Espiritismo para todos fevereiro de 2014

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Taubaté / SP

Fevereiro de 2014

FRAGMENTOS DE KARDEC Pág.02 MEDIUNIDADE NO TEMPO DE JESUS Pág.03 QUE É DEUS Pág.04

ABRAÇO DE FILHO Pág.05 ABORTAMENTO ESPONTÂNEO Pág.06 AÇÃO OU REAÇÃO Pág.06 ABORTO NÃO REALIZADO Pág.07 BANDA LARGA E MENTE ESTREITA Pág.08

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SOLIDARIEDADE Estava fazendo minha caminhada habitual pela avenida Sumaré, quando um filhote de cão, talvez de uns 40 dias de vida, se tanto, abandonado ali na Praça Irmãos Karman, veio para a beira da calçada e logo, o seu focinho curioso fez com que ele descesse até o asfalto. Olhava a cena, enquanto o meu coração acelerava, prestes a ver, e ao mesmo tempo não querendo ver, um acontecimento impiedoso e quase certo. Os carros passavam à velocidade normal permitida ali, e o cãozinho iria virar carne moída dentro de pouco tempo. Arriscando-me por entre alguns carros que até diminuíram a marcha e outros tantos passando direto, com cuidado fui me aproximando do animal, receoso pelo trânsito que não parava. O cãozinho já estava quase no meio da avenida, totalmente indefeso e correndo um risco total, mesmo porque ele poderia ser morto até por não ser visto pelos motoristas. Nesse momento, um Sr. Marronzinho que acompanhava toda a cena veio do outro lado e com mais autoridade, foi parando o trânsito até que peguei o filhote e, juntos fomos para a praça em lugar seguro. Perguntávamos um para o outro quem teria abandonado aquele cãozinho ali e como poderíamos cuidar do destino dele. Nesse mesmo momento, veio do outro lado da rua uma

senhora fina e elegante, trajando um conjunto de cores muito bem combinadas que, tomando o cãozinho no colo, disse poder levá-lo para a sua veterinária de confiança que o doaria a alguém, isto é, se não quiséssemos levá-lo. Perguntou a mim e ao Sr. Marronzinho se estávamos interessados em adotar o bichinho. Ele explicou que estava em serviço, senão poderia até levá-lo. Eu perdera há pouco tempo o meu cão pastor com 11 anos de idade, fiel amigo de tantas caminhadas e que me fez adquirir o saudável hábito de caminhar pelas ruas e avenidas do meu bairro. Ainda com o coração doendo, não queria adotar nenhum cão, pelo menos, não por enquanto. Uma outra jovem senhora, simples e sorridente, carinhosa, logo pegou o cãozinho e segurando-o contra o peito, dizia que desejava muito levá-lo mas o problema é que não tinha espaço em sua casa. A senhora elegante, gentil e educada insistiu para que ela levasse o cãozinho. Praticamente havia tomado a decisão pela jovem que titubeava em adotar o animal. Logo se preocupou em como poderia arranjar uma maneira de transportá-lo até sua casa. Prontamente, um motorista do ponto de taxi próximo, disse que deveria ter um pedaço de pano no porta-malas do seu carro e afirmou que a banca de jornal do outro lado da rua, com

certeza, poderia arrumar uma sacola plástica que permitiria carregar o filhote. Assim fora resolvida a situação encaminhando a história para um final feliz. Um cuidado daqui, uma atenção dali, várias pessoas juntamente buscando solucionar aquele problema, para que o animalzinho fosse rapidamente adotado e, a partir daquele dia, tivesse um lar. Logo depois voltei para a minha caminhada, tocado por aquele acontecimento e como, do nada, várias pessoas surgiram, prontas e bem intencionadas para por em uso a sua bondade, a sua compaixão e num gesto muito espontâneo e simples de solidariedade, providenciar uma casa e um destino para o filhote. Hoje, quando me lembro da cena, não consigo deixar de pensar como ser solidário é um gesto simples. Não tem regras, não precisa de normas nem de campanhas, não precisamos de nos fazer muitas perguntas a respeito. Basta praticar o ato. Sim, como uma coisa muito natural. Tão natural como o samaritano que socorreu o homem caído à beira da estrada e ainda o levou a uma estalagem, onde pudesse receber tratamento e remédios, deixando até dinheiro para pagar as despesas daquele homem, de quem o samaritano nem sabia o nome ou a

procedência, nem que pessoa seria, nem dos seus princípios morais, nem de suas convicções religiosas. Foi um ato tão completo e espontâneo como se o mundo, de fato, não tivesse divisão de países com suas fronteiras, em que as nações falassem uma mesma língua e sem religiões, os seres humanos não estariam enclausurados em suas convicções morais, defendendo este ou aquele princípio, e até mesmo defendendo deuses próprios, supostamente melhores do que outros, como os combates na antigüidade, onde as guerras que os seres humanos travavam eram também guerras entre deuses. Como já disse, de vez em quando sou tomado pelas lembranças do fato, sinto-me então solidário e um pouco melhor do que normalmente sou. Mas sinto também que, quando

FRAGMENTOS DE KARDEC Data sugere conhecer melhor o Codificador A ocorrência do bicentenário de nascimento de Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, em 03 de outubro de 2004 (o nascimento ocorreu em 1804), sugere que, além dos dados biográficos – amplamente divulgados e conhecidos –, ampliar-se o conhecimento de seus pensamentos, para identificação de seu perfil psicológico. Colhemos em Obras Póstumas (1), alguns fragmentos de seus raciocínios, para homenagear a importante efeméride. Para conhecer seu perfil moral, a transcrição seguinte traz preciso embasamento: “Um

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dos primeiros resultados das minhas observações foi que os Espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não tinham nem a soberana sabedoria, nem a soberana ciência que o seu saber era limitado ao grau de seu adiantamento, e que a opinião deles não tinha senão o valor de uma opinião pessoal. Esta verdade, reconhecida desde o começo, evitou-me o grave escolho de crer na sua infalibilidade e preservou-me de formular teorias prematuras sobre a opinião de um só ou de alguns. Só o fato da comunicação com os Espíritos, o que quer que eles pudessem dizer, provava a existência de um mundo invisível ambiente era já um ponto capital, um imenso campo franqueado às nossas explorações, a chave de uma multidão de fenômenos inexplicados. O segundo ponto, não menos importante, era conhecer o estado desse mundo e seus costumes, se assim nos podemos exprimir. Cedo, observei que cada Espírito, em razão de sua posição pessoal e de seus conhecimentos, desvendava-me uma face desse mundo exatamente como se chega a conhecer o estado de uma país interrogando os habitantes de todas as classes

e condições, podendo cada qual nos ensinar alguma coisa e nenhum deles podendo, individualmente, ensinar-nos tudo.” Para conhecer o método aplicado nos estudos e observações sobre o Espiritismo, basta analisar esta frase: “(...) apliquei a esta ciência o método experimental, não aceitando teorias preconcebidas, e observava atentamente, comparava e deduzia as conseqüências, dos efeitos procurava elevar-me às causas, pela dedução e encadeamento dos fatos, não admitindo por valiosa uma explicação, senão quando ela podia resolver todas as dificuldades da questão. Foi assim que procedi sempre em meus anteriores trabalhos, desde os quinze anos”. Sobre a responsabilidade que se impunha, expõe Kardec: “compreendi logo a gravidade da tarefa, que ia empreender, e entrevi naqueles fenômenos a chave do problema, tão obscuro e tão controvertido, do passado e do futuro da humanidade, cuja solução vivi sempre a procurar era, enfim, uma revolução completa nas idéias e nas crenças do mundo. Cumpria,

pois, proceder com circunspecção e não levianamente, ser positivo e não idealista para não me deixar levar por ilusões”. Comentando sobre o sistema de análise nas comunicações com os Espíritos: “Incumbe ao observador formar o conjunto, coordenando, colecionando e conferindo, uns com os outros, documentos que tenham recolhido. Desta forma, procedi com os Espíritos como teria feito com os homens considerei-os, desde o menor até o maior, como elementos de instrução e não como reveladores predestinados”. Estabeleceu duas máximas que se imortalizaram de maneira patente a indicar os caminhos da Doutrina Espírita: a) Fora da caridade não há salvação, princípio que ressalta a igualdade entre as criaturas humanas, perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua; b) Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade, ressaltando que a fé raciocinada se apoia nos fatos e na lógica. Para concluir, nada melhor que trazer aos leitores Uma Prece de Allan

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um fato como este não está tão forte e presente na minha mente, não me vejo tão naturalmente bom, nem tão espontaneamente disposto a praticar o bem por mais simples que seja. Me lembrei do ensinamento de Aristóteles escrevendo em Ética a Nicômaco: “as virtudes são pois, de duas espécies, a intelectual e a moral, a primeira, por via de regra, gera-se e cresce graças ao ensino – por isso, requer experiência e tempo; enquanto a virtude moral é adquirida em resultado do hábito. Não é pois por natureza, nem contrariando a natureza que as virtudes se geram em nós. Diga-se, antes, que somos adaptados por natureza a recebê-las e nos tornamos perfeitos pelo hábito.” Sempre me pego pensando, o quanto ainda devo praticar para adquirir o hábito...

