Hortas Educativas

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CIRCULAR TÉCNICA Nº 12

Setembro - 2012

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA Jaques Wagner SECRETARIA DA AGRICULTURA, IRRIGAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA Eduardo Salles

HORTAS EDUCATIVAS EMPRESA BAIANA DE DESENVOLVIMENTO AGRICOLA S.A - EBDA

Alírio Vanderlei Xavier dos Santos 4ª Edição

DIRETOR PRESIDENTE Elionaldo de Faro Teles DIRETORES EXECUTIVOS João Bosco Cavalcanti Ramalho Luiz Mário Avena Filho Marcelo Vieira Matos da Paz

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A.- EBDA Salvador – Bahia

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Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S . A. - EBDA Av. Dorival Caymmi, 15.649 - Itapuã CEP 41635-150 - Salvador - Bahia Tel.: (71) 3116-1846 Fax: (71) 3116-1918 E-mail: ebda.difusao@ebda.ba.gov.br http://www.ebda.ba.gov.br

APRESENTAÇÃO

Este trabalho está sendo reeditado para atender à grande procura sobre o tema implantação e condução de uma horta. Nesse sentido, a circular técnica “Hortas Educativas” tem por finalidade orientar os interessados na produção doméstica ou comunitária de hortaliças, principalmente, para o consumo próprio e melhoria do padrão alimentar.

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES: Presidente: João Bosco Cavalcanti Ramalho Secretária: Maria de Lourdes de Souza Membros: Antônio Vicente da Silva Dias Jonas Dantas dos Santos Antonio Carneiro do Rosário Marcelo Vieira Matos da Paz Cândido Nunes de Vasconcelos Alírio Vanderlei Xavier dos Santos

O consumo de hortaliças em nível nacional é muito pequeno e, no estado da Bahia, não é diferente, sobretudo nas famílias de baixa renda. Nas pequenas e nas grandes cidades, os preços das hortaliças são bastante elevados e que aliados à baixa renda das famílias das periferias tornam inacessíveis a aquisição e o consumo dessas espécies.

Revisão de Texto: Ana Maria Salgado Lôbo Normalização Bibliográfica: Luzia Oliveira Lopes Diagramação / Capa: Gustavo Leal

Vale ressaltar que o baixo consumo de hortaliças vai determinar a ocorrência de doenças por carência de vitaminas e sais minerais, principalmente nas crianças, o que determina retardo no crescimento e no rendimento escolar. Assim, o consumo diário de hortaliças influi decisivamente na saúde, funcionando como protetora contra infecções e na desnutrição.

1ª edição - (1990) 2ª edição - (1996) 3ª edição - (1998) 4ª edição - (2012) : 2.000 exemplares

Nesta circular, são encontrados os requisitos básicos para implantação e cultivo de uma horta, além de informações importantes sobre o consumo de hortaliças, e de uma alimentação sadia e equilibrada.

SANTOS, A. V. X. dos. Hortas educativas. 4.ed. Salvador, BA: EBDA, 2012. 38p. (EBDA. Circular Técnica, 12). 1. Horta. 2. Hortaliça. 3. Cultivo. I Titulo.

CDD 635

A prática do cultivo de uma horta, além dos aspectos técnicos e nutricionais, funciona também como terapia ocupacional e ainda se apresenta como boa oportunidade de comercializar o excedente da produção melhorando assim, a renda do beneficiário.

© EBDA 2012

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

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1 IMPORTÂNCIA DAS HORTALIÇAS

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2 VALOR NUTRITIVO DAS HORTALIÇAS

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3 CLASSIFICAÇÃO

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4 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS

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5 ESCOLHA DO LOCAL PARA INSTALAÇÃO DA HORTA

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6 FERRAMENTAS

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7 PREPARO DO SOLO

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8 ADUBAÇÃO

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9 PREPARO DOS CANTEIROS E SEMENTEIRA

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10 TRANSPLANTIO E PLANTIO DEFINITIVO

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11 TRATOS CULTURAIS

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12 CONTROLE DE PRAGAS

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13 CONTROLE DE DOENÇAS

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14 COLHEITA

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REFERÊNCIAS

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HORTAS EDUCATIVAS Alírio Vanderlei Xavier dos Santos1

1 IMPORTÂNCIA DAS HORTALIÇAS As hortaliças são vegetais de alto valor nutritivo, ricos em vitaminas e sais minerais, e podem ser consumidas cruas ou cozidas como complemento alimentar. A saúde depende em grande parte de uma boa alimentação. Uma pessoa mal alimentada enfraquece e fica predisposta às doenças. É de fundamental importância para o homem o consumo diário de alimentos que contenham substâncias capazes de: • Promover o crescimento; • Fornecer energia para o trabalho; • Regular e manter o bom funcionamento dos órgãos; • Aumentar a resistência às doenças.

