Revista Pacto

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PACTO

Programa Pacto Federativo: ações para a sustentabilidade da vida rural nos Territórios da Cidadania do Estado da Bahia Salvador, Dezembro 2012

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Apresentação

A revista PACTO é uma publicação da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA) dedicada à divulgação dos resultados da primeira etapa do Programa Pacto Federativo, um programa lançado em 2009, que soma esforços do Governo Federal e dos Estados do Nordeste e da Amazônia Legal, para promover o acesso dos agricultores familiares e povos tradicionais às políticas públicas. Esta etapa do Pacto Federativo foi executada na Bahia por meio de convênio entre a EBDA, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) que permitiu a realização de ações em nove Territórios da Cidadania. As metas e atividades do Pacto Federativo na Bahia baseiam-se em dez projetos elaborados pelas equipes técnicas multidiciplinares articuladas pela coordenação de pesquisa da EBDA. Os projetos estão fundamentados na multifuncionalidade da agricultura familiar, tendo a pesquisa-ação como método de intervenção; na transição agroecológica, fundamentada na Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater), e na valorização do conhecimento tradicional, com destaque para o papel do pesquisador local. Nas páginas seguintes, mostramos a história de produtores rurais, pesquisadores locais, e pesquisadores que partilharam do mesmo propósito: contribuir para o protagonismo do agricultor familiar rumo ao desenvolvimento rural sustentável e a uma vida melhor.

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Programa Pacto Federativo na Bahia Convênio MDA: nº 720335/2009 Vigência: 31 de dezembro de 2010 2º Termo Aditivo: 31 de dezembro de 2012 Data da Assinatura: 31 de dezembro de 2009 Data da Publicação: 18 de janeiro de 2010 pactofederativo.ebda@ebda.ba.gov.br

Expediente A Revista Pacto é um veículo da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA)

Coordenação Estadual Marina Siqueira Castro - Tel.: 71 3116-1900 marina.castro@ebda.ba.gov.br Evandro Luis Alves Oliveira - Tel.: 71 3116-1832 evandro.oliveira1@ebda.ba.gov.br Luis Fernando Ferreira Melo - Tel.: 71 3116-1821 luizfernando.melo@ebda.ba.gov.br

Avenida Dorival Caymmi,15.649, Itapuã Salvador - Bahia CEP: 41635-150 www.ebda.ba.gov.br

Coordenação nos Territórios de Cidadania Baixo Sul: Sandra Lúcia Magalhães Marins sandra.marins@ebda.ba.gov.br Chapada Diamantina: Fábio Lúcio Martins Neto fabio.martinsneto@ebda.ba.gov.br e Jessé de Lima Tel.: 71 3116-1900 jesse.lima@ebda.ba.gov.br Irecê: Sandra Maria Ferreira Amim - Tel.: 74-3641-3713 sandra.amim@ebda.ba.gov.br Itaparica: Ângela Maria Emerenciano Coelho Tel.: 75-3281-2254 angela.coelho@ebda.ba.gov.br Litoral Sul: Everson Batista da Silva - Tel.: 73-3211-5921 everson.silva@ebda.ba.gov.br e Arnaldo Libório - Tel.: 73 3211-5921 evandro.oliveira1@ebda.ba.gov.br Semiárido Nordeste II: Antônio Mendes da Silva Tel.: 75 3437-2359 antoniomendes.silva@ebda.ba.gov.br e Margarida D’ Mori Cezario - Tel.: 75 3281-1832 arnaldo.santosfilho@ebda.ba.gov.br Sertão do São Francisco: Edonilce da Rocha Barros Tel.: 74 3611-7966 edonilce.barros@ebda.ba.gov.br Sisal: Djair Brandão Maracajá - Tel.: 75-3261-2307 djair.maracaja@ebda.ba.gov.br Velho Chico: Luis Geraldo Leão Guimarães Tel.: 77-3481-4218 luisgeraldo.leao@ebda.ba.gov.br

João Bosco Ramalho Diretor de Agricultura

Todos os técnicos e bolsistas envolvidos direta e indiretamente com as ações do Programa Pacto Federativo são responsáveis pelo êxito do mesmo juntamente com a equipe de coordenadores e administradores Foto: Marcelle Ribeiro

Diretoria Executiva Elionaldo de Faro Teles Presidente

Marcelo Vieira Diretor de Pecuária

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Projeto Mãe 7 Ações do Pacto têm acompanhamento sistemático Formação dos Técnicos 9 Metodologia participativa norteou o trabalho nas comunidades Redes e Núcleos 10 Pesquisadores do Pacto formam grupos de estudos Pesquisa-Ação 12 Central de laboratórios dá suporte aos projetos de campo

Produção Editorial Assessoria de Imprensa (Assimp) Tel.: (71)31161907 ebda.imprensa@ ebda.ba.gov.br

Baixo Sul 13 Pesca tradicional ganha registro etnográfico

Editoras: Maiza de Andrade (DRT1155)

Chapada Diamantina 17 Incentivo à produção de café orgânico

Maria de Lourdes Nascimento (DRT779) e Patrícia Maia (DRT 2383) Equipe de Jornalismo Diógenes Matos Emerson Santos Isabela Canuta Jamilly Nunes Marcele Mendes Patrícia Moreira (DRT2770) Talita Queiroz Welder França Estagiária: Camila Silva Equipe de Fotografia: Aurelino Xavier Nazaré Araújo e Rejane Carneiro

Equipe de coordenadores do Programa Pacto Federativo, (esq-dir): Luis Geraldo, Marina, Ângela, Evandro (acima), Djair, Edonilce, Sandra Amin, Luis Fernando (acima), Fábio, Everson, Sandra Marins e Antonio Mendes

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Principais Resultados Pacto promove acesso de agricultores familiares às políticas públicas

Luiz Mário Avena Filho Diretor Administrativo Financeiro

Produção Gráfica e Diagramação: Yoemi e Ko Artes Visuais

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Índice

Irecê 20 Práticas agroecológicas têm adesão de agricultores familiares Itaparica 23 Índios Pankararé são apoiados em suas práticas tradicionais Litoral Sul 26 Hortas comunitárias garantem segurança alimentar Semiárido Nordeste 29 Pesquisador local inova em soluções para alimentação animal Sertão São Francisco 33 Recaatingamento é aposta para convivência com a seca Sisal 38 Projeto incentiva agricultor a práticas de pesquisa Velho Chico 42 Pesca tradicional no Rio São Francisco convive com novas técnicas Perspectivas 46

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Programa é desenvolvido em nove territórios da cidadania articulados pelo “projeto mãe”

Pacto federativo promove acesso de agricultores familiares às políticas públicas

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Programa Pacto Federativo conclui sua primeira etapa no Estado da Bahia ampliando a assistência técnica e extensão rural nos nove territórios da Cidadania do Estado. Equipes multidisciplinares fortaleceram o quadro técnico da EBDA no esforço de aumentar o acesso de agricultores familiares e povos tradicionais às políticas públicas. Um dos principais resultados alcançados segundo destaca o presidente da EBDA, Elionaldo de Faro Teles, foi o aumento significativo de adesões ao Garantia Safra que saltou de 13.956 agricultores, em 2009, para 108.989, em 2011/2012 (ver gráfico). “Sem a atuação dos técnicos do Pac-

O Programa Pacto Federativo tem a sua fundamentação teórica baseada no método da pesquisa-ação a partir do conceito da multifuncionalidade da agricultura familiar (ver mapas conceituais). As ações são desenvolvidas por meio de nove projetos nos territórios da cidadania e de um projeto-mãe (intitulado Desenvolvimento Territorial Sustentável e Multifuncionalidade da Agricultura Familiar nos Territórios da Cidadania da Bahia), que articula os conceitos à prática de campo com apoio direto das pesquisas e serviços realizados pela equipe de técnicos da Central de Laboratórios da Agropecuária da EBDA e dos núcleos e redes de pesquisa e extensão da empresa. Coordenado pela engenheira agrônoma e técnica da EBDA, Marina Castro, o projeto mãe promove a qualificação dos técnicos do programa e sua extensão aos agricultores familiares e povos tradicionais po r meio de subprojetos de etnodesenvolvimento. O projeto mãe também tem a função de acompanhamento, sistematização e avaliação do cumprimento das metas acordadas nas diversas esferas do programa.

Desenvolvimento Humano (IDH), do Estado. “O Pacto foi firmado na Bahia com recursos da ordem de R$ 27 milhões, dos quais, R$ 11 mi foram disponibilizados pelo o MDA na primeira etapa e R$ 11 mil pelo governo do Estado que garantiu junto a Fapesb a expertise necessária para condução das atividades e cumprimento das metas”, afirma o diretor administrativo e financeiro da EBDA,Luiz Mário Avena Filho. O programa conta com 547 técnicos bolsistas, que atuam em 09 projetos de campo, nos territórios, e em um projeto “guarda-chuva” voltado para o planejamento e acompanhamento das ações, na sede da EBDA, em Salvador.

to Federativo na promoção do acesso dos agricultores à esta política, os efeitos da seca, especialmente no ano agrícola 2011/2012 seriam mais severos”, afirma o presidente. O Pacto Federativo foi lançado em 2009 por meio de um acordo entre o Governo Federal e os governos estaduais do Nordeste e Amazônia Legal, sob a responsabilidade do MDA. A meta do Pacto, na Bahia, é atender a 65.324 famílias de agricultores, nos Territórios de Cidadania do Sisal, Semiárido Nordeste II, Itaparica, Velho Chico, Sertão do São Francisco, Chapada Diamantina, Irecê, Baixo Sul e Litoral Sul, envolvendo 155 municípios que têm os menores Índices de

24.824

Segurança Alimentar e Nutricional

Multifunções da Agricultura Familiar

Quantidade de

11.013

10000

Conservação da Agrobiodiversidade

24.370

Comunicação

11.664 9.608

7.581

0

0

Chapada Diamantina

3.908 0

Irecê

8.801

7.011

3.136 2.691

688

884

2.124 1.485

Itaparica

4.390

2.728

1.090

Nordeste II

Sertão São Francisco

Sisal

*A Política Pública “Garantia Safra” não contempla os agricultores familiares dos Territórios de Cidadania Litoral Sul e Baixo sul uma vez que se trata de uma política destinada à população do semiárido.

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Geração de Emprego e Renda Comercialização Produtos da Agro Biodiversidade

4.460 2.612

2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012

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Desenvolvimento e Validação de Sistemas Prodotivos Locais

Diagnóstico Unidade Produção Familiar 12.796

0

Multifuncionalidade da Agricultura Familiar

Manutenção do Tecido Sócio Cultural

15.761

3.978

Educação Não Formal

Territórios de Cidadania da Bahia

18.510

5000

Territórios de Cidadania

Sistematização das Experiências

20000

15000

Planejamento Extratégico

Metodologias de ATER e Pesquisa-ação

Geração de Renda

Gráfico da adesão ao Garantia Safra de 2008 a 2012 nos Territórios de Cidadania* 25000

Comunicação e Extensão

1.487

Velho Chico

Coordenadores

Ferramentas auxiliares SIGER Banco de Dados Acervo Documentos Acervo Imagens

Movimentos Sociais

Estado da Arte - SIG (especialização) Predição de Cenários Futuros (Modelagem de nicho)

Observatório da Agricultura Familiar

Conservação da Sócio Agro Biodiversidade Equipe Técnica Administrativa PLS

Desenvolvimento de Sistemas de Informação SIN-EBDA

EXTENSÃO

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Como é pensada a formação de pessoas no Pacto

Bolsistas do Pato Federativo em atividade de campo com membros da comunidade de Joia do Rio II e Tiririca, no Distrito de Barra de Pojuca, Município de Camaçari

Metodologia As atividades dos projetos e subprojetos são conduzidas por meio da metodologia pesquisa-ação, que se baseia na participação das comunidades locais nas decisões, visando a intervenção nos problemas e a realização dos seus projetos de vida. Além dos novos técnicos, 97 bolsistas foram selecionados entre agricultores familiares e povos tradicionais para atuarem como pesquisadores locais (PL). “A ideia é a de incentivá-los a contribuir com os seus saberes, em temas específicos”, ressalta a coordenadora do Programa, na Bahia, Marina Siqueira de Castro. Para milhares de agricultores, o contato com os técnicos é o primeiro passo para o acesso a políticas do governo, como o Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf B), Programa Garantia Safra, Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF), Seguro de Agri8

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cultura Familiar (SEAF), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Biodiesel e Insumos para a Agricultura Familiar, Crédito Assistido, dentre outros. A atuação dos bolsistas f oi determinante para o aumento do acesso ao programa Pronaf B, que financia a produção dos agricultores familiares, conforme destaca o coordenador Evandro Oliveira: “em 2011, o acesso foi 47% superior em relação ao ano anterior”. Segundo Marina Castro, o Pacto é uma ação estruturante que

deverá ser mantida em longo prazo em função da transformação que está promovendo na prática da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). “A Ater está em processo de transição para uma abordagem que valoriza o conhecimento tradicional local e inicia-se com o diagnóstico das necessidades, desejos e sonhos das pessoas nas comunidades rurais” afirma Marina. O desafio maior tem sido o de atuar com base em temas interdisciplinares usando metadologia partici-

Prática de campo para elaboração do Diagnóstico Rural Participativo (DRP) da comunidade de Joia do Rio II e Tiririca, no Distrito de Barra de Pojuca, em Camaçari

Práticas sócio culturais de aprendizagem e produção de saberes

Envolve instituições/ organizações; atividades e meios; multiplicidade de programas e projetos sociais

Processo sóciopolítico, cultural, pedagógico de formação para cidadania Qualificação de técnicos e pesquisadores locais (PLs)

Educação NÃO Formal no Pacto

Centro de estudos e desenvolvimento da agricultuta familiar e povos tradicionais (proposta de criação da universidade)

Formação continuada de agricultores familiares e povos tradicionais

Fotos: Rejane Carneiro

Fotos: Rejane Carneiro

pativas, visando as inovações sem prejuízo das tradições que mantêm o tecido sociocultural nos territórios. “Seria mais fácil chegar com um projeto pronto, mas quando o processo é aberto à participação dos interessados, o resultado é mais consistente”, observa Marina. O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) e o estudo sistematizado das Unidades de Produção Familiar (UPF) possibilitam à EBDA ter um retrato das demandas rurais e avançar na inclusão dos agricultores familiares nas políticas, disse a coordenadora.

