Espiritismo para todos janeiro de 2015

Page 1

ANO 02

Nº 10

Taubaté / SP

Janeiro de 2015

TOMAR O CAMINHO CORRETO Partindo das lições do Divino Instrutor, estamos encarnados para o aprendizado sublime das virtudes que iluminam o nosso espírito, mas cabe a nós decidirmos seguir o caminho correto. Acharmos que somos infalíveis, que não sucumbiremos jamais, que somos a fortaleza em pessoa, é um grande erro. Dessa forma ainda não começamos a caminhar na melhora de nós mesmos. Primeiramente devemos aceitar que somos falíveis, imperfeitos e que precisamos corrigir muitos erros, sejam aqueles de agora ou do passado. Somos espíritos ancestrais e trazemos conosco muitos vícios, somos ainda ricos de orgulho, de vaidade e de egoísmo. Precisamos aprender a aceitar os nossos erros, entender que erramos e que devemos nos melhorar. Aceitar que estamos no mesmo processo de burilamento espiritual e que ainda cometeremos muitos erros, mesmo tentando acertar. Alimentando esse sentimento e tento a visão do caminho a seguir, devemos começar a

O QUE ENSINA O ESPIRITISMO

Pág.02 IMPLOREMOS A DEUS PELOS FILHOS DE ABRAÃO Pág.04

A FORÇA DO PASSE Pág.04

RACISMO Pág.06 ABOBRINHAS DA MEDIUNIDADE Pág.07 trabalhar, lutar contra aquelas atitudes que ainda sabemos erradas, mas estão no nosso dia-a-dia. Devemos parar de julgar, devemos aprender a não propagar as calunias que ouvimos e nunca sermos os seus iniciadores. Quando um irmão está revoltado, triste e desiludido a nossa primeira atitude é de compartilhar com ele a perturbação, compartilhar a sua revolta em vez de ajudá-lo a abandonar esse sentimento e substituí-lo pelo perdão e entendimento.

Até quando iremos nos achar perfeitos e infalíveis? Até quando deixaremos o nosso orgulho de cientistas do passado, envaidecer os nossos sentimentos e perder as oportunidades que escapam pelas nossas mãos em sucessivas reencarnações ? Sigamos irmãos pelo caminho seguro dos sentimentos nobres, sigamos a luz que enobrece o nosso espírito e enriquece-nos de lições eternas do bem viver. Esqueçamo-nos, pois dos sentimentos mundanos, não deixemo-nos escurecer as

vistas pelo manto podre dos ganhos da vida material, nada disso valerá no Reino dos Céus, pelo contrário será o verdadeiro martírio e não aquele que julgamos hoje sofrer quando não almeja os bens materiais procurados. Para não nos arrependermos depois, principalmente por mais uma encarnação, comecemos a trabalhar no aperfeiçoamento de nós mesmos agora, nunca é tarde demais. A Doutrina dos Espíritos nos mostra o caminho, mas a conquista é de cada um.

O SOLDADO DE DUAS GUERRAS

Pág.08

DO ABORTO, SEGUNDO A VISÃO ESPÍRITA

Pág.09 DEVEMOS REPREENDER OS OUTROS? Pág.10


Espiritismo para todos

02

Janeiro de 2015

O QUE ENSINA O ESPIRITISMO Há criaturas que perguntam quais são as conquistas novas que devemos ao Espiritismo. Pelo fato de ele não ter dotado o mundo com uma nova indústria produtiva, como o vapor, concluem que ele nada produziu. A maior parte dos que fazem tal pergunta, não se tendo dado ao trabalho de estudá-lo, só conhecem o Espiritismo de fantasia, criado para as necessidades da crítica, e que nada tem de comum com o Espiritismo sério. Não é, pois, de admirar que perguntem qual pode ser o seu lado útil e prático. Teriam tido que buscá-lo em sua fonte, e não nas caricaturas que dele fizeram os que só têm interesse em denegri-lo. Numa outra ordem de ideias, alguns acham, ao contrário, a marcha do Espiritismo muito lenta para o seu gosto. Admiram-se que ele não tenha ainda sondado todos os mistérios da Natureza, nem abordado todas as questões que parecem ser de sua alçada; gostariam de vê-lo diariamente ensinar coisas novas, ou enriquecer-se com alguma descoberta. Como ele ainda não resolveu a questão da origem dos seres, do princípio e do fim de todas as coisas, da essência divina e de algumas outras do mesmo porte, concluem que não saiu do alfabeto; que ainda não entrou na verdadeira via filosófica e que se arrasta nos lugares-comuns, porque prega incessantemente a humildade e a caridade. Dizem eles: “Até hoje ele nada de novo nos ensinou, porque a reencarnação, a negação das penas eternas, a imortalidade da alma, a gradação através dos períodos da vitalidade intelectual, o perispírito, não são descobertas espíritas propriamente ditas; então é preciso caminhar para descobertas mais verdadeiras e

EXPEDIENTE Diretoria: ACAM Colaboradores: • Diversos Editoração Eletrônica: Antonio C. Almeida Marcondes Tel.: (12) 3011-1013 e-mail: acam0000@ig.com.br O Jornal não se responsabiliza por matérias assinadas

mais sólidas.” A tal respeito julgamos que devemos apresentar algumas observações, que também não serão novidades, mas há coisas que devem ser repetidas sob diversas formas. É verdade que o Espiritismo nada inventou de tudo isso, pois não há verdadeiras verdades senão aquelas que são eternas e que, por isto mesmo, devem ter germinado em todas as épocas. Mas não é alguma coisa havêlas tirado, senão do nada, ao menos do esquecimento; de um germe ter feito uma planta vivaz; de uma ideia individual, perdida na noite dos tempos, ou abafada pelos preconceitos, ter feito uma crença geral; ter provado o que estava em estado de hipótese; ter demonstrado a existência de uma lei no que parecia excepcional e fortuito; de uma teoria vaga ter feito uma coisa prática; de uma ideia improdutiva ter tirado aplicações úteis? Nada é mais verdadeiro que o provérbio: “Não há nada de novo sob o sol”, e até mesmo essa verdade não é nova. Assim, não há uma descoberta da qual não se encontrem vestígios e o princípio em algum lugar. Por conta disto, Copérnico não teria o mérito de seu sistema, porque o movimento da Terra tinha sido suspeitado antes da era cristã. Era uma coisa tão simples, entretanto, era preciso encontrála. A história do ovo de Colombo será sempre uma eterna verdade. Além disso, é incontestável que o Espiritismo ainda tem muito a nos ensinar. É o que não temos cessado de repetir, pois jamais pretendemos que ele tenha dito a última palavra. No entanto, considerando-se que ainda há o que fazer, segue-se que ele não tenha ainda saído do abecedário? Seu alfabeto foram as mesas girantes, e a partir de então, ao que nos parece, ele tem dado alguns passos; parecenos mesmo que tais passos foram grandes em alguns anos, se o compararmos às outras ciências que levaram séculos para chegar ao ponto em que estão. Nenhuma chegou ao apogeu num primeiro impulso; elas avançam, não pela vontade dos homens, mas à medida que as circunstâncias as põem no

caminho de novas descobertas. Ora, ninguém tem o poder de comandar essas circunstâncias, e a prova é que todas as vezes que uma ideia é prematura, ela aborta, para reaparecer mais tarde, em tempo oportuno. Mas em falta de novas descobertas, os homens de ciência nada terão que fazer? A Química não será mais a Química se diariamente não descobrir novos corpos? Os astrônomos serão condenados a cruzar os braços por não encontrarem novos planetas? E assim em todos os outros ramos das Ciências e da indústria. Antes de procurar coisas novas, não se tem que fazer aplicação daquilo que se sabe? É precisamente para dar aos homens tempo de assimilar, aplicar e vulgarizar o que sabem, que a Providência põe em compasso de espera a marcha para a frente. Aí está a História para nos mostrar que as Ciências não seguem uma marcha ascendente contínua, pelo menos ostensivamente. Os grandes movimentos que revolucionam uma ideia só se operam em intervalos mais ou menos distanciados. Não há, portanto, estagnação, mas elaboração, aplicação e frutificação daquilo que se sabe, o que sempre é progresso. Poderia o Espírito humano absorver incessantemente novas ideias? A própria Terra não necessita de um tempo de

repouso antes de reproduzir? Que diriam de um professor que diariamente ensinasse novas regras aos seus alunos, sem lhes dar tempo para se exercitarem nas que aprenderam, de com elas se identificarem e de aplicá-las? Então Deus seria menos previdente e menos hábil que um professor? Em todas as coisas, as ideias novas devem encaixar-se nas ideias adquiridas. Se estas não estão suficientemente elaboradas e consolidadas no cérebro; se o espírito não as assimilou, aquelas que aí quisermos implantar não criarão raízes. Estaremos semeando no vazio.Dá-se o mesmo em relação ao Espiritismo. Os adeptos de tal modo aproveitaram o que ele até hoje ensinou, que nada mais tenham a fazer? São de tal modo caridosos, desprovidos de orgulho, desinteressados, benevolentes para os seus semelhantes; moderaram tanto as suas paixões, abjuraram o ódio, a inveja e o ciúme; enfim são tão perfeitos que de agora em diante seja supérfluo pregarlhes a caridade, a humildade, a abnegação, numa palavra, a moral? Essa pretensão, por si só, provaria quanto ainda necessitam dessas lições elementares, que alguns consideram fastidiosas e pueris. É, entretanto, somente com o auxílio dessas instruções, se as

aproveitarem, que poderão elevar-se bastante para se tornarem dignos de receber um ensinamento superior. O Espiritismo tem como objetivo a regeneração da Humanidade: isto é um fato constatado. Ora, não podendo essa regeneração operar-se senão pelo progresso moral, daí resulta que seu obje-tivo essencial, providencial, é o melhoramento de cada um. Os mistérios que ele nos pode revelar são o acessório. Porque ele nos abriu o santuário de todos os conhecimentos, não estaríamos mais adiantados para o nosso estado futuro, se não fôssemos melhores. Para admitir-nos ao banquete da suprema felicidade, Deus não pergunta o que sabemos nem o que possuímos, mas o que valemos e o bem que fizemos. É, pois, no seu melhoramento individual que todo espírita sincero deve trabalhar, antes de tudo. Só aquele que dominou suas más inclinações realmente tirou proveito do Espiritismo e receberá a sua recompensa. É por isto que os bons Espíritos, por ordem de Deus, multiplicam suas instruções e as repetem à saciedade; só um orgulho insensato pode dizer: Não preciso de mais nada. Só Deus sabe quando elas serão inúteis e só a ele cabe dirigir o ensino de seus mensageiros e de adequá-lo ao nosso adiantamento.


