Jornal espiritismo para todos maio de 2015

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ANO 02

Nº 13

Taubaté / SP

Maio de 2015

DE ONDE SURGE A MALDADE?

ESPÍRITO E MATÉRIA

Pág.03 O ANTIDOTO PARA A SOLIDÃO Pág.03 É BOBAGEM QUERER ESQUECER O PASSADO

Pág.04 UMA VISÃO ESPÍRITA DA MÁGOA Pág.05

PERDOAR AOS INIMIGOS Pág.06

APROVEITE O DIA

Devemos interrogar a própria consciência, passando em revista os atos cotidianos, para a identificação dos desvios dos deveres que deveriam ter sido cumpridos e dos motivos alheios de queixa por conta dos nossos atos.

Pág.07

JORGE HESSEN Pág.11

Pág.02

BATENDO NA CANGALHA

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DE ONDE SURGE A MALDADE? O significado do termo maldade tem conexão com a qualidade daquele ou daquilo que é mau, com a ação maligna, a iniquidade e a crueldade. Mas por que alguns têm atrativo pela perversidade? O tema sempre inquietou os pensadores dos mais diversos campos do saber e da ação humana: filosofia, ciência, arte, religião. Historicamente, segundo alguns modelos previsíveis, os males humanos pareciam não mais destinados a preocupar os pensadores, pois que a maldade parecia ser circunscrita. Para alguns estudiosos o “holocausto”, durante a Segunda Grande Guerra, reacendeu-se o debate sobre os limites da barbárie, da perversidade humana, lançando no universo intelectual europeu e mundial uma onda de pessimismo e ceticismo. Hanna Arendt, filósofa judia, que estudou as questões do mal, escreveu o livro “Eichmann em Jerusalém”, que analisa o julgamento do verdugo nazista, mentor da morte de milhares de pessoas. Tendo como referencial o “caso Eichmann”, a autora justifica que o mal pode tornar-se banal e difundir-se pela sociedade como um fungo, porém apenas em sua superfície. Para Arendt, as raízes do mal não estão definitivamente instaladas no coração do homem e por não conseguirem penetrá-lo profundamente a ponto de fazer nele morada, podem ser extirpadas. Para muitos, o mal seria mais forte que o bem, e que os Espíritos do mal estariam conseguindo sobrepujar os Benfeitores espirituais, frustrando-lhes os desígnios superiores. Em que pese a antiga tradição de tais assertivas, elas são

insustentáveis e falsas; diríamos mesmo absurdas. Admitir o triunfo do maligno a prejuízo da humanidade é o mesmo que negar ao Senhor da Vida os atributos da onisciência e da onipotência, sem os quais não poderia ser o Senhor da Vida. O mal não advém dos Estatutos do Todo-Poderoso como concebem alguns incautos, especialmente aqueles que vivem distanciados do entendimento da Boa Nova. O mal é transitório, não tem raízes. Para o Espiritismo o mal é criação do próprio homem e não tem existência senão temporária, transitória, pois no arranjo maior da Vida não tem sentido a permanência do mal. No capítulo em que trata da escala espírita, o Codificador, ao situar os Espíritos imperfeitos na terceira ordem, traça como seus caracteres gerais “Predominância da matéria sobre o Espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são consequentes.”. [1] A humanidade vem nos últimos anos passando por transformações viscerais. A influência do materialismo sobre as questões e a vida social cresce consideravelmente. Os valores morais estão sendo corrompidos com assombrosa velocidade. Nunca o mundo precisou tanto dos ensinos espíritas como nestes tempos atuais. Vivenciamos instantes em que se aguça a revolta nos corações em face da imposições de ideologias falidas, e nos vendavais da tecnologia somos remetidos aos acirramentos das separatividades e isolamentos, estabelecendo-se níveis de revoltas sociais inaceitáveis. Obviamente não há como se desconhecer a luta pela subsistência. Há as enfermidades, as insatisfações,

os conflitos emocionais, os desenganos. As imperfeições próprias daqueles com os quais convivemos. Enfim, as variadas vicissitudes da existência. Nessa autêntica desordem, usando e abusando do livre arbítrio, cada qual vai colhendo vitórias ou amargando derrotas, segundo o grau de experiência conquistada. Uns riem hoje, para chorarem amanhã, e outros que agora se exaltam, serão humilhados depois. Devemos interrogar a própria consciência, passando em revista os atos cotidianos, para a identificação dos desvios dos deveres que deveriam ter sido cumpridos e dos motivos alheios de queixa por conta dos nossos atos. Revisemos periodicamente nossas quedas e deslizes no campo moral, ativando a memória para nos lembrarmos dos tantos espinhos que já trazemos cravados na “carne do espírito”[2], tal como ensina Paulo de Tarso. Estes espinhos nos lembrarão a nossa

condição de enfermos em estágio de longa recuperação, necessitados de cautela. O mal não é invencível, pelo contrário. Não conseguiremos nos livrar das consequências advindas dos males que praticamos. O mal que nasce em nós nos impregna e temporariamente passa a fazer parte de nossa personalidade. Paulo de Tarso, na sua carta aos romanos, tece comentários sobre as lutas que se deve travar para combater o mal em nós mesmos, em frase já célebre: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço”[3]. O mal a que se refere Paulo em suas epístolas é o mal trivial que subsiste em nós e é alimentado por nossa vontade. E que, em certa medida, nos proporciona prazer pelo torpor de consciência. A escuridão é somente ausência da luz. Não é real. Só Deus é Vida; somente o Bem é a finalidade da vida. Para que

MEDO DA VIDA O espiritismo, ao nos demonstrar a continuidade da vida e as inúmeras oportunidades de aprendizado e experiência que a vida nos oferece, transforma o medo da vida num sentimento irracional. Claro que o fato de se reconhecer um sentimento como irracional não acaba com ele, mas é um começo. Você já existia antes de ser filho de sua mãe e de seu pai, e vai continuar existindo depois

EXPEDIENTE Diretoria: ACAM Colaboradores: • Diversos Editoração Eletrônica: Antonio C. Almeida Marcondes Tel.: (12) 3011-1013 e-mail: acam0000@ig.com.br O Jornal não se responsabiliza por matérias assinadas

que seu corpo morrer.Vai continuar pra sempre, a individualidade não se perde jamais. Só a convicção deste fato já devia ser suficiente para percebermos que não há o que temer, que o medo é ilusório, que tudo tem nova chance, que tudo continua, se renova, se transforma. Nenhuma adversidade é permanente, sem contar que a maioria delas é meramente especulativa; tememos com antecedência. Já dizia Jesus Cristo no maior ensinamento que já chegou à Terra, o Sermão da Montanha, que não devemos nos preocupar com o dia de amanhã. Disse-nos o Mestre: “Olhem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. No entanto, nem Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva dos campos, que

hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vocês, homens de pouca fé?” Isso é uma das coisas mais profundas que já nos foram ensinadas, e talvez justamente pela sua simplicidade, não recebe até hoje o devido valor. O que ele está dizendo pra você? Pra parar de se preocupar com o que ainda não aconteceu, pra parar de sofrer por antecipação, pra parar de temer o dia de amanhã. O que você deve entender, o que nós todos devemos entender de uma vez por todas é que nós somos partículas Divinas, nós somos a parte de Deus que nos cabe, Deus se manifesta para você através de você! Deus, que habita dentro de você, quer o seu melhor, sempre. Jamais culpe Deus. Jamais atribua a Deus as falhas que você cometeu. Sempre é bom lembrar que a semeadura

é livre, mas a colheita é obrigatória. Você colhe hoje o que plantou ontem. Colherá amanhã o que plantar hoje. Assim mesmo. Aprenda a assumir seus erros e pare de culpar Deus, o destino, a vida, os outros. Tudo o que lhe acontece é causado por você. Não adianta esbravejar. Se isso o aborrece, pare de ler imediatamente e vá ao banheiro pensar a respeito, depois continue. O medo da vida nasce da culpa. Culpa por ter feito algo errado, por não fazer o que devia ser feito, por não praticar o que sabe, por não assumir ser quem é. Não é fácil abandonar o medo. Não se abandona um hábito entranhado. É preciso substituí-lo. Substitua o medo pela confiança, pela coragem, pela força. Você consegue, desde que comece pelo começo. E o começo é reconhecer seus

Jorge Hessen

possamos vislumbrar um mundo sem angústias e nem problemas sociais, livres das misérias econômicas e políticas, apelemos para o amor incondicional, que possui os recursos eficazes para a conciliação, o perdão, a transformação moral, fomentando o bem para o progresso, o que concorre para enriquecer nossa sensibilidade, aprimorar nosso caráter, fazer que se nos desabrochem novas faculdades, o que vale dizer, se dilatem nossos gozos e aumente nossa felicidade. Em suma, o mal deriva do coração humano e a batalha do bem contra o mal, tema de incontáveis livros e filmes, deve ser travada nos domínios dos nossos próprios corações, acima de tudo. Referências bibliográficas: [1] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, pergunta 89, RJ: Ed. FEB, 2000 [2] II Coríntios 12:7 [3] Rom 7:19

Morel Felipe Wilkon erros. Não é lindo quando uma criança confessa alguma travessura, encabulada ou chorosa? É lindo porque é verdadeiro, não por se tratar de uma criança. Nós precisamos reconhecer a responsabilidade que é nossa perante a vida. Esse é o caminho para trocar o medo pela confiança, pelo amor incondicional à vida. Claro que há dificuldades. Sempre haverá, neste planeta. Mas o medo atrai medo. As suas vibrações mentais de medo atraem as vibrações mentais de medo dos outros, encarnados e desencarnados. O contrário também acontece. As vibrações de confiança, fé, coragem, alegria, reconhecimento e gratidão à vida atraem vibrações semelhantes. Você decide o que quer para si. Nós decidimos o que queremos para nós. Querer é poder. Queiramos o certo. Façamos o bem.


