Copyright©2017 por Elaine Cristina Campos e Sousa Todos os direitos reservados por: A. D. Santos Editora Al. Júlia da Costa, 215 80410-070 Curitiba – Paraná – Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br
Capa: Rogério Proença Editoração: Manoel Menezes Acompanhamento Editorial: Priscila Laranjeira Revisão: Carolina Becker Trápaga Impressão e acabamento: Gráfica Exklusiva Crédito das imagens: Capítulo I: “Designed by Evening_tao / Freepik” Capítulo II: ©2017 Getty Images/Jim Ernsberger Capítulo III:”Designed by jcomp / Freepik” Capítulo IV:”Designed by Freepik”
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SOUSA, Elaine Cristina Campos Os pilares da ruína e o poder da restauração / Elaine Cristina Campos e Sousa, A.D. Santos Editora, Curitiba, 2017. 176 páginas. ISBN – 978.85.7459-423-1 1. Aspectos Religiosos – Cristianismo 2. Vida Espiritual CDD – 152.46 1ª edição: Abril de 2017. Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte. Edição e Distribuição:
“Ai daquele que edifica a sua casa com iniquidade, e os seus aposentos com injustiça”. (Jeremias 22.13a)
“Seu povo reconstruirá as velhas ruínas e restaurará os alicerces antigos; você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias”. (Isaías 58.12)
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Prefácio
Sonhar com o exuberante “Entre as ruínas sempre poderá nascer uma flor. A felicidade cresce e frutifica quando acreditamos no amor.” Roque Schneider
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e você já assistiu, que seja pela televisão, o evento da implosão de um prédio, vivenciou aquela sensação de surpresa, vinda da suposição, até certo ponto natural, de que tudo aquilo estava acontecendo de forma repentina, abrupta e, por isso, agressiva e chocante. O prédio existia imponente e, minutos depois, era apenas um amontoado de poeira. Horas depois, fica até difícil descrever o que existia ali onde só há toneladas de escombros. Tempos mais tarde, o terreno tendo sido preparado e trabalhado, serve de base para quem passa ver surgir para compor o novo cenário daquela parte da cidade, algo novo e belo que substitui o que foi implodido. É sabido que não há nada de repentino nessas implosões. Muito planejamento e trabalho precisou ser feito, por inúmeros profissionais, com cálculos, testes e medições meticulosas, até que tudo convergisse para aquele momento preciso, quando v
alguém acionaria um interruptor e faria iniciar todo processo, rápido e forte, que resultaria na perfeita e bem sucedida implosão. Mas, preste atenção no trinômio: imponência, ruína e exuberância. Não parece uma proposta dialética ideal para a vida? A verdade, no entanto, é que nem tudo que se torna bonito e imponente, precisa ruir, e nem tudo o que rui gera algo exuberante. As coisas não são assim tão simples e automáticas. Na experiência da sua vida existem implosões que se eternizaram em forma de monturo? Há ruínas que foram cristalizadas? Se há, isso demonstra a complexidade das demolições emocionais, psicológicas e espirituais da nossa história. As transições da vida são lentas, difíceis e, quase sempre, muito dolorosas. Por outro lado, as ruínas em que se desdobram as experiências das pessoas, nunca são planejadas e jamais ocorrem em obediência a um projeto de trazer à existência o exuberante. Na vida, as ruínas são devastadoras e cruéis, destruidoras e impiedosas. Muitas vezes os sintomas, sinais e indicativos estão ali, mas as pessoas parecem não identificar, parecem não perceber. Às vezes nem mesmo quando tudo implode elas enxergam a totalidade do cenário. A transição de um estado de ruína na vida para a inauguração de um exuberante, também não é nada fácil e rápido. Entender a ruína, identificando suas causas, é parte importante do processo de recuperação. Ter vontade, disposição e fé em Deus para caminhar na direção de uma mudança, são atitudes fundamentais para a construção de um novo tempo, de uma nova história.
