidade, sendo preservada da mácula do pecado original. Entretanto vale ressaltar o caráter demasiado faustoso de muitas de nossas coroações, o que, por conseguinte vem ofuscar a humildade e a singeleza da vida de Maria que nada teve de ostentação como muitas coroações podem nos induzir a pensar. Temos que resgatar não somente o Espírito da Coroação de Nossa Senhora, mas também de nossas Celebrações Eucarísticas que devem ter como centralidade Jesus Cristo, sacerdote, altar e cordeiro e não o próprio presidente da celebração, pois esse tem como missão primária introduzir os fiéis no mistério eucarístico.
saúde
Existem benefícios no consumo de energético?
Comercializado sem restrição, com a finalidade de estimular o metabolismo, fornecendo mais energia ao organismo, o energético aumenta o estado de alerta, tanto para a mente quanto para o corpo. Apesar de conter vitaminas B2, B3, B5, B6 e B12, além de poderosos antioxidantes, sua base é composta de taurina, cafeína e inositol, nas quais potencializam a resposta do cérebro aos estímulos, deixando o corpo mais ativo ou acelerado. Entretanto, sua grande quantidade de estimulantes e açúcar, podem desencadear efeitos colaterais quando consumidos em excesso, como insônia, a aceleração ou irregularidade dos batimentos cardíacos, irritabilidade e agitação. Além disso, por ser uma bebida diurética, o energético não auxilia na hidratação corporal, podendo levar ao processo de desidratação. Outro cuidado é em relação ao seu consumo em jejum, pois além de potencializar os efeitos da bebida, o mesmo pode comprometer as funções do estômago e de todo o aparelho digestivo.
Juliana Andrade Nutricionista
Vale deixar claro que o consumo esporádico de energético, em situação de saúde, não trará maiores prejuízos, podendo ser utilizado em prol de uma situação que demande maior energia! O que pode substituí-los?
Uma refeição natural e balanceada, além de não prejudicar a saúde, oferece energia necessária para o dia-a-dia de cada indivíduo! Entretanto, existem alimentos que possuem um poder energético intensificado que é o caso do atum, sardinha, tofu, couve, pepino, vagem, rabanete, abóbora, repolho, batata doce, berinjela, laranja, cenoura, tomate, morango, frango, melão, mamão, abacaxi, gengibre, canela, café, entre outros! O consumo diário da combinação desses alimentos, em quantidades equilibradas, fornecerá disposição na medida certa para a correria da rotina diária!
revista vitória I Maio/2016 41
ensinamentos
Diaconia: servir a Igreja
C
om a frequente participação dos Diáconos permanentes nas atividades das Paróquias da Arquidiocese de Vitória, as pessoas vão se acostumando a essa nova realidade. Mas ficam algumas dúvidas, por que o que antes era visto sendo feito pelo Presbítero (Padre) agora é realizado pelo Diácono? O que eles têm em comum e o que é específico de cada um? Tanto o Padre quanto o Diácono recebem o Sacramento da Ordem, por meio do
qual são constituídos ministros sagrados, para que, personificando Cristo Cabeça da Igreja, desempenhem a missão de ensinar, santificar e governar o Povo de Deus, cada um no respectivo grau da Ordem. Convém lembrar que o Sacramento da Ordem comporta três graus: Diaconato, Presbiterado e Episcopado (Bispo). Ao Diácono lhe são impostas as mãos para o ministério, não para o sacerdócio. Os Presbíteros estão unidos ao Bis-
revista vitória I Maio/2016 42
na prática da caridade po na dignidade sacerdotal e, ao mesmo tempo, dependem dele no exercício de suas funções pastorais. Por força do Sacramento da Ordem recebido, presidem o Sacramento da Eucaristia, celebram os Sacramentos do Batismo, da Unção dos Enfermos, da Penitência e Reconciliação, as Exéquias, e assistem ao Matrimônio; na Vigília Pascal, podem administrar o Sacramento da Confirmação para os adultos que forem receber os Sacramentos da Iniciação Cristã ou em outras situações com autorização do Bispo. Exercem também funções administrativas de Paróquias ou outros encargos atribuídos pelo Bispo. Quanto aos Diáconos é importante esclarecer que há o Diaconato permanente e o Diaconato temporário. O Diácono está diretamente