Orson Peter Carrara

Kardec, também extraída de Obras Póstumas, onde podemos sentir toda grandeza d’alma deste nobre espírito: “Senhor! Se vos dignastes lançar os olhos sobre mim, para satisfazer os vossos desígnios, seja feita a vossa vontade! A minha vida está em vossas mãos disponde do vosso servo. Para tão alto empenho, eu reconheço a minha fraqueza. A minha boa vontade não faltará, mas podem trair-me as forças. Supri a minha insuficiência, dai-me as forças físicas e morais, que me sejam necessárias. Sustentai-me nos momentos difíceis e com o vosso auxílio e o dos vossos celestes mensageiros esforçar-me-ei por corresponder às vossas vistas”.


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MEDIUNIDADE NO TEMPO DE JESUS

Paulo da Silva Neto Sobrinho

“Se alguém julga ser profeta ou inspirado pelo Espírito, reconheça um mandamento do Senhor nas coisas que estou escrevendo para vocês” (PAULO, aos coríntios). A mediunidade é uma faculdade humana que consiste na sintonia espiritual entre dois seres. Normalmente, a usamos para designar a influência de um Espírito desencarnado sobre um encarnado, entretanto, julgamos que, acima de tudo, por se tratar de uma aquisição do Espírito imortal, pouco importa a situação em que se encontram esses dois seres, para que se processe a ligação espiritual entre eles. É comum que ataques ao Espiritismo ocorram por conta desse “dom”, como se ele viesse a acontecer exclusivamente em nosso meio. Ledo engano, pois, conforme já o dissemos, é uma faculdade humana, e assim sendo, todos a possuem, variando apenas quanto ao seu grau. Os detratores querem, por todos os meios, fazer com que as pessoas acreditem que isso é coisa nova, mas podemos provar que a mediunidade não é coisa nova e que até mesmo Jesus dela pode nos dar notícias. É o que veremos a seguir. A mediunidade e Jesus Quando Jesus recomenda a seus doze discípulos a divulgação de que o “reino do Céu está próximo” fica evidenciado, aos que estudaram ou vivenciam esse fenômeno, que o Mestre estava falando mesmo era da faculdade mediúnica. Entretanto, por conta dos tradutores ou dos teólogos, essa realidade ficou comprometida no texto bíblico. Entretanto, como é impossível “tapar o sol com uma peneira”, podemos perfeitamente

identificá-la, apesar de todo o esforço para escondê-la. Sem artigo. Repisamos: a língua grega não possuía artigos indefinidos. Quando a palavra era determinada, empregava-se o artigo definido ‘ho, he, to’. Quando era indeterminada (caso em que nós empregamos o artigo indefinido), o grego deixava a palavra sem artigo. Então quando não aparece em grego o artigo, temos que colocar, em português, o artigo indefinido: UM espírito santo, e nunca traduzir com o definido: O espírito santo”. (Sabedoria do Evangelho, volume 1, pág 43). Se sustentarmos a expressão “o Espírito do Pai” teremos forçosamente que admitir que o próprio Deus venha a se manifestar num ser humano. Pensamento absurdo como esse só pode ser pela falta de compreensão da grandeza de Deus. Dizem os cientistas que no cosmo há 100 bilhões de galáxias, cada uma delas com cerca de 100 bilhões de estrelas, fazendo do Universo uma coisa fora do alcance de nossa limitada imaginação, mas, mesmo que a custa de um grande esforço, vamos imaginar tamanha grandeza. Bom, façamos agora a pergunta: o que criou tudo isso? Diante disso, admitir que esse ser possa estar pessoalmente inspirando uma pessoa é fora de proposto, coisa aceitável a de povos primitivos, cujos conhecimentos não lhes permitem ir mais longe, por restrição imposta pelo seu hábitat. A mediunidade no

apostolado Um fato, que reputamos como de inquestionável ocorrência da mediunidade, aconteceu logo depois da morte de Jesus, quando os discípulos reunidos receberam ”como que línguas de fogo” e começaram a falar em línguas, de tal sorte que, apesar da heterogeneidade do povo que os ouvia, cada um entendia o que falavam em sua própria língua. Fato extraordinário registrado no livro Atos dos Apóstolos, desta forma: “Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, todos se reuniram e ficaram confusos, pois cada um ouvia, na sua própria língua, os discípulos falarem”. (Atos 2, 16). Aqui podemos identificar o fenômeno mediúnico conhecido como xenoglossia, que na definição do Aurélio é: A fala espontânea em língua(s) que não fora(m) previamente aprendida(s). Mas, como da vez anterior, tentam mudar o sentido, para isso alteram o

artigo indefinido para o definido, quando a realidade seria exatamente que estavam “repletos de um Espírito santo (bom)”. Fato semelhante aconteceu, um pouco mais tarde, nomeado como o Pentecostes dos pagãos: “Pedro ainda estava falando, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra. Os fiéis de origem judaica, que tinham ido com Pedro, ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo também fosse derramado sobre os pagãos. De fato, eles os ouviam falar em línguas estranhas e louvar a grandeza de Deus...” (At 10, 44-46). Episódio que confirma que ”Deus não faz acepção de pessoas” (At 10,34), daí podermos estender à mediunidade como uma faculdade exclusiva a um determinado grupo religioso, mas existindo em todos segmentos em suas expressões de religiosidade. Conclusão Como apregoa a Doutrina Espírita o fenômeno mediúnico nada mais é que uma ocorrência de ordem natural. Podemos identificá-lo desde os mais remotos tempos da humanidade,

e não poderia ser diferente, pois, em se tratando de uma manifestação de uma faculdade humana, deverá ser mesmo tão velha quanto a permanência do homem aqui na Terra. Mas, infelizmente, a intolerância religiosa, a ignorância e, por vezes, a mávontade, não permitiu que fosse divulgada da forma correta, ficando mais por conta de uma ocorrência sobrenatural, que só acontecia a uns poucos privilegiados. Coube ao Espiritismo a desmistificação desse fenômeno, bem como a sua explicação racional. Kardec nos deixou um legado importantíssimo para todos que possam se interessar pelo assunto, quando lança O Livro dos Médiuns, que recomendamos aos que buscam o conhecimento dessa fenomenologia, ainda muito incompreendida em nossos dias. Referência bibliográfica. · PASTORINO, Carlos Torres, Sabedoria do Evangelho, volume 1, Revista Mensal Sabedoria, Rio, 1964. · Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Paulus, São Paulo, 43ª ed. 2001.

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QUE É DEUS ? O professor Rivail, já utilizando desde então o codinome “Allan Kardec”, abre o capítulo primeiro, do livro primeiro da codificação da Doutrina (Ensinamentos) dos Espíritos, com a pergunta título deste artigo. Kardec já tomava por base que para iniciar e ter total empenho nas suas pesquisas espíritas, nunca seria demais a máxima frieza e o sistemático controle das paixões evitando descambar-se para a religiosidade muito forte da época, para a curiosidade pueril, para a sede do sobrenatural ou quaisquer manifestações deste gênero. Tanta convicção tinha neste comportamento que mais adiante advertiria os seus seguidores: “O Espiritismo será científico ou não subsistirá”. Recebeu dos Espíritos que “assinam” os prolegômenos de “O livro dos Espíritos” a resposta mais próxima da verdade científica até hoje já concebida: - Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. A lei básica que rege o Universo (todas as coisas) é a lei de Causa e Efeito ou Ação e Reação, como é conhecida no meio científico. Para um efeito inteligente sempre haverá uma causa inteligente correspondente. Para que possamos chegar próximos a entender o que é Deus, devemos fazer um esforço para idealizarmos mais ou menos o que seria o Universo, começando portanto pela tomada de consciência do espaço tridimensional (comprimento, largura e altura) que ocupamos no mesmo, passando daí para a percepção

do espaço da nossa residência, bairro, cidade, estado, país, continente e planeta Terra com seus 40.000 quilômetros de extensão na circunferência. A Terra faz parte de um sistema solar que possui apenas 9 planetas com 57 satélites no total de 68 corpos celestes. A “grosso modo” em relação a outros astros do sistema solar, a Terra possui um volume 49 vezes maior que o da lua e 1.300.000 vezes menor que o do sol. É preciso que tenhamos noção de sua pouca importância diante do restante do Universo. Nosso sistema solar faz parte de uma pequena galáxia conhecida por Via Láctea, um aglomerado de cerca de 100 bilhões de estrelas, com pelo menos cem milhões de planetas e conforme os astrônomos, no mínimo cem mil com vida inteligente e mil com civilizações mais evoluídas que a nossa. As últimas observações do telescópio Hubble (em órbita), elevaram o número de galáxias conhecidas para 50 milhões. Em 1991, em Greenwich, na Inglaterra, o observatório localizou um quasar (possível ninho de galáxias) com a luminosidade correspondente a 1 quatrilhão de sóis. Diante destes números pensaríamos haver chegado na idéia do que é o Universo; ledo engano, pois estas áreas, ou melhor, volumes, representariam apenas 3% do que seria a totalidade de tudo dentro do tridimensional e espaço / tempo como conhecemos. Os espaços interplanetários, interestrelares e intergalácticos, obviamente, formariam a maior parte daquilo que chamamos de Universo.