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Mas, há esperança para todo tipo de ruína? Toda desgraça pode ser adubo para que brote algo viçoso e exuberante? É possível para alguém chafurdado no caos moral ou espiritual, experimentar uma transição que implique em recuperação verdadeira? A resposta que Elaine Sousa nos dá em seu corajoso e proveitoso texto, é um sonoro SIM. Para ela, a recuperação é possível e necessária. O texto é instigante porque à medida em que é lido, vai ajudando o leitor a refletir sobre sua vida e a orar o tempo todo, às vezes agradecendo, às vezes se arrependendo ou confessando, até mesmo suplicando perdão e direção. É mesmo de fazer chorar e de conduzir à adoração genuína, a altares restaurados. É corajoso porque confronta, diz, expõe, denuncia, mas sempre com singular compaixão e ternura; o é também por condenar e apontar caminhos. Mas, é ainda proveitoso, tanto pelo tom esperançoso e profético, como pela instrução segura, amparada em fundamentação bíblica e bibliografia consistentes. Elaine escreve com paixão. O alvo é trabalhar para que nasçam flores no monturo. Escreve também com a ajuda das marcas de tantos anos lidando com pessoas, inclusive na militância do ministério cristão. Ela consegue fazer o leitor sonhar com o exuberante e a desejar arder pela vontade de honrar a Deus. Dentre as qualidades que admiro em Elaine Sousa, destaca-se o ardor com que ela se lança aos desafios que a vida lhe apresenta. Este ardor impregna cada capítulo desta obra. Estou convencido de que você será conduzido à profunda reflexão e à oração. Será também motivado a submeter-se ao trabalho de restauração cuja liderança só o Espírito Santo pode exercer. vii
“Os pilares da ruína e o poder da restauração” é um escrito com firmeza, amor, responsabilidade e dignidade. Vale a pena ver a flor nascer das ruínas. Vale a pena ler as páginas que seguem. Orlando, Flórida – EUA. Lécio Dornas – Pastor, educador e autor.
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Agradecimentos
A
o Mestre Jesus Cristo; ao EspĂrito Santo que me inspira e capacita. Ao meu amado esposo e companheiro, Adjames Sousa. Aos meus amados filhos, Mateus e Maria Elise. A estes, todo o meu amor.
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Dedicatória
A
o meu Senhor e Salvador Jesus Cristo, que com um amor imensurável e incondicional, me encontrou e restaurou minhas ruínas, encheu de alegria o meu coração, colocou um novo cântico em minha boca e livrou a minha alma da morte. Ao meu amado e fiel companheiro, meu amigo e protetor, meu conselheiro e meu pastor, meu marido e cúmplice, meu grande incentivador – Adjames Sousa: seu é o meu coração. Ao meu talentoso filho Mateus, meu presente de Deus, meu companheiro de adoração, por quem minha alma se regozija. O Senhor não poderia ter sido mais generoso comigo ao me conceder a honra de ser sua mãe. À minha linda princesinha e missionária Maria Elise, que coroou de bênçãos nossas vidas e que encheu de graça e alegria o nosso lar. Você tornou minha vida ainda mais colorida, e foi esperada e desejada por todos nós. Aos meus pais, Gilson e Glória, que me inspiraram a ser melhor e me lançaram nos braços de Deus. Às minhas irmãs, Cristiane e Carla, a quem tanto amo. A todos os meus familiares e amigos que nos abençoam com suas orações. Aos meus irmãos na fé, que foram fundamentais para o meu crescimento cristão. De forma especial, aos queridos Jason Silva, Priscila Laranjeira, José Octávio Kuss e Leila Teixeira, que me incentivaram e xi
acreditaram que eu conseguiria. Que Deus os retribua abundantemente. E a todos que estão no processo de restauração: há esperança para o seu futuro!
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Sumário
Prefácio.................................................................................... v Agradecimentos...................................................................... ix Dedicatória............................................................................. xi Sumário................................................................................ xiii Introdução.............................................................................15 Capítulo I Fundamento corrompido......................................................21 Da corrupção nascem as guerras..........................................36 Um banho de concupiscência.............................................40 As cores da ilusão – corrupção mascarada...........................50 Capítulo II Desestrutura familiar............................................................55 Educação dos filhos: o mau semeador ...............................65 Educação dos filhos: o “santo” refúgio da desestabilidade emocional e espiritual..........................................................71 Desestabilidade – sobrecarga feminina x liderança masculina ...........................................................................77 Saúde emocional: sobrecarga feminina................................81 As marcas do descontentamento.........................................83 Igualdade de direitos: liderança masculina..........................93 xiii
