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ENTREVISTA
INESC TEC mantém enfoque nas máquinas e alfaias florestais
Em 2019, participámos no workshop ‘BIOTECFOR – Máquinas e alfaias florestais’, organizado no Porto pelo INESC TEC. O evento reuniu prestadores de serviço do ramo florestal e alguns fabricantes nacionais de máquinas e alfaias, com o objetivo de identificar as necessidades de inovação para a limpeza florestal e a recolha de biomassa.
POR JOÃO SOBRAL
Agora que se completa um ano e meio após a realização deste encontro, voltámos a conversar com Filipe Neves dos Santos, um dos organizadores do BIOTECFOR, de modo a conhecermos as sinergias geradas por aquela iniciativa.
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O evento e as ideias apresentadas corresponderam às expectativas que o INESC TEC tinha quando lançou a iniciativa? Sim, ultrapassou as nossas expectativas, e pretendemos repetir este ano, a 3 de dezembro. No entanto, em moldes diferentes devido ao contexto atual de pandemia. Nesse workshop conseguimos cativar uma audiência considerável e motivar a discussão aberta em torno das reais necessidades dos prestadores florestais e do sector florestal, o que foi essencial para validar as reais necessidades em termos de inovação no sector da maquinaria florestal nos temas da limpeza, poda, seleção e plantação. Ao contrário de outros sectores e contextos, como por exemplo a agricultura, todos os intervenientes consideraram que este sector tem ainda uma enorme margem de progressão e capacidade de inovação.
Na sua perceção, quais são os constrangimentos que têm impedido ir-se mais além? A fragmentação da propriedade florestal, proprietários individuais com baixas posses, falta de cooperativismo e reduzido investimento na promoção e valorização de produtos e subprodutos florestais são os
principais problemas, que no final limitam a capacidade de investimento do sector num parque de máquinas mais inovador e adequado à realidade portuguesa. Por outro lado, os fabricantes portugueses declaram capacidade de inovar máquinas e alfaias para as necessidades dos prestadores de serviços florestais, mas consideram que existe uma lacuna e falta de capacidade para depois exportar estas inovações para um mercado mais global, necessário para viabilizar o investimento. A questão da falta de soluções e investimento na replantação foi um dos pontos que mais me surpreendeu.
O evento permitiu gerar sinergias para algum ou alguns projetos que estão atualmente a ser desenvolvidos? Sim, esse evento fomentou contactos entre fabricantes e prestadores de serviços do ramo florestal. Desses contactos, tenho o conhecimento de três projetos à medida que estão a ser desenvolvidos por fabricantes para necessidades reais dos utilizadores finais. Apesar de não poder entrar em detalhes, por questões de confidencialidade, esses três projetos abordam o desenvolvimento de alfaias mais eficientes para limpeza florestal.
Especificamente no ramo da floresta, quais são os desafios com que o INESC TEC se confronta e quais são as necessidades concretas, na perspetiva do utilizador final, a que pretende dar resposta? O INESC TEC está neste momento a trabalhar em três frentes. São elas as soluções tecnológicas para inventário e cadastro florestal, as soluções para otimização da cadeia logística do proprietário ao consumidor, para aumentar o valor dos subprodutos florestais, e a autonomização, robotização e eletrificação das máquinas e alfaias florestais, para reduzir custos de operação e valorizar subprodutos florestais.
E no ramo agrícola? O Laboratório de Robótica e IoT para Agricultura e Floresta de Precisão Inteligente do INESC TEC foi criado em 2013, com o objetivo de desenvolver soluções baseadas na robótica, automação e IoT para melhorar os níveis da agricultura e da
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floresta de precisão inteligente (“altura certa, quantidade certa, lugar certo”), rentabilidade e automação nos três ambientes principais: Culturas permanentes (tais como, vinhas em terrenos muito declivosos, olivais e árvores de frutos), colheita de biomassa florestal, e cultivo protegido (convencional ou urbano). Na agricultura, temos uma linha de I&D com mais de dez projetos internacionais relacionados com os seguintes temas: robótica para colheita automática e pulverização em culturas protegidas; robôs para pulverização de precisão e monda em contexto de vinha de montanha; e soluções IoT de baixos custos para monitorização de doenças, produtividades e macronutrientes.
Os departamentos de I&D dos fabricantes mundiais de maquinaria, em parceria com instituições como a AEF Isobus, departamentos de universidades, etc, têm vindo a desenvolver soluções tecnológicas de ponta a um ritmo impressionante. Ao fazer uma aproximação aos fabricantes nacionais, a intenção do INESC TEC é ajudá-los a aproximarem-se do patamar tecnológico em que já estão os fabricantes de outros países? A nossa intensão é desenvolver protótipos até níveis de TRL 8, que se encontrem num estado de desenvolvimento muito próximo do conceito “chave na mão” que facilite a transferência para as típicas empresas portuguesas. Esta intenção é guiada pelo objetivo de desenvolver soluções robóticas e IoT considerando as especificidades da agricultura e da floresta de Portugal
A aplicação de sistemas
robóticos inteligentes em máquinas de pequeno porte, para que possam trabalhar na floresta de forma semi-autónoma ou autónoma, é uma das áreas em que o INESC TEC está a trabalhar
e que sejam acessíveis às pequenas e médias empresas agrícolas, mas, claro, que tenham impacto num contexto global. Desta forma acreditamos que podemos ajudar as empresas portuguesas a atingir e ultrapassar o patamar de inovação de grandes players internacionais.
Presentemente, está em desenvolvimento a implementação em Portugal de uma rede de laboratórios colaborativos. O INESC TEC terá ligação a esta rede? O INESC TEC já está presente nestes laboratórios colabo-
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Filipe Neves dos
Santos é Investigador Sénior no INESC TEC, Responsável pelo Laboratório de Robótica e IoT para Agricultura e Floresta de Precisão Inteligente
rativos com diferentes níveis de envolvimento.
A nível internacional existem diversas instituições a desenvolverem tecnologia para a agricultura e floresta. O INESC TEC mantém parcerias internacionais com entidades congéneres? O INESC TEC é uma instituição internacional, contando com uma replicação do mesmo modelo português no Brasil (INESC P&D brasil). As parcerias do INESC TEC são inúmeras em todas áreas das TICE e Robótica, com uma ligação primordial a instituições europeias, norte-americanas e brasileiras. Ao nível da agricultura e floresta existem três domínios de cooperação muito ativos: robótica, fotónica aplicada, IoT e agricultura de precisão. A nível da robótica, o INESC TEC integra a rede europeia – de Digital Innovation Hubs – focada na aplicação da robótica na agricultura e floresta, através do projeto AgROBOfood (https://agrobofood.eu/). ¢
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