ANO l
Nº 06
Taubaté / SP
Junho de 2014
Pág.02 Uma reflexão para todos
Pág.03
EM TODAS ENCARNAÇÕES SEREI MÉDIUM, MAS DE QUEM
Pág.04
ORAÇÃO NOSSA
Pág.04
O ESPÍRITISMO É UMA RELIGIÃO Pág.06 RESPONSABILIDADE DOS MÉDIUNS
Pág.07 REENCONTRO COM OS ENTES QUERIDOS APÓS A DESENCARNAÇÃO
Pág.08 MÉDIUNS ESPÍRITAS Pág.09 BATISMO UMA VISÃO ESPÍRITA Pág.10
Pág.12
DESPERDÍCIOS QUE DEVASTAM E MATAM PELA FOME Pág. 02
Espiritismo para todos
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Junho de 2014
UMA REFLEXÃO PARA TODOS
Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.
Nosso orgulho, nossa vaidade, nossa arrogância, nos impossibilita completamente a visão e a razão e não nos dão condições de percebermos o quanto estamos errando.
Estou em uma festa na qual não conheço praticamente ninguém, tenho ao meu lado uma garota a qual estou conversando e, de repente, um sujeito se aproxima para cumprimentá-la e, instantaneamente ao olhar para o mesmo, não me simpatizei com ele, nem ao menos o cumprimentei, pois ele tinha um jeito arrogante. A festa acabou e fui embora. Passaram se alguns dias e, novamente, em outra reunião de pessoas em um restaurante o encontro inevitável e, fatalmente, nos deparamos e começamos a discutir com certa agressividade, exagerada para o momento, mas com o “chega pra lá” dos freqüentadores do local, cada um foi para o seu lado. Em outra ocasião, estou em minha casa e alguém me chama à sala, e ao chegar lá me deparo com o tal individuo à minha espera. Sem esperar, sou tomado por um flash de lembranças e sentimentos, dos quais até o presente momento não compartilhava, nem comigo mesmo. Lembrei-me que havia sofrido um acidente de moto e que, a principal seqüela fora uma amnésia total. Estava naquela casa, sabia que pertencia àquele local, mas as pessoas ali passavam
despercebidas por mim. Todas eram amáveis, recíprocas e próximas, conversei rapidamente e me explicaram que ninguém me cobrava às lembranças por ordens médicas, para não me traumatizar ainda mais e, para que as lembranças viessem naturalmente. Olhei para aquele rapaz e lembrei-me dele, meu irmão, que era casado e morava fora. Eu o amava muito e ele compartilhava do mesmo sentimento por mim. Provocava-me muito, toda vez que me encontrava, na esperança de fazer lembrar-me dele e de tudo, pois não suportava a dor de me ver naquele estado e, nada poder fazer para reverter à situação. Abracei-o com tanta força e chorava de alegria pelo reencontro, agradecia a DEUS por me libertar do tormento do esquecimento, me dando a alegria de estar do lado de quem tanto amava. De repente acordo. Estava eu deitado em minha cama chorando muito e ao mesmo tempo agradecendo muito a DEUS. Fiquei perplexo com o momento. Levantei-me, sentei à cama e, ali fiquei por algum tempo no escuro tentando entender o que havia acontecido, até me acalmar. Então, voltei a me deitar e tive um resto de sono tranqüilo. No decorrer do dia seguinte o sonho não saiu de
minha cabeça e pensei muito sobre o assunto, o sentimento e as emoções que se concretizaram naquele sonho, que se apresentara com tanta realidade para mim. E, mais uma vez, com toda a humildade de meu coração, agradeci fervorosamente aos meus irmãos de Luz por mais uma lição, a qual eu estava precisando. Quantas vezes olhamos para alguém e, sem ao menos trocar uma palavra, somos compelidos por um sentimento de rejeição por esse alguém, sem motivos aparentes. Não paramos para pensar que fomos os principais causadores desses conflitos em vivências anteriores e, que na atual voltamos para aparar as arestas e resgatar nossos desencontros. Muitas vezes, nossos defeitos, nossos recalques, nossas frustrações, nossos condicionamentos, mesmo que inconscientes, não nos deixam em condição de “ver” o que está acontecendo ao nosso redor. Nosso orgulho, nossa vaidade, nossa arrogância, nos impossibilita completamente a visão e a razão e não nos dão condições de percebermos o quanto estamos errando. Se conseguirmos nos libertar dos julgamentos, deixaremos de alimentar nossos preconceitos e, com eles, todos os escudos que nos separam
das outras pessoas. E vendoas assim mais claramente, nelas poderemos nos ver e, todos passaremos a fazer parte de uma humanidade muito maior. Somos espíritas, católicos, evangélicos, sejamos o que for, em nossa caminhada temos que praticar nossa humildade, nossa paciência e aprender a amar ao próximo como a nós mesmos. Devemos tentar nos modificar, ser caridosos, amigos, olhar para as pessoas que nos cercam como pai, um irmão, um filho. Olhando para essas pessoas que estão ao nosso lado com muito amor, com certeza, “Deus” nos abençoará com o amor Dele, com o amor do Pai. Lembrar que, os sentimentos que temos para conosco são o reflexo do que podemos dar ao outro. É através do perdão que cultivaremos a semente do amor. E o amor brotará em cada um de nós. E sendo assim, inimigos não teremos mais. Por isso, elevemos os pensamentos, vibremos em sintonias mais evoluídas, trabalhemos pelo bem do próximo, que tudo se refletirá em nós, como nossa imagem em águas tranqüilas e claras. Antonio Carlos.
As dores inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos Espíritos que as causam. O Espírito é sensível à lembrança e às saudades dos que lhe eram caros na Terra; mas, uma dor incessante e desarrazoada o toca penosamente, porque, nessa dor excessiva, ele vê falta de fé no futuro e de confiança em Deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos
EXPEDIENTE Diretoria: ACAM Colaboradores: • Diversos Editoração Eletrônica: Antonio C. Almeida Marcondes Tel.: (12) 3011-1013 e-mail: acam0000@ig.com.br O Jornal não se responsabiliza por matérias assinadas
que o choram e talvez à sua reunião com estes. Estando o Espírito mais feliz no Espaço que na Terra, lamentar que ele tenha deixado a vida corpórea é deplorar que seja feliz. Figuremos dois amigos que se achem metidos na mesma prisão. Ambos alcançarão um dia a liberdade, mas um a obtém antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria, de sua parte, mais egoísmo do que afeição em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual tempo? O mesmo se dá com dois seres que se amam na Terra. O que parte primeiro é o que primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento em
que a nosso turno também o seremos. Façamos ainda, a este propósito, outra comparação. Tendes um amigo que, junto de vós, se encontra em penosíssima situação. Sua saúde ou seus interesses exigem que vá para outro país, onde estará melhor a todos os respeitos. Deixará temporariamente de se achar ao vosso lado, mas com ele vos correspondereis sempre: a separação será apenas material. Desgostar-vos-ia o seu afastamento, embora para o bem dele? Pelas provas patentes, que ministra, da vida futura, da presença, em torno de nós, daqueles a quem amamos, da continuidade da afeição e da solicitude que nos dispensavam;
pelas relações que nos faculta manter com eles, a Doutrina Espírita nos oferece suprema consolação, por ocasião de uma das mais legítimas dores. Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se. Impacientemente suportamos as tribulações da
vida. Tão intoleráveis nos parecem, que não compreendemos possamos sofrê-las. Entretanto, se as tivermos suportado corajosamente, se soubermos impor silêncio às nossas murmurações, felicitar-nosemos, quando fora desta prisão terrena, como o doente que sofre se felicita, quando curado, por se haver submetido a um tratamento doloroso.
