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Conexão Brasília/Roberto N. Ferreira
from Revista Abigraf 309
by Abigraf
Roberto Nogueira Ferreira
2022 – O que será de nossas vidas?
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Em outubro de 2020, assim me expressei no primeiro parágrafo de texto escrito para a Revista Abigraf: Já próximo do fim, 2020 carrega para 2021 as incertezas de sempre, agravadas pelos efeitos sociais, políticos e econômicos derivados da pandemia da Covid-19, como nos evi den ciam todos os meios de comunicação.
Outubro de 2021 se aproxima e o olhar para 2022 evidencia um cenário econômico ainda mais sombrio. Com o agravante de ser ano eleitoral. Para a indústria gráfica, eleições podem resultar em demandas profissionais, pois, apesar da avassaladora presença das redes sociais, o papel impresso continua imbatível.
Com base no pífio crescimento da economia em 2021, a Fundação Getulio Vargas projeta crescimento de 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022. Ao levar em conta o crescimento da inflação, a desvalorização cam bial, a manutenção da dívida pública interna em níveis elevados, a expectativa de desemprego acima de 10% da PEA (População Economicamente Ativa), endividamento das fa mí lias su perior a 70%, o descontrole fiscal representado por gastos públicos crescentes, além dos juros em alta . . . não há como ser otimista em relação às expectativas quanto ao comportamento da economia em 2022.
Acrescese a esse quadro o risco político, as instabilidades sociais, o descrédito in ter na cional cada vez maior e a incapacidade de gerar políticas públicas que estimulem a produção, com reflexos no crescimento da renda e do emprego.
O Brasil, definitivamente, não é para amadores. Exemplos recentes revelam a intenção governamental de promover alterações na legislação tributária, cujo foco, inconfessável, é elevar a arrecadação tributária exclusiva da União. Vários são os efeitos perversos perceptíveis, a destacar o desestímulo ao investimento produtivo. E todos sabem que sem investimento não há produção nem consumo, sem consumo não há emprego e renda, e sem emprego e renda não se atende ao homem, meio e fim da ação política, e sem se atender ao homem, que sentido tem o exercício do Poder concedido pelo voto popular?
Exercer o Poder simplesmente pelo Poder é o melhor caminho em direção ao nada, ou, pior, ao caos econômico e so cial. E os nossos homens públicos de todos os poderes, re gia men te remunerados pelos tributos que o setor em pre sa rial e as pes soas físicas recolhem, se esmeram na arte da improdutividade, o que não é pouco, e se aprimoram no exercício de impor dificuldades a quem gera emprego e renda.
No meio dessa tormenta, a indústria gráfica segue seu caminho, ainda triunfal, e assim deve ser porque a sua melhor representação, a razão de ser, é o papel, que os em pre sá rios gráficos, idea lis tas e sonhadores, transformam em arte e documento, ambos indispensáveis à vida em so cie da de.
Se os governantes e as políticas públicas gestadas sob seus comandos não atrapalharem, repito, a indústria gráfica con ti nua rá sempre presente e atuan te, gerando emprego e renda e, mais que isso, ta tuan do o imaginário de quem sabe seu valor histórico e lúdico, além do econômico e so cial.
Roberto Nogueira Ferreira é consultor da Abigraf Nacional em Brasília. roberto@rnconsultores.com.br