Sexualidade e imoralidade sexual.........................................98 Axiologia – o que realmente tem valor pra mim ...............108 Capítulo III A falsa adoração...................................................................115 A religião que Cristo não pregou.......................................123 O altar da desonra.............................................................131 O andar do infiel...............................................................135 O jugo dos fariseus............................................................138 Capítulo IV Restaurando o altar – Nação bem-aventurada....................147 Família restaurada.............................................................155 Os verdadeiros adoradores.................................................160 Conclusão............................................................................167
Introdução
E
u gosto muito das construções antigas, barrocas e coloniais. Os traços e os detalhes que encontramos são muito peculiares e me levam a imaginar como foi o processo de edificação, os primeiros rabiscos da arquitetura, a ideia central do projeto, o porquê das cores escolhidas para cada parede e janela, quantas pessoas se envolveram para que tudo fosse finalizado e o significado dos brasões colocados em suas fachadas. As marcas deixadas pelo tempo também fazem toda a diferença e trazem um ar de nostalgia e mistério, ao ponto que muitas vezes, dependendo do empenho do profissional, a restauração do patrimônio não traz a mesma luz que antes existia. É como recriar a arte do pintor, ou ainda, dar continuidade ao poema inacabado. Nestes casos, é quase impossível saber qual a ideia que pairava na mente do artista, a não ser que ele mesmo a revele. Edificar com solidez não é uma tarefa fácil. Exige tempo de preparo, de investimento, de pesquisa, de conhecimento e de sacrifício. E parece um tanto paradoxal o que estamos presenciando atualmente: quanto mais se tem conhecimento e acesso às grandes tecnologias, mais superficiais e descartáveis ficamos. A qualidade e a paixão estão dando lugar ao imediatismo – não que a velocidade seja sinônimo de falta de qualidade. Porém, em alguns casos a criação rapidamente perde o valor para o seu criador e logo é substituída. Existe, no entanto, a necessidade da compreensão de que ‘mudar o curso do rio pensando apenas em matar a sede do rebanho pode também fazer com que a plantação seja perdida’. 15
Os Pilares da Ruína e o Poder da Restauração
Corromper ou adulterar a ordem natural das coisas traz danos, muitas vezes irreversíveis. Entretanto, nesse processo de construção, nada é mais danoso do que os alicerces fundamentados sobre os legados da corrupção, da desestrutura familiar e da religiosidade. E desde a fundação do mundo, essa tem sido a “roda” que faz girar toda a engrenagem. A visão geral das páginas que seguem nos conduzirá a uma melhor compreensão do porquê de tanta desordem social, da estrutura onde estão alicerçadas as bases da má política, demasiadamente escrachada e corrompida que nos rege, e o real interesse dos nossos “algozes”; os valores e princípios da família, o porquê de tanto desatino, destruição e desconstrução, além do grande desequilíbrio e turbulência que de forma assustadora tem se tornado uma das principais características de boa parte da família moderna; e a concepção religiosa que, dependendo da interpretação do seu regente, pode trazer vida ou morte, esperança ou decepção. Entretanto, não existe terreno tortuoso que não possa ser aplainado, estruturas que não possam ser reforçadas, nem tampouco rachaduras que não possam ser reparadas. Existe algo que está além da concepção humana. Uma força que refaz com excelência todo o caos que se estabeleceu, que traz de volta a esperança que se esvaiu. Em Isaías 54.10-15, encontramos um lindo cântico do Sumo Construtor: “Embora os montes sejam sacudidos e as colinas sejam removidas, ainda assim a minha fidelidade para com você não será abalada, nem a minha aliança de paz será removida”, diz o Senhor, que tem compaixão de você. “Ó cidade aflita, açoitada por tempestades e não consolada, eu a edificarei com turquesas, edificarei seus alicerces com safiras.
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Introdução
Farei de rubis os seus escudos, de carbúnculos as suas portas, e de pedras preciosas todos os seus muros. Todos os seus filhos serão ensinados pelo Senhor, e grande será a paz de suas crianças. Em retidão você será estabelecida: A tirania estará distante; você não terá nada a temer. O pavor estará removido para longe; ele não se aproximará de você. Se alguém a atacar, não será por obra minha; todo aquele que a atacar se renderá a você”. Quando Jesus se apresentou à mulher samaritana, no Evangelho de João Capítulo 4, ela, que estava envolta em sua condição de desolação moral e espiritual, não conseguia compreender ou vislumbrar a possibilidade de uma mudança no seu estado, pois os problemas acumulados durante anos de desvios morais a haviam corrompido. “O poço é fundo”, disse a samaritana (v.11) – e esta tem sido a resposta de muitos que já não conseguem mais ter esperança, e baseados na profundidade dos seus problemas, ou dos problemas da sociedade onde estão inseridos, não conseguem mais enxergar a menor possibilidade de mudança. Entretanto, enquanto a “Porta” estiver aberta, existe uma fonte inesgotável de restauração. Precisamos entender que todos estamos passando por um processo de construção e aperfeiçoamento, e alguns passos serão necessários para que possamos sentir o aroma do novo. Jean-Paul Sartre (1905-1980), filósofo, crítico e dramaturgo, nascido em Paris, na França, conhecido por sua visão existencialista contemporânea1, traz a ideia do homem como um produto que não está finalizado, como um projeto em construção: “O homem é não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se 1 O existencialismo é um humanismo, p.6.