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Junho de 2014
DESPERDÍCIOS QUE DEVASTAM E MATAM PELA FOME
(Jorge Hessen)
Uma em cada oito pessoas no planeta continua sem alimentos suficientes para comer. Embora grande parte da população mundial passe fome, o problema nem é a falta de comida. “Um terço da produção de alimentos no planeta é desperdiçado entre a colheita e a mesa do consumidor. No Brasil, quarto maior produtor mundial de alimentos, 50% do estoque se perde na cadeia de distribuição.” Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), comprovam que um terço da produção total, em nível mundial, é dilapidado por negligência de manuseio. Pelo menos 10% se perdem nas plantações. Do restante, 50% são perdidos na distribuição, no transporte e no abastecimento. E do que sobra, 40% se perdem na cadeia do consumo, como nas feiras livres, no setor hoteleiro, nos restaurantes e fornecedores de comida a eventos. Se fosse possível recuperar um quarto do desperdício da população mais abastada, daria para alimentar 20 milhões de pessoas miseráveis a cada dia. O desperdício é uma tragédia. Um estudo realizado há dez anos descobriu que os americanos descartam 27% da comida disponível para o consumo. São números assombrosos! Os países industrializados apresentam o maior desperdício, porque têm o hábito de inutilizar comida em bom estado, às vezes só porque não tem boa “aparência comercial”, como ocorre nos Estados Unidos e na Europa. Lamentavelmente a legislação de vários países não permite doações (para instituições filantrópicas) da sobra da qualificação de alimento, ainda que em perfeitas condições de consumo. Como se não bastassem os “desperdícios”, há pesquisas que projetam drástico quadro de fome generalizada, por “escassez” de comida, para daqui a 3 décadas, quando o planeta atingirá o número 9,2 bilhões de habitantes. Atualmente, tem ganhado um novo fôlego no ambiente interacadêmico a escola dos neomalthusianos. Havia cerca de 1,5 bilhão de habitantes na época de Kardec, e estima-se que atingiremos pelo menos 11 bilhões daqui a meio século. Muitos creem que a matriz da questão é a explosão demográfica em face de um meio ambiente bastante degradado. Todos os absurdos
das teorias sociais decorrem da ignorância humana relativa à necessidade de sua cristianização. Nunca tivemos tanta capacidade de proporcionar bem estar, casa, educação e alimento a todos, embora tenhamos que conviver com bilhões de desabrigados, famintos e, principalmente, carentes de educação. Deus nos deu inteligência, raciocínio e razão, justamente para enfrentar os inúmeros desafios sociais. Vivemos em um momento de transição em que talvez não sejam encontradas as soluções ideais para o problema da fome e, quiçá, para outros igualmente cruciais, mas temos uma luta árdua para encontrar melhores caminhos para esse flagelo. A ciência, que fertilizou a terra, controlou pestes e reinventou sementes, haverá de se relacionar mais uma vez com a natureza para obter novos resultados para a humanidade do futuro. Terá que nos tirar do atoleiro da possível escassez de alimentos, inclusive por desperdício. Até porque, Deus se manifesta ao homem através do próprio homem e “Deus provê para que haja equilíbrio entre a população crescente e os meios de subsistência”. É triste a constatação, porém, de que hoje, a cada cinco segundos, (isso mesmo! cinco segundos) morre uma criança na Terra em decorrência de problemas provocados pela carência de calorias e proteínas mínimas para sobrevivência. É dramático que a humanidade, em meio a progressos estupendos, como a capacidade de escavar o solo de outro planeta em busca de vida, seja ainda assombrada pelo fantasma da fome. Em 2015 a população mundial terá cerca de 600 milhões de bocas a mais para se alimentar. A pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus membros. “Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus Cristo, a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos”. “A Fome já castiga mais de 1 bilhão” , informou o Correio Braziliense há 5 anos. A ONU sinaliza que a falta de alimentos atingiu nível inédito. No tétrico cenário terrestre, há uma estúpida realidade de falta de comida, principalmente, em sete países, onde vivem 65% dos famintos: Índia, China, República Democrática do Congo, Bangladesh, Indonésia, Paquistão e Etiópia. Uma tragédia que já alcança 1 bilhão
e duzentos milhões de pessoas em todo o planeta, e ganha contornos ainda mais nefastos quando a ajuda alimentar atinge seu mais baixo nível, em duas décadas (muitos países ricos têm cortado o financiamento à assistência alimentar). O alerta foi dado pela norte-americana Josette Sheeran, diretora executiva do Programa Mundial de Alimentação da Organização das Nações Unidas (PMA). O homem cibernético perambula pelas estradas da vida sobre os espólios de suas agonias esfaceladas. Sonha com os planetas, as estrelas, as galáxias, porém nega impassível um naco de pão ou um prato de comida ao esfomeado que lhe bate à porta ou que lhe exora cuidado fraternal nos calçadões frenéticos das metrópoles. O homem tecnológico prega a paz e fabrica os canhões homicidas; pretende solucionar os problemas sociais e intensifica a construção das cadeias e prostíbulos. “Esse progresso é o da razão sem a fé, onde os homens se perdem em luta inglória e sem-fim”. Na hora atual da humanidade terrestre, em que todas as conquistas da civilização se subvertem nos extremismos, o Espiritismo é o grande iniciador da questão social, por significar o Evangelho redivivo que as religiões literalistas tentam inumar nos interesses econômicos e na convenção exterior de seus prosélitos. Talvez estejamos vivendo agora na Terra um crepúsculo, ao qual sucederá profunda noite; e ao século compete a missão do desfecho desses acontecimentos espantosos. Revendo os quadros da História do mundo, sentimos um frio cortante neste crepúsculo doloroso da civilização ocidental. Lembremos a misericórdia do Pai e façamos as nossas preces. “A noite não tarda e, no bojo de suas sombras compactas, não nos esqueçamos de Jesus, cuja
misericórdia infinita, como sempre, será a claridade imortal da alvorada futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.” “Então, perguntar-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? - Quando foi que te vimos sem teto e te hospedamos; ou despido e te vestimos? - E quando foi que te soubemos doente ou preso e fomos visitarte? - O Senhor lhes responderá: Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes.” Referências bibliográficas: (1) Disponível em http:// g1.globo.com/mundo/noticia/2013/10/umaem-cada-oito-pessoas-no-mundo-passafome-1.html (2) Disponível em http:// www.ebc.com.br/noticias/brasil/2014/05/ um-terco-do-alimento-mundial-edesperdicado-diz-consultora-da-onu
(3) Disponível em http:// www.ebc.com.br/noticias/brasil/2014/ 05/um-terco-do-alimento-mundial-edesperdicado-diz-consultora-da-onu (4) Em 1803, Thomaz Robert Malthus (1766-1834), economista inglês e ao mesmo tempo religioso ligado à Igreja Anglicana, formulou célebre teoria econômica, baseada em observações colhidas na Noruega, Suécia, Finlândia, norte da Rússia, França, Suíça e na própria Inglaterra, pela qual preconizava abertamente o controle do aumento da população. (5) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: ed. FEB , 2001, questão 687 (6) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditada pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB, 2001, per. 55,92,121, (7) Publicado no Jornal Correio Braziliense edição de 17 de setembro de 2009 (8) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditada pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB, 2001, per. 199 (9) Xavier, Francisco Cândido A Caminho da Luz– ditado pelo espírito Emmanuel, 22ª edição História da Civilização à Luz do Espiritismo (Psicografado no período de 17 de agosto a 21 de setembro de 1938) RJ: Ed FEB 2001 (10) Mateus, 25:37-40
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Junho de 2014
EM TODAS ENCARNAÇÕES SEREI MÉDIUM, MAS DE QUEM? De quem serei médium? Onde vou ser médium? Para que vou ser médium? Iniciar a tarefa mediúnica pela reforma interior (intima)? Quero dar uma palavrinha sobre a Mediunidade, abordando essa questão boba de medo, que espanta todo mundo, fazendo alguns ficarem impressionados pelos corredores. A Mediunidade não é complicada; é muito natural e necessária. Há uma quantidade de espíritos que foram determinados por Deus, o Nosso Pai, para vir fazer o seu progresso aqui. Conforme o nível de evolução deles, alguns se cristalizaram no interior, nas camadas profundas, do Planeta Terra. Outra grande camada ocupa a superfície. Uma terceira camada se sobrepõe à atmosfera, no astral acima do limite do Planeta, vibrante de evolução. Esse conjunto imenso não é fixo, mas se move. Esses companheiros, ora ocupam corpos pesados na superfície da Terra, ora deixam esses corpos para ocupar outros, situados noutras faixas. A humanidade é constituída por todos esses companheiros, e não apenas pela pequena quantidade dos habitantes da superfície da Terra. Eles estão constantemente ligados entre si pelo magnetismo da Terra, por correntes magnéticas potentes, tornando-se impossível separá-las. Estas criaturas são tão unidas e estreitamente ligadas que o que se passa num indivíduo pode penetrar na intimidade de outros. A esta comunhão, a esta participação de idéias, de pensamentos, de vibrações e de energias, nós chamamos de Mediunidade. Vocês estão vendo que não tem jeito de não sermos médiuns. Todos somos. E todos
somos geradores de forças capazes de atuar e de provocar reações em outros seres. Rindo ou chorando, querendo ou não querendo, somos todos médiuns. Dessa forma, quis Deus que o homem fosse auxiliar do homem. Mas, de quem eu vou ser médium? Onde vou ser médium? Para quê vou ser médium? Estas são as questões que devem ser colocadas para vocês mesmos. O problema a escolher, pois, é onde ser médium. Nas casas de repouso? Nos hospitais psiquiátricos? Nas casas de detenção? Nas ruas? Em casas preparadas para conduzir e orientar suas mediunidades? Ser médium de quem? Das trevas? Dos espíritos atrasados que não podem subir à superfície da Terra, permanecendo no interior do globo? É desses espíritos que vocês querem ser médiuns? (Sei que tem muita gente aí falando: “Deus me livre”!) Ou vocês querem ser médiuns entre vocês mesmos, na superfície do Planeta? (Porque vocês podem ser médiuns só de encarnado para encarnado, uma vez que transmissão de pensamento é mediunidade). Se uma criatura anda cultivando mágoa, ambição, ressentimento, desgosto, tristeza, revolta, mesmo que ela ache que não, só vai alimentar o desequilíbrio dos outros, contribuindo para aumentar a revolta, a violência e os desentendimentos. Vocês têm que saber se querem ser médiuns dos desencarnados que perambulam por aí, sem destino, que perturbam os lares despreparados e as pessoas, e procuram casas pa r a m o r a r. S e a s s i m
decidirem vocês, eles encontram guarida em vocês. E vão então ocupar o leito de vocês, a mesa de vocês, o sofá de vocês. Eles vão comer e beber com vocês e vão sugar a energia da fumaça dos seus cigarros. Agora, se vocês querem ser médiuns de uma outra faixa vibratória, se vocês querem ser médiuns dos espíritos trabalhadores da Seara do Mestre Jesus, aí, então, a opção é pelo trabalho da caridade. Nessa opção, vocês vão se entrosar com espíritos também encarnados e desencarnados, mas então, não esperem facilidades, nem sombra e água fresca, nem a bolsa cheia de dinheiro. Esperem trabalho, muito trabalho, trazendo-lhes a renovação e o progresso, porque na Seara do Mestre Jesus não tem lugar para os ociosos. Na Seara do Mestre tem lugar apenas para quem quer trabalhar. Ali progridem, evoluem, acendem as luzes superiores, vão receber muita ajuda, uma vez que Mediunidade é doação. E se vocês são c a p a z e s d e d o a r, ta m b é m serão capazes de receber. Receberão as alegrias espirituais, a força e a coragem para seguir lutando. Receberão o conforto e as luzes do Mestre para clarear seus caminhos. E, a cada vez que se perceberem enfraquecidos, vocês sentirão alguém do seu lado, pronto a ajudá-los. Não vamos pedir que saiam a pregar o Evangelho, não vamos pedir que multipliquem os pães e saciem a fome de alguns dos habitantes deste Planeta. Não vamos pedir que acabem com a violência,nem que transformem alguns corações endurecidos. Vamos pedir, sim, que empreendam a tarefa
de conhecer o Evangelho e o transplantem para dentro de seus próprios espíritos, na transformação das suas atitudes, na aquisição de sentimentos nobres e na sua transformação espiritual. Não vamos exercer esta tarefa lá fora, na construção de grandes obras. Vamos iniciá-la primeiro dentro de cada um de nós, no sentimento da alma, na profundidade do coração. Assim, onde existe o mal e onde existem trevas colocaremos a luz da Doutrina Espírita; onde existe a ignorância trabalharemos a mente no estudo e na observação da vida; onde
houver doença, dor, tristeza, mágoa, angústia, plantaremos a semente da caridade e a regaremos com a oração, para que ela cresça em contato íntimo com o Senhor Jesus. Este é o grande trabalho da Seara do Mestre Jesus e é para essa grande luta que nós os convocamos. É para este trabalho que esta Casa abre os braços e acolhe a todos vocês com alegria e boa vontade. Saibam que todos podem contar com a espiritualidade, porque nós estamos ao lado de vocês nos seus momentos de necessidade. Espírito: Mãe Zeferina.