Espiritismo para todos

03

Janeiro de 2015

VAMPIRISMO ENERGÉTICO Existem situações em que nós, infelizmente, nos deixamos levar pelo outro. Assumimos a responsabilidade por terceiros e nossos centros de força passam a trabalhar para eles. Chamo esse fenômeno de vampirismo. Você não imagina como isso é péssimo para sua evolução. Você fica estagnada e se anula, abastecendo o outro com a sua energia. É possível, sim, ir contra essa influência. Como sempre digo, deixar-se influenciar depende somente de sua postura, atitude e modo de encarar a vida. Porque não existe essa história de vítima. Ninguém vai sugar sua energia se você não deixar. O vampiro só existe se a pessoa for “vampirizável”. Preste atenção. Cada vez que você se depara com um vampiro, seu sistema sente e dá um sinal de alerta. E ele tem a capacidade de expulsar essas interferências. Então, assuma seu sexto sentido para dar um chega pra lá na negatividade. Só assim você conquistará a paz e chegará aonde quer. Mas prepare-se, pois existem várias versões de vampiros, que podem estar entre os amigos, no trabalho ou mesmo na família. Até você pode se identificar com alguns deles. Olha só: Vampiro cobrador. Ele já chega cobrando,

antes de cumprimentar: “Pôxa, você nem me telefonou!”. E, se você é cobrável, começa a se desculpar e acaba sob o domínio dele. Cede de primeira e ele rapidinho a coloca na condição de devedora. Pronto, é o suficiente para a aura dele engatar na sua. Resultado: bate uma sensação de fraqueza, perda de energia. Chega a dar tontura. E como cortar essa influência? Reagindo! Não dê atenção às cobranças. A defesa é questão de posse. A melhor tática para lidar com vampiro é encará-lo e falar a verdade, ainda que seja deselegante. Não se deixe constranger. Vampiro crítico. É todo questionador: “Mas você vai sair assim?”, “Menina, como você fez aquilo?”. Ele critica, e você, para agradar, se justifica, permitindo que ele seja seu juiz. É impressionante, qualquer crítica nos afeta! Não queremos que pensem mal da gente, e isso é uma dificuldade de se impor. Pense: “Tenho minha visão e é ela que vale. O que o outro pensa não importa”. Assuma e se banque já, para que o outro não roube seu entusiasmo. O vampiro reclamador se queixa de tudo e quer sua atenção. Você comenta qualquer coisa, diz que precisa ir, mas ele te segura e insiste em reclamar. Daí, você se coloca no lugar

dele e dá dicas de como ser otimista. É isso o que ele quer. O coitadinho precisa de seu socorro, sua companhia, sua vida. Esse tipo é comum entre os idosos. Reclamam que se doaram a vida toda para os outros, mas pagaram caro. E fazem joguinho: “Vai sair e me deixar sozinho?”. Com pena e achando que é sua responsabilidade, você cede. Grande tolice! Tem também o vampiro desesperado, o mais comum, mimado, mas não “ajudável”, pois nunca faz nada por si. Ele quer que você faça tudo por ele e ainda arma escândalo, faz barulho e se desespera tanto que acaba te deixando aflita. Daí, ele fica aliviado, e você, agitada e ansiosa, com a aura dominada pela energia negativa. O vampiro adulador vem cheio de elogios: “Obrigado por existir. Você é a pessoa mais maravilhosa que conheço!”. Logo em seguida, vem a dentada. E por que ele quer pôr o seu ego lá em cima? Porque, quando mexe com sua vaidade, você não enxerga mais nada e se rende a qualquer pedido. Basta uma puxadinha de saco e você fica totalmente dominada. Cuidado! A frase típica do vampiro impotente é: “Eu não consigo”. Ele já chega com um ar de que nada dá certo. Se você tenta

levantá-lo, ele reforça sua impotência. Uma vez, eu estava com uma pessoa assim e, logo que percebi sua postura, disse: “Sua vida está uma droga e acho que você não quer melhorá-la. Está falando isso com tanto prazer!”. Quando você bate de frente, o sujeito empalidece, perde o rumo. É o que basta para não se deixar sugar. Por fim, há o vampiro desencarnado, ou o encosto. Você está superbem e, do nada, fica irritada, crítica, começa a se cobrar ou sente outro

desconforto. Se acontecer algo assim, pare e se pergunte: “Por que estou sentindo isso?”. Quando você descobre que se trata de um vampiro desencarnado, a questão está quase resolvida. Alguns encostos percebem que você se ligou e vão embora. Uma pena que, na maioria das vezes, a gente não se dê conta da existência deles. Por isso, antena ligada. Para se defender, entenda que esse estado de ânimo não é seu. Luiz Gasparetto

ÁGUA MAGNETIZADA A água é, de todos os corpos inertes, o que mais facilmente se magnetiza e que também comunica melhor a energia de que é portadora. A água, por si mesma, já é, como o ar, a luz, o calor, um dos elementos primordiais da nossa vida planetária; magnetizando-a, aumenta-se consideravelmente a energia das suas propriedades vitais. Na opinião de todos aqueles que se ocupam de magnetismo sob o ponto de vista curador, a água magnetizada representa um papel muito importante na medicina magnética; de todas as magnetizações intermediárias é a que produz efeitos mais surpreendentes e mais úteis à saúde. Entre os acessórios dos tratamentos magnéticos, eu encaro a água magnetizada como um dos mais preciosos; empreguei-a muitas vezes, e com a maior vantagem. (Dr. Roullier, 1817) A água magnetizada é um dos agentes mais poderosos e salutares que se podem empregar; vi-a produzir efeitos tão maravilhosos que eu receava iludir-me, e só pude acreditar depois de milhares de experiências. Os magnetizadores não fazem muito uso da água magnetizada; entretanto ela

lhes pouparia muitas fadigas, dispensariam os seus doentes de vários remédios, e acelerariam a cura se dessem a esse meio todo o valor que merece. (Deleuze) Os efeitos produzidos pela água magnetizada são múltiplos, às vezes são até absolutamente opostos; alternativamente tônica ou laxativa a água magnetizada fecha ou abre as vias de eliminação conforme as necessidades do organismo, pois toda a magnetização direta ou indireta tem por fim o equilíbrio das correntes, e conseguintemente o das funções. O efeito será tônico, quando houver excesso nas funções de eliminação; será laxativo, quando as funções de condensação forem exageradas. A água magnetizada possui a preciosa vantagem de substituir qualquer espécie de purgantes e de agir naturalmente nas constipações mais recentes. Tomada regularmente, em jejum e nas refeições durante muitas semanas seguidas, acaba quase sempre restabelecendo o equilíbrio das funções e triunfando da inércia intestinal a mais rebelde. Por este meio, restabelece o curso normal das fezes em pessoas

impossibilitadas que permaneciam no leito há muitos anos, sem que conseguissem defecar, a não ser por meio de purgantes e clisteres. Algumas vezes, os efeitos purgativos da água magnetizada são muito pronunciados. No tratamento de um reumatismo articular agudo, não somente as bebidas magnetizadas fizeram cessar uma constipação renitente, mas ainda provocaram trinta e uma dejeções abundantes e infectas, em menos de cinco dias. Longe de enfraquecerem o doente, elas trouxeram uma melhora tal em seu estado, que ele pode levantar-se, apesar de não ter tomado alimento durante os dez dias que esteve no leito. No tratamento de um tumor do ouvido, complicado de uma hemiplegia da face, a água magnetizada produziu, no espaço de dezoito dias, três a oito evacuações diárias: estas dejeções líquidas não fatigaram de maneira alguma o doente, e livraram-no definitivamente do corrimento purulento do ouvido, primeira causa da hemiplegia, que desapareceu por sua vez cinco meses depois. Se a água magnetizada tomada internamente, favorece as digestões e secreções, impede o retorno dos acessos

nas febres intermitentes e pode reconstituir o organismo por completo, como se fora o melhor dos fortificantes; o seu emprego externo em loções e compressas não tem menos efeitos soberanos, para as feridas, os dartros, as queimaduras, as erisipelas e as moléstias de olhos. A água magnetizada deve ser empregada como acessório de todo tratamento para auxiliar a ação magnética direta.

Receita-se como bebida nas refeições ou nos intervalos; emprega-se também em banhos e loções. Proporciona-se o tempo da magnetização ao volume de água e ao tamanho do recipiente. São necessários de dois a cinco minutos para magnetizar um copo ou uma garrafa. Do livro Magnetismo Curador – Alphonse Bué


Espiritismo para todos

04

Janeiro de 2015

IMPLOREMOS A DEUS PELOS FILHOS DE ABRAÃO Abraao Será que é legítimo analisarmos o conflito entre judeus e palestinos seguindo o pleito de quem chegou primeiro à região? Historicamente, os palestinos (antigos filisteus) estão naquelas terras muito antes de Isaque. Por esse aspecto, os judeus deveriam abandonar a Palestina e voltar a ser um povo errante, como era Jacó (Israel) e seus filhos, ou então deveriam pedir cidadania iraquiana e se fixarem no Iraque, local onde ficava a cidade de Ur, de onde saiu Abraão. A questão de utilizar o critério de quem chegou primeiro à região pode gerar dúvidas, pois em que pese os filisteus (antepassados dos atuais palestinos) habitarem aquela terra muito antes dos israelitas, é possível que outros povos tenham sido expulsos pelos filisteus a fim de tomarem o seu lugar. Destarte, os palestinos podem se basear no argumento, não de quem estava primeiro na terra, mas de quem a conquistou há mais tempo. O imbróglio da questão está aí, pois nesse caso, o direito passou para os judeus atuais, que conquistaram a terra após a Segunda Guerra tal como fizeram os palestinos no passado. De que maneira a humanidade atual poderá ajudar palestinos e Judeus a solucionar esses dilemas históricos? Seria através dos canais diplomáticos da ONU, da ação dos que lutam pela Justiça, pela Dignidade Humana, pela Paz? Enquanto não há solução imediata, eis quena pequena vila de Bilin, perto da capital Ramallah (Palestina), foi criado um jardim para homenagear os civis mortos durante os conflitos entre Israel e a Palestina. As flores são plantadas em granadas desativadas. Mohammed Khatib, um dos organizadores da vila onde o jardim foi construído, afirma que

o objetivo é mostrar que a vida pode nascer também da morte. O uso de uma granada desativada como recipiente para plantas é uma ótima forma de chamar a atenção para uma região cansada de guerra e de perdas humanas dos dois lados.1 Recordo que no dia 25 de maio de 1982, o Skyhawk, um caça-bombardeiro da Força Aérea Argentina, pilotado por Mariano Velasco, investiu contra uma embarcação militar inglesa deixando um saldo de 19 mortos. Dois dias depois, o também Skyhawk pilotado por Velasco foi abatido no Estreito de São Carlos, arquipélago no Atlântico Sul, por Neil Wilkinson, artilheiro antiaéreo no navio de combate HMS Intrepid da Inglaterra. O argentino sobreviveu ao saltar de paraquedas poucos minutos após ser atingido. Quase três décadas após o fim do confronto entre Argentina e Grã-Bretanha pelas ilhas Malvinas2, os dois exinimigos de guerra viveram um encontro emocionante. “Meglio tardi che mai” – como diz o provérbio italiano (“Antes tarde do que nunca”), Mariano Velasco recebeu em sua casa na província de Córdoba, para um magnificente banquete, o veterano artilheiro inglês Neil Wilkinson. Atualmente são amigos e se correspondem com certa frequência por e-mail, Facebook ou Skype. O episódio inevitavelmente nos remete para reflexões sobre a guerra. Qual a base lógica que justifica uma guerra? Os Benfeitores do Além admoestam que a guerra é a “predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões”.3 No transcurso da guerra, predominou entre Velasco e Wilkinson a índole selvagem sobre a espiritual. Hoje, 30 anos depois, a situação é inversa entre os dois ex-

