Moda Lisboa SS/2017

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#. OUT . 2016

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Ficha técnica Edição Pasma Almeida, Entrevistas e Textos: Flora Torralvo Fotografias: João Portela; José Correia

04 | Eduarda Abbondanza

06 | Nuno Gama 14 | Nadir Tati

Design Gráfico: Ana Antunes

22 | SayMyName 26 | Filipe Faísca

About Fashion & Lifestyle aboutmaggeral@gmail.com

OUTUBRO 2016 • BIMENSAL • GRÁTIS • REVISTA ONLINE Interdita a reprodução, total ou parcial, e através de qualquer meio e para qualquer fim. A responsabilidade sobre a exactidão, veracidade e caracteristicas dos produtos ou serviços publicitados, é exclusivamente dos respectivos anunciantes.


Editorial Caros leitores , Chegou mais uma edição da ModaLisboa. Durante três dias a ModaLisboa Together juntou criadores, autores, produtores, imprensa nacional e internacional e muitas celebridades. Sob o lema “Together” , esta é uma edição que teve o objetivo de promover “a troca de ideias entre designers, comunicadores e todos os agentes envolvidos na indústria e criação de moda, convidando a uma reflexão sobre as mudanças constantes da moda. ModaLisboa Together assinalou os 25 anos da ModaLisboa, numa edição que arrancou esta sexta-feira, no Pátio da Galé, em Lisboa, com a apresentação das novas coleções de vários criadores como Ricardo Preto, Catarina Oliveira, Morecco e de novos talentos com o segmento Sangue Novo. Uma edição marcada pela presença de algumas celebridades como Alexandra Lencastre, Ana Salazar, Joana Solnado, Ricardo Carriço, Marina Albuquerque, Iva Lamarão, Nuno Guerreiro, entre muitos outros… A revista About esteve presente para registar os melhores momentos, dentro e fora da passerelle. O segundo dia da ModaLisboa contou com os desfiles de estilistas como Nuno Gama, David Ferreira, Valentim Quaresma, Cia Marítima, SayMyName e Dino Alves, entre outros. Destaque para Nuno Gama que abriu o certame com muito sol, barcos, colchões e pratos à mistura e Dino Alves, que fechou o dia com um aviso ecológico, chamando a atenção para a destruição da natureza e suas consequências. A marcar o último dia do certame estiveram Ricardo Preto, Olga Noronha, Patrick Pádua, Filipe Faísca, Ricardo Andrez, Nadir Tati, Kolovrat e Luís Carvalho. Ricardo Preto surpreendeu ao fazer um desfile num stand de automóveis de luxo no Príncipe Real, inspirado na beleza luxuriante das Filipinas e nas linhas puras da Arquitetura moderna. Filipe Faísca celebrou os 25 anos de carreira em plena passarelle distribuindo rosas pelo público. E Luís de Carvalho fechou esta edição da ModaLisboa ao som de música ao vivo e com uma grande bola de espelhos pendurada no teto, que fizeram vibrar a audiência que batia palmas ao ritmo da música. Além dos desfiles, a ModaLisboa apresentou várias iniciativas abertas ao público, que decorreram no nº 31 da Praça do Município,como a exposição de fotografia Workstation, e também um pequeno mercado chamado de Wonder Room, que reuniu 20 marcas nacionais, de diversas áreas que desde vestuário, joalharia, calçado aos acessórios, perfumaria e até papelaria. Foi com esta alegria e com muito estilo que chegou ao fim mais uma grande edição de ModaLisboa que promete voltar em Março de 2017.


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EDUARDA ABBONDANZA

Eduarda Abbondanza é a cara da ModaLisboa e esteve à conversa connosco.


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About: 25 anos de ModaLisboa, qual é o balanço que faz? Eduarda Abbondanza: Ótimo! (risos) 25 anos de muito trabalho, se bem que eu vou já dizer uma coisa, eu sou péssima nisto! Eu só olho para trás para determinar o que é que vou fazer a seguir, portanto, eu não sou nada saudosista. As memórias da ModaLisboa têm de ser contadas, escritas e filmadas, mas eu já expliquei à equipa que eu estou no ativo, eu fiz portanto eu não posso fazer tudo, não posso também contar. Que encontrem outros relatores que não eu, porque eu estou sempre a olhar para o presente, um pouco para o futuro, para tentar perceber o que é o futuro, mas pronto. 25 anos foi um trabalho intenso, quando começámos não havia a palavra design em Portugal, ninguém sabia o que era, não havia ensino de moda em Portugal, neste já há área de investigação pós-doutoramento, 50 mil universidades e escolas… Não havia revista de moda com exceção da MarieClaire, era a única que entretanto acabou. Não havia fotógrafos de moda, naturalmente, vinham de outras áreas… Foi toda uma geração que aprendeu a fazer em conjunto e pelos seus próprios meios.