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Junho de 2014
OS ANIMAIS TÊM ALMA? O que acontece com os animais no mundo espiritual? Os animais reencarnam? Muitos duvidam da existência da alma nos animais, achando que apenas o homem a possui. Outros, entretanto, afirmam que eles não só têm alma, como esta é igual à do homem. Entendendo-se como alma a parte imaterial do ser, o espírito, os animais a possuem sim e esse princípio independente da matéria sobrevive ao corpo físico. Nesse propósito, temos em O Livro dos Espíritos a seguinte explicação: “É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e de Deus”. Na mesma obra, encontramos também um esclarecimento muito importante para o assunto em pauta: “Após a morte, conserva a alma dos animais a sua individualidade e a consciência de si mesma? Conserva a sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida inteligente lhe permanece latente”. No livro Os Animais têm Alma?, Ernesto Bozzano, conhecido filósofo e metapsiquista italiano, apresenta 130 casos de materializações de animais, visão e identificação de espíritos de animais mortos, alucinações telepáticas percebidas ao mesmo tempo
pelo animal e pelo homem, bem como várias aparições de animais sob forma simbólicopremonitória. Cada caso é devidamente documentado e os comentários, apresentados com suas respectivas conclusões, são de difícil contestação. A psique animal A respeito de sua obra, Bozzano afirma: “Ela consiste em um primeiro ensaio para demonstrar, por um método científico, a sobrevivência da psique animal. É preciso voltarmos ao nosso assunto e concluirmos salientando que a existência de faculdades supranormais na subconsciência animal, existência suficientemente comprovada pelos casos que expusemos, constitui uma boa prova em favor da psique animal. Para o homem, deve-se inferir que as faculdades em questão representam, em sua subconsciência, os sentidos espirituais pré-formados esperando se exercerem em um meio espiritual (como as faculdades dos sentidos estavam pré-formadas no embrião esperando se exercerem no meio terrestre). Se assim é, como as mesmas faculdades se encontram na subconsciência animal, deve-se inferir daí, logicamente, que os
animais possuem, por sua vez, um espírito que sobrevive à morte do corpo”. Em Nosso Lar, de André Luiz, encontramos um trecho que dá conta da existência de animais no plano astral: “Seis grandes carros formato diligência, precedidos de matilhas de cães alegres e barulhentos, eram tirados por animais que, mesmo de longe, me pareceram iguais aos muares terrestres. Mas a nota mais interessante era os grandes bandos de aves, de corpo volumoso, que voavam a curta distância, acima dos carros, produzindo ruídos singulares”. O que estariam fazendo esses animais que acompanhavam a caravana dos samaritanos, constituída por espíritos abnegados que iam até o umbral buscar enfermos para serem tratados nas “câmaras de retificação”? Colaborando. Os cães facilitavam a penetração nas regiões obscuras e afastavam seres monstruosos, os muares puxavam cargas e
forneciam calor onde necessário e as aves devoravam as formas mentais odientas e perversas. O pai da médium Yvonne A. Pereira, por meio de mensagem psicografada por ela, enviou um importante contributo para o nosso assunto. Ao desencarnar, ele foi levado para uma cidade pequena, sossegada, apropriada para convalescentes. Ao despertar, após três dias de seu decesso, encontrava-se só em uma varanda orlada de trepadeiras floridas. “O único rumor partia do orquestrar longínquo de uns pássaros, verdadeira melodia que ressoava aos meus ouvidos com delicadeza e ternura”, disse. Cuidar dos animais No livro O Consolador, Emmanuel esclarece quanto à missão que os humanos têm com relação aos nossos irmãos menores, que são os animais: “Sem dúvida, também a zoologia merece o zelo da esfera invisível, mas é indispensável considerarmos a utilidade de uma advertência aos homens, convidando-os a examinar
detidamente seus laços de parentesco com os animais dentro das linhas evolutivas, sendo justo que procurem colocar os seres inferiores da vida planetária sob seu cuidado amigo. Os reinos da natureza, aliás, são o campo de operação e trabalho dos homens, sendo razoável considerá-los mais sob a sua responsabilidade direta que propriamente dos espíritos, razão porque responderão perante as leis divinas pelo que fizerem em consciência com os patrimônios da natureza terrestre”. Sábia advertência, felizes os que a escutarem. Nosso carinho e solidariedade devem se estender aos seres que, mesmo estando abaixo de nós na escala evolutiva, são capazes de nos servir e amar. Necessitamos deles como eles necessitam de nós. E nessa troca de trabalhos e afetividade, todos ganham. Artigo publicado na edição 15 da Revista Cristã de Espiritismo.
O APEGO ÀS COISAS MATERIAIS Você costuma guardar coisas que não usa mais? Você costuma guardar coisas que não usa mais? Uma roupa que você não vai mais usar, mas tem pena de pôr fora? Você tem coisas que não teriam valor pra ninguém, só pra você? O apego às coisas materiais é um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento do espírito imortal. Pois é isso que somos, espíritos imortais. Nós estamos vivendo sob um nome, e nos confundimos com ele; nos confundimos e nos identificamos com nosso corpo, mas não somos nosso corpo. Somos espíritos, e tudo o que buscamos está dentro de nós mesmos. Quer dizer que devemos abrir mão de tudo o que for material? Claro que não! Se não precisássemos da matéria, se a matéria fosse prejudicial à nossa existência na Terra, qual seria a razão de reencarnarmos na matéria? Pelo contrário, é
nosso dever buscar conforto e bem-estar para nós mesmos e para os nossos. Não há nada de mau no dinheiro, não há nada de mau nos bens materiais. O mal está no apego que nutrimos por eles. Da mesma forma que nos identificamos com nosso corpo, como se fôssemos ele, assim também nos identificamos com as coisas materiais, das mais luxuosas até às mais inúteis quinquilharias. Pensamos que tendo coisas, possuindo objetos, sejam eles quais forem, seremos mais felizes! Como é possível que sejamos tão iludidos? É tão fácil perceber que quanto mais temos, mais queremos; que o desejo não tem limites por si mesmo, nós devemos impor limites! Logo que adquirimos algo a sensação é boa, é gratificante, mas essa sensação nunca dura muito tempo. E
então queremos mais, sempre mais coisas. Isso acontece com comida, com sapatos, com bolsas, com carros, com drogas, com música, com sexo, com qualquer coisa que envolva desejo. Não é à toa que a maior ênfase do budismo seja justamente a eliminação do desejo. Quem não deseja, não sofre; pois nunca sente-se contrariado por uma vontade não atendida. Mas não é o desejo que é ruim. O desejo nos impulsiona para frente, para o progresso. O problema é o apego que criamos e desenvolvemos por todas essas coisas. Quanta coisa inútil você tem na sua casa? Roupas que nunca mais vai usar, fotos e cartas de pessoas que não fazem mais parte de sua vida, e que talvez não tenham deixado lembranças muito boas… Pra quê guardar isso? Bugigangas que não
servem pra nada, um monte de quinquilharias de que não nos livramos porque as associamos a alguém, a algum momento, a algum lugar. As lembranças de que precisamos estão dentro de nós, não nessas coisas. É isso que o Mestre quis nos mostrar quando disse para desfazermo-nos de todos os nossos bens e seguilo. Podemos e devemos possuir, mas não sermos possuídos. E é isso que acontece quando nos apegamos às coisas. Somos possuídos por elas. Temos que nos desapegar de tudo que não nos serve mais. Tudo que já cumpriu sua missão, que já exerceu o seu papel, que já deu o que tinha que dar. Tudo é energia, e essas coisas que guardamos acumulam energia que fica estagnada, sem movimento. Tudo precisa se renovar, a natureza se renova, as gerações
se sucedem, o universo inteiro se renova constantemente. O carinho que você tem por essas coisas é seu, não é das coisas. Por que é importante se desfazer? Porque é uma maneira de também nos renovarmos, abrindo mão de coisas que de uma forma ou de outra nos prendem ao passado. Não esqueça que os bons momentos, as melhores coisas que já lhe aconteceram vão ficar guardadas dentro de você, por muito tempo ainda… Morel Felipe Wilkon
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Junho de 2014
O ESPIRITISMO É UMA RELIGIAO? Este é o tema de um dos mais belos textos deixados por Allan Kardec no século passado. O Codificador prevendo os rumos que o espiritismo tenderia no futuro já se preocupou em avançar no assunto Religião e Espiritismo. Esse trabalho foi proferido por Kardec em discurso de abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, da Sociedade de Paris no dia 1.de novembro de 1868. E importante observar o forte enfoque que ele faz da expressão “comunhão de pensamentos”, utilizando-a como ponto central de seu discurso. O homem em sua saga evolutiva necessita viver em sociedade e, portanto, todos nos dependemos de alguma forma uns dos outros. Kardec fala do poder da união de pensamentos capaz de gerar reações extraordinárias de efeitos morais e físicos. Ao imaginarmos o Espírito fora do corpo material, concluímos que o pensamento é sua característica inata e essencial, marcando a individualidade do ser humano. O Espírito não poderia existir sem o pensamento. É praticamente impossível ao homem viver em total isolamento e ele possui no seu intimo a necessidade da convivência em comunidade. O espiritismo vem nos esclarecer a verdadeira importância da comunhão de pensamentos. Ao isolarmos e emitir palavras pelo pensamento estamos também promovendo uma reunião com outros pensamentos em comum. Engana-se assim, aquele que acredita que só sabe e consegue viver isolado. Provavelmente, ele deve possuir maior afinidade com outras pessoas que não estão encarnadas ao seu redor. Da comunhão de pensamentos surgem as mais diversas sensações (efeitos) que podemos sentir em nossa caminhada eterna evolutiva. Unidos a uma comunidade de pensamentos benéficos e positivos receberemos fluidos agradáveis e gratificantes e, inversamente, obteremos a desarmonia e suas conseqüências negativas. Kardec ressalta que as Religiões são formadas com base na comunhão de pensamentos, mas cada uma segue os requisitivos que lhe confim para manter sua estrutura. Muitas persistem por longo tempo, outras surgem e extinguem-se rapidamente. Como fato inevitável, não se pode parar a evolução do Espírito, ou seja, a evolução do pensamento. Com o tempo tudo passa por transformação para melhor, não havendo retrocesso, caso