Os fenômenos de aporte (transporte de matéria através de outras dimensões) tão conhecidos dos pesquisadores da paranormalidade e a antimatéria já produzida em laboratórios experimentais mais desenvolvidos através do planeta, nos dão a confirmação dos estudos de pesquisadores da capacidade de um Friedrich Zöllner, que no século passado , comprova a existência da quarta dimensão e conseqüentemente outros tantos Universos, quantas tantas dimensões for possível conhecermos. A teoria mais moderna da criação do Universo, nos remete não apenas para o Bigbang (a grande explosão) início de tudo, mas, para a idéia de vários bigbangs, com Universos cíclicos através de quatrilhões ou mais de anos. E aí? Será que conseguimos chegar perto da idéia da concepção e tamanho da obra de Deus, para tentar entendê-lo? Não seria no mínimo estranho que após esta monumental obra inteligente,

Deus colocasse em um planeta que representa um ínfimo grão de areia em uma cadeia de montanhas como o Himalaia, sua grande criação, o homem, feito sua imagem e semelhança? Nosso grande irmão e amigo Jesus, há 2000 anos, já passava em forma de contos e parábolas vários conhecimentos intelectuais e morais que possuía devido ao seu grande estado evolutivo, quando em missão entre nós, confiada pelo Criador afirmou: “Na casa de meu pai existem muitas moradas”. Para concluirmos esta nossa pequena intenção de lançarmos nossos confrades na especulação ao entendimento do que seria Deus, iremos nos valer da “coleção de livros” chamada Bíblia, que no entender do grande intelectual e eminente espírita Dr. Carlos Imbassahy, é um livro como outro qualquer, em que nos seus textos contém tudo que a gente queira para justificar, a favor ou contra qualquer coisa. No Antigo Testamento, Livro Gênesis, Capítulo 1

Fevereiro de 2014 Paulo Roberto Martins (Criação do homem), versículo 26 temos: “e (por fim) disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança (sic...)”. Se tomarmos como verdadeira a hipótese de que a Bíblia é a palavra de Deus, qual seria a imagem correta do nosso Criador? Um homem ou mulher? Velho, ariano de barbas longas ou de cor negra, e magro como os etíopes (teoricamente os primeiros hominídeos) ? Não seria melhor tentarmos entender uma concepção mesmo que não a conheçamos bem? Como por exemplo: o que sabemos a respeito do que somos (espírito)? Qual a imagem fiel que temos do mesmo? Ninguém sabe, ou melhor, conhecemos bem o corpo material, e relativamente o periespiritual, mas não o espírito. Conforme Allan Kardec, o espírito é alguma coisa formado por uma substância, mas cuja matéria, que afeta nossos sentidos, ele não nos pode dar uma idéia. Pode-se compará-lo a uma chama ou centelha cujo clarão varia de acordo com o grau de sua depuração. Sendo assim, pois, teríamos o entendimento melhor de nossa imagem de acordo com a de Deus. No tocante a semelhança é mais fácil a sua comparação quando procuramos compreender a eternidade, já que a palavra pressupõe algo que não tem início nem fim, como Deus; que é infinito, único, perfeito e todo-poderoso. Já ao passo que nós somos algo como semi-eternos; tivemos um começo criado por Ele e evoluímos na Sua direção conforme o Seu desejo.


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ABRAÇO DE FILHO Abraço de filho deveria ser receitado por médico. Há um poder de cura no abraço que ainda desconhecemos. Abraço cura ódio. Abraço cura ressentimento. Cura cansaço. Cura tristeza. Quando abraçamos soltamos amarras. Perdemos por instantes as coisas que nos têm feito perder a calma, a paz, a alma... Quando abraçamos baixamos defesas e permitimos que o outro se aproxime do nosso coração. Os braços se abrem e os corações se aconchegam de uma forma única. E nada como o abraço de um filho... Abraço de Eu amo você. Abraço de Que bom que você está aqui. Abraço de Ajudeme. Abraço de urso. Abraço de Até breve. Abraço de Que saudade! Quando abraçamos, a felicidade nos visita por alguns segundos e não temos vontade de soltar. Quando abraçamos somos mais do que dois, somos família, somos planos, somos sonhos possíveis. E abraço de filho deveria, sim, ser receitado por médico pois rejuvenesce a alma e o corpo. Estudos já mostram, com clareza, os benefícios das expressões de carinho para o sistema imunológico, para o tratamento da depressão e outros problemas de saúde. O abraço deixou de ser apenas uma mera expressão de cordialidade ou convenção para se tornar veículo de paz e símbolo de uma nova era de aproximação. Se a alta tecnologia - mal aproveitada - nos afastou, é o abraço que irá nos unir novamente. Precisamos nos abraçar mais. Abraços de família, abraços coletivos, abraços engraçados, abraços grátis. Caem as carrancas, ficam os sorrisos. Somem os desânimos, fica a vontade de viver. O abraço apertado nos tira

do chão por instantes. Saímos do chão das preocupações, do chão da descrença, do chão do pessimismo. É possível amar de novo, semear de novo. É possível renascer. E os abraços nos fazem nascer de novo. Fechamos os olhos e quando voltamos a abrilos podemos ser outros, vivendo outra vida, escolhendo outros caminhos. Nada melhor do que um abraço para começar o dia. Nada melhor do que um abraço de Boa noite. E, sim, abraço de filho deveria ser receitado por médico, várias vezes ao dia, em doses homeopáticas. Mas, se não resistirmos a tal orientação, nada nos impede de algumas doses únicas entre essas primeiras, em situações emergenciais. Um abraço demorado, regado pelas chuvas dos olhos, de

desabafo, de tristeza ou de alívio. Um abraço sem hora de terminar, sem medo, sem constrangimento. Medicamento valioso, de efeitos colaterais admiráveis para a alma em crescimento. * * * Mas, se os braços que desejamos abraçar estiverem distantes? Ou não mais presentes aqui? O que fazer? Aprendamos a abraçar com o pensamento. O pensamento e a vontade criam outros braços e nossos amores se sentem abraçados por nós da mesma forma. São forças que ainda conhecemos pouco e que nos surpreenderão quando as tivermos entendido melhor. Abraços invisíveis a olho nu, mas muito presentes e consoladores para os sentidos do Espírito imortal, que somos todos nós.

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ABORRECIMENTOS Nada mais comum, nas atividades terrenas, do que o hábito enraizado das querelas, dos desentendimentos, das chateações. Nada mais corriqueiro entre os indivíduos humanos. Como um campo de meninos, em que cada gesto, cada nota, cada menção se torna um bom motivo para contendas e mal-entendidos, também na sociedade dos adultos o mesmo fenômeno ocorre. Mais do que compreensível é que você, semelhante a um menino de pavio curto, libere adrenalina nos episódios cotidianos que desafiem a sua estabilidade emocional. Compreensível que se agite, que se irrite, que alteie a voz, que afivele ao rosto expressões feias de diversos matizes. Em virtude do nível do seu mundo íntimo, tudo isso é possível de acontecer. Contudo, você não veio à Terra para fixar deficiências, mas para tratá-las, cultivando a saúde. Você não se acha no mundo para submeter-se aos impulsos irracionais, mas para fazê-los amadurecer para os campos da razão lúcida. Você não nasceu para se deixar levar pelo destempero, pela irritação que desarticula o equilíbrio, mas tem o dever de educar-se, porque tem na pauta da sua vida o compromisso de cooperar com Deus, à medida que cresça, que amadureça, que se enobreça. Desse modo, os seus aborrecimentos diários, embora sejam admissíveis em almas infantis e destemperadas, já começam a provocar ruídos infelizes, desconcertantes e indesejáveis, nas almas que se encontram no mundo para dar conta de compromissos abençoados com Jesus Cristo e com Seus prepostos. Assim, observe-se. Conheça-se no aprendizado do bem, um pouco mais. Esforce-se

por melhorar-se. Resista um pouco mais aos impulsos da fera que ainda ronda as suas experiências íntimas. Aproxime-se um pouco mais dos Benfeitores Espirituais que o amparam. Perante as perturbações alheias, aprenda a analisar e não repetir. Diante da rebeldia de alguém, analise e retire a lição para que não faça o mesmo. Notando a explosão violenta de alguém, reflita nas consequências danosas, a fim de não fazer o mesmo. Cada esforço que você fizer por melhorar-se, por educar-se, será secundado pela ajuda de luminosos Imortais que estão, em todo tempo, investindo no seu progresso, para que, pouco a pouco, mas sempre, você cresça e se ilumine, fazendo-se vitorioso cooperador com Deus, tendo superado a si mesmo, transformando suas noites morais em radiosas manhãs de perene formosura. * * * Quando você for visitado por uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponha-se a ela. E, quando houver conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, diga, de si para consigo, cheio de justa satisfação: Fui o mais forte.