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O ANTÍDOTO PARA A SOLIDÃO É bom ser importante, mas o importante é ser bom” Um dos flagelos da humanidade chama-se solidão. Mas o que é a solidão? Seria a ausência de companhia, de pessoas à nossa volta? Seria estar longe das civilizações? Mais grave do que estar só é sentir-se só. Duas pessoas que vivem situações parecidas poderão ter comportamentos diferentes. Enquanto uma é infeliz, a outra sobrevive, e bem. Solidão, mais do que estar só, é a insatisfação da pessoa com a vida e consigo mesma. É precisar da multidão à sua volta, por não perceber que pode bastar-se por si mesma, desde que descubra a riqueza do seu interior. A solidão nasce da insegurança e da necessidade de sentir-se amada, porque ignora que o grande truque é amar. Há quem use solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Não é mais a solidão popularmente conhecida, porque se transforma em recolhimento ao próprio íntimo, necessidade que todos temos, sem nos dar conta. Vez que outra, é preciso estar só. Tentamos nos dar bem com os outros, mas não sabemos viver na harmonia de nós

mesmos. Quando Amyr Klink, saindo da África, chegou à Bahia, navegando dias e dias, sozinho em sua pequena embarcação, perguntaram-lhe se a solidão não teria sido seu maior obstáculo. A resposta foi que nunca estivera só, porque muitos torciam por ele e, além disso, fazia o que lhe causava prazer. Quem age dessa forma não dá espaço para a solidão. Cabe analisar quem são as vítimas da solidão. E responderíamos que são os que não lutam, que nada realizam, não amam, não vivem...! Quem se fecha em seus problemas, em suas mágoas, melindra-se facilmente, autoflagela-se e inutiliza preciosas oportunidades de realizações importantes. Deus não pode ocupar-se com os que insistem em ser infelizes. Deixa primeiro que despertem e valorizem a vida, para depois enviar-lhes a ajuda que possam compreender. O antídoto para a solidão, mais do que os antidepressivos ou os divãs dos analistas, é a ocupação. De qualquer tipo. Trabalho profissional, trabalho de lazer, trabalho de amor ao próximo. Quem se achar em sofrimento, procure ser útil. Quem vive gastando o tempo para reclamar de má sorte, experimente aplicar as horas

tristes no trabalho. E como catalisador para esse entendimento não podemos desprezar um agente eficaz contra a solidão: O Centro Espírita. Nesse pequeno compartimento da imensa Casa de Jesus há, sempre, disponibilidade de vagas para serviços no bem. E, sempre, atinge primeiro o próprio agente. É aí que o jovem estudante busca serenidade para entender as lições mais difíceis; é aí que a moça, frustrada com a perda do namorado, encontra para substituí-lo um amor diferente, sublimado; é ai onde a mãe que ficou, prematuramente, sem o filho querido, conhece outros filhos que suprirão a falta dele; é ai onde a viúva, idosa e enferma, encontra a companhia de operosos auxiliares do Cristo, para suavizar o seu isolamento e a saudade do companheiro; é aí, enfim, onde todo sofrimento se transforma em progresso e entendimento. Nenhum outro lugar, por mais prazer que ofereça, pode combater a solidão como o Centro Espírita, sem dispêndio para aquele que chega com a mágoa no coração. Ali, enquanto serve, se cura; quando oferece, recebe; ao sorrir, se alegra; com ajuda, se reergue. Abençoado Centro Espírita, que além destes abriga

também os que se sentem infelizes, que têm a alma sensível pronta para oferecer-se. São os que têm consciência de como a vida é boa e retribuem a Deus pela dádiva, ao invés de queixarse do abandono ou revoltar-se contra os atos comuns da vida de todos nós. Centro Espírita que a todos recebe, servidores e necessitados, com a intenção de irmaná-los e integrá-los em um só propósito e diminuindo a infelicidade porque esta, sempre, faz seu ninho no escuro de cada

um, independente da idade, saúde ou situação financeira. Felizes os que despertam e passam pela porta estreita do Centro. Metade do problema já estará resolvido. Felizmente, a cada dia os que ali aportam são em maior número e, brevemente, chegará o dia em que o entendimento será absoluto. Revista Espírita Allan Kardec, nº 37. Octávio Caúmo Serrano

EXCESSOS E FUGAS Entre os impositivos da evolução estabelecidos pelos Soberanos Códigos, merece reflexão para a vivência o respeito pela vida, essencial ao equilíbrio e à felicidade humana. O respeito pela vida abrange o sentimento de alta consideração por tudo quanto existe, não apenas detendo-se na pessoa, e sim em todas as expressões da Natureza. Quando não existe essa manifestação deperecem os valores éticos e todos os anelos superiores perdem a significação. Impulsionada pelos tormentos da conquista do sucesso aparente, a criatura humana, sem dar-se conta possivelmente, vem-se descuidando dessa conquista valiosa, que é dirigida, de início, ao próximo, e dele irradia-se para todas as formas existentes, vivas ou não. Permitindo-se o egoísmo avassalador, graças ao qual a ambição pelo excesso descontrola os sentimentos de dignificação, impondo o seu interesse em detrimento de todos os valores que dizem respeito aos demais. A excessiva prerrogativa de direitos que se faculta, põe distância entre os diversos membros que constituem a sociedade, separando-os lamentavelmente e dividindo-os

em classes medidas pelos recursos sociais, econômicos e nunca morais. O abismo, que se faz inevitável, gera reações de animosidade que se converte em ódios insanos, abrindo campo para as batalhas da violência doméstica e urbana, a desaguarem nas revoluções, nos atos de terrorismo e nas guerras nefandas. O excesso de tecnologia responsável pela comodidade e pelo conforto exagerados para uns, com absoluta ausência para outros, fomenta o surgimento da desconfiança e da perda do respeito que deve viger como preponderante em todos os atos e relacionamentos. A autopromoção e a fascinação por alcançar o topo nas diferentes atividades, sem muito sacrifício, graças às

propostas da Mídia desvairada, que estimula a mentira, a dissimulação, a aparência, para que sejam logradas as metas, congelam na indiferença os sentimentos nobres, empurrando os ambiciosos para o desrespeito pelo seu irmão de caminhada, na torpe ilusão do triunfo pessoal a qualquer preço. Ninguém, no entanto, pode ser feliz individualmente no deserto por onde deambula ou numa ilha isolada da convivência social. Acredita-se, erradamente, que se possuindo dinheiro e desfrutando-se de projeção política, social, com facilidade compra-se afeição, consegue-se companheirismo... Talvez isso aconteça, mas não em relação à pessoa e sim aos seus recursos transitórios, no que resultam mais solidão e

desconforto interior, que respondem pelo abuso do álcool, das drogas químicas, pela vilania

emocional e sexual a que muitos se entregam em fugas espetaculares e trágicas.


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É BOBAGEM QUERER ESQUECER O PASSADO! Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco Você acha que devemos esquecer o passado? Queria que o seu passado tivesse sido diferente em algumas coisas? Provavelmente sim. Todos nós temos nossas contas a ajustar com o passado. O que isso demonstra? O fato de você não estar totalmente de acordo com o que aconteceu no seu passado demonstra que hoje você agiria diferente. Se você pudesse refazer alguma parte menos lúcida do seu passado, você faria melhor, muito melhor. Porque você melhorou! Por que você reconhece que poderia fazer diferente? Porque você mudou para melhor, você se aperfeiçoou, você aprendeu a lição. Isso não é ótimo? Por favor, não me diga que você é daqueles que dizem que só se arrependem do que não fizeram. Se for o seu caso, talvez você já possa repensar a respeito desse posicionamento. Será que não é só mais uma frase feita que você ouviu alguém dizer e adotou como sendo sua? Se você não tem nada do que se arrepender, ou você foi perfeito ou você não aprendeu com os erros. O que é o passado senão a base do que nós somos hoje? Por outro lado, é uma bobagem querer esquecer o passado. Por que ele deveria ser esquecido? Está certo que todos passamos por momentos muito dolorosos, todos nós conhecemos situações que nos fizeram muito mal. Mas passou, não passou? O seu passado é a sua experiência, e quanto mais movimentado foi o seu passado, maior é a sua bagagem. Você precisa se perdoar. De nada adianta se culpar pelos erros cometidos. É com eles que aprendemos. Todos erramos.

Todos os grandes líderes espirituais já erraram. Todos os espíritos superiores, em sua caminhada pelo tempo, de reencarnação em reencarnação, já erraram. Jesus Cristo, modelo de virtude, em algum lugar remoto do passado foi um espírito aprendiz, como eu e você. Cometeu erros brutais como qualquer um de nós. Negar isso seria declarar que ele foi um privilegiado, que não teve que passar pelas turbulências humanas pelas quais passamos. O importante é o hoje, o eterno agora. Devemos olhar o passado com clareza, sabendo que tudo o que fizemos foi dentro das condições que tínhamos então. Hoje faríamos melhor, pois adquirimos experiência. E quando surgir a oportunidade, neste passeio pela matéria ou numa próxima reencarnação, ponhamos então em prática o que aprendemos. E pronto. Não somos obrigados a repetir indefinidamente os mesmos erros. Isso parece tão óbvio, né? Pois só parece. Quando repetimos os mesmos erros por muito tempo, passamos a desacreditar de nossa capacidade de fazer diferente. Mas nós conseguimos. Nós sempre conseguimos ser melhores do que já fomos, pois somos imagem e semelhança de Deus. É isso que você é! Espírito imortal perfectível, mergulhado na matéria processando sua reforma íntima. Quando, no futuro, avaliarmos o que fazemos hoje, certamente iremos perceber um monte de erros que hoje passam despercebidos. Então nos arrependeremos novamente, só que cada vez de maneira mais lúcida e consciente, cada vez mais

imbuídos do propósito de fazer melhor. pedintes, dos necessitados que perambulam pelas ruas mendigando qualquer coisa. Minha boa vontade e desprendimento ainda não vão tão longe, minha reforma íntima não alcançou esse estágio por enquanto. Me refiro às pessoas próximas, àquelas com quem convivemos cotidianamente. Você se interessa por elas? Você presta atenção quando um colega menos agradável lhe conta como foi seu fim de semana? Você ouve um irmão, um parente, um amigo, quando este fala de si, de seus projetos, de seus anseios, de seus problemas? Há pessoas boas, de bons sentimentos, de boa índole, que, no entanto, não se interessam pelos seus semelhantes. Não têm o menor interesse em saber o que se passa nas cabeças alheias, não fazem questão de descobrir o que pensam e sentem os outros. Para estas pessoas, a vida dos outros não oferece nada de interessante, as histórias dos outros não lhes dizem nada, os interesses alheios não despertam sua atenção. Não haveria mal algum nisso se não fôssemos humanos, gregários e sociais. E não há como fugir dessas características do espírito imortal. Necessitamos do convívio uns com os outros para aprendermos, para nos desenvolvermos, para crescermos material e espiritualmente. É da troca de experiências que tiramos exemplos importantes, é da observação da experiência do próximo que muitas vezes aprendemos sem precisar passar pela mesma situação. Quem enfrenta as maiores dificuldades pela vida afora são justamente essas pessoas

desligadas, que não se interessam pelos outros. São essas pessoas, que não têm seu interesse despertado por ninguém, as que provocam os maiores danos ao próximo, propositadamente ou não. São essas pessoas, a quem as experiências alheias não têm valor algum, as que mais fracassam na vida, as que enfrentam os maiores dissabores, as que levam os maiores tombos, às vezes d e s p e r d i ç a n d o uma reencarnação. A descrição deste site, como você pode ler ali em cima, é “cinco minutos de espiritismo”. É o tempo que você leva pra ler este artigo. Mas se você puder, interrompa a leitura por um ou dois minutos e reflita sobre a questão acima. Pense nas pessoas que você conhece que não ouvem o que você diz; que contam algo de si e quando chega a vez do outro, não prestam a menor atenção. Pessoas que não acham graça nos gostos, nos divertimentos, na maneira de falar, no modo de se portar em sociedade, em nada, absolutamente nada que se refira

aos outros. Certamente você conhece alguém assim. Talvez alguém muito próximo de você. Não é triste? Não é lamentável como essas pessoas se isolam por colher o que plantam? Por não se interessarem por ninguém, ninguém se interessa por elas. Por não gostarem de ninguém como pessoa, como ser humano, ninguém gosta delas por elas serem como são. Por não admirarem nada em ninguém, ninguém admira nada nelas. Você gosta das pessoas que lhe admiram, você gosta das pessoas que se interessam por sua vida, por algum talento seu, por alguma coisa que você faz. Você pode até amar alguém que não liga a mínima pra você, mas gostar, não. Você sabe, há uma grande diferença entre amar e gostar. Se você quer ser admirado, admire. Se você quer ser respeitado, respeite. Se quer que as pessoas se interessem por você, interesse-se por elas. Se você quer ser amado, ame. Simples assim.

