O espiritismo para todos março 2014

Page 1

ANO l

SER MELHOR Pág.02 ESPÍRITO, PÉRISPIRITO E MUNDO ESPÍRITA

Pág.03 DE ONDE VIEMOS E PARA ONDE VAMOS

Nº 03

Taubaté / SP

Março de 2014

Colhendo na Vida A seara de Deus é imensurável. Ele é o Semeador Divino, cujo plantio oferta aos Seus filhos como alimento de vida. É justo que cuidemos da lavoura que nos pertence, vigiando e orando, porque, de certa forma, somos co-criadores de sementes, lançando-as no solo da vida. Pág. 07

Pág.04

AÇÃO E REAÇÃO OU CAUSA E EFEITO Pág.06

A CONSCIÊNCIA PROFUNDA Pág.07 PASSES -------SOLIDÃO Pág.08 AS VIRTUDES ESSENCIAIS Pág.09 ESPÍRITUALIDADE: ÓDIO E AMOR Pág.10

Pág. 02


O Espiritismo para todos

02

Ser Melhor Será muito útil à comunidade espírita um maior empenho em seus grupamentos no entendimento do tema reforma íntima. Apesar dos debates assíduos, observa-se ainda uma lacuna no apontamento de caminhos pelos quais se possa encetar um programa de melhoria pessoal. Mesmo sensibilizados para sua importância, perguntase: como fazer reforma íntima? O primeiro passo a mais amplos resultados nesse campo será possuir a noção bem clara do que seja essa proposta no terreno individual. Propomos então uma releitura de sua conceituação em favor da oxigenação de nossas idéias. Associa-lhe, comumente, a idéia de anulação de sentimentos, negação de impulsos ou eliminação de tendências; idéias que, se não forem sensatamente exploradas, poderão tecer uma vinculação mental ao absoleto bordão do “pecado original”, uma cultura diametralmente incoerente com a lógica espírita. Essa vinculação conduz-nos a priorizar a repressão como sistema de mudança, ou seja, a violentação do mundo íntimo, gerando um estado compulsivo de conflito e pressão psíquica, uma “tortura interior”. Esse sistema de inaceitação é caracterizado, quase sempre, pela ansiedade em aplacar sentimentos de culpa, uma fuga que declara a condição íntima de

Março de 2014

Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que mais necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.” O Evangelho Segundo Espiritismo – Capítulo V – item 11

indignidade pelo fato de sentir, fazer ou pensar em desacordo com o que aprendemos nos lúcidos conteúdos da Doutrina. A culpa não renova, limita. Não educa, contém. A culpa nasce no ato de avaliar o direito natural de errar como sendo um pecado que merece ser castigado, uma estrutura mental condicionada que carece de reeducação a fim de atingir o patamar de uma relação pacífica conosco mesmo. Reforma íntima não é ser contra nós. Não é reprimir e sim educar. Não é exterminar o mal em nós, e sim fortalecer o bem que está adormecido na consciência. A palavra educação, que vem do latim educere, significa tirar de dentro para fora. Renovar é extrair da alma os valores divinos que recebemos quando fomos criados. Educação é disciplina com consentimento íntimo, fruto de um acordo conosco celebrado em harmonia, bem distante dos quadros torturantes de neurose e severidade consigo. Claro que, para se educar é preciso controle, tendo em vista os hábitos que arregimentamos nas vidas sucessivas. Entretanto, muitos discípulos permanecem apenas nesse estágio, definindo seu crescimento espiritual pela quantidade de realizações a que se devota por fora, quando o crescimento pessoal só encontra medidas reais nos recessos do

sentimento. Menos contenção e mais conscientização, eis a linha natural de aprender a “dar ouvido” aos alvitres do bem divino que retumbam qual eco de Deus na nossa intimidade. O conjunto dos ensinos espíritas é um roteiro completo para todos os perfis de necessidades no aperfeiçoamento da humanidade. Tomar todo esse conjunto como regras para absorção instantânea é demonstrar uma visão dogmática de crescimento, gerando aflições e temores, perfeccionismo e ansiedade, que são desnecessários no aproveitamento das oportunidades. Reforma íntima é ser melhor hoje em relação ao ontem, e jamais deixar arrefecer o desejo de ser um tanto melhor amanhã em relação ao hoje. Basta-nos aprender a ouvir a consciência e a estudar nossos instintos. Reforma é um trabalho processual. A esse respeito, assim se pronuncia a Equipe Verdade: “Conhece bem pouco os homens quem imagine que uma causa qualquer os possa transformar como que por encanto. As idéias só pouco a pouco se modificam, conforme os indivíduos, e preciso é que algumas gerações se passem, para que se apaguem totalmente os vestígios dos velhos hábitos. A transformação, pois, somente com

o tempo, gradual e progressivamente, se pode operar” (Livro dos Espíritos – questão 800) Se conseguirmos assimilar essa definição na rotina dos dias, certamente estaremos nos beneficiando amplamente por entendermos que ninguém pode fazer mais que o suportável, sendo inútil acumular sofrimentos para manter metas não alcançáveis por agora. Exigir de si mais que o possível é dar espaço para tornarmo-nos ansiosos ou desanimados.

Valorizemos com otimismo e aceitação o que temos condição de fazer para ser melhor, mas jamais deixemos de aferir sinceramente, em nosso próprio favor, se não estamos sob o fascínio do desculpismo e da fuga, e procuremos a cada dia fazer algo mais pelo bem de nós próprios e do próximo. Reforma Íntima Sem Martírio, As Dores Psicológicas do Crescimento Interior. Pelo Espírito Ermance Dufaux

A Harmonia do Verbo Nunca deve se esquecer da harmonia. É ela a maior coadjuvante da felicidade e, no tocante à palavra, ela é o alicerce da tua segurança em todos os aspectos que te possam favorecer paz. Estuda, medita e compreende que a voz sem cadência que corresponde à tolerância, ao amor e à caridade, ao perdão e à paciência, à justiça e à fraternidade, é carente de harmonia. A vida é uma sequência de fatos, e é nesses fatos que devemos acompanhar o acontecido, modificando o que deve ser modificado em ressonância com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, o legado do Mestre. Somente ele, na nossa posição como aprendiz de Jesus, nos leva à educação espiritual, deixando a nossa consciência favorável ao coração, no intercâmbio com o amor.

EXPEDIENTE Diretoria: ACAM Colaboradores: • Diversos Editoração Eletrônica: Antonio C. Almeida Marcondes Tel.: (12) 3011-1013 e-mail: acam0000@ig.com.br O Jornal não se responsabiliza por matérias assinadas

Sejamos fortes e corajosos em todo o bem empreendido, sem vacilarmos, pois, é na persistência dos ensinamentos do Senhor que passamos a ganhar confiança em Deus e em nós mesmos, tornandonos um sol a iluminar os nossos próprios roteiros. Se queres ajudar aos outros no silêncio, como manda a lei da caridade elevada, pratica a exemplificação de Jesus, que a própria vida se encarregará de levar, por ondas que desconheces por agora, em forma de irradiação divina, o teu quinhão de auxílio para todos os cantos do universo, com a tua marca de luz, como vida para quem procura viver. Esse é trabalho da harmonia. Deus é harmonia, e o universo foi feito dentro dela, ao qual corresponde o mesmo amor e verdade. Vejamos o Salmo trinta e quatro, versículo quatro, que assim nos fala com propriedade:

“Busquei o Senhor, e Ele me respondeu; livrou-me de todos os meu temores”. Se ainda tens dúvidas no que falamos, busca o Senhor pela oração, para que Ele te livre de todos os temores, que significam falta de harmonia em teu coração. O Senhor Soberano nunca deixa de te responder no que tange a tua educação; no entanto, é preciso que peças pela boca ou pelo gesto. As modalidades são escolhidas pelo que desejas aprender na escola da vida. Tornamos a dizer, e pedimos que nos ouças: verificar a tua fala, sente se ela tem concordância com o bem que podes fazer aos outros, anota o que deve ser feito em teu favor, e educa o teu verbo, sem violentar. A violência não faz parte da escola de harmonia. Não penses que, porque estás estudando na universidade do Bem, nós vamos

tirar, ou pedir ao Senhor para te livrar, de todo o mal que te pode educar. Deves compreender o objetivo da própria vida, para que possas viver melhor. Estamos fazendo o que podemos em favor do homem de boa vontade. Estamos nos aproximando da época de renovação moral e espiritual das criaturas e não deves menosprezar o tempo que passa.

