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Expandindo a FROTA, Expandindo o HORIZONTE

por Bill Lavender

O que um empresário aeroagrícola brasileiro que tem mais de45 anos de experiência na aviação agrícola pensa quando olhapela janela do seu escritório e vê uma impressionante linha de13 Ipanemas? Sua experiência no negócio lhe diz que os Ipanemas temlhe servido bem. Mas talvez ele se pergunte, “Será que há outra opção de avião agrícola que funcione bem junto com a frota de Ipanemas?”

A Aviação Agrícola Alagoana, Ltda. foi fundada em 1976. Em 1979, ela foi comprada pelo casal Gregory and Deta Smith. Sediada em Rio Largo, Alagoas, perto de Maceió, na costa nordestina, em 2019 a Alagoana decidiu que era hora de expandir seus horizontes com a compra de um novo AT-402B da AeroGlobo Aeronaves sediada em Botucatu, SP.

A estrada do sucesso para Gregory e Deta Smith começou pequena. Gregory nasceu em Porto Alegre, de pais ingleses. Aos 13 anos, a família de Gregory, então com 13 anos, se mudou de volta para a Inglaterra. Em 1970, ele voltou ao Brasil e começou seu treinamento de voo no ARGS (Aeroclube do Rio Grande do Sul), onde também trabalhou como instrutor até 1973. Depois do ARGS, ele foi para a Varig, onde voou o Boeing 707. Na época, Gregory não era casado. Pouco depois de ele entrar para a Varig, a empresa, em dificuldades econômicas, dispensou os pilotos solteiros em 1975.

O que seria uma enorme decepção para qualquer jovem piloto de linha aérea, Gregory transformou em uma oportunidade. Ele cursou o CAVAG em Sorocaba, em 1976, aos 23 anos de idade, buscando uma nova carreira voando agrícola. No CAVAG, ele fez 40 horas de curso em 45 dias, e depois foi para Pelotas, onde voou sua primeira safra no arroz. Aquela empresa aeroagrícola, a Ipanema Aviação Agrícola, tinha alguns Ipanemas EMB-200 com motor de 260 HP com hélice de passo fixo, e também uma frota dos então novos EMB-201.

Não muito depois de sua primeira safra, pediram a Gregory que transladasse um Ipanema para o estado do Paraná. Enquanto estava lá, ele encontrou um amigo que estava começando uma empresa em Maceió, Alagoas, em parceria com Peter Fitzgerald, um americano do Havaí. Neste meiotempo, Gregory conseguiu um emprego em Recife, voando um EMB-201 em aplicações experimentais de Metarhizium anisopliae, um fungo que parasita insetos e funciona como inseticida biológico. De lá, ele foi convidado por Fitzgerald para se juntar à sua empresa, que tinha acabado de comprar um segundo EMB-201A.

Gregory decidiu então não voltar ao Rio Grande do Sul, ficando ao invés o ano inteiro na região de Maceió. Posteriormente, em 1978, Deta e ele se casaram, e ele passou a voar em Maceió no inverno e em Cuiabá no verão.

Em 1979, Gregory e Deta compraram a Aviação Agrícola Alagoana, voando no Rio Grande do Sul durante o verão e no Alagoas e estados vizinhos no inverno. Eles começaram a comprar um Ipanema por ano até 1985, quando a empresa estava com cinco deles. Com cinco aviões agrícolas para manter, os Smiths decidiram criar uma empresa de manutenção exclusiva para suas aeronaves. A empresa, MANAL (Manutenção Alagoana de Aeronaves Ltda.), rapidamente ganhou uma reputação de confiança com os pilotos locais. Sem outra oficina de manutenção na região, a MANAL se tornou uma empresa de manutenção aeronáutica respeitada, tanto para os aviões da Alagoana como para aeronaves da aviação geral. Hoje, a MANAL está homologada para atender a uma grande variedade de aeronaves de asas fixas e rotativas, incluindo turbohélices King Air, jatos Citation e vários modelos de helicópteros. Ela é um grande centro de manutenção para células e motores turbohélice e a pistão, incluindo inspeções de seção quente (HSI) para turbo-hélices. Quando um reparo é necessário em um motor turbo-hélice, ele é enviado para a Dallas Airmotive ou para a Pratt & Whitney Canada no Brasil. Um motor a pistão pode ser revisado na oficina da MANAL para voltar à condição de zero hora.