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deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz”. A partir do momento em que se identifica desajuste ou desalinhamento no processo de construção, faz-se necessária uma reformulação no projeto inicial, e é nessa hora que a visão do construtor será de suma importância para o sucesso ou para o fracasso. A visão do tortuoso se dará apenas quando o que está em equilíbrio for vislumbrado, e nesse processo de observação, a forma como nos vemos, nos conhecemos e percebemos o mundo ao nosso redor, explicará a visão que teremos do todo. A grande certeza, é que todo fundamento posto em terreno arenoso não perdura, é frágil e instável, assim como vemos no livro de Jó 27.18: “A casa que ele constrói é igual ao casulo de traça, como cabana feita pela sentinela”. Esse pensamento tem norteado minha mente e me perseguido com grande intensidade. E vez por outra O fato é, que a me faço a pergunta: Será que eu tomei liberdade que tive de a forma daquilo que sempre combati, escolhas, em alguns mesmo que só em pensamento? O fato momentos me levaram é, que a liberdade que tive de escolhas, a experimentar a dor e o descontentamento, em alguns momentos me levaram a mas essa mesma experimentar a dor e o descontentaliberdade me fez mento, mas essa mesma liberdade me enxergar além da fez enxergar além da profundidade do profundidade do poço, ou das ruínas que me cercavam, e poço, ou das ruínas que me cercavam, e ao vislumbrar Àquele que pode, me lanao vislumbrar Àquele cei e experimentei o melhor, e dia após que pode, me lancei e dia, me refaço. experimentei o melhor, e dia após dia, me Esses temas serão abordados de refaço. uma forma muito clara, com uma linguagem simples e objetiva, e com certeza trará uma nova visão sobre os fatos 18
Introdução
comumente discutidos e pouco digeridos por muitos de nós. Alguns questionamentos serão feitos após cada tópico, para que seja feita uma reflexão sobre a nossa real condição e situação, além das possíveis soluções que poderão ser dadas para os problemas explanados. Descreva seu pensamento antes e depois do que foi descrito nestas páginas. Espero de todo o coração, que seja um tempo prazeroso de leitura, de descobertas e de renovação.
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Capítulo I
Fundamento corrompido Mas os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua avareza, e para derramar sangue inocente, e para praticar a opressão, e a violência”. (Jr 22.17)
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palavra corrupção vem do latin (corruptus), e de acordo com o dicionário significa ‘ação ou efeito de corromper; ação de decompor ou deteriorar; desvirtuamento de hábitos; devassidão de costumes; devassidão’. Essa perversão e ruptura de valores tem tomado um lugar de destaque, se tornado muito comum e já não nos surpreende tanto. Se formos analisar com mais profundidade o tema em questão, veremos que esse mal que nos assola tem suas raízes muito profundas e vem de tempos muito remotos. A Bíblia relata que Lúcifer, um anjo de luz que vivia ao lado de Deus e que tinha sua beleza comparada às pedras preciosas, se corrompeu e quis ter o poder igual ao do próprio Deus, como vemos em Isaías 14.13-14: “Você que dizia no seu coração: Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembleia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo” (NVI).