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ABORTAMENTO ESPONTÂNEO Por que, para certas mulheres que desejam muito ser mães, ocorrem abortamentos espontâneos? O que acontece, nesses casos, ao Espírito que se preparava para reencarnar naquele corpo que estava em formação? Uma senhora narrou, ao jornal italiano L´aurora uma experiência muito interessante. Ela estava grávida e feliz. Estava no quarto mês de gestação. Os exames preliminares lhe haviam anunciado o sexo da criança: seria um menino, e ela se apressara a começar chamá-lo de André. Então, uma noite, ela sonhou que estava deitada em um leito de hospital, sem apresentar o ventre desenvolvido, próprio da gravidez. Estranhou, pois não conseguia entender o que acontecera. Levantou-se e foi até a janela do quarto. Um jardim se descortinava abaixo e nele um garotinho lhe sorria e a saudava com sua mãozinha.

Ela o olhou e lhe disse: Até breve, meu tesouro. O nosso é somente um até breve, não um adeus. Despertando, poucas horas depois, Giovanna precisou ser encaminhada ao Hospital da localidade, sob ameaça de um abortamento. A médica, auxiliada por sua equipe, se esforçou ao máximo, sem conseguir evitar o abortamento espontâneo. Uma grande tristeza invadiu aquele coração materno, ansioso pelo nascimento de mais um filho. Desalentada e triste, chorou até se esgotarem as lágrimas. E o sonho da noite anterior então teve sentido para si: seu filhinho viera se despedir. E ela se despedira dele. Fora o anúncio da tristeza que estava a caminho e que invadiria aquele coração feminino. Talvez, mais tarde, em um outro momento, ele pudesse retornar, em nova tentativa gestacional. Mesmo porque, conforme o sonho, fora uma despedida temporária.

Por que ocorrem abortos espontâneos? O Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, interessou-se pela delicada questão. As respostas lúcidas dos Espíritos de luz se encontram em O livro dos Espíritos. Em síntese, esclarecem os mensageiros celestes que, as mais das vezes, esses eventos espontâneos têm por causa as imperfeições da matéria. Ou seja, as condições inadequadas do feto ou da gestante. De outras, o Espírito reencarnante, temeroso das lutas que terá que enfrentar na vida de logo mais, desiste da reencarnação, volta atrás em sua decisão. Retirando-se o Espírito que presidia ao fenômeno reencarnatório, a criança não vinga, a gestação não chega a termo. A gestação frustrada é dolorosa experiência para os pais e para o Espírito em processo reencarnatório. Como não existe sofrimento sem causa anterior, chega a esses corações, como medida

salutar para ajuste de débitos anteriores. Para o Espírito que realizava a tentativa, sempre preciosa lição. Retornará ao palco da vida terrena, após algum tempo, em novas circunstâncias. Para quem aguarda o nascimento de um filho, se constitui em doloroso transe a frustração do processo da gestação.

De um modo geral, volta o mesmo Espírito, superadas as dificuldades, para a reencarnação. Se forem inviáveis as condições para ser agasalhado no ventre que elege para sua mãe, engendra outras formas de chegar ao lar paterno. É nessas circunstâncias que a adoção faz chegar a pais não biológicos o filho inestimável do coração.

AÇÃO OU REAÇÃO? De um modo geral, costumamos reclamar de tudo que nos ocorre. Reclamamos do congestionamento do trânsito, da chuva que nos surpreende à saída do escritório, da demora no atendimento do serviço público, da incompetência de profissional contratado etc, etc... Contudo, o que é importante não perdermos de vista é como reagimos a esses contratempos. Habitualmente, nossa reação é de irritabilidade, nervosismo, quase agressividade. No entanto, da forma como encaramos as situações adversas, seremos mais ou menos felizes. Vejamos: se ao nos prepararmos pela manhã, descobrimos a camisa não tão bem passada, podemos descarregar nossa raiva em quem consideramos responsável. Nossas exclamações envolverão a funcionária, a quem chamaremos de inabilidosa, irresponsável,

preguiçosa. No entanto, serão os afetos mais próximos que nos ouvirão a voz alterada e as altercações em desequilíbrio. Dessa forma, contaminaremos, com fluidos deletérios, a ambiência doméstica. A esposa poderá se magoar com as observações, acreditando que, no fundo, a estamos recriminando também, porque ela poderia ter revisado o trabalho da funcionária. Os filhos, aguardando que os conduzamos à escola, se assustam com os gritos, em pleno início da manhã. O bebê chora, no berço, despertado pelo barulho. Instala-se o caos. Por fim, solucionada a questão com a escolha de outra camisa, apanhamos as chaves do carro, ordenamos que as crianças andem rápido porque, afinal, perdemos precioso tempo. Depois saberemos que um dos meninos recebeu falta, por ter se atrasado. O outro, recebeu reprimenda.

No escritório, todos nos aguardam na sala de reuniões. Estamos atrasados e a reunião começa tumultuada. Que dia! * * * Voltemos ao início da manhã e recomecemos. Encontramos a camisa mal passada, a deixamos de lado e escolhemos outra. Beijamos o bebê que mama tranquilo. Chamamos as crianças, conferimos se apanharam tudo: a mochila, o agasalho e saímos tranquilos. Todos chegam ao local dos seus deveres, sem atrasos, sem irritação. Percebemos como uma simples ação, perante um inconveniente, tem o condão de permitir horas sequentes de paz ou de desarmonia? Nossa vida é sempre assim. Existem acontecimentos sobre os quais não mantemos o controle, como o atraso da condução, as bruscas alterações do clima, as ruas congestionadas, um pequeno

acidente de trânsito... Dizem que esses correspondem a dez por cento. Mas, sobre a grande maioria, noventa por cento das situações, temos amplo gerenciamento. A forma como encaramos pequenos transtornos, determinarão horas de paz ou de grande intranquilidade. Façamos a experiência. Em vez de reagir, de forma

negativa, vamos agir, positivamente. Contornemos, administremos, encontremos soluções para problemas que se apresentem. Não nos estressemos, não sobrecarreguemos nosso organismo com cargas ruins, gozemos de tranquilidade. Isso para sermos mais felizes em cada um dos nossos dias, e fazermos felizes aos que nos amam.


O Espiritismo para todos

07

Fevereiro de 2014

ABNEGAÇÃO A evolução espiritual é um fenômeno bastante complexo, que se dá em sucessivas fases. No começo, predomina a natureza corpórea. Dominada pelos instintos, a criatura dedica seu tempo e seu interesse a atividades comezinhas. Comer, vestir-se, abrigarse, procriar e cuidar da prole, eis a que se resumem suas preocupações. Nesse período, o egoísmo é marcante. Os instintos de conservação da vida e da preservação da espécie têm absoluta preponderância. Com o tempo, o ser começa a desvincular-se de sua origem. A inteligência se desenvolve, o raciocínio se sofistica e o senso moral desabrocha. As invenções tornam possível gastar tempo com questões não diretamente ligadas à sobrevivência. Viver deixa de ser tão difícil, sob o prisma material. Em compensação, começam os dilemas morais. Com a razão desenvolvida, a responsabilidade surge forte nos caminhos espirituais. O que antes era admissível passa a ser um escândalo. A sensibilidade se apura e a criatura aspira por realizações

intelectuais e afetivas. Essa nova sensibilidade também evidencia que o próximo é seu semelhante, com igual direito a ser feliz e realizado. Gradualmente se evidencia a igualdade básica entre todos os homens. Malgrado possuidores de talentos e valores diversos, não se distinguem no essencial. Uma chama divina os anima e a todos conduzirá aos maiores cimos da evolução. Contudo, o abandono dos hábitos toscos das primeiras vivências não é fácil. Séculos são gastos na árdua tarefa de domar vícios e paixões. As encarnações se sucedem enquanto o Espírito luta para ascender. O maior entrave para a libertação das experiências dolorosas é o egoísmo, que possui forte vínculo com o apego às coisas corpóreas. Quanto mais se aferra aos bens materiais, mais o homem demonstra pouco compreender sua natureza espiritual. O Espírito necessita libertar-se do apego a coisas transitórias. Apenas assim ele adquire condições de viver as experiências sublimes a que está destinado. Quem deseja sair do primitivismo deve combater o

gosto pronunciado pelos gozos da matéria. O melhor meio para isso é praticar a abnegação. Trata-se de uma virtude que se caracteriza pelo desprendimento e pelo desinteresse. A ação abnegada importa na superação das tendências egoístas do agente. Age-se em benefício de uma causa, pessoa ou princípio, sem visar a qualquer vantagem ou interesse pessoal.