As oportunidades nos são dadas, como bênçãos de Deus e misericórdia. Aproveitemos. Também nós, aqui do plano em que habitamos, somos carentes dessas bênçãos do Soberano, e estamos nos esforçando para aproveitá-las na ordem dos nossos merecimentos. Juntemos as mãos nos dois planos da vida, para que possamos viver felizes.


O Espiritismo para todos

03

Março de 2014

ESPÍRITO, PERISPÍRITO E MUNDO ESPÍRITA O que é Espírito? O Espírito é o princípio inteligente da Criação. São criados todos da mesma forma, simples e ignorantes, sujeitos à Lei da Evolução. Progridem em tempo que varia conforme as condições e necessidades de cada um, dentro de uma trajetória que vai das sensações à angelitude, passando pelos caminhos do instinto, inteligência e razão. Através de milhares de encarnações no plano físico, a evolução do Espírito se consolida no campo da sabedoria e da moralidade. Nos estágios inferiores, são conhecidos como demônios ou diabos. No estágio de pureza, que adquirem depois de inúmeras reencarnações, são os anjos, os arcanjos e os serafins. O que é perispírito? É o corpo astral do Espírito, para usarmos uma linguagem mais popular. É o elo que liga o Espírito (ser abstrato) à matéria. Deriva do fluido universal e sua textura varia de acordo com o ambiente do planeta onde o Espírito habita. É o intermediário entre o corpo e o Espírito. Morfologicamente seria como uma cópia do corpo físico, só que menos denso, pois feito de uma matéria diferente, imponderável e imperceptível aos nossos sentidos físicos normais. O apóstolo Paulo chamou-o “corpo espiritual”. Quanto mais evoluído for o Espírito, mais etéreo será o corpo espiritual. O que é um Espírito errante? É o Espírito que permanece no mundo espiritual, no intervalo entre uma encarnação e outra, aprendendo e se preparando para novas experiências. O tempo de erraticidade depende do grau evolutivo do Espírito e de suas necessidades de aprendizado. Só os Espíritos puros não são errantes, pois não mais necessitam reencarnar. Podemos ser influenciados pelos Espíritos? Sim, podemos. A Doutrina Espírita nos instrui que somos guiados pelos Espíritos muito mais do que podemos supor. Uns nos inspiram a seguir o caminho do Bem e das boas realizações. Outros, nos influenciam sugestionando-nos para o mal. Pela nossa vontade e livre arbítrio podemos resistir ou ceder a essas influências. Entendendo a dinâmica da relação entre os fluidos espirituais e nosso corpo espiritual, podemos compreender como se dá essa influenciação. O que é e como se procede uma lavagem do perispírito? O conceito desse procedimento está expresso no livro “Consciência” de Luiz Sérgio. Conceitos estranhos podem ser encontrados em muitos livros psicografados, por isso tornase necessário que se proceda ao estudo sério das obras de Allan Kardec, que traduziu os pensamentos dos Espíritos superiores, a fim de que não se absorvam ensinamentos falsos e fantasiosos. O perispírito é o corpo astral do Espírito e varia segundo a moralidade deste. Pode-se energizar o perispírito de alguém, derramando sobre ele fluidos salutares, o que o tornará mais limpo. Porém, tal procedimento é apenas passageiro. A única forma de “limpar” o perispírito definitivamente é moralizando o Espírito, tornando o seu envoltório

mais leve e diáfano, à medida que atinge estágios mais avançados de evolução. Como é a constituição do perispírito em função da moralidade do Espírito? O perispírito é uma condensação do fluido cósmico universal em torno de um foco de inteligência ou alma. É formado pelos fluidos ambientais, sendo, portanto, diferentes de acordo com os mundos habitados. Nos mundos mais atrasados o perispírito é mais grosseiro e denso; nos mundos mais adiantados ele é mais leve e etéreo, pois habitam ali Espíritos mais evoluídos, favorecendo, evidentemente, ambiente energético melhor e mais purificado. Percebese, então, que a natureza do corpo espiritual está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito, sendo mais grosseiro nos atrasados e mais diáfano nos adiantados. Será tanto mais tênue quanto mais elevado for o Espírito. Uma alma que atingiu a perfeição não volta a reencarnar? Nesse estado tem perispírito? Os Espíritos que atingem a perfeição são os chamados Espíritos Puros. Eles reencarnam apenas em missão, com o objetivo de fazer progredir a humanidade. Segundo Allan Kardec, são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal. O perispírito, como sabemos, é o envoltório da alma. É a forma de manifestação do Espírito e sua natureza fluídica está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Portanto, os Espíritos puros possuem perispírito, mas de uma matéria tão etérea que, para nós que habitamos os planos mais próximo da matéria, é como se não existisse. Onde está a memória do Espírito? Alguns livros dizem que é no perispírito. O que diz a Codificação? A sede da memória, ou seja o patrimônio adquirido pela individualidade, não pode estar no perispírito e sim na Alma ou Espírito. O perispírito também é matéria, embora de uma natureza diferente da que conhecemos. É o corpo do Espírito e por onde ele se manifesta em plenitude. Cada perispírito é

formada das substâncias fluídicas do ambiente onde o indivíduo habita. Portanto, o Espírito ao mudar de mundo também muda de perispírito, como se trocasse de roupa. Se admitíssemos que a sede da memória estivesse no perispírito, neste ato toda experiência acumulada ficaria no mundo anterior, o que certamente a razão repudia. Portanto, a sede da memória, ou seja, toda a história e patrimônio moral e intelectual do ser encontra-se no “sensorium comune” do Espírito, como um arquivo de onde o indivíduo retira de lá os dotes acumulados durante toda a sua trajetória evolutiva. Relata o espírito “André Luiz” em um dos livros psicografados por Chico Xavier, que após período de trabalho na Terra, retorna à colônia Nosso Lar e, em repouso deixa seu corpo (perispiritual), indo ao encontro de sua Genitora. Pergunto: Com que corpo? O Espírito tem mais de um perispírito? É necessário levar em consideração que a tese abordada pelo Espírito André Luiz não recebeu a chancela do Controle Universal dos Espíritos, mecanismo que, segundo Allan Kardec, deveria aferir as novas revelações vindas da Espiritualidade. Por alguns equívocos dos espíritas, tal mecanismo nunca foi criado. A projeção astral de André Luiz a um plano superior ao que se encontrava, durante o repouso, fundamenta-se na hipótese de que o corpo de manifestação do Espírito no mundo exterior se divide em sete