E essa sede pelo poder fez com que uma grande desordem passasse a se instalar desde antes da criação humana. Logo, não satisfeito com a sua investida e derrocada, Lúcifer, agora mais conhecido como Satanás, que ao ser expulso do céu, traz consigo um terço dos anjos que lá existiam, faz uma visita rápida à primeira mulher – Eva, e a corrompe com uma persuasão bem característica, convencendo-a de que ela também poderia ter o mesmo poder de conhecimento do seu Criador. Rapidamente a “escola da corrupção” ganha mais um aluno e propagador, visto que a corrompida passa a persuadir o seu semelhante e companheiro Adão, a infringir uma lei pré-estabelecida. E o resultado final desse trágico início, conhecemos bem. Uma vez instalada a corrupção, importantes valores são abolidos, dando lugar à ambição, inveja, descontentamento, 23
Os Pilares da Ruína e o Poder da Restauração
mentira, disputa, deslealdade e uma destruição em série. A cada dia sou convencida de que a grande maioria de nós está com a mente cauterizada, e paralisados paramos diante de tão grande mal, e com isso nos acostumamos a conviver com o erro baseados na ideia covarde de que sozinhos não conseguiremos mudar o que acontece de ruim ao nosso redor. Brennan Manning, em seu clássico, O evangelho maltrapilho, diz algo muito interessante que realça a ideia da nossa fragilidade diante do caos: “Começa então um longo inverno de descontentamento que, eventualmente floresce em depressão, pessimismo e um desespero sutil: sutil porque permanece não diagnosticado e não percebido, e, portanto, não confrontado” (p.18). Lembro-me de uma história que tive o desprazer de ouvir de uma agente A cada dia sou comunitária de saúde, que trabalhava convencida de que em uma prefeitura no interior do nora grande maioria deste brasileiro. Na época, eu fazia um de nós está com a trabalho de ressocialização através do mente cauterizada, e teatro, da dança e da conscientização paralisados paramos diante de tão grande social com jovens e adolescentes, e quemal, e com isso ria entender a realidade destes. Como nos acostumamos essa agente tinha contato direto com as a conviver com o famílias, eu a questionei sobre o modo erro baseados na de vida e quais eram as reais condições ideia covarde de que sozinhos não das famílias. Então, dentre tantos casos conseguiremos mudar citados, ela me falou de uma família o que acontece de ruim composta por pai, mãe e quatro filhas. ao nosso redor. Eles viviam numa casa de pau-a-pique, muito humilde, onde só havia uma cama e todos dormiam juntos nesta. E o motivo que me aterrorizou e me encheu de indignação foi que todas as filhas haviam sido 24
I. Fundamento Corrompido
abusadas pelo próprio pai. E a mãe, quando questionada, não esboçou nenhum tipo de constrangimento ou entendimento do terrível mal pelo qual suas filhas estavam passando. E a desculpa que deu para tão grande terror praticado pelo marido, foi: “Ele não tem culpa. Foi apenas tentado. E como homem, não teve muito o que fazer. Nós só temos uma cama, e as meninas dormem por cima do pai”. Estas foram suas palavras. O mal, pelo que pudemos constatar, não foi diagnosticado, não foi percebido e, portanto, não foi confrontado. A cultura da inversão de valores é mais pregada e vivida do que podemos sequer supor ou imaginar. Ela vem de forma sorrateira, trazendo um ar de “verdade”, muitas vezes até bem convincente, e em alguns momentos nos coloca em dúvida a respeito do que realmente é justo ou correto. A cultura da inversão de valores é mais A maldade intrínseca no coração pregada e vivida do do homem, sempre o conduzirá a tender que podemos sequer para o que é enganoso, porém, temos a supor ou imaginar. opção de fazermos o que é certo. Em um episódio, Jesus é questionado, com muita maledicência sobre justiça, na verdade a ideia era colocar em cheque o Seu caráter. Em Mateus 22.16-21, encontramos esse diálogo: Enviaram-lhe seus discípulos juntamente com os herodianos que lhe disseram: “Mestre, sabemos que és íntegro e que ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. Tu não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens. Dize-nos, pois: Qual é a tua opinião? É certo pagar imposto a César ou não? “Mas Jesus, percebendo a má intenção deles, perguntou: “Hipócritas! Por que vocês estão me pondo à prova? Mostrem25
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-me a moeda usada para pagar o imposto”. Eles lhe mostraram um denário, e ele lhes perguntou: “De quem é esta imagem e esta inscrição?” “De César”, responderam eles. E ele lhes disse: “Então, deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Sempre existirão os que se sentem injustiçados, e usarão isso como desculpa para justificar o erro. O pecado tira do homem toda a ideia de moralidade e ética. A Bíblia é muito clara em relação à postura que um servo de Deus deve ter em relação às leis governamentais, e ressalta que os justos receberão o pagamento por sua justiça, e o injusto por sua injustiça. Nenhum mal atingirá o justo, mas os ímpios estão cobertos de problemas. (Provérbios 12.21 – NVI) E qual será a desculpa que usamos? Ignorância? Falta de conhecimento? Falta de instrução acadêmica? A mente pervertida e corrompida sempre terá uma desculpa, um álibi perfeito. E essa característica da “culpa justificada” é antiga. No livro de Gênesis Sempre existirão 3.9-13, encontramos a primeira cena de os que se sentem justificativa de uma mente corrompida injustiçados, e usarão e covarde: isso como desculpa
para justificar o erro. O pecado tira do homem toda a ideia de moralidade e ética.
Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: “Onde está você? “E ele respondeu: “Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”. E Deus perguntou: “Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer”? Continua..... 26