O técnico da EBDA, José Isac Peres (no centro) em treinamento de Diagnóstico Rural Participativo (DRP) para bolsistas do Pacto Federativo

Formação dos técnicos tem papel central no Pacto

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formação continuada é um dos eixos do projeto Multifuncionalidade da Agricultura Familiar, que fundamenta as ações no Pacto Federativo, no Estado. Para a formação da equipe técnica dos projetos foram realizados 28 cursos sediados no Centro de Treinamento da EBDA. Também foram oferecidos cursos nos nove territórios, para a aplicação da metodologia de Diagnóstico Rural Participativo (DRP) e estudo de Unidades Produtivas Familiares (UPF). Cerca de 500 pessoas participaram dos cursos que foram formatados para 40 e 16 horas. Dentre os cursos ofertados destacam-se os de georreferenciamento, fotografia, metodologias participativas, agroecologia, meliponicultura, caprinovinocultura, informática, cadeia produtiva de leite, dentre outros. Os cursos de DRP foram ministrados pelo técnico da EBDA, José Isac Peres, especializado em Desenvolvimento Rural. Isac destaca que o diagnóstico é importante por se tratar do primeiro momento com a comunidade. “A metodologia é participativa e construtivista para o levantamento dos problemas e dos aspectos sociais, culturais, econômicos e ambientais da comunidade”.

Roda formada por bolsistas do Pacto Federativo e integrantes da comunidade de Joia do Rio II e Tiririca, em Barra de Pojuca

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Foto: Priscilla Malafaia

Pacto Federativo incentiva a formação de redes temáticas e núcleos de pesquisa Os pesquisadores, técnicos e agricultores familiares envolvidos no Programa Pacto Federativo, na Bahia, se articularam em redes temáticas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e em núcleos de estudos e desenvolvimento e formaram Grupos de Pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq. “O objetivo é promover a construção coletiva do conhecimento e disponibilizar informações técnicas e científicas, propostas tecnológicas e experiências exitosas, nas diversas temáticas relevantes para a agricultura familiar e o desenvolvimento rural sustentável”, afirma a coordenadora estadual do Pacto Federativo, Marina Castro. Foto: Rejane Carneiro

Redes fortalecem relações* A configuração em rede é peculiar ao ser humano. Ele se agrupa com seus semelhantes e vai estabelecendo relações de trabalho, de amizade e de interesses que se desenvolvem e se modificam conforme a sua trajetória. Assim, o indivíduo vai delineando e expandindo sua rede conforme sua inserção na realidade social. As redes sociais constituem uma das estratégias subjacentes utilizadas pela sociedade para o compartilhamento da informação e do conhecimento, mediante as relações entre atores que as integram1. A rede é uma estrutura não linear, descentralizada, flexível, dinâmica, sem limites definidos e auto-organizável, e estabelece-se por relações horizontais de cooperação. “A rede é uma forma de organização caracterizada fundamentalmente pela sua horizontalidade, isto é, pelo modo de interrelacionar os elementos sem hierarquia”2. Com base em seu dinamismo, as redes, dentro do ambiente organizacional, funcionam como espaços para o compartilhamento de informação e do conhecimento. Espaços que podem ser tanto presenciais quanto virtuais, em que pessoas com os mesmos objetivos trocam experiências, criando bases e gerando informações relevantes para o setor em que atuam. São também consideradas como uma medida de política social que reconhece e incentiva a atuação das redes de solidariedade locais no combate à pobreza e à exclusão social e na promoção do desenvolvimento local sustentável1. * Texto produzido pela coordenação da Rede de Meliponicultura 1. COSTA, L. et al. (Coord.). Redes: uma introdução às dinâmicas da conectividade e da auto-organização. Brasília: WWF-Brasil, 2003. 2. TOMAÉL, M. I.; ALCARÁ, A. R. & CHIARA, I. G. di, Das Redes Sociais à Inovação. Ci. Inf., Brasília, v. 34, n. 2, p. 93-104, 2005.

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Foto: Felipe Nunes

Rede de Meliponicultura

É coordenada pelas biólogas Amia Carina Spineli e Camila Oliveira Nunes. Esta rede visa a ampliação das discussões sobre os sistemas locais de criação e Visita de campo dos participantes manejo de abelhas sem ferrão da Rede de Meliponicultura na Bahia e se constitui em um canal de diálogo continuo e constante entre extensionistas, pesquisadores e meliponicultores, fortalecendo as ações de Pesquisa e ATER. Os técnicos atuam principalmente com a prestação de serviços, como análises de produtos das abelhas, manejo de abelhas sem ferrão, polinização, conservação da biodiversidade, etnografia e extensão. “Por se referir à criação de um grupo de animais silvestres de relevância econômica e ecológica, visto que prestam um serviço ecológico-chave (polinização) e, além disso, compõe o tecido sociocultural de Povos e Comunidades Tradicionais, indígenas, de remanescentes de quilombos e dos agricultores familiares, esta complexa teia abrange, portanto, não só os aspectos ecológicos das abelhas, mas também os aspectos culturais e econômicos”, afirma a bióloga Camila Oliveira Nunes .

O esforço de desenvolver a ATER pública baseada na Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER e na pesquisa agropecuária levou os pesquisadores do Pacto a constituir os núcleos de Agroecologia, Pedagogia e Etnodesenvolvimento. “A ideia é promover intercâmbios e trocas de experiências, organizando e disponibilizando conteúdos e propostas tecnológicas”, observa a coordenadora do Núcleo de Etnodesenvolvimento, Lilane Sampaio. Foto:: Iêda Marques

Rede de Comunicação

Esta rede foi produto de um dos subprojetos do Pacto que teve como objetivo atender às demandas comunicacionais dos noves Territórios da Cidadania, Jornalistas da Rede em curso com o e da coordenação geral do facilitador Cláudio Cardoso (de pé) programa, bem como colaborar com o aprimoramento da comunicação entre os públicos interessados - agricultores, técnicos, gestores e sociedade. Coordenada pela jornalista e técnica da EBDA, Maria de Lourdes Nascimento, a rede teve como elos de disseminação de informações 15 profissionais entre jornalistas bolsistas, fotógrafos e designer gráficos que, em dois anos produziram 1.338 textos que obtiveram 7.194 veiculações em jornais impressos, TV, sites e rádios. A equipe foi treinada em fotografia, redação jornalística, media training, redes sociais e em metodologias da comunicação rural com destaque para a elaboração de Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Outro destaque foi a implantação do acervo fotográfico da EBDA pela fotógrafa e bolsista do Pacto Rejane Carneiro.

Núcleos de estudos integram pesquisadores

Pescador do baixo sul entrando na Camboa com o Samburai (cesto para colocar peixes) na mão

Elaboração do etnomapa pelos moradores da comunidade remanescente de quilombo Olhos Dáguinha, de Boninal

Núcleo Pedagógico

Núcleo de Agroecologia

Este núcleo atua na formação em Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e na construção coletiva do Programa de Qualificação em Ater para técnicos e agricultores familiares da Bahia. A proposta deste programa começou a ser desenhada na ExpoAgriFam 2012 em Feira de Santana, juntamente com representantes dos movimentos sociais, e seguirá no próximo encontro marcado para a Fenagro 2012, em Salvador. Outra importante iniciativa, e que conta com a colaboração do Núcleo de Agroecologia, é a estruturação de um curso de mestrado profissional em agricultura orgânica a ser desenvolvido pela EBDA, em convênio com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). “A ideia é consolidar o referencial pedagógico de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, voltado para o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais considerando as questões étnicas, de gênero e geração”, observa a coordenadora do núcleo, Lorena Pedreira.

A identificação dos agricultores que têm práticas de base agroecológica foi o primeiro passo para a constituição do Núcleo de Agroecologia do Pacto, segundo o coordenador do Território da Cidadania do Sisal, Djair Maracajá. Ele conta que foram envolvidos cerca de 70 agricultores deste território e que a proposta é envolver os demais territórios. Os agricultores participaram de cursos e têm mostrado ganhos como a produção de adubo orgânico, que é elemento fundamental da transição para o modelo agroecológico, destaca.

Núcleo de Etnodesenvolvimento O objetivo deste núcleo, coordenado pela bióloga Lilane Sampaio, é buscar meios e métodos para a condução dos projetos de vida dos povos indígenas, pescadores artesanais e remanescestes de quilombos. Segundo ela, as formas de relacionamento das populações locais com a natureza, baseadas em um repertório de conhecimentos, valores, crenças, emoções e práticas ao longo de gerações, podem oferecer uma possibilidade mais sustentável no uso dos recursos naturais, já que a manutenção do meio ambiente é a base da sustentabilidade dessas comunidades. São ações deste núcleo o registro etnográfico das atividades agrícolas e não agrícolas realizadas pelas comunidades como o manejo da piaçava, a pesca de camboa e o cultivo da mandioca, além da assistência técnica e extensão rural, incluindo noções de associativismo e cooperativismo. Foto: Lilane Sampaio

Apresentação dos Praiá no Território Indígena Pankararé, município de Glória

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Foto: Rejane Carneiro

Central de Laboratórios da Agropecuária dá suporte a projetos do Pacto em benefício de agricultores

FOTO: Sheyla Alencar

Baixo Sul Projeto: Ações de Pesquisa e Ater para o Desenvolvimento das Atividades da Agricultura Familiar

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Central de Laboratórios da Agropecuária (CLA) da EBDA, em Salvador, recebeu o impulso de 56 técnicos bolsistas do Pacto Federativo nas atividades de serviço ao público e pesquisa. Composta por 13 laboratórios, a Central é responsável pela realização das análises físicoquímica de produtos de origem animal e vegetal, de solos e água, de sementes, de produtos das abelhas, classificação vegetal, identificação de resíduos de agrotóxicos em frutas, e pesquisas para o controle de pragas na fruticultura e na cultura do sisal, e de identificação do potencial de plantas oleaginosas para biodiesel. Para o coordenador da central de Laboratórios, Luis de Lima Barbosa, a atuação da equipe do Pacto tem sido decisiva, principalmente em pesquisas como a de controle de pragas da fruticultura (mosca da fruta) e na reprodução in vitro de

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espécies superiores de palma . Em laboratórios como o de Análise de Solos e Água, o coordenador Ariomar de Castro Aguiar conta que a procura por parte dos agricultores familiares tem aumentado. “É muito importante para o produtor saber a qualidade do solo da sua propriedade e ser orientado sobre como adubá-lo corretamente”. No laboratório, as amostras são submetidas a diversos processos de análise para a determinação dos elementos químicos presentes no solo, como cálcio, magnésio, alumínio, hidrogênio, fósforo, sódio, potássio,

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carbono, além do pH e de matéria orgânica. Municípios atendidos

Outro laboratório que dá suporte aos projetos do Pacto Federativo é o Laboratório de Abelhas (Labe), onde são realizadas análises físicoquímicas para mel de abelhas africanizadas Apis mellifera e de abelhas sem ferrão. O rigor das análises feitas no Labe foi atestado pelo Sistema de Qualidade NBR ISO/ IEC 17025. “O reconhecimento da qualidade do mel pelo Labe agrega valor ao produto do apicultor”, diz o coordenador da central de Laboratórios, Luis de Lima Barbosa.