Certamente não é uma virtude que se adquire a brincar. Apenas com disciplina e determinação é que ela se incorpora ao caráter. Mas como ninguém fará o trabalho alheio, é preciso principiar em algum momento. Comece, pois, a praticar a abnegação. Esforce-se em realizar uma série de atitudes com foco no próximo. Esqueça a sua personalidade e pense com

interesse no bem alheio. Esse esforço inicial não tardará a dar frutos. O gosto pelo transitório lentamente o abandonará. Ele será substituído pelos prazeres espirituais. Você descobrirá a ventura de ser bondoso, de amparar os caídos e de ensinar os ignorantes. Esses gostos suaves e transcendentes o conduzirão a esferas de sublimes realizações. Pense nisso.

oportunidades de reencarnação aos Espíritos com os quais nos comprometemos antes do berço,

talvez estejamos negando a nós mesmos a chance de uma mãe ou pai, no futuro.

ABORTO NÃO REALIZADO A gravidez veio na hora indesejada, lembrava-se Laura. Veio na hora errada e ainda trazia riscos de várias ordens. A saúde debilitada, problemas familiares, o desemprego... Seu primeiro impulso foi o aborto. Tomou uns chás que, em vez de resolver, a debilitaram ainda mais. Recuperada, buscou uma dessas pessoas que arrancam, ainda no ventre, o chamado problema das mães que não desejam levar adiante a gestação. Naquele dia, a parteira havia adoecido e faltara. Laura voltou para casa preocupada, mil situações lhe passavam pela mente. À noite, deitou-se e custou a adormecer, mas foi vencida pelo sono. No sonho, viu um belo jovem pedindo-lhe algo que, na manhã seguinte não soube definir. Durante todo o dia não conseguiu tirar aquela imagem da mente, de sorte que esqueceu a gravidez. Na noite seguinte voltou a sonhar com o mesmo jovem, só que acordou com a agradável sensação de tão doce quanto agradável Obrigado. Era como se ainda visse seus lábios pronunciando palavras de agradecimento, enquanto de seu coração

irradiava uma paz indefinível. Desistiu do aborto. Enfrentou tudo, superou todos os riscos e saiu vitoriosa... Hoje, passados vinte e três anos do episódio, ouve emocionada seu belo e jovem filho pronunciar, do púlpito da solenidade de sua formatura, ante uma extasiada multidão: ...Agradeço sobretudo à minha mãe, que me alimentou o corpo e o Espírito, dando-me não só comida, mas carinho, companhia, amor e, principalmente, vida. E, olhando-a nos olhos, o filho pronunciou, num tom inconfundível: Obrigado! Ela não teve dúvidas. Foi o mesmo Obrigado, doce e agradável de um sonho, há vinte e três anos... A mulher que nega o ventre ao filho que Deus lhe confia, nega a si mesma a oportunidade de ouvir a cantiga alegre da criança indefesa a rogar-lhe carinho e proteção. Perde a oportunidade de dar à luz um Espírito sedento de evolução, rogando-lhe uma chance de reencarnar, para juntos superarem dificuldades e estreitarem laços de amizade e afeto. Se você, mulher, está passando pela mesma situação de Laura, mire-se no seu exemplo e permita-se ser mãe. Permita-se sentir, daqui

alguns meses, o agradecimento no olhar do pequenino que lhe roga o calor do colo e uma chance de viver. Conceda-se a alegria de, daqui alguns anos, ornamentar o pescoço com a joia mais valiosa da face da Terra: os bracinhos frágeis da criança, num abraço carinhoso a lhe dizer: Obrigado, mamãe, por ter me permitido nascer e crescer, e fazer parte desse Mundo negado a tantos filhos de Deus. Todos nós voltaremos a nascer um dia... Se continuarmos negando


O Espiritismo para todos

08

Fevereiro de 2014

A LIÇÃO DO BAMBU CHINÊS O bambu chinês (bambusa mitis) é uma planta da família das gramíneas, nativa do Oriente. Destacamos aqui uma particularidade muito interessante, relativa ao seu crescimento. Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo. Durante 5 anos, todo crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu. O que ninguém vê, é que uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra, está sendo cuidadosamente construída. Então, lá pelo final do quinto ano, o bambu chinês cresce, até atingir a altura surpreendente de 25 metros. Quantas coisas em nossa vida são similares ao bambu chinês... Trabalhamos, investimos tempo, esforço, dedicação, e às vezes não vemos resultado algum por semanas, meses ou anos. Quem sabe, se lembrarmos desta lição que a natureza nos dá, através do bambu chinês, teremos a paciência necessária para

esperar o tal quinto ano. Assim não deixaremos de persistir, de lutar, de investir em nós mesmos, sabendo que os frutos virão com o tempo. Muitos ainda somos imediatistas, desejando o retorno fácil, a conquista instantânea. Esquecemos que todas as grandes e valorosas conquistas da alma demandam tempo, exigem esforço de muitos e muitos anos, e às vezes de muitas vidas. Este hábito de não desistir de nossos objetivos, de continuar tentando, de não se abalar perante os inevitáveis obstáculos, constitui uma virtude. Continuar, persistir, manter constância e firmeza, fazem parte da importantíssima virtude da perseverança. A perseverança é o combustível dos vencedores. Mas não dos vencedores mundanos, de vitórias superficiais e transitórias. Mas daqueles que vencem a si mesmos, que vencem dificuldades no anonimato. Thomas Edison, homem perseverante, afirmou que nossa maior fraqueza está em desistir, e que o caminho mais certo para vencer é tentar mais uma vez. E quantas centenas de vezes ele tentou fabricar sua lâmpada, sem sucesso... E o mais interessante é que as

muitas tentativas frustradas lhe davam mais forças ainda. Eu não falhei. - dizia ele. Encontrei 10 mil soluções que não davam certo. Em outro momento afirmou que os três grandes fundamentos para se conseguir qualquer coisa são: primeiro, trabalho árduo; segundo, perseverança; terceiro: senso comum.

Aprendamos com esses expoentes que muito conseguiram, não vislumbrando apenas os louros da glória, ou apenas admirando contemplativamente. Respeitemo-los por suas aquisições valorosas, e enxerguemos o caminho todo que trilharam até conseguir seu sucesso. Não asseveres: É-me

impossível fazer! Não redargas: Não consigo! Nunca informes: Sei que é totalmente inútil aceitar. Nem retruques: É maior do que as minhas forças. Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente.

BANDA LARGA E MENTE ESTREITA Toda banda larga é inútil, se a mente for estreita. Eis a ideia veiculada numa determinada campanha publicitária nacional, que toca numa temática bastante interessante. Nos tempos de desenvolvimento tecnológico incessante e revolucionário; nos tempos da velocidade da informação, e da conectividade em tempo real com o mundo todo, é necessário pensar. Pensar se tudo isso, realmente, está sendo utilizado em favor do desenvolvimento humano, ou é apenas mais uma distração criada pela alma imatura do homem terreno. Sim, pois, se pouco ou nada nos acrescenta como Espíritos, no que diz respeito ao nosso progresso moral, ao nosso melhor comportamento, de que nos adianta? De que nos adianta ter a facilidade no acesso à informação, se não sabemos o que fazer com ela? De que adianta ficar sabendo de tantas e tantas coisas, se não sabemos selecionar o que eu quero e o que eu não quero para mim? Toda banda larga é inútil, se a mente for estreita. A mente estreita é esta que se perde em meio a tantas possibilidades, sem saber para onde ir.

Naufragam ao invés de navegarem na Web. Gastam seu tempo querendo saber da vida dos outros, do que aconteceu aqui ou ali, inaugurando apenas uma nova forma de voyeurismo e fofoca - apenas isso. A mente estreita lê, mas não pensa sobre o que leu, não emite opinião, apenas aceita... A mente estreita prefere o contato virtual, dos perfis raramente sinceros, do que a conversaolho no olho, sem barreiras, sem máscaras. A tecnologia está à nossa disposição para nos ajudar. É o conhecimento intelectual engendrando o progresso moral, propiciando o adiantamento do ser humano, e não sua destruição. A chamada informação nunca foi tão fácil e farta, é certo, mas será ela, por si só, suficiente? O que mudou em nós, seres humanos, as agilidades tecnológicas da nova era? Tornamo-nos melhores? Mais caridosos? Mais dispostos a nos vermos todos na Terra como irmãos? Talvez para alguns sim, os de mente larga e coração amplo. Tantas comunidades do bem na rede, tantas propostas nobres ligando pessoas em todo o mundo! Inúmeras mensagens de

consolo, de esclarecimento, diariamente cruzam os ares virtuaisda internet, e levam carinho e alegria a muitos lares infelizes. São muitos os exemplos de como os avanços intelectuais podem ser bem utilizados em favor do desenvolvimento humano. Sejamos nós estes de mente larga, que querem e trabalham pelo bem comum, das mais diferentes formas possíveis, e que se utilizam de mais este instrumento, para viver o amor. O Universo é a condensação do amor de Deus, e somente através do amor poderá ser sentido, enquanto pela inteligência será compreendido.