camadas. A mais interior seria o próprio Espírito e a exterior, o corpo carnal. Desse modo, estando estacionado nas regiões onde os Espíritos estariam de posse do seu sexto veículo fluídico, André teria se projetado num plano onde as entidades espirituais (mais desmaterializadas) usariam seu quinto corpo astral. Ambas as revelações, no entanto, só devem ser admitidas como hipóteses de estudos, até que possam se submetida ao Controle Universal dos Espíritos, se é que ele um dia vai ser criado. Se o nosso arquivo desta vida e das vidas passadas se encontram gravadas em nosso perispírito e ele tende a desaparecer com a nossa evolução, como e onde ficam estes arquivos? Já dissemos em perguntas anteriores que a memória do Espírito não se encontra no perispírito. Este é um conceito retirado de livros psicografados (que não foram submetidos ao Controle Universal – inexistente) e não do pensamento dos Espíritos superiores responsáveis pela Codificação. A teoria contraria as Obras Básicas e evidentemente não encontra fundamento lógico que possa explicá-lo. A memória da individualidade se encontra na intimidade do Espírito, em seu arquivo permanente, no que se chama “sensorium comune”. O perispírito é matéria. Seria uma incoerência acreditar que a coisa mais importante para Espírito, que são suas experiências vividas, pudesse estar

atrelada e confinada à matéria. Veja mais sobre o assunto em perguntas anteriores, nesta mesma página. Há inferno, céu e purgatório? O céu ou o inferno, como lugar circunscrito, não existe. Allan Kardec, em “O Céu e o Inferno”, nos diz que o céu, o purgatório e o inferno são estados de consciências e não um lugar físico. Evidente que através das afinidades de pensamentos, os Espíritos agrupam-se em determinadas regiões do mundo astral, dando origem a ambientes agradáveis, de sofrimento ou conturbados, que caracterizaram e deram origem aos termos usados no catolicismo. Existem anjos e demônios? Deus que é soberanamente justo e bom, não poderia ter criado criaturas destinadas infinitamente a permanecer no mal, como também ter criado Espíritos perfeitos desde sua origem, sem que eles fizessem nenhum esforço para isso. Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e, através das experiências, vai adquirindo saber e moralidade até atingir a perfeição. Em sua trajetória evolutiva permanece na ignorância por algum tempo, vivendo as experiências do bem e do mal, dependendo de seu livre arbítrio. Os demônios é a denominação que foi dada para Espíritos que ainda não evoluíram moralmente, e que se comprazem no mal, mas que um dia perceberão seus erros. Os anjos são Espíritos puros, que já evoluíram moral e intelectualmente, através de seus esforços desde a sua criação. Só assim se explica a bondade e a justiça de Deus. Os Espíritos, que não necessitam mais da matéria continuam com o perispírito no plano espiritual? Sim, continuam a necessitar dele. Aprendemos com a Doutrina Espírita que o corpo espiritual se eteriza na medida em que o Espírito evolui na senda do progresso. O perispírito é necessário à manifestação da individualidade no mundo espiritual. Na encarnação é elo entre o Espírito e matéria. Quando desencarnados podemos dizer que é o próprio Espírito se manifestando plenamente. Mais subsídios podem ser encontrados em A Gênese, capítulo XIV, itens 7 a 12.

Visite nosso facebook

Rua Dr. Jorge Winther, nº 318


O Espiritismo para todos

04

Março de 2014

DE ONDE VIEMOS E PARA ONDE VAMOS

Todos já conhecem, principalmente os espiritualistas, de onde vieram, e nós, espíritos que já fazemos parte do rebanho de Jesus em operação constante do bem comum, não temos dúvidas mais, compreendendo de onde viemos e para onde vamos. Nós somos filhos de Deus. Ele nos criou simples e ignorantes, no entanto, não Se esqueceu de colocar no seio das vidas criadas os grandes atributos que serão despertados de acordo com o nosso crescimento espiritual. Então, crescer deve ser o nosso objetivo na vida; melhorar constantemente deve ser o nosso ideal, tendo a Terra como uma escola, onde aprendemos de tudo. Quem acha que já sabe tudo, sempre encontra alguém que sabe mais. Eis aí o momento da humanidade, buscando conhecimentos até mesmo com os animais, com as

plantas, com a natureza. Para quem deseja aprender, tudo na vida expressa lições imortais. Se viemos de Deus, devemos ter gratidão para com Ele. Somos Seus filhos e, para que despertemos os nossos valores, vivamos na luz do entendimento. Se viemos d’Ele, para onde vamos? Certamente que é para Ele, em condições de seres conscientes, ajudando o Soberano nas Suas luminosas ideias, se esse for o termo, colaborando com Ele na criação, aonde formos chamados para operar. E cada dom que desabrochar em nosso íntimo é mais um quinhão de felicidade que passamos a desfrutar no microcosmo da nossa vida. Precisamos meditar em Deus e podemos fazê-lo pelos fios dos pensamentos, tendo o coração como ímã divino para registrar as leis da vida, entregando-as à consciência. A

felicidade não é uma utopia; é uma verdade que, pelo menos a nossa parte, deve ser conquistada. Se viemos da Luz, não podemos ser outra coisa, e se somos Luz, o nosso dever é fazer-se irradiar-se, pois ela nos garante a vida e nos mostra Deus em todos os departamentos criados por Ele, Força Soberana de vida. Devemos conhecer, acreditar e testar, todos os dias, os nossos poderes, porque é através deles que Deus nos atende nas nossas necessidades, e para desenvolvê-los, basta-nos a fé que gera confiança, o trabalho no bem que gera serenidade e o desprendimento que gera o amor. Envolvidos neste clima de sublimação, passamos a encontrar todos os tipos de fluidos puros que nos atendem pelo poder da vontade. Necessário se faz que saibamos usá-los, sem os desperdícios

que a ignorância inspira. E nós do mundo espiritual, sentimonos alegres quando vemos e assistimos um companheiro, mesmo envolvido nas bênçãos da carne, esforçando-se para melhorar e viver de acordo com a harmonia da Vida Maior. Eis

que o ajudamos com toda a alegria. Precisamos conhecer a verdade, para que ela nos liberte. E sabes de onde vem a nossa felicidade depois das mãos de Deus? Vem dos nossos esforços pelos caminhos que devemos percorrer.

Vê Quem esta ao Teu Lado Vê quem está ao teu lado, ajudando-te a compreender os movimentos da Vida. Nunca estás sós nos campos do aprendizado. As tuas companhias andam contigo em todos os lances que empreendes, em todos os sentidos que, porventura, seguires. E essas companhias são espirituais e físicas. Vê a responsabilidade que tens diante delas: umas de receber o teu exemplo, outras de te instruir nas linhas da evolução a quem pretendes atingir. Devemos afirmar, quantas vezes forem necessárias, que ninguém vive sozinho, nem anda sem companhias. Quem pretender isolar-se, atrofia as suas próprias faculdades. A lei nos recomenda viver em

grupos e nunca nos esquecermos daqueles que nos cercam. A gratidão é força nova em novos entendimentos. Não fazemos nada escondido. Muitos olhos estão a nos observar, sem faltar uma fração de segundo, registrando e nos ajudando a registrar tudo o que ocorre conosco. Quem se conscientiza desta verdade, procura em toda a área em que opera, errar menos, usando todos os meios possíveis para acertar mais. Devemos ainda visualizar o Cristo andando conosco, essa Companhia Invisível que nos dá força para trilhar caminhos mais seguros e compreender, com mais eficiência, aqueles que nos acompanham.

