GESTÃO
Hamilton Terni Costa
Impacto da Covid-19 na indústria gráfica brasileira: avaliações e perspectivas s estatísticas setoriais sobre o ano de 2020 começam a ser divulgadas. Com isso, podemos observar com mais cuidado os impactos que a pandemia trouxe para o setor até agora. E não foram poucos, como sabemos. No começo de março, a Afeigraf liberou sua pesquisa sobre o mercado feita pela consulto ria Websetor ial, sob a coordenação da econo mista Patrícia Marrone, que no passado já pres tou serviços à Abigraf. Na época, a economista reviu junto ao IBGE a classificação de diversos produtos gráficos de forma a obter informações consolidadas mais confiáveis sobre o setor. Ou tros levantamentos foram feitos e também es tão sendo divulgados. Vamos abordar os prin cipais pontos apontados por essas estatísticas.
1 QUEDA DE 37,9% NA PRODUÇÃO DO GRUPO CHAMADO ATIVIDADES DE IMPRESSÃO, APONTADA NA PESQUISA DA AFEIGRAF
Sem dúvida, uma retração muito significativa, o que mostra o forte impacto sobre boa parte da indústria gráfica, afetada, principalmente, com o per íodo de fechamento do comércio e outras atividades presenciais. Esse item, atividades de impressão, inclui boa parte do que chamamos de gráfica comer cial: material promocional, editorial, segurança e diversos. São eles: impressão de jornais, livros, revistas, papel moed a, etiquetas, rótulos, im pressos publicitár ios e promocionais, inclusive em lona e vinil, bulas e manuais. Por certo, nem todas essas categor ias tive ram essa mesma retração. Os jornais, impres sos, segundo o IVC (Instituto Verificador de Cir culação), caíram 33%, do final de 2018 ao final de 2020. Como em 2019 houve algum aumento de tiragem, pressupõe-se que a queda em 2020 foi ainda mais acentuada. O que é alentador é
32 REVISTA ABIGR AF janeiro /março 2021
que os principais per iód icos mantiveram sua média de público ao somar os leitores digitais. No caso das revistas a situação é bem pior, segundo o IVC. Olhando-se principalmente as semanais que detinham os maiores volumes de circulação, o tombo em 2020 nas edições impressas chegou a 38,9% nesse per íodo e, pior, com queda também na versão digital de 24,7%. Salvou-se, em parte, o livro impresso, que teve um aumento de vendas em 2020 de 7,6%, segundo a pesquisa da Nielsen para o Snel, e um aumento de faturamento de 4,98%. Ainda que vendas no varejo não signifiquem, de ime diato, produção nas gráficas, já que também se vendem os exemplares estocados. A realidade é que o comportamento do livro impresso duran te a pandemia foi surpreendente. Um reencon tro com o leitor que ficou mais tempo em casa. Dos produtos gráficos citados, seguramen te o mater ial publicitário e o promocional tive ram queda muito acentuada pela menor circu lação das pessoas, pela não realização de feiras comerciais e milhares de eventos por todos o País e o fechamento de lojas, shopping centers etc. por um razoável per íodo de tempo. De todos os itens inc luídos nesse levantamento, pode -se concluir que foram os mais afetados levan do a média total para baixo. Etiquetas e rótu los, mais relacionados a embalagens, puderam se segurar um pouco em função da continuida de de vendas em supermercados, ainda que com perda no comércio em geral.
2 A PRODUÇÃO DE EMBALAGENS DE
CARTÃO É UMA AVALIAÇÃO À PARTE
A estatística do IBGE aponta para produção de embalagens de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado com uma var iação positi va no ano de 1% sobre 2019. Parece um peque no aumento da produção, mas olhando-se esse