ANO l
Nº 09
Taubaté / SP
Setembro de 2014
EM SÃ CONSCIÊNCIA, QUEM PODE ARREMESSAR A PRIMEIRA PEDRA?
O HOMEM, O CAVALO E O CÃO Pág.02 O MUNDO ESTA LOUCO, ESTARÁ? Pág.04
ESPÍRITISMO E AS DOENÇAS Pág.04 NÃO ENVERGONHE OS OUTROS
Pág.06
A DESENCARNAÇÃO É A CERTEZA FUTURA QUE TEMOS
Pág.07
A ILUSÃO DO SANGUE Pág.08 QUAL O OBJETIVO DE UMA SESSÃO MEDIÚNICA
Vivemos uma dessas incomuns ocasiões em que, a partir de uma nova representação tecnológica, isto é, de uma nova relação com a sociedade moderna, um novo modelo de humanidade é concebido. Estamos num estágio social em que o mundo virtual é quase o real; contudo, ele nos brota como sonho. Alguns sonham com cuidado, outros se submergem nos cipoais dos desvarios oníricos. Pág.06
Pág.09 COMPAIXÃO PENSE NISSO! Pág.10
Espiritismo para todos
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O HOMEM O CAVALO E O CÃO
Um homem, seu cavalo e seu cão, caminhavam por uma estrada. Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que ele, seu cavalo e seu cão haviam morrido num acidente. Às vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição… A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede. P r e c i s a v a m desesperadamente de água. Numa curva do caminho, avistaram um portão todo magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro na qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina. O caminhante dirigiu-se ao homem que numa guarita, guardava a entrada. - Bom dia, ele disse. - Bom dia, respondeu o homem. - Que lugar é este, tão lindo? ele perguntou. - Isto aqui é o céu, foi a resposta.. - Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede, disse o homem. - O senhor pode entrar e beber água à vontade, disse o guarda, indicando-lhe a fonte. - Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede. - Lamento muito, disse o guarda. Aqui não se permite a entrada de animais. O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande. - Mas ele não beberia,
EXPEDIENTE Diretoria: ACAM Colaboradores: • Diversos Editoração Eletrônica: Antonio C. Almeida Marcondes Tel.: (12) 3011-1013 e-mail: acam0000@ig.com.br O Jornal não se responsabiliza por matérias assinadas
deixando seus amigos com sede. Assim, prosseguiu seu caminho. Depois de muito caminharem morro acima, com sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio, cuja entrada era marcada por uma porteira velha semi-aberta. A porteira se abria para um caminho de terra, com árvores dos dois lados que lhe faziam sombra. A sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, parecia que estava dormindo: - Bom dia, disse o caminhante. - Bom dia, disse o homem. - Estamos com muita sede, eu, meu cavalo e meu cachorro. - Há uma fonte naquelas pedras, disse o homem e indicando o lugar. Podem beber à vontade. O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede. - Muito obrigado, ele disse ao sair. Vo l t e m quando quiserem, respondeu o homem. - A propósito, disse o caminhante, qual é o nome deste lugar? - Céu, respondeu o homem. - Céu? - Mas o homem na guarita ao lado do portão de mármore disse que lá era o céu! - Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno. O caminhante ficou perplexo. - Mas então, disse ele, essa informação falsa deve causar grandes confusões. - De forma alguma, respondeu o homem. Na verdade, eles nos fazem um grande favor. Porque lá ficam aqueles que são capazes de abandonar até seus melhores amigos… (Autor Desconhecido)
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ESPIRITISMO CURA DEPRESSÃO? Nenhuma casa espírita cristã verdadeira promete cura a um enfermo. Antes, lhe oferece evangelização, orações, passe magnético e água fluidificada, que ajudam no tratamento. Quem cura é somente Deus e, para obter cura, são imprescindíveis merecimento e fé. Assim se explica porque Jesus, que curava todas as doenças, nunca prometeu curar todos os doentes, mas somente aqueles que, praticando o bem, aceitassem seu jugo, que é suave e seu fardo, que é leve. Na Sua bondade infinita, o Pai Celestial faz continuamente d e s c e r e m à Te r r a m é d i c o s dedicados e cada vez mais competentes, trabalhando na pesquisa e na prática de uma medicina em perene e extraordinária evolução. Procuremo-los, primeiro de tudo. Depressão é “doença-fantasma” Depressão é uma expressão relativamente nova para indicar desânimo mental e físico doentio. Os espíritos Emmanuel e André Luiz, no livro Espírito e Vida, editado pela Federação Espírita Brasileira, a incluem na relação das “doenças-fantasmas”, cuja solução está em nós mesmos. Para eles, suas vítimas constituem “longas fileiras de irmãos nossos que não apenas infelicitam o lar onde são chamados à sustentação do equilíbrio, mas igualmente enxameiam nos consultórios médicos e nas casas de saúde, tomando o lugar de necessitados autênticos”. Esses instrutores espirituais referem-se “às criaturas menos vigilantes, sempre inclinadas ao exagero de quaisquer sintomas ou impressões e que se tornam doentes imaginários, vítimas que se fazem de si mesmas nos domínios das moléstiasfantasmas. Experimentam, às vezes, leve intoxicação, superável sem maiores esforços e, dramatizando em demasia pequeninos desajustes orgânicos, encharcam-se de drogas, respeitáveis quando necessárias, mas que funcionam à maneira de cargas elétricas inoportunas, sempre que impropriamente aplicadas. Atingido esse ponto, semelhantes devotos da fantasia e do medo destrutivo caem fisicamente em processos de desgaste, cujas consequências ninguém pode prever, ou entram, de modo
imperceptível para eles, nas calamidades sutis da obsessão oculta, pelas quais desencarnados menos felizes lhes dilapidam as forças. Depois disso, instalada a alteração do corpo ou da mente, é natural que o desequilíbrio real apareça e se consolide, trazendo até mesmo a desencarnação precoce, em agravo de responsabilidade daqueles que se entibiam diante da vida, sem coragem de trabalhar, sofrer e lutar.” Aviso salutar da própria alma Vêm conselhos de Emmanuel e André Luiz: “Se surge a depressão nervosa, examinemos o teor das emoções a que estejamos entregando as energias do pensamento, de modo a saber se o cansaço não se resume a um aviso salutar da própria alma, para que venhamos a clarear a existência e o rumo. Antes de lançar qualquer pedido angustiado de socorro, aprendamos a socorrer-nos através da autoanálise, criteriosa e consciente. Ainda que não seja por nós, façamos isso pelos outros, aqueles outros que nos amam. Combatamos as doençasfantasmas, que são capazes de transformar-nos em focos de padecimentos injustificáveis a que nos conduzimos por fatores lamentáveis de auto-obsessão.” Em outra obra, Coragem, edição CEC (Comunhão Espírita Cristã), temos este acréscimo
de Emmanuel, sobre o mesmo assunto: “Se trazes o espírito agoniado por sensações de pessimismo e tristeza, concede ligeira pausa a ti mesmo, no capítulo das próprias aflições, a fim de r a c i o c i n a r. S e a l g u é m t e ofendeu, desculpa. Se feriste alguém, reconsidera a própria atitude. Contratempos do mundo estarão constantemente no mundo, onde estiveres. Disciplina é alicerce da educação. Circunstâncias constrangedoras assemelham-se a nuvens que aparecem no firmamento de qualquer clima. Agradar a todos, ao mesmo tempo, é realização impossível. Mudanças equivalem a tratamento da alma, para os ajustes e reajustes necessários à vida. Conflitos íntimos atingem toda criatura que aspire a elevar-se. Fracassos de hoje são lições para os acertos de amanhã”. Completando a lição, uma palavra de Francisco Cândido Xavier: “Vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras. Vigie suas palavras, porque elas se tornarão seus atos. Vigie seus atos, porque eles se tornarão seus hábitos. Vigie seus hábitos, porque eles sem tornarão seu caráter. Vigie seu caráter, porque eles se tornarão o seu destino”. JÁVIER GODINHO
Espiritismo para todos
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CHICO XAVIER FALA SOBRE UMBANDA E CANDOMBLÉ Respostas sobre UMBANDA É CANDOMBLÉ dadas pelo médium mineiro CHICO XAVIER no programa Pinga Fogo de 1971 UMBANDA Pergunta: Quem são os “pretos-velhos”, “exus” e “pombas-giras” que incorporam na Umbanda? Se são espíritos de luz, por que há necessidade de cigarro, cachaça e sons barulhentos? Resposta: Para espíritos de luz, ou seja, espíritos superiores e puros, não existem necessidades materiais. Os espíritos que trabalham nos terreiros, em sua grande maioria, são aqueles que ainda guardam grandes necessidades das sensações terrenas e por isso usam os médiuns para absorve-las; quando não têm, fazem-no através dos despachos. São, na classificação da Doutrina Espírita, chamados de espíritos mais simples. É claro que existem aqueles outros que, mesmo tendo condição moral mais elevada,
manifestam-se nos terreiros de Umbanda, guardando os procedimentos ali adotados. CANDOMBLÉ Pergunta: Qual a diferença entre as entidades de luz da Doutrina Kardecista e os orixás do Candomblé, que são reverenciados em seus templos com bons pratos, roupas tradicionais e músicas? Isso não seria prendê-los ao materialismo? Resposta: Primeiro; devemos esclarecer que a Doutrina não é Kardecista e sim dos Espíritos. Allan Kardec foi o codificador dessa Doutrina, ou seja, através de método
científico, reuniu e compilou, com a ajuda de vários médiuns, as informações que hoje conhecemos editadas nos livros básicos da Doutrina Espírita. Quanto à diferença entre “entidades de luz”, ou seja, espíritos de luz e os orixás do Candomblé; esta reside no fato de que os espíritos de luz encontram-se em elevada condição de evolução moral, estando, portanto, livres das sensações materiais. Sem dúvida que as oferendas que recebem os “orixás” os prendem à matéria. Da Obra “Plantão De Respostas “ – Emmanuel E Francisco Cândido Xavier.
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ALGUMAS CURAS NÃO DEVEM SER REALIZADAS André Luiz, conta no livro “Missionários na Luz”, cap. 12, a história de um Espírito que, em sua última encarnação, cometeu revoltante crime, assassinando um pobre homem a facadas na região do estômago. Este ato impensado levou este Espírito a grandes aflições, porque a vítima desencarnada o obsedou dia a dia até sua desencarnação. E após sua desencarnação, além do remorso natural, foi para regiões umbralinas, sofrendo ali grandes aflições também. Depois de muito tempo, quando estava consciente do erro que cometeu, ajudou sua vítima “diminuindo” assim seu débito. Então, para reparar de vez o crime, ele pediu que, na sua nova encarnação, desencadeasse nele, uma úlcera de importância que começaria a incomodá-lo logo que chegasse à maioridade física. Carregaria a própria ferida, conquistando, dia a dia, a necessária renovação. Sofreria e lutaria incessantemente,desde a eclosão da úlcera até sua d e s e n c a r n a ç ã o . VA M O S ANALISAR: Imaginemos então, este Espírito já encarnado.