REFORMA ÍNTIMA REQUER PERSISTÊNCIA Mudar a vida é um exercício infinito Recebo relatos de pessoas que desanimam em meio à sua reforma íntima. Essas pessoas talvez não tenham percebido que reforma íntima requer persistência. Começam cheios de bons propósitos, seguem com algum entusiasmo no começo, mas deixam enfraquecer sua vontade quando esbarram em algum defeito mais grave. Falo em defeito pra me tornar facilmente compreendido. Porque defeitos, mesmo, acho que nós não temos. Temos alguns vícios de comportamento, falhas de caráter. Mas o fato é que muitos desistem no meio do caminho, e recaem em velhas atitudes que há muito tempo já deveriam ter sido abandonadas. Esquecem de um detalhe importante: Persistência. É preciso persistir, é necessário se empenhar, é imprescindível seguir em frente. Noto que muitas pessoas ainda alimentam a ilusão de que um dia os problemas vão terminar, que um dia elas vão mudar definitivamente, que com algum

esforço vão aprender alguma coisa que irá mudar as suas vidas. Mudar a vida é um exercício infinito. Você começa hoje e continua pra sempre. Nada é por acaso. Nada é de graça. As pessoas mais iluminadas não foram abençoadas pelo destino. Elas iniciaram sua reforma há mais tempo, e mantém seus propósitos permanentemente. É assim em tudo, não só em relação às coisas do espírito. Algumas pessoas veem um grande músico tocando e dizem que ele nasceu com o dom da música. Ele até pode ter nascido com uma aptidão especial adquirida em reencarnações anteriores, mas para chegar aonde chegou foi preciso muito treino e perseverança. Esse treino e essa perseverança ele as mantém todos os dias. Se abandoná-las, será apenas um músico medíocre. Os maiores jogadores de futebol, quando terminam os treinamentos do clube, continuam treinando sozinhos, cobrando faltas ou repassando fundamentos. Todas as pessoas que alcançaram o sucesso em qualquer área de

atuação (até na política) persistem sempre para manterem o que conquistaram e para conseguirem ir além. Assim como ninguém se torna um músico de sucesso ou um craque do futebol da noite para o dia, assim também ninguém se torna uma pessoa virtuosa e iluminada de um momento para o outro. Assim como nenhum empresário enriquece por algum passe de mágica, assim também ninguém adquire princípios morais sólidos repentinamente. Reforma íntima é um passo depois do outro. É o tijolinho da construção. Os maiores edifícios foram construídos tijolo por tijolo.

Quanto mais persistimos, mais nos fortalecemos. Quando persistimos com firmeza e tenacidade, recebemos o auxílio dos nossos benfeitores espirituais, espíritos desencarnados que se interessam por nós, espíritos com os quais às vezes mantemos laços afetivos de há muito tempo. Mas para recebermos a sua ajuda precisamos estar receptivos, dispostos à elevação moral. Não desista do seu melhoramento. Risque essa palavra, desistir, da sua mente. Desistir é negar o poder de Deus que se manifesta através de você. Desistir, fracassar, difícil, impossível;

são palavras que devemos ignorar se quisermos nos libertar da inferioridade espiritual. Todos temos direito à paz, à harmonia, à confiança em nós mesmos. Todos temos o direito de encostar a cabeça no travesseiro e dormirmos como crianças. Todos temos o direito de abrir os olhos a cada novo dia com alegria por termos acordado mais uma vez, por termos mais um dia cheio de atividade e oportunidades de aprendizado. Para termos essa disposição positiva perante à Vida é preciso persistir na reforma íntima. Não se deixar vencer por antigas más vontades.


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Uma visão espírita da mágoa A mágoa não é uma ofensa externa Na maioria das vezes nos magoamos por coisas fúteis. Por que nos magoamos? É o que tento explanar numa visão espírita… Ninguém pode magoar você. Mesmo que alguém queira fazer isso, não pode, não tem esse poder. Quantas coisas você ouve e aceita? Quantas vezes lhe fizeram ou disseram coisas que outros não perdoariam e que você nem ligou? A mágoa não é uma ofensa externa que atinge alguém. Quem se magoa tem a mágoa dentro de si. A palavra mágoa vem do latim macula e tem o mesmo significado de mancha, nódoa. Tinha, originalmente, o sentido de impureza. Maria, mãe de Jesus, é chamada de Maria Imaculada, ou seja, sem mácula, sem mancha, pura. Querendo ou não querendo, concordando ou não concordando, o fato é que só nos deixamos atingir por aquilo que encontra eco dentro de nós mesmos. Só somos tocados por aquilo que sintoniza conosco. Se fôssemos suficientemente superiores, não nos magoaríamos nem ao sofrer uma injustiça de alguém muito querido. Procuraríamos, de imediato, a melhor maneira para esclarecer o mal entendido e faríamos de tudo para ajudar aquele que foi injusto conosco, porque compreenderíamos o seu erro e consequente sofrimento. Quando você acha que

alguém o magoou, é você que se magoou. Alguém fez alguma coisa que o desagradou, que não correspondeu às suas expectativas, e você se magoou. Mas a mágoa não foi imposta por ele, a mágoa é sua, surgiu de você. Mágoa é mancha. Se você se bate, formase um hematoma. O hematoma é uma mancha. O que desencadeou o surgimento do hematoma foi o fato de você se bater em algum lugar, mas a mancha surgiu de você, é uma reação do seu corpo, o hematoma é seu. O objeto contra o qual você se bateu não acrescentou o hematoma a você. Foi você, foi o seu corpo que reagiu ao impacto formando um hematoma. A mágoa está em você e pode ser acionada. Quando alguém age de maneira grosseira, insensível, injusta com você, sua magoa é desencadeada. É verbo reflexivo: Magoar-se. Magoa-se a si mesmo. Cada vez que nos magoamos temos a oportunidade de estudar a nós mesmos para descobrir o que fez a mágoa subir à superfície. Por que você se magoa? Responder a isso rende um ótimo exercício de autoconhecimento. TEMOS QUE RECONHECER QUE NA MAIORIA DAS VEZES NOS MAGOAMOS POR COISAS FÚTEIS. Gostaríamos de ser mais considerados, respeitados, admirados, paparicados. Há espíritos que reencarnam próximos uns dos

outros muitas vezes por conta de suas mágoas. Atribuem suas mágoas aos outros, deixam o rancor se alojar em seus íntimos, querem vinganças e perseguições. Muitos se perseguem uns aos outros durante o período de sono físico. Enquanto seus corpos repousam, aproveitam a relativa liberdade para dar vazão às suas mágoas e seus pensamentos baixos. Conforme avançamos em nossa reforma íntima, a tendência é que nossas mágoas diminuam. Nos

Morel Felipe Wilkon

tornamos menos suscetíveis à mágoa. Como a mágoa é algo que parte de nosso íntimo, ao nos reajustarmos fica mais fácil perceber, pelo menos em algumas áreas do sentimento, que não há motivos para magoar-se. Sei que há pessoas que enfrentam experiências amargas, tendo que se submeter, mesmo que temporariamente, à grosseria e crueldade de pessoas próximas. Maridos, mães, irmãos. São situações que quase sempre têm sua origem

BANALIZAÇÃO DO CRIME Anteriormente, quando tomávamos conhecimento de alguma notícia chocante sobre homicídio, suicídio, suborno, indignidade de pessoas aparentemente respeitáveis, autoridades de qualquer jaez, éramos dominados pelo desencanto e, às vezes, pela compaixão. Nos últimos tempos, de tal forma os crimes hediondos se tornaram tão

repetitivos e descritos nos seus detalhes mais escabrosos, em manchetes espalhafatosas e comentários perturbadores, que estão quase banalizados. Acostumamo-nos, cada dia, com os novos escândalos que diminuem de intensidade e levam ao esquecimento os anteriores, que nos haviam surpreendido de especial

maneira, e já não causam tanto espanto nenhuma tragédia nem desgraça individual ou coletiva. Os avanços tecnológicos das comunicações colocamnos ao par de quase tudo que acontece no mundo, especialmente os fenômenos degradantes que deleitam grande parte da sociedade, dando ideia de que não mais há esperança de viver-se em harmonia e que os inúmeros séculos de evolução da ética, da cultura e da civilização foram inúteis. Predominam as infâmias e os horrores, enquanto ocorrem, simultaneamente, milhares de ações que dignificam, que projetam a humanidade a patamares elevados, embora quase não comentados. É como se houvesse uma surda ou, talvez, declarada conspiração contra o bem e o amor, quais se fossem representação da pequenez, da covardia, de conflitos malcamuflados, que não merecem consideração. O ser humano está destinado à conquista solar.

Maio de 2015

Da brutalidade à sublimação, prossegue no rumo que lhe está traçado, embora os óbices daqueles que permanecem sob o impacto da natureza animal em detrimento da sua natureza espiritual. A vitória do amor é inevitável, por ser Deus a sua Fonte

em reencarnações passadas, e que são verdadeiros desafios a que são submetidos espíritos que anseiam por livrar-se do círculo vicioso que se forma entre vítimas e algozes. A única maneira de por fim a esse círculo vicioso é através do perdão e da tentativa de amor. Se amor ainda é algo muito grande para caber nessas situações, que haja ao menos a compreensão, a tolerância, a paciência. São todos derivados do amor. E todos são poderosos antídotos contra a mágoa. DIVALDO P. FRANCO

inexaurível. Permanecem na terra os heróis anônimos da misericórdia, que fomentam o progresso e oferecem a própria vida em favor do seu próximo, individualmente e em organizações humanitárias, quais a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras.