contrario, não haveria evolução no sentido amplo da palavra. Sempre nesse caminho, as transformações são seguidas de fases de adaptação. As religiões como instituições organizadas, talvez sejam, as mais sujeitas as adaptações evolutivas em virtude do forte exercício da comunhão de pensamentos da comunidade a que estão sujeitas. As transformações são mais rápidas quanto mais evoluída for a comunidade. Dado a isso, surgiu a Doutrina Espírita, como fonte renovadora da união de pensamentos na Terra para o bem comum. Vamos a um trecho do discurso: “...Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; e ai, com efeito, que esta deve e pode exercer toda a sua forca, porque o objetivo deve ser o desprendimento do pensamento das garras da matéria. Infelizmente, em sua maioria, afastam-se desse principio, a medida que fazem da religião uma questão de forma. Disso resulta que cada um, fazendo consistir seu dever na realização da forma, julga-se quite com Deus e com os homens, quando haja praticado a forma. Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, de seu próprio interesse e o mais das vezes sem nenhum sentimento de fraternidade em relação aos outros assistentes; fica isolado no meio da multidão, e não pensa no céu senão para si mesmo...”. ...”Se as assembléias religiosas - falamos em geral, sem fazer alusão a culto algum muitas vezes se tem desviado do alvo primitivo principal, que é a comunhão fraterna do pensamento; se o ensino que nelas e dado não tem seguido sempre o movimento progressivo da Humanidade, e porque os homens não realizam todos os progressos há um tempo; o que eles não fazem em um período, fazem em outro; a medida que se esclarecem, eles vêem as lacunas que existem em suas instituições e as preenchem; compreendem que o que era bom em uma época, de acordo com o grau de civilização, se torna insuficiente em um estado mais adiantado e restabelecem o nível. O espiritismo, nos sabemos, e a grande alavanca do progresso em todas as coisas; ele marca uma era de renovação. Saibamos pois, aguardar o porvir, e não pecamos a uma época mais do que ela pode dar. Como as plantas as idéias precisam amadurecer para que se lhes possam colher os frutos. Saibamos, alem disso, fazer as
necessárias concessões as épocas de transição, porque nada na Natureza se opera de maneira brusca e instantânea...” A revelação da existência do plano espiritual e da sua comunicação com o nosso plano terreno, abriu definitivamente, uma nova realidade filosófica e religiosa no planeta. Com base na ciência espírita, capaz de trazer um novo horizonte na relação da vida, conceitos e dogmas errôneos, muitos deles devido a interpretações e traduções incoerentes e egoístas de Livros Sagrados, foram desmantelados e vão ficar apenas como parte da historia da humanidade. O aspecto cientifico do espiritismo é primordial e essencial para o conhecimento da vida e adiantamento da humanidade. Com ele, a fé cega é substituída pela fé inabalável, sólida, com base na razão e com isso há ampliação da Verdade para o homem, pois o pensamento tem o poder de ir muito alem do que a ciência pode comprovar num determinado tempo. No caminhar da própria ciência a comunhão de pensamentos é também essencial. As reuniões cientificas, as grandes discussões, etc. fazem parte dos conhecimentos disponíveis ao homem, tanto do aspecto material como no aspecto moral, ou seja, no comportamento humano no desenvolvimento da vida. Kardec prossegue: “... Se assim é, dirão, o Espiritismo então é uma religião? Perfeitamente! sem duvida; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos ufanamos disso, porque ele é a doutrina que funda os laços de fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as mais sólidas bases: as leis da própria Natureza. Porque então declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Por isso que só temos uma palavra para exprimir duas idéias diferentes e que na opinião geral, a palavra
religião é inseparável da de culto: revela exclusivamente uma idéia de forma, e o Espiritismo não é isso. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o publico só veria nele uma nova edição, uma variante, se assim nos quisermos expressar, dos princípios absolutos em matéria de fé, uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; o publico não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos, contra os quais sua opinião tem-se elevado tantas vezes. Não possuindo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, o Espiritismo não poderia nem deveria ornar-se com um titulo sobre o valor do qual inevitavelmente se estabeleceria a incompreensão; eis porque ele se diz simplesmente: doutrina filosófica e moral...” Desse texto, também extraímos o que chamamos de Credo do Espiritismo, que resume com grande clareza e objetivo a Doutrina Espírita e que está disponível no FAQ da home page do GEAE. No livro “O que é o Espiritismo” Kardec define-o assim: “O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência pratica, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações”. É interessante notarmos que tal definição e pormenorizada nesse texto, ampliando o seu entendimento. Observamos a preocupação do Codificador com a conotação que se poderia, no futuro, fazer do Espiritismo como aspecto religioso. A Doutrina Espírita como elo de união de pensamentos em torno da solidariedade e fraternidade universal, promovendo a evolução moral dos indivíduos, acha-se perfeitamente
enquadrado na palavra Religião. Devemos reconhecer, entretanto, que entre as Religiões como Instituições existentes atualmente na Terra, o Espiritismo não se define. Há muito que se evoluir na Terra, não só em termos de Religião como em geral, para que o Espiritismo possa a ter uma definição mais adequada ao que ele de fato e, longe dos padrões religiosos que conhecemos hoje, e isso, certamente, aconterá. Devido ainda a nossa ignorância de conhecimento da grandeza da Vida, parece que o Espiritismo é algo palpável, rígido, fixo e com regras definidas. Na realidade, a Doutrina Espírita é infinita e eterna pois tudo o que estiver ao alcance do Homem no conhecimento da Vida faz parte do seu principio básico maior, que é o uso da RAZAO em comunhão de pensamento. Basta darmos tempo ao tempo para ele se adequar a nova era do nosso planeta. As diversas visões que surgem do Espiritismo são próprias da sua evolução, tendo em vista se tratar de uma doutrina progressista. Devemos trabalhar com seriedade e humildade para compreendê-lo adequadamente no tempo em que se encontra, evitando pensamentos egoístas e vaidosos que são vícios do fanatismo, colocando-o a serviço do bem comum. Para isso, a unificação como movimento organizacional e a mais completa forma de se promover uma ampla e positiva comunhão de pensamentos. Autor: Raul Franzolin Neto Referências: ALLAN KARDEC. O Espiritismo é uma religião? Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos, dezembro de 1968, EDICEL, p.351-360 ALLAN KARDEC. É o Espiritismo uma Religião? Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos, dezembro de 1968, O Reformador, v.94, n.1764, p. 22-26, 1976. ALLAN KARDEC. O que é o Espiritismo, IDE, 223p.1994.
Espiritismo para todos
07
Junho de 2014
RESPONSABILIDADE DOS MÉDIUNS Uma das mais belas lições ensinadas pela Doutrina Espírita é a caridade para com o próximo! Portanto, temos que ter caridade para com aqueles, que ainda não conheceram ou entenderam a Deus! Muitos se dizem espíritas, mas desconhecem os alicerces dessa maravilhosa doutrina. Não estudam, não buscam compreender os ensinamentos sublimes desse código divino, que é a Doutrina Espírita! Mais do que isso, muitos se dizem espíritas, mas não vivem seus conceitos, tão simples e singelos. Vaidosos e egoístas se acham donos da verdade e vão julgando a todos por aquilo, que nem de longe praticam, mas infelizes aqueles que não respeitarem as leis de Deus! É preciso amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, nunca ameaçando a felicidade e a tranquilidade do seu próximo, respeitando-o sempre! Quem vai a uma Casa Espírita precisa se conscientizar que entrou em um hospital, para receber tratamento, e não num circo, onde encontrará mágicos e cartomantes que resolverão tudo e lhe dirão seu futuro! O nosso futuro é criado por nós mesmos, e hoje! É o nosso livre arbítrio entrando em ação, constantemente, são nossas escolhas que definem o nosso futuro, busquem o autoconhecimento, com a ajuda de um profissional qualificado, assim como o esclarecimento nos livros ou em cursos para compreender as Leis do Universo! Quem se diz espírita não pode continuar sendo avaro, egoísta, vaidoso, maledicente, orgulhoso, desrespeitoso, rancoroso, desequilibrado sexualmente, entre tantos defeitos bem conhecidos nossos, é preciso se comprometer a realizar uma Reforma Íntima, sem ela, não há mudança, não há crescimento! É preciso disciplina e boa vontade para se amar e se instruir, isso é o que o Plano Maior espera de nós! Bendito seja quem faz tudo pelos seus companheiros de jornada, que precisam de exemplos, infelizes os que enganam e ludibriam,
pois todo orientador espiritual é responsável por aquele que atendeu, seja um chefe de uma casa espiritual, seja o médium que nela trabalha! Médium desequilibrado é doente necessitado de exemplo, não de críticas! Melhor olhar para si mesmo, e buscar evoluir todos os dias, do que perder tempo criticando os amigos de trabalho na mediunidade. Um médium, consciente de sua responsabilidade, auxilia e ama, sem criticar! Um bom espírita fala pouco, mas tem no olhar o carinho e o respeito pelo seu próximo, principalmente, quando esse se encontra em sofrimento e desespero. Nem tudo é obsessão, nem tudo é doença espiritual, muitos são os que sofrem por carência afetiva, ou por desequilíbrios emocionais, por não saberem lidar com situações de conflitos, ou até mesmo de perdas, de emprego, de entes queridos, ou por traições e separações de casais! As Casas Espíritas, que trabalham em nome de Deus, são hospitais para as almas sofridas, que são os assistidos, mas também são escolas, onde os médiuns e os assistidos devem aprender e se prepararem para a vida espiritual. É nela que as pessoas encontram um alento e melhoram educando-se, através da reforma íntima. O médium que não melhora ao participar dos trabalhos em um centro espírita, é infeliz, porque recebeu e viu a luz, mas não quis enxergar, preferindo manter seus olhos cerrados. Dizer-se espírita e não possuir atitudes espíritas é se tornar um falso profeta! Um Centro Espírita é um Templo Divino para as almas que estão sofrendo, é um hospital para os que estão doentes. Todo trabalhador de uma casa espírita deve se conscientizar de que é um doente da alma e precisa de ajuda e de esclarecimento, para não se tornar um médium desequilibrado. Precisa estudar muito os livros básicos da Doutrina Espírita, ou seja, “O Livro dos Espíritos, “O Evangelho Segundo o
Espiritismo” e “O Livro dos Médiuns”, todos de Allan Kardec, que são como faróis iluminando o nosso caminho, para que não nos percamos no orgulho! Humildade é o antídoto da arrogância! Importante se faz também, conhecer a vida de Jesus, entendendo as bases do Cristianismo, onde tudo começou, como as coisas aconteceram, as relações entre o poder da época de Jesus para com Ele e seus discípulos, tudo é muito esclarecedor, e perceberemos assim, como a sociedade atual, ainda mantém muitos dos desequilíbrios daquela época. Como seria perfeito se em todas as Casas Espíritas só existissem pessoas equilibradas, disciplinadas e caridosas, aí então, seria o céu, o paraíso celestial, e não mais um Centro de Caridade, que na verdade é um hospital, onde todos que ali trabalham estão em tratamento.