A educação nos concita, do lar à escola e desta ao trabalho, a um procedimento que não nos deixa exteriorizar a nossa inferioridade, sendo disciplina que, quando permanentemente limpa desobstrui todos os remanescentes das antigas condições de inferioridade, colocando-nos como almas que desejam e começam a conhecer a Verdade. Não é necessário que conheças todos os países do mundo, principalmente aqueles a que chamas mais civilizados, para que possas iniciar-te na civilização. Se observas os que andam contigo, todos os dias, as tuas reações, em todos os momentos, podes deduzir, sem anunciar, o que deve ser melhor para ti.

Cada criatura sabe analisar o que lhe serve para o seu próprio bem. Nenhuma pessoa é culpada dos teus infortúnios e da tua incompreensão. Deus colocou em todas as mesmas advertências e os mesmos valores a serem cultivados. Às diferenças que existem, somente uma coisa pode responder: a reencarnação, na escala evolutiva dos espíritos. Se ainda não a conheces no presente estágio, haverás de conhecê-la em outro. Porém, nenhuma das criaturas ficará órfã das leis de Deus. Existe justiça infalível, vibrando em toda a criação, desde os cromossomos até os homens mais ilustres da Terra e destes até os anjos mais elevados dos Céus.

E se a justiça de Deus não falha, por que temer? Haveremos de alimentar a confiança nas forças, nas companhias que vivem conosco em todos os momentos da vida. Se tudo o que fazemos fica registrado em nós, e no grande livro de Deus, o nosso dever é fazer o melhor, dentro daquilo que já conhecemos ser o melhor. Não culpes ninguém dos teus desacertos! O único culpado és tu mesmo. Acerta as coisas dentro de ti que, por fora, tudo acompanhará as tuas atitudes íntimas. Confia, pois essa lei palpita em todo o Universo. Livro: Cirurgia Moral Pelo Espírito de: Lancellin


O Espiritismo para todos

05

Março de 2014

IRRESPONSABILIDADE

Somos nós mesmos que fazemos os nossos caminhos e depois os denominamos de fatalidade. Não é coerente que cada um de nós trabalhe para alcançar a própria felicidade? Não é lógico que devemos nos responsabilizar apenas por nossos atos? Não nos afirma a sabedoria do Evangelho que seríamos conhecidos, exclusivamente, pelas nossas obras? Fazer os outros seguros e felizes é missão impossível de realizar, se acreditarmos que depende unicamente de nós a plenitude de sua concretização. Se assim admitimos, passamos, a partir então, a esperar e a cobrar retribuição; em outras palavras, a reciprocidade. Não seria mais fácil que cada um de nós conquistasse sua felicidade para que depois pudesse desfrutá-la, convivendo com alguém que também conquistou por si mesmo? Qual a razão de a ofertarmos aos outros e, por sua vez, os outros a concederem a nós? Por certo, só podemos ensinar ou partilhar o que aprendemos. Assim disse Pedro, o apóstolo: “Não tenho ouro nem prata; mas o que tenho, isso te dou.” Dessa maneira, vivemos constantemente colocando nossas necessidades em segundo plano e, ao mesmo tempo, nos esquecendo de que a maior de todas as responsabilidades é aquela que temos para com nós mesmos. Os acontecimentos exteriores de nossa vida são os resultados direta de nossas atitudes internas. A princípio, podemos relutar para assimilar e entender esse conceito, porque é melhor continuarmos a acreditar que somos vítimas indefesas de forças que não estão sob o nosso controle. Efetivamente, somos nós mesmos que fazemos os nossos caminhos e depois os denominamos de fatalidade. “Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? (…) são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livrearbítrio?”, pergunta Kardec aos Semeadores da Nova Revelação. E eles

respondem: ”A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar (…) Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino…” É inevitável para todos nós o fato de que vivemos, invariavelmente, escolhendo. A condição primordial do livrearbítrio é a escolha e, para que possamos viver, torna-se indispensável escolher sempre. Nossa existência se faz através de um processo interminável de escolhas sucessivas. Eis aqui um fato incontestável da vida: o amadurecimento do ser humano inicia-se quando cessam suas acusações ao mundo. Entretanto, há indivíduos que se julgam perseguidos por um destino cruel e censuram tudo e todos, menos eles mesmos. Recusam, sistematicamente, a responsabilidade por suas desventuras, atribuindo a culpa às circunstâncias e às pessoas, bem como não reconhecem a conexão existente entre os fatos exteriores e seu comportamento mental. No íntimo, essas pessoas não definiram limites em seu mundo interior e vivem num verdadeiro emaranhado de energias desconexas. Os limites nascem das nossas decisões profundas sobre o que acreditamos ser nossos direitos pessoais. Nossas demarcações estabelecem nosso próprio território, cercam nossas forças vitais e determinam as linhas divisórias de nosso ser individual. Há um espaço delimitado onde nós terminamos e os outros começam. Algumas criaturas aprenderam, desde a infância, o senso dos limites com pais amadurecidos. Isso os mantém firmes e saudáveis dentro de si

mesmas. Outras, porém, não. Quando atingiram a fase adulta, não sabiam como distinguir quais são e quais não são suas responsabilidades. Muitas construíram muros de isolamento que as separaram do crescimento e da realização interior, ou ainda paredes com enormes cavidades que as tornaram suscetíveis a uma confusão de suas emoções com as de outras pessoas. Limites são o portal dos bons relacionamentos. Têm como objetivo nos tornar firmes e conscientes de nós mesmos, a fim de sermos capazes de nos aproximar dos outros sem sufocá-los ou desrespeitá-los.

Visam também evitar que sejamos constrangidos a não confiar em nós mesmos. Ser responsável implica ter a determinação para responder pelas conseqüências das atitudes adotadas. Ser responsável é assumir as experiências pessoais, para atingir uma real compreensão dos acertos e dos desenganos. Ser responsável é decidir por si mesmo para onde ir e descobrir a razão do próprio querer. Não existem “vítimas da fatalidade”; nós é que somos os promotores do nosso destino. Somos a causa dos efeitos que ocorrem em nossa existência.

Aceitar o princípio da responsabilidade individual e estabelecer limites descomplica nossa vida, tornando-os cada vez mais conscientes de tudo o que acontece ao nosso derredor. Escolhendo com responsabilidade e sabedoria, poderemos transmutar, sem exceção, as amarguras em que vivemos na atualidade. A autoresponsabilidade nos proporcionará a dádiva de reconhecer que qualquer mudança de rota no itinerário de nossa “viagem cósmica” dependerá, invariavelmente, de nós. Espírito: HAMMED


