6 minute read
ENTREVISTA GALUCHO
EXPLICAÇÃO HISTÓRICA
A Galucho utilizou as cores preto e laranja nos seus equipamentos até ao final da década de 1970, época em que a atividade da Galucho cresceu exponencialmente e a marca se afirmou ao mercado nacional mas também pelos quatro cantos do mundo. Ao entrar no segundo século de existência, a Galucho decidiu voltar a utilizar aquelas cores para os equipamentos, recuperando assim, uma época dourada da sua história, adaptando-a, introduzindo design, modernidade e uma nova dinâmica, projetando a marca para o futuro.
LARANJA E PRETO SÃO AS CORES PARA O NOVO SÉCULO DA GALUCHO
A fabricar há um século “Máquinas para a Vida”, a Galucho aborda o próximo centenário com grande dinâmica produtiva e comercial, tendo o laranja e o preto como novas cores, a partir de outubro, em toda a sua família de produtos. A aceitação é plena e tem superado as expetativas, tanto que a série Centenário esgotou. Entrevista com Jorge Carvalho, diretor comercial da Galucho.
Que estratégia é esta de redefinir as cores da maquinaria?
A Galucho considerou que, por um lado, fazendo jus a estes 100 anos, faria sentido voltar a utilizar essas cores [o laranja e o preto], pois já foram usadas no passado. Por outro lado, do ponto de vista de marketing, seria mais apelativo, e a verdade é que tem sido esse o feedback nos tempos mais recentes na sequência das primeiras experiências, através da Série Centenário, com os modelos “black edition”. Esses modelos tiveram muita aceitação, ainda que tivessem sido vistos em apenas pequenos eventos.
Uma vez adiada para o próximo ano, a Agroglobal, que deveria ter sido realizada em setembro, segundo o habitual formato, não foi a grande montra que os poderia exibir...
Era uma grande aposta, tal como alguns eventos internos que prevíramos realizar, inclusivamente com clientes do estrangeiro. Ponderámos utilizar o nosso training center para podermos realizar apresentações detalhadas e técnicas, para melhor elucidar os nossos clientes e potenciais utilizadores das capacidades das nossas máquinas. A situação da pandemia e os constrangimentos de segurança de todos assim não o possibilitaram.
No fundo, a alteração das cores não é uma completa novidade, pois se se mantém o laranja e o preto, apenas o azul desaparece.
Não o é, de facto, apenas, por uma questão de estética, pois também colheremos vantagens logísticas e um incremento da qualidade dos produtos. Na verdade, em termos operacionais de fábrica foi uma transição pacífica que apenas exigiu um planeamento adequado.
Como vai ser operada esta mudança em termos fabris?
Está tudo super detalhado. Logo nos primeiros meses do ano, quando pensámos nas mudanças de cor, o processo interno ficou todo organizado e perfeitamente definido. Este mês [setembro] já começámos com as novas cores e o lançamento do material para venda ao público, através dos nossos concessionários, iniciar-se-á em outubro e decorrerá até ao final do ano como já foi transmitido aos concessionários e clientes. Os frequentes contactos com os nossos agentes têm feito com que os clientes também já o saibam.
Foi uma reação surpreendente, ou já era esperada?
A começar por mim, que me surpreendi com a beleza dos novos conjuntos. Daí que talvez não tivéssemos antecipado cabalmente o presente interesse e sucesso.
Que famílias de produtos irão beneficiar de tais alterações?
Todas as que são a duas cores mudaram para as atuais laranja e preto.
[Atendendo às atuais circunstâncias] Haverá outras ações de dinamização e divulgação?
Tínhamos previsto para os dias 23 e 24 de setembro ações de demonstração em campo para os nossos clientes, muitos deles internacionais, mas os constrangimentos sanitários aconselharam-nos a não as realizar. E é natural que os clientes também não se sintam muito à vontade com estas visitas, pelo que tais contactos têm vindo a ser feitos pelas nossas equipas comerciais. Nos próximos meses, de forma gradual, iremos dar a conhecer aos nossos agentes e concessionários todas estas mudanças. Foi algo [a pandemia] que nos apanhou a todos de surpresa, a nós e aos nossos concorrentes, naturalmente.
EDIÇÃO CENTENÁRIO SEM NÚMEROS PARA MAIS UNIDADES
Os registos de encomendas já são bem demonstrativos do sucesso das novas cores, da “black edition” criada pela Galucho para assinalar o seu primeiro centenário. “O mercado nacional tem-se portado muito bem no que se refere a vendas e o sucesso tem sido total”, explica Jorge Carvalho, referindo-se às séries “black edition” [edição Centenário], cujas máquinas são numeradas e limitadas em termos de produção. “Acontece que muitos clientes, quando se aperceberam da beleza dos produtos que estávamos a vender, também nos pediram dessas unidades. Ora, tais numerações esgotaram-se e por questões de ética e de coerência não nos é possível produzir mais. Foi algo frustrante ter clientes e concessionários a solicitar-nos mais daquelas unidades. Porém, de agora em diante já poderemos satisfazer esse mercado, ainda que já não possam ser da edição Centenário a que muitos gostariam de ter tido acesso.”
Resultados dos reboques agrícolas ainda podiam ser melhores
A performance de vendas dos equipamentos de reboque agrícola está a ser muito lisonjeira para a Galucho, uma vez já conhecidos os números de novas matrículas efetuadas até ao final de julho (dados da ACAP, com origem no IMT), subindo à liderança da tabela e com mais 144 unidades registadas face a idêntico período de 2019. De acordo com o diretor de vendas da Galucho, tal performance ainda poderia ser melhor, não fossem algumas particularidades no processo administrativo a que a marca é alheia. “O atraso nas aprovações das novas homologações por parte da tutela têm provocado constrangimentos às necessidades dos operadores. É um dos problemas críticos e permanentes na área comercial. Por vezes torna-se difícil explicar aos clientes, alguns deles com encomendas feitas há meses, a razão pela qual os reboques estão prontos, e no nosso parque, e não os podemos entregar, apenas porque o processo administrativo é muito lento”, diz Jorge Carvalho, sublinhando que a otimização e maior capacidade do departamento produtivo, cada vez mais bem sincronizado com a vertente comercial, faz com que os prazos acordados com os clientes seriam escrupulosamente cumpridos com os clientes não fosse a máquina administrativa emperrar. Explicações não as há. O que está a acontecer é que a fábrica continua com requerimentos entregues ao organismo estatal competente para resolução de questões relacionadas com homologações e os prazos de resposta continuam por satisfazer, sublinha Jorge Carvalho.
Casos houve em que material pretendido por clientes para as vindimas, outros, também, para a colheita da azeitona, levaram a que a Galucho continue a socorrer-se de soluções alternativas para não deixar o cliente “descalço”, quando tais produtos estão prontos no parque de máquinas. Num mercado de máquinas agrícolas em recuperação, mas ainda deprimido, e com um país em recessão, dir-se-ia tratar-se de um contrassenso económico. “As colheitas não podem esperar por morosos procedimentos administrativos”, rematou o diretor comercial da Galucho.