Devido ao esquecimento ao reencarnar, provavelmente, procurará a cura para sua doença na medicina e não encontrará. Então, certamente dirá: “Estes médicos, não sabem nada, porque são todos mercenários!” Ele talvez, procurará fazer promessas na Igreja Católica, e nada . . . Talvez fará oferta no templo protestante, e nada . . . Talvez tomará passes na Casa Espírita, e nada também. Se for adepto da saúde, não fumando, não bebendo, ingerindo alimentos saudáveis, fazendo exercícios físicos, etc., alguém dirá: “Tá vendo! O que adiantou cuidar da saúde? Por isso, fumo, bebo, como de tudo . . .” Esta atitude é comum, para quem não vê além da matéria. Então, busquemos a ajuda médica da Terra e juntamente a ajuda espiritual, mas sempre dizendo: ”SENHOR, SEJA FEITA A VOSSA VONTADE.....” Só ele sabe do nosso passado, das nossas necessidades, débitos e dos nossos pedidos antes de encarnar.
QUE GRANDES EXEMPLOS....
O caso dos 33 mineiros chilenos soterrados que se salvaram, bem como um outro caso de grande honestidade, reportado nos “media”, são focos de luz nesta noite sombria por que passa o planeta Terra, a caminho de melhores dias que virão, de acordo com as opiniões dos Espíritos Superiores. Há meses, o mundo condoeu-se com a “sorte” dos 33 mineiros chilenos, soterrados. A morte era a mais provável solução para o caso, de tal modo era difícil a situação dos mesmos, e as parcas possibilidades de salvamento. No entanto, passando pouco tempo, todos eles saíram das profundezas da Terra, como heróis, levando-nos a profundas reflexões. O Homem, quando colocado perante a dor, o sofrimento, e quando consegue sair do casulo do seu egoísmo, (seja à escala pessoal, grupal, nacional, etc.), conjugando esforços, partilhando saberes, experiências, consegue levar por diante tarefas grandiosas e cheias de êxito, como a do resgate dos felizes mineiros. Que grande lição deram ao mundo, todos aqueles homens que estiveram integrados no processo de resgate, à escala mundial, dos 33 mineiros chilenos.
Afinal a felicidade é possível, afinal é possível erradicar a fome, a miséria, acabar com as guerras no mundo e construir um mundo melhor, assente nos alicerces da fraternidade, da amizade, do Amor, estratégia está apresentada há 2 mil anos por Jesus de Nazaré, e estupidamente ignorada pela humanidade, que persiste no egoísmo, no ódio, no orgulho, resumindo, no sofrimento que todos esses vícios morais acarretam (leia-se “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec). Há dias (em Outubro de 2010, Portugal), folheando o jornal diário enquanto saboreava um café, deparei-me com rara notícia: um emigrante português a trabalhar na Suíça, perdera a carteira na estação ferroviária de Campanhã, no Porto, Portugal, carteira esta que continha 5.900 francos suíços. Alguém a encontrou e devolveu-a, entregando-a na bilheteira. Depois de entregue ao seu dono, este tentou, sem êxito, descobrir a alma nobre que anonimamente tivera tal ato de honestidade. Tentou dar uma gorjeta ao empregado da bilheteira, como forma de agradecimento, mas este negou. Fiquei a pensar com os meus botões, como é bela a vida quando vista pelo prisma da honestidade, da correção e de como ela nos abre novos
horizontes existenciais. Afinal a felicidade é possível, afinal é possível erradicar a fome, a miséria, acabar com as guerras no mundo e construir um mundo melhor A Doutrina Espírita alerta a humanidade para a necessidade do autoburilamento, da reforma íntima, do exemplo, ao invés de exigirmos aos demais os atos que no quotidiano não fazem parte do nosso dia-a-dia: honestidade, correção, dignidade. Nesse dia, senti orgulho de ser português, orgulho daqueles exemplos vivos e anónimos de honestidade. No caso dos 33 mineiros, senti orgulho de pertencer, nesta existência carnal, à humanidade passageira do planeta Terra. Folheando “O Livro dos Espíritos” bem como “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (ambos de Allan Kardec), encontramos as diretrizes seguras para uma existência mais feliz, mais justa, mais coerente, com normas bem delineadas, para que se consiga de uma vez por todas, ultrapassar a grande chaga que envolve a humanidade: o egoísmo. Que grandes exemplos de espiritualidade, de humanidade, de retidão de carácter podemos encontrar nestes 2 casos, um
deles mediático e o outro sem grande realce. Serão religiosos os intervenientes nestes 2 casos? Serão seguidores de alguma religião ou doutrina espiritualista? Não sabemos, mas também, que importa, perante a grandeza de tais exemplos? “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”, esclareceu-nos Jesus de Nazaré, explicando-nos assim, em termos simples, que, amanhã, quer no mundo espiritual quer no mundo
carnal, cada um colherá o que houver semeado no seu coração.Cumpre-nos introspecionar e meditar sobre o que temos feito pela paz íntima, pela paz social, pela paz na família, pela paz no país e pela paz no mundo. Afinal, começa e acaba tudo no nosso íntimo, seja a semeadura seja a colheita, sobre a forma de aflições ou bem-estar, conforme as nossas atitudes, pensamentos, sentimentos.
Espiritismo para todos
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Setembro de 2014
O MUNDO ESTÁ LOUCO... (ESTARÁ)? É convicção que o mundo… está louco! Quem o diz, é cada um de nós, mas qual será o mundo louco? O que vemos, o dos outros, ou nós também fazemos parte desse mundo? E nós, como estamos, como habitantes desta grande nave terrestre? As pessoas são unânimes: “o mundo está louco”, dizem, “está tudo doido”, “guerras e mais guerras, mortes, violência brutal, escândalos, roubos, mentira, falsidade”. Aparentemente, não existe esperança no horizonte, não há volta a dar.O medo espalha-se, qual vírus contagioso. Os direitos humanos, foram pela sargeta abaixo. Os princípios ético-morais, foram substituídos pelo materialismo caduco e feroz que, transformou o ser humano numa máquina de produção. As doenças psicológicas campeiam, os casamentos destroem-se, os suicídios aumentam. Busca-se a causa de tanta desgraça nos modelos macroeconómicos, nas políticas de direita ou de esquerda, no FMI, no BCE, no grupo de Bilderberg. Procuram-se os “culpados” algures, fora de nós… No entanto, nós fazemos parte da sociedade terrestre, do mundo louco que criticamos e, contribuímos para que ele esteja como está, com os nossos pensamentos, sentimentos e atitudes. Entretanto, veio a Física quântica e deu um golpe mortal no … materialismo. Tudo é energia, não existe matéria, mas sim energia em diversos estados, alguns deles o que denominamos de
“matéria”. Os Espíritos já tinham informado isso há 157 anos (O Livro dos Espíritos) quando Allan Kardec compilou o Espiritismo (Doutrina Espírita ou Doutrina dos Espíritos), isto é, os ensinamentos dados pelos Espíritos, através de inúmeros médiuns, num trabalho exaustivo e científico, usando o método indutivo, o método experimental. Ver o futuro pelos binóculos ultrapassados do materialismo, é o mesmo que estudar ciências pelos livros do século XIX. Há que estarmos atentos aos novos paradigmas que a sociedade nos apresenta e, que os cientistas têm atestado mundo fora, vindo de encontro aos postulados espíritas: a vida continua após a morte do corpo físico, a comunicabilidade com o mundo espiritual é possível em certas condições e, a reencarnação é uma realidade científica. Não há como fugir da realidade dos casos sugestivos de reencarnação (CSR), da transcomunicação instrumental (TCI), da transcomunicação mediúnica (TCM), das experiências de quase-morte (EQM’s), das visões no leito de morte (VLM’s) e das experiências fora do corpo (EFC’s). Remontando aos tempos de Jesus de Nazaré, ele apontava para o fim do mundo
e, para aqueles que herdariam a Terra. Actualmente, os bons Espíritos explicam que esse ensinamento refere-se a um período de transição, ao longo do 3º milénio, onde haverá o fim do mundo de misérias morais e materiais e, que somente os espíritos mais pacificados voltarão a reencarnar na Terra, havendo a separação do “trigo do joio” e, assim, os espíritos belicosos reencarnarão em planetas inferiores, servindo assim de expiação para os mesmos e, simultaneamente, de motor de desenvolvimento para a sociedades pouco evoluídas que encontrarem. Os tempos são pois de esperança, nunca houve tanto bem, tanto voluntariado, tanta solidariedade, mas isso não aparece nas televisões que, ainda são canais de notícias deprimentes e escandalosas, perturbando assim quem as vê. Apesar das dificuldades por que quase todos passamos, os bons espíritos são unânimes em incentivar-nos à calma, à esperança, à compreensão, à tolerância e entendimento, estimulando o ser humano a colocar em prática, nestes momentos de decisões difíceis, o ensinamento evangélico de “não fazermos ao próximo o que não queremos que nos façam”. O Espiritismo tem como máxima “Fora da caridade não há salvação”, incentivando-nos à caridade para connosco e para
com o próximo, objectivando acima de tudo, a melhoria íntima, a superação dos defeitos e, a amplificação das virtudes. Não nos iludamos… é um trabalho urgente, intransferível e inevitável, mais cedo ou mais tarde!Conhecendo-se, o homem pacifica-se e, pacificando-se, o desmoronar das más práticas sociais não o atormentam, antes felicita-se por ver essa mudança, passo a passo, mas contínua, com a reencarnação de espíritos mais evoluídos que, já aí estão sob a forma de nossos filhos e, que trazem no bojo do seu subconsciente uma vontade férrea de mudar o estado em que se encontram as sociedades. Dizem-nos os bons espíritos, que vivemos temporariamente num corpo de
carne, numa grande nave com 7 mil milhões de habitantes e, que nesta viagem breve de cerca de 80 anos, devemos apostar o máximo que pudermos na nossa reforma íntima. Evoluindo intelectual e moralmente, o homem vai ascendendo na sua escala evolutiva ao nível espiritual, tendo reencarnações cada vez mais felizes, assim faça por isso. Os tempos são pois de esperança, nunca houve tanto bem, tanto voluntariado, tanta solidariedade, mas isso não aparece nas televisões que, ainda são canais de notícias deprimentes e escandalosas, perturbando assim quem as vê. “Nascer morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a lei”. Bibliogarfia: Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos
ESPIRITISMO E AS DOENÇAS Pelo que depreende do estudo do Espiritismo, as doenças nascem do Espírito. Os maiores causadores de doenças são a raiva, a mágoa, as frustrações, o rancor, a inveja, o sentimento de culpa. São esses sentimentos que provocam as doenças do corpo físico. Todos os dias os jornais divulgam novas pesquisas sobre os benefícios ou malefícios de determinados alimentos em nossa saúde. Também tem sido muito difundida a recomendação da prática de exercícios físicos para a manutenção e melhora de nossa saúde física e emocional. Assim como muitas pessoas, tenho cuidados com a alimentação e pratico exercícios físicos regularmente. Desde que sem exageros, sabemos que esses hábitos só têm a contribuir para o nosso bem-estar. O que é bem menos divulgado é que, do mesmo modo que somos responsáveis pela saúde, também somos responsáveis pelas doenças. As doenças nascem não só do descuido com o corpo, mas principalmente do descuido com as nossas emoções.
