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Livre para Voar | Gleice Silva
LIVRE PARA VOAR
Gleice Silva - gleice.prevencao1@gmail.com
Aviação Agrícola: Segurança Operacional
O objetivo principal deste artigo é disponibilizar a informação sobre aspectos das normas relacionados com a operação do voo na aviação agrícola, bem como, sobre os cuidados necessários. O estudo envolveu a análise das normas da aviação agrícola, sendo que esta é uma das mais arriscadas atividades do piloto, pois envolve situações precárias relacionadas em vários âmbitos, dentre eles, o terreno, as condições climáticas, o estresse físico, o espaço de voo, infraestrutura de manutenção.
O Brasil possui uma das maiores produções agrícolas do mundo. O clima tropical, solo fértil e grandes extensões de terra plana favorecem este tipo de atividade. Em particular, a região centrooeste compreende em grande parte desta extensão de cultivo. O aprimoramento de técnicas através da utilização de defensivos agrotóxicos tem se mostrado eficiente para a redução dos prejuízos causados por percas causadas por pragas. Mesmo sendo controverso a utilização deste recurso, estamos constantemente observando o aumento da demanda de pilotos para atuarem nesta prática.
Apesar da essencial necessidade da atividade, observamos que a cultura de segurança operacional nesta área é amplamente ignorada, acarretando um número alto de acidentes e incidentes que seriam evitados com medidas simples ou até outras mais criteriosas antes ou durante as operações. Entre os fatores mais comuns estão as colisões com obstáculos, perca de controle em voo, falha no motor e erros humanos.
Importante destacar a cultura de sempre seguir à risca as normas estipuladas por todos os órgãos e empresas relacionados a aviação. O brasileiro naturalmente cresce em uma sociedade guiada pelo termo “jeitinho brasileiro”, mas essa filosofia não possui espaço. Precisamos de profissionais mais comprometidos com a segurança na aviação agrícola não só para evitar prejuízos financeiros, mas também para a preservação da vida humana.
Neste sentido apresento a participação das empresas com suas políticas de gerenciamento de risco e de segurança operacional, deixando bem claro a seguridade das atividades aéreas, tanto em ar quanto em solo.
Segurança Operacional Na Aviação Civil
Com o fim da segunda guerra mundial, no início da década de 50 houve uma necessidade de aumentar a produção agrícola, com intuito de acabar com a fome no mundo através do aumento da produção agrícola de países em desenvolvimento, como Brasil, Índia e México. Várias técnicas foram utilizadas com melhoria genética de sementes que possuem alta resistência a diferentes tipos de pragas e doenças. Estas são utilizadas juntamente com agrotóxicos, fertilizantes, implementos agrícolas e máquinas, como tratores, colheitadeiras e logo depois o avião agrícola, pois o aumento da produção foi significativo e o tempo para administrar as plantações é pouco, necessitando métodos mais rápidos e eficazes. As atividades da aviação agrícola compreendem:
1. Emprego de defensivos;
2. Emprego de fertilizantes;
3. Semeadura;
4. Povoamento de águas;
5. Combate a incêndios em campos ou florestas
6. Outros empregos que vierem a ser aconselhados.
(MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1983, p. 51)
Agora com o avião nesta nova área, apareceram novos desafios a serem superados, como o voo baixo, pouca velocidade, manutenção falha ou deficiente e os próprios obstáculos no solo, como árvores e linhas de alta tensão. Estes problemas podem ser superados com novas tecnologias e conscientização de profissionais da área com a segurança operacional. No Brasil, este trabalho é auxiliado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) que regulamenta e fiscaliza as empresas e proprietários de aeronaves agrícolas e o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) que auxilia através de palestras, folhetos, cartazes e documentos com relatórios de investigações de acidentes que servem para prevenir e atentar os pilotos, mecânicos e outros envolvidos para a segurança na atividade. ➤
Os fatores econômicos e de segurança são como pontas de uma gangorra, onde nenhuma pode pesar demais, se não, desestabiliza a atividade. Exigências severas de segurança fazem os custos para a manutenção das operações se elevarem ao ponto que os preços fiquem inaceitáveis para os contratantes e contratados, inviabilizando o exercício. Em contrapartida, leis brandas colocam todos os envolvidos expostos a riscos.