combatentes inimigos do front de batalha.Infelizmente, o “caso Velasco/Wilkinson” é uma raríssima exceção, pois nem sempre esse é o desfecho entre ex-inimigos de guerra. Onde se encontram os valores morais da sociedade contemporânea? Muitas religiões estão amordaçadas pelas injunções de ordem econômica e política. A Doutrina dos Espíritos tem efetuado o esforço hercúleo de sustentar acesa a luz da crença nas plagas iluminadas da razão, da cultura e do direito. Embora seja “o esforço do Espiritismo quase superior às suas próprias forças, o mundo não está à disposição dos ditadores terrestres. Jesus é o seu único diretor no plano das realidades imortais.”4 Cremos que judeus e palestinos podem conviver, no respeito recíproco, trocando o fuzil pelo magnificente banquete, transmutando a exclusão pela

partilha, alterando a incompreensão pela tolerância. Quem sabe a Doutrina dos Espíritos, nessa conjuntura, possa levar-lhes a Mensagem do Evangelho, consubstanciada na lei do amor, da fraternidade, do perdão, da reencarnação, da comunicabilidade dos desencarnados, transformando gradualmente as leis de Moisés e Maomé, justificados pela lei de talião (olho por olho, dente por dente), que têm gerado cada vez mais ódio sobre ódio, tal como estamos assistindo no proscênio dessa estúpida guerra do Oriente Médio! Anota Emmanuel que “épocas de lutas amargas, desde os primeiros anos do século XX, a guerra se aninhou com caráter permanente em quase todas as regiões do planeta. A Liga das Nações, o Tratado de Versalhes, bem como todos os pactos de segurança da paz, não têm sido

senão fenômenos da própria guerra.”5 Sem tolerância, toda fé se resume em adoração inútil; a paz não passa de uma flor incapaz de frutescência e a própria solidariedade se circunscreve a um jogo de palavras brilhantes, em torno do qual judeus e árabes costumam parecer pronunciando maldições. Jesus, um excelso filho da região, declarou que nos daria a sua paz, que deixaria para nós a sua paz, e neste instante em que filhos de Abraão se destroçam, são válidas todas as fórmulas (políticas, econômicas, sociais, religiosas) para a busca da paz entre eles. Jorge Hessen Referência bibliográfica Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1976USP comprova: Energia liberada pelas mãos tem o poder de curar

A FORÇA DO PASSE Um estudo desenvolvido recentemente pela USP (Universidade de São Paulo), em conjunto com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), comprova que a energia liberada pelas mãos tem o poder de curar qualquer tipo de mal estar. O trabalho foi elaborado devido às técnicas manuais já conhecidas na sociedade, caso do Johrei, utilizada pela igreja Messiânica do Brasil e ao mesmo tempo semelhante à de religiões como o espiritismo, que pratica o chamado “passe”. Todo o processo de desenvolvimento dessa pesquisa nasceu em 2000, como tema de mestrado do pesquisador Ricardo Monezi, na Faculdade de Medicina da USP. Ele teve a iniciativa de investigar quais seriam os possíveis efeitos da prática de imposição das

mãos. “Este interesse veio de uma vivência própria, onde o Reiki (técnica) já havia me ajudado, na adolescência, a sair de uma crise de depressão”, afirmou Monezi, que hoje é pesquisador da Unifesp. Segundo o cientista, durante seu mestrado foram investigado os efeitos da imposição em camundongos, nos quais foi possível observar um notável ganho de potencial das células de defesa contra células que ficam os tumores. “Agora, no meu doutorado que está sendo finalizado na Unifesp, estudamos não apenas os efeitos fisiológicos, mas também os psicológicos”, completou. A constatação no estudo de que a imposição de mãos libera energia capaz de produzir bemestar foi possível porque a ciência atual ainda não possui

uma precisão exata sobre este efeito. “A ciência chama estas energias de ‘energias sutis’, e também considera que o espaço onde elas estão inseridas esteja próximo às frequências eletromagnéticas de baixo nível”, explicou. As sensações proporcionadas por essas práticas analisadas por Monezi foram a redução da percepção de tensão, do stress e de sintomas relacionados a ansiedade e depressão. “O interessante é que este tipo de imposição oferece a sensação de relaxamento e plenitude. E além de garantir mais energia e disposição.” Neste estudo do mestrado foram utilizados 60 ratos. Já no doutorado foram avaliados 44 idosos com queixas de stress. O processo de

desenvolvimento para realizar este doutorado foi finalizado no primeiro semestre deste ano. Mas a Unifesp está prestes a iniciar novas investigações a respeito dos efeitos do Reiki e práticas semelhantes a partir de

abril do ano que vem. Fonte: http:// portal.rac.com.br/noticias/ index_teste.php?tp=correioescola... Fonte: Monica Heymann Fedele


Espiritismo para todos

05

Janeiro de 2015

MATÉRIA E ESPÍRITO MATÉRIA A matéria é apresentada como o instrumento do Espírito, sobre o qual exerce a sua ação. Mas esse conceito se estende não apenas à matéria do plano físico como também no estado etéreo, sutil, imperceptível para o homem comum. É lícito deduzir, então, que o Espírito é imaterial na essência, utilizando-se de instrumentos materiais desde a matéria física até substâncias etéreas e sutis não perceptíveis ao homem, mas ainda assim matéria. 22. Define-se geralmente a matéria como sendo – o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições? “Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.” a) – Que definição podeis dar da matéria? “A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.” (O Livro dos Espíritos) ESPÍRITO Em contraposição, o Espírito é apresentado como o princípio inteligente do Universo, o que evidencia estar sendo referida a essência do Espírito. 23. Que é o Espírito? “O princípio inteligente do Universo.” a) – Qual a natureza íntima do Espírito? “Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.” (O Livro dos Espíritos) TRINDADE UNIVERSAL Existem, assim, três elementos gerais do universo: Deus, Espírito e matéria. Em O Livro dos Espíritos esses três elementos são designados a

trindade universal. Fica esclarecido, também, que a ação do Espírito sobre a matéria depende de um elemento também material, porém sutil, etéreo, que lhes serve de liame: o fluido universal (também designado como fluido elementar ou fluido primitivo) Esse fluido universal é o agente de que o Espírito diretamente se utiliza. Importante destacar que o fluido universal é indicado como necessário para que a matéria física não se desagregue, ou seja, é um elemento intrínseco à matéria física organizada conquanto seja sutil, etéreo. 27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito? “Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.” (O Livro dos Espíritos) FLUIDO UNIVERSAL O fluido universal é o elemento primordial de toda a matéria, não sendo senão por modificações suas que os vários outros tipos de substâncias se

formam. Kardec comenta que os elementos químicos conhecidos são modificações de uma substância primitiva. 33. A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades? “Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo!” O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples são meras modificações de uma substância primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos de remontar, a não ser pelo pensamento, a esta matéria primária, esses corpos são para nós verdadeiros elementos e podemos, sem maiores consequências, tê-los como tais, até nova ordem. (O Livro dos Espíritos) Esse fluido universal é o elemento em que várias forças na natureza atuam, como a gravidade, coesão, atração, magnetismo etc. Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos. Esse fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres. São-lhe inerentes as forças que presidiram às metamorfoses da matéria, as leis imutáveis e necessárias que regem o mundo. Essas múltiplas forças, indefinidamente variadas segundo as combinações da matéria, localizadas segundo as massas, diversificadas em seus modos de ação, segundo as circunstâncias e os meios, são conhecidas na Terra sob os nomes de gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa. Os movimentos vibratórios do agente são conhecidos sob os nomes de som, calor, luz, etc. Em outros mundos, elas se apresentam sob outros aspectos, revelam outros caracteres desconhecidos na Terra e, na imensa amplidão dos céus, forças em número indefinito se têm desenvolvido numa escala inimaginável, cuja grandeza tão incapazes somos de avaliar, como o é o crustáceo, no fundo do oceano, para apreender a

universalidade dos fenômenos terrestres. (A Gênese – pág. 111) ESPAÇO UNIVERSAL O espaço é, por definição, infinito. Não pode ser abarcado pela razão humana um ponto além do qual não mais haveria espaço a ser percorrido. De qualquer forma, é reiterada a idéia de que não há vácuo absoluto. Há uma substância etérea que a tudo permeia. 35. O Espaço universal é infinito ou limitado? “Infinito. Supõe-no limitado: que haverá para lá de seus limites? Isto te confunde a razão, bem o sei; no entanto, a razão te diz que não pode ser de outro modo. O mesmo se dá com o infinito em todas as coisas. Não é na pequenina esfera em que vos achais que podereis compreendê-lo.” Supondo-se um limite ao Espaço, por mais distante que a imaginação o coloque, a razão diz que além desse limite alguma coisa há e assim, gradativamente, até ao infinito, porquanto, embora essa alguma coisa fosse o vazio absoluto, ainda seria Espaço. 36. O vácuo absoluto existe

em alguma parte no Espaço universal? “Não, não há o vácuo. O que te parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos.” (O Livro dos Espíritos) Espaço é uma dessas palavras que exprimem uma idéia primitiva e axiomática, de si mesma evidente, e a cujo respeito as diversas definições que se possam dar nada mais fazem do que obscurecê-la. Todos sabemos o que é o espaço e eu apenas quero firmar que ele é infinito, a fim de que os nossos estudos ulteriores não encontrem uma barreira opondose às investigações do nosso olhar. Ora, digo que o espaço é infinito, pela razão de ser impossível imaginar se lhe um limite qualquer. e porque, apesar da dificuldade com que topamos para conceber o infinito, mais fácil nos é avançar eternamente pelo espaço, em pensamento, do que parar num ponto qualquer, depois do qual não mais encontrássemos extensão a percorrer. (A Gênese – pág. 104)


Espiritismo para todos

06

A imprensa apresenta, constantemente, fatos relacionados a manifestações de racismo, fora e dentro do Brasil. E mostra, também, cenas terríveis de miséria nos países mais devastados da África, onde homens, mulheres e crianças de pele negra parecem mais esqueletos vivos, semelhantes às fotos dos seis milhões de judeus exterminados nos campos de concentração nazistas. Não seriam as esquálidas criaturas de hoje os mesmos homens que provocariam o genocídio da Alemanha de Hitler, agora em novos corpos? O racismo é, antes de tudo, uma demonstração de atraso espiritual e desconhecimento das leis divinas. Aquele que diminui ou persegue o irmão pela cor da pele ou por qualquer outra característica étnica, viola o grande mandamento, síntese de toda a lei e dos profetas, “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Pela lei do carma, ou de causa e efeito, o racista sofrerá, em si próprio, a inteireza do sofrimento provocado ao semelhante. Pagará até o último ceitil, pois todo homem será punido naquilo em que pecar.