O Espiritismo para todos

06

Março de 2014

AÇÃO E REAÇÃO OU CAUSA E EFEITO? NA ANÁLISE DA DOR, DEVEMOS ADMITIR QUE ALGUÉM ESTEJA SOFRENDO “PELA CAUSA” QUE ABRAÇOU, COM VISTAS AO SEU PROGRESSO ESPIRITUAL, E NÃO “POR CAUSA” DE UMA FALTA QUALQUER O princípio de “Ação e Reação”, conhecido como a Terceira Lei de Newton (Isaac Newton, Físico e Matemático Inglês – 1642-1727), tem o seguinte enunciado: A toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e sentido oposto. De forma ortodoxa, e indiscriminadamente, esse princípio tem sido aplicado para justificar a razão do sofrimento do Espírito reencarnado em qualquer situação. Oportuno lembrar que o Codificador não usou desse raciocínio, não fez uso da Lei de Newton, e, sim, do axioma: não há efeito sem causa. Uma leitura superficial dos dois princípios poderá nos levar a conclusões erradas. Apliquemos, no caso do cego de nascença, os dois princípios, um de cada vez, e o leitor entenderá do que estamos falando.Adotando o princípio da “Lei de Ação e Reação” (a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e sentido oposto), a situação do cego de Siloé deveria ser uma reação em sentido oposto a uma ação, no caso negativa. Teria cometido uma infração às Leis Morais do Criador. Mas vimos que não era o caso. Dessa forma, nem sempre podemos concluir que a dor seja uma reação. O Mentor de Chico Xavier, Emmanuel, alerta-nos que é “imperioso interpretar a dor por mais altos padrões de entendimento. Ninguém sofre, de um modo ou de outro, tãosomente para resgatar o preço de alguma coisa. Sofre-se também angariando os recursos preciosos para obtê-la (…)”. Com este entendimento é que devemos interpretar a situação do cego de nascença, que aceitou aquela condição para conquistar uma posição espiritual mais elevada. Se a dor corrige o passado e nos adverte no presente, também poderá estar construindo o nosso futuro. É a dor a serviço da evolução de todos nós, Espíritos imperfeitos. Agora, aplicando o princípio não há efeito sem causa, à mesma situação, não resta dúvida de que

encontramos no sofrimento daquele cego uma causa, que foi a sua avidez pelo progresso, seu desprendimento e amor à causa do Cristo. Permitiu-se nascer privado da visão para cooperar com a causa do Messias. A sua dor não era uma reação a nada, era a própria ação. Sofreu “pela causa” e não “por causa”. Como já dissemos, Allan Kardec adotou o princípio de causa e efeito e não de ação e reação para estudar e explicar as razões da dor e das aflições. Conhecia, sem sombra de dúvida, a Terceira Lei de Newton, mas não a usou na apreciação das coisas espirituais. Será que o “bom senso encarnado” percebeu que a lei do Físico Inglês não se prestava integralmente para a compreensão e esclarecimentos sobre as aflições? Entendemos que sim. O Mestre de Lyon trilhou com sabedoria, sem dogmatismo e com bom senso. Acompanhemo-lo neste texto: “Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a conseqüência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros. Se foi duro e desumano, poderá ser a seu

turno tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em humilde condição; se foi avaro, egoísta, ou se fez mau uso de suas riquezas, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer pelo procedimento de seus filhos, etc.” Observemos que teve o cuidado de alertar o seu leitor escrevendo as expressões “muitas vezes” e “poderá”, em vários momentos, não afirmando categoricamente que a dor seja sempre uma punição. Continuemos. “Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes, são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair

vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar.” Como conclusão, o Espiritismo não nos autoriza generalizar o sofrimento como sendo uma punição, conseqüência de erros cometidos. Léon Denis, um dos continuadores de Kardec, que muito bem compreendeu a verdadeira missão da dor, ensina: “Todos aqueles que sofrem não são forçosamente culpados em vida de expiação. Muitos são Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e de labor para colherem o benefício moral que anda ligado a toda pena sofrida.” E mais à frente: “Às almas fracas, a doença ensina a paciência, a sabedoria, o governo de si mesmas. Às almas fortes, pode oferecer compensações de ideal, deixando ao Espírito o livre vôo de suas aspirações até ao ponto de esquecer os sofrimentos físicos”.

A causa do sofrimento não somente está no passado ou no presente, mas também no futuro. A dor-evolução não está corrigindo erros cometidos, mas construindo um porvir venturoso para o Espírito em evolução. Sabemos que muitos deles reencarnam em missão na Terra, com o objetivo de impulsionar o nosso progresso moral e científico. Tais Espíritos aceitam resignados, até mesmo com certa alegria, as adversidades e infortúnios de tal existência, por saberem que estão se adiantando na escala evolutiva (O Livro dos Espíritos, questão 178). Logo, sofrem as dores da evolução, aquela que vem de fora para dentro, ao contrário da dorexpiação, que vem de dentro para fora, pois é purgação. A reencarnação não é um processo punitivo; é manifestação da misericórdia divina. Não reencarnamos somente por sermos devedores, mas, acima de tudo, porque a vida na matéria significa oportunidade de crescimento em todas as latitudes espirituais. A evolução é lei divina e, por isso, imperiosa. Sofremos, vez ou outra, pela causa que abraçamos e não somente por causa de alguma infringência às leis divinas. Na apreciação das causas das dores e aflições por que passamos, nem sempre é correto adotar o princípio de “ação e reação”, concluindo que a dor seja sempre uma reação oposta a uma ação ilícita. Os Espíritos Superiores nos ensinam que para todo efeito existe uma causa, mas não asseguram que o sofrimento seja sempre um efeito, pois no caso do cego de nascença, ele era isento de culpa. A causa da sua desdita existia sim! Estava no seu desejo de cooperar com a causa do Messias de Deus. A despeito da nossa dificuldade de andar de braços com a dor, na condição de amiga, insistindo em nos conduzir aos píncaros da glória espiritual, esforcemo-nos para compreender, à luz da fé racional que o Espiritismo nos trouxe, a exortação de Jesus no Sermão do Monte, consolando os sofredores: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”. Waldehir Bezerra de Almeida – “Revista Internacional de Espiritismo”


O Espiritismo para todos

07

Março de 2014

Colhendo na Vida A seara de Deus é imensurável. Ele é o Semeador Divino, cujo plantio oferta aos Seus filhos como alimento de vida. É justo que cuidemos da lavoura que nos pertence, vigiando e orando, porque, de certa forma, somos co-criadores de sementes, lançando-as no solo da vida. Todos os dias plantamos o germe da sabedoria ou da discórdia, da fé ou da dúvida, da mentira ou da verdade, do ódio ou do amor, dependendo da nossa disposição interna e do nosso preparo espiritual; portanto, sempre colhemos o que semeamos, de bem ou de mal. Jesus veio nos ensinar, por bênção de Deus, a plantarmos as boas sementes e elas, em primeiro plano, são os nossos pensamentos; depois, as nossas palavras, e, em seguida, a nossa vivência. A escola do Cristo é ampla, abre as portas para todas as criaturas de boa vontade e sua cartilha divina é o Evangelho do Mestre. Entretanto, por ele partimos para muitos ângulos do saber e do amor, que nos fazem entender a verdadeira universalidade da vida cósmica. Analisa o que pensas e se, porventura, encontrares alguma insuficiência ao teu progresso, conserta-te, muda de ideias, esforça-te para mudar, que as bênçãos de Deus ajudar-te-ão nos teus esforços, por menores que sejam. Se a tua fala for inconveniente, não continues falando. Medita no modo de

melhorar ou teu verbo ante aos outros, que Deus te amparará nos teus esforços, proporcionando-te recursos de melhorar todas as tuas conversações. Se o teu procedimento não condiz com a verdade, contradizendo os ensinos do Cristo, não continues vivendo desta forma; pára e pensa, medita e toma outra decisão, que o mundo espiritual encarregado de ajudar aos homens, ajudar-te-á novamente, e a tua vida tomará outros rumos na elevação que os Céus desejam. Necessário se faz que confies na Força Soberana e em ti mesmo, que toda a natureza passará a te ajudar secretamente. Vivemos, encarnados e desencarnados, dentro do clima que formamos pelos processos mentais. As ideias, a fala e os desejos são criação da mente. O responsável por tudo isso é o espírito. As modificações devem partir da tua decisão e quando compreendemos Jesus, não podemos apresentar desculpas no certame da auto-educaçãodisciplina. A vida é farta lavoura à disposição de todas as criaturas que entendem e obedecem as leis imutáveis do Criador. A felicidade está dentro de nós. Modifiquemos o modo pelo qual vivemos. Essa mudança é o “pedi e obtereis, batei e abrir-se-vos-á”. Sendo Deus o Amor, Ele nos dá de tudo com abundância; basta entendermos o como buscar. As