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Perdoar aos inimigos Em tempos de internet e acesso a informação de todo tipo, não é preciso ser especialista para saber que a principal característica do hipertenso é o ressentimento. O ressentimento crônico, comum a tantas pessoas do nosso convívio, gera a hipertensão crônica e as doenças cardíacas. Todos sabem que rancor provoca úlceras no estômago, que a raiva persistente causa uma série de distúrbios. Espiritismo e as doenças Quando Jesus nos recomendou que perdoássemos aos nossos inimigos, não estava apenas nos mostrando o caminho da elevação espiritual através do desprendimento da materialidade e do egoísmo que pontua nossas relações. Todo ensinamento de Jesus se aplica a todos os estágios evolutivos. Perdoar aos inimigos é também um ensinamento prático e absolutamente necessário. Perdoar para ser perdoado Não precisaríamos nem mesmo de grande elevação moral para perdoar aos inimigos. Bastava um pouco mais de racionalidade. Pois a regra é que o maior prejudicado com o não-perdão seja justamente o que não perdoa. O inimigo – que talvez nem mereça ser chamado assim – pode nem saber que gera tanta raiva em você e você fica se retorcendo, se

remoendo, adoecendo de rancor e sede de vingança. É possível que o inimigo saiba que tem o poder de provocar essa raiva toda e se divirta muito com isso, se ache muito importante e poderoso ao conseguir abalar alguém de maneira tão eficiente. Mesmo sem deixar de ser egoísta é preciso perdoar aos inimigos. Ao nutrir raiva e padecer com os resultados dessa raiva, você está demonstrando a sua fraqueza e concedendo o prazer da vitória ao seu inimigo. Perdoar a si mesmo Será que temos, realmente, inimigos? Sei que há casos, e são significativos, de inimizades milenares, de adversários que reencarnam muitas e muitas vezes próximos um do outro como tentativa de reajustar esse desajuste emocional. Nem todos aproveitam a oportunidade. Em família é comum que haja, entre seus membros, antigos desafetos que experimentam a intimidade do lar e dos laços consanguíneos para rearmonizar ou pelo menos amenizar a relação doentia. Mas às vezes os inimigos não são inimigos. Ou não deveriam ser considerados assim. Pois são eles, muitas vezes, que nos possibilitam as melhores oportunidades de progresso moral, de aprendizado das coisas do espírito. As dificuldades

provocadas por uma relação de inimizade nos fazem, mais cedo ou mais tarde, descobrir maneiras de resolver a situação. A partir dessa decisão começamos a tentar compreender as origens dessas diferenças, e inevitavelmente mudamos. Mudamos o nosso modo de pensar, revemos nossas posturas, nossas atitudes, nossos conceitos. Nem sempre conseguimos mudar o sentimento, mas é preciso dar um passo de cada vez. E a atitude racional, se ainda não é capaz de proporcionar uma alteração nos sentimentos, já é suficiente para a tomada de decisões e o começo das tentativas. Percebemos, um dia, que ninguém se torna inimigo por acaso. Quem é inimigo, antes foi amigo. Em algum ponto remoto do passado, em alguma reencarnação perdida na memória atual, houve uma reviravolta nas relações entre duas pessoas que se queriam bem e surgiu a inimizade. Ninguém odeia alguém por nada. Ninguém odeia o motorista que desrespeitou o sinal vermelho, ninguém odeia o torcedor do time rival, ninguém odeia alguém que não conhece. Pode sentir raiva dessas pessoas, algo momentâneo e irracional, uma transferência de sentimentos recolhidos que

Maio de 2015 Morel Felipe Wilkon

acharam uma escapatória. Mas só é possível odiar alguém de quem gostamos muito um dia. Todas as relações de inimizade têm como origem a amizade ou uma relação amorosa ou familiar. Se não encontrarmos as causas aqui, as encontraremos noutra existência. Trato de assuntos teóricos com facilidade. Quando falo de coisas práticas, olho no espelho que tenho à minha frente para me lembrar de que devo ser honesto comigo mesmo. Já tive inimigos. Já considerei pessoas como inimigas. Percebo claramente que as dificuldades provocadas a partir dessas relações fizeram com que eu me esforçasse para ser uma pessoa melhor. Nem sempre tive o equilíbrio necessário para lidar com essas

situações. Mas, quando tive, os resultados foram excelentes. Nas vezes – que poderiam ter sido mais numerosas – em que orei pelos meus inimigos notei que sua importância ia diminuindo cada vez mais. Não considero a ninguém, hoje, como inimigo. Peço com sinceridade e sentimento que todos a quem eu prejudiquei, nesta ou em outras r e e n c a r n a ç õ e s , intencionalmente ou não, me perdoem. Eu, da mesma forma, perdoo a todos que tenham, de algum modo, com ou sem intenção, me prejudicado. Que todos tenham a chance de sentir o que sinto. Como diz meu amigo Marco Antônio, começamos orando pelos nossos inimigos; depois percebemos que não temos inimigos…

O que é a fé? Você entende o que é a fé? As pessoas que alcançam sucesso na vida, em qualquer área de atuação, destacam-se por sua coragem. Sem coragem não há como ter sucesso. Para vencer a inércia é preciso coragem, para ir pra frente é preciso coragem, para inovar é preciso coragem. A pessoa corajosa não é necessariamente uma pessoa desinibida, desenvolta, falante, intrépida, desembaraçada. Coragem não é ausência de medo, é vencer o medo. Coragem é ser coerente com o que se acredita, apesar da dor que essa ação cause ou do prazer que deva ser deixado de lado em nome desses princípios. Para nos tornarmos pessoas melhores é preciso coragem. Coragem pra ser bom. Por que todos nós tememos o desconhecido, e o progresso espiritual que almejamos é cheio de coisas desconhecidas. São sentimentos, posicionamentos e atitudes a que não estamos acostumados. É preciso muita coragem pra nos libertarmos das algemas da ignorância, pra nos conscientizarmos de que nossa reforma íntima não pode

ser indefinidamente postergada, que não podemos deixar pra amanhã o que pode ser feito hoje. Conhecemos, ao longo da vida, pessoas com graus evolutivos bem distintos. Algumas estão inegavelmente à nossa frente, já superaram fraquezas que para nós ainda são fardos grandes e desajeitados. Outras estão atrás de nós, não conseguem nem imaginar o que já sabemos, o que já alcançamos através de nosso esforço e tentativas de amor. Mas todos, os que estão à frente e os que se atrasaram, todos chegaremos ao nosso destino, mais cedo ou mais tarde. O nosso destino é a felicidade. E a felicidade nós a encontraremos através do conhecimento e da vivência das Leis de Deus. Uns andam mais rápido, outros se arrastam. Uns pegam o ônibus direto, que segue por uma estrada reta, bem asfaltada, sem paradas. Outros pegam o pinga-pinga, que faz muitos desvios, segue pela estrada esburacada parando a toda hora. Mas o destino é o mesmo. Hoje há uma relativa conscientização em relação à prevenção de doenças. Todos

sabem, por menos que seja, de cuidados básicos que devem ter no cuidado com a saúde. Todos sabem de pequenas coisas que se deve fazer para prevenir doenças. Devemos prevenir, com maior cuidado, os males espirituais. Devemos desenvolver nossas virtudes, nossa fé, nossa fidelidade às Leis de Deus. Deus está presente em cada partícula da creação, e ter fé em Deus é ser fiel às Leis de Deus. As Leis de Deus são o próprio Deus, que se manifesta através dessas mesmas Leis. Seguir as Leis de Deus é ser fiel a Deus, e ser fiel a Deus é ter fé. Ter fé, em última análise, é ter retidão de

caráter, é seguir pelo caminho reto, é fazer o que deve ser feito quando e como deve ser feito. Fé e coragem andam juntos. Porque ter coragem é ser coerente com aquilo em que se acredita, e ter fé é ser fiel às Leis de Deus. Quem tem fé em Deus é necessariamente corajoso. Assim entendemos porque o cristianismo teve tantos mártires, em seus primórdios. Tantas pessoas que se deixaram matar em nome de suas verdades, que são as verdades que nós ainda buscamos, teimosos que fomos. O cristianismo não precisa de mais mártires. Não precisamos morrer pela nossa verdade. Mas há algo em cada um de nós que

precisa morrer. O que precisa morrer em você?


Espiritismo para todos

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SOMOS RESPONSÁVEIS POR NOSSOS AFETOS Somos responsáveis pelos nossos afetos. Se fomos responsáveis por despertar o sentimento de alguém, se nos envolvemos ou nos deixamos envolver conscientemente numa relação de afeto, somos responsáveis por esse vínculo. Isso não quer dizer, de modo algum, que a felicidade alheia está em suas mãos. Você jamais se torna responsável pela felicidade de outra pessoa. A felicidade é uma conquista pessoal, que não depende de nada e ninguém exterior. Não está nas mãos de ninguém propiciar a felicidade de quem quer que seja. Só quem condiciona o sentimento afetivo aos seus próprios anseios neuróticos pode esperar que o outro se responsabilize por sua realização pessoal. Há pessoas, e são muitas, que querem ser amadas mas não se amam, querem ser compreendidas mas não compreendem a si próprias, querem alguém que as cuide mas não fazem sua parte em cuidar de si mesmas. São pessoas que ao menor revés afetivo, usam o bordão dos sofredores abandonados: “quando eu mais precisava… mas justo quando eu mais precisava…” Não percebem que estão sempre precisando, e não é de ninguém além delas

mesmas que precisam. Não se dão conta de que são as únicas responsáveis pelas suas próprias necessidades. Confundem sua carência afetiva com amor. Mas essa carência, que anseia por ser preenchida, é um vazio a ser trabalhado internamente, é antes de mais nada falta de autoconhecimento. Só quem conhece a si mesmo pode saber o que quer. E é imprescindível saber o que se quer para buscar alguma coisa, fazer alguma coisa por si, e não esperar permanentemente pelo reconhecimento, pela gratidão, pela admiração do outro. Mas, se por um lado não somos responsáveis pela felicidade de ninguém, por outro lado, ao nos vincularmos numa relação de afeto, não podemos deixar de levar em conta as necessidades, o bemestar e os anseios do outro. Mesmo que você não se sinta mais ligado a essa pessoa, ou que nunca tenha se sentido diretamente vinculado a ela, se você permitiu que essa ligação se estabelecesse, também se permitiu fazer parte de um universo que não é o seu, se permitiu tornar em uma referência na trajetória evolutiva dessa pessoa. A semeadura é livre, a colheita é obrigatória. Nunca é demais lembrar. Plantamos afetos, nem sempre conscientemente, e o que colhemos são afetos, nem sempre planejados ou mesmo

desejados. Não somos escravos dos afetos que criamos; podemos, na maioria das vezes, virar as costas e seguir em frente. Mas não há como nos eximirmos do preço a pagar. E em matéria de sentimentos, o preço geralmente é caro e o juro é alto… Muitas vezes essas situações mal resolvidas ultrapassam o túmulo em busca de uma solução mais satisfatória. Pouco ou nada disso tem

a ver com amor. O amor não termina. Nasce mas não morre. O amor está em nós, faz parte de nosso ser, cabe a nós desenvolvê-lo e vivê-lo. Mas o amor muda, se adapta, se transforma, muda o foco. Nós mudamos. Há os que consideram uma heresia aceitar que o amor mude, e se anulam em nome do amor estático e acabam sozinhos, abandonados, sem entender o que aconteceu, achando a vida injusta. Outros, ainda, sonham com o amor ideal,

e quando encontram um alvo disponível, tentam de todas as maneiras encaixar a pessoa amada nesse modelo. Cuide seus afetos. Você não é responsável pela felicidade das pessoas que têm afeto por você. Mas você é responsável pelo afeto que essas pessoas sentem por você. Ou você acha que não tem nada a ver com o que as pessoas sentem por você? Que isso é apenas escolha delas, e você não tem nada com isso? Pense. Pensemos…

APROVEITE O DIA Aproveite o dia de hoje! O espiritismo ensina que sempre é tempo de recomeçar, de aprender, de fazer o que deve ser feito, pois a vida não termina. O que não fizemos ontem, por desleixo, preguiça ou despreparo, podemos começar a fazer hoje. Certamente retomamos, nesta vida, tarefas que ficaram inacabadas em outras. Isso é o famoso “resgate”. A recapitulação de algo que devia ter sido feito e não foi, o conserto de algo que foi feito de maneira errada, a correção a partir do zero de atos praticados indevidamente. Isso quer dizer que não precisamos nos preocupar com os deveres de hoje, já que podemos deixá-los para amanhã? Não exatamente, como, aliás, você já sabe. É um consolo saber que podemos consertar de alguma forma nossos erros, aprender o que não aprendemos antes. Mas vale a pena adiar compromissos e responsabilidades indefinidamente? Chega o momento em que nos defrontamos com a necessidade de lavar a louça suja, e é melhor fazer isso antes que a pia esteja transbordando. Você já se deu conta de que os dias escoam como areia por entre os dedos, e que a vida passa? Ainda não? Pois ela passa, e não deixa de ser

interessante vê-la passar, mas só isso não basta. É preciso aproveitá-la, aproveitar cada dia. Muita coisa pode ser feita num dia. Todos os grandes acontecimentos têm lugar num determinado dia. Os melhores dias da sua vida foram… dias. Muita coisa culmina num dia; muita coisa começa num dia. E tudo de importante que se deve fazer há de começar por um dia. Este dia pode ficar para depois, mas depois quando? Você já se deu conta de que depois não existe? De que isso que chamamos futuro não existe? Não faça planos para o futuro. Date-os. De preferência comece hoje mesmo; se não puder, estabeleça um prazo, ou a chance de concretizá-los se torna muito pequena. Você precisa aproveitar melhor o seu dia, todos precisamos, e isso não quer dizer necessariamente fazer mais coisas, mas fazer melhor. E, p r i n c i pa l m e n t e , s e r m e l h o r. Devemos ser melhores. Sabemos disso há muito tempo. Talvez há séculos, ou milênios. Que esperamos para colocar em prática isso que sabemos com tanta certeza? Não vamos melhorar num passe de mágica, é preciso um passo de cada vez. O primeiro já demos, que é ter certeza da necessidade. O segundo é querer. E a partir daí tentar, exercitar. Tudo que tentamos com perseverança nós conseguimos, taí outra coisa que você já sabia.