Todos nós somos espíritos em crescimento, engatinhando nos caminhos da Luz, precisamos nos curar, de feridas emocionais, de desvios nos conceitos que acalentamos, de desequilíbrios morais, enraizados em nossa personalidade, por diversos enganos em diversas encarnações. Precisamos de um médico poderoso, que é Jesus e do melhor remédio que Ele nos proporcionou, que é o Seu Evangelho! Trabalhar em um Centro Espírita e nada fazer por ele, ou por si próprio, além de ignorância é puro egoísmo e teimosia. O médium que deseja um mediunidade gloriosa tem que iniciar a construção do reino de Deus em seu coração, principalmente dando sem nada receber. O verdadeiro espírita estuda, faz trabalhos de caridade, busca a autoevangelização, através da própria reforma íntima,
aproveitando todas as oportunidades para aprender e a ajudar o seu próximo! Não há nada mais triste do que um médium que diz que vê, o que na verdade não vê, que diz que ouve, mas não ouve, que diz que psicografa, mas não psicografa, que diz que tem intuição, mas nada sente, nem intui de verdade, que diz que incorpora, mas apenas encena um papel... Ninguém engana por muito tempo, nem a todo mundo ao mesmo tempo, na hora certa, a verdade se revelará! O médium deve respeitar a Casa Espiritual em que trabalha, sendo um verdadeiro espírita, porque na hora em que ele age mal, os maledicentes falam da Casa aonde ele atua, e não dele apenas, e essa responsabilidade será cobrada um dia! Médium evangelizado nada faz que vá contra a verdade! Escrito por Rosely Sola
Espiritismo para todos
08
Junho de 2014
REENCONTRO COM OS ENTES QUERIDOS APÓS A DESENCARNAÇÃO Pergunta 286: ”A alma, ao deixar o corpo logo após a morte, vê imediatamente parentes e amigos que precederam no mundo dos Espíritos?” Resposta: Imediatamente não é bem a palavra. Como já dissemos, ela precisa de algum tempo para reconhecer seu estado e se desprender da matéria. Observação: Cada desencarnação é diferente da outra. Lembremos o caso de André Luiz que, ao desencarnar foi para o Umbral e lá ficou por 8 anos. E ao ser resgatado e levado para Nosso Lar levou algum tempo para receber a visita da mãe que estava em um plano superior ao dele. Pergunta 289: ”Nossos parentes e amigos vêm ”algumas vezes” ao nosso encontro quando deixamos a Terra? Resposta: Sim, eles vêm ao encontro da alma que estimam. Felicitam-na como no retorno de uma viagem, se ela escapou dos perigos do caminho, e a ajudam a se despojar dos laços corporais. É a concessão de uma graça para os bons Espíritos quando aqueles que amam vêm ao seu encontro, enquanto o infame, o mau, sente-se isolado ou é apenas rodeado por Espíritos semelhantes a ele: é uma punição. Observação: A pergunta
é clara, diz ”algumas vezes” e os Espíritos explicam que nem todos são recebidos pelos parentes e amigos, porque não fizeram por merecer. Exemplo: No livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, 2ª parte, capítulo V, há um relato de uma mãe que se suicidou logo após a desencarnação de seu filho. Sua intenção era acompanhá-lo. Mas não aconteceu o esperado: Em março de 1865, um jovem de 21 anos de idade, que estava gravemente enfermo, prevendo o desenlace, chamou sua mãe e teve forças ainda para abraçá-la. Esta, vertendo lágrimas, disse-lhe: ”Vai, meu filho, precede-me, que não tardarei a seguir-te”. Dito isto, retirou-se, escondendo o rosto entre as mãos. Morto o doente, procuraram-na por toda a casa e foram encontrá-la enforcada num celeiro. O enterro da suicida foi juntamente feito com o do filho. Quando evocaram o rapaz, este disse que sabia do suicídio da mãe, e que esta, retardou indefinidamente uma reunião que tão pronta teria sido se sua alma se conformasse submissa às vontades do Senhor. Disse ele: ”Pobre, excelente mãe! Não pôde suportar a prova dessa separação momentânea . . .” e aconselhou: “Mães, que me ouvis, quando a agonia empanar o olhar dos vossos filhos, lembrai-vos de que, como o Cristo, eles sobem ao
cimo do Calvário, donde deverão alçar-se à glória eterna.” Quando evocaram a mãe, esta gritava: ”Quero ver meu filho . . .” Quero-o, porque me pertence! . . .” “. . . Nada vale o amor materno? Tê-lo carregado no ventre por nove meses; tê-lo amamentado; nutrido a carne da sua carne; sangue do meu sangue; guiado os seus passos; ensinado a balbuciar o sagrado nome Deus e o doce nome mãe; ter feito dele um homem cheio de atividade, de inteligência, de probidade, de amor filial, para perde-lo quando realizava as esperanças concebidas a seu respeito, quando brilhante futuro se lhe antolhava! Não, Deus não é justo; não é o Deus das mães, não lhes compreende as dores e desesperos . . .” “. . . Meu filho! Meu filho, onde estás?” Esta mãe, buscou um triste recurso para se reunir ao filho. O suicídio é um crime aos olhos de Deus, e devemos saber que as Leis de Deus punem toda infração. A ausência do filho é a punição desta mãe. Pergunta 290: ”Os parentes e amigos sempre se reúnem depois da morte?” Resposta: Isso depende de sua elevação e do caminho que seguem para seu adiantamento.
Se um deles é mais avançado e marcha mais rápido do que o outro, não poderão permanecer juntos. Poderão se ver algumas vezes, mas somente estarão para sempre reunidos quando marcharem lado a lado, ou quando atingirem a igualdade na perfeição. Além disso, a impossibilidade de ver seus parentes e seus amigos é, algumas vezes, uma punição. Observação: Quando estamos no mesmo grau de elevação e os que desencarnaram antes de nós
não reencarnaram poderemos nos reunir ”temporariamente”. Se reencarnamos várias vezes, como reunir as famílias de todas as encarnações? Por isso, quando a reunião é possível, esta é temporária. A evolução necessita da reencarnação, desse vai e vem no corpo físico. “SE A NOSSA ESPERANÇA EM CRISTO SE LIMITA APENAS A ESTA VIDA, SOMOS OS MAIS INFELIZES DE TODOS OS HOMENS.” - ( Coríntios: 1519
TEM BASE BÍBLICA A DIFERENÇA ENTRE OS CRISTIANISMOS: BÍBLICO E DOGMÁTICO Pouco se fala da diferença entre os dois cristianismos: o bíblico e o dogmático. Mas até guerras eles já causaram. Há dogmas que unem os cristãos. Mas há os que os dividem como os dogmas da Transubstanciação e da infalibilidade papal. Os adeptos do cristianismo espírita procuram não ser apenas alunos do excelso Mestre, ou seja, aqueles que só estudam o seu evangelho, mas esforçamse também para serem seus discípulos, pois eles têm como princípio religioso e moral a vivência de fato do evangelho. Realmente, o espiritismo segue apenas a Bíblia, superando nisso a Igreja Católica e demais igrejas cristãs. E a doutrina dos espíritos não aceita os dogmas, que foram imaginados e instituídos pelos teólogos com base em interpretações abusivas simbólicas e literais da Bíblia, e isso quando eles não são frontalmente contrários a ela. Por isso, o espiritismo é a religião cristã mais combatida por católicos, protestantes e
evangélicos. E há mais um fator que agrava esses ataques. Os líderes religiosos espíritas são voluntários no seu trabalho de divulgação do evangelho. Assim, enquanto os outros líderes religiosos cristãos vivem da sua religião, os líderes cristãos espíritas vivem para a sua religião. Jesus disse que não podemos servir a Deus e a mamom (deus da riqueza). E exatamente por ser o espiritismo assim diferente, é que o caluniam de macumbaria, feitiçaria, doentes mentais, superstição, charlatanice contato com os demônios (na interpretação ainda errada de muitos cristãos), etc. Mas como as pessoas, em sua maioria, não estão mais acreditando nessas mentiras e calúnias, muitos líderes religiosos não espíritas estão apelando agora para outra tática, gritando para os quatro cantos do mundo que o espiritismo não é cristão, porque não aceita os dogmas, entre eles o polêmico e politeísta, que quer sustentar que Jesus é outro Deus, dogma esse decretado no tumultuado
Concílio Ecumênico de Niceia (325). É um direito que os teólogos ainda tentem sustentar esse dogma, mas também que eles não estranhem que o cristianismo tradicional está, lamentavelmente, em decadência, e que o islamismo está avançando na Europa, continente que sempre foi um terreno fértil para a difusão e crescimento do cristianismo. O espiritismo não segue a Bíblia às cegas, pois Deus nos deu a inteligência é para ser usada. A Bíblia contém a palavra de Deus ou dos espíritos, anjos de Deus trabalhando no seu projeto. (Hebreus 1:14). E é errado afirmar que a Bíblia é literalmente a palavra de Deus. Esse erro decorre do fato de os teólogos do passado pensarem que todo espírito manifestante na Bíblia fosse o do próprio Deus, quando isso nunca aconteceu. E eis um exemplo de que até satanás é confundido com o Espírito do próprio Deus. O Senhor incita Davi a fazer o censo dos israelitas. (2 Samuel
24:1). Mas em outra parte bíblica, é satanás que incita Davi a fazer esse censo. (1 Crônicas 21:1). Também se diz no episódio da sarça ardente (Êxodo 3:7) que foi Deus que falou com Moisés. Mas Paulo Atos (7:30)
afirma que foi um anjo, isto é, um espírito. O espiritismo, realmente, segue a Bíblia, mas com uma interpretação raciocinada, como é raciocinada também a sua fé. José Reis Chaves
Espiritismo para todos
09
Junho de 2014
MÉDIUNS ESPÍRITAS
Você quer saber, meu amigo, a maneira pela qual os médiuns são interpretados na Vida Espiritual. Creio não tenhamos aqui qualquer diferença no padrão de aferi-los. Contudo, diante do apreço com que a sua indagação está formulada, será lícito alinhavar algumas notas em torno do assunto, ainda mesmo somente para dizer que, para nós, Espíritos desencarnados, os médiuns são criaturas humanas como as outras. Admito, porém, que devemos qualifica-los, para determinar situações e definir responsabilidades. Em boa sinonímia, a palavra médium designa o intermediário entre os vivos e os mortos, ou melhor, entre os encarnados e desencarnados. Você não ignora que a existência de sensitivos habilitados a estabelecer o intercâmbio do homem com o Mais Além corresponde, em todos os tempos, a necessidades fundamentais da mente humana. Antigamente eram chamados oráculos, magos, sibilas e pitonisas e achavam-se em Tebas, Jerusalém, Olímpia, Roma... Ontem classificados por bruxos e feiticeiros, viam-se lançados às fogueiras da Idade-Média pelo fanatismo religioso. E, se examinados pelo prisma da simples curiosidade, são igualmente médiuns, nos dias de hoje, os videntes e psicômetras, faquires e adivinhos, habitualmente remunerados, que pululam nas metrópoles modernas. À vista disso, presumimos seja recomendável denominar médiuns espíritas os medianeiros em tarefas nas casas espíritas-cristãs, de vez que todas as pessoas que estejam agindo sob a influência dos que já desenfaixaram do veículo físico são médiuns. Lutero, ouvindo vozes do mundo espiritual, era médium reformista. Teresa D’Ávila, relatando visões de outros planos, era médium católica. E ninguém pode negar que, em condições inferiores, quantos se movimentem, dominados por