Suas mãos são fartas e operosas; acordemos para a vida, que a vida já se encontra desperta para nós, somando-nos a felicidade. Quem planta, colhe, e se queres receber bons frutos, cuida bem do plantio. Examina o que sai da tua boca; são sementes de vida, e essa semeadura se estende através dos dias, anos, séculos e milênios. Assim, rompendo a vida, quanto tempo se gastará

para colher? Só Deus sabe, e a Sua misericórdia nos dá muitas oportunidades para modificarmos o modo pelo qual plantamos. Essa misericórdia já se estendeu na Terra, pela chegada do Consolador prometido por Jesus. Aproveitemos, pois, essa bênção do Senhor, que conhecemos pelo nome de Doutrina Espírita. Ela é a educadora que faltava no mundo, distribuindo a todos

A Consciência Profunda

A consciência profunda é um arquivo imensurável na profundidade da alma; é um mundo cujas experiências são ainda desconhecidas para o próprio dono. A razão busca este segredo há milênios, mas reconhece a sua inabilidade acerca do que pode aprender nesse manancial de vida. Para se tirar o véu de Ísis que empana muitas coisas ocultas, convém meditar, estudando sempre o que

se deve fazer. Os caminhos são desconhecidos e tortuosos; somente os sábios conseguem trilhar alguns deles, ainda assim com enorme dificuldade. Ali existe uma gigantesca biblioteca consciencial, que com o tempo pode fornecer experiências à mente ativa e mesmo conhecimentos valiosos para o bom desempenho de todas as tuas funções no mundo em que vives. Ela registrou todo o teu

passado pela máquina divina que possuis. Nunca mente, por te sido feita pelo grande Arquiteto do Universo, e pode fazer aflorar no teu presente alguma coisa das tuas vidas passadas, se isso for conveniente ao progresso. É um velho baú, em que não convém mexeres por tua própria vontade, muitas vezes acionada pela curiosidade. Pode ser que tua consciência se encontre em chamas e a tua vida piorará pela exploração do teu passado. Se queres saber do teu ontem, aprimora o teu hoje nas lides do Cristo e não saibas das linhas do Evangelho renovador do Mestre. É bom que compreendes que o mundo consciencial se encontra ligado às mínimas partes do teu vaso físico, bem como domina algo em todos os teus corpos espirituais, que são vários, numa simbiose, de modo a trocar uma profusão de energias necessárias às suas pulsações em torno da alma. Converte a tua vida, companheiro, agora, limpando as tuas mazelas do presente, porque, assim como o presente é influenciado pelo passado, ele também influencia na profundidade do ser. Mesmo que consigas apenas uma gota de luz, deposita-a no teu mundo de trevas, se esse for o caso, que o tempo acumular-te-á, pela força de Deus, chuvas de claridades,

oportunidades de melhorar, mesmo vivendo com o fardo da carne. Começa agora as tuas reformas de costume, seguindo as pegadas do Mestre dos mestres, que encontrarás a paz de consciência no trabalho incessante de amor e caridade, passando a colher da vida, a vida de Deus nos céus de ti mesmo. Pelo Espírito: Miramez Psicografia de: João Nunes Maia

Pelo Espírito: Miramez

limpando os entulhos que a displicência fez ajuntar. Não deves agredir a tua consciência, procurando ler com métodos inconscientes o que, por enquanto, não te compete saber. Espera, pois Deus sabe o momento de revelar-te o que precisas e te mostrará o agradável ao teu estágio evolutivo. Trabalha, por enquanto, com o presente, tranquilizando a mente pela educação, disciplinando os pensamentos e iluminando as ideias, com a prática do bem e exercício permanente do amor, pois é pela força insuperável da caridade que a própria caridade se transmuta no reino de Deus dentro de nós. A consciência profunda é segredo de Deus, é

área em que o Cristo domina, a nos mostrar gota a gota, como sendo lições que aprendemos passo a passo. Todos nós, filho, ainda estamos nas primeiras letras do alfabeto interno. Nunca devemos nos afoitar no aprendizado, nem tão pouco parar nos estudos que nos levarão à libertação, pela sublimação de todos os nossos sentimentos. Tem paciência, assim como bom ânimo, e em cada caminho escolhido por Deus dá a tua parte de esforço próprio, como a tua luz de amor. Um dia, a tua consciência profunda saberá te recompensar pela difusão de luzes que plantaste, de fração a fração, com a assistência do Cristo e as bênçãos de Deus.


O Espiritismo para todos

08

Março de 2014

PASSES

O que é o Passe? O Espiritismo tem por objetivo maior o bem estar do homem, que é alcançado em sua plenitude quando este se acha em perfeita harmonia consigo próprio e com o meio que o cerca. Sua metodologia dá prioridade à conduta preventiva e compreende uma infinidade de ensinamentos sobre as leis naturais que regem a vida material e espiritual. Reforçando a mensagem de Jesus, diz a Doutrina Espírita, por exemplo, que o perdão deve ser usado sempre que alguém nos ofender, porquanto o ódio, a mágoa ou a revolta desequilibram o nosso emocional e causam doenças em nós mesmos. Obviamente, se perdoamos o ofensor, estamos livres dos efeitos nefastos desses sentimentos negativos. O homem, no entanto, é ainda muito acomodado e preso às paixões mundanas, que lhe satisfazem os anseios imediatos, de modo que dá pouco valor à prevenção, acabando por ter que remedir o problema. É o caso da pessoa que prefere tomar remédios para curar a ressaca do que evitar a bebida alcoólica que a provoca. Mas, como tarda o dia em que seremos capazes de agir corretamente de tal forma que nunca fiquemos doentes, a Doutrina Espírita se dedica também a consolar e curar as criaturas. E o faz porque a Medicina ainda não incorporou

plenamente a ideia de que somos espíritos e de que na alma é que está a raiz dos nossos males. Num futuro que se espera seja próximo, a ciência comprovará a existência do corpo espiritual (perispírito), conhecerá o seu funcionamento e o inter relacionamento com o corpo de carne, com o que grande avanço conseguirá na cura do homem. O passe é um método de cura adotado pelo Espiritismo, mas que já era do conhecimento de alguns povos da antiguidade e mais recentemente tem sido aplicado regularmente por algumas religiões e práticas terapêuticas. Jesus usou em larga escala a cura pela imposição das mãos, mas seus feitos não eram milagres, e sim o emprego de técnicas energéticas que à época já eram por Ele conhecidas. Tem sua base no fato de que tudo na vida é energia e de que as energias podem ser permutadas e transformadas. O homem pode movimentar essas energias, ou fluidos, pela força

Solidão

do seu pensamento, direcionando-o para um fim salutar ou pernicioso. Assim, quando pensamos positivamente em favor de uma pessoa, desejando-lhe paz, alegria e felicidade, estamos enviando-lhe energias boas; do contrário, se endereçamos pensamentos de ódio e vingança, as energias que remetemos a ela é destrutiva. Nosso pensamento é força criadora, efetivamente. Se não vemos as nossas criações mentais, os efeitos delas já forma

por diversas vezes constatados. Nada aí para estranhar, porquanto também não vemos as ondas sonoras, mas as escutamos. Pois bem. O passe empregado nos Centros Espíritas é a transmissão de energias positivas de uma pessoa para outra. Processa-se com a imposição das mãos à altura da cabeça, sem o toque, enquanto o passista e a pessoa que o recebe se mantêm em oração, conduta íntima que favorece a assistência espiritual

superior. Quanto mais sinceridade, quanto mais fé, mais poderosos são os efeitos do passe, chegando mesmo a produzir, em alguns casos, curas imediatas. Sem qualquer contra indicação, o passe pode ser buscado sempre que nos sentimos indispostos ou doentes, mas é importante ressaltar que, se nos curamos, é preciso “não pecar mais, para que o pior não nos aconteça”, como advertia Jesus ao curar os enfermos de sua época.