“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”- na expressão do próprio Cristo. Ensina “O Livro dos Espíritos” que os homens atuais são os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoar em novos corpos, estando, ainda, muito longe da perfeição. A raça de agora, que por seu crescimento tende a invadir toda a Terra e substituir as raças que se extinguem, terá, também, a sua decadência. Outras raças a substituirão, descendentes dela mesma, como os civilizados contemporâneos descendem dos seres brutos e selvagens das eras primitivas. A origem das raças perde-se na noite dos tempos. Como todas pertencem à grande família humana, puderam misturar-se e produzir novos tipos. As múltiplas variedades de um mesmo fruto não impedem que constituam uma só espécie. No final de 1939, justamente quando o racismo nazista contra o povo judeu era um dos determinantes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, o espírito de Emmanuel começava, no Grupo Espírita

Janeiro de 2015

R A C I S M O Luiz Gonzaga, de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, a psicografar, através de Francisco Cândido Xavier, o livro “O Consolador”. Na obra, editada no ano seguinte pela Federação Espírita Brasileira, Emmanuel considera justo o agrupamento nos países de múltiplas coletividades pelos laços afins da

educação e do sentimento. A política do racismo, todavia, é encarada como um erro gravíssimo, que pretexto algum justifica. O racismo não tem nenhuma base séria nas suas alegações que, na realidade, só encobrem o propósito tenebroso do separatismo e da tirania. Se todavia, nenhum dos

argumentos acima convence o leitor, lembramos as recentes descobertas da Arqueologia, dando-nos conta de que todos nós, seres humanos, de qualquer raça, somos originários do Continente Africano. E agora? Como fica o racismo? Fonte: Jávier Godinho

A VISÃO ESPÍRITA SOBRE O SUICÍDIO “A vitória da vida não consiste tanto no ganhar suas batalhas, como em saber sofrer suas derrotas” ( P. C. Vasconcelos Jr. “In” – “Pensamentos”). O suicídio é o resultado do nosso desequilíbrio espiritual. Quando o cidadão perde o controle das suas forças psíquicas, torna-se alvo das trevas, (dos maus espíritos), e acaba caindo no tremendo calabouço do suicídio. Há pessoas que chegam às portas do suicídio levadas pela ignorância das leis naturais da causa e do efeito. Algumas pessoas cometem o suicídio, quando tangidas por doenças incuráveis ou quando atingem idade avançada. Não querem ser pesadas para as suas famílias e nem passarem por muitos sofrimentos. Essas pessoas não estão bem conscientes do aspecto espiritual de suas ações. Ignorando a Lei Maior da Vida Eterna, acham que podem estancar os achaques da velhice e que também podem interromper os seus sofrimentos, saindo desta existência, pelas portas trágicas do suicídio. Entretanto, meus amigos, ninguém pode exercer o papel de Deus. Ele nos dá a vida, aqui no planeta Terra e sabe, muito bem, o momento de nos transferir para o Plano Maior. Essas pessoas devem saber que o nosso Espírito ao ingressar no corpo mais denso, por si mesmo, escolheu as experiências cármicas para o seu burilamento

íntimo. Nestas circunstâncias, durante nossas lutas, nossas provas e expiações, no planeta que nos acolheu, temos que batalhar até o fim, até à última gota de nossas forças. Temos que lutar até o fim, valendo-nos de todos os recursos para nossa sobrevivência. Só mesmo Deus, nosso Criador, pode fixar o momento da nossa partida. Sabemos que todas as vezes que ocorre o suicídio, o Espírito deverá retornar para reaprender aquela experiência interrompida, ou seja, precisará voltar em outra existência e passar de novo pela mesma provação ou algo similar. A provação pode não ser tão extremada como a que experimentou na existência anterior, porque parte dela já foi vivenciada, entretanto, o Espírito precisará resgatar, até o último ceitil, as provas que se lhe antolham e que foram ocasionadas pelo suicídio. As leis da ação e da reação funcionam como um sistema de pesos e medidas. A situação, assim, fica bem mais complicada, porque o suicídio nada resolve, pelo contrário, é circunstância tremendamente agravante. Meus amigos, a morte física não resolve os problemas que se ligam às nossas responsabilidades. Nossos problemas de ordem sentimental, de ordem social ou de quais quer naturezas, por certo, temos que resolvê-los e saná-los, aqui e agora, à luz da mais santa paciência e do trabalho incansável. Não tentemos fugir dos problemas

porque eles nos seguem, como a sombra segue o nosso próprio corpo. Sim, doe-nos o coração, quando, em trabalhos mediúnicos, temos a oportunidade de constatar a situação de penúria e de angústia dos irmãos que se suicidaram. Abre-se uma exceção para os irmãos que cometeram o suicídio tangidos por doenças mentais ou por desequilíbrios bioquímicos. Aludidas pessoas estariam com sua capacidade de decidir comprometida. Então, quando passam para o outro lado, acordam em uma espécie de abrigo onde recebem o auxílio de que precisam para o restabelecimento. Entretanto, não deixam de responder pela gravidade da falta cometida. E podemos aduzir mais

que a natureza de uma Alma a leva a crescer e a aprender. Por isso mesmo, trazemos, para a nossa existência terrena, determinadas situações que precisamos superar ou para as quais precisamos buscar o equilíbrio. Se nos déssemos conta de que, no plano terreno, é normal vivenciarmos algum tipo de sofrimento, seja físico, mental ou emocional e de que o suicídio não eliminaria essa condição, acreditamos que haveria menos casos de pessoas tirando suas próprias existências. Precisamos nos conscientizar sobre o erro do suicídio e sempre acentuar a responsabilidade que temos de viver plenamente, porque a Vida, em síntese, é uma só, e as existências, neste planoterra, são os degraus que devemos escalar. Se

quebrarmos algum degrau, por certo, teremos que descer de novo e reconstruí-lo. A queda, em qualquer circunstância, é sempre mais dolorosa. Lembremo-nos sempre e procuremos vivenciar, “ab imo corde” (do fundo do coração), os valiosos ensinamentos do Eminente Guerreiro-Filósofo Napoleão Bonaparte, “1769 usque (até) 1821”: “Tão valente é aquele que sofre corajosamente as dores da alma como o que se mantém firme diante da metralha de uma bateria. Entregar-se à dor, sem resistir, matar-se e eximir-se à mesma dor, é abandonar o campo de batalha antes de ter vencido”. Fonte: Por: Domério de Oliveira


Espiritismo para todos

07

Janeiro de 2015

ABOBRINHAS DA MEDIUNIDADE 1 – Quando vamos ao Centro Espírita corremos o risco de ser acompanhados por um obsessor na saída? Certamente acompanhado de obsessor está o autor dessa ideia esdrúxula. Tenho visto muita gente livrar-se de obsessões no Centro Espírita. Não conheço ninguém que ali “contraiu” uma obsessão. Pode, em princípio, haver um agravamento dos males espirituais do obsidiado que começa um tratamento espiritual, algo como uma reação inicial a uma medicação. Espiritualmente falando, seria do próprio obsessor, aumentando sua pressão para que o obsidiado afaste-se dos recursos que o libertariam, imaginando-os inócuos. 2 – O fato de minha vida financeira ter-se complicado tem algo a ver com a interrupção de minha frequência às reuniões mediúnicas? Disseram-me que estou sendo castigado pelo mentor. Os mentores espirituais não são feitores intransigentes, dispostos a castigar desertores. Jamais adotam medidas punitivas. Complicações financeiras, quando não decorrentes de problemas cármicos, surgem a partir de uma má administração de nosso tempo e dos recursos de que dispomos. Aliás, o contrário costuma acontecer. O médium empolga-se por interesses imediatistas, prospera e acaba

afastando-se de seus compromissos espirituais. 3 – Na estrada, estávamos com o rádio ligado, quando tanto eu quanto minha acompanhante ouvimos um assobio dentro do carro. É um fenômeno mediúnico? Não estão impedidos os Espíritos de assobiar, mas é pouco provável que um acompanhante espiritual seja ouvido pelos encarnados, a não ser que um dos dois seja médium de efeitos físicos. Em tal situação certamente ouviriam mais do que fugaz assobio. Provavelmente trata-se de um efeito sonoro produzido pela emissora de rádio em que estavam sintonizados. 4 – Um médium disse-me que se eu não desenvolver minha mediunidade minha vai filha sofrer um obsessão. É possível? O sofrimento é do médium que fez essa afirmação. Sofre de ignorância, mal comum no meio espírita, mas felizmente tratável com a terapia do estudo. Transferir para os filhos a responsabilidade por nossa omissão nos compromissos mediúnicos é como aceitar que carregamos a marca de suposto pecado original, cometido por um suposto casal, Adão e Eva, num suposto paraíso. 5 – Quando estou sozinho em casa, à noite, sinto uma pressão sobre minhas costas e fico com muito medo. Será algum Espírito? Para cogitar da presença de

um Espírito, em relação ao fenômeno, seria de se esperar que ocorresse em qualquer hora, na presença de outras pessoas. Impressões dessa natureza, quando a pessoa está sozinha, à noite, podem ser debitadas a mera excitação nervosa. Certamente não é a pressão nas costas que provoca o medo, mas o medo, exacerbado pelo imaginação, que suscita a sensação de pressão nas costas. 6 – Há alguma influência espiritual no fato de meu braço adormecer quando estou dormindo? Sensação de adormecimento nas mãos pode indicar sensibilidade mediúnica. No entanto, se ocorre somente durante o sono, é mais provável que a você esteja dormindo sobre o braço, dificultando a circulação sanguínea. 7 – Ouvi que, em reuniões mediúnicas, manter as pernas cruzadas atrai Espíritos menos evoluídos. É verdade? E mãos descruzadas, atraem Espíritos evoluídos? Postura física não tem nada a ver com a natureza dos Espíritos que se aproximam, embora, obviamente, numa reunião mediúnica, até por uma questão de respeito pelo ambiente, devamos manter uma postura civilizada, de permeio a uma atitude de contrição.