1. Aratuípe 2. Cairu 3. Camamu 4. Gandu 5. Igrapiúna 6. Ituberá 7. Jaguaripe 8. Nilo Peçanha 9. Piraí do Norte 10. Presidente Tancredo Neves 11. Taperoá 12. Teolândia 13. Valença 14. Wenceslau Guimarães Coordenadora

Sandra Lúcia Magalhães Marins sandra.marins@ebda.ba.gov.br Gerência Regional de Itabuna 75 3641 5156 Pesquisadores Locais

z Adriele Rodrigues Ferreira z Alcides de Oliveira Lima z Alecsandro Silva Santos z Antônio José dos Santos z Carlos Cosme dos Santos z Cassio Pereira dos Santos z Coriolano dos Santos z Daniel Batista dos Santos z Danilo da Assunção Pinto z Denise Santos de Cerqueira z Everaldo Alves dos Santos z Francisco Antonio de Souza z João Conceição de Almeida z José Ramos de Freitas z Juselia Conceição Brito z Manoel Bonfim Oliveira Freitas z Nilzete Matilde dos Santos z Renato José dos Santos z Rosemaria Souza Assunção z Saionara Bomfim dos Santos z Vera Lucia Barros dos Santos z Vilma Silva de Almeida Santos

Baixo Sul Chapada Diamantina Irecê Itaparica Litoral Sul Semiárido Nordeste Sertão São Francisco

Velho Chico

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Coordenador do Laboratório de Análise Fisicoquímica de Solos e Nutrição de Plantas da EBDA, Ariomar de Castro Aguiar

Sisal

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Territórios de Cidadania atendidos pelo Pacto Federativo

As ações do Programa Pacto Federativo são desenvolvidas em 155 municípios de 9 Territórios da Cidadania por meio de 10 projetos e 25 subprojetos.

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Pesca de Camboa no pesqueiro Baxio de Cajaíba

Bolsistas: 53 Agricultores Familiares do Território: 22.048 Agricultores Familiares Beneficiados: 7.176

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Os mestres de pesca, Manoel Bonfim (64), e João Conceição de Almeida (51), participam do projeto como pesquisadores locais. “Sempre me perguntei como seria o futuro. Trago no barco diversas espécies de peixes, mas não sabia as formas de conservá-las. Foi quando conheci as biólogas, e fui convidado a colaborar nesse trabalho. Confesso que é uma felicidade imensa estar realizando essa atividade tão produtiva”, comentou Bonfim. Os dados são levantados durante a jornada de pesca. No momento da captura do pescado, os pescadores identificam as espécies, fazem a medição e pesagem, catalogam o local, a época, identificam o grau de maturação da ova (gônada feminina) e coletam amostras de gônadas (femininas e masculinas) – aparelho reprodutivo do peixe, para análise histológica. Essas informações são passadas para fichas, que, mensalmente, são recolhidas pela equipe técnica.

João Conceição, de Camamu, conta que a melhor pescaria é a de linha, ideal para selecionar o tipo de peixe a ser capturado. “Por viver parte de minha vida sobre o mar, sei onde ficam os cardumes de algumas espécies, portanto preparo uma isca atrativa para capturar os peixes, um a um. Com a pesca de linha também conservo o meio ambiente, já que a rede traz tudo que tem no mar, muitas vezes até o indesejável”, diz João. A pesca de linha é realizada em grupos. Cada embarcação leva em média cinco tripulantes e o mestre conduz a equipe. “Sou pescador e tenho orgulho dessa profissão milenar. Também sou um aprendiz dos trabalhos de pesquisa que hoje o mestre conduz e já estou catalogando espécies, registrando o peso e as medidas e coletando gônadas. Esse trabalho é novo e no futuro quero poder dizer que contribui para a conservação dos peixes”, afirmou Roberto Nascimento (36).

FOTO: Rejane Carneiro

Integrantes da Associação de Pescadores, Marisqueiras e Maricultores de Maricoabo, distrito de Valença, em atividade de monitoramento pesqueiro com a bióloga, Priscilla Malafaya

Em 66 pescarias monitoradas, os pescadores realizaram medições em 3.551 peixes, dos quais foram coletadas 190 gônadas de seis diferentes pescados recifais classificados a partir do conhecimento tradicional do pescador. Segundo Priscilla, o número de gônadas coletadas mostrouse relativamente baixo quando comparado ao de indivíduos medidos e pesados, podendo essa atividade ser considerada de maior complexidade quando comparada à biometria. Outra explicação para a baixa coleta de gônadas pelos PL›s é que eles geralmente tratam indivíduos maiores de 5 kg, não sendo possível coletar as gônadas dos peixes vendidos a terceiros. As áreas de pesca identificadas somaram 31 e englobam regiões marítimas dentro da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) nos Territórios da Cidadania do Baixo Sul (Valença/Camamu) e Litoral Sul (Ilhés/Comandatuba).

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Pesca tradicional de camboa, em Maricoabo, distrito do município de Valença

Exposição dos resultados preliminares do monitoramento em Pesqueiro Baxio Cajaiba

Práticas tradicionais de pesca e mariscagem têm registro etnográfico

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om o propósito de descrever as práticas tradicionais da pesca e da mariscagem, pesquisadoras do Núcleo de Etnodesenvolvimento da EBDA, realizaram o registro etnográfico dessas atividades junto a comunidades dos municípios de Valença e Camamu. O trabalho foi viabilizado por meio das ações do Programa Pacto Federativo neste território coordenadas pela técnica do escritório da EBDA em Valença, Sandra Marins. Na comunidade de Cajaíba (distrito de Valença), onde a mariscagem é a principal atividade produtiva, foi possível a realização de um trabalho mais extenso, com um maior número de viagens e também um maior envolvimento da comunidade com a pesquisa, como observa a bióloga, Aline França. Foram feitas

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FOTOs: Rejane Carneiro

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escadores do Território da Cidadania do Baixo Sul, engajados como pesquisadores locais atuam no monitoramento pesqueiro empreendido pelo Núcleo de Etnodesenvolvimento do Pacto Federativo, coordenado pela bióloga Lilane Rêgo. O monitoramento tem como um dos objetivos catalogar dados biológicos sobre a desova de peixes capturados em locais de reprodução. “O trabalho visa estimular o engajamento do pescador nas questões da gestão pesqueira compartilhada”, afirma a bióloga Priscilla Malafaia, que acompanha os trabalhos de campo, juntamente com Sheyla Alencar e Aline França, também biólogas. A iniciativa é considerada piloto na prática de monitoramento participativo e conta com a parceria do Laboratório de Biologia Pesqueira da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), coordenado pelo professor George Olavo Matos.

Resultados

Foto: Aline França

Pescadores participam de monitoramento pesqueiro

entrevistas com marisqueiros e marisqueiras, e turnê-guiada para observação e registro das principais modalidades de pesca e extração de mariscos praticadas pela comunidade. Segundo Aline, ao longo da pesquisa os moradores mostraram-se bastante abertos a contribuir com o trabalho. “Nunca vi antes a nossa comunidade

ser tão valorizada”, foi como o presidente da Associação de Pescadores e Marisqueiras de Maricoabo, Cassio Pereira definiu o trabalho durante a exposição fotográfica e apresentação de resultados preliminares. Para marcar a conclusão da primeira etapa do Pacto, foram realizadas exposições fotográficas nas comunidades de Valença, Camamu e Cajaíba. FOTO: Rejane Carneiro

Joice Santos carrega gaiolas para a captura de aratu no Porto de Galeão, município de Cairú

PACTO

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Abelhas contribuem para qualidade do guaraná

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agricultor familiar e pesquisador local Carlos Cosme dos Santos (45) verificou que os frutos do guaraná de plantas próximas as colônias de abelhas sem ferrão têm melhor qualidade do que os que ficam mais distantes. “Em um determinado momento, passei a ver a floração do guaraná que era visitada por abelhas, e da que não recebia esta visita. Percebi que o guaraná polinizado por melíponas apresentava um aspecto saudável, mais produtivo e com frutos cada vez mais bonitos; não tive dúvida, as abelhas eram as responsáveis por tudo isso”, disse Cosme. Cosme atua como pesquisador local (PL) e tem se dedicado a observar o comportamento das abelhas em sua área de cultivo, no município de Taperoá. Cosme começou a sua criação de abelhas sem ferrão, há quatro anos, por indicação de um amigo. Hoje, ele possui oito caixas e diariamente visita o meliponário, sempre acompanhando o desenvolvimento das plantas que ficam próximas aos locais de criação. Nesse período, a sua produção anual passou de 300 kg para 500 kg de guaraná orgânico, em um hectare de área plantada. Outra cultura que também é beneficiada com a presença das

FOTOS: Rejane Carneiro

Fruto do guaraná (Paullinia cupana)

abelhas, segundo o agricultor, é o urucum, que apresenta excelentes resultados na produção. Orgulhoso com o aumento da produtividade, Cosme diz que repassa seus conhecimentos para vizinhos, amigos e novos agricultores que desejam expandir suas culturas com a criação de abelhas nativas.

Cosme do Rosário, arruma as fibras de piaçava para venda

PACTO

Saiba Mais As abelhas sem ferrão do gênero Melipona são potenciais polinizadores do guaraná (Paullinia cupana), árvore da família botânica das Sapindaceae. O PL Carlos Costa cria a abelha sem ferrão Melipona scutellaris, conhecida popularmente por uruçu verdadeira, que ocorre naturalmente no Território do Baixo Sul. Já o urucum (Bixa orellana), arbusto da família Bixaceae, que é utilizado na fabricação de corantes naturais para a indústria alimentícia e cosmética, tem a sua polinização favorecida pelas espécies de abelhas de maior porte, conhecidas por mangangás como a Xylocopa frontalis, Bombus morio e Eulaema nigrita. As flores do urucum também são visitadas pelas abelhas sem ferrão como a mombuquinha (Schwarziana quadripunctata) e a jataí (Tetragonisca angustula).

Carlos Cosme mostra criação de abelhas sem ferrão da Fazenda São José em Taperoá FOTO: Rejane Carneiro

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Foto: Arquivo Pacto

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extrativismo de piaçava é a principal atividade econômica da Comunidade Quilombola de Boitaraca, no município de Nilo Peçanha. De acordo com relatos dos moradores, por gerações, homens e mulheres, crianças, jovens e idosos foram habituados à árdua rotina de trabalho imposta pelo cultivo da piaçava. No entanto, para a presidente da associação de moradores de Boitaraca, Rosemária Souza Assun, nunca se viveu uma fase tão promissora como a atual, pois, além da venda da fibra limpa e do seu bagaço, os moradores intensificaram o trabalho com o artesanato feito da piaçava.

Chapada Diamantina Projeto: Fortalecimento da Agricultura Familiar com Ações de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão

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Municípios atendidos 1. Morro do Chapéu 2. Tapiramutá 3. Bonito 4. Utinga 5. Souto Soares 6. Iraquara 7. Wagner 8. Lençóis 9. Seabra 10. Ibitiara 11. Palmeira 12. Andarai 13. Boninal 14. Novo Horizonte 15. Piatã 16. Mucugê 17. Nova Redenção 18. Itaetê 19. Ibicoara 20. Marcionílio Souza 21. Abaira 22. Barra da Estiva 23. Jussiape 24. Rio de Contas Coordenadores Fábio Lúcio Martins Neto fabio.martinsneto@ebda.ba.gov.br Jessé de Lima jesse.lima@ebda.ba.gov.br Gerência Regional de Seabra 75 3331 1113 Pesquisadores Locais - PL z Angelino Pereira dos Santos z Antônio Martins dos Santos z José da Conceição Gonçalves z José Santana Araujo z Laercio Alves dos Anjos z Marcos Mendes Pereira z Nivalda Rosa dos Santos Bolsistas: 67 Agricultores Familiares do Território: 36.876 Agricultores Familiares Beneficiados: 9.200

Coleta de mel de abelha mandaçaia com uso de seringa, na comunidade de Mulungu, em Boninal

PACTO

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Meliponário tradiciomal com uso de potes de barro na comunidade de Conceição, no município de Boninal

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criação de abelhas sem ferrão em potes de barro é uma atividade tradicional nas comunidades rurais de remanescentes de quilombos e de agricultores familiares do município de Boninal. Segundo contam, tudo começou quando um produtor resolveu dar utilidade a um velho pote de barro, transferindo uma colônia da abelha mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides) do cortiço (tronco de árvore) para o pote. A colônia aí instalada encontrou um ambiente ideal e cresceu rapidamente. A abelha jataí (Tetragonisca angustula) também se adaptou aos potes de barro. “Atualmente, há colônias em pote de barro com até 50 anos de idade”, destaca a pesquisadora Marina Castro. Em 2005, o grupo de pesquisa em Manejo e Conservação da Biodiversidade da EBDA, coordenado por Marina iniciou o projeto “Trilha do Mel” junto a 05 comunidades de Boninal. Estudos relacionados ao pasto apícola, nidificação e diversidade de abelhas sem ferrão foram realizados com a ajuda de membros da comunidade na primeira etapa.