Se não houver uma compreensão verdadeira acerca do envelhecimento humano, o idoso se deixará conduzir pelo desânimo e abatimento, refugiando-se na cela escura da solidão. É certo que, com a idade avançada, cresça a necessidade da reflexão em torno da vida. Muito natural, portanto, que o idoso, algumas vezes, busque o refúgio silencioso da meditação, interessando-se por um recanto tranquilo e sereno. A prece, o diálogo interior lhe darão sempre uma visão mais ampla acerca da vida e dos acontecimentos cotidianos. Entretanto, se alguns minutos diários de interiorização representam auxílio para o próprio crescimento e entendimento da vida, a reclusão, que conduz ao abandono e à solidão, é sempre prejudicial. Quase sempre, o idoso se deixa envolver pelas sombras da solidão, explicando que os seus

amores, seus amigos e companheiros partiram através da morte e que, no final da existência, está só. É compreensível que ele sinta a falta das pessoas com as quais desfrutava a companhia, porém, a vida não o impede de fazer novas amizades. O homem não pode viver só: a Lei de Deus impõe-lhe como necessidade a vida em sociedade. Quantos idosos não se deixam levar pela nostalgia, entregam-se a melancolia e, embora cercados por familiares, vivem em completa solidão?!… Com tanta gente necessitando de afeto e amizade no mundo, concluímos que o indivíduo em solidão fez uma escolha infeliz. Porque solidão é antes de tudo uma opção infeliz. Quem vive só, quase sempre escolheu assim viver. O idoso consciente não se permitirá essa conduta.

Buscará sempre a companhia dos familiares, dos vizinhos, trabalhando sempre na manutenção dos laços afetivos e na aquisição de novas amizades. Na obra da criação, tudo é harmonia e solidariedade: as aves voam em bandos, cruzando o céu; os peixes agrupam-se em cardumes no fundo das águas; as flores entrelaçam-se no campo, compondo um painel de cores; os animais vivem em grupos de acordo com as espécies; e as estrelas formam um colar de jóias preciosas, brilhando no firmamento. Por que o homem haverá de viver só?!… À sua volta, a natureza é lição viva de solidariedade a dizer-lhe: “Abre os braços para o abraço da fraternidade, estende a tua mão para tocar outras mãos e sê feliz!…” Pelo Espírito: Antônio Carlos Tonini


O Espiritismo para todos

09

Março de 2014

AS VIRTUDES ESSENCIAIS A palavra virtude (do latim virtus) designa excelência ou qualidade. O significado é genérico quando aplicado a tudo o que é considerado correto e desejável em relação à moral, à ética, à vida em sociedade, às práticas educacionais, científicas e tecnológicas, assim como à eficácia na execução de uma atividade. Em sentido específico o conceito se restringe a duas capacidades humanas: conduta moral no bem e habilidades para fazer algo corretamente. Em relação a este assunto, elucidam os orientadores da Codificação Espírita: “Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade”. O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) classificou as virtudes em dois grupos, quanto à natureza, ambos aceitos nos dias atuais: virtudes éticas ou do caráter – indicam todas as qualidades ético-morais, inclusive o dever, as quais nem sempre são submetidas à razão; virtudes dianoéticas ou do pensamento – abrangem as competências intelectuais (inteligência, discernimento, conhecimento científico, aptidões técnicas), controladas pela razão. As primeiras são desenvolvidas pela educação e pela prática que conduz ao hábito. Filósofos, do passado e do presente, defendem a ideia de que as virtudes ético-morais são dons inatos, desenvolvidos por seres humanos especiais. Diferentes interpretações religiosas pregam que essas virtudes somente ocorrem por graça ou concessão divinas. As segundas, as virtudes dianoéticas ou do pensamento, podem ser ensinadas por meio da instrução, daí serem muito valorizadas pelas ciências humanas, sobretudo as educacionais. O Espiritismo considera que as virtudes são aquisições do Espírito imortal, adquiridas e desenvolvidas por meio de

trabalho incessante no bem: [...] a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio. Importa destacar que a classificação aristotélica é, na verdade, uma síntese dos ensinamentos de Sócrates (470-399 a.C.), posteriormente transmitidos por Platão (428/ 427-347 a.C.) em seu livro A República. Para Sócrates, a virtude se identifica com o bem (aspecto moral) e representa o fim da atividade humana (aspecto funcional ou operacional). Pelo aspecto moral sabe o homem virtuoso distinguir o bem e o mal. Pelo sentido funcional, ou fim da atividade humana, a virtude é capacidade ou habilidade de realizar corretamente uma tarefa. Contudo, tanto Sócrates como Platão entendiam que as virtudes eram dons inatos, ainda que esses filósofos possuíssem conhecimentos sobre a vida no além-túmulo e sobre as reencarnações sucessivas. O seguinte texto, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ilustra o assunto: · Palavras de Sócrates, registradas por Platão: “A virtude não pode ser ensinada; vem por dom de Deus aos que a possuem”. · Interpretação espírita, fornecida por Allan Kardec: É quase a doutrina cristã sobre a graça; mas, se a virtude é um dom de Deus, é um favor e, então, pode perguntar-se por que não é concedida a todos. Por outro lado, se é um dom, carece de mérito para aquele que a possui. O Espiritismo é mais explícito, dizendo que aquele que possui a virtude a adquiriu por seus esforços, em existências

sucessivas, despojando-se pouco a pouco de suas imperfeições. A graça é a força que Deus faculta ao homem de boa vontade para se expungir do mal e praticar o bem. Sócrates e Platão, entretanto, desenvolveram notável sistema filosófico sobre as virtudes, denominandooVirtudes Cardeais. Essas virtudes, inseridas em seguida, são consideradas essenciais por representarem a chave para a aquisição de todas as demais: · Prudência, também conhecida como sabedoria. É a virtude que controla a razão. · Fortaleza, entendida como coragem. É a virtude do entusiasmo (thymoiedés), a que administra os impulsos da sensibilidade, dos sentimentos e do afeto. · Temperança, vista como autodomínio, medida, moderação. Essa virtude age sobre os impulsos do instinto, colocando freios nos prazeres e nas paixões corporais. · Justiça, estabelece o discernimento entre o bem e o mal. É a virtude que conduz à equidade; ao saber considerar e respeitar o direito do outro; a valorizar ações e coisas que garantem o funcionamento harmonioso da vida, individual e coletiva. Essa classificação não só permitiu a Aristóteles elaborar o seu sistema de virtudes éticas e dianoéticas, mas também exerceu forte influência no pensamento teológico dos chamados pais da igreja, durante a Idade Média, sobretudo no desenvolvimento das teses de Agostinho (354430) e Tomás de Aquino (12251274), os quais fizeram acréscimos às virtudes cardeais