entidades perturbadas ou infelizes, sejam também médiuns. Assim é que médiuns espíritas, em nosso despretensioso parecer, são aqueles que se dispõem a interpretar as Inteligências domiciliadas nas regiões espirituais, seareiros do bem, consagrados à doutrina do Espiritismo, indicada a restaurar os princípios cristãos na terra. Falemos, assim, dos médiuns espíritas, nossos companheiros de ideal e de luta. Não cremos sejam eles de estalão incomum. São individualidades terrestres, positivamente naturais. Tanto assim que os médiuns espíritas devem ter profissão e vida social digna. Nada os impede de casar e constituir a própria família, quando desejem tomar compromissos no matrimônio. Não se lhes pode exigir certidão de santidade, entre os seres humanos de cujas características participam; entretanto, qual ocorre com todos os seres humanos responsáveis, são convocados a lutar as tentações que lhes aguilhoam a carne. Os problemas do sexo, de modo geral, nas organizações mediúnicas, são parecidos com os das outras pessoas. Inquietações, frustrações, inibições, exigências, anseios... No entanto, como acontece a todas as pessoas interessadas na educação própria, são convidados pelas circunstâncias a se conformarem nas provações orgânicas que tenham trazido ao renascer, tanto quanto a honrarem o lar que porventura hajam erguido, mantendo carinho e fidelidade para com o companheiro ou a companheira, sem trilhas de acesso à devassidão ou à poligamia. Em suma, no que tange às ligações afetivas, carecem de hábitos morigerados, no interesse real deles mesmos, competindo-lhes viver em paz com a natureza e com os imperativos da reta consciência, na intimidade doméstica. No que se reporta à alimentação, estamos convictos de que lhes é permitido comer
de todos os acepipes, consumidos por homens e mulheres de bom-senso, escusando-se à gula, ao álcool e aos agentes tóxicos. E, na apresentação social, decerto não necessitam mostrar a palidez e o desconsolo dos primitivos ascetas, a fim de evidenciarem a própria fé; entretanto, nada justifica se exibam nos excessos e disparates que se praticam, de tempos a tempos, em nome da moda. Evidentemente, que os instrutores desencarnados anelam sejam eles criaturas modestas sem afetação e respeitáveis sem luxo, com disciplinas de atividade e repouso, banho e oração. Atribui-se-lhes a obrigação de estudar sempre, elevando o nível dos conhecimentos que possuam, compreendendo-se que o Espiritismo não aplaude a ignorância, e cabe-lhes trabalhar intensamente, na extensão do conhecimento espírita, notadamente no socorro ao próximo, porquanto médiuns espíritas não existem sem a cobertura da caridade, e é forçoso que sirvam espontaneamente, persuadidos de que, auxiliando os outros, auxiliam a si mesmos, para que não estejam no apostolado mediúnico, que é construção cristã de bondade e alegria, instrução e conforto, esclarecimento e progresso, lembrando animais descontentes, atrelados à canga. Em hipótese alguma devem cobrar honorários pelos
benefícios que prestem e, em nenhum momento, se justificará qualquer iniciativa tendente a situa-los em regime de privilégios, mas, também por serem médiuns espíritas, não será justo que se lhes tumultue o lugar de trabalho, aniquilandose-lhes a possibilidade do ganha-pão honesto, em nome do bem, e nem é licito, a pretexto de fraternidade, que se lhes convulsione a residência e se lhes devasse a vida. Por serem médiuns espíritas, não estão obrigados a fazer tudo o que se lhes peça, a título d beneficência ou solidariedade, e nem a assumir atitudes em desacordo com a própria consciência, para satisfazer ao sentimentalismo superficial, inferindo-se que pela mesma razão de serem médiuns espíritas é que precisam agir com segurança e discernimento, convictos de que não podem e nem sabem tudo, porque saber e poder tudo é apanágio de Deus. Indiscutivelmente, se lançam a mediunidade a influências políticas ou discriminações sociais, deixam de ser médiuns espíritas, porque o Espiritismo se baseia no Cristianismo vivo, que considera irmãos todos os homens, com o dever de os mais fortes se constituírem apoio aos mais fracos. Não, não conhecemos médiuns espíritas maiores ou menores. Todos são credores de estima e acatamento na prática criteriosa das faculdades que exerçam. No dia em que os espíritas ou os Espíritos intentassem estabelecer
qualquer casta mediúnica, os médiuns espíritas desapareciam, porquanto surgiria, em lugar deles, toda uma nobiliarquia religiosa. Todos sabemos que, perante os ensinamentos do Cristo, rótulos e brasões, comendas e apelidos honoríficos, embora respeitáveis nas convenções políticas do mundo, são, diante do Evangelho, autênticas patacoadas. E, quanto aos médiuns espíritas que se esforçam pelo engrandecimento da verdade e do bem, oferecendo de si quanto lhes é possível, em louvor dos semelhantes, tratemo-los com o apreço que nos merecem, mas fujamos de perde-los com lisonja e idolatria. Se você encontra, demasiada severidade em nossas opiniões, recorde o conceito do próprio Cristo, quando definiu o maior no reino dos Céus como sendo aquele que se fizer, na terra, o servidor de todos. Não desconhecemos que nós, Espíritos desencarnados e encarnados, em dívidas volumosas perante a Lei, estamos atualmente procurando reviver o Evangelho, na Doutrina Espírita, e, compulsando o Evangelho, é fácil verificar que, em torno de Jesus, apareciam talentos de renovação e oportunidades de trabalho para todos, mas não houve adulações e nem medalhas para ninguém. Livro Contos Desta e Doutra Vida – Espírito Irmão X – Psicografia Francisco Cândido Xavier
Espiritismo para todos
10
Junho de 2014
BATISMO – UMA VISÃO ESPÍRITA P-Qual a origem do Batismo? Sabendo que a Doutrina Espírita não tem dogmas e nem rituais, gostaria de saber como os Espíritas vêm a questão do batismo de Jesus por João Batista; qual o significado dessa passagem bíblica? E como entender, à luz do conhecimento Espírita, quando no livro Êxodo – do Velho Testamento (34: 7) disse Moisés: “Deus Misericordioso, que pune a iniquidade dos pais nos filhos e nos netos até a terceira e quarta geração…”? R – A origem do Batismo pode ser encontrada no relato de diferentes seitas das Civilizações Ancestrais. Povos da antiguidade fazem referência a banhos purificadores, de imersão, que preparavam os adeptos para as cerimônias e cultos às suas divindades. Era uma cerimônia apropriada aos adultos que se submetiam a um rito de preparo e iniciação na busca da renovação espiritual. A adoção do Batismo para crianças é apenas uma invenção teológica baseada na adaptação desses ritos ancestrais. Etimologicamente a palavra Batismo vem do grego bapto e batismos cujo significado remete a ablusão, imersão, banho. No latim encontramos baptizare, mergulhar geralmente em água. A prática provinha dos antigos mistérios da Grécia, do Egito, dos Essênios… Designava os ritos de iniciação em diferentes crenças e era muito difundida na Palestina. Admitido pelos antigos
judeus, foi popularizado por João, O Batista, às margens do Rio Jordão, onde em sua tarefa de Precursor do Messias, mergulhava as pessoas na água, num ato simbólico de batismo, para anunciar a vinda do Cristo. Ele convidava o povo a se arrepender de seus deslizes, com uma proposta de renovação moral e espiritual. O alerta, o toque de despertar para as realidades espirituais do Precursor está em Mateus 3:10 12 “ Arrependei-vos, fazei penitência, porque é chegado o reino dos céus. Eu vos batizo com água mas o que há de vir depois de mim (Jesus) vos batizará com fogo e no Espírito Santo.” Prestigiado por Jesus, que para dar cumprimento às profecias, deixou-se batizar pelo seu primo no Rio Jordão. Neste momento um fenômeno de materialização luminosa seguido de voz direta ocorreu. Relata Lucas 2:22 “e desceu sobre ele o Espírito Santo e ouviuse do céu esta voz: tu és o meu filho dileto; em ti pus as minhas complacências.” João deslumbrado, entendeu que ali terminava o formalismo religioso dando início a uma Nova Era para a Humanidade. O batismo através da água, empregado por João, traz em sua simbologia o convite à purificação de atos e intenções. Um ato de renovar-se no modo de ser e sentir, preparando-se para novas disposições na própria vida. O batismo com fogo se refere à luta para as correções dos defeitos morais. a guerra crística
com o ego imperfeito na transformação milenária, rumo à Deus, à luz e à felicidade plena. E o batismo no Espírito Santo é o desenvolvimento das faculdades mediúnicas, dos dons espirituais por obra e ação do Espírito Santo, ou seja, da coletividade dos Espíritos santificados na sabedoria e no amor e que colaboram com o Cristo na evolução da humanidade terrestre. Os discípulos receberam o batismo do Espírito Santo no dia de Pentecostes, no Cenáculo de Jerusalém, onde, segundo os Atos dos Apóstolos, pela primeira vez, se registrou esse grandioso fato histórico mediúnico do Cristianismo, em que houve
derrame do Espírito na forma de línguas de fogo sobre os Apóstolos. Quando no livro Êxodo – do Velho Testamento (34: 7), Moisés diz ao Senhor (um Espírito Elevado da época, Mentor do povo Hebreu ao qual chamavam de Deus) que os pais pagarão seus pecados nos filhos e netos, significa que os pecadores, os infratores das Leis Espirituais, as Leis Morais, retornarão ao mundo evidentemente reencarnados como familiares, filhos ou netos, num mesmo núcleo familiar, e que terão oportunidade de pagar em amor, ou em sofrimento, os males que praticaram contra si mesmos ou contra os outros. Ao infringir a Lei, torna-se o Espírito escravo de
seus próprios deslizes e só se reabilita perante a Vida ao pagar ceitil por ceitil todo o mal que gerou ou desencadeou.