Conhecimento e sentimento unindo-se, harmonizam-se na sabedoria que é a conquista superior que o ser humano deverá alcançar.

Busquemos a p l e n i t u d e i n t e l e c t o - m o r a l, conforme tão bem acentua o nobre Codificador do Espiritismo, Allan Kardec.


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09

Fevereiro de 2014

A CADA UM SEGUNDO SUAS OBRAS Nessa sentença de Jesus estão sintetizadas todas as leis que regem as questões éticomorais. Mas de que maneira essa justiça se estabelece? Que mecanismo coordena essa distribuição, com justiça? Primeiro é importante lembrar que a justiça dos homens está calcada na legislação humana, com base em códigos legais criados pelos próprios homens. Quando há um litígio qualquer, um grupo de pessoas especializadas nesses códigos analisa o processo, julga e define as penalidades aplicáveis ao réu. A duração das penas também é estabelecida pelo juiz. Então podemos concluir que a justiça dos homens se alicerça no arbítrio, segundo a visão dos magistrados. Mas com a justiça divina é diferente. As conseqüências dos atos se dão de forma direta e natural, sem intermediários. Em caso de uma falta qualquer, a penalidade se estabelece de maneira natural, e cessa também naturalmente, com o arrependimento efetivo e a reparação da falta. Importante destacar que na justiça divina não há dois pesos e duas medidas. As leis são imutáveis e imparciais, e não podem ser burladas. Um exemplo talvez torne mais fácil o entendimento.

Se alguém resolve beber uma dose considerável de veneno, as conseqüências logo surgirão no organismo, de maneira direta e natural. Não é preciso que alguém julgue o ato e decida o que vai acontecer com o organismo do indivíduo. Simplesmente o resultado aparece. Castigo? Não. Conseqüência natural derivada do seu ato, da sua livre escolha. Os efeitos produzidos no corpo físico não fazem distinção entre o pobre ou o rico, o religioso ou o ateu, a criança ou o adulto. As leis divinas não contemplam exceções, nem concessões. São justas e equânimes. E essas conseqüências duram tanto quanto a causa que as produziu. Uma vez passado o efeito do veneno, resta consertar o estrago e seguir em frente. Por isso a necessidade da reparação. Nesse caso devemos considerar que a lei da reencarnação se torna uma necessidade, para que cada um receba conforme suas obras, segundo a justiça divina. Se a pessoa bebe veneno e morre, as conseqüências do seu ato a seguirão no mundo espiritual, pois ela sai do corpo mas não sai da vida. Por vezes, é necessário renascer num novo corpo marcado pelos estragos que o veneno produziu.

“E então dará a cada um se gundo as suas segundo obr as obras as..”

Mateus, 16:27 Castigo? Certamente não. Conseqüência direta e natural. No campo moral a justiça divina se dá da mesma maneira, distribuindo a cada um segundo suas obras, sem intermediários. Mas como conhecer essas leis? Ouvindo a própria consciência, que é onde se encontra esse código divino. Não é outro o motivo que leva a pessoa corrupta, injusta, violenta, hipócrita, a tentar anestesiar a consciência usando drogas, embriagando-se para aplacar o clamor que vem da sua intimidade. Uma vez mais podemos considerar que Jesus realmente é o maior de todos os sábios.

Numa sentença sintética ele ensinou tudo o que precisamos saber para conquistar a nossa felicidade. Sim, porque se as conseqüências dos nossos atos são diretas e naturais, podemos promover, desde agora, conseqüências felizes para logo mais. E se hoje sofremos as conseqüências de atos infelizes já praticados, basta colher os resultados, sem se queixar da sorte, e agir com uma conduta ético-moral condizente com o resultado que desejamos obter logo mais. Pense nisso! Nas leis divinas não existem penas eternas. As conseqüências infelizes duram

tanto quanto a causa que as produziu. Assim, como depende de cada um o seu aperfeiçoamento, todos podem, em virtude do livre-arbítrio, prolongar ou abreviar seus sofrimentos, como o doente sofre, pelos seus excessos, enquanto não lhes põe termo. Dessa forma, se você deseja um futuro mais feliz, busque ajustar seus atos a sua consciência, que é sempre um guia infalível onde estão escritas as leis de Deus. E, se em algum momento surgir a dúvida de como agir corretamente: faça aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem, e não haverá equívoco.

A CAIXA DE PANDORA Conta a mitologia grega que, no início da criação, o titã Prometeu foi designado pelos deuses para organizar a matéria em confusão, dando origem à natureza e às demais formas de vida animal. Prometeu, no entanto, pediu ao seu irmão que cuidasse de tudo. Depois de organizar a Terra, o ar e as águas, fez o homem. E porque os homens se sentissem muito sós, com a ajuda dos demais deuses criou a mulher. Casou-se com a primeira linda mulher que criou, a quem chamou Pandora. Disse à sua esposa que tudo o que existia em seu reino pertencia a ela também, e que ela poderia usufruir de tudo, mas não poderia tocar numa caixa que ele guardava num dos cantos do quarto. Dizer a Pandora que não a tocasse foi o suficiente para despertar-lhe a curiosidade. No primeiro momento em que ela se viu só, na enorme mansão, buscou a caixa e a abriu. Assim que levantou a tampa do baú, saíram de sua intimidade as misérias mais variadas. Misérias físicas como a lepra, a gota, as enxaquecas, o câncer, entre outras

enfermidades, que estavam fechadas, escaparam e se disseminaram sobre a Humanidade inteira. A inveja, a cólera, o orgulho, o egoísmo, misérias morais que também estavam guardadas, se espalharam por todos os cantos da Terra. Pandora, assustada, fechou a caixa imediatamente, sem se dar conta de que no fundo estava guardada a esperança. Os homens, assustados com tantas misérias morais e físicas que pairam sobre a Humanidade, pensam que Deus se esqueceu do gênero humano, relegando-o à própria sorte. No entanto, ainda resta para todos nós a esperança. Um dia, num país distante, a esperança se vestiu de homem e surgiu como um sol para reverter a situação da Humanidade sofrida. Ficou conhecido como Jesus, o Cristo. Mas, descuidada, boa parte dos homens somente O consegue ver como um derrotado, vencido na cruz do martírio, sem chance de ajudar. Esquecidos de que Ele rompeu a lápide do túmulo e surgiu vivo, afirmando para quem O quisesse ouvir:

Eu estou aqui! E, em outra oportunidade, afirmou: Nunca estareis a sós. Jesus continua vivo e velando pela Humanidade, a quem chamou de Seu rebanho. Qual raio de esperança, surgiu trazendo a mensagem da Boa Nova e a espalhou por todo o planeta. Falou-nos do reino de Deus. Cantou as bemaventuranças eternas. E jamais se teve notícias de que Ele se tenha deixado contaminar pelas misérias humanas. Jesus, portanto, é a mensagem viva de esperança. Vive e vela por nós. São dEle estas palavras: Vinde a mim vós que estais cansados, que Eu vos aliviarei. Se as misérias físicas e morais estão se tornando insuportáveis, abramos a nossa caixa de Pandora e deixemos sair dela a grande esperança: Jesus! Não há mal que dure para sempre. O deserto de Atakama, o mais árido do mundo, situado no Chile, ao receber as primeiras gotas de água refrescante, após quase um século sem chuvas, em pouco tempo fica recoberto de lindas flores multicoloridas. Assim também acontece

com as almas mais empedernidas. Ao se abrirem para receber os primeiros raios do sol das almas, Jesus, mudam

a paisagem ressecada, para se tornarem campos floridos, espalhando bênçãos por onde passem.


O Espiritismo para todos

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Fevereiro de 2014

DAR GRAÇAS POR TUDO O Apóstolo Paulo, com sua lucidez inconfundível, recomendou que devemos dar graças a Deus por tudo o que nos acontece, tanto pelas coisas boas como pelas que nos pareçam ruins. Talvez seja por esse motivo que um certo homem agia sempre dessa maneira. Agradecia por tudo, e tinha a certeza de que Deus sempre o protegeria. Um dia ele saiu em uma viagem de avião. Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar, um dos motores falhou e o piloto teve que fazer um pouso forçado no oceano. Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o conservasse em cima da água. Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma ilha não habitada. Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por tê-lo livrado da morte.