Fig. 1 Consumo diversificado

________ 1 Eng° Agrônomo / Mestre em Fitotecnia – Divisão de Fruticultura e Olericultura-DFO. Sede da EBDA

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2 VALOR NUTRITIVO DAS HORTALIÇAS

3 CLASSIFICAÇÃO

Além de facilitar a digestão dos alimentos, comer hortaliças com frequência garante o bom funcionamento do organismo, como mostra o quadro abaixo.

Chamamos, impropriamente, quase todas as hortaliças de verduras ou legumes, no entanto, de acordo com a parte aproveitada para consumo as hortaliças são classificadas em:

Quadro 1. Valor Nutritivo das Hortaliças

Folha – Acelga, Agrião, Almeirão, Alho-Poró, Cebolinha, Coentro, Couve, Repolho, Espinafre, Mostarda e Salsa. Bulbo – Alho e Cebola. Raiz – Batata-doce, Cenoura, Beterraba, Nabo e Rabanete. Tubérculo – Batata (Batatinha). Fruto – Abóbora, Abobrinha, Chuchu, Quiabo, Tomate, Maxixe, Jiló, Berinjela, Pepino, Pimenta e Pimentão. Flor – Couve-flor e Brócolos.

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4 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS Chuvas em excesso provocam encharcamento do terreno, e a umidade relativa do ar favorece o aparecimento de doenças. Cada espécie de hortaliças tem sua exigência climática. As melhores condições de desenvolvimento e produção ocorrem quando o clima é ameno, com chuvas leves e frequentes. Por isso, quando escolher a hortaliça para plantar, observar bem a época do ano e o clima local. Fig.3 Local que recebe luz solar o dia inteiro

5 ESCOLHA DO LOCAL PARA INSTALAÇÃO DA HORTA O tamanho da área para plantio de uma horta será dimensionado de acordo com o número dos componentes da família e da comunidade que será beneficiado, juntamente com a maior ou menor disponibilidade do terreno. Fig.2 Clima com chuvas leves

As hortaliças folhas e raízes preferem temperaturas amenas, enquanto as hortaliças frutos produzem melhor em temperaturas elevadas. Consulte os Quadros 3 e 4 para obter essas informações.

A localização é outro aspecto relevante, pois o local escolhido deve ter bom acesso durante o ano inteiro, estar próximo de uma fonte de água e receber a luz solar o dia inteiro. Quando não se dispõe de uma área adequada, pode-se usar para o cultivo um quintal, um canteiro e até mesmo vasos e caixotes. O solo preferido para instalação de uma horta é do tipo leve, arenoargiloso, profundo e rico em matéria orgânica. Quando for usado o cultivo em vasos e caixotes, o solo a ser utilizado

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deve ser originário de locais livres de ervas daninhas invasoras, tipo “dandá”, bem como de outras semelhantes.

A produção vai depender do terreno em que será instalada a horta, da semente a ser usada, da fertilidade do solo, dos tratos culturais, da irrigação e da época do ano em que será cultivada. Portanto, é recomendado estar atento a estes aspectos, com o objetivo de se alcançar bons rendimentos. Não deixe de observar as seguintes condições: • O local deve tomar sol o dia inteiro; lugares sombreados prejudicam o crescimento das plantas; • O terreno deve ser plano ou levemente inclinado e não deve ser encharcado, ou sujeito a encharcamento; • A água para molhar deve ser pura e limpa, para não contaminar as hortaliças, pois muitas delas são consumidas cruas;

Fig. 4 Local adequado para cultivo de hortaliças

• O terreno para horta deve ficar afastado, no mínimo, 5 metros de privadas, chiqueiros e esgotos. Se você dispõe de uma boa área para plantar, o tamanho da horta depende do número de pessoas da família, o ideal são 10 metros quadrados por pessoa. Assim, uma horta para uma família de 6 pessoas deverá ter 60m².