cerca de 2000 casos sugestivos de reencarnação, tendo publicado diversos livros versando sobre esses relatos. Um de seus livros, provavelmente o mais conhecido no Brasil, o “20 Casos Sugestivos de Reencarnação” (Twenty Cases
Suggestive of Reincarnation), reúne 7 casos na Índia, 3 no Ceilão, 2 no Brasil, 7 no Alasca e 1 no Líbano.
Para saber mais: Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Livro Terceiro – As Leis Morais. Questões 614 – 892. Bíblia Sagrada – Velho Testamento -Livro Exôdos Novo Testamento – Evangelho de Mateus e Lucas Chico Xavier/Emmanuel – O Consolador- questão 298 Caminho Verdade e Vida Encarte Jornal Luzes do Consolador -nov 2009 – Ano 2- Nº 8 Leon Denis – Cristianismo e Espiritismo Revista Cristã do Espiritismo – nº 56
CASAIS MENOS FELIZES Se encontraste a felicidade no lar tranquilo, no instante de julgar os companheiros em conflito no casamento, guarda-te em silêncio, se não podes louválos em algum ângulo da experiência que atravessam. Já que conseguiste preservar a essência do amor nos fixadores da amizade e da ternura sem mescla, compadecete daqueles que, de um momento para outro, se reconheceram defrontados por incompatibilidade e perturbação. Efetivamente, anotaste-lhes os erros prováveis e lhes viste as atitudes aparentemente impensadas ou inseguras; no entanto, não lhes enxergaste os obstáculos e lágrimas, ansiedades e angústias, na gênese do drama doméstico em que se lhes arrasam as forças e do qual agora talvez consigas observar somente o fim. Quantos de nós carregamos pesados grilhões de culpas adquiridos em existências passadas? Quantos compromissos teremos relegado para trás, reclamando-nos atenção e pagamento? Entretanto, quando colocados uns à frente dos outros, nos bastidores caseiros da Terra, por impositivos da reencarnação, comumente
fugimos de solucionar os problemas e ressarcir os débitos que nós mesmos criamos. Que o dever é dever não padece dúvidas; todavia, em muitas ocasiões não dispomos da força necessária para cumprilo. E, se no mundo encontramos, por vezes, credores humanos e generosos que nos aguardam com paciência, que dizer do Senhor, cuja justiça se erige em bases de infinita misericórdia? Se te observas feliz nos laços conjugais, é razoável que não aplaudas aquilo que te pareça desequilíbrio, embora nem sempre o seja, mas não censures os companheiros que a provação vergasta e o desajuste domina. Em lugar disso, ora por eles e abençoa-os, sem recusar-lhes o apoio e a simpatia de que se mostrem necessitados. Tanto nós, quanto eles, estamos entregues à bondade de Deus e, em matéria de ajustamento aos imperativos do amor, nenhum de nós, na Terra, por enquanto, consegue saber com certeza se ainda hoje será para nós o dia de receber auxílio ao invés de auxiliar. A crise da família, que é apenas uma parte da crise geral do mundo contemporâneo, encontra explicação satisfatória
à luz do princípio da r e e n c a r n a ç ã o . Desentendimentos entre casais, rebeldia dos filhos, descontrole de outros elementos familiais podem ter sua origem nas vidas anteriores. Por sinal, foi esse o motivo que levouIan Stevenson, segundo suas próprias declarações, a iniciar as investigações sobre a reencarnação. Não encontrando explicação possível, nem qualquer teoria aceitável para explicar anomalias estranhas no lar de vários de seus clientes, o conhecido neuropsiquiatra resolveu corajosamente aceitar a teoria da reencarnação como hipótese de trabalho. A insistência das mensagens psicográficas no tocante à reencarnação e suas consequências não é, portanto, absurda. A mensagem deEmmanuel, ora considerada, encontra apoio no interesse atual dos cientistas pela reencarnação. Por: J. Herculano Pires Livro: Chico Xavier Pede Licença OBS.: O Dr. Ian Stevenson, citado no texto acima, foi durante 34 anos, diretor do Departamento de Psiquiatria e Neurologia da Escola de Medicina da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos da América, e conseguiu catalogar
Por: Emmanuel (Espírito) Médium/Psicografia: Francisco Cândido XavierLivro: Chico Xavier Pede Licença.
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MELINDRE E O ORGULHO.... Melindre Originariamente, um simples e comum substantivo masculino, com o sutil significado de ser a delicadeza no trato, cuidado extremo em não magoar ou ofender por palavras ou obras. T o r n a r melindroso; Ofender o melindre de, magoar, escandalizar. Orgulho, manifestação do alto apreço ou conceito em que alguém se tem. É o que dizem os dicionários... Infelizmente ainda no planeta, no estágio em que nos encontramos vemos muito disso nos meios sociais, trabalho, familiar, vizinhos e muito mais nos grupos de ações beneficentes, não importando a religião ou filosofia desse grupo. O cuidado com o “melindre e o orgulho” deve ser maior para o Espírita, conhecedor que é de suas próprias fraquezas e imperfeições. Uma luta constante, observar a cada momento o seu “eu interior”. O maior entrave para o desenvolvimento do ser humano é o “melindre”, sendo ele o verdadeiro vírus da discórdia. Ele ataca sorrateiramente a todos aqueles que, invigilantes, dão valor maior do que o devido a si mesmo. O amor próprio tem um limite. É importante ter amor próprio mas na dose certa, precisamos cuidar de nossa aparência e gostar de nós mesmos. Esse amor não pode superar o limite do razoável. Quando passamos a nos julgar superiores a nossos irmãos, avançamos para a vaidade, para
o orgulho, para a falsa superioridade. Ao atingir esse estágio perigoso, todas as idéias, observações ou palavras de nossos semelhantes que são contrárias ao nosso ponto de vista nos machucam muito. Vem então o “melindre”, não aceitamos ser contrariados, colocados de lado. Não aceitamos opiniões diferentes enchendo-nos de mágoas e de não me toques. E o pior é que isso nos entristece, nos tira do equilíbrio, trazem conseqüências físicas e afetam profundamente nosso relacionamento com pessoas queridas. Encontramos o “melindre e o orgulho” no Movimento Espírita, aqueles que se dedicam a sua divulgação, onde são colocados a prova de sua própria fé, conhecimento e boa vontade em aceitar as diferenças. Aqueles que ainda acreditam que o Espiritismo é “dele” ou a casa Espírita tem “dono”, e tudo que ele faz é dele ou é por ele, não entendendo que seja por qualquer meio de comunicação o Espiritismo está em primeiro lugar. A casa Espírita tem alguém, seu diretor para responder pelos ditames normais que regem as leis do país em que se encontra, mas não é “dono”, sim um trabalhador de Jesus, em favor dos que procuram a casa. O erro está, neste caso, em o melindrado esperar (e até exigir) gratidão de todos pelo trabalho que ele desenvolveu na Casa, confundindo obrigações com favores. Ora, obrigações não implicam de modo algum em gratidão, muito especialmente se levando em conta que quem as assume, o faz livremente. Daí,
quando contrariado, ferido em seu orgulho pessoal, julga-se vítima de ingratidão, de injustiça... e ameaça retirar-se, quando não se esquiva definitivamente. Outro agravante no fato que envolve o trabalhador descuidado, o “melindre” propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral. Assim, quando o espírita se “melindra”, julga-se mais importante que o Espiritismo e melhor que a própria tarefa libertadora que liberta, esclarece e consola.”Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. Todos nós aí comparecemos para receber, antes de mais nada, sejam quais forem as circunstâncias.” Assiste razão integral ao preclaro Irmão X , a afirmar que ”os melindres pessoais são parasitos destruidores das melhores organizações do espírito. Quando o disse-medisse invade uma instituição, o espírito [palavra original no texto “demônio”] da intriga se incumbe de toldar a água viva do entendimento e da harmonia, aniquilando todas as sementes divinas do trabalho digno e do aperfeiçoamento espiritual.” Ainda tem mais, a mágoa destrói nossas resistências orgânicas. Ela obstrui os nossos canais responsáveis pela circulação sanguínea e pelo equilíbrio de nosso corpo físico. O melindre é causa de muitas discussões que poderiam ter sido evitadas. Bastaria uma atitude de tolerância, de compreensão. Todos nós, espíritos ainda imperfeitos
ABORTO DELITUOSO Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião. Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais... Furtos espetaculares que inspiram vastas medidas de vigilância... Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez criam a guerra de nervos, em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinqüência, erguem-se cárceres e fundemse algemas, organiza-se o trabalho forçado e em algumas nações a própria lapidação de infelizes é praticada na rua, sem qualquer laivo de compaixão. Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia de
crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza... Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes que possam sorrir para a bênção da luz. Homens da Terra, e sobretudo vós, corações maternos chamados à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho! Fugi do satânico propósito
de sufocar os rebentos do próprio seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência, assomantes no lar em vosso próprio socorro, e, se não há legislação humana que vos assinale a torpitude do infanticídio, nos recintos familiares ou na sombra da noite, os olhos divinos de Nosso Pai vos contemplam do Céu, chamando-vos, em silêncio, às provas do reajuste, a fim de que se vos expurgue da consciência a falta indesculpável que perpetrastes. Francisco Cândido Xavier. Da obra: Religião dos Espíritos. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 14a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2001.