Quanta oportunidade um dia nos oferece! É meio piegas aquele negócio de dizer: “imagine que hoje é o último dia de sua vida…” Não precisamos apelar para o sentimentalismo, mas não podemos simplesmente desperdiçar um dia depois do outro. Somos imortais, teremos outras vidas, outras chances. Mas como esta vida não haverá outra. A idade que

você tem, depois de completar a próxima você não terá mais. Dia como hoje nunca mais haverá. Haverá muitos dias semelhantes, com afazeres semelhantes, com temperatura, claridade, umidade relativa do ar, em tudo semelhantes ao dia de hoje, mas este dia não se repetirá, nem as oportunidades de aprendizado e crescimento e harmonia e amor que ele oferece. Os prazeres que a vida

nos oferece, inclusive o prazer de não fazer nada, o dolce far niente, são realmente muito bons. Mas o que aprendemos de útil com eles? Que lembrança nos fica deles? Adianta alguma coisa lembrar dos dias de doce preguiça em que não fizemos nada? Esses dias não voltam. Isso não é nenhuma tragédia, são escolhas, como tudo na vida. Mas é melhor você aproveitar o dia.


Espiritismo para todos

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APOMETRIA NÃO É ESPIRITISMO Divaldo Pereira Franco O médico carioca, residente em Porto Alegre, Dr. José Lacerda, desde os anos 50 espírita que era então começou a realizar, numa pequena sala do Hospital Espírita de Porto Alegre chamada ‘A Casa do Jardim’, atividades mediúnicas normais. Com o tempo ele recebeu instruções dos espíritos e realizou investigações pessoais que desaguaram em um movimento ao qual ele deu o nome de Apometria. Não irei entrar no mérito nem no estudo da apometria porque eu não sou apometra, eu sou espírita o que posso dizer é que a apometria, segundo os apometras, não é espiritismo. Porquanto as suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de O Livro dos Médiuns. Não examinaremos aqui o mérito ou demérito porque eu não pratico a apometria, mas segundo os livros que tem sido publicados, a apometria, segundo a presunção de alguns, é um passo avançado do movimento Espírita no qual Allan Kardec estaria ultrapassado. Allan Kardec foi a proposta para o século XIX e para parte do século XX e a apometria é o degrau mais evoluído no qual Allan Kardec encontra-se totalmente ultrapassado. Tese com a qual, na condição de espírita, eu não concordo em absoluto. Na prática e nos métodos de libertação dos obsessores a violência que ditos métodos apresenta, a mim, pessoalmente, me parecem tão chocantes que fazem recordar-me da lei de Talião que Moises suavizou com o código legal e que Jesus sublimou através

do amor. Quando as entidades são rebeldes os doutrinadores depois de realizarem uma contagem cabalística ou de terem o gestual muito específico expulsam pela violência esse espírito para o magma da Terra, a substância ainda em ebulição do nosso planeta. O colocam em cápsulas espaciais e disparam para o mundo da erraticidade. Não iremos examinar a questão esdrúxula desse comportamento, mas se eu, na condição de espírito imperfeito que sou, chegasse desesperado num lugar pedindo misericórdia e apoio na minha loucura, e outrem, o meu próximo, me exilasse para o magma da Terra, para eu experimentar a dureza de um inferno mitológico ou ser desintegrado, eu renegaria àquele Deus que inspirou esse adversário da compaixão. Ou se me mandasse numa cápsula espacial para que fosse expulso da Terra. Com qual autoridade? Quando Jesus disse que o seu reino é dos miseráveis. Na parábola do Festim de Bodas, ele manda buscar os mendigos, aqueles que estão nos lugares escabrosos já que os eleitos recusaram e mataram os seus embaixadores. A Doutrina Espírita centralizase no amor e todas essas práticas novas, das mentalizações, das correntes mento-magnéticas, psico-telérgicas, para nós espíritas, merecem todo respeito, mas não tem nada a ver com espiritismo. Seria o mesmo que as práticas da Terapia de Existências Passadas nós realizarmos dentro da casa

espírita ou da cromoterapia ou da cristalterapia, fugindo totalmente da nossa finalidade. A Casa Espírita não é uma clínica alternativa, não é lugar onde toda experiência nova vai colocada em execução. Tenho certeza de que aqueles que adotam esses métodos novos, primeiro, não conhecem as bases Kardequianas e ao conhecerem-nas nunca vivenciaram para terem certeza, seria desmentir todo material revelado pelo mundo espiritual nestes 144 anos de codificação, no Brasil e no mundo, pela mediunidade incomparável de Chico Xavier, as informações que vieram por esse médium impar, pela notável Yvone do Amaral Pereira, por Zilda Gama, por tantos médiuns nobres conhecidos e nobres desconhecidos no seu trabalho de socorro. Então se alguém prefere a apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture para não confundir. A nossa tarefa é de iluminar, não é de eliminar. O espírito mau, perverso, cruel é nosso irmão na ignorância. Poderia haver alguém mais cruel do que o jovem Saulo de Tarso? Ele havia assassinado Estevão a pedradas, havia assassinado outros, e foi a Damasco para assassinar Ananias. Jesus não o colocou numa cápsula espacial e disparou para o infinito. Apareceu a ele! Conquistou-o pelo amor: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Pode haver maior ternura nisso? E ele tomado de espanto perguntou: “Que é isto?” “- Eu sou Jesus, aquele a quem persegues”.

E ele então caiu em sí. Emmanuel usa esta frase: E caindo em si, quer dizer aquela capa do ego cedeu lugar ao encontro com o ser profundo, caindo em si. Ele despertou, e graças a ele nós conhecemos Jesus pela sua palavra, pelas suas lutas, pelo alto preço que pagou, apedrejado várias vezes até ser considerado morto, jogado por detrás dos muros nos lugares do lixo, dos dejetos ele foi resgatado pelos amigos e continuou pregando. Então os espíritos perversos merecem nossa compaixão e não nosso repúdio. Coloquemo-nos no lugar deles. Que sejas como conosco quando nós éramos maus e ainda somos aqui conosco. Basta que alguém nos pise no calcanhar ou nos tome aquilo que supomos que é nosso, para ver como irrompe a nossa tendência violenta e nós nos transformamos de um para outro momento. Não temos nada contra a

A Porta Estreita e a Porta Larga

O Nazareno deixou-nos o grande ensinamento de que na Casa do Pai há várias moradas. E elas estão em qualquer parte do universo, portanto, a Terra é uma delas. E habitamos eternamente nelas enquanto espíritos que somos. Mas justamente porque somos imortais, nós já estamos na eternidade. Segundo alguns filósofos, entre eles Huberto Rohden, podemos dividir os indivíduos, espiritualmente falando, em três categorias: profanos, virtuosos e iniciados. Profanos são aqueles desinteressados pelas coisas da área espiritual, embora não sejam necessariamente materialistas propriamente ditos. Estão naquela fase de nem desejarem sequer, ainda, entrar pela chamada Porta Estreita, de que falam os Evangelhos. Todavia, vai chegar o dia em que eles vão despertar também para isso, mas por eles mesmos, como o personagem da Parábola do Filho Pródigo, pois Deus respeita o nosso livre-arbítrio que Ele próprio nos deu,

deixando por conta nossa o quando, o onde e o como desse nosso despertar para as coisas do alto, do nosso Eu Interior. A categoria dos virtuosos constitui-se dos espiritualistas que procuram por em prática os princípios do bem e da moral. Porém, praticam-nos com dificuldades, sacrificando a sua própria vontade. É a essa categoria que pertence a maioria de todos nós, que queremos passar pela Porta Estreita, mas só conseguimos, por enquanto, a passagem pela Porta Larga. Já a terceira categoria compõe-se de uns poucos

indivíduos do tipo de Chico Xavier, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Luther King e Irmã Dulce da Bahia. Elas fazem o bem, prazerosamente, como quem está com fome e saboreia uma apetitosa comida. O Mestre disse que o seu jugo é suave. E essas pessoas sentem essa realidade, já vivenciando estes seus conselhos : “Se alguém lhe der um tapa no rosto, apresentelhe a outra face”. “Se alguém tomar-lhe a capa, dê-lhe também a túnica”. “Não resistais ao maligno”. Encontram-se elas já no estágio de inofendibilidade, isto é,

neutralidade diante das ofensas que se lhes fazem. E, por isso, elas até nem têm nada que perdoar a ninguém, pois que ninguém consegue ofendê-las. E, obviamente, já têm passagem garantida pela Porta Estreita, pois quase sempre elas estão voltadas para o mundo do seu Eu Interior, o mundo do Reino dos Céus, que lhes é bastante para a sua felicidade. Essas idéias de nossa evolução espiritual trazem subjacente em seu bojo a da reencarnação, ou seja, a de que, um dia, todos se salvarão, pensamento este coincidente também com o da

Apometria, as correntes mentomagnéticas, aquelas outras de nomes muito esdrúxulos e pseudocientíficos. Não temos nada contra. Mas como espíritas, nós deveremos cuidar da proposta Espírita. E da minha condição de Espírita, exercendo a mediunidade há mais de 54 anos, os resultados tem sido todos colhidos da árvore do amor e da caridade. Não entrarei no mérito dos métodos, que são bastante chocantes para a nossa mentalidade espírita, que não admite ritual, gestual, gritaria, nem determinados comportamentos, porque a única força é aquela que vem de dentro. Para esta classe de espíritos são necessários jejum e oração. Transcrito do programa Presença Espírita da Rádio Boa Nova a partir de palestra de Divaldo Pereira Franco (Agosto/ 2001)

José Reis Chaves Igreja atual, de que a salvação é para todos, com o de parte do Islamismo (Sufismo e Bahaísmo) e, igualmente, com o das grandes religiões orientais, cujos adeptos representam cerca da metade da população da Terra. Com efeito, se isso não fosse também a Doutrina do Homem de Nazaré, Ele não se intitularia o Salvador do Mundo, mas, sim, só de meia dúzia de almas! E não poderia ser diferente, pois, se Deus quer que todos se salvem, o que poderia obstaculizar a sua vontade infinita?