Fig.5 Cultivo de hortaliças em caixote

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Fig.6 Cultivo de hortaliças em vaso

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6 FERRAMENTAS A seguir são relacionadas algumas ferramentas que ajudarão no plantio de uma horta. Não é necessário ter todas elas; pode-se aproveitar algum material disponível e fazer adaptações.

Sacho: Serve para desagregar e revolver o solo entre as plantas e arrancar o mato.

Pá: Utilizada para cavar, remover a terra ou outro material semelhante.

Enxada: Utilizada para fazer canteiros, capinas e revolver a terra.

Ancinho: Facilita o trabalho de juntar restos de materiais espalhados na área e serve para acertar a superfície do canteiro. 16

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Regador: Serve para molhar as plantas.

Colher de transplante: Serve para tirar mudas dos canteiros sem forçar as raízes.

7 PREPARO DO SOLO As hortaliças vegetam melhor em solo bastante leve.

Enxadão: Usa-se para cavar e revolver a terra.

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É muito importante preparar bem o terreno, pois dele depende o bom desenvolvimento das raízes e, consequentemente obtenção de uma boa colheita

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8.1 Adubação orgânica É desejável que o horticultor procure aprimorar as condições físicas e biológicas do solo, pela incorporação de materiais orgânicos, desde que esteja ciente de que esses materiais são bons condicionadores do solo. A adubação orgânica vem sendo utilizada há séculos na horticultura, com resultados positivos.

Fig. 7 Preparo do solo

O primeiro trabalho consiste em limpar ou capinar a área, retirando as ervas daninhas. Juntar o mato em um canto para decompor, pois este é um bom componente para o preparo do composto orgânico. Depois é revolver a terra com a ajuda da enxada, enxadão ou pá de corte e, quando disponível, usar a tração animal ou mecânica nesta operação, conhecida como aração e gradagem. Quando planejada, esta operação antecede o plantio em 2 meses. Em seguida, quebrar os torrões e eliminar as pedras e os restos de mato.

A adubação orgânica tem sido reconhecida, no meio agrícola, por elevar o rendimento das espécies, ressaltando-se que a incorporação de materiais orgânicos, como o esterco animal (bovino, caprino, ovino e de aves), restos vegetais, sob a forma de composto orgânico, húmus e biofertilizante, ou farelo de mamona e cacau, tornam o solo um substrato rico e mais propício à agricultura. Assim, estes adubos melhoram algumas características que favorecem a produção agrícola, que são enumeradas a seguir: • Aumentam a capacidade de penetração e de retenção de água; • Melhoram a estrutura, o arejamento e a porosidade do solo; • Aumentam a vida microbiana útil, inclusive com eliminação de certos fitopatógenos (elementos que provocam doenças nas plantas); • Favorecem a disponibilidade e a absorção de certos nutrientes pelas raízes;

8 ADUBAÇÃO Usados para ajudar no crescimento da planta, os adubos podem ser orgânicos ou químicos.

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• Tornam os solos argilosos, pesados e compactos, em solos mais leves, propícios ao cultivo. Vale enfatizar que a adubação orgânica provoca antagonismo entre micro-organismos do solo, podendo resultar no controle 21


biológico de nematóide, bactérias e fungos, prejudiciais ao sistema radicular das espécies hortícolas. A seguir são apresentadas algumas fontes de matéria orgânica e como prepará-las. 8.1.1 Composto orgânico

8.1.2 Húmus Húmus é outro tipo de adubo orgânico, originário da decomposição microbiana de produtos de origem animal e vegetal. Apresenta-se com aspecto macio e acastanhado, utilizado na adubação, trazendo, além de nutrientes, muitos benefícios ao solo, tais como:

O composto orgânico é feito a partir de restos de vegetais, esterco de animais, capim seco, etc. bem como terriço de mata, arrumados em camadas, umedecidos e aerados, através de revolvimentos periodicamente, tantas vezes quantas forem necessárias, conforme a elevação da temperatura, para que possam fermentar, mantendo os níveis baixos de temperatura e não haja perda de nutriente (nitrogênio) durante este processo.