A Aviação Agrícola Alagoana usa banners para ajudar a promover a empresa junto a lavoureiros.

A pista de grama original da Aviação Agrícola Alagoana era alugada de um engenho de cana. Posteriormente, outro hangar foi acrescentado ao quejá existia. Ao final, a Alagoana refez a pista de 1.000 metros que hojefica a cinco quilômetros do Aeroporto Internacional de Maceió, dentro deseu espaço aéreo. Os aviões da Alagoana, assim como outros operando emsua pista precisam manter contato rádio com o Aeroporto Internacional deMaceió enquanto em seu espaço aéreo.

Os proprietários da Aviação Agrícola Alagoana (E-D) Gregory, Deta e Nicholas Smith recebem em Rio Largo, Alagoas, em janeiro de 2000, um AirTractor AT-402B novo, vendido pela Aeroglobo Aeronaves de Botucatu, SP.

Em 1996, Gregory decidiu que a Alagoana seria uma empresa muito mais eficiente se ele deixasse de voar agrícola e se focasse na gestão da empresa, incluindo a MANAL. Ele não precisou esperar muito antes que seu filho, Nicholas John Smith, se juntasse a ele em 2000.

A principal cultura que a Alagoana trata em Alagoas e estados vizinhos é a cana-de-açúcar. Quando Nicholas começou na Alagoana, muitos clientes estavam pedindo a redução dos preços das aplicações. Gregory e Nicholas decidiram que seria melhor para o sucesso continuado da Alagoana manter seus preços e ficar com os melhores clientes. O trabalho de Nicholas foi convencer os clientes que tinham deixado a empresa a retornar, o que ele fez com sucesso.

Em 2007, Gregory e Nicholas abriram uma segunda base em Iturama, Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro. Lá, não apenas a cana-de-açúcar é uma cultura principal, mas também se trata soja, grãos, algodão e arroz, acrescentando uma diversidade de culturas para a Alagoana. Isto criou duas safras para a empresa. Uma safra, em Iturama, começa em setembro e termina em março. A segunda safra no Alagoas e estados vizinhos começa em abril e termina em setembro. Há muito pouco tempo parado entre as safras.

Em Alagoas e estados vizinhos, um Ipanema tipicamente atende entre três e quatro clientes. Porém, na região de Iturama, onde as fazendas são muito maiores, são necessários três ou quatro Ipanemas para atender um cliente. Hoje, a Alagoana opera 13 Ipanemas, com modelos de 1979 até 2018, e um Air Tractor AT-402B novo. Os aviões operam de cerca de 30 pistas agrícolas em Alagoas e estados vizinhos, e em outras 10 pistas na região de Iturama. A maioria das aplicações é feita a até cinco quilômetros da pista. O comprimento típico destas pistas é de 1.000 metros.

Todos os 13 Ipanemas usam o etanol como combustível. Os modelos mais novos já vieram de fábrica com motores a etanol. Os modelos mais antigos foram convertidos para o etanol através de conversões da Embraer. A manutenção adicional demandada pelo etanol é compensada pelo menor custo do combustível. Em fevereiro de 2020, o preço do etanol na região de Alagoas era de R$ 3,50 a R$ 5,50 por litro. Em comparação, o avgas custava cerca de R$ 11 por litro. Mesmo considerando um aumento de quase 50% no consumo de combustível de um motor movido a etanol, ele ainda é 40% mais barato por hora para operar.

Uma prática padrão de todos os pilotos de Ipanema da Alagoana é fazer um teste da densidade do combustível, no início de cada dia. O valor do teste deve ser de 0,800. Normalmente, não há problemas de densidade de combustível, mas é um cheque necessário. Em apoio à sua grande frota de aviões agrícolas, a Alagoana usa cerca de 15 veículos para apoio de solo. A empresa chega a ter 70 funcionários, incluindo 14 pilotos, durante a maior parte do ano. Cada funcionário tem 60 dias de férias.