Os maiores causadores de doenças são a raiva, a mágoa, as frustrações, o rancor, a inveja, o sentimento de culpa. São esses sentimentos que provocam as doenças do corpo físico. As emoções atingem imediatamente o corpo físico, que serve como um dreno por onde escoam essas energias negativas. Só que muitas não escoam, não fluem, ficam presas ao corpo físico e se manifestam em algum órgão em forma de doença.Todas as doenças se originam do espírito. O que não tem origem nesta vida tem origem em reencarnações passadas. Muitas pessoas não aceitam este fato, ou só o aceitam parcialmente. Mas não há como fugir a essa constatação. O corpo físico é apenas reflexo do corpo astral (ou perispírito). Tudo o que está registrado em nosso corpo astral se manifesta em nosso corpo físico. Você conhece pessoas que são viciadas em doenças. Falam de suas doenças com carinho, com uma espécie de orgulho. No ambiente de trabalho, em casa, na fila do
banco, em qualquer lugar é possível ver pessoas competindo para ver que é mais doente. Trocam informações, nomes de remédios, não omitem nenhum detalhe de seus sintomas e dores. A doença é o modo que muitas pessoas carentes de afeto acham para chamar a atenção. Quanto mais detalhes mórbidos, mais atenção despertam. É um modo de serem ouvidas, consideradas. Se apaixonam pelas próprias doenças. Quando você encontra alguém assim, a primeira coisa que ela faz é lhe passar o relatório completo de suas doenças. Onde dói, como dói, o que ela tomou, o que o médico disse, o que o outro médico disse. Se algumas dessas pessoas ficassem curadas de repente, perderiam o sentido da vida. Claro que não são todas as pessoas doentes que gostam de suas doenças. Há pessoas que nascem com doenças graves, com limitações físicas que terão que suportar pela vida toda. Outras adquirem qualquer moléstia ou enfermidade no decorrer da vida, e a cura nem sempre está ao seu alcance.
Nem todos se conformam. Muitos se acham injustiçados, acham que a vida está errada e questionam a Justiça Divina. Não aceitam o fato de que são elas mesmas que causaram ou escolheram suas doenças. Mesmo dentro do Espiritismo há quem ache essa abordagem muito dura. Acham cruel generalizar. Ficam comovidas com casos de doenças graves em crianças ou pessoas sabidamente boas. A dor dessas pessoas dói nelas. Não sou insensível. Com a popularização das redes sociais, todos os dias nos deparamos com imagens de pessoas que sofrem de doenças terríveis. Mas se
aceitamos que somos os responsáveis pelos nossos atos, que colhemos o que plantamos, que nossos males morais foram provocados por nós mesmos e que compete a nós modificá-los, por que seria diferente com os males físicos? São as nossas emoções que provocam as doenças. A cura também passa pelas nossas emoções. Não estou dizendo que devemos abrir mão da medicina, pelo contrário. Temos que aproveitar os avanços que conquistamos. Mas a cura, real, verdadeira e definitiva para qualquer mal que atinja o nosso corpo está no controle das nossas emoções. Morel Felipe Wilkon
Espiritismo para todos
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Setembro de 2014
AS ELEIÇÕES E O ESPIRITISMO... Portugal teve mais um ato eleitoral no dia 25 de Maio de 2014, procurando eleger os seus representantes ao parlamento europeu. No meio da campanha eleitoral, promessas, festas, festarolas e o ato de votar, fica uma sensação de que as pessoas não acreditam nos seus “representantes” políticos, de tal modo é o nível da abstenção. E que tem isto a ver com a Doutrina Espírita (ou Espiritismo)? Quando a Doutrina dos Espíritos surgiu em meados do século XIX, operou-se uma revolução na Terra: o Espiritismo matou a morte, demonstrando à saciedade, a imortalidade do Espírito, a reencarnação e a comunicabilidade dos Espíritos. Até então, acreditava-se de uma maneira ou de outra na vida além da morte, a partir desse momento, essa vida futura ficou demonstrada de tal modo que, somente as pessoas muito distraídas ainda não se aperceberam disso. O Espiritismo ensina-nos que vivemos na Terra, num mundo de expiação e provas, onde o mal ainda se sobrepõe ao bem, pese embora a fase de transição para um nível superior que se operará durante o 3º milénio. Nesse sentido, verificamos a desigualdade
social, o egoísmo (base de todos os defeitos) desenfreado, aliado ao materialismo anestesiante, a consumirem o bem-estar e as oportunidades de felicidade do ser humano. A Doutrina Espírita ensinanos que à medida que o homem for evoluindo intelectual e moralmente, ao longo das vidas sucessivas (reencarnações), vai tendo sede de justiça, de paz, de harmonia, de fraternidade. As leis dos homens, embora procurando na sua génese serem universais e justas, são ainda muito imperfeitas, procurando na maior parte das vezes, facilitar a ocultação de crimes económicos, entre outros. A justiça, bem inalienável segundo as Constituições dos países na Terra, é acessível apenas aos ricos, havendo muitas vezes uma relação de causa e efeito entre a capacidade de pagar a advogados caros e o desenlace dos processos judiciais. Dizem os bons espíritos que estamos numa fase evolutiva, do ponto de vista espiritual, ainda muito primitiva e, que ao longo dos séculos, as leis dos homens vão-se aproximando das leis divinas, da Lei Natural, das Leis Morais, que podemos encontrar por exemplo na obra “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec. Quando tal
desiderato acontecer, não mais os homens procurarão enganar outros homens, não mais o egoísmo será o paradigma dominante, e a noção de justiça social, de equidade diferenciada, de irmandade, será uma realidade sentida por cada ser humano, que transportará de modo consciente (o que ainda não acontece) no seu íntimo, a certeza da perenidade das leis divinas. Com a reencarnação, novos espíritos aí estão, a fim de mudarem o paradigma existencial da sociedade, baseado no egoísmo, pelo paradigma da solidariedade e do amor ao próximo. Gerindo-se pela sua consciência, onde estão inscritas as leis de Deus, o homem não mais ludibriará, não abusará dos dinheiros públicos e, a política será encarada como uma nobre missão de servir o povo, seus irmãos em evolução. Provavelmente, os eleitos serão de outra forma, pela sua capacidade ético-moralintelectual, um pouco à semelhança do mundo espiritual, onde os líderes se destacam pela sua grandeza moral, pela sua evolução que se impõe naturalmente, pela gentileza,
pela bondade, pelo Amor, características próprias dos espíritos nobres e evoluídos. Para aqueles que descrêem do futuro, o Espiritismo explica que tal transformação moral na Terra será mais rápida do que se pensa, através do fenómeno natural da reencarnação (que já está a ocorrer) onde espíritos mais evoluídos moral e intelectualmente estão a voltar ao planeta, a fim de darem um “empurrão” na senda da evolução. Esses seres espirituais, nossos filhos, vêm com novas ideias, novas noções de justiça e de equidade e, serão em breve os futuros
gestores, governantes, agricultores, artistas, teólogos, filósofos, cientistas, etc…, que catapultarão a Terra para novos horizontes existenciais, mais justos e felizes. Até lá, façamos a nossa parte, dando o exemplo de retidão, de honestidade, de caridade, sem cogitar dos erros alheios que não podemos solucionar. Relembrando Jesus de Nazaré, cada um de nós voltará à pátria espiritual com aquilo que semear e colher nesta vida, dentro da assertiva de que “a semeadura é livre mas a colheita obrigatória”. Publicado por José Lucas
O ESPIRITISMO E A SAUDADE O espiritismo é uma doutrina consoladora, por nos demonstrar a continuidade da vida após a separação terrena. Mas devemos reconhecer que o fato de sabermos que a vida continua não ameniza a saudade, pois é difícil superar o silêncio. Esse silêncio que dói e que não é preenchido por nada. Talvez se tivéssemos em mente, se nos lembrássemos com frequência, que todos aqueles que amamos um dia vão partir da matéria, muitos deles antes de nós, talvez então os valorizássemos mais, talvez então notássemos mais as suas virtudes e menos os seus defeitos. Mas isso também vale para quem, por algum motivo, esteja afastado dos seus. É claro que então a saudade ainda dói, mas ao mesmo tempo alenta, porque o reencontro não depende de que todas as pessoas estejam novamente no mesmo plano… Sem contar que hoje temos o auxílio inestimável da tecnologia. Não é a mesma coisa? Claro que não, mas pouco tempo atrás não existia, não havia esse consolo. Algum tempo atrás, quem imaginaria ver suas pessoas queridas pelo webcam, estando em praticamente qualquer lugar do mundo? Uma coisa a ser evitada nos momentos de saudade é justamente pensar nela. Antes
de deprimir-se, é melhor se manter ocupado com coisas úteis. Não há um monte de coisas que deixamos pra fazer quando tivermos tempo? Pois que se aproveite o espaço vazio deixado pela saudade para ocupar-se com essas coisas. A palavra saudade só existe na língua portuguesa, e sua etimologia é a mesma da palavra solidão. E são realmente sentimentos que se confundem. Pois a solidão também pode ser aproveitada para coisas que em outras ocasiões e circunstâncias não seriam possíveis. É na solidão que entramos em contato com nós mesmos, com nosso universo interior. Na solidão podemos encontrar respostas seguras para as incertezas que alimentamos, e esse contato com nosso íntimo é que nos dá coragem para enfrentar as dificuldades da passagem pela Terra. Quando estiver de braços
com a saudade, não permita que ela se transforme numa prisão emocional, impedindo que você saiba aproveitar os dias que de repente ficaram mais compridos, impedindo que você domine o seu pensamento, que você domine as lágrimas, que você domine o desânimo que bate à porta ameaçadoramente. Não! Todos os períodos da vida são importantes, nenhum se repete, com toda a certeza um dia a oportunidade de aprendizado e vivência desse momento da sua vida lhe será cobrado, e é bom que você tenha aproveitado. Seja útil, seja útil aos outros, aos que ficaram, seja útil a você! E quando puder estar novamente ao lado das pessoas que ama, aproveite ao máximo, viva cada detalhe, cada momento; sabe-se lá quando terá outro abraço como esse? É triste? Talvez. Seria pior se não houvesse o reencontro nesta vida; pior ainda se não houvesse
amanhã. Mas a vida é um dia depois do outro, cada um deve ser aproveitado ao máximo, com saudade ou sem s a u d a d e . Q u a n t a oportunidade um dia nos oferece! Que o vazio da ausência seja preenchido com bons pensamentos e atividades
construtivas. E que se aproveite essa oportunidade de aprendizado para, no decorrer dessa vida e pela eternidade, darmos o devido valor às coisas simples, que não exigem nada de extravagante para serem feitas, basta a presença daqueles que amamos.