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Segundo Marina, em 2009, o projeto entrou na segunda fase, com apoio financeiro do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq)e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA - Programa Pacto Federativo) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). Nesta etapa, foram realizadas ações de pesquisa e Ater com o objetivo de diagnosticar a situação atual da criação de abelhas sem ferrão, qualificar os agricultores com cursos sobre criação e manejo de abelha sem ferrão (módulo inicial e avançado) e princípios agroecológicos, além de curso de fotografia, implantação de meliponários nas 05 comunidades beneficiadas para criação destas abelhas e produção de um livro sobre o sistema local de criação e manejo das abelhas. Neste sistema foram beneficiados em torno

de 30 agricultores familiares e remanescentes de quilombos. As coletas foram realizadas nas comunidades rurais pertencentes a Associação de Cultura Popular Quebra-Coco: Rocinha; Capão Comprido; Baixa Funda; São Domingos; Cedro; Capão de Jacu; Curral Velho; Picos; Furados; Guaribas e na própria cidade de Boninal. Em 2010, com a chegada dos técnicos/bolsistas do Programa Pacto Federativo, Amia Spineli, Felipe Oliveira, Mateus Giffoni, Luana , Willes Adorno, José Edemilson, Camila Nunes, Lilane Rêgo, Marília Melo e Ieda Marques, as ações foram reforçadas com a realização das atividades de pesquisa-ação incluindo 30 meliponicultores entre remanescentes de quilombos e agricultores familiares das comunidades rurais de Olhos D´aguinha, Cotia, Conceição, Mulungú e Rocinha.

Agricultura familiar produz café com qualidade e sustentabilidade

FOTOs: Rejane Carneiro

Foto: Amia Spineli

Criação tradicionalde abelhas em potes tem apoio de pesquisa

O apoio dos técnicos-bolsistas no fortalecimento de uma cooperativa de cafeicultores familiares foi um dos principais resultados do Programa Pacto Federativo no Território de Cidadania da Chapada Diamantina, na avaliação do coordenador territorial, Fábio Lúcio Martins Neto. Como técnico em desenvolvimento rural da EBDA, e especialista em café, Fábio destaca a importância da introdução do sistema de controle interno para a melhoria da qualidade do café produzido na região. Essa medida permitiu aos produtores a certificação do produto junto ao IBD Certificações, que, segundo Fábio, é a principal certificadora de produtos orgânicos do País.

“A conquista da DAP Jurídica nos deu acesso a políticas públicas e abriu mercado como o da merenda escolar”, comemora o produtor e pesquisador local, Laércio Alves dos Anjos (34).

Sediada em Seabra, a Cooperbio reúne cerca de 40 cafeicultores familiares dos municípios de Abaíra, Piatã e Seabra, que, juntos, produzem 300 sacas anuais. Outra importante contribuição dos bolsistas do Pacto, segundo Fábio, foi na habilitação da cooperativa junto ao Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf ) por meio da DAP Jurídica.

De acordo com Jessé de Lima, que é bolsista/técnico e também especialista em café, esta cultura é bem apropriada para o modelo de produção familiar porque pode alcançar boa produtividade em pequenas áreas e contar com a mão de obra da família. Outra característica do café cultivado por este grupo de agricultores é o cultivo consorciado com espécies arbóreas,

Pesquisador local Laercio Alves dos Anjos, na sua plantação de café arborizado na região do Malhador, em Seabra.

que garante o sombreamento, melhorando a qualidade dos cafés. “Atualmente, a arborização de cafezais é uma técnica recomendada também para amenizar os efeitos de possíveis mudanças climáticas na região, o que pôde ser constatado neste período de seca”, observa Jessé. A identificação de áreas potenciais do Estado para a cultura do café arábica no sistema arborizado é uma das metas do Pacto Federativo. Com o uso da tecnologia de georreferenciamento foi produzido um mapa que indica onde há condições ambientais para o desenvolvimento da cultura.

Foto: Iêda Marques

Bolsista Felipe Nunes (em pé) e Amia Spineli (de verde) em reunião com meliponicultores de Boninal

Carlos José de Souza, à esquerda, é produtor de café orgânico da Lagoa de Boa Vista, em Seabra. À direita, o coordenador territorial Fábio Martins

PACTO

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FOTO: Rejane Carneiro

Irecê Projeto: Pesquisa e Ater: Desenvolvimento dos Sistemas Produtivos para o Fortalecimento da Agricultura Familiar 1 2 4 6 5 7 13 14 8 15

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Municípios atendidos 1. América Dourada 2. Barra do Mendes 3. Barro Alto 4. Cafarnaum 5. Canarana 6. Central 7. Gentio do Ouro 8. Ibipeba 9. Ibititá 10. Ipupiara 11. Irecê 12. Itaguaçu da Bahia 13. João Dourado 14. Jussara 15. Lapão 16. Mulungu do Morro 17. Presidente Dutra 18. São Gabriel 19. Uibaí 20. Xique-Xique Coordenadora Sandra Maria Ferreira Amim sandra.amim@ebda.ba.gov.br Gerência Regional Irecê 74-3641-3713 Pesquisadores Locais - PL z Amirto da Rocha Machado z Aderlan Alves Brasileiro z Antonio Machado Sena z Carlos Ney Oliveira dos Anjos z Gildeon Martins dos Anjos z Manoel Lopes da Silva z Sivonaldo Bispo da Silva Bolsistas: 57 Agricultores Familiares do Território: 41.011 Agricultores Familiares Beneficiados: 7.360

Pesquisador local Aderlan Alves Brasileiro, em sua produção orgânica na fazenda do Sol Nascente, localizada na Larga do Eloi, município Jussara 20

PACTO

Agricultor aprimora produção de mudas para o recaatingamento

“E

u falo com as plantas e elas me dizem o que estão precisando. Eu sei os gostos, as fraquezas, a hora certa de fazer cada coisa”. É assim que o agricultor e pesquisador local Amirto da Rocha Machado (64) descreve o seu trabalho de prod ução de mudas para a recomposição da vegetação da caatinga. No seu sítio, no povoado de Formosa, município de Uibaí, ele já produziu mais de 200 mil mudas. A maioria das mais de 100 espécies cultivadas é de plantas nativas da caatinga. A rotina de Amirto começa às cinco horas da manhã desde 1976. “Na época, eu estava tão inquieto vendo o desmatamento, que pensei: eu posso plantar e botar esse povo daqui para plantar também”, afirma o agricultor. “Quando as pessoas começaram a me procurar, não pensei duas vezes: dava as mudas e as sementes para todo mundo”, explica. O agricultor participa do projeto como pesquisador local e o seu sítio é utilizado como unidade demonstrativa na produção de mudas para agricultores de todo o Estado. Segundo a coordenadora do projeto, no Território da Cidadania de Irecê, Sandra Amim, pesquisadores locais são fundamentais ao projeto, pois são pessoas que estão inseridas na comunidade, e por isso sensíveis aos problemas enfrentados em cada localidade. Para Amirto Machado, o Pacto Federativo foi uma grande oportunidade para se dedicar ao estudo das suas plantas. “Hoje eu tenho mais tranquilidade para ficar no meu sítio e cuidar das sementes e das mudas. Estou conseguindo até produzir mais”, afirma o agricultor.

Assistência técnica faz a diferença na produção de orgânicos

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incentivo à implantação de hortas comunitárias foi uma das atividades do Pacto Federativo voltadas para a segurança alimentar e nutricional e para a geração de renda. Orientados pelos fundamentos da agroecologia, os agricultores produzem hortaliças saudáveis para o próprio consumo e para atender à crescente demanda por esses produtos.

Foto: Stelina Vasconcelos

Amirto da Rocha Machado, pesquisador local exibe muda produzida em seu sítio

O agricultor Aderlan Brasileiro é referência na produção de alimentos orgânicos no município de Jussara. Há nove anos ele apostou na agroecologia, desde que retornou de São Paulo. Nos três primeiros anos, sentiu um progresso tímido. Ele conta que, somente depois de fazer um curso pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A (EBDA) é que o cultivo dos produtos orgânicos deslanchou. “Estava precisando de orientação, o curso da EBDA foi uma luz, foi quando aprendi a importância da agroecologia e como podia fazer as coisas darem certo”, afirma o agricultor. Aderlan participa do projeto de pesquisa-ação como pesquisador

local, difundindo os saberes agroecológicos na comunidade e cedendo a sua propriedade como unidade de pesquisa e difusão tecnológica, segundo explica a coordenadora do Pacto Federativo no Território Irecê, Sandra Amim. Para ela, a experiência de Aderlan é usada como referência metodológica para os agricultores da região, promovendo a interação do conhecimento científico com o popular. “Hoje, meus filhos confiam mais na agricultura e vêem em mim um exemplo. Com a bolsa que ganho pelo projeto, posso investir mais na minha roça e fico mais seguro para experimentar novas técnicas”, diz o agricultor.

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FOTO: Rejane Carneiro

FOTO: Rejane Carneiro

Plantio de palma reforça alimentação dos rebanhos na seca

Itaparica Projeto: Desenvolvimento de Sistemas Produtivos Agroecológicos para Agricultura Familiar e Comunidades Tradicionais, Indígenas e Quilombolas

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Plantação de palma no quintal da agricultora Valdelice Brandão de Jesus na localidade de Cafarnaumzinho

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érgio, Mário e João Machado estão enfrentando a estiagem, usando a palma para alimentar os animais. Sérgio (46) investiu na plantação da cactácea, adensada e irrigada, em três hectares da Fazenda Canavieira, no município de Uibaí, onde produz mais de 400 toneladas/ha, por ano, com economia de 90% de água, em média. De acordo com o produtor, a falta de chuva no semiárido é uma realidade já conhecida. “Eu busquei me preparar para evitar uma situação mais difícil. A partir dos cursos oferecidos pela EBDA, sobre derivados do leite, aperfeiçoei em qualidade a minha produção”, ressalta. João Machado (44) vive com a família no povoado de Baixa Verde, no município de Presidente Dutra. “Há quase quatro anos comecei a plantar palma para alimentar meus animais, através das orientações da EBDA. Com isso, aumentei a minha produção de leite”, afirma. Assim como Sérgio, João fornece alimentação para escolas, por meio do Programa

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PACTO

Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Na propriedade de João foi instalada uma Unidade Experimental de Palma, em parceria com a EBDA, que é acompanhada pelo técnico Arnou Dourado, desde 2010. No local, é produzida palma das variedades gigante, doce, orelha de onça, sem espinho ou mão de moça. “A palma tem propriedades muito boas para a alimentação animal e é extremamente adaptada ao semiárido”, explica o técnico. Mário Machado (43) também convive com a falta de chuva, na fazenda Baixa Verde. Mário, que é casado e tem dois filhos, fornece leite in natura para uma fábrica de lacticínios, em Jussara. “Com o curso de derivados de leite, oferecido pelo Centrefértil, da EBDA, aprimorei o modo de fazer iogurte. Antigamente, eu apenas fervia o leite; agora, eu pasteurizo, e isso faz toda diferença para agregar valor ao produto”, explica Gildonete da Silva, esposa de Mário.

Saiba Mais O uso da palma na alimentação dos rebanhos há muito tempo tem sido incentivado pela EBDA junto aos agricultores do semiárido como alternativa de convivência com a seca. Devido à importância dessa cultura, a empresa desenvolve um programa especial coordenador pela Diretoria de Pecuária. No âmbito do Pacto Federativo, o plantio adensado e consorciado de palma é incentivado nos Territórios de Cidadania por meio da doação de mudas produzidas no laboratório de Cultura de Tecidos da EBDA. Segundo o diretor de pecuária da EBDA, Marcelo Matos, a palma é um alimento rico em carboidrato que produz muito utilizando pouca água e garante reserva suficiente para manter um rebanho por até seis meses, se usado corretamente. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Brasil tem a maior área de palma plantada do mundo, com cerca de 600 mil hectares.