• Melhora muito as propriedades físicas do solo;

Quando houver disponibilidade, pode ser usado guano (excremento) de morcego para melhor fermentação (decomposição).

• Retém a umidade do solo por mais tempo;

O composto é rico em nutrientes e, no final de três meses, quando a relação C/N (carbono e nitrogênio) estiver equilibrada, em torno de 30%, o material estará pronto para ser usado.

• Promove a liberação de nutrientes lentamente, tornando a adubação mais eficaz e duradoura; • Contribui para o aumento da capacidade de tamponamento do solo;

• Funciona como reservatório fixo de nitrogênio, que é fundamental para manter a fertilidade do solo; • Impede a compactação de solos argilosos e promove a agregação de solos arenosos; • Quando diluído na água, funciona como um adubo foliar suave, além de contribuir na prevenção de várias pragas agrícolas. O processo de formação do húmus, denominado humificação, pode ser natural (produzida por fungos e bactérias) ou artificial, quando for induzido por processo químico.

Fig. 8 Preparo do composto orgânico

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8.1.3 Biofertilizantes São fertilizantes vivos, que também contêm micro-organismos transformadores.

Quadro 2. Ingredientes para o Preparo de Biofertilizantes

Os biofertilizantes são preparados com esterco e água ou ainda com qualquer tipo de material orgânico fermentado na água. Podem ser complementados com alguns minerais necessários para o sistema de cultivo orgânico. Portanto, são líquidos e, após sofrerem um processo de fermentação, são utilizados para nutrir a planta. Assim, podem alimentar a planta, mas não apenas isto, protegem a planta agindo como defensivo. Preparo: É recomendável usar o material orgânico existente em abundância e a baixo custo na propriedade. Normalmente, usa-se esterco fresco de gado, soro de leite e/ou leite, garapa de cana, melaço ou açúcar, ervas daninhas do campo e restos vegetais de pastagens, frutas e hortaliças; coloca-se tudo para fermentar e, quando a fermentação estiver completa, uma solução homogênea é formada e então o material está pronto para ser utilizado. A seguir, é apresentada uma sugestão de formulação de biofertilizante preparado aerobicamente com ingrediente de um composto de farelo:

Vantagens: Com o uso do biofertilizante, a planta torna-se bem mais nutrida, revestindo-se de mais resistência e, consequentemente, terá condições de se defender de algum ataque de insetos, fungos, bactérias, etc. Existem alguns tipos de biofertilizantes como: biofertilizantes simples (com um ou mais nutrientes de plantas); biofertilizantes compostos (mistura de dois ou mais biofertilizantes simples); biofertilizantes enriquecidos (enriquecidos de nutrientes minerais, princípio ativo ou agente capaz de melhorar suas características físicas, químicas ou biológicas). Como o biofertilizante é um produto vivo, os micro-organismos podem entrar em luta com o que está atacando a planta, repelir, destruir ou paralisar a ação desses elementos.

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As pulverizações foliares, na agricultura ecológica, tentam imitar este recurso que a natureza desenvolveu para partilhar o alimento entre as diversas plantas. A fermentação faz com que ocorra uma série de transformações químicas e biológicas nos biofertilizantes, que deixa os nutrientes prontamente disponíveis para a planta. Quantidade de adubo orgânico a ser usado: No preparo do canteiro deve-se usar aproximadamente 5 a 10kg de esterco de curral bem curtido, farelo de mamona ou cacau, por metro quadrado, ou, na mesma proporção, composto orgânico e húmus. O biofertilizante é usado via foliar, diluído na proporção de 2% em pulverização sobre as plantas, e no campo, utilizar na concentração de 5%. Para o tratamento de sementes usar na concentração de 2% por imersão, durante 10 minutos. A parte sólida do biofertilizante também pode ser usada em covas. A dose poderá ser observada e ajustada conforme a hortaliça a ser usada. 8.2 Adubação química Quando houver o planejamento da horta com antecedência, deve-se fazer a coleta das amostras do solo, observando-se as técnicas desta prática, e encaminhar ao laboratório de análise. Baseado nos dados revelados pela análise, proceder à correção e adubação, conforme a recomendação. 26