8 – Disseram-me que meus problemas físicos e emocionais são decorrentes de uma mediunidade e que preciso trabalhar como médium para resolvê-los. É possível? Problemas físicos e emocionais são decorrentes do temperamento das pessoas,

Richard Simonetti

não de possível mediunidade. A prática mediúnica não nos libera desses desajustes. Pode até acentuá-los, por tornar a pessoa mais sensível a influências espirituais. O que pode ajudar é a disciplina mediúnica, que envolve o estudo, a reflexão em torno dos princípios espíritas, e o empenho de renovação…

HÁBITO, ESTEIRA DE REFLEXOS MENTAIS O hábito é uma esteira de reflexos mentais acumulados, operando constante indução a rotina. Herdeiros de milênios, gastos na recapitulação de muitas experiências análogas entre si, vivemos, até agora, quase que à maneira de embarcações ao gosto da correnteza, no rio de hábitos aos quais nos ajustamos sem resistência. Com naturais exceções, todos adquirimos o costume de consumir os pensamentos alheios pela reflexão automática e em razão disto, exageramos as nossas necessidades, apartamo-nos da simplicidade com que nos seria fácil erguer uma vida melhor, e formamos em torno delas todo um sistema defensivo à base de crueldade, com o qual ferimos o próximo, dilacerando consequentemente a nós mesmos. Estruturamos, assim, complicado mecanismo de cautela e desconfiança, para além da justa preservação, retendo, apaixonadamente, o instinto da posse e, com o instinto da posse, criamos os reflexos do egoísmo e do orgulho, da vaidade e do medo, com que tentamos inutilmente

fugir às Leis Divinas, caminhando, na maioria das circunstâncias, como operários distraídos e infiéis que desertassem da máquina preciosa em que devem servir gloriosamente, para cair, sufocados ou inquietos, nas engrenagens que lhes são próprias . Nesse círculo vicioso, vive a criatura humana, de modo geral, sob o domínio da ignorância acalentada, procurando enganarse depois do berço, para desenganar-se depois do túmulo, aprisionada no binômio ilusãodesilusão, com que depende longos séculos, começando e recomeçando a senda em que lhe cabe avançar. Não será lícito, porém, de modo algum, desprezar a rotina construtiva. É por ela que o ser se levanta no seio do espaço e do tempo, conquistando os recursos que lhe enobrecem a vida. A evolução, contudo, impões a instituição de novos costumes, afim de que nos desvencilhemos das fórmulas inferiores, em marcha para ciclos mais altos de existência. É por esse motivo que vemos no cristo – divino marco da renovação humana – todo um programa de transformações

viscerais do espírito. Sem violência de qualquer natureza, altera os padrões da moda moral em que a Terra vivia há numerosos milênios. Contra o uso da condenação metódica, oferece a prática do perdão. Á tradição de raça opões o fundamento da fraternidade legítima. No abandono à tristeza e ao desânimo, nas horas difíceis, traz a noção das bemaventuranças eternas para os conflitos que sabem esperar e para os justos que sabem sofrer. Toda a passagem do Senhor, entre os homens, desde a Manjedoura, que estabelece o hábito da simplicidade, até a cruz afrontosa que cria a hábito da serenidade e da paciência, com certeza da ressurreição para a vida eterna, o apostolado de Jesus é resplendente conjunto de reflexos do caminho celestial para a redenção do caminho humano. Até agora, no mundo, a nossa justiça cheira a vingança e o nosso amor sabe a egoísmo, pelo reflexo condicionado de nossas

atitudes irrefletidas nos milênios que nos precedem o “hoje”. Não podemos desconhecer, todavia, que somente adotando a bondade e o entendimento, com a obrigação de educar-nos e com o dever de servir, como hábitos, colaborando para s segurança e felicidade de todos, ainda

mesmo à custa de nosso sacrifício, é que refletimos em nós a verdadeira felicidade por estarmos nutrindo o verdadeiro bem. Espírito Emmanuel – Do livro: Pensamento e Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier.


Espiritismo para todos

08

Janeiro de 2015

O SOLDADO DE DUAS GUERRAS Pensamento: Há causas legitimadas pelo homem que geram consequências ilegítimas para Deus e somente são percebidas mediante evolução moral. Havia um soldado patriota, corajoso, valente e muito bem treinado para atos de guerra e pronto para lutar por seu país. Declarada a guerra, fora destacado, então na condição de oficial da infantaria, para comandar uma patrulha em sítio inimigo. A patrulha fora surpreendida pelo inimigo, de modo que houve embate terrível, com mortes de ambos os lados. O comandante destemido, valente, corajoso e patriota, revelou-se firme no aniquilamento dos soldados inimigos, visto que a matança estava legitimada pela declaração de estado de guerra. A guerra, o uso de armas letais, a violência, a matança e o aniquilamento do adversário tudo estava justificado no motivo da declaração formal de guerra. Bastaria um armistício para que o estado de beligerância, autorizado, cessasse. Sem armistício a matança, de ambos os lados, era legítima e até desejada por orações da população de cada país. Por todos os atos de guerra, violência, aniquilamento, matança, aprisionamento, tortura, humilhação os matadores seriam homenageados, condecorados, aplaudidos e erigidos à categoria de heróis. As cenas descritas no episódio exemplificativo representam, nesta narração, uma vida, passada em um momento em que governantes de dois ou mais países legitimaram os atos mais terríveis de morte, em nome da paz e do amor, por certo contrários aos ensinamentos do Mestre Jesus, embora com utilização de seu Santo Nome.

Descrevam-se, agora, outras cenas, entre os mesmos povos os quais, terminada a primeira guerra, tempos depois, outra fora declarada, com os mesmos resultados de legitimação de atos terríveis à natureza humana. Novos soldados foram convocados, mas também se convocaram os veteranos e oficiais da reserva das forças de cada país. Os veteranos foram convocados porque experientes em matar, conheciam todos os procedimentos que poderiam ser ensinados aos novos. Ocorre que, dentre os veteranos, encontrava-se aquele Oficial destemido, corajoso, matador e adequado para comandar as tropas novas. Mas ele, mais velho e mais reflexivo, evoluirá moralmente e decidiu, de livre vontade, não participar da segunda guerra na condição de soldado. Manifestou o desejo de participar na qualidade de socorrista, de pessoa que busca amainar o sofrimento do próximo, de permanecer ao lado de quem sofre as consequências da guerra sem se importar o lado ou a cor da farda de cada vítima. Declarara que desejava participar da guerra, mas em favor de ambos os lados, porque os soldados, inimigos entre si, na verdade eram considerados irmãos e como tal deveriam ser reconhecidos e amparados nas aflições, nas agruras, no sofrimento e na dor. A opção causou grande transtorno na rigidez de normas militares e, porque era algo pessoal, uma condição fora imposta: poderia o desejoso retornar ao campo de batalha, não mais ornamentado como soldado bem treinado, corpo perfeito e pronto para a guerra. Retornaria sim, mas em outras condições, ou seja, com uma das mãos decepadas e uma perna amputada e roupa de tecido de

má qualidade. O soldado aceitou a condição e assumiu toda a responsabilidade de seus atos e assim o fez porque estava certo de que evoluíra moralmente e, ainda que mutilado e mal trajado, estava pronto para resgatar, para expiar o mal que fizera em nome da legitimidade da guerra; cumpriria outra missão, desta feita em nome do amor, da paz, da solidariedade humana. Sua participação na guerra teria como fundamento os ensinamentos de Jesus e estava pronto para servir a ambos os lados, isto é a todos os irmãos soldados. Com bastante dificuldade, por lhe faltar uma das pernas, claudicava apoiado em muletas e, com dificuldade maior, portava o que fosse possível para socorrer os aflitos, os feridos, os desamparados e quem, mesmo sem participar da batalha, por esta eram atingidos. Fez vibrar, com rigor, suas armas: o amor, a piedade, a solidariedade, as lágrimas e

orações nos últimos suspiros dos que desencarnavam. Fora um iluminado, um batalhador incansável na aplicação do amor e da estima ao próximo. Serviu de referência a todos, porque a todos servira, sem se importar de que cor era a bandeira do soldado ou em que solo estava a pisar. Quando surgia em um sítio, arrastandose é certo, muitos ponderavam o porquê de alguém tão piedoso, tão bom, tão puro e determinado ao bem, tudo fazia sem uma das mãos e sem uma das pernas, enquanto outros, perfeitos, somente faziam o mal. Houve mesmo quem, desacoroçoado da vida, naquela guerra infeliz, ponderara a respeito de onde estava Deus, para permitir tamanha injustiça a uma pessoa tão pura. Por certo todas essas pessoas desconheciam os acontecimentos da primeira guerra, onde a então magnânima pessoa figurou como terrível soldado, perfeito matador em nome da legalidade. O inconformismo com o

sofrimento injusto, para eles, do socorrista provocava debates e explicações as mais diferentes. Certo dia, no auge das discussões, um enfermeiro ouvia tudo e nada dizia até que lhe endereçaram uma pergunta a respeito do porquê daquela injusta situação de uma pessoa tão boa. Pessoa que a qualquer momento poderia ser morta, já que não portava arma, enquanto outros, maldosos poderiam ser salvos. O enfermeiro, em poucas palavras, quase que sussurrando, disse o seguinte: – A explicação é simples e leva o nome de reencarnação. E prosseguiu: – Por meio da reencarnação, espíritos corajosos se propõem ao resgate, ou à expiação ou mesmo ao cumprimento de uma missão, por causas anteriores as quais, quando aconteceram, poderiam até parecer legítimas, por causa da insuficiente evolução moral dos participantes. ACLIBES BURGARELLI

Casamento e Divórcio Divórcio, edificação adiada, resto a pagar no balanço do espírito devedor. Isso geralmente porque um dos cônjuges, sócio na firma do casamento, veio a esquecer que os direitos na instituição doméstica somam deveres iguais. A Doutrina Espírita elucida claramente o problema do lar, definindo responsabilidades e entremostrando os remanescentes do trabalho a fazer, segundo os compromissos anteriores em que marido e mulher assinaram contrato de serviço, antes da reencarnação. Dois espíritos sob o aguilhão do remorso ou tangidos pelas exigências da evolução, ambos portando necessidades e débitos,

combinam encontro ou reencontro no matrimônio, convencidos de que união esponsalícia é, sobretudo, programa de obrigações regenerativas. Reincorporados, porém, na veste física, se deixam embair pelas ilusões de antigos preconceitos da convenção social humana ou pelas hipnoses do desejo e passam ao território da responsabilidade matrimonial, quais sonâmbulos sorridentes, acreditando em felicidade de fantasia como as crianças admitem a solidez dos pequeninos castelos de papelão. Surgem, no entanto, as realidades que sacodem a consciência. Esposo e esposa reconhecem para logo que não

são os donos exclusivos da empresa.

Sogro e sogra, cunhados e tutores consanguíneos são também sócios comanditários, cobrando os juros do capital afetivo que emprestaram, e os

filhos vão aparecendo na feição de interessados no ajuste, reclamando cotas de sacrifício. O tempo que durante o noivado era todo empregado no montante dos sonhos, passa a ser rigorosamente dividido entre deveres e pagamentos, previsões e apreensões, lutas e disciplinas e os cônjuges desprevenidos de conhecimento elevado, começam a experimentar fadiga e desânimo, quanto mais se lhes torna necessária a confiança recíproca para que o estabelecimento doméstico produza rendimento de valores substanciais em favor do mundo e da vida do espírito. Descobrem, por fim, que amar não é apenas fantasiar, mas acima de tudo, construir. E construir pede não somente

plano e esperança, mas também suor e por vezes aflição e lágrimas. Auxiliemos, na Terra, a compreensão do casamento como sendo um consórcio de realizações e concessões mútuas, cuja falência é preciso evitar. Divulguemos o princípio da reencarnação e da responsabilidade individual para que os lares formados atendam à missão a que se destinam. Compreendamos os irmãos que não puderem evitar o divórcio porquanto ignoramos qual seria a nossa conduta em lugar deles, nos obstáculos e sofrimentos com que foram defrontados, mas interpretemos o matrimônio por sociedade venerável de interesses da alma perante Deus.