Municípios atendidos 1. Abaré 2. Chorrochó 3. Glória 4. Macururé 5. Paulo Afonso 6. Rodelas Coordenadora Ângela Maria E. Coelho angela.coelho@ebda.ba.gov.br Gerência Regional Paulo Afonso 75-3281-2254 Pesquisadores Locais - PL z Antônio D. do Nascimento Junior z Antõnio dos Santos z Antônio Galdino Barbosa Neto z Christiano Edward Gomes Freire z Claudemir dos Santos Leite z Marcílio dos Santos Leite z Elizonete Elza B. dos S. Barbalho z Goelson Alves da Silva z João Luiz Cruz Neto z Maria Erineide Rodrigues da Silva z Maria José da Conceição Ferreira z Osvaldo do Nascimento z Quitéria Maria da Conceição Bolsistas: 37 Agricultores Familiares do Território: 8.412 Agricultores Familiares Beneficiados: 2.944

Índios Pankararé em preparativos para a festa do Amaro, no Território Indígena Pankararé, no município de Glória

PACTO

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FOTOs: Rejane Carneiro

Manejo de tatu-peba é prática tradicional dos Pankararé

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interação entre pesquisa, assistência técnica e extensão rural tem marcado as ações da EBDA em áreas habitadas por povos indígenas no Estado. No Território da Cidadania de Itaparica, o Programa Pacto Federativo apoia o projeto “Desenvolvimento de Sistemas Produtivos Agroecologicos para Agricultura Familiar e Comunidades Tradicionais, Indígenas e Quilombolas”. Coordenado pela assistente social Ângela Maria Emerenciano Coelho, da Gerência Regional de Paulo Afonso, o projeto tem incentivado a etnia Pankararé a aprimorar práticas tradicionais como a criação de animais silvestres. Segundo a coordenadora do Núcleo de Etnodesenvolvimento da EBDA, a bióloga Lilane Sampaio Rêgo, os Pankararé possuem vasto conhecimento sobre a biologia, ecologia e manejo do tatu-peba (Euphractus sexcintus). “Entre os Pankara-

FOTOs: Rejane Carneiro

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índio Pankararé e pesquisador local (PL) Anísio Ribeiro Nascimento (59) conta que a cada dia aprende mais sobre o manejo das abelhas melíponas. “Comecei com dois enxames, agora estou com 10”, conta ele. Anísio diz que tem aprendido a distinguir as abelhas e a mudar os enxames das caixas para aumentar a criação, quando a segunda rainha começa a despontar.

Coordenadora Angela Maria (sentada), em atividade no Território Indigena Pankararé

Índio Pankararé, José Ribeiro do Nascimento observa os tatus-peba, no criatório

ré há a percepção de que a população de pebas está menor. Apesar de a espécie não estar ameaçada ou em estado crítico, o tatu-peba é essencial para a cultura Pankararé, além de uma

das principais fontes de proteína animal na localidade”, observa Lilane. Por meio do projeto “Sistema de Manejo de Animais Silvestres no Território Indígena

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m dos criatórios implantados, localizado na residência de Anailde Maria Feitosa (36), filha do cacique Afonso Feitosa e responsável pelo manejo desses animais, conta com 12 tatus-peba. Ela relata que, antes, os animais eram colocados em tanques de cimento ou tambores de plástico, e que com as novas instalações, mais espaçosas, acredita que será possível a reprodução em cativeiro.

Alimentação dos tatus-peba em cativeiro

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PACTO

Pesquisador local indígena aprimora-se no manejo de melíponas

Segundo destaca o bolsista do Pacto Federativo, o biólogo e etnobotânico Miguel Angelo da Silva Colaço, “Trata-se de uma prática tradicional que eles estavam interessados em se aprimorar”. Para o cacique Afonso Enéas Feitosa, a criação de tatu-peba pode evitar a ameaça de extinção deste animal, já que outras espécies de tatu, como o tatu-bola e o tatu-canastra estão na lista dos animais ameaçados. Ele aponta a caça predatória por não indígenas com finalidade comercial, como a ameaça mais grave, principalmente em períodos de seca, como o atual. O cativeiro está em processo de regulamentação junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, segundo informou o cacique.

Pankararé”, através do Edital FAPESB 015/2009 coordenado pela pesquisadora Marina Castro foram implantados quatro unidades de manejo de tatu-peba. A ideia é que as técnicas desenvolvidas pelos Pankararé sejam difundidas para as demais etnias do Território da Cidadania de Itaparica: Truká (Paulo Afonso), Kantaruré e Xucuru-kariri (Glória), Atikum e Tuxá (Rodelas) e Tumbalalá (Abaré). No âmbito do etnodesenvolvimento, o novo sistema de criação proposto para o tatu foi elaborado de forma sistemática e participativa com os Pankararé e teve como principal abordagem a articulação entre o conhecimento dos indígenas e a zootecnia para a construção de um sistema local de criação e manejo do tatu-peba. Segundo Lilane, uma significativa base técnica e científica se constituiu em torno da proposta de criação de tatu-peba, a exemplo da monografia do zootecnista Fábio Hosken, na sua especialização promovida pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da

Universidade de Brasília (CDS/ UNB), intitulada: “Etnodesenvolvimento para o manejo sustentável do Tatu Peba - (Euphractus sexcinctus), no Território Indígena Pankararé”. O biólogo Ciro Florence também abordou este assunto em sua monografia para obtenção do grau de bacharel em Biologia pela Universidade Federal da Bahia: “Etnoecologia do Tatu-Peba Euphractus sexcintus (Linnaeus, 1758), pelos Índios Pankararé do Raso da Catarina, BA”.

“O cuidado maior é na hora de tirar o mel por causa de um mosquito preto que pode entrar e comer o mel”, ensina o pesquisador local. Para resolver o problema, ele aprendeu a fazer uma isca com vinagre para atrair o mosquito com a bióloga Camila Nunes, bolsista do Pacto Federativo e responsável pela atividade no Território Indígena. Para o bolsista do Pacto Federativo, Miguel Colaço, que é responsável pela articulação dos projetos no Território Indígena o PL Anísio é um exemplo bem sucedido da articulação dos saberes tradicionais e científico, que está na base da filosofia do Pacto. “Ele se envolve em diversas atividades como o cultivo de mandioca, caprinocultura, apicultura, meliponicultura, cultura e pesquisa sobre fauna e flora”.

Índio Pankararé Anisio Nascimento mostra caixa com colônia de abelha sem ferrão

PACTO

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FOTO: Rejane Carneiro

Litoral Sul Projeto: Diagnóstico Rural das Unidades Produtivas e Alternativas para o Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar

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O vaqueiro Cosme dos Santos acompanha carga de leite conduzida por mula na estrada da fazenda Boa Esperança

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PACTO

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Municípios atendidos 1. Almadina 2. Arataca 3. Aurelino Leal 4. Barro Preto 5. Buerarema 6. Camacan 7. Canavieiras 8. Coaraci 9. Floresta Azul 10. Ibicaraí 11. Ilhéus 12. Itabuna 13. Itacaré 14. Itaju do Colônia 15. Itajuípe 16. Itapé 17. Itapitanga 18. Jussari 19. Maraú 20. Mascote 21. Pau Brasil 22. Santa Luzia 23. São José da Vitória 24. Ubaitaba 25. Una 25. Uruçuca Coordenadores Everson Batista da Silva everson.silva@ebda.ba.gov.br Arnaldo Libório Santos Filho arnaldo.santosfilho@ebda.ba.gov.br Gerência Regional Itabuna 73-3211-5921 Pesquisadores Locais - PL z Dulcimary dos Reis z Edélio evandro dos Anjos z Eliano Santos Lopes z Eva Queiroz de Santana Andrade z João Moreira dos Santos z Maria de Fátima Zancheta Pioi z Maria Rita Muniz de Andrade z Romário Lima Barboza z Solange Oliveira de Jesus Bolsistas (técnicos): 50 Agricultores Familiares do Território: 13.929 Agricultores Familiares Beneficiados: 5.705

Hortas comunitárias garantem segurança alimentar

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incentivo à implantação de hortas comunitárias é uma das atividades do Pacto Federativo nos territórios voltadas para a segurança alimentar e nutricional e para a geração de renda. Orientados pelos fundamentos da agroecologia, os agricultores produzem hortaliças saudáveis para o próprio consumo e para atender à crescente demanda por esses produtos. Em Jussari, a 502 km de Salvador, os agricultores orientados pelos técnicos da EBDA e incentivados pelo pesquisador local, Romário Lima Barbosa, cultivam hortaliças em lotes familiares, em uma área de quase cinco hectares. Romário conta que percebeu que era preciso expandir a comercialização. Para isso foi decisiva a orientação dos técnicos da empresa na elaboração da DAP

(Declaração de Aptidão ao Pronaf) e do projeto para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da associação local. “Nós agricultores agora temos a preocupação em produzir uma grande quantidade de hortaliças porque temos a tranquilidade da comercialização, através do PAA, que é compra garantida. Cada associado vende R$ 4.500, por ano, para o programa, e tira mais de R$ 800 reais por mês”, diz Romário. A agricultora Luciana Lima, relata, emocionada, o quanto a sua vida mudou após começar a cultivar as hortaliças. “Eu já consegui me livrar do aluguel, comprando minha casinha; já tenho tudo em minha casa. E o melhor, toda a minha família trabalhando comigo. E até já dou emprego”, conta.

O acompanhamento técnico da Cadeia Produtiva do Leite, no Litoral Sul, foi intensificado após os técnicos participarem do Curso de Produção de Leite a Pasto, realizado com recursos do Programa Pacto Federativo. A qualificação foi coordenada pelo zootecnista e chefe da Divisão de Gado de Leite (DGL) da EBDA, Darlan Paiva de Miranda e pelo engenheiro agrônomo e coordenador estadual da Cadeia do Leite , Cândido Nunes de Vasconcelos. FOTOS: Rejane Carneiro

O pesquisador local e presidente da Associação dos Pequenos Produtores do Sítio Comunitário de Jussari, Romário Lima Barbosa e a agricultora Luciana Lima

PACTO

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Diagnóstico das unidades de produção familiar

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O aluno da Escola Técnica do Assentamento Terra Vista, João Paulo Regis, em atividade de campo com o bolsista Carlos Viana

Seleção de técnicos prioriza os nativos

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técnico em agropecuária Carlos Viana, que atua pelo Pacto Federativo no município de Pau Brasil, destaca como aspecto positivo do programa a seleção de técnicos oriundos da zona rural para compor as equipes de Ater, como é o seu caso. Entre as principais atividades desenvolvidas, ele ressalta a colaboração para a organização dos agricultores em associações e cooperativas: “Já ajudamos a formar pelo menos quatro associações”, diz, ele, orgulhoso. Outro importante incentivo do programa é para o ingresso dos filhos de agricultores em cursos técnicos relacionados ao contexto rural, como os que são oferecidos pelo Centro Estadual de Educação Profissionalizante (Ceep) do Campus Milton Santos, que funciona dentro do Assentamento Terra Vista, no município de Arataca.

ingresso de técnicos de diversas formações para prestar Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) na EBDA como outro ponto forte do Pacto Federativo. “Isso permitiu a formação de uma equipe multidisciplinar e a presença da empresa, de forma sistemática, nos 26 municípios do Território de Cidadania Litoral Sul”, avalia. A equipe do Litoral Sul é composta por cerca de 35 técnicos, e conta com engenheiros agrônomos, administradores de empresas, médicos veterinários, biólogos, jornalistas, técnicos em Agricultura, Zootecnia, e Agrimensura, além de assistentes administrativos e de serviços gerais.

s técnicos do Pacto Federativo do Território de Cidadania Litoral Sul diagnosticaram 689 Unidades de Produção Familiar (UPF) da região. Além dos dados pessoais do agricultor, o levantamento aborda questões como a composição da família, características da propriedade, benfeitorias, equipamentos de trabalho, sistemas de produção, renda agropecuária da propriedade, calendário anual de trabalho, organização social, acesso a políticas públicas, qualidade da água, tipo de energia, solo, vegetação, destinação do lixo e a utilização de insumos. A família do agricultor João Raimundo de Jesus, do município de Barro Preto, foi uma das visitadas pela equipe do Escritório Local de Itabuna. A bióloga e técnica do Programa, Alexandra Bomfim, reuniu a família de Jesus na área externa da casa sede da Fazenda Ycatu, para coletar os dados. “Se é para o nosso bem, a gente para o trabalho com prazer”, disse João Raimundo.