Quando não for possível a realização da prática acima, podese empiricamente proceder a correção do solo e a adubação química, de acordo com o esquema sugerido, observando-se os devidos cuidados. Os fertilizantes mais utilizados e recomendados são: Calcário dolomítico – 200 gramas / m² Ureia – 30 gramas por m² Superfosfato simples – 70 gramas por m² Cloreto de potássio – 20 gramas por m² Os adubos devem ser aplicados no fundo dos sulcos de plantio ou distribuídos a lanço e incorporados ao solo antes do plantio.

9 PREPARO DOS CANTEIROS E SEMENTEIRA Depois de limpar o terreno, o solo será desagregado com o auxílio de uma enxada, a uma profundidade de 20 a 30 centímetros; quebrados os torrões; aplicar o calcário, se for necessário, e incorporá-lo ao solo com antecedência de 2 meses do plantio. Distribuir o adubo orgânico antes do levantamento dos canteiros. Em geral, os canteiros têm as seguintes medidas: Altura – 15 a 20cm Largura (leito do canteiro) – 1 metro Comprimento – variável Distância entre os canteiros – 30 a 50cm 27


• Semear a quantidade necessária de sementes, de acordo com o número de mudas que desejar; • Para cobrir as sementes nos reguinhos, deve-se peneirar em cima da sementeira uma camada fina de terra; • Cobrir a sementeira com capim ou palha seca; • Logo após as mudinhas nascerem, retirar esta cobertura;

Fig. 9 Sementeiras

• A posição da sementeira deve ser transversal em relação ao sol; • Regar duas vezes ao dia, de manhã e no final da tarde;

Estas medidas são ideais. Entretanto, pode-se fazer os canteiros do tamanho que sua área permitir, ou até mesmo usar vasos ou caixotes. Reserve uma parte do canteiro, onde as sementes de algumas hortaliças deverão encontrar boas condições para germinar, antes de passarem para o canteiro definitivo. A este canteiro dá-se o nome de sementeira. As sementes e mudas a serem utilizadas devem ter origem idônea, estar em embalagens próprias laminadas e certificadas. Deve-se observar: • Não usar adubo químico na sementeira;

• Arrancar o mato sempre que for preciso.

10 TRANSPLANTIO E PLANTIO DEFINITIVO Transplantio é a prática que consiste na passagem das mudas das sementeiras para o local definitivo. Deve ser realizado quando as mudas estiverem com 5 e 6 folhas e mais ou menos 10cm de altura. Os quadros 3 e 4 ilustram os aspectos das principais hortaliças que necessitam de transplantio e plantio no local definitivo.

• Fazer sulcos ou reguinhos de 1 a 3cm de fundura para colocar as sementes, mantendo a distância de 20cm uns dos outros; 28

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Fig.10 Tamanho da muda a ser transplantada

Fazer o transplante em dias nublados e úmidos ou pela tardinha.

Fig.13 Retirada da muda no transplante

Quadro 3. Hortaliças de transplantio

Fig.11 Transplantio

Molhar bem a sementeira antes de retirar as mudas também ajuda neste processo e facilita a pega no local definitivo.

Fig.12 Molhação das mudas antes do transplantio

Utilizar a colher de transplante para esta operação, com cuidado para não quebrar as raízes das mudas.

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Quadro 4. Hortaliças de plantio em local definitivo

Irrigar - Os canteiros devem ser molhados duas vezes por dia, pela manhã e à tardinha, nunca nos horários de sol.

Fig.14 Irrigação

Escarificar – É preciso desagregar bem a terra, em torno da planta, uma vez por semana. Este cuidado é conhecido como escarificação. Esta prática facilita a maior penetração de ar no solo, maior aproveitamento das chuvas e da irrigação. Capinar – Todas as ervas daninhas devem ser retiradas semanalmente para não prejudicarem o crescimento das hortaliças. Esta operação pode ser feita manualmente ou com auxílio de enxada ou sacho. Ter cuidado nesta operação para não danificar as raízes das plantas.