Naquele lugar deserto ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas. Derrubou algumas árvores e, com muito esforço, construiu uma cabana. Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas, que significava proteção. Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir sem medo dos animais selvagens que talvez existissem na ilha. Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia apanhado muitos peixes. Assim, com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca e mais uma vez agradeceu ao Criador. Porém, ao voltar para sua humilde cabana, qual não foi sua decepção, ao ver que sua morada estava pegando fogo. Sentou-se em uma pedra chorando e dizendo em prantos: Deus! Como é que o

Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu preciso muito desta cabana para me abrigar, e a deixou se acabar em cinzas. Deus, o Senhor não tem compaixão de mim? Naquele mesmo instante uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo: Vamos, rapaz? Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa quando viu à sua frente um marinheiro todo fardado dizendo: Vamos logo, rapaz, nós viemos buscá-lo. Mas, como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?- Falou o homem surpreso. Ora, amigo, falou o marinheiro, vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o navio parasse e me mandou vir buscálo naquele barco ali adiante. Os dois entraram no barco

e assim o homem foi para o navio que o levaria são e salvo de volta para os seus queridos. Já em segurança, o homem agradeceu uma vez mais a Deus e pediu perdão pela falta de confiança na Sua providência e misericórdia. Em qualquer dificuldade

recorda o poder da oração e roga inspiração ao céu, realizando sempre o melhor para que o melhor se faça em ti e através de ti, sem esqueceres que todo apelo encontra resposta, conforme o merecimento de quem pede e a forma como pede.

RECOMEÇAR E DAR A VOLTA POR CIMA É impressionante como algumas pessoas sabem agir com inteligência e bom senso diante das situações adversas que a vida lhes apresenta. Há algum tempo, um ator famoso sofreu um assalto e foi ferido gravemente, ficando em coma por muito tempo. Os dias se passaram, os meses se somaram e, apesar das limitações impostas ao corpo físico, continuou lutando com bravura. Gerson Brenner não se deixou vencer pela soma de acontecimentos amargos e começou a grande luta para dar a volta por cima e continuar vivendo, ainda que com graves limitações nos movimentos do corpo. Um narrador de futebol, não menos famoso, sofreu um acidente de automóvel e ficou por longo tempo sem contato com o mundo exterior. Apesar das barreiras imensas que tentavam isolá-lo do mundo, Osmar Santos empreendeu uma batalha acirrada e, depois de longo tempo, conseguiu se comunicar com o mundo através da arte, pintando quadros.

Ele conseguiu dar a volta por cima e reinventar sua vida. Um dia, um acidente de ultraleve matou a esposa de um cantor popular e o jogou num leito de hospital com graves ferimentos na medula e no cérebro. Poucos acreditavam que ele sairia dessa. Mas Herbert Viana deu a volta por cima, demonstrando rara coragem e uma disposição inabalável. Surpreendendo médicos e enfermeiros, ele aparece cantando e dedilhando sua guitarra para alegrar a enfermaria repleta de pacientes que, como ele, enfrentam horas seguidas de fisioterapia. Assim como essas pessoas famosas, há também muitos heróis anônimos que dão a volta por cima e vencem situações de extrema dificuldade. E, ao contrário do que muita gente pensa, essas são atitudes de pessoas que sabem usar a razão e o bom senso. Percebem que não há como vencer, senão aceitando o desafio que as Leis maiores lhes oferecem, com resignação e coragem.

Esses são os verdadeiros vencedores, pois transformam uma situação aparentemente sem saída, numa nova maneira de encarar a vida. É como se admitissem a si mesmas: Se Deus me ofereceu esta situação difícil é porque preciso aprender alguma lição com ela. E é isso que vou fazer. Nesse caso, é a obediência consentida pela razão, e a resignação aceita pelo coração. Essa é a posição de um filho que confia no seu Pai e Dele sempre espera o melhor, ainda que esse melhor chegue com aparência de desgraça.

Um filho que confia num Pai amoroso e justo e procura retirar de cada situação uma lição a mais, um aprendizado útil, mesmo que seja uma demonstração de coragem, de fé, de humildade, de confiança. E você? Já pensou nas lições que Deus espera que aprenda com as situações que lhe apresenta? Se ainda não havia pensado, pense agora, ainda há tempo. Considere que as provas sempre guardam relação com o tipo de aprendizagem que precisamos demonstrar e são

proporcionais ao nosso grau de evolução. Assim, se é a nossa paciência que deve ser testada, teremos uma prova correspondente. Se é a humildade, uma prova em que possa ser demonstrada, e assim por diante. Conforme nos recomendou o grande Apóstolo Paulo de Tarso, aprendamos a dar graças por tudo. A flor agradece, com o seu perfume, a terra escura que lhe permitiu nascer e florescer. A borboleta dá graças ao casulo desprovido de beleza que lhe permitiu efetuar a sensível metamorfose, bailando no ar e contribuindo com a polinização. Quando o enfermo recupera a saúde, bendiz a dor que lhe trouxe a lição do equilíbrio. Por todas essas razões, aprendamos a agradecer a tempestade que renova, a luta que aperfeiçoa, o sofrimento que ilumina. Lembrando sempre que a alvorada é dádiva do céu que surge após a noite escura na Terra.


O Espiritismo para todos

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Vi meu pai morrendo na minha frente e não entendi porque Deus o matou... E desse dia em diante não mais acredito em Deus. Frases como esta são uma constante. Quando não conseguimos entender o fenômeno da vida e da morte, revoltamo-nos contra Deus, como a criança se revolta contra a mãe quando esta a obriga a beber um remédio amargo. A idéia falsa de um Deus perverso e caprichoso, que mata uns antes dos outros, que castiga alguns e privilegia outros, que dá a riqueza a poucos enquanto muitos vivem na miséria, é a responsável pela revolta de muitos. Concebendo um Deus temível, possuidor de todos os vícios humanos, pensamos que

esse ser invisível está sempre à espreita para nos pregar uma peça. A nossa visão, ainda míope, no que diz respeito às leis que regem a vida, nos faz sofrer, como filhos ingratos que não compreendem as atitudes dos pais amorosos que têm como único objetivo a felicidades dos seus. Enclausurados na concha do egoísmo, não percebemos que nossos bem-amados não são os únicos que saem de cena na vida física e só nos incomodamos com Deus quando Ele mataum dos nossos. Indiferentes às leis que regem a matéria, não vemos que tudo o que nasce, um dia tem que morrer, ou melhor, se transformar. E o nosso corpo físico

também é matéria, e como tal tem que se dissolver um dia. Mas, quando isso acontece, esquecemos de que somos Espíritos imortais e não apenas um corpo que desaparece na poeira do chão. Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus e, por isso mesmo, viveremos por toda a eternidade. O que nos tem causado insegurança é pensar que Deus é a nossa imagem e semelhança e que, portanto, é portador de todos os vícios humanos. Somos Espíritos. E como tal somos imortais. Mas, para que atinjamos a perfeição, é preciso mergulhar na carne através da reencarnação. Ao homem é dado morrer uma só vez, assegura o Evangelho. Ao Espírito não é

possível a morte. Um dia, num futuro ainda distante, não precisaremos mais entrar nem sair da carne, porque já teremos desenvolvido em nós a imagem e semelhança do Pai. Jesus, após a morte do corpo, surge com toda vitalidade, em Espírito, para legar à Humanidade a certeza da Imortalidade. Dessa forma, não nos iludamos. O túmulo não é o fim da vida. É apenas o começo de uma nova fase de aprendizado para o Espírito imperecível. Compreendendo a sabedoria e a perfeição das Leis Divinas, mudaremos a nossa reação diante da partida de um ser querido. E diremos com segurança: Vi meu amado deixando o corpo físico, na minha frente,

Fevereiro de 2014

e entendi porque Deus o levou... É que Deus o ama mais do que eu e o quer, por algum tempo, no mundo dos Espíritos. Desse dia em diante, espero ansioso a oportunidade de um reencontro feliz. E por esse motivo, mais acredito e confio em Deus... O que chamamos morte, nada mais é do que um fenômeno biológico natural. Seja pelo desgaste normal dos órgãos físicos ou de outra forma qualquer, todos deixaremos o corpo e voltaremos à pátria espiritual de onde partimos um dia. Assim, tenhamos a certeza de que a separação é apenas temporária. E que, mais cedo ou mais tarde, tornaremos a reencontrar nossos amores dos quais sentimos saudades.

