Revista Abigraf 307

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GESTÃO

Hamilton Terni Costa

Impacto da Covid-19 na indústria gráfica brasileira: avaliações e perspectivas s estatísticas setoriais sobre o ano de 2020 começam a ser divulgadas. Com isso, podemos observar com mais cuidado os impactos que a pandemia trouxe para o setor até agora. E não foram poucos, como sabemos. No começo de março, a Afeigraf liberou sua pesquisa sobre o mercado feita pela consulto­ ria Web­se­to­r ial, sob a coor­de­na­ção da econo­ mista Patrícia Marrone, que no passado já pres­ tou serviços à Abigraf. Na época, a economista reviu junto ao IBGE a classificação de diversos produtos gráficos de forma a obter informações consolidadas mais confiáveis sobre o setor. Ou­ tros levantamentos foram feitos e também es­ tão sendo divulgados. Vamos abordar os prin­ cipais pontos apontados por essas estatísticas.

1 QUE­DA DE 37,9% NA PRODUÇÃO DO GRUPO CHAMADO ATIVIDADES DE IMPRESSÃO, APONTADA NA PESQUISA DA AFEIGRAF

Sem dúvida, uma retração muito significativa, o que mostra o forte impacto sobre boa parte da indústria gráfica, afetada, principalmente, com o pe­r ío­do de fechamento do comércio e outras atividades presenciais. Esse item, atividades de impressão, inclui boa parte do que chamamos de gráfica co­mer­ cial: ma­te­rial pro­mo­cio­nal, edi­to­rial, segurança e diversos. São eles: impressão de jornais, livros, revistas, papel moe­d a, etiquetas, rótulos, im­ pressos pu­bli­ci­tá­r ios e promocionais, inclusive em lona e vinil, bulas e manuais. Por certo, nem todas essas ca­te­go­r ias tive­ ram essa mesma retração. Os jornais, impres­ sos, segundo o IVC (Instituto Verificador de Cir­ culação), caí­ram 33%, do final de 2018 ao final de 2020. Como em 2019 houve algum aumento de tiragem, pressupõe-se que a queda em 2020 foi ainda mais acen­tua­da. O que é alentador é

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que os principais pe­r ió­d i­cos mantiveram sua média de público ao somar os leitores digitais. No caso das revistas a si­tua­ção é bem pior, segundo o IVC. Olhando-se principalmente as semanais que detinham os maiores volumes de circulação, o tombo em 2020 nas edições impressas chegou a 38,9% nesse pe­r ío­do e, pior, com queda também na versão digital de 24,7%. Salvou-se, em parte, o livro impresso, que teve um aumento de vendas em 2020 de 7,6%, segundo a pesquisa da Niel­sen para o Snel, e um aumento de faturamento de 4,98%. Ainda que vendas no varejo não signifiquem, de ime­ dia­to, produção nas gráficas, já que também se vendem os exemplares estocados. A rea­li­da­de é que o comportamento do livro impresso duran­ te a pandemia foi sur­preen­den­te. Um reen­con­ tro com o leitor que ficou mais tempo em casa. Dos produtos gráficos citados, seguramen­ te o ma­te­r ial publicitário e o pro­mo­cio­nal tive­ ram queda muito acen­tua­da pela menor circu­ lação das pes­soas, pela não rea­li­za­ção de feiras comerciais e milhares de eventos por todos o País e o fechamento de lojas, shopping centers etc. por um ra­zoá­vel pe­r ío­do de tempo. De todos os itens in­c luí­dos nesse levantamento, pode­ -se concluir que foram os mais afetados levan­ do a média total para baixo. Etiquetas e rótu­ los, mais re­la­cio­na­dos a embalagens, puderam se segurar um pouco em função da continuida­ de de vendas em supermercados, ainda que com perda no comércio em geral.

2 A PRODUÇÃO DE EMBALAGENS DE

CARTÃO É UMA AVA­LIA­ÇÃO À PARTE

A estatística do IBGE aponta para produção de embalagens de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado com uma va­r ia­ção positi­ va no ano de 1% sobre 2019. Parece um peque­ no aumento da produção, mas olhando-se esse


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