11 TRATOS CULTURAIS Cuidar para que as plantas cresçam sadias e viçosas, garantindo uma boa produção, alguns tratos devem ser seguidos, tais como:

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Desbastar – O excesso de plantas no canteiro ou sementeira deve ser eliminado, permitindo que as plantas que ficarem no canteiro tenham melhor desenvolvimento e rendimento. Esta prática deve ser realizada com cuidado para não danificar as plantas. As plantinhas devem ser escolhidas, retirando-se as mais fracas e deixando as mais sadias, ficando o plantio raleado, permitindo que as plantinhas se desenvolvam bem, como no caso da cenoura, rabanete e beterraba. 33


Usar pulverizador costal ou regar normalmente os canteiros e as plantas, (aplicar 3 partes da solução e 1 parte de água); Ter cuidado de aplicar logo, porque seu efeito só dura 8 horas após o preparo da solução. Fig.15 Escarificação, capina e desbaste

12 CONTROLE DE PRAGAS Formigas, pulgões, lagartas, lesmas e gafanhotos são inimigos que frequentemente atacam as hortaliças.

Usar 1kg de cinza, 1kg de cal e 100g de sal de cozinha e distribuir nos canteiros. • Solução de sabão, para controle de cochonilha:

Para combatê-los, sempre que possível, deve-se usar receitas caseiras, ou catação manual.

Usar uma colher de sopa de sabão em barra, raspado, para 5 litros de água; agitar e fazer aplicação diretamente nas plantas.

Através de visitas diárias à horta, observar se há ocorrência destes elementos e, quando encontrados, sempre eliminar ovos, larvas e insetos adultos.

13 CONTROLE DE DOENÇAS

As formigas devem ser controladas com o uso de formicidas, aplicadas diretamente nos formigueiros. Algumas soluções fabricadas em casa podem ser usadas no controle de pragas. Exemplos: • Solução de fumo de corda, para o controle de pulgões e lagartas: usar 20cm de fumo de corda em 4 litros de água; deixar por 3 dias em infusão e coar a solução;

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• Mistura de cinza, cal e sal de cozinha, para controle de lagartas, lesmas e gafanhotos:

De modo geral, as doenças que atacam as hortaliças são causadas por fungos, bactérias, vírus e nematóides que prejudicam o desenvolvimento das plantas. O uso das sementes de boa procedência, a escolha certa do local para plantar e o combate frequente dos insetos ajudam no controle das doenças. A calda bordalesa é também muito usada no controle das doenças.

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Como prepará-la: Usar 100 gramas de sulfato de cobre, mais 100 gramas de cal de pedreiro em 10 litros de água; misturar e aplicar a calda em pulverização sobre as plantas, sempre que for necessário (ocorrência de doenças). O preparo é feito dissolvendo o sulfato de cobre em metade do volume da água, e a cal é dissolvida na outra metade do volume; em seguida, misturar estas soluções em um terceiro recipiente sob agitação. Não usar em plantas cucurbitácea (abóbora, maxixe, melancia, chuchu e melão), rosácea (quiabo) e solanácea (tomate, pimentão, batata).

(quando plantado através de mudas), hortelã miúdo e alface que são colhidos antes desse período (Quadros 2 e 3 ). De modo geral, as hortaliças folhosas de hastes são colhidas quando estão tenras, as de flores quando os botões estão fechados, as de frutos quando as sementes não estão completamente desenvolvidas. A colheita é realizada com todo o cuidado para não estragar o produto. Em seguida, é feita a limpeza ou usar outros processos de beneficiamento, a depender da hortaliça cultivada. Se for necessário, embalar o produto colhido, usar caixas plásticas próprias.

Fig.16 Pulverização com calda bordalesa Fig.17 Colheita de hortaliças

14 COLHEITA A maioria das hortaliças está pronta para ser colhida do 3º ao 4º mês a partir do plantio, com exceção do coentro, cebolinha 36

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REFERÊNCIAS FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000. 402p. EMBRAPA HORTALIÇAS. Aprenda como se fazer biofertilizante. Brasília, 2007. (Folder). MAKISHIMA, N. Produção de hortaliças em pequena escala. Brasília: EMBRAPA – CNPH. 1983. 23p. (EMBRAPA – CNPH. Instruções Técnicas, 6).

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