Em 2017, a Alagoana adotou uma política de que ela não iria mais operar um avião agrícola por mais de 20 anos. Quando um Ipanema atinge seu 20° ano, ele é substituído por um avião mais novo. Em 2020, este avião foi o AT-402B comprado da AeroGlobo. Se o AT-402B desempenhar como esperado, outro Air Tractor será acrescentado à frota, possivelmente um Air Tractor 502XP. O novo AT-402B é o primeiro avião agrícola turbohélice a ser operado no Alagoas.

“Resolvemos, então, fazer a experiência de adquirirmos um Air Tractor, com a expectativa de que essa bela máquina contribuirá para o aumento da nossa produtividade,” conta Nicholas. “Sempre fomos pioneiros, somos uma referência no Estado de Alagoas, e esse era um passo que precisávamos dar.”

Nicholas tratou da aquisição do Air Tractor novo desde o acordo de compra até o financiamento e a entrega. Inicialmente, houve alguns problemas burocráticos com o financiamento. Nicholas então se voltou para a AeroGlobo e sua assistência especializada. Do pedido de financiamento até a entrega foram curtos 34 dias.

Dois pilotos foram treinados para voar o novo Air Tractor no Centro de Treinamento da AeroGlobo em Botucatu. No Centro de Treinamento da AeroGlobo, a empresa tem um simulador de voo Nível 5, o único simulador que reproduz condições de voo com fidelidade, tanto em procedimentos normais como de emergência para Air Tractors. Um piloto da Alagoana irá operar o Air Tractor em Iturama e o outro piloto o operará em Alagoas.

Noventa por cento das aplicações da Alagoana são na cana-de-açúcar. Os Ipanemas usam bicos convencionais na maior parte, e também Micronairs para aplicações de 30 lts/ha. A principal aplicação é de fertilizante líquido com micronutrientes. O fertilizante líquido é preferido ao invés do sólido granulado por causa da melhor absorção através das folhas, comparado com fertilizantes sólidos sendo absorvidos pelo solo.

As aplicações começam com o fertilizantes líquido, seguido depois por fungicida misturado com um inseticida, se necessário. As últimas aplicações, para um total de três em uma safra de cana, é de um maturador. O glifosato é aplicado para forçar a cana a maturar mais cedo, fazendo o nível de açúcar na planta a se elevar acima do que seria em uma maturação normal. Embora as aplicações de fungicida e inseticida possam variar, a maior parte da cana irá receber as aplicações de fertilizante e maturador.

A cana-de-açúcar é cortada todo ano e rebrota para a safra do ano seguinte. Este ciclo de corte e rebrota pode ocorrer por seis a dez anos, antes que a cana-de-açúcar precise ser replantada. A produtividade pode variar de 70 a 110 toneladas/ha, dependendo do quanto de tecnologia que o lavoureiro usa.

Os lavoureiros que investem na tecnologia mais atual para aumentar a produção da cana contam com um ganho de produtividade de 40- 50% acima da obtida por lavoureiros que não usam a tecnologia.

Em um mundo em constante mudança, com novas tecnologias que aumentam a produtividade e lucratividade, uma empresa aeragrícola age sabiamente ao sempre considerar suas opções. Especialmente quando chega a hora de avaliar os métodos atuais de operação em um esforço para melhorar. A Aviação Agrícola Alagoana tem sido sempre uma empresa progressista. Sua aquisição de um Air Tractor AT-402B turbo-hélice, e sua inserção em uma frota de comprovados Ipanemas demonstra a capacidade da empresa de expandir seus horizontes enquanto se ampara em sua experiência passada.

O Ipanema tem sido o avião principal da Aviação Agrícola Alagoana por mais de 40 anos (E-D) Nicholas e Gregory Smith, proprietários.

Esquerda: (E-D) Nicholas, Deta e Gregory Smith na sede da MANAL em Rio Largo, Alagoas.

O novo AT-402B da Aviação Agrícola Alagoana na sede da MANAL em Rio Largo, Alagoas.

Abaixo, à esquerda: Um hangar de manutenção lotado na MANAL.

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