Espiritismo para todos
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Setembro de 2014
EM SÃ CONSCIÊNCIA, QUEM PODE ARREMESSAR A PRIMEIRA PEDRA? Vivemos uma dessas incomuns ocasiões em que, a partir de uma nova representação tecnológica, isto é, de uma nova relação com a sociedade moderna, um novo modelo de humanidade é concebido. Estamos num estágio social em que o mundo virtual é quase o real; contudo, ele nos brota como sonho. Alguns sonham com cuidado, outros se submergem nos cipoais dos desvarios oníricos. Em todos esses estágios há o perigo de essa situação virar pesadelo. Esse é o preço que o homem paga pelo avanço da Tecnologia da Informação (TI), apesar de muitos cidadãos ainda não terem se dado conta de que seus atos pelas vias virtuais estão estabelecendo desastres morais de consequências imprevisíveis. Vejamos: a questão aqui colocada como inquietante é o duplo adultério ocorrido pelas ferramentas virtuais, desaguando na vida real. Um casal bósnio está se divorciando, depois de descobrir que um traía o outro em chats na Internet. Detalhe: eles começaram o relacionamento virtual usando pseudônimos, e só descobriram a verdade quando combinaram um encontro real com os “novos parceiros”. Sana Klaric, 27 anos, e seu marido Adnan, 32, usavam os pseudônimos de “Sweetie” e “Prince of Joy” em salas de batepapo. Conheceram-se e iniciaram uma relação, confidenciando-se mutuamente os problemas que tinham em seu casamento. 1 Os dois estavam convencidos de ter finalmente
encontrado sua alma gêmea e resolveram marcar um encontro real para se conhecer, e descobriram a verdade. A esposa disse que “de repente estava apaixonada, parecia que eu e “Prince of Joy” [pseudônimo do esposo] estávamos amarrados no mesmo tipo de casamento infeliz”. “Depois, me senti tão traída”, disse a esposa. O marido, por sua vez, continua sem poder acreditar no que aconteceu. “É difícil pensar que “Sweetie” [pseudônimo da esposa], que escreveu coisas tão maravilhosas para mim [Prince of Joy] , é na verdade a mesma mulher com quem me casei e que, por anos, não foi capaz de me dizer uma única palavra agradável”. 2 Sem dúvida estamos diante de insólita ocorrência inteiramente edificada sobre as areias de um casamento arruinado, da escapatória do consórcio por meio da recíproca infidelidade conjugal e da autocomiseração em face do mútuo adultério. Diante do fato, tenta-se a busca do “divórcio” para “resolver” a demanda de dois corações lesionados. Compreendemos que a traição dói de todas as maneiras, seja ela virtual ou real. Perante a deslealdade conjugal, grande contingente pessoas exibem duas fases de reação: protesto e desespero. A pessoa se contorce, grita, chora, implora por uma nova chance. Já na segunda fase, a reação será muito parecida com a de pacientes em depressão: falta de vontade de interagir socialmente, perda de apetite, insônia e desinteresse por qualquer
atividade. Obviamente não existe adultério onde reina sincera afeição recíproca. Não estamos aqui para lançar juízos sob o império conceitual de falsa superioridade ante os que se encontram dilacerados nos sentimentos. Sobre o adultério em si preferimos recorrer à sentença do Cristo que diz: “atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado.”. 3 Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência. “Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.”. 4 Sobre o ditado “atire a primeira pedra”, é “curioso notar que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do espírito, haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua inolvidável sentença. Todavia, dos milenares e tristes episódios afetivos que reverberam na consciência humana, resta, ainda, por ferida sangrenta no organismo da coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia da doença da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado.”. 5 Infelizmente, o “adultério ainda permanece na Terra, por instrumento de prova e expiação, destinado naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher,
Jorge Hessen
que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso e da vida. Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal luzindo na presença de cada uma, então o conceito de adultério se fará distanciado do cotidiano, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser.”. 6 O Espírito Emmanuel ilustra que “no rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano que pessoa alguma da Terra haja escapado, no conjunto das existências consecutivas, aos chamados “erros do amor”. 7 “Quem não haja varado transes difíceis nas áreas do coração no período da reencarnação em que se encontre, investigue as próprias inclinações e anseios no
Jorge Hessen
campo íntimo, e, em sã consciência, verificará que não se acha ausente do emaranhado de conflitos, que remanescem do acervo de lutas sexuais da Humanidade.”. 8 Achamo-nos muito longe da pureza do coração, e por isso mesmo, se alguém nos parece cair sob enganos do sentimento, não critiquemos; em vez disso, silenciemos e oremos a seu benefício. Nenhum de nós consegue conhecer-se tão exatamente a ponto de saber hoje qual a dimensão da experiência afetiva que nos espera no futuro. Somos incapazes de examinar as consciências alheias, e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso particular em matéria de amor, reclamando compreensão. Referências bibliográficas: 1 Disponível em http:// metro.co.uk/ acesso 12/08/2014 2 Disponível em http:// tecnologia.terra.com.br/interna/ 0,,OI1920421-EI4802,00.html acessado em 12/08/2014 3 João 8:7
NÃO ENVERGONHE OS OUTROS!
Você já se sentiu envergonhado? Você já constrangeu alguém? Devemos evitar ao máximo envergonhar as pessoas. Não envergonhe os outros! Poucas coisas causam tantos ressentimentos quanto ferir os sentimentos de alguém, envergonhar alguém. Se for em público, então, o estrago é maior ainda. Está certo que você pode fazer isso algumas vezes sem se dar conta, não é de propósito. Mas será que não podemos meditar um instante para analisar se o conteúdo do que dizemos não pode machucar alguém? Muitos de nós, a maioria, ainda é muito suscetível a mágoas e rancores. Não devia ser assim, e estamos evoluindo, mesmo que vagarosamente, para um dia não nos melindrarmos tanto com a vaidade ferida. Mas ninguém quer ser constrangido em público, nem você, que se julga num nível um pouquinho mais elevado. Ah, não se julga? Então desculpe. Mas às vezes nos achamos
assim. Até que somos colocados à prova, e percebemos que ainda falta muito… Mas já houve progressos, é o que importa. O fato é que ninguém gosta de receber o r d e n s autoritárias, ninguém gosta de ser repreendido duramente, ninguém gosta que comentem sobre seus defeitos, ninguém gosta de ser criticado. Não se trata de saber quem está certo e quem está errado. Fazer alguém se sentir envergonhado, além de ser um dos modos mais fáceis e rápidos de conquistar um inimigo, nunca resolve nada; na verdade só complica ainda mais. Você percebe o que acontece quando uma criança é continuamente criticada? Você se dá conta de que a crítica a fere profundamente? E você que é chefe, que tem subordinados: Já criticou algum deles em público? Não temos o direito de humilhar alguém perante si mesmo, muito menos perante os
outros. Ninguém quer ser tratado como burro, mesmo que às vezes se pareça com um; ninguém quer ser taxado de tímido, mesmo que se esconda atrás das paredes, ninguém quer ver suas falhas e fraquezas expostas ao vento. Algumas vezes é difícil se colocar no lugar de alguém, mas não nesse caso. Basta lembrar-se de uma situação vergonhosa de que se foi vítima, um episódio de humilhação qualquer. Todos já passaram por isso. Uma repreensão desajeitada pode causar uma desilusão irreversível, pode estragar uma boa imagem. Você não se revolta quando vê alguma manifestação de preconceito, em que a vítima é tratada com desprezo? Claro que sim! Só que são os casos pontuais que provocam revolta. No dia-a-dia você mergulha na correria e esquece que é civilizado, esquece que é espírito imortal em busca de experiência e aprendizado, e
que o respeito irrestrito ao próximo é uma das lições que devemos aprender, é uma das provas que devemos gabaritar. Procure valorizar o que os outros têm de bom. Em vez de envergonhar a pessoa falando de seus defeitos e erros, estimule-a ressaltando suas qualidades. Se a repreensão for inevitável, e às vezes é, repreenda depois; primeiro elogie. As flores precisam da luz do sol para desabrochar. As pessoas precisam do elogio para florescer. Todas elas,
mesmo aquelas que parecem frias ou duronas. Sejamos mais cuidadosos e evitemos envergonhar as pessoas. Todos nós temos uma gota de autoritarismo circulando junto com o sangue, mas depende de nós permitir ou não que esse defeito milenar venha à tona ou que seja definitivamente transformado. Todos têm direito à dignidade, e somos nós, que estamos sempre buscando o aperfeiçoamento moral, que devemos fazer valer esse direito. Não é mesmo?