About: Não deve ser tarefa fácil organizar um evento desta envergadura… Eduarda Abbondanza: Não é. Não é por uma razão que é: nós nunca fazemos uma edição que não tenho retificações e objetivos diferentes do anterior, portanto, nós revemos tudo. Em 6 meses nós não conseguimos chegar a todo a lado, e portanto é por áreas numa edição são mais umas áreas, depois na edição a seguir outras, depois na edição a seguir outras… mas, então agora com este crescimento da comunicação para todos nós, temos muito mais plataformas de comunicação, e os conteúdos não podem ser os mesmos, os conteúdos são cirúrgicos para cada plataforma, etc. Digamos que a comunicação é uma parte que tem de ser questionada permanentemente porque está sempre em mutação, a maneira como se comunica, o que se comunica, como, com quem, de que maneira, não é? E também como as novas gerações de criadores não têm os mesmos problemas que tinham há uns anos atrás. E Também são novas gerações, portante há que entendê-los, há que perceber o que os motiva e o que é que querem da vida, etc e por aí fora, e na área da moda qual é o seu lado aspiracional. E portanto, tudo isto é um trabalho... é uma grande trabalheira, mas é um trabalho muito interessante. Eu acho que, a minha vida é uma vida com uma grande canseira, sempre trabalhei muito, toda a vida, toda a vida trabalhei muito, sempre. Agora não sou workaholic, já fui no passado, agora já não. Tive uma doença há quatro anos, que me ensinou a gerir a vida de outra maneira. Mas do trabalho, a todos nós resulta uma satisfação, um prazer, que nos permite continuar sempre.

About: Muito obrigada Eduarda!


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Nuno Gama About: Desenhar para homem, é um grande desafio? Nuno Gama: Eu acho que é um desafio como todos os outros desafios, que é o abdicarmos de tudo o resto em prol dos outros. Que é de repente deixarmos de ser nós, percebermos o que é que os outros têm para nos dizer e como, e deixarmos que isso faça caminho, que com isso seja conduzido a um determinado ponto. E eu acho que esse exercício para mim é absolutamente fascinante. Que é o continuar ao fim destes anos todos, com este prazer de fazer isto, o prazer de, não só fazer a coleção, mas o todo, este espaço o espaço lá fora, a mensagem que passamos às pessoas, pedir às pessoas para passarem um bocadinho que as diferenças não são assim tão importantes e que é muito melhor pensar naquilo que nos une… e espero que não levem a mal e não considerem isso abusivo, mas eu acho que já tenho idade para isso, acho que já estou naquela idade de maturidade de fazer estas coisas, acho que tenho essa obrigação. Acho que as pessoas que aqui vêm também têm essas expetativa de mim de: Porque é que esta marca é diferente? E esta marca tem essa diferença.

About: Na sua opinião, o que as pessoas vestem diz muito sobre elas? Nuno Gama: Sim, bastante, bastante, muito mesmo, as pessoas às vezes nem sabem quanto, mas também não temos que dizer tudo! (risos)

Como surgiu a ideia de criares a tua própria marca de roupa? Sempre cresci meio erro de trapos: as na minhas duasdos avòsportueram About: Qual é onomaior que vê escolha costureiras a minha mãea acabou gueses no seueoutfit no dia dia? inevitávelmente por também costurar e sempre deu uns ‘’arranjinhos’’ lá por casa. Esse Nuno Gama: Muitas vezes pessoas terem algum cuibichinho ficou comigo e as mais velha não comecei a também eu dado em terem coisas adaptadas e proporcionadas à sua fafiquerer saber fazer as minhas próprias roupas, daí até querer sionomia. Às vezes é mais no homem, do que nas senhoras, zer a minha própria marca de roupa foi um passo. também é nas senhoras, mas no homem vê-se muito, que é imagine uma pessoa tem um bocadinho mais de barriga e o casaco já não cabe, tem de comprar vários tamanhos acima até caber a barriga, só que quando compra um casaco acima começa a sobrar nas mangas, e não custa nada, suba as mangas, arranje as mangas, que parece que roubou o casaco a alguém que estava a passar e assim não teve tempo de fazer arranjos… São estas pequenas diferenças que às vezes nos dão qualidade de vida e prazer na nossa vida, que eu acho que é uma coisa fundamental, que é, nós só temos esta experiência não temos outra e acho que é extremamente impor-