Espiritismo para todos

09

Janeiro de 2015

DO ABORTO, SEGUNDO A VISÃO ESPÍRITA 1. INTRODUÇÃO É indiscutível que o aborto deve ser abordado de forma ampla, pois envolve aspectos biológicos, psicológicos, sócio-culturais, legais e espirituais. É necessário que entendamos todos os aspectos que o envolvem para a formação de conceitos fortemente embasados. O primeiro conceito a ser entendido é o de o que é o aborto (ou abortamento): “Abortamento é a morte do ovo, embrião ou feto”, ou seja, a interrupção da gestação desde a concepção até o parto. Com isto podemos avaliar que em qualquer período compreendido entre a união de gametas e o início de trabalho de parto é considerado um aborto. Outro conceito fundamental para a visão espírita é o de quando ocorre a união da alma ao corpo. A pergunta 344 do Livro dos Espíritos nos esclarece: “A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento”. 2. TIPOS DE ABORTO Espontâneo ou provocado; de repetição; Legal ou criminoso; Social; Terapêutico; Eugênico. 3. ABORTO LEGAL A nossa legislação prevê que em casos de estupro e em casos de risco materno seja autorizado o aborto. Estuprar é “constranger para conjunção carnal por ameaça ou violência”. Será presumida a violência se a mulher: a) Tiver menos que 14 anos; b) For débil mental e o agente conhecia esta circunstância; c) Não podia oferecer resistência. Já começamos a perceber uma lei mal elaborada quando é omissa, assim, quando um homem usa de violência sexual mas, sem no entanto ter uma “conjunção carnal” (não havendo penetração) o aborto não seria legal, pois o ato não foi um estupro e sim, um “atentado violento ao pudor”. Nestes casos por comparação, são realizados os abortos ditos “sociais”, que não deixam de ser ilegais. Outra forma legal de aborto é aquela que ocorre para proteção da mãe, denominada de aborto terapêutico. A pergunta 359 do Livro dos Espíritos. questiona sobre isto e a resposta é: “É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe”. No entanto, não esqueçamos que a medicina tem condições de prever os casos em que a gravidez coloca a mãe em risco, podendo se antecipar para evitar a gestação. É interessante citar que, consultando profissionais especialistas na área, nenhum consegue citar caso em que tiveram que indicar aborto terapêutico. 4. MEDICINA FETAL Os avanços da medicina criaram fábulas no estudo dos fetos, assim, a partir de 12 semanas de gravidez, é possível à mãe saber se terá um filho saudável. Por um lado, começamos a verificar maravilhas no sentido de proporcionar tratamentos intra-uterinos, mas por outro, mães passaram a ter o conhecimento precoce de que seus filhos eram portadores de aberrações cromossômicas (por exemplo a Síndrome de Down). A sugestão de autorização de aborto nestes casos não foi acatada em nosso país e se chama aborto eugênico. Todo aborto tem conseqüências legais, físicas, psicológicas e espirituais para todos os envolvidos na sua prática: a mãe,

o aborteiro e aquele que o estimula. 5. CONSEQÜÊNCIAS LEGAIS Para a gestante, de 1 a 3 anos de detenção; para o aborteiro, de 1 a 4 anos se houve o consentimento, e de 3 a 10 anos se não houve o consentimento. Estas penas são agravadas se houve lesão corporal da “vítima” elevando a pena para de 2 a 8 anos. Ainda no que diz respeito ao aborto no plano material, nem todos comportam-se de maneira a ignorar o feto como ser humano desde a concepção. Desta forma ignoram a crueldade física em que transcorre um aborto. Para aqueles que se negam a crer, o filme “The silent scream” ou o “Grito silencioso” mostra de forma absolutamente científica o que acontece, durante um aborto, com o feto. O Dr. E. Nathanson, é um profissional que após anos fazendo o procedimento, resolveu lutar pela sua extinção. Neste filme pode-se ver um feto na 12a semana de gestação tranqüilo na cavidade uterina e poucos segundos após, com o início do procedimento, movimentos desesperados na tentativa frustrada de esquivar-se do instrumental cirúrgico. Talvez, a ciência possa vir a reforçar a postura espiritualista dando ao feto o mesmo valor que se dá a qualquer vida humana. 6. ASPECTOS ESPIRITUAIS ABORTO ESPONTÂNEO: Muitos casais desejam ardentemente um filho, porém infelizmente não conseguem. Os motivos são pregressos, ou solicitaram a infertilidade como prova, ou a receberam como expiação. De alguma forma o casal colaborou na interrupção da gravidez de outrem no passado, ou eles próprios o fizeram. Da mesma forma o concepto era cúmplice dos dois. Todos tem culpa no processo e ninguém pode ser considerado inocente. O aborto é, portanto, conseqüência de débitos cármicos do casal em relação à entidade desencarnante. Além dos abortos motivados pelos débitos do casal, há aqueles em que o reencarnante teme o novo nascimento. É o caso daqueles que deverão retornar com alterações deformantes no corpo físico e da antipatia aos membros da nova família. Assim, mesmo nas encarnações compulsórias o livre arbítrio é respeitado. Quando especificamente, a desarmonia é com a mãe, as emanações energéticas agem no chakra genésico desequilibrando e alterando as suas ligações ao perispírito fetal, predispondo-se a romper-se. Rompidas estas ligações, o feto, sem espírito torna-se inviável por falta de modelo biológico organizador. ABORTO EUGÊNICO: As más formações congênitas são decorrentes, materialmente falando, de alterações genéticas e infecciosas, porém, sob o aspecto espiritual, há de se considerar porque um casal conceberá um deficiente físico; ou ainda por que uma criança será portadora de deficiência. O reencarnante fixa-se ao óvulo e será atraído o espermatozóide mais adequado, assim sua compleição física e imunidade são determinantes do próprio espírito reencarnante. Quanto aos pais, terão aceitado previamente esta prova. Desta forma o aborto provocado com a finalidade

de evitar o nascimento de um deficiente é interferência nos planos espirituais previamente concebidos. ESTUPRO: No estupro existem vários envolvidos. O agressor e a “vítima” podem não ter-se encontrado por mera coincidência, mas por sintonia de vibrações. A fatalidade pode ser, na verdade, predisposição. A entidade reencarnante muitas vezes é o obsessor da “vítima” e está ligado a ela por forte atração magnética. Havendo a agressão e a condição física predisponente, o plano espiritual aproveita a oportunidade para adormecer a entidade e colocá-la em condição de filho daquela que odiava. É importante colocar que o estupro e a gravidez não foram programados, a espiritualidade apenas utiliza o mal para fazer o bem. Entendendo que a gestação decorrente do estupro é uma oportunidade para que espíritos adversos entrem em sintonia, o aborto é, além de uma agressão, uma anulação desta oportunidade de perdão mútuo. Nestes casos devese considerar ainda os familiares que estarão assumindo as conseqüências espirituais de um aborto, desequilibrando toda a estrutura doméstica. Do contrário, compartilharão do auxílio fraternal à mãe e à esta entidade que reencarnará naquele meio. Nos casos de a “vítima” não ter capacidade para assumir a maternidade, a melhor solução é a adoção pela própria família, ou na sua impossibilidade, encaminhamento para adoção por terceiros. 7. CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS DA MULHER As lesões físicas podem ser precoces como hemorragia, perfuração uterina, perfuração de intestinos, embolia pulmonar, etc; mas também podem ocorrer tardiamente causando infertilidade por alterações uterinas. Entre as alterações psicológicas existem uma variedade muito grande que vão de quadros mais leves de depressão até profundas alterações decorrentes do sentimento de culpa. Estes sintomas podem-se agravar pela obsessão do espírito rejeitado. 8. CONSEQÜÊNCIAS ESPIRITUAIS As conseqüências espirituais são maternas, fetais, para o aborteiro e também para aquele que induz ao ato. CONSEQÜÊNCIAS ESPIRITUAIS PARA A GESTANTE: Primeiro devemos lembrar que o espírito enviado para reencarnar era um ser que havia sido preparado para reconciliação e portanto já se encontrava sob esquecimento do passado. Feito o aborto, voltam as lembranças e as suas vibrações atingirão a esfera psíquica materna agravando a sua situação psicopatológica. Outro aspecto a ser considerado é a infração às Leis Naturais: Livro dos Espíritos 358: “Há sempre crime no momento em que se transgride a lei de Deus”. Desta forma há evidente conseqüência espiritual do abortamento. Ao desencarnar, a mulher terá, conforme o grau de responsabilidade, alterações energéticas no perispírito que só poderão ser eliminadas na próxima encarnação através de

expiação ou prova (sofrimento físico e moral), e reparação (fazer o bem àquele que foi prejudicado). A expiação não é punição e sim uma conseqüência do desequilíbrio energético patente no perispírito. No livro “Evolução em dois mundos” André Luiz explica que tais desequilíbrios influirão no sistema reprodutor feminino causando inúmeras alterações que predisporão a mulher ao abortamento ou ao trabalho de parto complicado. Não só o chakra genésico se desequilibra com o abortamento; também são conhecidas disfunções a nível do chakra cardíaco e coronário para aquelas mulheres que se desequilibraram respectivamente na esfera afetiva e psicológica. A expiação e a prova, não são, entretanto, a única forma de resgate do ato praticado. Lembrando a 1a epístola de Pedro (4:8): “...Porque a caridade cobrirá uma multidão de pecados “. O remorso e a culpa são posturas estáticas decorrentes do erro, devemos transformar esta experiência em algo produtivo e a opção pelo amor e caridade são a melhor forma de crescer em créditos espirituais. CONSEQÜÊNCIAS PARA O PAI: Muitas vezes o pai é o mentor intelectual do crime. Seu desequilíbrio imediato seria no chakra coronário predispondo à obsessão e posteriormente às alterações do chakra genésico, na próxima encarnação, o predisporá às conhecidas patologias que levam à infertilidade masculina. CONSEQÜÊNCIAS PARA O ABORTADO: Antes de tecermos maiores considerações, é importante lembrar que toda reação será proporcional à intenção da agressão e também à evolução do espírito agredido. Vejamos o que o Livro dos Espíritos coloca sobre a conseqüência do aborto para o encarnante na pergunta 357: “Para o espírito uma existência nula a recomeçar”. Para os espíritos mais evoluídos que, muitas vezes, encarnariam para restabelecer a paz