Espiritismo para todos
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Setembro de 2014
A DESENCARNAÇÃO É A CERTEZA FUTURA QUE TEMOS Quando pessoa querida desencarna é crucial resignarnos, observando no fenômeno da “morte” a manifestação da Lei de Deus que governa a vida. A desencarnação é a única certeza futura que temos. Todos passaremos por essa provisória despedida. Não há como tapearmos o pensamento a respeito desse impositivo da natureza. Em face disso, permitamos que o pensamento sobre a “morte” componha de forma ininterrupta e serena nossos estados mentais, reflexão sem a qual estaremos desaparelhados, ou para o regresso inevitável ou despreparados para arrostarmos com quietação a “morte” dos nossos entes queridos. Compreendemos que “nenhum sofrimento, na Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio. Ver a névoa da morte estampar-se, inexorável, na fisionomia dos que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritível, é como despedaçar a própria alma e prosseguir vivendo.” (1) Em verdade, depois do desenlace, sobrevém ao “falecido” um período de inquietação transitória, variando obviamente de espírito a espírito, consoante seu talhe moral, mormente no que tange ao desprendimento das coisas materiais. Em verdade, nem todo Espírito se desune imediatamente da carcaça biológica. Entretanto, em qualquer circunstância, jamais escasseará o socorro espiritual, sobretudo aos que fazem jus, proporcionado pelos bons espíritos. É como elucidou Jesus: “Em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a “morte”.” (2) Quando a desencarnação de ente amado nos bata à porta, dominemos o desespero e dissolvamos a corrente da aflição no manancial da prece, porquanto os desencarnados são tão somente ausentes e os pingos de nossas lágrimas lhes açoitam a consciência como chuva de fel. “Eles pensam e lutam, sentem e choram, inquietam-se pelos que ficam. Ouvem-nos os gritos e as
súplicas, na onda mental que rompe a barreira da grande sombra e tremem cada vez que os laços afetivos da retaguarda se rendem à inconformação.” (3) O luto (4) pode variar muito dependendo das pessoas, do tipo de “morte” e da cultura, mas que o caminho mais comum é entender que a pessoa partiu e redefinir a vida com a ausência do ente querido. Uma das teorias mais consagradas para elucidar a reação humana durante o luto é a dos “cinco estágios”, desenvolvida pela psiquiatra suíça e reencarnacionista Elizabeth Kübler-Ross, em 1969. Segundo Kübler-Ross, até superar uma perda, as pessoas enlutadas passam por fases sucessivas de negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Cerca de 50% das pessoas lidam muito bem com a “perda” e volta à vida normal em semanas. Apenas 15 % de enlutados desenvolvem graves dificuldades que afetam a convivência social, possivelmente porque o “aceitar perdas”, especialmente aquelas referentes aos sentimentos, é enormemente complexo e trabalhoso para tais pessoas. Se o luto não é essencialmente tão insuportável quanto se concebia, e se a maior parte dos enlutados conseguem suplantar bem uma “perda”, por que razão algumas pessoas não conseguem superar o trauma? Pois os 15% atravessam anos sobrevivendo como nos primeiros e mais complicados períodos do luto. Essas pessoas não conseguem retomar a vida. Cultuam a dor, em uma espécie de luto crônico, chamado pelos psiquiatras de “luto patológico” ou “luto complicado”. Transportando o sentimento para a família, o luto pode provocar uma grave crise doméstica, pois exige a tarefa de renúncia, de excluir e incluir novos papéis na cena familiar. Sigmund Freud, em “Luto e Melancolia”, remete-nos para ponderações razoáveis sobre o desencadear patológico da “perda” afetiva pela desencarnação. Entre suas teses, o pai da psicanálise assegura que o luto é a resposta emocional benéfica, adequada para a ocorrência da “perda”, já que há necessidade do enlutado de reconhecer a “morte” como evento, como realidade que se apresenta e que naturalmente
suscita constrangimento. O “pai da psicanálise” afiança que na melancolia o enlutado identifica-se com o morto e, ao deparar com essa “perda”, a pessoa entende que parte dela também está indo; há uma identificação patológica com o “de cujus”. Vemos então que no enlutamento melancólico há o que Freud chama de estado psicótico, em que o ego não suporta essa ruptura e adoece gravemente. A revelação Espírita demonstra que “morte” física não é o extermínio das aspirações e anseios no bem, porém o ingresso para a existência autêntica, para a vida real. Sim! A existência física é ilusória, fugaz, transitória demais. A separação do corpo pela “morte” não é uma anomalia da natureza. Simplesmente transfere-se da dimensão física, para o sítio espiritual. O chamado morto jaz na ligação pelo pensamento, de modo que ele captura as orações que lhe forem direcionadas e se sentirá apoiado com isso. Da mesma forma ficará descansado sabendo que os familiares estão resignados e trabalhando para que a vida terrena continue sem sobressaltos. Não olvidemos que em futuro mais próximo que imaginamos respiraremos entre os falecidos, comungando-lhes as necessidades e os problemas, porquanto terminaremos também a própria viagem no mar das provas terrenas. Quando a saudade é dolorida, há os que buscam a instituição espírita para obter informações do finado, porém, nem sempre é possível obterem-se notícias sobre os parentes desencarnados; para tanto é necessário que eles tenham condições morais e a permissão dos Bons Espíritos. Mas, para abrando de alguns, existem episódios em que os saudosos poderão ter encontros com seus entes queridos no plano espiritual; isso poderá ocorrer durante o sono, quando os Benfeitores permitem essas aproximações, a fim de que sobrevenha renovação de ânimo entre encarnados e desencarnados. De qualquer modo, o tema “morte” ainda se revela
assunto quase inteiramente incompreendido na Terra. Efetivamente, “morrer” (término da vida biológica) e desencarnar (ruptura do laço magnético que une espírito ao corpo) são fenômenos que nem sempre acontecem simultaneamente. Os intervalos de tempo para desligar-se do corpo variam para cada Espírito. Para uns pode ser mais dilatado, para outros é uma passagem rápida. A intermitência de tempo entre a “morte” biológica e a desencarnação tem relação direta com os pensamentos e ações praticados enquanto encarnado. Ninguém topará com o “céu” ou o “inferno” do lado de “lá”, porquanto o “empíreo” e a “geena” são conteúdos mentais construídos aqui no plano físico. Após o fenômeno da fatalidade biológica pela “morte”, cada Espírito irá deparar com o cárcere ou a liberdade a que faz merecer como fruto do desleixo ou disciplina mental que cultivou durante a experiência física. Para os que alcançaram aproveitar a encarnação, sem viciações e apegos, os que cumpriram a lei de amor, tornamse menos densos os laços magnéticos que prendem o Espírito ao corpo. Nesse caso, a desencarnação será rápida, proporcionando adequada liberdade, até mesmo antes de sua consumação. Todavia, os indisciplinados que se afundaram nos excessos, nas viciações, nos prazeres mundanos, cunham intensas impressões e vínculos magnéticos na matéria, e unicamente alcançarão a liberação após um intervalo de tempo, análogo ao tempo de desequilíbrio vivido na carne.
Contudo, mesmo após a ruptura dos embaraços magnéticos, que o algemavam à vida física, padecerá, por tempo indefinido, dos tormentos disseminados nas vias de suas experiências no mal (eis aí a metáfora do inferno). Ante os impositivos cristãos, devem-se emitir para os desencarnados, sem exceção, pensamentos de consideração, paz e desvelo, seja qual for a sua condição moral. Temos consciência da imortalidade, da vida além-túmulo. Allan Kardec nos remete a Jesus, e com o Meigo Rabi certificamos que o fenômeno da “morte” é totalmente diferente. No túmulo de Jesus não há sinal de cinzas humanas, nem pedrarias, nem mármores luxuosos com frases que indiquem ali a presença de alguém. Quando os apóstolos visitaram o sepulcro, na gloriosa manhã da Ressurreição, não havia aí nem luto nem tristeza. Lá encontraram um mensageiro do reino espiritual que lhes afirmou: não está aqui. Os séculos se dissiparam e o túmulo [de Jesus] permanece aberto e vazio, há mais de dois mil anos. Seguindo, pois, com o Cristo, através da luta de cada dia, jamais localizaremos a amargura do luto por ensejo da “morte” de pessoa amada, e sim a vida em plenitude. Jorge Hessen Referências bibliográficas: (1) Xavier, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos , ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1960 (2) JOÃO, 8:51 (3) _________ Francisco Cândido. Religião dos Espíritos , ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1960 (4) Luto [do latim luctu] – 1. Sentimento de pesar ou de dor pela morte de alguém.
Espiritismo para todos
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MUITOS ESPÍRITAS ESTÃO DESENCARNANDO MAL A culpa e os pesares da consciência são maiores quanto melhor o homem sabe o que faz. Kardec conclui primorosamente este ensinamento, afirmando que “a responsabilidade é proporcional aos meios de que ele [o homem] dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos” (1) Há uma frase atribuída a Chico Xavier que diz o seguinte: “os espíritas estão morrendo mal”. De fato: “Muitos espíritas estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios no Plano Maior da Vida em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram.” (2) No livro Vozes do Grande Além, Sayão, um pioneiro do Espiritismo no Brasil, afirma que “nas vastidões obscuras das esferas inferiores, choram os soldados que perderam inadvertidamente a oportunidade da vitória. São aqueles companheiros nossos que transitaram no luminoso carreiro da Doutrina, exigindo baixasse o Céu até eles, sem coragem para o sacrifício de se elevarem até o Céu. Permutando valores eternos pelo prato de lentilhas da facilidade humana, precipitaram-se no velho rochedo da desilusão.” (3) Aos espíritas sinceros e/ou simpatizantes do Espiritismo precisamos alertar: “Ninguém tem o direito de acender uma candeia
e ocultá-la sob o alqueire, quando há o predomínio de sombras solicitando claridade”. (4) Muitos espíritas que, presunçosamente, se autoavaliam equilibrados estão desencarnando muito mal. Nessas condições, estão os espíritas desonestos, adúlteros, mentirosos, ambiciosos, mercantilistas inescrupulosos das obras espíritas, os tirânicos dos Centros Espíritas, os que trabalham nas hostes espíritas só para auferirem vantagens pessoais, os supostos médiuns que ficam ricos com a venda de livros de baixíssimo nível doutrinário, etc., etc. Este último aspecto preocupa muito, pois, atualmente, existe uma enxurrada de publicações de livros “psicografados” que não passam de ficções de péssima qualidade. Livros com erros absurdos de gramática, assuntos empolados, idéias desconexas, oriundas dos
subprodutos de mentes doentes, de médiuns e/ou supostos “espíritos”, que visam tirar dinheiro dos neófitos com a venda de tais entulhos antidoutrinários, mas que enchem os olhos dos incautos pela imaginação fantasiosa. Insistentes, esses aparentes “psicógrafos” ou despreparados “espíritos” estão construindo denso universo de sombras sobre o Projeto Kardeciano, confundindo pessoas inexperientes, que batem à nossa porta em busca de esclarecimento e consolação. Esses “médiuns” e/ou “espíritos inferiores” ocultam, sob o empolamento (enganação), o vazio de suas idéias esquisitas. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula, obscura, forçando a barra para que pareça profunda. Até quando? Eis a questão! O tempo urge. Jorge Hessen