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tante que saibamos usufruir da nossa melhor maneira e que saibamos com isso contribuir de alguma forma para o mundo e para enriquecer as outras pessoas. E se nós conseguirmos atingir este grau de felicidade que é “Não importa aquilo que recebemos, importa aquilo que damos”, porque aquilo que damos é importante para nós, é importante para mim eu ter feito aquilo que fiz hoje e é importante, porque é como se eu matasse a cheia que eu tinha que esvaziar, portanto, eu agora se esvaziei a minha taça, posso vou preenchê-la com outra coisa. E é sempre isto de seis em seis meses, a gente deita fora e enche de novo! (Risos)

About: O Nuno tem sempre aquele cuidado de fazer algo original, como pudemos ver, em que é que se inspirou nesta coleção? Nuno Gama: Na vida das pessoas à minha volta, escutar as pessoas, ouvir, tentar perceber porquê, como, quando, viver com essas dúvidas, tentar fazer parte da vida delas de alguma forma. Eu acho que é essencial, às vezes fazer a diferença não custa nada, nada, mesmo. Às vezes, basta um pequeno gesto e às vezes até um grande esforço de paciência, mas fomos lá, demos o nosso melhor e eu acho que isso é que é fundamental.



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About: E aqui um pequeno detalhe, mas grande nesta nova coleção, em que podemos apontar para os colchões. Esta é uma nova parceria? Nuno Gama: Uma nova parceria que nasceu exatamente há um ano atrás, em que íamos fazer “Os Lusíadas” ao ar livre, por trás da ModaLisboa, infelizmente o tempo pregou-nos uma partida e tivémos de abortar a ideia à última da hora. Os colchões já estão a ser comercializados, está a ser um sucesso, e acho que fazia todo o sentido neste espaço grande gigantesco, dar-lhe aqui uma forma diferente das pessoas verem a coisa de uma forma confortável, divertida, não devemos estar ali de uma forma rígida, hirtos e mortos quase porque estamos a ver um espetáculo. Não, devemos estar confortáveis!


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About: Obrigada e ParabĂŠns! Nuno Gama: Obrigado!


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Nadir Tati About: Como foi a sua passagem de modelo para designer? Nadir Tati: Eu sou muito curiosa, sempre gostei de desenhar, sempre gostei de fotografia, gosto de artes...Não foi uma passagem difícil, até porque já estava dentro do meio, portanto foi fácil, porque eu sou mesmo curiosa. E sou muito atenta, penso que estar atenta, e crescer no meio em que eu cresci, porque eu viajei por muitos países, andei em muitos locais, eu consegui de alguma forma, adquirir ali aquilo que eu precisava, as ferramentas que eu precisei para poder estar onde eu estou hoje. E então, é uma honra, é com grande carinho que eu hoje sou recebida numa sala completamente cheia, com muito carinho por parte do público português, mas os africanos também, e de um todo grupo de manequins que trabalhou comigo e ainda hoje vieram, especialmente, de Angola para este evento. Portanto, dizer que eu sou uma mulher feliz, e dizer que “Caminhos da alma” é o tema da minha coleção, foi de fato uma coleção, não foi fácil, mas foram os caminhos que eu precisei para chegar e estar aqui hoje.

About: Esta é uma coleção um pouco mais arrojada! Nadir Tati: Achou? Sentiu? As minhas coleções são sempre um bocado arrojadas, há ali uma mistura muito grande, de muitos sentimentos, muitas cores, e também daquilo que é o posicionamento da marca, que é uma marca forte. Então, quando eu entro, entro no sentido de fazer um espetáculo, e penso que foi este o resultado de hoje à noite. Lindíssimo, só tenho a agradecer, foi de fato espetacular.

About: Onde é que é possível encontrar as suas peças? Nadir Tati: Neste momento em Angola, eu tenho clientes em quase toda a parte do mundo, mas a minha base continua a ser Angola. Em Portugal, fico mais dois dias por causa do posicionamento da loja, que no princípio era Cascais, mas no último minuto decidi mudar para Lisboa, que eu penso que é onde tudo acontece. Então vamos investir e vamos segurar Lisboa, assim com muita força. About: Parabéns e continuação de sucesso! Nadir Tati: Muito obrigada!