vivendo na Terra, estamos sujeitos a ter atitudes e a falar palavras ofensivas a nossos irmãos, e que a tolerância mútua e o perdão podem transformar em coisas banais e sem importância os episódios que julgamos terríveis ofensas que nos fazem. Uma pequena discussão entre marido e mulher pode trazer muita discórdia e até separações por causa do melindre. Tolerância é ainda o melhor remédio para a manutenção da paz nos lares. O mesmo acontece entre pais e filhos, entre irmãos e entre amigos, muitas vezes provocando o afastamento de pessoas que se amam, apenas por terem se deixado levar pelo melindre. Muitas entidades religiosas respeitáveis e até instituições espíritas podem ser atingidas por esse terrível vírus. Temos que combater esse mal. O caminho para isso é seguir os ensinamentos e o exemplo de Jesus. Ouçamos, afinal, todos nós, trabalhadores da seara espírita, os simplíssimos mas altamente judiciosos e adequadíssimos conselhos de André Luiz, na cartilha de boa condução moral chamada Sinal
Verde , que transcrevo abaixo: “Não permita que suscetibilidades lhe conturbem o coração. Dê aos outros a liberdade de pensar, tanto quanto você é livre para pensar como deseja. Cada pessoa vê os problemas da vida em ângulo diferente. Muita vez, uma opinião diversa da sua pode ser de grande auxílio em sua experiência ou negócio, se você se dispuser a estuda-la. Melindres arrasam as melhores plantações de amizades. Quem reclama, agrava as dificuldades. Não cultive ressentimentos. Melindrar-se, é um modo de perder as melhores situações. Não se aborreça, coopere. Quem vive de se ferir, acaba na condição de espinheiro”. Lutemos contra o “melindre e o orgulho”, colocando a tolerância antes de tudo, afinal muitos são os que nos toleram as nossas fraquezas e usando da Boa Nova nosso leme para mudarmos, renovar nossos pensamentos e atitudes. Sem “melindres, sem “orgulho”.
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A OBSESSÃO NO MEIO ESPÍRITA Há uma grande preocupação com a obsessão no meio espírita. No entanto, a influência dos espíritos uns sobre os outros é fato comum, atinge a quase totalidade da humanidade. Há que ser muito superior moralmente para estar livre de assédio espiritual. Obsessão e cura A obsessão só ocorre através da sintonia que há entre os espíritos envolvidos. A obsessão mais comum, de desencarnado sobre encarnado, só ocorre porque há afinidade entre os pensamentos, ideias ou desejos das duas partes. O espírito obsessor não torna o encarnado viciado, ou vingativo, ou rancoroso, ou deliberadamente mau. O espírito obsessor apenas se aproveita dessas fraquezas de caráter do encarnado, que ele também tem, e as potencializa. A obsessão não causa os males do obsidiado, mas os multiplica. Por isso a importância do controle sobre si mesmo, sobre os seus pensamentos e sentimentos. Se a obsessão nos tornasse maus, seríamos inocentes, estaríamos sofrendo injustamente. Se a obsessão fosse apenas a companhia de espíritos afins, sem maiores sequelas, não haveria porque preocupar-se com ela. Mas a obsessão dilata
os nossos males, fermenta as nossas falhas de caráter e aumenta o nosso sofrimento. Há tratamento para a obsessão. Mas nenhum tratamento em centro espírita será plenamente eficaz se não houver o comprometimento do obsediado. Só com a sua autocolaboração a obsessão é resolvida definitivamente. É preciso promover uma ampla reforma moral, íntima, profunda. É preciso modificar hábitos e posturas, é preciso alterar atitudes e comportamentos. Quando há o firme propósito de mudar, de melhorar-se, de evoluir, a cura acontece e o progresso reinicia. Quando há a mudança resoluta por parte do obsediado, os obsessores, muitas vezes antigos desafetos de muitas caminhadas, podem seguir o exemplo da sua vítima de há pouco e transformarem-se em poderosos aliados graças à afinidade que os mantém ligados.Se houve obsessão é porque há afinidade. E se há afinidade, havendo a conversão de um lado, o outro lado ou o abandona ou converte-se também. Na verdade, nunca mudamos sozinhos. Formamos um emaranhado de inteligências influenciando-se umas às outras, em constante
movimento. Quando tomamos uma resolução e a colocamos em prática, há uma mudança energética, e isso interfere nos que nos circundam, encarnados e desencarnados. A chance de influenciarmos espíritos que normalmente nos acompanham é grande. A simples troca de hábitos gera grandes
mudanças nos espíritos que nos acompanham. Se não se tratar de obsessor renitente, o hábito da leitura edificante, a frequência ao centro espírita, o hábito da oração já afastam os espíritos que não se afinizam com estas atividades. Não suportam as energias geradas, perdem a sintonia, que é quebrada com a leitura séria ou
com a oração sentida. Nós somos os responsáveis pelas nossas companhias, encarnadas e desencarnadas. E podemos ser responsáveis pela mudança de rota em seus caminhos. Há grande chance de nosso exemplo ser seguido. Nenhuma lição é melhor do que o exemplo.
A NECESSIDADE DE SER ÚTIL AO PRÓXIMO A única maneira de se sentir realizado é fazendo algo de útil em proveito de alguém. Por isso, em algum momento, surge a necessidade de ser útil ao próximo. Quantas pessoas você conhece que não têm objetivo na vida? Quantas pessoas do seu convívio não veem o menor sentido em nada, apenas vivem por viver? Muitos são os que apenas sobrevivem. Fazem as mesmas coisas sempre, sem pensar o porquê de fazerem o que fazem. Quantas pessoas você conhece que trabalham a vida inteira numa atividade de que não gostam? Quantas pessoas você sabe que são casadas há anos e anos com alguém de quem não gostam, alguém que mal aturam? E as pessoas que trocam a vida real pela vida virtual? Passam a vida em função de televisão, rádio, jornal, internet. Acompanham as novelas com mais interesse do que pela própria vida. Acompanham os campeonatos de que seu time participa como se isso acrescentasse algo de importância vital para sua vida. Todos precisamos de lazer, todos temos necessidade de descontração. Mas vai uma grande diferença entre o espaço para a diversão diária e
o dia tomado por essas atividades artificiais. E a sua própria vida, como é que fica? O que você vem fazendo da sua vida? Você já parou pra pensar por que você nasceu? Você deve saber disso, mas é bom lembrar: antes de nascer você se propôs a fazer um monte de coisas! Você quis nascer para realizar! Lembre da sua infância, o mais longe que puder. Lembrou? Vê como você tinha sonhos e planos? Você queria crescer pra fazer um montão de coisas. Agora você cresceu, e daí? Vai esperar ficar muito velho pra dizer que não dá mais tempo? Sempre é tempo de fazer algo de útil. É isso! É isso que preenche a vida, é isso que dá sentido à vida, é isso que é a vida. Ser útil! E a única maneira de ser útil de verdade é sendo útil ao próximo. Como escrevo sobre espiritismo, parto do princípio de que você é reencarnacionista. Mas nem é preciso reconhecer a reencarnação para constatar que as pessoas trazem, ao nascer, a vontade firme de se destacarem, de se imortalizarem através de suas obras. Alguns poderosos criam fundações com o seu nome, outros escrevem livros ou criam obras de arte, outros nos legam invenções,
outros almejam virar estátuas ou nomes de ruas e praças. Mas o que dá sentido real à vida é ser útil aos outros. Viver pra si mesmo é bom. Viver em busca de prazeres é bom. Ninguém aqui é santo. Mas enquanto vivemos só pra nós mesmos, por mais prazer que tenhamos, por mais coisas boas e agradáveis que experimentemos, nunca é o suficiente. O prazer alcançado nunca é o bastante. É por isso que quem vive voltado para as coisas materiais, quem vive em função de prazeres materiais, sempre quer mais.
Sempre mais comida, mais álcool, mais drogas, mais roupas e sapatos e bolsas e aparelhos e tudo o que o consumismo oferece, sempre mais sexo, mais jogo, mais velocidade, mais prazeres de todo tipo. Porque o prazer não preenche o vazio no peito, o prazer material não é capaz de suprir a necessidade íntima de ser útil aos outros. A única maneira de se sentir realizado é fazendo algo de útil em proveito de alguém. Ninguém consegue se sentir realizado, ninguém experimenta a maravilhosa
sensação do dever cumprido se não se dedica a fazer alguma coisa de útil a alguém que não seja a si mesmo. Não há como ver sentido na vida se não for para ser útil aos outros. Quem são os outros? Isso é você quem decide. Seus amigos, seus vizinhos, seus colegas, empregados, alunos, parentes, sua família, os espíritos sofredores, a lista é enorme. Sempre há alguém precisando de você. Sempre há alguém que precisa exatamente do tipo de ajuda que você pode oferecer