João Paulo dos Santos Régis (16),é filho de agricultores familiares do município de Pau Brasil e está no primeiro ano do curso de Agroecologia do Ceep. “Eu não sabia que existia esse colégio; agora, optei por estudar aqui porque dá pra fazer o ensino médio e profissionalizante ao mesmo tempo e ainda em uma área que conheço bem”, disse João Paulo. Já o coordenador territorial, Arnaldo Libório Filho destaca o

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Técnica Alexandra Bomfim entrevista o agricultor João de Jesus, na Fazenda Ycatu, município de Barro Preto, para o diagnótico da Unidade de Produção Familiar (UPF)

FOTO: Rejane Carneiro

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semiárido nordeste II Projeto: Desenvolvimento Rural Sustentável: Ações de Pesquisa e Ater no Âmbito da Agricultura Familiar 1 2

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Municípios Atendidos 1. Adustina 2. Antas 3. Banzaê 4. Cícero Dantas 5. Cipó Coronel 6. João Sá 7. Euclides da Cunha 8. Fátima 9. Heliópolis 10. Jeremoabo 11. Nova Soure 12. Novo Triunfo 13. Paripiranga 14. Pedro Alexandre 15. Ribeira do Amparo 16. Ribeira do Pombal 17. Santa Brígida 18. Sítio do Quinto Coordenadores Antônio Mendes da Silva antoniomendes.silva@ebda.ba.gov.br Margarida Maria D’ Mori Cezario margarida.cezario@ebda.ba.gov.br Gerência Regional Ribeira do Pombal 75-3437-2359 Pesquisadores locais - PL z Adeilson Jesus Barros z Jailton Garcia Jacob z João de Jesus Souza z José do Carmo da França z José Rodrigues dos Santos z Luiz Alberto Silvestre Torres z Marcelo de Jesus z Orlando Silva de Aragão z Raniele da Cruz Santos z Venivaldo Oliveira Garcia Bolsistas: 59 Agricultores Familiares do Território: 55.761 Agricultores Familiares Beneficiados: 8.649

Agricultor Augusto Lourenço, no cuidado com a alimentação do seu rebanho de ovinos, na Fazenda Cruz, no município de Cicero Dantas

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FOTOS: Rejane Carneiro

Pesquisador local cria novo modelo de cocheira

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pesquisador local e agricultor familiar Jailton Garcia (46) desenvolveu uma couxeira, acoplada a um silo para armazenar ração seca. Tem orgulho em dizer que ele mesmo a inventou e que está dando certo: “ela pode armazenar cerca de 60 sacas de ração, e deixa o gado mais à vontade, porque tem mais espaço”, afirma o agricultor. Com a bolsa de pesquisador local ele conta que conseguiu permanecer na propriedade desenvol-

vendo suas práticas, sem precisar procurar serviço de pedreiro na cidade. “A bols a foi uma valorização do meu trabalho e estou mostrando que dá certo”, diz Jailton. Sua expectativa é pela continuidade do programa: “que as entidades olhem o que está sendo feito e continue a valorizar o que a gente faz”, conclui. Na sua propriedade, no município de Heliopólis, as atividades começam cedo e envolvem a criação de bovinos, ovinos e de

Jailton é observado por Antonio Mendes (de branco), ao alimentar suas abelhas

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ca pela diversidade de atividades que desenvolve na sua fazenda. Outra atividade da fazenda é a criação de abelhas sem ferrão (meliponicultura) e com ferrão (apicultura). No seu meliponário, 60 enxames estão em atividade. Ele conta que começou a se interessar pelas melíponas “para não ver acabar essas abelhas”. Jailton diz que se sente retomando o trabalho dos seus avós, uma vez que no tempo deles só se ouvia falar nas abelhas nativas. Já o seu apiário lhe rendeu o suficiente para não mais precisar ir para São Paulo em busca de emprego. “Em 1996 foi a última vez que viajei. A apicultura foi a atividade que me deu sustento”, conta.

Homeopatia é alternativa de tratamento em animais no semiárido

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o começo, o agricultor Augusto José Lourenço (66), conta que ficou “meio assim” (diz, balançando a cabeça), diante da ideia de tratar o seu rebanho de ovelhas com medicamento homeopático. Mas, quem o observa na lida com os animais, na Fazenda Cruz, na comunidade de Lagoa do Campo, no município de Cícero Dantas, percebe que a resistência inicial foi vencida. No seu pequeno e bem asseado curral, ele reúne os animais e, calmamente, aplica o medicamento via oral naqueles que tiveram doenças diagnosticadas.

Medicamento homeopático

O tratamento homeopático em animais é um dos subprojetos conduzidos no âmbito dos projetos do Pacto Federativo, no município de Cícero Dantas. De acordo com o coordenador, Antônio Mendes da Silva, a pecuária, fundamentada nos princípios d a agroecologia tem na homeopatia uma ferramenta forte para a produção de alimentos de origem animal saudáveis e livres de contaminantes químicos. Mendes lembra que os medicamentos homeopáticos além de não produzirem efeitos colaterais, podem ser administrados com segurança em fêmeas gestantes ou durante e após o parto, diferentemente dos medicamentos químicos. “Quando os animais são tratados com medicamentos alopatas (químicos) para o controle de verminoses, eles só podem ser abatidos para consumo humano após 122 dias e neste período os seus dejetos contaminam o solo e o lençol freático”, disse.

Pesquisador Local Jailton Jacob, com o protótipo da couxeira (foto no alto) que ele projetou e construi na Fazenda Ouricuri, no município de Heliópolis

galinha caipira, além de abelhas sem ferrão (melíponas), com ferrão (Apis mellifera), e produção e plantio de mudas de espécies da caatinga. Durante a estiagem, a preocupação de Jailton é com a alimentação dos bichos. Aos bois e ovelhas ele oferece ração fresca, feita da mistura de plantas que resistem à falta de chuvas, como leucena, mandacaru, palma, incó nativo, e macambira. O coordenador do Pacto Federativo no Território Semiárido Nordeste II, Antônio Mendes da Silva, destaca a qualidade dessa mistura por ser fonte de energia e proteína. Segundo Mendes, Jailton se desta-

FOTOs: Rejane Carneiro

Acompanhado do bolsista do Pacto Federativo, Paulo Nascimento, o criador de ovinos Augusto José, dá medicamento homeopático para a sua ovelha

Outra doença que tem sido tratada com sucesso com medicamento homeopático é o mal do caroço – linfadenitecaseosa. O médico veterinário e coordenador da pesquisa,Farouk Zacharias, ressalta a importância da validação do tratamento pelos produtores. “Tratase de uma prática nova de pesquisa que ganha a confiança e corrige erros do passado, quando não se dava nenhum retorno dos resultados para o produtor”, avalia Farouk.

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Mudas de cajueiro anão precoce são padronizadas

Sertão do São Francisco

FOTO: Rejane Carneiro

As mudas de cajueiro anão precoce produzidas no Campo de Produção de Mudas da EBDA (Centrenor), em Ribeira do Pombal, passaram a ter sua origem identificada em saquinhos padronizados com a marca do centro. Segundo o coordenador do Centrenor, José Augusto Garcia, com o rótulo, as mudas terão sua origem atestada e ainda será divulgado o trabalho feito há 15 anos pela EBDA, para a melhoria da produção de caju na região. Anualmente são produzidas de 40 a 50 mil mudas. Com a meta do Pacto Federativo estabelecida em 100 mil mudas, o Centrenor mantém uma verdadeira linha de montagem que começa com a semeadura da castanha até a muda enxertada ir para o campo, quatro meses depois. Na semeadura, as castanhas são colocadas em saquinhos com substrato. Após cerca de 60 dias as mudas já estão prontas para receber o enxerto. A enxertia é feita com um ramo de crescimento (garfo) retirado dos cajueiros adultos plantados na área do Centrenor, e delicadamente encaixado no “cavalo” (muda da castanha). O ramo enxertado é protegido por um saco plástico (10 x 3cm). As mudas enxertadas são levadas

FOTOS: Rejane Carneiro

Projeto: Desenvolvimento de Sistemas Socioprodutivos e Ambientais para a Sustentabilidade da Agricultura Familiar

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As mudas produzidas no Centrenor são destinadas aos produtores, para uso em recaatingamento e formação dos

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Anualmente são produzidas 50 mil mudas de cajú anão

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para o viveiro e dali sairão 55 dias depois. No viveiro, elas são molhadas regularmente, e recebem adubo e defensivos. Antes de ir a campo, porém, as mudas passam uma semana ao sol para aclimatação antes do plantio definitivo, explica a pesquisadora Mary Ferreira de Souza. “Quando a planta resulta apenas da castanha não se sabe nada da genética dela, a produção é baixa se comparada com a que foi enxertada, como mostram as pesquisas”, diz Mary.

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Municípios atendidos 1. Campo Alegre de Lourdes 2. Canudos 3. Casa Nova 4. Curaçá 5. Juazeiro 6. Pilão Arcado 7. Remanso 8. Sento Sé 9. Sobradinho 10. Uauá

Centrenor produz mudas de espécies ameaçadas Com a colaboração de bolsistas do Pacto Federativo e de agricultores familiares do território Semiárido Nordeste II na coleta de sementes, milhares de mudas de espécies ameaçadas de extinção estão sendo produzidas no Campo de Produção de Mudas da EBDA (Centrenor), em Ribeira do Pombal. Barriguda, baraúna, pau ferro, gonçalo alves, tamboril, aroeira, trapiá, angico, jatobá e mulungu são exemplos das espécies que vão ressurgindo a partir da germinação das sementes.

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Coordenadora Edonilce da Rocha Barros edonilce.barros@ebda.ba.gov.br Gerência Regional Juazeiro 74-3611-7966 Pesquisadores Locais z Bernardo Lino da Silva z Demário de Jesus Alves z Francisco de Jesus Macedo z Gilvanio Andrade Santos z Grigório Vieira de Araujo Neto z Ivanilson Pereira da Silva z Joel Romualdo da Silva Batista z José Carlos dos Santos Azevedo z José Neto Silva Costa z José Valdi do Nascimento z Manoel de Almeida Palha z Manoel Moiseis Muniz dos Reis z Marcos Antonio dos Santos Silva z Maria Cleofas Ribeiro z Pedro Alves Ramos z Pedro Faustino Neto z Rosalina Caldas Barbosa z Sandra da Silva Cândido z Ueslei Evangelista z Valdenor ribeiro Alves

O técnico Augusto Garcia, em aula de campo com os índios Kiriri de Banzaê

quintais produtivos, que é um dos subprojetos do Pacto Federativo. “Já estamos com 15 mil mudas prontas para esta atividade. A meta é chegar a 35 mil, até o final do ano”, informou Garcia. Para os quintais produtivos também estão previstas

mudas de licuri, miroró, pitomba, glicídia, coração de negro, pau de colher, mangaba, caraíba, umbu, urucum, cagaita, cambuí, juazeiro, jabuticaba, pau brasil, pata de vaca, carolina, caju anão, araticum, cedro e murta.

Bolsistas (técnicos): 51 Agricultores Familiares do Território: 31.768

Vaqueiro da zona rural do município de Curaçá

Agricultores Familiares Beneficiados: 5.520

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Sistema de alimentação das abelhas em período de estiagem usado por José Carlos Azevedo. À esquerda, na bacia, a ração feita de trigo, fubá e extrato de soja para a nutrição das abelhas

Apicultor aposta na alimentação das abelhas para não perder enxames

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omo pesquisador local, o apicultor José Carlos Azevedo, 39 anos, pôde se dedicar ainda mais à atividade, que, para ele, é a mais lucrativa para a sua região. “Aqui não dá para plantar roça, porque é só areão”, diz ele, referindo-se à propriedade do sogro onde instalou o seu apiário, na margem do lago de Sobradinho, no município de Casa Nova. As suas primeiras caixas foram instaladas há cerca de 10 anos, em meio à vegetação de caatinga, em um solo bastante arenoso. Na estiagem, sua preocupação é não deixar os enxames irem embora por causa da falta de floradas, que são a fonte de alimentação das abelhas. Nesta época, poucas espécies podem ser vistas com folhas verdes e são raras as que exibem flores. No sítio do apiário de José Carlos, apenas o angelim e a jureminha estavam flo-

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FOTOs: Rejane Carneiro

Saiba Mais

O apicultor e pesquisador local José Carlos no seu apiário, no município de Casa Nova

Na sua dissertação de mestrado sobre a flora apícola de Casa Nova, defendida em 1994, na Universidade de São Paulo, a engenheira agrônoma e coordenadora estadual do Programa Pacto Federativo, Marina Castro, destaca a importância da preservação das árvores da caatinga. Segundo ela, espécies como a aroeira (Myracrodruon urundeuva) e a baraúna (Schinopsis brasiliensis) cujas floradas ocorrem nos meses mais secos funcionam como espécies chave para a alimentação das abelhas na época da seca.

ridos, atraindo as abelhas com o seu delicado perfume. “Quem não alimentar, vai perder os enxames nesta seca”, dizia ele. Para alimentar as abelhas, ele prepara uma mistura de iguais partes de fubá de milho, farinha de trigo e extrato de soja, cessados com peneira bem fina, mais açúcar de confeiteiro e algumas gotas de baunilha. Em pouco tempo de exposição no apiário, o vasilhame começa a ser visitado por um grande número de abelhas, que se ocupam em carregar a maior quantidade possível da mistura, que é uma alternativa à falta do pólen das flores. “A falta de pólen no enxame pode prejudicar muito, pois é a fonte de proteína para as abelhas e estimula a rainha na postura dos ovos”, observa o técnico da EBDA, do escritório de Sobradinho, e especialista em apicultura, José Fernandes Neto, ao observar o trabalho de José Carlos. No mesmo local, onde oferece o alimento, também é ofertada água, apesar da proximidade do lago. “Eu dou água para facilitar para elas, e evitar o consumo de mel, que já está pouco”, explica José Carlos. Segundo a coordenadora do projeto, Edonilce Barros, neste território, foram selecionados 20 agricultores familiares como pesquisadores locais, todos eles detentores de conhecimentos tradicionais com experiências exitosas no manejo adequado dos recursos naturais ou nas práticas cotidianas de organização e gestão social em suas comunidades. “O empenho do PL José Carlos tem motivado convites para ele ministrar palestras sobre apicultura, principalmente em feiras e exposições agropecuárias”, disse a coordenadora.