doméstica, a recusa de sua encarnação não será motivo de ódio ou ressentimento, provavelmente, continuará vibrando por aquele lar na espiritualidade, aguardando nova oportunidade de auxílio. Por outro lado, aqueles ainda pouco evoluídos terão reação agressiva. Permanecerão ligados ao chakra genésico materno, causando alterações como as mencionadas na obra “No mundo maior” – cap. X, onde André Luiz relata o episódio em que a revolta do encarnante foi tanta que, passou a alterar magneticamente o útero materno, causando profusa hemorragia, seguida de distúrbio cardíaco e, finalmente ao desencarne materno. A ligação ao chakra genésico materno, poderá ser contínua, gerando alterações ginecológicas futuras, inclusive infertilidade. Por outro lado a ligação pode ser feita com o chakra esplênico, sugando as energias vitais maternas, num verdadeiro vampirismo. CONSEQÜÊNCIAS PARA O ABORTEIRO: Muitas vezes a ignorância de princípios básicos de religiosidade, são atenuantes à culpa do profissional (médico ou não) que executa o aborto. Este fato, no entanto não os exime da culpa da realização do aborto e das suas conseqüências. No livro “Nosso Lar” André Luiz conta em seu capítulo 31, sobre as distonias energéticas visualizadas sobre o corpo espiritual de uma mulher que se dedicava ao aborto e ao infanticídio. São relatadas formas “viscosas e aderentes, deformadas e animalizadas” vinculadas aos médicos e quiropráticas. Na presente encarnação, tais profissionais, já podem perceber conseqüências físicas e afetivas, por interferência direta dos obsessores. Nas encarnações seguintes, todos os chacras poderão estar desequilibrados e, portanto, todo sofrimento ligado ao desequilíbrio genésico e coronário como também esplênico e cardíaco.


Espiritismo para todos

10

Janeiro de 2015

DEVEMOS REPREENDER OS OUTROS? Segundo as orientações de São Luís, em O Evangelho segundo o Espiritismo, a repreensão ao próximo, embora não deva ser uma prática necessariamente proibida “porquanto cada um deve trabalhar pelo progresso de todos”, precisa ser muito bem avaliada antes que a façamos. Partindo do princípio de que neste mundo ninguém é perfeito, ela só se justifica se o motivo que nos leva a fazê-la for realmente desprovido de maldade, ciúme, inveja, arrogância, intolerância, prepotência… Ou seja, se a repreensão não servir muito mais para nós mesmos, do que para aquele a quem a direcionamos. Se a fazemos com o objetivo único de auxiliar o nosso próximo a alcançar uma consciência ainda não despertada, há aí um sentido nobre na ação. Mas, se tal objetivo se alicerça em nossas próprias imperfeições é melhor não fazê-lo. A repreensão que visa tão somente o crescimento moral do próximo, é feita com moderação, discrição, afabilidade… Ou melhor, é, antes de tudo, um aconselhamento, um gesto de

caridade moral. A repreensão que humilha e denigre a imagem do outro, denota ausência dessa caridade. Segundo São Luís, há casos em que as imperfeições de uma pessoa precisam ser denunciadas, mas esta é uma questão muito delicada, e para resolvê-la é necessário apelar para a caridade bem compreendida. Se essas imperfeições só prejudicam à própria pessoa, não haverá necessidade de divulgá-las. Mas, se podem acarretar prejuízos a terceiros, deve-se atender o interesse da maioria. É desta forma que, estarrecidos, temos acompanhado pelos noticiários, uma avalanche de denúncias envolvendo pessoas de todos os níveis sociais; inclusive aqueles que se julgavam acima do bem e do mal. Altos cargos públicos, sobrenomes tradicionais, riqueza e poder não têm sido mais empecilho para que a máscara da hipocrisia, da mentira, dos vícios e da desonestidade seja arrancada, expondo a verdadeira identidade de pessoas consideradas totalmente insuspeitas. São esses alguns dos

casos em que São Luís nos orienta sobre a importância de se atender ao interesse da maioria. Mas é bom atentarmos para o fato de que, essas denúncias acabam se revertendo também em

favorecimento para o denunciado, pois, uma vez impedido de continuar cometendo os seus deslizes, ele deixará de se comprometer ainda mais com as forças do mal que sempre auxiliam nessas

DISCIPLINA E AMOR Como unir dois sentimentos que podem ser confundidos nas suas ações ? A disciplina pode ser deturpada tornando-se tirania na mão naquele que vive no orgulho, enquanto que o amor pode ser confundido por substituir as obrigações dos entes queridos à pretexto de poupa-lo do sofrimento. Jesus ensinou-nos a disciplina para com as nossas atitudes, mas com o amor em nossos sentimentos. A disciplina deve educar, corrigir as nossas más tendências, direcionar a nossa conduta para o caminho moral reto. Enquanto que o amor nos preenche de fraternidade para com os nossos irmãos, perdão com as faltas alheias mesmo para com aqueles que insistem em nos prejudicar, caridade sem fim, colocando-nos no lugar de quem recebe. Tenho notado no caminhar da vida que muitos são aqueles que reclamam do trabalho árduo que a família exige, do relacionamento com a companheira ou o companheiro e principalmente na relação pais e filhos. Pais intolerantes, cegos pelo estafante trabalho do dia-adia que lhes consomem todas as energias, agem para com os filhos com todo o sentimento de revolta reprimido, esquecendo que esse nervosismo foi gerado por não diluir o turbilhão de vibrações de que foi alvo.

Como então diluir essas vibrações que consomem a nossa paciência para não nos arrependermos de atitudes impensadas ? Como não descarregar as nossas frustrações, que muitas das vezes tem origem no nosso próprio egoismo, naqueles que esperam o nosso carinho a nossa atenção ? Com certeza precisamos de uma válvula de escape, precisamos de algo que nos equilibre, que nos mantenha em perfeito estado mental. Para tanto mais uma vez apelamos para os ensinamentos do Mestre, que em todas as noites praticava com os seus discípulos o estudo reconfortador e a oração sublime. Algo que buscamos fazer com o evangelho no lar. As Suas histórias contagiavam o coração de todos os que O ouviam, as Suas eram lições de vidas que faziam todos refletir, mas o divino Mestre não ficou somente nas explanações teóricas, Ele as vivenciou, mostrou na Sua nobreza de conduta o verdadeiro amor, a verdadeira caridade, a fraternidade para com todos sem preconceito ou distinção. Jesus nos mostrou que a alegria de servir resplandece a alma, que sem a caridade não entraremos no Reino dos Céus e continuaremos reencarnando até a depuração verdadeira do nosso espírito. Estamos em um mundo de provas e expiações, ainda pela nossa inferioridade moral

passaremos por diversas situações dolorosas, mas aí está o ganho espiritual, a felicidade futura que Jesus nos prometeu será alcançada através do nosso próprio esforço, devolvendo o mal recebido com a caridade amorosa e o perdão incondicional para com todas as ofensas. Para isso nada melhor que a prática dentro do nosso lar, com aqueles que temos maior afinidade, amor e compromisso. Deus é infinitamente bondoso e sabendo que não poderíamos alcançar a plenitude de um instante para o outro, Deu-nos a oportunidade da prática diária das virtudes iluminadoras junto daqueles que nos amam e amamos, tornando muito mais fácil o nosso aprendizado.

tarefas e que, mais tarde, cobrarão um alto preço pela “assessoria” prestada. Pois, como disse Jesus: “É necessário que haja escândalos, mas, ai daquele que for motivo de escândalos”.


Espiritismo para todos

11

O AMOR Jamais desejando para o seu próximo o que não gostaria de experimentar, assumem-se compromissos de prosperidade, sem prejuízo de natureza alguma para si ou para os outros. A vida são as incessantes oportunidades que surgem pela frente, jamais os insucessos que ocorreram no passado. Aquele que cede ante ao obstáculo, que desiste diante da dificuldade já perdeu a batalha sem a ter enfrentado. Não raro, o obstáculo e a dificuldade são mais aparentes que reais, mais ameaçadores do que impeditivos. Só se pode avaliar após o enfrentamento. Ademais, cada vitória conseguida se torna aprimoramento da forma de vencer e cada derrota ensina a maneira como não se deve tentar a luta. Essa conquista é proporcionada mediante o esforço de prosseguir sem desfalecimento e insistir após cada pequeno ou grande insucesso. O objetivo deve ser conquistado, e, para tanto, a coragem do esforço contínuo é indispensável. Muitas vezes será necessário parar para refletir, recuar para renovar forças e avançar sempre. É uma salutar estratégia aquela que faculta perder agora o que é de pequena monta para ganhar resultados permanentes e de valor expressivo depois. O seu hoje representa as ações antes realizadas e o seu amanhã defluirá das suas atividades hoje desenvolvidas. Ninguém se evade das consequências de seus atos, como planta alguma produz diferente fruto da sua própria estrutura fatalista.

Janeiro de 2015

“És livre para imprimir na tua existência o padrão de felicidade ou de aflição com o qual desejas conviver.

Vive de tal forma que deixes pegadas luminosas no caminho percorrido, como estrelas apontando o rumo da felicidade e não deixes ninguém afastar-se de ti sem que leve um traço de bondade, ou um sinal de paz da tua vida. Mantém-se equilibrado a qualquer preço, para que não pagues o preço da culpa. Não sejas aquele que se faz o mal exemplo. Sê discreto e aprende a superar-te. Vence os pequenos problemas e percalços com dignidade, a fim de superares os grandes desafios da vida com honradez. Podes o que queres. Resolve-te em definitivo, por ser cristão, não te permitindo o que nos outros censuras, sem desculpismos nem uso de medidas infelizes com as quais esperas do próximo aquilo que ainda não pode ser. O AMOR é substancia criadora e mantenedora do Universo, constituído por essência divina. É um tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se enriquece à medida que se reparte. Mais se agiganta, na razão que mais se doa. Fixa-se com mais poder, quanto mais se irradia. Nunca perece, porque não entibia nem se enfraquece, desde que sua força reside no ato mesmo de doar-se, de tornar-se vida. Assim como o ar é indispensável para a existência orgânica, o AMOR é o oxigênio para a alma, sem o qual a mesma se enfraquece e perde o sentido de viver. É imbatível, porque sempre triunfa sobre todas as vicissitudes e ciladas. Quando aparente de caráter sensualista,

que busca apenas o prazer imediato - se debilita e se envenena, ou se entorpece, dando lugar à frustação. Quando real, estruturado e maduro que espera, estimula, renova não se satura, é sempre novo, ideal, hamrônio, sem altibaixos emocionais. Une as pessoas, porque junta as almas, identifica-as no prazer geral da fraternidade, alimentando o corpo e dulcificando o eu profundo. O prazer legítimo decorre do AMOR pleno, gerador da felicidade, enquanto o comum é devorador de energias e de formação angustiante. O estado de prazer difere daquele de plenitude, em razão de o primeiro ser fulgaz, enquanto o segundo é permanente, mesmo que sob a injunção de relativas aflições e problemas-desafios que podem e dever ser vencidos. Somente o AMOR real consegue distingui-los e os pode unir quando se apresentem esporádicos. A ambição, a posse, a inquietação geradora de insegurança ciúme, incerteza ansiedade afetiva, cobrança de carinhos e atenções a necessidade de ser amado, caracterizam o estagio do amor infantil, obsessivo, dominador, que pensa exclusivamente em si antes que no ser amado. A confiança, suave-doce e tranquila, a alegria natural e sem alarde, a exteriorização do bem que se pode e se deve executar, a compaixão dinâmica, a não posse, a não dependência, não exigência, são benesses do AMOR pleno, pacificador, imorredouro.