Espiritismo para todos

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Maio de 2015

AMAR E EM SEGUIDA INSTRUIR - SEGUNDO PROCLAMA A LEI O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita. O Espírito de Verdade adverte: “Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.[1] Tal pensamento tem sido amplamente divulgado nas hostes espíritas. O primeiro ensinamento é claro, reforçando a base cristã do Espiritismo. É a reprodução das palavras do Cristo, “Este é o meu mandamento: Amaivos uns aos outros, como eu vos amo”. [2] O segundo amplia-nos a capacidade de raciocínio, por isso devemos estudar incessantemente a fim de amarmos com grandeza e liberdade. Com o amor e a instrução alcançamos o avanço moral e adiantamento intelectual, ambos são imprescindíveis ao nosso progresso, sendo importante, contudo, ponderar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto o aspecto intelectual sem a moral pode oferecer numerosa perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas. O Espiritismo possui todas as verdades do Cristianismo, que nele se encerra. Os Benfeitores reafirmam a imortalidade entronizando Jesus como o vencedor do Mal “. [3] Obviamente, se o Espiritismo perder o seu sentido cristão, ele permanecerá uma bela doutrina de confirmação científica, à semelhança da metapsíquica e da parapsicologia, sem o amplo conteúdo moral que foi a base essencial da proposta do Codificador. Sim, é importante amarmos para nos unir no sentimento que funde os corações, e nos instruir para que conheçamos a verdade, e conhecendo a verdade nos unamos ainda mais no amor que instrumentaliza o conhecimento, e

afasta o orgulho e o egoísmo. A instrução dissipa o erro e nos mostra objetivo da provação humana. O Espiritismo dispõe de recursos para a edificação do templo da educação, de modo a esclarecer recalques, neuroses, distonias que surgem desde os primeiros instantes da vida física pelos processos reencarnatórios. A instrução moral pela educação encontra no Espiritismo ensinamentos preciosos. Para instruir-nos é necessário “consagrarmos diariamente alguns minutos a leitura de obras edificantes, esquecendo os livros de natureza inferior, e preferindo, acima de tudo, os que, por alimento da própria alma, versem temas fundamentais da Doutrina Espírita.” [4] Entretanto, precisamos estudar inicialmente as obras básicas do Espiritismo. Sim, estudar para aprender. Aprender para trabalhar. Trabalhar para servir melhor. A base do amor incondicional encontra-se em Jesus Cristo. O amor é um sentimento de diversos significados. Entre eles, encontramos a seguinte definição: é uma força tendente a aproximar e a unir, numa relação fraterna todos seres humanos. Kardec diz que Sócrates foi precursor do Evangelho e o primeiro homem a nos dar uma imagem desse tipo de amor. Por transgredir às ordens dos deuses gregos e almejar abrir a mente dos jovens, foi compelido a beber o veneno letal. Ainda assim, não fugiu de suas ideias na busca do bem comum. Valia-se do convencimento e da razão para alcançar alguma coisa. Mahatma Gandhi, nesta mesma direção, confrontou o poderio do tacão britânico sem empregar o discurso da violência e Martin Luther King, outro expoente do apelo à não-violência, seguiu os ditames da razão cristã. A instrução, baseada na pedagogia de Jesus, prepondera a afinidade recíproca entre o educador e o principiante. O mestre

não se coloca como o “sabe-tudo”, por ter ciência que o Espírito, criado simples e ignorante, não tem idade. A faixa etária da idade física é apenas um momento particular em seu longo caminho evolutivo. Tive alunos que eram para mim legítimos catedráticos. A finalidade da instrução é divulgar os princípios espíritas, para que mais pessoas possam entrar em contato com os conceitos que libertam consciências. Para que possamos nos instruir com esmero necessitamos debruçar sobre as Obras Fundamentais do Espiritismo, igualmente citadas como livros da “Codificação” Espírita. São os cinco volumes publicados por Allan Kardec, entre 1857 e 1868, a saber: “O Livro dos Espíritos” [Carta Magna do Espiritismo]-1857 ; “O Livro dos Médiuns” [exame experimental e investigativo, teórico-metodológica para compreensão dos fenômenos mediúnicos]-1861; “O Evangelho segundo o Espiritismo” [o mais completo código moral da Humanidade]- 1864; “O Céu e o Inferno” [estuda a transcendental Justiça Divina]- 1865 e “A Gênese” [examina formação dos mundos e da criação dos seres animados e inanimados, os supostos milagres e as profecias]- 1868. Amando e estudando conseguiremos nos auto avaliar, averiguando quem somos, donde “viemos e para onde iremos após a desencarnação, a fim de nos convencer do valor da nossa própria personalidade e à nossa própria elevação nos dediquemos.”[5] E o meio prático mais eficaz que temos de nos melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal, há 2500 anos “um sábio da antiguidade nos ensinou: “Conhece-te a ti mesmo”. [6] Se não realizarmos um mergulho em nosso mundo íntimo, para superar as paixões, harmonizar com os adversários, perder-nosemos no tumulto externo que nos cerca. O Evangelho nos fala do

RESGATES DOLOROSOS Eu respondo que: Deus estava ausente na ”atitude das pessoas” Deus nos mandou as regras do bem viver, mas nós vivemos como se tudo isso fosse besteira e ultrapassado. Buscamos Deus nos cultos nos dias e horas certas dentro das casas religiosas, mas fora dela, não fazemos a Sua vontade. Deus nunca está ausente, nós é que nos afastamos Dele quando não colocamos em prática Seus ensinamentos. Os espíritos disseram na questão 741 que, ”muitos flagelos resultam da imprevidência do homem”. Muitos de nós somos imprevidentes porque acreditamos que as tragédias só acontecessem com os outros. Muitos de nós só agimos com prudência por medo de levar multa, de ser preso ou ser punido de alguma forma e não por respeito à sua vida e a do próximo. Muitos de nós só

passamos a fazer caridade e/ou ter mais precaução após uma tragédia, um prejuízo financeiro, um sofrimento ou dor. Infelizmente, ainda somos muito egoístas, imediatistas e materialistas, por isso, num momento desses, queremos colocar a culpa em Deus. Também não podemos esquecer que, a maioria de nós tem algo a resgatar, porque somos devedores perante a lei de Deus. Salvo os casos onde o Espírito pede, antes de encarnar, uma prova difícil ou dolorosa. Exemplo:para adiantar sua evolução, para despertar familiares a observar sua fé e por tantos outros motivos. Mas a maioria são devedores, uns resgatam individualmente, outros coletivamente. Sabemos que ninguém nasce para matar, roubar ou delinguir, apenas fazemos mau uso do livre arbítrio. Mas, quando uma pessoa está planejando algo que vai causar

Jorge Hessen

amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Este auto amor é essencial para compreendermos a família, para termos paciência. Para não impor, tão-somente expor; instruir pelo exemplo e compreender que não poucas vezes a família é um desafio no mapa da reencarnação. Estamos diante de uma proposta que devemos dignificar pelo exemplo. A serenidade somente nos virá quando conseguirmos um auto encontro para conseguir o ENCONTRO com Jesus. Está no Evangelho: de que nos adianta saber muito, conquistar todo o mundo e arruinar a alma? A nossa inquietação de modificar os outros, fazer os outros “felizes”, sem estar feliz, é ficção, é inútil. É possível ser bem instruído doutrinariamente e totalmente obsedado, em decorrência de um transtorno moral causado por rigidez mental, dogmatismo, preconceitos, prepotência, vaidade etc. Muitas vezes “a saturação de conhecimentos impede o uso livre da razão: satisfeitos com um cabedal de informações, descansamos tranquilos na ignorância de nós mesmos”. [7] Não afirmamos, com isso, que a acumulação de conhecimentos

doutrinários seja inútil. Obvio que não! A instrução é matéria-prima para o raciocínio e suporte para o amor. Amar, sim, amar incondicionalmente; Instruir, sim, e sempre, ou, fundamentalmente amar e em seguida instruir, aprender! Conforme proclama a Lei; É um princípio Divino; É uma regra universal! Logicamente, se assim aprendemos como teoria, assim também deverá ser feito no exercício do bem maior. Senão, estaremos propagando ilusões e isso não é Cristianismo e muito menos Espiritismo. Referências bibliográficas: [1] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, item 5, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999 [2] Jo 14:12 [3] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, item 5, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999 [4] Xavier, Francisco, Cândido e Viera Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo espirito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000 [5] Pereira, Yvone A. Memorias de um suicida, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1977 [6] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999 perg. 919. [7] Xavier, Francisco, Cândido. Nos Domínios da Mediunidade , ditado pelo espirito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001", cap.5

Quando acontece um acidente de grande repercussão onde muitas pessoas desencarnam, muitos questionam: ”Onde estava Deus?”

a desencarnação de muitas pessoas ao mesmo tempo, como fez Bin Laden, os espíritos amigos tentam barrar o plano. Quando não conseguem, eles aproveitam a situação e ajuntam para aquele local pessoas que precisam resgatar seus débitos. Assim como tentam afastar aqueles que não precisam resgatar ou que precisavam, mas com o bem que praticaram já quitaram seu débito. Porque, como sabemos, O AMOR COBRE MULTIDÃO DE PECADOS, ou seja, a caridade que praticarmos nos livrará de muitos débitos. E OS QUE DESENCARNAM ANTES DA HORA? A Terra é um planeta de provas e expiações. O simples fato de aqui vivermos significa que somos Espíritos comprometidos com débitos que justificam qualquer tipo de sofrimento ou morte que venhamos a enfrentar, como contingência evolutiva, sem que

tenha ocorrido um planejamento dos superiores celestes nesse particular. Se, por acaso, esta pessoa estava, como dizem, ”no lugar errado na hora errada”, ele apenas adiantou o pagamento de algum débito. Portanto, é momento de reflexão, de buscarmos o verdadeiro sentido da vida, de entendermos que precisamos viver sabendo que somos imortais, que não existe somente

este lado material ou que nascemos para apenas “curtir” a vida. Precisamos questionar: “O que Deus espera de nós?” O importante é modificarmos “para melhor” nossas atitudes em relação a nós mesmos a ao próximo, para amenizarmos nossos débitos do passado ou para não adquirirmos outros no futuro. Afinal, não sabemos quando seremos chamados a prestar contas.


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Perdoar para ser perdoado Ouvimos muitas vezes que é preciso perdoar para ser perdoado. Mas se você desencarnasse agora, deixaria para trás alguma ofensa recebida e não perdoada? Você já perdoou as ofensas recebidas? Bom mesmo seria se não houvesse ofensa alguma, se você nunca se sentisse ofendido. Mas somos, ainda, muito suscetíveis. Nos melindramos por pouca coisa. Poucas coisas produzem tanto mal e causam tantas doenças como a falta de perdão. ”Nunca vou te perdoar”; veja só que frase mais feia. É uma afirmação terrível, e só a coloco aqui para que você avalie o quanto essa sentença tem de destrutiva e irresponsável. Sim, é uma irresponsabilidade não perdoar. Falta de responsabilidade para com você mesmo, para com o próximo e para com o Universo. O Universo é harmonia, e qualquer pensamento, palavra ou ação desarmônica produz um desajuste que terá que ser reparado, mais cedo ou mais tarde. Tudo no Universo é harmonia. Analise a precisão dos dias e das noites, as órbitas dos planetas, a perfeição do sistema solar, que é um grão de areia na imensidão do cosmos.

