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Uma vez associado, para sempre com a AAC
- POR EDUARDO NEVES E SIMÃO MOURA -
Muitos caminhos levam à Associação Académica de Coimbra (AAC). Como instituição única no país, a inscrição e matrícula na Universidade de Coimbra leva a mais um associado da Casa. Desde associados efetivos a seccionistas, a Académica pode crescer em membros de muitas vertentes. No entanto, há um título que se destaca. Um associado honorário difere na forma como se insere na Casa, na medida em que não entra em contacto ativo com a mesma, mas fica marcado na sua história.
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Os Estatutos da AAC fazem menção a este tipo de afiliação. No primeiro título, referente a “Parte Geral”, no artigo décimo quinto pode ler-se: “pode ser outorgado o título de associado honorário a qualquer pessoa, singular ou coletiva sem fins lucrativos, cuja probidade, superioridade ética e percurso de vida personifiquem os princípios da AAC, através de proposta feita pela DireçãoGeral da AAC (DG/AAC) ou pelo menos 10 por cento dos associados efetivos e aprovada em Assembleia Magna (AM) convocada só para esse efeito”.
Nesse sentido, no passado dia 24 de março, a Associação também cresceu com a condecoração do antigo presidente da DG/AAC, Cesário Silva, como associado honorário. A atribuição surgiu no mês que assinala um ano após o seu falecimento e, em especial, no Dia do Estudante. Segundo o presidente da DG/AAC, João Caseiro, que integrou a equipa de Cesário Silva enquanto vice-presidente, faltava um “grande momento” para o homenagear. Os estudantes de Coimbra dirigiram-se ao Pólo II da Universidade, lugar onde o falecido dirigente estudava, e onde esta moção foi aprovada por unanimidade, numa AM que demorou cerca de sete minutos.
Para o atual dirigente associativo, um associado honorário é uma “pessoa com reconhecido mérito na Académica” e que teve um percurso ligado a ela. Este torna-se um “reconhecimento que perdura”, além de um título de associado
“muito diferente”, acrescenta. João Assunção, ex-presidente que antecedeu o mandato de Cesário Silva no órgão executivo, vê este título como uma “menção honrosa” dada àqueles que “deram a sua dedicação à causa academista”. Adiciona que esta condecoração “emérita” é comum em outras associações do país, seja a título póstumo ou não.
João Caseiro considera que a atribuição do título a Cesário Silva se justifica pelo percurso que tomou na Academia. Desde o Núcleo de Estudantes de Informática da AAC ao edifício sede, o antigo aluno “fez todo o seu percurso na Académica”, que culminou com a ascensão a presidente da DG/AAC. Além disso, enalteceu o “espírito de líder” de Cesário Silva e exemplificou com o planeamento inicial da manifestação nacional no Dia do Estudante, que decorreuem março de 2022, em Lisboa.
Como título diferenciado dos demais associados, esta nomeação está sujeita a aprovação em AM expressa apenas para este efeito. Na votação da atribuição, a taxa de aprovação tem que igualar ou exceder dois terços do quórum. Acresce também a ressalva de que a concessão do estatuto de associado honorário pode ser outorgada a título póstumo, tal como sucedeu a Cesário Silva.
João Assunção também participou na condecoração de um associado honorário. Trata-se de Manuel Alegre, escritor, antigo estudante da Universidade de Coimbra e, desde 2021, sócio eterno da AAC. Esta proposta, feita por parte da sua equipa, teve por base o passado do poeta, que o ex-presidente considera uma figura “incontornável” da Academia, que “representa de forma condigna os valores da AAC em termos culturais e desportivos”.
Junta-se assim Cesário Silva à lista em que figuram Rui de Alarcão, Francisco Salgado Zenha e Alberto Martins. Para João Assunção, estes elementos têm em comum momentos únicos na academia. Nesse sentido, afirma que também Cesário Silva ascendeu a um patamar onde devia ser homenageado, pois o ex-dirigente deixou a comunidade académica de modo “trágico” em representação da AAC, como explica. Acrescenta que se tratam de “passagens diferentes” pela Casa, mas, de igual modo, importantes para a sua história.
O antigo dirigente não descuida, no entanto, a importância dos vários associados ativos na AAC. João Assunção considera que “quem faz a Académica são os associados efetivos, seccionistas, e os anteriores interessam num ponto de vista histórico”. Desta forma, não relaciona o título de associado honorário com os restantes, visto que se tratam de “títulos muito diferentes” que não devem ser hierarquizados. João Caseiro complementa a ideia ao declarar: “Académica é maior que todos nós”, e a relevância destes títulos está a par da existência da mesma.