E AGORA, QUE ESTÁS ESPERANDO? No livro bíblico Atos dos Apóstolos, está registrado o episódio em que Saulo de Tarso, inicialmente perseguidor dos primeiros cristãos, seguia em viagem a Damasco quando lhe apareceu Jesus. Após essa visão gloriosa, ele se sentiu profundamente tocado pelo amor do Cristo. Estando em Damasco, recebeu a visita de Ananias, arauto do Nazareno naquela cidade. No diálogo que entre ambos se estabeleceu, perguntou-lhe, em certo momento, o velho Ananias: E agora, por que te deténs? Revendo seus conceitos, Saulo atendeu ao chamado de Jesus e se transformou em valoroso discípulo do Evangelho. A partir do momento em que assimilamos o conhecimento sobre a realidade espiritual e as leis Divinas, é de se esperar que façamos algo a esse respeito. Nossa conduta deveria então ser pautada de acordo com as verdades que conhecemos. Conveniente seria que nos movimentássemos sempre em direção ao que julgamos correto realizar. Por que, então, nos detemos? Se sabemos que a vida não termina no túmulo, que a alma sobrevive à morte do corpo

físico, não deveríamos desperdiçar tempo com coisas insignificantes, levando nossa existência como se não houvesse amanhã. Como podemos passar a vida preocupados em amealhar tesouros na Terra, e temos consciência de que os únicos tesouros que levaremos conosco, ao morrermos, serão as virtudes morais que conquistamos durante nossa existência? Cabe-nos refletir e identificarmos os fatores que estão dificultando ou até mesmo paralisando nossa marcha. A sociedade nos impõe padrões de comportamento, dos quais, algumas vezes, discordamos, mas acabamos agindo contra os nossos princípios, por necessidade de sermos aprovados. É natural que tenhamos medo de agir de forma diferente da maioria. Aprisionamo-nos, com facilidade, na situação em que estamos, porque é confortável e seguro. Um dos fatores que dificulta a caminhada é o egoísmo. Ainda vivemos muito em função de nós mesmos, o que nos impede de enxergar as necessidades do outro. Essa é uma dificuldade que precisa ser identificada e vencida. O orgulho também aparece

como um fator paralisante. É comum estarmos envolvidos em uma tarefa dignificante, em algo que faz bem ao próximo e também a nós mesmos, até que alguém seja inconveniente conosco, o que é suficiente para nos fazer desistir. O orgulho não permite que ouçamos com agrado as críticas que nos são dirigidas, mesmo

quando o objetivo é nos fazer refletir sobre algo que possa ser modificado em nós, para o próprio crescimento espiritual. Tenhamos em nossos corações a fé raciocinada, o otimismo e a esperança, lembrando sempre que a oração é recurso abençoado, que nos dá coragem e nos impulsiona a agir. Assim nos sentiremos

fortalecidos para seguir em frente sem nos determos diante dos obstáculos, vencendo tanto as barreiras que encontramos dentro de nós mesmos quanto os fatores externos que dificultam a caminhada. Não duvidemos da nossa capacidade de fazer o melhor. É sempre possível fazer um tanto mais.


O Espiritismo para todos

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Fevereiro de 2014

E DEPOIS? O ser humano é o único dotado de razão, por isso é chamado de racional. Ser racional é raciocinar com sabedoria, é saber discernir, é pensar, utilizando o bom senso e a lógica antes de qualquer atitude. Todavia, boa parte de nós não agimos com a sabedoria necessária para evitar problemas e dissabores perfeitamente evitáveis. Costumeiramente, agimos antes e pensamos depois, tardiamente, quando percebemos que os resultados da nossa ação nos infelicitam. Paulo, o Apóstolo, que tinha a lucidez da razão, adverte com sabedoria: Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. Quis dizer com isso que tudo nos é permitido, mas que a razão nos deve orientar de que nem tudo nos convém. Do ponto de vista físico, quando comemos ou bebemos algo que nos faz mal, não pensamos no depois, mas o depois é fatal. Se nosso organismo é frágil a certos tipos de alimento,

devemos pensar nas consequências antes de ingerilos, mesmo que a nossa vontade diga o contrário. Perguntemo-nos: E depois? Como será depois? Lembremos da gaseificação, do mal estar e de outros distúrbios que advirão. Se temos vontade de fazer uso de drogas, sejam elas socialmente aceitas ou não, pensemos antes no depois. Será que suportarei corajosamente as enfermidades decorrentes desses vícios? Ou será um preço muito alto por alguns momentos de satisfação? Quando sentimos vontade de usar o cartão de crédito, pela facilidade que ele oferece, costumamos pensar no depois? Pensar em como vamos pagar a conta? Quando recebemos o convite das propagandas para o consumo desenfreado, ponderamos racionalmente sobre a necessidade da aquisição, ou compramos antes para constatar, logo mais, que não necessitamos daquele objeto?

No campo da moral não é diferente. Quando surgir a vontade de gozar alguns momentos de prazer, pensemos: E depois? Quais serão as conseqüências desse ato que desejo realizar? Será que as suportarei corajosamente, sem reclamar de Deus, nem jogar a responsabilidade sobre os outros? Certo dia, conversando com um fiscal aposentado, ouvimo-lo falar a respeito do vazio que sentia na intimidade e

da consciência marcada pelos atos inconsequentes que praticara durante a vida. Buscou, na atividade profissional, tirar proveito de todas as situações. Arranjava tudo com algum jeitinho e muita propina, mas nunca havia pensado no depois. E o depois chegou. A velhice o alcançou como alcança as pessoas honestas, mas a sua consciência trazia um peso descomunal, e uma sensação desconfortável lhe invadia a alma.

Não conseguia olhar nos olhos dos filhos e netos, sem pensar no quanto havia sido inescrupuloso. Sem pensar no tipo de sociedade que havia construído para legar aos seus afetos. Dessa forma, antes de tomar qualquer atitude, questionemos a nós mesmos: E depois? É melhor que resistamos por um momento e tenhamos paz interior, do que gozar um minuto e ter o resto da vida para se arrepender.

A GENIALIDADE E A REENCARNAÇÃO Conta-se que um jovem médico procurou o notável compositor Mozart e lhe perguntou como deveria proceder para escrever uma sinfonia. O grande músico lhe respondeu que ele era muito jovem para pensar em escrever sinfonias e lhe sugeriu que tentasse antes escrever baladas. Indignado com a observação, o rapaz retrucou: Como pode me dizer que sou jovem, se o senhor escreveu sinfonias com apenas dez anos! Realmente, concluiu Mozart, eu as escrevi com aquela idade, mas não perguntei a ninguém como fazê-lo. A resposta do alegre músico austríaco nos conduz a destacar o prodígio que são algumas crianças. O famoso Rembrandt já era pintor antes de aprender a ler. Miquelângelo, a quem devemos a maravilha das pinturas da Capela Sistina, no Vaticano, foi considerado um artista completo, aos oitos anos, por seu mestre. O célebre escritor francês Victor Hugo revelou-se literariamente aos treze anos. Crianças outras demonstraram bem cedo sua genialidade, qual seja a de dominar várias línguas, como o alemão, francês, latim, grego e hebraico; compor, pintar; escrever poemas ou outras peças literárias. Os Espíritos nos explicam com clareza que tais fenômenos de prodígio são devidos ao progresso anterior da alma, a

uma lembrança do passado, entendendo-se como passado as vidas anteriores do Espírito. Equivale pois a dizer que nada do que se aprenda é perdido, em tempo algum. Plenamente concorde com a Lei do Progresso, tais fatos nos levam a reflexões em torno dos talentos de que somos portadores, convidando-nos a atentar para o que possamos ter trazido de vidas passadas. Descortina-se a razão pois que renascemos não somente para resgatar débitos, acertar problemas do ontem mas também para amadurecer avanços iniciados em outras encarnações. Aqueles que mais sabem, que trazem melhores mensagens de vida e maiores experiências, são convidados a trabalhar em prol da vida mais bela e elevada. É desta forma que benfeitores da Humanidade retornam vez ou outra ao cenário da Terra, revestidos de uma roupagem carnal diferente, para atender seus irmãos. Quem haja se evidenciado nas artes e tenha brindado o mundo com produções belíssimas, pode retornar para se dedicar ao bem do próximo, exercitando a sensibilidade de outra forma. Quem tenha se esmerado na Ciência, pode retornar servindo à comunidade em outro campo, totalmente diverso, sem perder jamais, em momento algum, o que aprendeu, exercitou, lecionou. Isso também explica a facilidade de algumas pessoas para determinadas áreas do saber, das artes, da indústria, do

comércio, das relações humanas. Parafraseando Lavoisier: Nada se perde... tudo se transforma. E diríamos: para melhor. O fenômeno do Espírito

retornar à carne, em outro corpo especialmente preparado para ele, se chama reencarnação. A reencarnação constitui excelente oportunidade de aperfeiçoamento, concedida por

Deus, para o Espírito. Assim, vale a pena aproveitar cada minuto da presente existência, fazendo o melhor que estiver ao nosso alcance.


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