Mesmo que se modifiquem os quadros existenciais, se alterem as manifestações da afetitividade do ser amado, o AMOR permanece libertador, confiante, indestrutível. Nunca se impõe porque é espontâneo como a própria vida e irradia-se mimetizando, contagiando de júbilos e paz. Expande-se como um perfume que impregna, agradável, suavemente, porque não é agressivo nem embriagador

ou apaixonado… O AMOR não se apega, não sofre a falta, mas frui sempre porque vive no intimo do ser e não das gratificações que o amado oferece.O AMOR DEVE SER SEMPRE O PONTO DE PARTIDA DE TODAS AS ASPIRAÇÕES E A ETAPA FINAL DE TODOS OS ANELOS HUMANOS”. Joanna de Ângelis (espírito) / psicografia de Divaldo Franco

AJUDAR SEMPRE, MAS JAMAIS VIVER O PROBLEMA DOS OUTROS No decorrer de nossas vidas devemos lutar contra os sentimentos egoístas, a vaidade, a soberba que o orgulhos nos traz. Devemos sim praticar a grande reforma íntima ativando os sentimentos nobres que estão adormecidos dentro de nós. Jesus, Mestre amoroso, nos ensinou acima de todos os sentimentos a CARIDADE e a HUMILDADE. Disse-nos que fora da caridade não há salvação. Mostrou-nos através dos Seus exemplos a conduta de vida que devemos seguir, com serenidade e paciência diante dos nossos deslizes e dos deslizes dos nossos irmãos. Afinal de contas, Jesus o espírito perfeito que nos serve de instrutor e guia, ensinou-nos a paciência em forma de amor. Até hoje somos rebeldes, desassossegados pelas nossas paixões, mas mesmo assim o Mestre bondoso nos perdoa e nos acolhe em Seus braços fraternos. Será que continuaremos reclamando dos nossos irmãos, esperando indulgências do Pai e

distribuindo incompreensões ? Que caridade é essa que dizemos praticar ? Queremos a misericórdia, o perdão e a infinita bondade, mas passamos adiante o nervosismo, incompreensões, acusações e nos regozijamos com o sofrimento alheio ? Está na hora de sermos humildes, saber que quanto mais estudamos mais compreendemos que nada sabemos e que estamos longe do conhecimento universal. Está na hora de praticarmos a caridade sem interesse, com amor, mas nunca vivenciar o problema dos outros. Ajudar conforme as nossas possibilidades, sem invadir a necessidade de aprendizado do nosso irmão, se assim o fizermos seremos tão culpados na sua derrota quanto ele próprio. Agir no bem, trabalhar sempre na caridade com humildade em nome de Jesus, mas nunca achar que o nosso irmão sofre por injustiça, pois Deus é infinitamente bom, justo e misericordioso. Façamos a nossa parte e

deixemos que o aprendizado da vida faça a sua, o sofrimento burila a alma para a eterna felicidade que nos aguarda no Reino dos Céus. Lembremo-nos sempre, o sofrimento é aprendizado de luz que Deus se utiliza para nos ensinar o caminho correto, mas não procuremos o sofrimento voluntário e sim sermos voluntário na prática da caridade. Devemos transformar esses sofrimentos em redenção, vivendo com alegria, com felicidade e amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Visite


Espiritismo para todos

12

Janeiro de 2015

A LEI DO ESQUECIMENTO É JUSTA? Dia desses, quando proferia uma palestra num Centro Espírita, ouvi, de uma senhora, a seguinte pergunta: - A Lei do Esquecimento é realmente justa? Não seria melhor se nos lembrássemos das nossas ações em existências anteriores? Se soubéssemos quais foram os nossos crimes e quais foram os nossos inimigos, para, então, redobrarmos os nossos esforços no sentido de nos reconciliarmos com eles? O profundo silêncio que o questionamento gerou na platéia e a expectativa que se criou em torno da resposta que eu deveria dar, deixaram claro que muitos dos presentes concordavam com aquela senhora, achando que a Lei do Esquecimento é realmente injusta. Mas, vejamos porque é um grande equívoco pensarmos assim: Todos nós sabemos que muitas pessoas que enfrentam situações de violência, tais como: assaltos, seqüestros, torturas físicas e psicológicas, acidentes graves e outros sinistros dessa natureza, costumam desenvolver a chamada síndrome do pânico. Algumas vítimas ficam num estado tão delicado, que se tornam completamente improdutivas e passam o resto da vida sob tratamento neurológico, causando muita preocupação e transtornos aos seus familiares. Ora, estamos falando de

situações que, muitas vezes, nem chegam perto dos traumas que certamente sofremos e promovemos em encarnações passadas, quando a violência era muito mais habitual e à vida humana se dava bem menos valor que nos dias atuais. Basta fazermos uma pesquisa sobre os métodos bárbaros utilizados pelos dominadores para torturar, humilhar e assassinar os povos dominados, na antiguidade, para chegarmos a esta conclusão. Um desses exemplos é a empalação, um dos mais cruéis métodos de tortura e que foi vastamente utilizada por diversas civilizações do mundo inteiro, sobretudo da Arábia e Europa. A empalação consistia na inserção de uma estaca de madeira no ânus, vagina, ou umbigo do torturado. Depois, essa estaca era fincada no chão e o peso do próprio corpo do supliciado se encarregava de fazer com que ela fosse, aos poucos, traspassando-o de um extremo a outro. A morte, lenta e terrivelmente dolorosa, podia levar horas e até dias para ocorrer. O exemplo citado é só uma pequena amostra das horrendas barbáries que cometemos e a que fomos submetidos no passado. Ora, sendo Deus justo e amoroso, e conhecedor que é da nossa natureza fraca, permite, a cada nova experiência encarnatória, que sejamos protegidos por um véu que evita

a lembrança das experiências anteriores, para que retomemos o curso de trabalho e aprendizado na matéria, livres dos traumas que tais lembranças fatalmente provocariam em nós. Se nos lembrássemos de todos os sofrimentos físicos e morais que presenciamos, promovemos, e a que fomos submetidos, seríamos apenas uma massa humana impotente e improdutiva, dominada por uma coletiva e inevitável síndrome do pânico. Imaginemos se, de repente, a Lei do Esquecimento fosse revogada e nos deparássemos com uma realidade inimaginável diante de nós. Se passássemos a nos lembrar de que fomos torturados, humilhados e assassinados cruelmente por pessoas que hoje fazem parte do nosso seio familiar e pelas quais, atualmente, devotamos o mais puro sentimento de amor. E se, ao contrário, nos víssemos como torturadores e

assassinos de pessoas que atualmente compartilham conosco esse sentimento de amor puro e sincero; entes queridos como nossos filhos, pais, irmãos… Em qualquer uma dessas hipóteses, a vida se tornaria insuportável, porque, ou seríamos assaltados por sentimentos de mágoa, revolta e ódio contra os nossos antigos algozes, ou, se fomos nós os executores, seríamos devorados por um remorso causticante, que certamente nos levaria à loucura. É por este e outros motivos que a Lei do Esquecimento é, assim como todas as leis divinas, irrevogável, justa e boa! Cabe a nós agradecermos a Deus por mais essa dádiva e procurarmos fazer a nossa parte, esforçandonos para praticar o bem; amando, não somente aos nossos amigos, mas também aos inimigos e jamais fazendo aos outros aquilo que não gostaríamos que nos fizessem;

perdoando aos que nos ofendem, não sete vezes, mas quantas vezes forem necessárias… Enfim, seguindo os ensinamentos de Jesus, estaremos resgatando as nossas dívidas do passado, reconciliando-nos com os antigos inimigos e evitando novas inimizades. E, com toda certeza, quando o passado deixar de ser para nós motivo de revolta, trauma, vergonha e remorso, a Lei do Esquecimento não mais será necessária, uma vez que o seu objetivo é nos proteger de nossas próprias iniquidades. Mas, quando chegar esse momento, estaremos num estágio tão elevado, tão desprovidos de sentimentos mesquinhos e egoísticos, que o passado não terá mais importância para nós e as nossas atenções estarão totalmente voltadas para as boas ações do presente. Que Deus nos abençoe!

A FAMÍLIA É UM GRANDE PATRIMÔNIO A Família é um grande patrimônio. Esforçar por entender aqueles com os quais convivemos é um ato de amor que devemos aplicar em nosso dia a dia. Hoje é um irmão com palavras ríspidas; Amanhã, a mãe desconcertada que lança frases duras ao filho inocente; Ontem, o tio infeliz que julga mal uma situação não compreendida. Ter indulgência com nossos Familiares é um dever que precisamos aplicar em nossas vidas. Quando as atitudes não condisam com nossa forma de entender o certo, busquemos alternativas para aplicar a correção que não sejam duras e nem tirem do passado situações e ocorrências que não precisam ser lembradas. Paciência é um dom que se desenvolve lentamente, mas que traz resultados imediatos. Indulgência e caridade no Lar é uma obrigação moral, principalmente para aqueles que se propõe a ser os mensageiros de Deus na Terra. Por isso, irmãos, perdoa e segue. Confia mais em Deus que

lhe atende hoje e sempre em suas necessidades mais particulares; não queira fazer uma justiça injusta com palavras secas que mais ferem do que educam. Se teu irmão te ofende; se tua mãe lhe lança pensamentos frios; se seu tio, nos desvios de conduta, lhe envia ondas de desequilíbrio e severidade, vós, que és hoje um trabalhador que dedica suas horas em benefício dos necessitados; que sente a importância do bem em tua vida e que possui um ideal de elaborar grandes obras ou pequenas ações, és sem dúvida responsável em dobro por aqueles que lhe conhecem os detalhes e que na intimidade do lar também lhe aturam. És responsável pelo equilíbrio e pela paz em sua casa, pois, por mais que façam ao mundo, ficai sabendo que “Não há nenhum sucesso no mundo que justifique o fracasso no lar”. É no Lar, nesse ambiente de depuração, que devemos por em prática o que aprendemos de bem.´ É com nossos entes que

devemos concentrar nossas forças e nossa busca pela felicidade. É lá irmãos, que está nossa grande tarefa, nosso grande objetivo. Paciência, indulgência e amor, muito amor. Psicografia recebida em 18/02/ 2009 no Centro Espírita Batuíra Autor: Irmão Gustavo (Espírito) Médium: André Ariovaldo


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.