FOTO: Rejane Carneiro

Pequisador local Ueslei Evangelista aposta no recaatingamento

Recaatingamento é opção para recomposição da flora do semiárido Sob a sombra esparsa de uma umburana, o jovem Ueslei Evangelista, (22), rega as mudas de umbuzeiro que resistem à falta de chuva, na Fazenda Moura, no município de Juazeiro. Ele é um dos 20 pesquisadores locais selecionados no território e aposta muito na proposta de recaatingamento para reverter a escassez de chuvas. Ele cuida das mudas de umbuzeiro com a expectativa de replantá-las, enxertadas com o umbuzeiro gigante. “Os umbuzeiros estão velhos, os bodes não as deixam crescer”, diz ele, também preocupado com a possibilidade de as novas gerações não virem a conhecer esta planta. A sua alegria diante dos brotos dos galhos de umburana-decambão, plantados por ele em

uma área desmatada é um sinal da grande confiança que tem no projeto de recaatingamento que partilha com o técnico da EBDA, Fernando Moura Duarte. A boa aptidão da umburana para a recuperação de áreas desmatadas de caatinga – que é chamado de recaatingamento – foi observada no campo ao ver o rebrotamento dos galhos dessa planta usada em cercas, segundo Ueslei. “Ver este trabalho dando certo, aumenta nossa perseverança para continuar”, disse ele. Ueslei destaca que a EBDA, em Juazeiro, é uma grande incentivadora do recaatingamento. “Ela nos provocou e aceitamos o desafio, e começamos a produzir as mudas. O semiárido está enfrentando mais uma grande estiagem, e a caatinga é resistente a este fenômeno, mas ela não é resistente à ação predatória dos humanos”, lembrou o PL.

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Sistema de Irrigação com garrafas pet é usado na Lagoa do Mari Os moradores de Lagoa do Mari, município de Sento Sé, produziram hortaliças em uma área da associação de moradores, usando um sistema de irrigação feito com garrafas pet. Os primeiros 80 kg de hortaliças colhidos foram suficientes para animá-los a ter uma alimentação mais diversificada e saudável. “O gosto é bom demais, a diferença é muita”, disse o agricultor Adelson Marques Nascimento (62), relembrando os dias de fartura em que viu sair dali cenoura, beterraba e folhas. Instalado com a orientação técnica da EBDA. Segundo a bolsista do Pacto Federativo, Maria Cristina de Melo Rodrigues, o sistema usado tem a vantagem de ser de baixo consumo de água e de reutilizar as garrafas plásticas. “Esse sistema foi testado na Estação Experimental de Caraíba (Juazeiro) na EBDA e está mostrando resultados positivos”, disse ela.

Pesquisadores locais Bernardo da Silva (vermelho) e José do Nascimento (verde) na horta comunitária de Lagoa do Mari

Para a coordenadora do Pacto Federativo no Território Sertão do São Francisco, Edonilce Barros, a horta de Lagoa do Mari é uma importante iniciativa para a abordagem da questão da segurança alimentar e nutricional em comunidades rurais, uma das funções da agricultura familiar.

Agricultores fazem silo trincheira em mutirão

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técnica de produção e armazenamento de ração em silo trincheira é uma das alternativas para manter reserva estratégica alimentar e nutricional para os animais. Os moradores da comunidade de Varjota, na zona rural de Curaçá reunidos em mutirão organizado pela Associação Comunitária Fazenda Varjota e Adjacências fizeram o seu primeiro silo em clima de muito entusiasmo. Depois de aberta a cava no chão, em um terreno da comunidade, eles conseguiram uma máquina forrageira cedida pela EBDA para processar o material vegetal. Coube ao técnico da empresa, Erivaldo Marcula, falar sobre as vantagens da técnica,

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FOTOs: Rejane Carneiro

Mulheres participaram do mutirão do silo trincheira na comunidade de Varjota

como estratégia de convivência com a seca. Com a saca de farelo de trigo custando R$ 30,00, a produção de mil quilos de ração representa uma economia de R$ 1 mil, segundo Marcula, que vê a necessidade de mais apoio aos agricultores para aquisição da máquina. “Atualmente, não há financiamento para forrageiras”, observou ele. Para a produção da silagem foi usado capim parcialmente seco, retirado de uma área da comunidade. A cavidade, de forma quadrada, foi aberta com um metro de profundidade e com capacidade para uma tonelada de material. Forrado com uma manta de plástico, a cava – um silo trincheira –, foi preenchido com o capim triturado na máquina. O bolsista do Pacto Federativo, Luiz Augusto Jam da Costa Oliveira, foi um dos voluntários para o pisoteio do material para a retirada do ar. Depois de compactado, em camadas, o material é recoberto com a manta de plástico e forrado com o solo retirado da cavidade. Somente depois de seis meses o material estará pronto para o consumo dos animais. Para Jam, guardar o alimento farto no período chuvoso é uma das melhores maneiras de convivência com os efeitos da seca. O presidente da Associação Comunitária Fazenda Varjota e Adjacências, Isaías da Mota Santos (24), acredita que depois da demonstração, os criadores aumentarão o interesse em conservar alimento para os animais. O mutirão contou com a participação das mulheres da comunidade. “Nós que vivemos aqui, temos que ter mais conhecimento”, disse Anita Silva, (34).

FOTO: Rejane Carneiro

Demonstração de silagem com uso de máquina forrajeira na comunidade de Varjota

Diagnóstico aponta necessidade de silo

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preocupação com a necessidade de reserva de alimento para os animais surgiu durante o diagnóstico rural participativo (DRP) realizado na Varjota no povoado. Para suprir esta necessidade, foi adquirida uma máquina forrageira, com recursos de um projeto do CNPq que ficará à disposição das comunidades rurais da região segundo informou a coordenadora do Pacto Federativo no Território de Cidadania Sertão do São Francisco, Edonilce Barros. O diagnóstico também apontou as aspirações dos moradores mais velhos, que são maioria

no lugar. “Que venha tudo de bom, como luz e água”, disse, emocionada, Gerusa Ferreira dos Santos (72). Alta, esguia e de olhar doce, Gerusa foi uma das mais entusiasmadas durante as reuniões do diagnóstico, que lembrou o passado da comunidade, fundada em 1935 pelos seus pais. Para o bolsista do Pacto Federativo, Manoel Ribeiro de Oliveira, o DRP de Varjota foi uma lição de vida, que teve como maior resultado a elevação da autoestima dos moradores, ao verem a sua história ser relatada e confrontada com o presente. “Discutimos sobre como era antes, o que melhorou e o que piorou, e qual o futuro que eles querem para a comunidade”, observou.

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Projeto: Inclusão metodológica de pesquisa-ação

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Municípios atendidos 1. Araci 2. Barrocas 3. Biritinga 4. Candeal 5. Cansanção 6. Conceição do Coité 7. Ichu 8. Itiúba 9. Lamarão 10. Monte Santo 11. Nordestina 12. Queimadas 13. Quijingue 14. Retirolândia 15. Santaluz 16. São Domingos 17. Serrinha 18. Teofilândia 19. Tucano 20. Valente Coordenador Djair Brandão Maracajá djair.maracaja@ebda.ba.gov.br Gerência Regional Serrinha 75-3261-2307

Pesquisador local desenvolve solução para coleta de mel de melíponas

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ara retirar mel dos delicados reservatórios (potes de cera) feitos pelas abelhas sem ferrão (melíponas), o agricultor familiar e pesquisador local, José Ivan Oliveira (52) desenvolveu um sugador acionado por um compressor de geladeira. O seu engenho funciona por meio de uma mangueira de borracha conectada ao compressor, que suga o ar de um vidro vazio por uma mangueira que passa pela tampa do vidro e por outra que se conecta aos potinhos de mel. Esse sistema de sucção é uma das muitas atividades que Ivan executa em seu meliponário na Fazenda Canto, na zona rural do muni cípio de Serrinha. Ivan ainda conserva o tronco no qual encontrou o seu primeiro enxame, há mais de 15 anos, quando preparava a roça para o plantio de feijão. A preocupação com o risco de desaparecimento das abelhas nativas da região o motivou a estimular os agricultores vizinhos a fazerem o mesmo. Com o “incentivo do pessoal da EBDA”, ele diz que aprendeu a fazer as caixas, e o modo melhor de criá-las.

Pesquisadores Locais - PL z Aline Santana de Oliveira z Edson Bispo Araujo z Edson Santana Cardoso z Indiana dos Santos Pereira z José Ivan Oliveira z Lidiane Moreira das Virgens z Maria Lidia Moreira das Virgens Bolsistas (técnicos): 68 Agricultores Familiares do Território: 58.238 Agricultores Familiares Beneficiados: 10.121

Fabricação artesanal de tapetes de fibra de sisal, em Cedro, no município de Barrocas

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Sistema de sucção, a esquerda, que Ivan desenvolveu para retirar o mel

FOTOS: Rejane Carneiro

Pesquisador local Ivan Oliveira, no seu meliponário na fazenda Canto,em Serrinha

As caixas ficam penduradas nas árvores do quintal. Numa pequena bancada, ele coloca aquelas que serão manejadas, uma de cada vez. Se as abre para limpar ou para checar a presença de formigas, para dividir o enxame ou retirar o mel, tudo é anotado em sua caderneta. “O controle é essencial, porque a mente é fraca e se pode esquecer e abrir uma caixa que não está pronta. É importante anotar para saber o que se está fazendo”, explica ele. Com a bolsa de pesquisador local vinculado ao projeto Inclusão Metodológica de Pesquisa-ação no Território do Sisal, ele diz que passou a ter mais condições para observar o comportamento das abelhas. Uma das conclusões a que chegou é de que a manutenção da limpeza nos enxames incrementa a produção. “A gente ajudando na

limpeza da caixa, ela se dedica mais a produzir”. Outro fato que tem despertado a sua atenção é a influência da localização das caixas na produção de mel: se penduradas nos galhos das árvores, ou fixas sobre um pedestal de um metro de altura. A sua curiosidade e disciplina nos procedimentos de manejo, o qualificaram como pesquisador local e um “excelente multiplicador”, na opinião do coordenador Djair Maracajá. A produção de mel de abelhas sem ferrão é um complemento na renda. Ivan vende a R$ 50,00 o litro. Neste ano, com a falta de chuva, a produção será pequena, por falta de flores nos pés de malva, calumbi, juazeiro, jurema, catingueira, pau de rato, pau de caixão, umbuzeiro, goiaba, mandioca e mulungu, que são as plantas que, segundo ele, as abelhas costumam visitar.

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FOTO: Rejane Carneiro

FOTOS: Rejane Carneiro

Casal José Ivan Oliveira e Joana Santana, embaixo da árvore do quintal, onde foram colocadas as colmeias de abelha mandaçaia, na Fazenda Canto, em Serrinha

Meliponicultura nos quintais produtivos

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instalação de meliponários para a criação de abelhas sem ferrão foi uma das ações promovidas pelo Pacto Federativo nos territórios da cidadania, e que se articula com o Programa Quintais Agroflorestais da EBDA. Coordenado pelo diretor executivo de Agricultura João Bosco Cavalcanti Ramalho, este programa reconhece a importância dos quintais para a agricultura familiar como alternativa de segurança alimentar e geração de trabalho e renda para o semiárido. “O programa tem por objetivo promover ações estruturantes de convivência com o semiárido que consolidem o desenvolvimento da agricultura familiar fundamentada na agroecologia, por meio da Assistência Técnica e Extensão Rural”, destaca o coordenador. A importância da meliponicultura para os quintais produtivos foi destacada pelo coordenador do Território do Sisal, Djair Maracajá, que, em sua dissertação de mestrado em agricultura orgânica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRJ, defendida

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em setembro de 2012, propõe a implantação de sistema produtivo de abelhas mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides) nos quintais das residências deste território. “Levamos em conta as boas práticas de manejo das abelhas e coleta de mel, a organização dos espaços, o povoamento e ampliação do meliponário, e a escolha das caixas, além do perfil do meliponicultor”, afirma o coordenador. Outro aspecto destacado por Djair é a importância de se trabalhar na diversificação de atividades produtivas em áreas de monocultura como a do sisal para evitar a instabilidade da segurança alimentar e nutricional, “seja pela instabilidade climática, seja pelas oscilações do mercado”. “O maior desafio para o Território da Cidadania do Sisal é consolidar uma estrutura produtiva caracterizada pela diversidade, que proporcione segurança ao agricultor familiar, com garantia de mercado e que tenha como base as potencialidades locais e endógenas”, afirma ele.