Tudo é harmônico, perfeito, íntegro. Por isso o Bem sempre prospera. O Mal é desarmonia, e terá que se reajustar, inevitavelmente. O perdão está de acordo as Leis de Deus, está de acordo com a harmonia cósmica. Enquanto você não perdoa, fica ligado ao erro, à ofensa recebida. Você acha que deve perdoar a quem o ofendeu? Se você observar com frieza, talvez perceba que não há nada a ser perdoado na pessoa que produziu a ofensa. Ela é humana como você, é espírito imortal como você, é sujeita a erros e acertos como

Medo da vida O espiritismo, ao nos demonstrar a continuidade da vida e as inúmeras oportunidades de aprendizado e experiência que a vida nos oferece, transforma o medo da vida num sentimento irracional. Claro que o fato de se reconhecer um sentimento como irracional não acaba com ele, mas é um começo. Você já existia antes de ser filho de sua mãe e de seu pai, e vai continuar existindo depois que seu corpo morrer. Vai continuar pra sempre, a individualidade não se perde jamais. Só a convicção deste fato já devia ser suficiente para percebermos que não há o que temer, que o medo é ilusório, que tudo tem nova chance, que tudo continua, se renova, se transforma. Nenhuma adversidade é permanente, sem contar que a

maioria delas é meramente especulativa; tememos com antecedência. Já dizia Jesus Cristo no maior ensinamento que já chegou à Terra, o Sermão da Montanha, que não devemos nos preocupar com o dia de amanhã. Disse-nos o Mestre: “Olhem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. No entanto, nem Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vocês, homens de pouca fé?” Isso é uma das coisas mais profundas que já nos foram ensinadas, e talvez justamente pela sua simplicidade, não recebe até hoje o devido valor. O que ele está dizendo

você. Se há algo a ser perdoado é a situação que foi gerada, não a pessoa que gerou a situação. Todos somos parceiros de jornada, irmãos de caminhada evolutiva. A situação criada é que foi ruim, e você deve desligar-se dela. Desligue-se. Perdoe. A palavra perdão não é usada nos textos mais antigos do evangelho. No texto grego do primeiro século há a palavra aphiemi, significando, justamente, desligar. A palavra perdoar vem do Latim perdonare; dar plenamente, doar

totalmente. Perdoar é desligarse, libertar-se, livrar-se. É isso que se deve fazer em relação às situações que nos ofenderam. As pessoas que foram causadoras das ofensas que recebemos são falíveis como nós. Também estão neste planeta de aprendizado. Entre bilhões de mundos habitados, dividem conosco este cisco espacial chamado planeta Terra. Não é à toa que cruzaram nosso caminho. Somos instrumentos de aprendizado uns dos outros. E só não aprendemos se não quisermos, só não aproveitamos as oportunidades

de aprendizado se ficarmos presos a picuinhas infames. Você não pode esquecer que você também já ofendeu, você também já provocou situações ofensivas. Perdoe para ser perdoado. Do mesmo modo como você perdoar, assim também você será perdoado. Sua consciência é seu juiz. Perdoe. Perdoe a si mesmo, desligue-se dos erros cometidos. Os erros são tentativas de acerto que não obtiveram o sucesso desejado. Se você não perdoar a si mesmo, como irá perdoar ao próximo?

O medo da vida nasce da culpa pra você? Pra parar de se preocupar com o que ainda não aconteceu, pra parar de sofrer por antecipação, pra parar de temer o dia de amanhã. O que você deve entender, o que nós todos devemos entender de uma vez por todas é que nós somos partículas Divinas, nós somos a parte de Deus que nos cabe, Deus se manifesta para você através de você! Deus, que habita dentro de você, quer o seu melhor, sempre. Jamais culpe Deus. Jamais atribua a Deus as falhas que você cometeu. Sempre é bom lembrar que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Você colhe hoje o que plantou ontem. Colherá amanhã o que plantar hoje. Assim mesmo. Aprenda a

assumir seus erros e pare de culpar Deus, o destino, a vida, os outros. Tudo o que lhe acontece é causado por você. Não adianta esbravejar. Se isso o aborrece, pare de ler imediatamente e vá ao banheiro pensar a respeito, depois continue. O medo da vida nasce da culpa. Culpa por ter feito algo errado, por não fazer o que devia ser feito, por não praticar o que sabe, por não assumir ser quem é. Não é fácil abandonar o medo. Não se abandona um hábito entranhado. É preciso substituí-lo. Substitua o medo pela confiança, pela coragem, pela força. Você consegue, desde que comece pelo começo. E o começo é reconhecer seus erros. Não é lindo quando uma criança confessa alguma travessura,

encabulada ou chorosa? É lindo porque é verdadeiro, não por se tratar de uma criança. Nós precisamos reconhecer a responsabilidade que é nossa perante a vida. Esse é o caminho para trocar o medo pela confiança, pelo amor incondicional à vida. Claro que há dificuldades. Sempre haverá, neste planeta. Mas o medo atrai medo. As suas vibrações mentais de medo atraem as vibrações mentais de medo dos outros, encarnados e desencarnados. O contrário também acontece. As vibrações de confiança, fé, coragem, alegria, reconhecimento e gratidão à vida atraem vibrações semelhantes. Você decide o que quer para si. Nós decidimos o que queremos para nós. Querer é poder. Queiramos o certo. Façamos o bem.


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MEDIUNIDADE POSSIBILIDADES E DESAFIOS Jorge Hessen

A mediunidade, digamos natural, é uma faculdade psicofísica presente em todas os seres humanos. Porém, nem todos percebemos a presença ostensiva dos Espíritos. É uma percepção à qual Charles Richet chamou de “sexto sentido”. Ela sempre esteve presente na História da humanidade desde as épocas mais recuadas. O surto de manifestação dos fenômenos mediúnicos é efeito natural da maior incidência dos Espíritos sobre os homens. Allan Kardec diz que não se deve lidar com a mediunidade sem conhecê-la. Aquele que frequenta uma casa espírita com a exclusiva intenção de servir apenas no campo da mediunidade não entendeu ainda o papel do Espiritismo em sua vida, muito menos a oportunidade que está tendo de servir com equilíbrio na Causa do Bem. Uma Casa espírita proporciona muitas tarefas diversificadas no campo da evangelização, da assistência social, da divulgação, da administração etc. Médium ignorante, em desequilíbrio, é médium obsedado. O grande tratamento para este mal (obsessão) que hoje dizima milhões de criaturas que se encontram em estado de psicopatologia degenerativa, com desequilíbrio da personalidade e da própria vida mental, repetimos, é o estudo da mediunidade e o trabalho cristão. O Espiritismo oferece ao homem a direção moral para que ele, erguendo-se na ordem psíquica moral e emocional, passe a sintonizar com os espíritos evoluídos de cujo contato sobrevirão efeitos aprazíveis. A mediunidade esteve presente em Francisco de Assis; contudo, igualmente esteve presente nos seres mais aberrantes da humanidade. Nabucodonosor pereceu sob o látego da possessão (licantropia).

Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo. Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali vistos frequentemente, até que lhe exumaram os despojos para a incineração. Há notícias que revelam ter sido Adolfo Hitler portador de uma mediunidade especialmente exercida em Berlim, no grupo de Tullis, entre os anos de 1914 e 1918. A mediunidade, portanto pode acentuar estados psicopatológicos muito graves por desequilíbrio do indivíduo. Mas a mediunidade potencializou as energias espirituais de uma Tereza d’Ávila, de uma admirável Rita de Cássia, de uma abnegada irmã Dulce da Bahia, de um “cisco” Cândido Xavier ou tantas outras personalidades que na história conseguiram atrair o pensamento universal pela síntese do amor e pelo intercâmbio com os Espíritos elevados. A mediunidade, hoje tão vulgarizada pelas novelas da tevê, é ainda pouco compreendida pelos cristãos, não obstante esteja muito bem descrita nos Atos dos apóstolos, mormente nas assertivas de Paulo quando cita os dons e os carismas dos médiuns. Escreve o Convertido de Damasco que uns veem, outros ouvem, outros falam, outros profetizam e outros curam. Ora, os dons nomeados por Paulo e os carismas nada mais são que a mediunidade. Nos tempos apostólicos a mediunidade atinge a culminância desde o famoso dia de Pentecoste, em que foram produzidos diversos fenômenos físicos tais como sinais luminosos e vozes diretas, psicofonia e

xenoglossia. Naqueles áureos idos históricos o magnetismo curativo através do passe era muito exercitado. Através de Jesus, muitos fenômenos ocorreram. Em Cafarnaum e Jericó O Cristo aplica o passe aos cegos; em Betsaida (piscina de Siloé) levanta os paralíticos; em Gerasa liberta possessos. Paulo, através da clarividência, vê o próprio Cristo e se converte definitivamente nas portas de Damasco. Nos domínios dos fenômenos de efeitos físicos notamos Jesus no rio Jordão diante do fenômeno de pneumatofonia (voz direta) durante o célebre batismo. Nas bodas de Caná, Jesus transforma água em vinho. Em Betsaida e Gerasa o Mestre divino promove a multiplicação dos peixes e pães pelo processo de transubstanciação. Em Genesaré o meigo nazareno caminha sobre as águas no processo de levitação. No Tabor o Governador da Terra promove a transfiguração. Na Galileia abranda a tempestade. Sob o império dos fenômenos de efeitos intelectuais, Jesus antevê a Sua crucificação, prevê a negação de Pedro, pressagia a traição de Judas e previne a dispersão do povo judeu. No jardim de Getsamani provoca o fenômeno de clarividência e clariaudiência. Nos tempos do Calvário os apóstolos (na condição de médiuns) sofriam inquéritos e terríveis perseguições: Pedro e João são presos; Estevão é morto a pedradas; Tiago, filho de Zebedeu, é morto a golpes de espada; Paulo é decapitado na via Ápia, em Roma; Pedro é crucificado. Mesmo sofrendo profunda estagnação e desvios, o “Cristianismo” nos presenteia com belos fenômenos mediúnicos: Tertuliano, através da sua bacia, profetiza; Francisco de Assis tem visões arrebatadoras; Lutero tem

visões aterradoras; Teresa d'Ávila viaja em desdobramentos; José de Cupertino promove a levitação diante do papa Urbano III; Antônio de Pádua trazia a bicorporeidade. Detalhe importante: a mediunidade não traz regalia a ninguém. Por oportuno, lembramos o exemplar histórico de Chico Xavier. Ele que aos 15 anos ficou órfão, aos 8 trabalhava à noite numa fábrica de tecidos, aos 12 ralava num empório, e laborou por 32 anos como escriturário no ministério da agricultura. Chico, durante três anos (dos 12 aos 15) foi acometido de coreia, ou mal de São Guido. Na década de 40 o “Mineiro do século” foi acionado judicialmente pela família de Humberto de Campos. Logo depois, como se não bastassem tantos desafios, foi submetido a uma cirurgia de hérnia estrangulada. Em 1958 teve que mudar-se para Uberaba por causa dos escândalos provocados por um sobrinho atormentado. O médium mineiro era cego de um

OS EXILADOS DO PLANETA TERRA

olho e carregava uma catarata no olho esquerdo, e ainda sofria de constantes ataques de angina, e muito mais. Infelizmente há pessoas que ao sentirem influência dos Espíritos creem que por isso estão prontas para lidar com os seres do alémtumba. Comumente não aceitam a ideia de que precisam se instruir sobre o tema. Qualquer médium que não tiver os cuidados necessários com a sua edificação moral e se colocar a serviço do intercâmbio sem o devido preparo e conhecimento cairá fatalmente presa de Espíritos perversos. Ninguém é obrigado a “desenvolver” a mediunidade. É absurda a ideia de que a mediunidade é a causa de sofrimentos e desajustes psíquicos. Naturalmente, os médiuns ostensivos, que já demonstram algum “sinal” desde cedo, devem ser submetidos obrigatoriamente ao estudo disciplinado e à orientação doutrinária dentro de um centro espírita que possa dar-lhe direcionamento seguro de sua faculdade.