A função regulatória e a função fiscalizatória são atividades inerentes ao modelo adotado. Uma e outra estão intimamente relacionadas, devendo ser analisadas dentro deste contexto. A dificuldade de percepção deste aspecto é a grande responsável de muitas das discussões atualmente travadas quer no cenário jurídico, quer no social-econômico. Como em todas as situações polêmicas, a dificuldade está em encontrar-se um ponto de equilíbrio.
No âmbito psicológico, temos pilotos e mecânicos afetados por problemas pessoais ou diversos que provocam redução da atenção e estresse, que implicam em uma redução do rendimento de trabalho deixando passar procedimentos de suma importância que poderá provocar o desencadeamento de consequências graves.
Ao tratarmos de prevenção de acidentes, não podemos nos referir somente ao homem ou mesmo ao avião, mas de uma maneira global, ao homem que opera a máquina, ao avião que será operado e mantido pelo homem e ao meio no qual se desenvolvera esta atividade, seja o meio aéreo com suas condições atmosférica, seja o meio ambiente ou mesmo o meio social que vive este homem.
O trinômio “o homem, o meio e a máquina”, é pilar da moderna filosofia SIPAER. Assim, as investigações de acidentes aeronáuticos são concentradas nos aspectos básicos, identificados e relacionados com a atividade aeronáutica, agrupados nos fatores humanos, material e operacional. O fator humano compreende o homem sobre o ponto de vista biológico em seus aspectos fisiológicos e psicológicos. O fator material engloba a aeronave e o complexo de engenharia aeronáutica. O fator operacional compreende os aspectos que envolvem o homem no exercício da atividade, incluindo os fenômenos naturais e a infraestrutura. empresas a não executarem os procedimentos de segurança tanto em voo quanto em solo, existe um outro problema que é a consequência do uso de agrotóxicos para a saúde do operador do avião. Os agrotóxicos são produtos químicos que existem para combater pragas e são usados primordialmente em lavouras e em pastagens. O Brasil é um dos cinco maiores consumidores de agrotóxicos do mundo e existem hoje mais de 8 mil formulações licenciadas para o uso.
A intoxicação pode ocorrer, segundo o Ministério da Saúde, através do contato direto do agrotóxico com a pele ou mucosa, bem como a ingestão e/ou a respiração. O grande número de pousos e decolagens para a reposição dos agrotóxicos deixa o piloto mais exposto a este mal e isto ainda é agravado com o pequeno tamanho da cabine, pelo calor e pela falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Os pilotos estão sendo conscientizados sobre os possíveis problemas para a saúde que a exposição pode trazer. Eles sofrem uma exposição intensa e contínua que pode levar a sintomas crônicos e agudos de intoxicação. Os efeitos agudos comuns a esta atividade são vômito, náuseas, tonturas, sudoreses, dificuldade respiratória e desorientação, esta por último pode tornar a atividade fatal, pois o piloto deve estar atento a tudo o que acontece durante a aplicação. Um mal súbito ou uma desorientação espacial nestas condições podem causar a perda de controle da aeronave e a colisão com o solo. Já os efeitos crônicos comuns a esta atividade são a infertilidade, alguns tipos de câncer e distúrbios de atenção.
Concluiu-se que a prevenção é um quesito para a redução de diversos acidentes aeronáuticos, a capacitação dos pilotos e o uso de EPIs são quesitos que precisam ser inseridos a capacitação do piloto, para que este realize o seu trabalho com excelência, garantindo a efetivação da segurança necessária para que sejam evitados acidentes. Ter o conhecimento acerca do desempenho operacional do avião.
O Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional Implantado, praticado e estimulado pelos envolvidos nas operações é crucial. O maior investimento aos sistemas de gerenciamento e prevenção da segurança, as despesas com perdas serão menores. O sucesso para a prevenção de incidente e acidentes aeronáuticos depende de todos.