Saiba Mais Os quintais produtivos são definidos na maioria das vezes, como a porção de terra perto da casa, de acesso fácil e cômodo, na qual se cultivam ou se mantêm múltiplas espécies que fornecem parte das necessidades nutricionais da família, assim como outros produtos: lenha, plantas medicinais e mel. São reservatórios da agrobiodiversidade e podem ser usados para a conservação in situ de espécies de interesse. A criação das abelhas nativas sem ferrão, meliponicultura, é uma atividade tradicional nas áreas rurais do Nordeste brasileiro e é apontada como uma das estratégias para o fortalecimento da agricultura familiar. Ao longo dos últimos 30 anos esta atividade vem ganhando espaço no Brasil constituindose componente chave para a manutenção da diversidade nos quintais produtivos; pelos serviços de polinização que as abelhas sem ferrão prestam e também por proporcionar a diversificação do sistema, já que é uma atividade geradora de renda devido aos produtos que podem ser obtidos com sua criação: mel, pólen e própolis sem contar o seu uso direto em projetos de polinização.

Manoel de Queiroz (de amarelo) manipula o tear do seu primo Joselito (de boné) para fabricação de cordas e tapetes

Sisal é usado para fabricação artesanal de tapetes

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produção de tapetes faz parte da Cadeia Produtiva do Sisal, que é contemplada pelo Programa Pacto Federativo com o projeto Inclusão Metodológica de Pesquisaação no Território do Sisal, sediado na gerência Regional da EBDA, em Serrinha. Segundo o técnico da EBDA especialista em sisal, e um dos coordenadores do Pacto, Evandro Luis Alves Oliveira, a atividade do sisal é geradora de emprego e renda para um contingente de 700 mil trabalhadores que respondem por 92% da produção nacional. Joselito de Queiroz (52) é um dos mestres do ofício de tapeçaria de sisal. Ele mantém uma oficina no quintal da sua casa, na comunidade de Cedro, a 2 km da sede do município de Barrocas. O processo de produção iniciase com a retirada da fibra do sisal numa batedeira. Já amaciada, as fibras são desembaraçadas ao passarem por entre vergalhões

pontiagudos encravados em uma bancada de madeira. Em seguida, os feixes da fibra são esticados e ao passarem por uma polia, acionada a um motor, tornam-se cordas de sisal de diferentes espessuras. O processo está concluído quando ele prepara os quatro tipos de corda que serão usados no tear para a fabricação dos tapetes. As cordas são enroladas em três bobinas e em uma laçadeira, que fazem parte da estrutura do tear manual manipulado pelo primo de

Joselito, Manoel Queiroz dos Santos (44). Com os pés em um pedal, Manoel puxa as cordas para fazer a trama, encaixando os vergalhões (pranchetas) e passando a laçadeira por cima e por baixo deles. O tapete está tecido quando atinge o tamanho de 80x40 cm. Após cortado, passará pelo acabamento feito por Joselito, podendo ser pintado ou personalizado com a identificação do cliente. As peças são feitas por encomenda e vendidas a R$ 40,00 cada.

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FOTO: Rejane Carneiro

velho chico Projeto: Desenvolvimento Sustentável: a Pesquisa-ação como Via de Inclusão e Cidadania para Agricultura Familiar e Comunidades

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Remanescentes de quilombos do Velho Chico preservam a pesca artesanal fluvial

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pesar de as novas tecnologias de pesca já serem adotadas no Quilombo Lagoa das Piranhas, em Bom Jesus da Lapa, o trabalho artesanal de pesca no Rio São Francisco vem sendo incentivado com a orientação dos técnicos da EBDA. Os pescadores criaram a Associação Quilombola de Lagoa das Piranhas e seus associados recebem assessoria técnica, tanto para a produção em larga escala, nos tanques-rede da Bahia Pesca, quanto na pesca artesanal e na conservação das ferramentas de trabalho. O engenheiro de pesca da EBDA, vinculado ao Programa Pacto Federativo, Germerson Roberto Teles Teixeira, destaca

o envolvimento do presidente da associação, Miguel Antônio de Souza na realização do mutirão de captura e identificação das espécies nativas do Rio São Francisco. “Foram encontradas espécies como: tambaqui, piranha, surubim, traíra, dourado, curimatã, piau, cari, tucunaré e corvina”, ressalta Teixeira. Também foram levantados os tipos de ferramentas usadas como as redes de emalhar – feita com náilon, boias e chumbada nas extremidades -, a tradicional vara de bambu amarrada à linha de náilon com um anzol na ponta, além da tarrafa – rede de pesca circular, com pequenos pesos distribuídos em torno de toda a circunferência da malha.

na ponta, além da tarrafa – rede de pesca circular, com pequenos pesos distribuídos em torno de toda a circunferência da malha.

Miguel Antonio, da Associação Comunitária Quilombola Lagoa da Piranhas mostra exemplares de piranha vermelha do Rio São Francisco FOTOs: Rejane Carneiro

Municípios atendidos 1. Barra 2. Bom Jesus da Lapa 3. Brotas de Macaúbas 4. Carinhanha 5. Feira da Mata 6. Ibotirama 7. Igaporã 8. Malhada 9. Matina 10. Morpará 11. Muquém de São Francisco 12. Oliveira dos Brejinhos 13. Paratinga 14. Riacho de Santana 15. Serra do Ramalho 16. Sítio do Mato

O pescador Miguel Antonio de Souza observa Elena Francisca fazendo a despesca na margem do Rio São Francisco, em Bom Jesus da Lapa

Coordenador Luis Geraldo Leão Guimarães luisgeraldo.leao@ebda.ba.gov.br Gerência Regional Bom Jesus da Lapa 77-3481-4218 Pesquisadores Locais - PL z Anisio Ribeiro do Nascimento z João Xavier de Araujo Bolsistas (técnicos): 59 Agricultores Familiares do Território: 31.256 Agricultores Familiares Beneficiados: 8.649

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Pescadores José Valentino de Souza (de azul), Antonio José dos Santos (de chapéu) e Walter Soares, no Rio São Francisco

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FOTOs: Rejane Carneiro

Demandas de agricultores são identificadas em diagnóstico

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Diagnóstico Rural Participativo e o estudo das Unidades de Produção Familiares realizados no território Velho Chico identificaram as demandas das comunidades. A implantação de hortas orgânicas, de unidades experimentais demonstrativas de mandioca e a inserção de pequenos produtores no Programa de Melhoramento Genético para gado leiteiro foram apontadas no diagnóstico.

Grupo de mulheres da comunidade Mossorongo se encontra na sombra de um umbuzeiro: “árvore que dá de beber”

Mulheres têm renda com produtos do umbu

Polpa, doce, geléia e umbú em calda produzidas pelas mulheres de Mossorongo

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beneficiamento do umbu (Spondias tuberosa), árvore da família das Anacardiaceae, originária dos chapadões semiáridos do nordeste brasileiro, cujo nome em tupi-guarani é ymbu e significa “árvore que dá de beber”, gera renda extra às mulheres da comunidade Mossorongo, no Território da Cidadania Velho Chico. A presidente da Associação Arco Verde, Ana Santos, relatou

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que a partir dos cursos de aproveitamento do umbu, ministrados pela equipe técnica da EBDA, através do Programa Pacto Federativo, 18 mulheres da comunidade formaram uma cooperativa, revezando em grupos de seis, o trabalho de produção dos derivados do fruto. “Fomos incentivadas a produzir os doces e já estamos vendendo na feira de Bom Jesus da Lapa”, diz Ana.

A safra ocorre entre os meses de novembro e fevereiro, e, para aproveitar ao máximo, as cooperadas fazem o despolpamento da fruta e produzem geleia, compota, doce de calda e de corte. O avanço conseguido pelas mulheres de Mossorongo auxiliou os técnicos da EBDA a difundir o curso de aproveitamento do umbu para a Associação de Mulheres Campesinas, na cidade de Serra do Ramalho; no Projeto de Assentamento (PA) São Caetano, na cidade de Sítio do Mato; e nas comunidades rurais, Lagoa da Pedra e quilombola Araçá, localizadas no município de Bom Jesus da Lapa. Coordenado pela economista doméstica, técnica/bolsista do Pacto Federativo Eleniz Lisboa, o curso tem atividades teóricas e práticas. “Realizamos a ação sempre aproveitando o momento de safra para ensinar às famílias de agricultores (as) que o umbuzeiro cultivado no quintal de casa pode ser uma alternativa de renda para eles,” disse Lisboa.

Agricultores familiares como Joaquim José Neves, Edileuza Pereira, Deusedir Angélica de Oliveira e Maria Rosa das Virgens, da comunidade Lagoa da Pedra, em Bom Jesus da Lapa, conseguiram implantar hortas orgânicas com auxílio técnico dos extensionistas. “Hoje, eles

não precisam ir muito longe para ter alimentos livres de agrotóxicos, e podem produzir em quantidade suficiente para comercializar nas feiras livres da região”, observou a gerente Regional da EBDA, Ivani Pereira Santos. Em Sítio do Janoca, no mesmo município, os agricultores familiares conhecerem tecnologias para aumentar a produtividade da mandioca. Com assessoria técnica da equipe do Pacto, eles participaram de curso do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e aprenderam a fazer produtos derivados da raiz, e com isso pretendem fornecer alimentos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), para levar às escolas produtos oriundos da agricultura familiar, informou Ivani Santos.

Já produtores como Sebastião Alves estão animados com a possibilidade de melhoramento genético do gado leiteiro. “Com a inseminação tenho esperança de dobrar minha produção de leite e poder atender a pessoas que me pedem requeijão”, diz. Em Bom Jesus da Lapa, as práticas de melhoramento genético do gado leiteiro envolvem pequenos criadores de comunidades como Tanque Novo, Lagoa Danta, Favelândia, Cara Suja, Chapada Grande e Juazeiro. FOTOs: Rejane Carneiro

Bolsista Ucilei da Silva em visita à horta comunitária em Bom Jesus da Lapa

Osvaldo da Silva e Deuszedir Oliveira na horta da Fazenda Lagoa do Jacaré

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FOTOs: Rejane Carneiro

Perspectivas

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O Pacto Federativo na Bahia articula e pratica a pesquisa e extensão rural sem perder de vista o compromisso de promover ações de inclusão daqueles agricultores mais distantes das políticas públicas. É uma oportunidade para quem mais precisa. O Programa é um catalisador no ambiente da EBDA. Articula possibilidades para o desenvolvimento sustentável no meio rural e viabiliza o segmento produtivo econômico dos agricultores familiares dos nove Territórios da Cidadania do Estado, que são aqueles com menor índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No Pacto, a meta é assistir 65 mil agricultores

Elionaldo de Faro Teles Presidente da EBDA

familiares, ou seja, 10% dos 665 mil existentes no Estado, sendo estes 16% em relação ao Brasil e a 49% frente ao Nordeste, em um esforço que se viabiliza na parceria com a agricultura familiar e com os movimentos sociais.

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A gestão do Pacto Federativo possibilitou a complexa tarefa de trabalhar com os segmentos pesquisa, extensão e formação, articulados em um único Programa. Ao lado do colega Evandro Oliveira e de toda a equipe que acreditou nesta proposta, conseguimos realizar as atividades com a condução participativa dos técnicos e dos agricultores e atingir as metas com qualidade. Com a perspectiva de iniciarmos a segunda etapa ainda este ano, e com as atividades se estendendo por mais dois anos, poderemos implantar o Observatório da Agricultura Familiar no Centro de Estudos e Desenvolvimento da Agricultura Familiar. Com a participação de representantes

Marina Castro Coordenadora Estadual do Pacto Federativo na Bahia

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da EBDA, universidades, movimentos sociais e ONGs, este observatório será voltado para o monitoramento e avaliação das políticas públicas destinadas à Agricultura Familiar.

Esta revista foi impresso pela Gráfica xxxx, sobre papel Reciclato, papel industrialmente 100% reciclada com 25% de aparas de lixo e 75% de aparas brancas


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