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Design: Bruna Monteiro | Modelos: Barbara Franco – Central Models | Joana Morreira – Best Models | Márcia Assunção – Miss República Portuguesa | Renato Silva – Fashion Studio Agency | André Cordéro - Fashion Studio Agency | Fotografo: José Correia | Cabelo: Eugénio Violante | Maquilhagem: Patrícia Ribeiro | Estúdio: WTV


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SayMyName About: Porquê vestir mulheres?

About: Em que é que se inspirou para esta coleção?

SayMyName: Esta coleção, eu quis voltar um bocadinho aos anos 90, ao street wear, inspirei-me um bocadinho numa experiência que eu tive no meu primeiro trabalho com uma marca francesa de street wear que na altura era muito conhecida, e eu apreciava a maneira como eles trabalhavam, porque eles, tudo envolvia muito o breakdance, o graffiti, o street art. E eu fui About: Como se sente ao ser um fenómeno entre as buscar o bocadinho disso, obviamente modernizado, figuras públicas no Japão? e depois acabei por ter uma rapariga mais irreverente, muito preocupada com as tendências, só que depois é SayMyName: Eu não me considero um fenómeno, um bocadinho perdida com os rapazes, ela e as amigas, não vejo as coisas dessa maneira, para mim o que im- por isso o tema “Kiss me like you miss me”. porta é que as pessoas consumam a marca, mas depois, eu Catarina, acabo por ser um bocadinho discreta em relação a isso. Não gosto de ser...Sou low profile, como About: Considera que há alguma peça imprescindível se diz. no armário de uma mulher? SayMyName: E porque não? Não vou dizer que é mais fácil vestir mulheres, mas acaba por ser mais acessível vestir mulheres. Homem não é fácil, eu já desenhei homem, e é algo que é um desafio, mas a mulher acaba por ser mais fácil, sim, mas é boa pergunta sim.

SayMyName: Qual a peça que eu acho imprescindíAbout: Mas ver um sucesso atingir o Oriente não é vel? Talvez as calças de ganga, porque combina com fácil, não dever ter sido fácil. tudo sim! Talvez as calças de ganga! SayMyName: Não é fácil e dá muito trabalho, até porque é um mercado que é difícil para entrar, e eles são About: Obrigada e Parabéns! extremamente organizados, e eu também o sou, e tem sido muito vantajoso. Não só o Japão, eu comecei pri- SayMyName: Obrigada! meiro com a China, só agora é que estou a entrar mais pelo Japão, mas inicialmente o meu sucesso na Ásia foi pela China e não o Japão.


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Entrevista Filipe Faísca About:25 anos de carreira… Filipe Faísca: De fato é um número 2 e 5 são 7, um bom número! Mas para além disso tudo, às vezes tem de olhar para trás e ver o que já fez, o que é para continuar e o que é para deitar fora. Às vezes é preciso fazer assim umas limpezas, tudo isto pode parecer muito concetual, como é que uma pessoa parte para uma coleção com estas premissas. Ir à procura de um fio condutor que liga, o que há de comum em todas estas coleções, o que é que se manteve em relação às formas. È de fato olhar para o meu trabalho, o que é que eu já fiz, porque o mercado muda muda tanto, e é tão diferente de dia para dia, que eu agora estava assim, as pessoas que me viram pela primeira vez em 2006, não se lembram da minha roupa, não faziam a menor ideia nem sequer conheciam Filipe Faísca, portanto, foi recuperar muito a perícia e o trabalho artesanal do nosso atelier, a costura, ligar muito ao artesanato, dar muita importância ao artesanato português, e aqui neste caso, sobretudo ao Algarve. Eu sou algarvio, eu tenho família algarvia, e o Algarve é sol, é praia, é mar, é terra, é ar, água, percebe? E esta coleção transmite muito isso, sobre a terra, e esta coleção transmite muito isso sobre a terra e a forma como nós vamos mexendo nela. About: Ia precisamente falar também dessa nova coleção, das cores… Como é vestir uma mulher? È sempre diferente?

Filipe Faísca: Eu não sei como é vestir uma mulher, quer dizer, para mim é tão simples! E basicamente, a mensagem mesmo é: Vamos fazer a festa, quando é o caso de nos vestirmos! Não vamos fazer problema. Portanto é ajudar as pessoas a vestirem-se, basicamente é isso, percebe, é tornar a coisa muito mais divertida, colorida… Propor hipóteses, propor cenários, você o que viu ali foi propostas de cenários… O ir apanhar figos… About: E porque não?! (Risos)



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