Sem a Reencarnação, Deus teria fracassado na criação do homem Todos nós evoluímos na descoberta da verdade. Na década de 1940, só 2 % da população brasileira acreditavam na reencarnação. Hoje são cerca de 80 %, independentemente de religião. Os líderes religiosos rejeitam a reencarnação, tal como acontece com a mediunidade, porque ela é-lhes prejudicial. Mas há os que creem nela, reservadamente. E cada vez mais, as pessoas estão saindo do armário e declarando-se reencarnacionistas. O fenômeno da reencarnação é bíblico e tem o respaldo de vários segmentos da ciência espiritualista, como acontece com a Psicologia Transpessoal, que é mais abrangente, militando em áreas também científicas desconhecidas da ciência materialista, que as renega por as desconhecer. Por isso, essa ciência materialista é capenga. E é lamentável que as autoridades religiosas cristãs preferem ficar de mãos dadas com essa ciência a se unir com a ciência espiritualista reencarnacionista. Também os cientistas da física quântica inclinam-se não só para a aceitação das vidas sucessivas, mas igualmente para outras ideias religiosas orientais antigas e
também bíblicas. E é pelo teimoso apego a doutrinas antibíblicas e antirracionais, que o cristianismo está em crise. Pregam-se doutrinas em que se faz de conta que se crê. Até quando isso vai continuar assim? A reencarnação está na Bíblia. A maior parte dos teólogos e exegetas da atualidade já reconhece essa realidade. Mas ainda há uma minoria de autores protestantes e evangélicos, que faz verdadeiros malabarismos linguísticos, tentando dar, em vão, aos textos bíblicos interpretações contrárias à reencarnação. Vamos ver, entre muitos, alguns exemplos bíblicos reencarnacionistas. No anúncio do nascimento de João Batista ao seu pai Zacarias, um anjo lhe diz que João iria à frente de Jesus com o espírito e o poder de Elias. (Lucas 1,17). Pergunto: por que com o espírito e o poder de Elias, e não com o Espírito e o poder de Deus? Outra passagem: “Eis que vou enviar-vos Elias, o profeta, antes que venha o dia do Senhor...”(Malaquias 3,23). João Batista é Elias. Dizendo de outro modo, o espírito de Elias reencarnou no corpo de João Batista, o Precursor de Jesus. Em nota de rodapé, na Bíblia TEB, Edições Loyola, lê-se: “Na
literatura judaica contemporânea dos inícios do NT, a pessoa de Elias ocupa um grande espaço como precursor do Messias. Jesus atesta que esta função foi cumprida por João Batista”. Certa feita, os discípulos perguntaram a Jesus o que quer dizer que Elias virá primeiro. E o Mestre afirmou que Elias já veio e não o reconheceram. E o texto evangélico termina assim: “Então os discípulos entenderam que Jesus lhes falara a respeito de João Batista”. (Mateus 17, 9 a 13). Noutro texto, Jesus falando agora do próprio João Batista, diz: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos (para ouvir) ouça.” (Mateus 11, 7 a 15). Quem tenta negar que João Batista é reencarnação de Elias, não é um estudioso serio da Bíblia. E a misericórdia de Deus deixaria de ser infinita, se não houvesse a reencarnação. Numa parábola sobre a salvação, o Excelso Mestre ensina que é difícil passar pela porta estreita. Quem é que se julga já poder passar por ela? Sem a reencarnação, quem, pois, se salvaria? Sem ela, Deus teria fracassado no seu projeto de criação do homem! José Reis Chaves
Setembro de 2014
A ILUSÃO DO SANGUE
Não é o sangue que nos irmana, mas o espírito. Os laços consanguíneos são ilusórios e efêmeros. Kardec explica no item 8 do capítulo XIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo : “ O c o r p o procede do corpo, mas o espírito não procede do espírito, pois já existia antes da formação do corpo. O pai não gera o espírito do filho. Fornece-lhe apenas o envoltório corporal, mas deve ajudar o seu desenvolvimento intelectual e moral, para fazêlo progredir”. Filhos de outros pais, procedentes de outro sangue, podem ser muito mais ligados aos pais adotivos que os filhos consanguíneos. Essa é uma das razões por que os pais adotivos geralmente não querem revelar a verdade aos filhos que adotaram. O amor paterno e materno ressurge ante o filho que volta ao seu convívio. Mas Emma-nuel revela um dos aspectos da lei da reencarnação que exige atenção e respeito. Os filhos que voltam ao lar por vias indiretas são espíritos em prova e, portanto, em fase de correção moral. Precisam conhecer a sua verdadeira situação para que a medida corretiva atinja a sua eficiência. E se quisermos burlar a lei só poderemos acarretar-lhes maiores sofrimentos. São muitos os dramas e
muitas as tragédias ocasionadas pela imprudência dos pais que mentiram piedosamente aos filhos adotivos. Quando a verdade os surpreende, o choque emocional pode transtornálos, fazendo-os perder a oportunidade de aprendizado que muitas vezes solicitaram com ardor na vida espiritual. Esta é uma razão nova que o Espiritismo apresenta aos pais adotivos, quase sempre apegados apenas às razões mundanas. Aprendendo desde cedo a se acomodar à situação de prova em que se encontra, o filho adotivo resigna-se a ela e aproveita a lição de reajustamento afetivo. Amanhã voltará de novo como filho legítimo, mas já em condições de compreender os deveres da filiação. A vida aplica sempre com precisão os seus meios corretivos, mas nós nem sempre a ajudamos, esquecidos de que os desígnios de Deus têm razões profundas que nos escapam à compreensão. Se Deus nos envia um filho por via indireta, devemos recebê-lo como veio e não como desejaríamos que viesse. Irmão Saulo - Do livro “Astronautas do Além”, de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires / Espíritos diversos
Espiritismo para todos
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Setembro de 2014
QUAL O OBJETIVO DE UMA SESSÃO MEDIÚNICA? Divaldo Franco – É acima de tudo uma oportunidade de o indivíduo auto-reformar-se; de fazer silêncio para escutar as lições dos espíritos que vêm a nós, depois da morte, chorando e sofrendo, sendo este um meio de evitarmos cair em seus erros. É também para fazer-nos esquecer a ilusão de que nós estejamos ajudando os espíritos, uma vez que eles podem passar sem nós. No mundo dos espíritos, as Entidades Superiores promovem trabalhos de esclarecimento e de socorro em seu favor; nós, entretanto, necessitamos deles, mesmo dos sofredores, porque estes são a lição de advertência em nosso caminho, convidandonos ao equilíbrio e à serenidade. Assim, vemos que a ajuda é recíproca. O médium é alguém que se situa entre os dois hemisférios da vida. O membro de um labor de socorro medianímico é alguém que deve estar sempre às ordens dos Espíritos Superiores para os misteres elevados. À hora da reunião, devemse manter, além das atitudes sociais do equilíbrio, a serenidade, um estado de paz interior compatível com as necessidades do processo de sintonia, sem o que, quaisquer tentames nesse campo redundarão inócuos, senão negativos. Depois da reunião é necessário manter-se o mesmo ambiente agradável, porque, à hora em que cessam os labores da incorporação, ou da psicografia, o fenômeno objetivo externo, em si, não cessam os trabalhos mediúnicos no mundo espiritual. Quando um paciente sai da sala cirúrgica, o pós-operatório é tão importante quanto a própria cirurgia. Por isso, o paciente fica carinhosamente assistido por enfermeiros vigilantes que estão a postos para atendê-lo em qualquer necessidade que venha a ocorrer. Quando termina a lide mediúnica, encerra-se, momentaneamente, a tarefa dos encarnados, a fim de estes recomecem-na, logo mais, no instante em que penetrem a esfera do sono, para prosseguir sob outro aspecto, ajudando os que ficaram de ser atendidos e não puderam, por uma ou outra razão. Então, convém que, ao
terminar a reunião mediúnica seja mantida a psicosfera agradável, em que as conversas sejam edificantes. Pode-se e deve-se fazer uma análise do trabalho realizado, um estudo, um cotejo no campo das comunicações e depois uma verificação da produtividade; tudo isto em clima salutar de fraternidade, objetivando dirimir futuras inquietações e problemas outros. - Recebe o médium, em transe, a influência mental do grupo de que participa? Raul Teixeira – Aprendemos em O Livro dos Médiuns, com Allan Kardec, que a reunião é um ser coletivo. Todos aqueles que dela participam, com qualquer função que seja, estão automaticamente vinculados às suas ocorrências, de maneira que, muitas vezes, o grupo não estando bem sintonizado e realizando um trabalho de alta envergadura, os médiuns, que são filtros dos espíritos encarnados e desencarnados, estarão filtrando, encharcandos e daquelas nuances vibratórias que o ambiente lhes permite fruir. Dessa maneira é que se justifica a desnecessidade de reuniões mediúnicas com público que não esteja sintonizado com a realidade do estudo doutrinário, porque os médiuns ficam à mercê desses influxos de dardos mentais de indiferença, de descrença e de petitórios e, muitas vezes, a mensagem que eles veiculam sairá com o sabor dessas insinuações, desses desejos e perturbações. O grupo participa, também, das comunicações com esse suporte energético apoiando ou desequilibrando o médium, porque a reunião é um corpo coletivo. - Os participantes de uma sessão mediúnica devem fazer algum tipo de preparo íntimo durante o dia, antes mesmo do início da reunião? Divaldo Franco – O espírita deve fazer um preparo normal, porque é um dever que lhe compete, uma vez que nunca sabe a hora em que será convocado ao retorno à consciência livre. O espírita que frequenta o labor mediúnico, além de espírita, é peça importante no mecanismo de ação dos
espíritos na direção da Terra. Ele deve fazer uma preparação, não somente nos dias da reunião, mas sempre, porque tal preparação seria insuficiente e ineficaz, já que ninguém muda de hábitos, apenas por alterar sua atitude momentânea. Nos trabalhos mediúnicos, são exigíveis hábitos mentais de comportamento moral enobrecido, e estes não podem ser improvisados. Então, os membros de uma sessão mediúnica são pessoas que devem estar normalmente vigilantes todos os dias e, em especial, nos reservados ao labor, para que se poupem às incursões dos espíritos levianos e adversários do bem, que, nesse dia, tentarão prejudicar a colaboração e perturbar-lhes o estado interior, levando distúrbios ao trabalho geral, que é o que eles objetivam destruir. Então, nesse dia, a vigilância deve ser maior: orar, ler uma página salutar, meditar nela, reflexionar, evitar atitudes da chamada reação e cultivar as da ação, pensar antes de agir, espairecer e se, eventualmente, for colhido pela tempestade da ira, pela tentação do revide, que às vezes nos chega, manter a atitude recomendada pelo Evangelho de Jesus. As reuniões mediúnicas devem ser públicas? Por quê? Divaldo Franco – O Codificador recomenda pequenos grupos, graças às dificuldades que há nos grandes grupos, em relação à sintonia vibratória e harmonia de pensamentos. Uma reunião mediúnica de
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caráter público é um risco desnecessário, porque vêm pessoas portadoras de sentimentos os mais diversos, que irão perturbar, invariavelmente, a operação da mediunidade. Afirmam os Benfeitores que uma reunião mediúnica é um grave labor, que se desenvolve no campo perispirítico, e se a equipe não tem um conhecimento especializado, é compreensível que muitos problemas sucedam por negligência da mesma. A reunião mediúnica não deve ser de caráter público, porque teria feição especulativa, exibicionista, destituída de finalidade superior, atitudes tais que vão de encontro negativamente aos postulados morais da Doutrina. Mesmo nas reuniões mediúnicas privativas deve-se manter um número ideal de membros, não excedente a 20 pessoas, para que se evitem essas perturbações naturais nos grupamentos massivos. Onde haja um grupo mediúnico com grande número, que seja dividido em dois trabalhos separados (porque, em Movimento Espírita, na ordem do bem, dividir é multiplicar o benefício daqueles que se repartem). Igualmente é necessário que as pessoas sejam afins entre si no grupo. Por motivos óbvios, se estamos numa reunião mediúnica e não somos simpáticos a um indivíduo, toda a comunicação que por ele venha, os nossos recalques e conflitos põem-nos carapuças, acreditando serem indiretas a nós dirigidas. Se, por acaso, alguém não nos é