Rudymara

“Bem-aventurados os mansos e pacíficos, porque eles herdarão a Terra ...” - disse Jesus A Terra está deixando de ser um planeta de provas e expiações para se tornar um planeta de regeneração. Espíritos rebeldes à lei de Deus não poderão habitar mais nele porque atrapalharão sua evolução. Já estamos naquela "peneira" simbólica que Jesus mencionou, onde está havendo a separação do joio (Espíritos rebeldes à lei de Deus) e do trigo (os Espíritos bons). E esta separação ocorre no plano espiritual ao desencarnarmos. Lá, quando estivermos sendo preparados para reencarnar, será selecionado quem retornará e quem não retornará ao planeta Terra. Os que não

irão retornar encarnarão em mundos inferiores até deixar de serem rebeldes. Só então, poderão retornar à Terra. QUAL O PERFIL DOS ESPÍRITOS QUE NÃO REENCARNARÃO MAIS NA TERRA? Manoel Philomeno de

Miranda, no livro "Transição Planetária" responde: “As criaturas que persistirem na acomodação perversa da indiferença pela dor do seu irmão, que assinalarem a existência pela criminalidade conhecida ou ignorada, que firmarem pacto de adesão à

extorsão, ao suborno, aos diversos comportamentos delituosos do denominado colarinho branco, mantendo conduta egoísta, tripudiando sobre as aflições do próximo, comprazendo-se na luxúria e na drogadição, na exploração indébita de outras vidas, por

um largo período não disporão de meios de permanecer na Terra, sendo exiladas para mundos inferiores, onde irão ser úteis limando as arestas das imperfeições morais, a fim de retornarem, mais tarde, ao seio generoso da mãe-Terra que hoje não quiseram respeitar.”


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BATENDO NA CANGALHA Chico aquiesceu. O trabalho literário iria começar. Então, certa noite, Emmanuel apareceu a Chico convidando-lhe à psicografia. Chico, após um dia cansativo de trabalho, respondeu ao guia: - Seu Emmanuel, agora estou com sono, preciso dormir, vamos deixar a psicografia para depois. Emmanuel respondeu-lhe: - Chico, o trabalho nos espera, o tempo urge, não podemos vacilar. Chico não deu bola, virouse, despediu-se do guia e voltou a dormir. Na noite seguinte, Emmanuel aparece novamente: - E agora, Chico, descansado para psicografar? - Nada disso, Seu Emmanuel, preciso dormir. Sabe o que é, tive tantas dores de cabeça, estou cansado, trabalhei muito hoje, além do mais, tenho vários irmãos pequenos que necessitam de meu concurso. Vamos fazer o seguinte: apareça final de semana, ai podemos psicografar a vontade.

Emmanuel então fez conforme o combinado retornando no sábado. - E ai, Chico, vamos começar a psicografar hoje? - Ah, Seu Emmanuel, hoje não vai dar não, prometi aos meus amigos que iríamos a uma festa, vou chegar cansado, tenho que dormir. Desculpe! Olha, faça o seguinte, continue a me visitar, quem sabe um dia desses, quando eu estiver mais disposto não dá certo de encaixarmos uma mensagem... Acordei, era somente um sonho, ou melhor, um pesadelo! Chico Xavier não dormira quando convocado a servir. Chico Xavier não titubeara quando chamado pelo plano espiritual a colaborar na construção de um mundo melhor. Foram mais de 400 livros psicografados, traduzidos para vários idiomas, beneficiando aqui e acolá inúmeras criaturas das mais distintas culturas. Foram infinitas noites sem dormir a serviço do Bem. Chico não dormiu e foi o perfeito instrumento utilizado pelo plano espiritual para

O QUE É REIKI? REI - significa passagem livre. KI - significa energia de força vital. Reiki não tem nenhum caráter religioso, é uma prática espiritual esotérica desenvolvida em 1922 pelo japonês Mikao Usui que é baseada na canalização da energia universal (rei) através da imposição de mãos com o objetivo de restabelecer o equilíbrio energético vital de quem a recebe e, assim, restaurar o estado de equilíbrio natural (seja ele emocional, físico ou espiritual); podendo eliminar doenças e promover saúde. O atendimento é feito com hora marcada e a prática se dá com o indivíduo deitado numa maca. O Terapeuta ou o Mestre não cobra pela energia, que é gratuita, mas cobra pelo trabalho, pelo tempo e dedicação. Sendo hoje uma profissão legalizada pelo Governo Brasileiro, o Terapeuta Reiki cobra como qualquer outra terapia, de acordo com o nível financeiro da região onde trabalha. Além das despesas com estudo e aperfeiçoamento contínuo, quem trabalha com esta Terapia tem despesas com a estrutura do trabalho, material, luz, etc. O QUE É PASSE ESPÍRITA? O Passe Espírita, ou Fluidoterapia, como é também conhecido, é uma transfusão de uma certa quantidade de energias fluídicas vitais (psíquicas) ou espirituais, utilizando-se a imposição das mãos, com o propósito de atuar em nível perispiritual, usada e ensinada por Jesus, como se vê nos Evangelhos.

Origina-se das práticas de cura do Cristianismo Primitivo. Há pessoas (médiuns passistas) que tem uma capacidade maior de absorção e armazenamento dessas energias que emanam do Fluido Cósmico Universal e da própria intimidade do Espírito. Tal capacidade as coloca em condições de transmitirem essas energias a outras criaturas que eventualmente estejam necessitando. A aglutinação dessa força se faz automaticamente e também, atendendo ao apelo do médium passista (prece) que então municiado dessa carga, transmite de suas mãos. O passe ocorre, geralmente, nos Centros Espíritas, e no caso da pessoa não poder se locomover até uma casa espírita, o passista poderá ir até o necessitado. Normalmente é ministrado na pessoa sentada, mas quando esta está acamada, num hospital, por exemplo, pode aplicar na pessoa deitada. A prática do passe é totalmente gratuita porque seguimos a recomendação do Cristo: “Dai de graça o que de graça recebeste.” Devemos ajudar todos de igual maneira, mas, principalmente os que não podem pagar. E acreditamos que a cura só é possível com a permissão divina. Os Centros Espíritas precisam, ao lado do passe, propiciar os meios para que frequentadores conheçam a doutrina e se exercitem num trabalho íntimo de evangelização, para a conquista da saúde definitiva. No Cap. 21, do livro "Entre a Terra e o Céu" diz: "Um dia, o homem ensinará ao homem, consoante as instruções do Divino

espalhar paz e esperança, conforto e instrução na face da Terra, se o médium mineiro houvesse dormido, certamente os Espíritos teriam de utilizar outro ou outros instrumentos para fazer vir à lume as inesquecíveis obras de André Luiz, Emmanuel, Meimei e tantos outros que se manifestaram pela sua abençoada mão. O trabalho certamente aconteceria, contudo, sofreria algum atraso, deixando de beneficiar naquele tempo inúmeras criaturas sequiosas por consolo. Guardadas as devidas proporções, todos sem exceção, somos convocados a dar nossa parcela de contribuição. Contudo, para que isso ocorra, temos de ficar atentos as às oportunidades que surgem: * O amigo que nos convida a fazer o trabalho voluntário. * O familiar em conflito íntimo queJorge pede nosso apoio. Hessen * O colega de atividade profissional que necessita de nosso auxílio. Todas essas situações não

chegam até nosso conhecimento por acaso, ao contrário, são trazidas até nós por diligentes mentores espirituais que tem em nós o instrumento que pode fazer a diferença na vida de alguém. Contudo, há o imperativo de nossa iniciativa: se dormimos no ponto, deixando para depois o Bem que poderíamos fazer hoje, perdemos grande chance

Wellington Balbo

de galgar degraus na escala evolutiva. Por isso, forçoso nos questionar se estamos com a bússola da disciplina e da atenção a nortear o caminho, ou preferimos dormir nos colchões da indiferença. Chico não dormiu. E nós, estamos dormindo ou bem acordados? Pensemos nisso.

Reiki é um conjunto de palavras japonesas que significam "passagem livre de energia universal de força vital". Rudymara Médico, que a cura de todos os males reside nele próprio. A percentagem quase total das enfermidades humanas guarda origem no psiquismo. Orgulho, vaidade, tirania, egoísmo, preguiça e crueldade são vícios da mente, gerando perturbações e doenças em seus instrumentos de expressão. " Porque com a cura física, muitas pessoas se atiram de novo ao desregramento, voltando a se prejudicarem. Mas quem aprende que precisa se aprimorar espiritualmente na prática do Bem e nisso se empenha, quer alcance ou não a cura do corpo, encontrará o caminho para a cura verdadeira e duradoura, a manutenção do equilíbrio em seu espírito imortal. Portanto,

empenhemo-nos em curar males físicos, se possível. Mas lembremos, porém, que o Espiritismo ajuda na “cura das moléstias morais”, a grande causadora das doenças. Não queiramos dar maior importância à cura de corpos do que a cura do espírito. Como vimos, o Reiki também ajuda muitos doentes saírem física e mentalmente recuperados. Deus não beneficia só os espíritas ou os freqüentadores da casa espírita. Por isso, cabe a nós, espíritas, respeitarmos as mais diversas modalidades e formas de cura. São meios úteis de minimizar o sofrimento alheio. Mas, queremos esclarecer, que não somos contra métodos, técnicas, rituais, etc.,

adotados por outras seitas, religiões, terapias holísticas ou alternativas. A Doutrina nunca diz ser “contra” alguma coisa, no máximo “não é favorável”. Ela nunca diz “não pode”, no máximo diz “não deve”. Pregamos o livre arbítrio, portanto, temos obrigação de exercê-lo. Mas, não é por respeitarmos que as adotaremos. Não queremos impor aquilo que acreditamos a ninguém, mas não queremos que nos imponham o que não aceitamos. Não gostaríamos de ver implantado na Casa Espírita o que não pertence a ela. Mas aquele que acredita ser certo o que pratica, não deve se melindrar com opinião contrária, “a cada um segundo sua consciência”.


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