ligado ao Bispo, desde a Igreja Antiga, constituído para o serviço à Palavra, à Liturgia e à Caridade. Os seminaristas são ordenados Diáconos antes da Ordenação Presbiteral; é o chamado Diaconato temporário. Nesse caso, exercem o ministério diaconal por um período durante o processo de formação, com o acompanhamento do Bispo e da equipe de formação do Seminário. Mas, há também o Diaconato permanente, restaurado pelo Concílio Vaticano II, por meio da Constituição Dogmática Lumen Gentium, que pode ser conferido a homens de idade mais madura, mesmo casados, ou a homens solteiros, para os quais continua valendo a lei do celibato. Os Diáconos podem exercer funções administrativas em uma
revista vitória I Maio/2016 43
Paróquia, conservar e distribuir a Eucaristia, presidir as Celebrações da Palavra e as Exéquias, celebrar o Sacramento do Batismo e assistir ao Matrimônio. Mas, na Arquidiocese de Vitória os Diáconos Permanentes foram ordenados para exercer, principalmente, o serviço da Caridade. Na Celebração Eucarística, proclamam o Evangelho e auxiliam o Bispo ou o Presbítero no serviço ao Altar. Podem também presidir a Adoração ao Santíssimo Sacramento e dar a Bênção. É importante frisar que o Diácono não preside a Celebração Eucarística. Então, não cabe dizer que “Como não tinha Padre, a Missa foi presidida pelo Diácono”. n Vitor Nunes Rosa Professor de Filosofia na Faesa
revista vit贸ria I Maio/2016 44
cultura capixaba
Ponte Florentino Avidos
C
onstruída no governo de Florentino Avidos (1924-1928) a Ponte, que recebeu o nome desse mesmo governador, liga a ilha de Vitória à cidade de Vila Velha. Originalmente pensada para conectar o porto de Vitória à Estrada de Ferro Vitória-Minas, e assim fazer com que os trens de minério chegassem à ilha, as Cinco Pontes (como é tradicionalmente conhecida) tem um traçado, que passa pela Ilha do Príncipe e Vila Rubim, ligando a ilha ao continente com a ajuda de um sexto vão - hoje Ponte Seca. Seu material foi inteiramente fabricado na Alemanha e transportado em navios para a Baia de Vitória, onde foi montada sobre flutuadores e depois colocada sobre os pilares, construídos no local. Recentemente restaurada, a Ponte Florentino Avidos é reconhecida como patrimônio arquitetônico dos capixabas, desde abril de 1986, quando foi tombada pelo Conselho Estadual de Cultura do Estado do Espírito Santo. n Diovani Favoreto - Historiadora
Primeiro vão metálico da Ponte Florentino Avidos
Vista geral da Ilha do Príncipe e Ponte Florentino Avidos
revista vitória I Maio/2016 45
ACONTECE
III Encontro Estadual do Terço dos Homens Pelo terceiro ano consecutivo acontece no Convento da Penha o Encontro Estadual do Terço dos Homens. O terceiro é no dia 21 de maio com concentração marcada para 10h na Prainha de Vila Velha. Os grupos subirão a pé até ao Campinho onde haverá palestra com o tema “Porque rezar o terço”, reza do terço, sorteio de prêmios, consagração a Nossa Senhora e Santa Missa. O palestrante é o coordenador nacional do Terço dos Homens, Ir. Viveiros do Santuário de Aparecida. No Estado já existem cerca 500 grupos em funcionamento e outros em fase de organização. A comissão estadual propõe-se incentivar a criação de grupos em todas as comunidades e para isso realiza visitas às comunidades para motivar e ajudar a organizar.
Na Paulinas, tem sempre uma novidade
José Tolentino Mendonça
R$ 31,90
Ana Gutiérrez e Pedro Moreno
R$ 32,30
Terapias convencionais e alternativas naturais para minimizar o desconforto
Catherine Francis
R$ 21,90
CD Cód. 126071
CD Cód. 126101
O ministério do cerimoniário e do acólito na celebração eucarística Edson Adolfo Deretti
R$ 10,00
EP Ir ao povo
R$ 10,00
R$ 16,50
CD Cód. 126128
O tempo e a promessa
Os contos como método para a superação dos temores das crianças
Menopausa
Canções para adorar em Espírito e Verdade CD Cód. 125792
Estou com medo!
A mística do instante
Cód. 529087
Cód. 529079
Cód. 528714
Cód. 529036
esperando por você!
A vida num segundo Ceremonya
R$ 19,80
Por causa de um certo Reino (Coletânea)
Pe. Zezinho, scj e Pe. Jonas Abib
Paulinas Livraria: Rua Barão de Itapemirim, 216 – Vitória-ES Tel. (27) 3223-1318 – livvitoria@paulinas.com.br – www. paulinas.com.br
revista vitória I Maio/2016 46
R$ 15,90