simpático, quando ele entra em transe ficamos bombardeando: ”Imagine o fingido; vê se eu vou acreditar nele!” Formamos assim, uma antena emissora de dificuldades para o companheiro que está sendo agredido pela nossa mente, porque desde que o indivíduo é médium, ele não o é exclusivamente dos espíritos desencarnados, mas também dos encarnados. O êxito de uma reunião mediúnica depende da equipe que ali comparece e não apenas do médium. Os Mentores programam, mas aquela equipe em funcionamento responderá pelos resultados. Nunca é demais recomendar que as sessões mediúnicas sejam de caráter privado. - E aqueles grupos que se fecham em torno deles mesmos e seus membros não frequentam palestras, reuniões doutrinárias e se dedicam tão somente ao fenômeno em si, ao intercâmbio mediúnico? Estarão procedendo corretamente? Divaldo Franco – O mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei e que façais ao próximo quanto desejardes que o próximo vos faça, equivalendo a dizer que todo aquele que se isola perde a oportunidade de evoluir, porque todo enquistamento degenera em enfermidade. Do livro: Diretrizes de Segurança Por: Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira
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COMPAIXÃO - PENSE NISSO! A busca pelo bem-estar é inerente à natureza humana. O desejo do homem de livrar-se do sofrimento propiciou notáveis descobertas em todos os sectores do conhecimento. Analgésicos e anestésicos podem ser citados como conquistas humanas na procura de bem-estar. Ar condicionado, colchões ortopédicos e mesmo a singela água encanada também compõem o espectro de invenções destinadas a tornar a vida confortável. Na busca de conforto e tranquilidade, um dia o homem voltará sua atenção para os problemas morais que a sociedade enfrenta. Então compreenderá que o egoísmo é a causa de todas as desgraças sociais. Ele é que permite a um homem investir sobre o património, a honra e a vida de outro, qual uma fera selvagem. O egoísmo é a matriz de todos os vícios. Quando ele for combatido, todos os seus desdobramentos, como vaidade, ganância, maledicência e corrupção, perderão a força. A disseminação das idéias
espíritas é um poderoso elemento de combate ao egoísmo. O Espiritismo deixa claro que todo vício gera dor e que a Lei de Causa e Efeito rege a vida. Todo mal feito ao semelhante é uma semeadura de dor no próprio caminho. Quem quer ser feliz deve tratar o próximo com todo o respeito e generosidade com que desejaria ser tratado. A vinculação da própria felicidade à felicidade que se proporciona torna evidente o quanto é tolo ser egoísta. Ao buscar seu interesse, em detrimento ao do próximo, o egoísta apenas se candidata a vivenciar grandes dores. Ao se conscientizar da inexorabilidade da Lei de Causa e Efeito, a Humanidade reverá seus valores e prioridades. Entretanto, é preciso reconhecer que uma idéia nem sempre é fácil de ser posta em prática. Provavelmente você já se conscientizou de que a Justiça Divina é infalível. Mas ainda titubeia em sua caminhada e por vezes comete leviandades em prejuízo do
próximo. Uma boa táctica de renovação moral é parar de apenas pensar e começar a sentir. Raciocinar é necessário, mas amar é imprescindível. O melhor caminho para o genuíno amor fraterno é a compaixão. Compaixão é a tristeza que se sente com a infelicidade alheia. Mas também é o desejo de livrar o próximo do sofrimento. Para desenvolver esse nobre sentimento, deixe de fugir ao espetáculo das misérias humanas. Permita-se conviver com os doentes e os viciados do corpo e da alma, conforme fez o Cristo. Faça-se companheiro e amigo de idosos e enfermos. Visite asilos, orfanatos, hospitais e presídios. A título de preservar sua paz, não cultive a indiferença. Deixe que seu coração se enterneça com a dor alheia. A compaixão impede que um homem siga satisfeito em meio à tragédia que devasta a vida do outro. Ela possui um certo encanto melancólico, pois nasce
ao lado da dor e da desolação. Contudo, constitui a mais eficiente forma de cura das ilusões e paixões humanas. A compaixão desperta as fibras mais íntimas da alma e a prepara para as experiências sublimes do devotamento e da caridade. Não receie sofrer ao se tornar compassivo. Ao avançar nesse caminho, você logo se tomará do
ideal de aliviar a dor do semelhante e começará a agir. Então, a tristeza inicial se converterá no júbilo de quem amorosamente socorre e ampara os desprotegidos do Mundo. A alegria de ser útil e bondoso iluminará sua vida e o acompanhará pela eternidade. Pense nisso. Redação do Momento Espírita
A VISÃO ESPÍRITA DA UNIÃO ESTÁVEL HOMOSSEXUAL SEGUNDO DIVALDO PEREIRA FRANCO Transcrição das palavras de Divaldo Franco sobre a legalização da união estável homossexual e a adoção de crianças: “Legalizar é sempre uma forma de moralizar. Já que a união moral é feita pelo sentimento do amor, por que não legalizar uma coisa que existe, evitando que consequências danosas possam advir de um relacionamento que se pode tornar agressivo, suspeito pela sociedade e até mesmo para o meio social? (...) A adoção de filhos é perfeitamente válida. A mim, me surpreende, por exemplo, uma questão psicológica: como será a imagem do pai, a imagem da mãe para essa criança? Quando ele atingir a adolescência, quando chegar à idade madura, que comportamento irá utilizar em face da conduta que ele vem mantendo no lar? Mas, isso é uma coisa que compete à psicologia do comportamento através dos tempos, quando se verificarão os resultados deste momento de transição. (…) Os direitos da individualidade são inalienáveis. Não temos a prole que desejamos, que queremos, mas aquela de que temos necessidade para o processo de evolução. Se algum pai, alguma genitora considera isso um castigo divino, há de ter em mente que não chega às mãos o fruto de uma semeadura que não haja realizado. Então, amar é a solução. Amar sempre, seja qual for a condição do filho: drogado,
sexualmente transtornado, com problemas de comportamento... Amá-lo, porque a função do pai é educar sempre, a da mãe igualmente. E, o amor é o melhor mecanismo, a ferramenta mais hábil para poder criar hábitos saudáveis e proporcionar ao indivíduo a plenitude, a felicidade.” Comentário de Espiritualidade Inclusiva – Os três parágrafos da fala de Divaldo Franco possuem pontos polêmicos e pouco claros, deixando margens a muitas interpretações. No primeiro parágrafo, ao apoiar a legalização da união estável homossexual, Divaldo justifica com o fato de, assim, se evitar “... que consequências danosas possam advir de um relacionamento que se pode tornar agressivo, suspeito pela sociedade e até mesmo para o meio social”. O que a agressividade de um relacionamento tem a ver com sua legalização? Uma relação homossexual só deixa de ser “suspeita” para a sociedade quando legalizada? Estamos falando de índole de pessoas ou simplesmente resolvendo isso numa lei humana? A lei muda a índole de alguém? O que quis dizer com relacionamento “suspeito” “até mesmo para o meio social”? Estamos falando de pessoas “normais”, ainda que homossexuais, ou de psicopatas e tarados de todo gênero? Há de se ter muito cuidado com as palavras!
No segundo parágrafo, Divaldo apoia a adoção de filhos por homossexuais, mas pergunta: “como será a imagem do pai, a imagem da mãe para essa criança?” A mesma pergunta vale para crianças criadas só por um pai, ou só por uma mãe, ou só pelos avós, ou sem ninguém, num orfanato até os 18 anos! Mas, o trecho mais perigoso é este: “Quando ele atingir a adolescência, quando chegar à idade madura, que comportamento irá utilizar em face da conduta que ele vem mantendo no lar?” Como assim, “que comportamento irá utilizar”? Segundo a ciência, 90% das crianças criadas em lares heterossexuais manifestam o comportamento que lhes foi “ensinado”: o heterossexual! E, oficialmente falando, 100% delas são criadas em lares heterossexuais! Pesquisas mostram que este percentual se mantém estável mesmo no caso de crianças criadas em lares homossexuais. Ou seja, há que se desconfiar que a orientação sexual não seja simplesmente algo “ensinado” pelos pais, mas inclui um elemento interno ainda não perfeitamente estudado pela psicologia. No terceiro parágrafo, ao instar aos pais que aceitem seu filhos como são, Divaldo confunde novamente ao dizer: “Amar sempre, seja qual for a condição do filho: drogado, sexualmente transtornado, com problemas de comportamento...”
O que ele considera um filho “sexualmente transtornado”? Considerando todo o discurso nos dois parágrafos anteriores, isso induz o leitor a pensar que ele se refere à homossexualidade em si. Se não foi isso o que quis dizer, não tornou sua opinião clara e fica sujeito a várias interpretações. Parece-nos que
sua fala foi uma mescla de opiniões pessoais não plenamente formadas sobre o assunto com bases da Doutrina Espírita. Gostaríamos muito que nossos leitores utilizassem o espaço de comentários logo abaixo para opinarem sobre a fala acima. Paulo Stekel
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SOMOS RESPONSÁVEIS POR NOSSOS AFETOS Somos responsáveis pelos nossos afetos. Se fomos responsáveis por despertar o sentimento de alguém, se nos envolvemos ou nos deixamos envolver conscientemente numa relação de afeto, somos responsáveis por esse vínculo. Isso não quer dizer, de modo algum, que a felicidade alheia está em suas mãos. Você jamais se torna responsável pela felicidade de outra pessoa. A felicidade é uma conquista pessoal, que não depende de nada e ninguém exterior. Não está nas mãos de ninguém propiciar a felicidade de quem quer que seja. Só quem condiciona o sentimento afetivo aos seus próprios anseios neuróticos pode esperar que o outro se responsabilize por sua realização pessoal. Há pessoas, e são muitas, que querem ser amadas mas não se amam, querem ser compreendidas mas não compreendem a si próprias, querem alguém que as cuide mas não fazem sua parte em cuidar de si mesmas. São pessoas que ao menor revés afetivo, usam o bordão dos sofredores abandonados: “quando eu mais precisava… mas justo quando eu mais precisava…” Não percebem que estão sempre precisando, e não é de ninguém além delas
mesmas que precisam. Não se dão conta de que são as únicas responsáveis pelas suas próprias necessidades. Confundem sua carência afetiva com amor. Mas essa carência, que anseia por ser preenchida, é um vazio a ser trabalhado internamente, é antes de mais nada falta de autoconhecimento. Só quem conhece a si mesmo pode saber o que quer. E é imprescindível saber o que se quer para buscar alguma coisa, fazer alguma coisa por si, e não esperar permanentemente pelo reconhecimento, pela gratidão, pela admiração do outro. Mas, se por um lado não somos responsáveis pela felicidade de ninguém, por outro lado, ao nos vincularmos numa relação de afeto, não podemos deixar de levar em conta as necessidades, o bem-estar e os anseios do outro. Mesmo que você não se sinta mais ligado a essa pessoa, ou que nunca tenha se sentido diretamente vinculado a ela, se você permitiu que essa ligação se estabelecesse, também se permitiu fazer parte de um universo que não é o seu, se permitiu tornar em uma referência na trajetória evolutiva dessa pessoa. A semeadura é livre, a colheita é obrigatória. Nunca é demais lembrar. Plantamos afetos, nem sempre
conscientemente, e o que colhemos são afetos, nem sempre planejados ou mesmo desejados. Não somos escravos dos afetos que criamos; podemos, na maioria das vezes, virar as costas e seguir em frente. Mas não há como nos eximirmos do preço a pagar. E em matéria de sentimentos, o preço geralmente é caro e o juro é alto… Muitas vezes essas situações mal resolvidas ultrapassam o túmulo em busca de uma solução mais satisfatória.
Pouco ou nada disso tem a ver com amor. O amor não termina. Nasce mas não morre. O amor está em nós, faz parte de nosso ser, cabe a nós desenvolvê-lo e vivê-lo. Mas o amor muda, se adapta, se transforma, muda o foco. Nós mudamos. Há os que consideram uma heresia aceitar que o amor mude, e se anulam em nome do amor estático e acabam sozinhos, abandonados, sem entender o que aconteceu, achando a vida injusta. Outros, ainda, sonham com o amor ideal,
e quando encontram um alvo disponível, tentam de todas as maneiras encaixar a pessoa amada nesse modelo. Cuide seus afetos. Você não é responsável pela felicidade das pessoas que têm afeto por você. Mas você é responsável pelo afeto que essas pessoas sentem por você. Ou você acha que não tem nada a ver com o que as pessoas sentem por você? Que isso é apenas escolha delas, e você não tem nada com isso? Pense. Pensemos.
PROBLEMAS SÃO OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO Problemas são oportunidades de crescimento. Todo o progresso material alcançado por você foi conquistado como uma maneira de eliminar problemas que você tinha. Muitas pessoas procuram o espiritismo quando enfrentam graves problemas. Esperam encontrar no espiritismo uma solução para os problemas, uma saída que não acharam em lugar algum. Algumas ficam desapontadas ao perceber que o espiritismo não resolve problemas pessoais de ninguém. Se um dia eliminassem os problemas da face da Terra, acabaria o progresso, cessaria a busca de melhora pessoal, de evolução como sociedade. A própria natureza do nosso planeta constitui um problema. A sobrevivência, a perpetuação da espécie, a necessidade de segurança e conforto se deparam com inúmeros problemas que devem ser vencidos permanentemente. O desenvolvimento do espírito acontece com a resolução de problemas. Todo o processo civilizatório é resultado da solução de milhões de problemas. O que você está fazendo agora, não importa o que seja, deve sua origem a um problema qualquer. Os
problemas não acabam nunca. Precisamos deles para o nosso crescimento e fortalecimento. Estamos tão habituados aos problemas cotidianos que já nem os consideramos como problemas. Você precisa atender às suas necessidades básicas de alimentação e vestuário; para isso você tem o trabalho. Você precisa atender às suas necessidades emocionais; para isso convive com família e amigos. Você precisa atender às suas necessidades existenciais; para isso você ora, se instrui, medita. Mas de tempos em tempos todos nós somos surpreendidos por algum problema diferente, que foge ao que estamos acostumados, que exige maior atenção e que pode causar um desgaste imprevisto. São o que costumamos chamar de crises. Essas crises são as provas a que todos estamos submetidos neste planeta de provas. Você costuma ser grato à Vida? Você agradece todos os dias pela sua família, pelo seu trabalho, pela sua saúde, pelo simples fato de estar vivo? O sentimento mais belo, profundo e genuíno que conheço é a gratidão. Mas será que você consegue agradecer pelos problemas? Não me refiro aos distúrbios e possíveis desgraças que podem
acontecer na vida. Me refiro à experiência que os problemas trazem para a vida. Sempre iremos nos deparar com acontecimentos inevitáveis. Você prefere tirar proveito ou prejuízo desses acontecimentos? Dos fatos tristes e dolorosos que nos acontecem o benefício é a experiência e o prejuízo é a dor. O que você prefere? Você está onde está graças aos problemas. Você reencarnou para resolver problemas. Para reajustar-se com outros espíritos, para desenvolver a disciplina, para solucionar um monte de problemas que você deixou sem solução em algum lugar do passado. Todo o progresso material alcançado por você foi conquistado como uma maneira de eliminar problemas que você tinha. Todos nós temos a tendência de acomodação. Isso é confirmado pela Física. Pelo princípio da inércia, todos os corpos comportam-se como preguiçosos e não querem modificar seu estado de movimento: se estão em movimento, querem continuar em movimento; se estão parados, querem continuar parados. Esse comportamento
preguiçoso é chamado pelos físicos de inércia. Um exemplo comum do princípio da inércia é o movimento de um automóvel. Quando o automóvel está parado e arranca, quem está no interior do veículo desloca-se para trás. Quando o automóvel está em movimento e freia, quem está no interior do veículo desloca-se para a frente, pela tendência de permanecer com a velocidade que tinha. A inércia se refere à resistência que um corpo oferece à modificação do seu estado de repouso ou de movimento. Assim como os corpos físicos, nós também seguimos o princípio da inércia. Se nada
de novo acontecesse em nossas vidas, permaneceríamos parados, no estado em que nos encontramos. Nada mais de progresso, de evolução ou desenvolvimento. Nada de esforço no melhoramento de si mesmo, no fortalecimento interior, na reforma íntima. São os problemas que nos tiram da inércia. São os problemas que nos obrigam ao crescimento. Não vou aconselhar você a agradecer pelos seus problemas, pois eu não costumo fazer isso. Mas podemos refletir sobre isso, e ver nos problemas que nos aparecem oportunidades de crescimento.
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CONSOLAR OU ESCLARECER? Você gosta de consolar e ser consolado? Você se sente aliviado quando alguém releva seus erros? Ninguém gosta de ter os seus defeitos expostos, comentados, analisados, julgados. Mas até que ponto convém ser consolado? Às vezes não será melhor esclarecer em vez de consolar? Será que a partir de um momento a consolação não se torna prejudicial? Claro que sim.Consolar é uma tarefa relativamente fácil. Exige habilidade, exige conhecimento, exige paciência. Mas traz resultados imediatos, e isso pode ser prejudicial para quem consola e para quem é consolado.Sabemos que não devemos esperar nada em troca quando fazemos qualquer coisa em benefício de alguém. “Não saiba a sua mão esquerda o que fez a sua mão direita”, lembra disso? Mas não há como negar que gostamos de ser reconhecidos. E ao consolarmos alguém, muitas vezes recebemos
agradecimentos emocionados. Se soubermos lidar com isso, tudo bem, mas o mais provável é que a vaidade seja alimentada e nos achemos mais importantes do que realmente somos. Ser consolado é bom, produz um alívio imediato, mas na maioria das vezes o consolo traz consigo a complacência para com os erros, o cuidado para não tocar nas feridas. Raramente o consolo é acompanhado pelo incentivo à renovação do espírito imortal, à reforma íntima.Não devemos apontar os erros alheios. Temos que ter muito cuidado em criticar. Mas e se uma pessoa lhe procura para pedir um conselho, ouvir uma orientação, saber sua opinião acerca de alguma coisa da intimidade dela? Se você percebe que a pessoa ilude a si mesma, que a pessoa não nota seus próprios defeitos, você fala com franqueza? Ou você passa a mão na cabeça da pessoa para não causar estragos
emocionais? Você procura esclarecer a pessoa mostrando onde está o erro ou coloca panos quentes para não correr o risco de ser mal visto? O ideal seria que pudéssemos sempre dizer tudo o que sabemos, tudo o que percebemos estar errado com as pessoas. Mas não podemos fazer isso. As pessoas só ouvem o que estão prontas para ouvir. É perda de tempo tentar esclarecer alguém que não quer ser esclarecido, dar conselhos a quem não os pediu. As críticas, por melhores que sejam suas intenções, por mais ricos que sejam seus argumentos, quase sempre geram ressentimentos e até inimizades. Não precisamos de inimigos. Há quem defenda que podemos fazer a chamada crítica construtiva, e que temos o dever de dizer algumas verdades para quem merece. Há quem se julgue no direito de esclarecer as pessoas sobre os erros e defeitos delas,
SEJAMOS COMO AS SEQUÓIAS Eu acredito que existe um Deus que cuida bem de nós e sabe o que faz. Eu acredito que a lógica de Deus é superior à minha capacidade de compreensão. Eu acredito que Deus nunca erra, embora, às vezes, eu não seja capaz de entender a razão de meu sofrimento. Tudo o que acontece com a gente tem um propósito, tem um porquê. Basta olhar para trás, percorrendo nossa trajetória, para perceber quanto as experiências do passado – as dolorosas e as felizes – foram importantes para que chegássemos aonde estamos hoje. Pessoas que tiveram doenças graves, um câncer, por exemplo, e precisaram fazer tratamentos dolorosos, como quimioterapia, normalmente passam a enxergar a vida de forma diferente depois que todo o sofrimento cessa. Percebem então quanto essa experiência difícil foi importante para que aprendessem muitas coisas sobre a vida que ainda não sabiam. As jo r n a d a s mais complicadas sempre são aquelas que nos trazem mais sabedoria. Como nas histórias dos heróis de todos os tempos, há sempre o momento de enfrentar o grande desafio, de encarar a caverna mais profunda de toda a jornada. É nesse instante que o herói deve provar que tem força para seguir em frente. O jornalista M a r i o
Rosa mostra, em seu livro A Síndrome de Aquiles (Gente, 2001), uma imagem muito bonita do significado dos incêndios em nossa vida: “Quem já foi a um parque como o Yosemite, na Califórnia, teve o raro privilégio de ver de perto o maior monumento vivo do reino vegetal: as legendárias sequóias. Essas árvores alcançam alturas impressionantes e chegam a viver até 4 mil anos. É quando se está diante de um portento tão poderoso como uma sequóia, vendo-a viva, tocando essa testemunha da História de nosso planeta, que quarenta séculos de vida deixam de ser apenas um número e passam a evocar uma forte emoção e algumas reflexões. Uma sequóia já estava naquele mesmo lugar há 2 mil anos, quando Jesus nasceu. Quando a civilização egípcia estava terminando a construção da Grande Pirâmide de Gizé, as sequóias que hoje vemos vivas e pujantes já haviam brotado da terra. Se compararmos a duração da vida de uma sequóia com a de um ser humano, descobriremos que cinco anos dessa árvore representam em relação ao todo de sua existência o mesmo que um mês significa para um ser humano. Assim, a explosão nuclear que devastou Hiroshima e Nagasaki e pôs fim à Segunda Guerra Mundial, vista sob a perspectiva da vida de uma sequóia, ocorreu não faz um ano. O fim da Guerra do Vietnã
se deu no semestre passado. E a morte de Lady Di, há dois fins de semana. Intrigados com tanta força e resistência, os cientistas, com o passar do tempo, foram descobrindo os fatores que fazem com que as sequóias sejam esse fenômeno de sobrevivência. Um dos segredos da vida de uma sequóia é o fato de que, por ser tão alta, atrai raios durante as tempestades. São justamente os raios que provocam incêndios que, por sua vez, destroem os galhos mais pesados da árvore, possibilitando-lhe que concentre sua seiva nos galhos realmente indispensáveis. Em sua vida, raios, tempestades e incêndios são crises que, em vez de destruição, permitem purificação. Fazem com que ela não desperdice seiva, concentrando-se nos ramos essenciais. Isso permite que continue crescendo. E sobrevivendo.” Tal como as sequóias, nós somos seres com poderes infinitos, precisamos apenas que alguns raios nos ataquem para conhecermos nossa força. Muitas vezes a dor parecerá insuportável, as perdas, insuperáveis, os obstáculos, intransponíveis. Mas, com fé e determinação, descobriremos que somos maiores que tudo isso e, no final, celebraremos nossas vitórias. CONFIE EM TUDO O QUE ACONTECER. Por Roberto Shinyashiki
mesmo correndo o risco de não ser compreendido no momento. Alegam que mais tarde essa atitude pode gerar bons frutos. Certamente há um ou outro caso em que isso se aplique. Mas a regra é a crítica e o esclarecimento forçado produzirem apenas mágoa. Por isso devemos aproveitar as oportunidades de esclarecer, sempre que surgirem, sempre que alguém quiser ser esclarecido. Sem
empurrar nossas verdades pra cima de ninguém, sem querer “salvar a alma” de ninguém. A evolução não acontece aos saltos, você sabe. E é bom lembrarmos que consolação é apenas um paliativo, não resolve problemas, apenas adia crises. Consolar é lidar com emoções, e emoções não costumam resolver problemas. Os problemas são resolvidos com a razão.