socráticas, a partir da análise dos textos do Evangelho. Esses acréscimos foram denominados Virtudes Teologais e se resumem nas seguintes: fé, esperança e caridade. As orientações teológicas católicas e protestantes preservaram as ideias socráticas e platônicas, no sentido de que as virtudes são concessões divinas, revestindoas, porém, de um aspecto sobrenatural, de acordo com este raciocínio: se as virtudes representam uma graça de Deus só podem ser concedidas aos santos, nunca ao ser humano comum. Com o Espiritismo, porém, tudo se aclara, felizmente. Entendemos que somos seres perfectíveis, construtores do próprio destino. A aquisição e desenvolvimento de virtudes são entendidos como necessidade evolutiva do Espírito, um meio para regular os atos humanos, ordenar as paixões e guiar a conduta humana, segundo os preceitos da razão, da moral e da fé. As pessoas virtuosas destacam-se das demais, não porque são especialmente marcadas por Deus, mas porque souberam aproveitar as lições da vida e investiram no aprendizado, moral e intelectual, ao longo das reencarnações e das experiências vividas no plano espiritual, após a morte do corpo físico. Encontram-se muito distantes da santidade, entretanto, revelam-se como Espíritos que “[...] lutaram outrora e triunfaram. Por isso é que os bons sentimentos nenhum esforço lhe custam e suas ações lhes parecem simplíssimas. O bem se lhes tornou um hábito [...]”.

A forma como a Doutrina Espírita caracteriza a virtude e o homem virtuoso está sintetizada na belíssima mensagem do Espírito François-Nicolas-Madeleine, constante em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ditada em Paris, em 1863:A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas enfermidades morais que as desornam e atenuam. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de estadearse. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas. [...] À virtude assim compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos. Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor-próprio, que sempre desadornam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidos complacentes. A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias. Autor: Marta Antunes Moura


O Espiritismo para todos

10

Março de 2014

Espiritualidade: Ódio e Amor Depois da morte, o que tem mais força, o ódio ou o amor? O amor é o sentimento maior, mais poderoso, em qualquer dimensão. De origem divina, está em germe em todos nós e nossa missão é desenvolvê-lo em sua plenitude. Por mais ignorante ou cruel que possa ser um homem, possui ele a essência do amor em seu coração, aguardando o inevitável desabrochar. Aprender a amar, pois, é a razão da nossa vida. O ódio é a revolta daqueles que ainda não conseguem amar. Como a sombra, que é simplesmente a ausência da luz, o ódio é a ausência do amor. Sua origem é puramente humana, fruto do orgulho e do egoísmo, próprios da animalidade que ainda nos domina. Não tem o ódio bases sólidas verdadeiras. É como a construção de um prédio na areia: à medida que se levanta o próprio peso acarreta a sua queda. Carrega, ele, em si mesmo, a espoleta auto-destrutiva. No mundo físico, o ódio parece ter mais força, porque é violento, agressivo, destruidor. O amor, conduto, é mais resistente; consegue suportar

os golpes do ódio, conservandose intacto. Enquanto a eliminação do ódio implica em perda de energia para seu agente, na defesa passiva o amor mais se engrandece. Jesus entregou-se pacificamente aos seus algozes , e o seu amor envolveu a humanidade e perdura no tempo. Gandhi pregou obstinadamente a não violência, e o seu amor converteu-se em libertação e paz para os indianos e exemplo para todos nós. O ódio é apressado e sua ação é imediata, impulsiva, irreflexiva, sem medir as consequências do ato. Um segundo de ódio é capaz de destruir a vida, relacionamentos afetivos ou patrimônios materiais construídos com grande esforço. O amor é paciente; aguarda serenamente que o tempo se encarregue de revelar a verdade, mantendo-se confiante em Deus. Obviamente que tudo isso não pode ser considerado nos restritos limites do presente e da vida material, mas tendo-se em conta que somos espíritos imortais. Ódio e amor são sentimentos da alma. Portanto, acompanham-nos no além

túmulo, pois na espiritualidade continuaremos a manter a nossa individualidade. Ao contato com a nova realidade (a espiritual), muitos espíritos conseguem avaliar infantilidade dos sentimentos mesquinhos que nutriam aqui na Terra, e se transformam. Outros, porém, notadamente quando deixaram a vida vitimados por desafetos, mais exarcebam o seu ódio e a sua revolta, passando a fazer a infelicidade alheia.

A ação desses espíritos inferiores é exercida apenas contra outros de igual natureza e de menor inteligência; ou contra almas de consciência culpada, por isso enfraquecidas. Não conseguem, porém, se impor aos que amam verdadeiramente, àqueles que mantêm em seus corações a fé em Deus e dedicam-se ao amor ao próximo e à conquista da sabedoria. Lá como aqui, as armas

mais eficazes contra o ódio são a prece e o perdão. Ambos são luzes que iluminam a nossa alma, e não há sombra, por mais intensa que seja, capaz de resistir ao menor ponto de luz. O verdadeiro amor, porém, não se contenta em resistir ao mal, mas empreende todos os esforços para convertê-lo ao bem, pois, como disse o Apóstolo Paulo “quem faz o mal é porque não tem visto a Deus”. Donizete Pinheiro

EVOLUÇÃO DO SER VIVIDA NA FORMA DA VIDA

A vida é sempre vida seja qual for a forma através da qual se oculte. Já vivi como pedra, já vivi como planta, já vivi como homem, amanhã viverei como espírito, e, num futuro longínquo cuja época não me é dado precisar, viverei como vivem os anjos, os deuses. Vim do pequeno, caminho para o grande. Meu passado é obscuro, meu futuro é brilhante. Sou imortal, porque um chispa do fogo eterno palpita em mim. A primeira e mais substancial das provas de minha imortalidade está no fato de viver neste momento e saber que vivo. Se vivo agora é porque vivi outrora e viverei sempre. Se noutras épocas tive outro nome, pertenci a outras raças, habitei outros países, falei outros idiomas, que importa? Nesse tempo vivi tão certamente como vivo hoje. O meu ser pensou,

sofreu, gozou, sentiu, amou, tal como faz atualmente. Perdi minha individualidade? Não, porque minha individualidade é o meu ser, o meu “eu”, sede da minha inteligência, da minha razão, da minha consciência e dos meus sentimentos. Perdi, apenas, a personalidade, a forma, a aparência com que então me vesti. Nesta mesma existência, a minha aparência já se transformou, já se modificou consideravelmente. Casos há em que os pais desconhecem os filhos quando ausentes por largo tempo, tais as mudanças operadas em seu físico. Basta que alguém permaneça vinte ou mesmo dez anos separado de nós para que notemos profundas alterações em seu exterior. A vida cada vez se torna mais acentuada, mais positiva, mais viva mesmo, se tal

expressão é permitida. A monera, considerada como a forma mais rudimentar da vida, já traz em si o cunho indelével da imortalidade: ela vive porque viveu, e viverá porque vive. Nada poderá destruir-lhe a essência. A vida é a manifestação da vontade suprema de Deus. Ela

é instável enquanto se apresenta sob aspectos materiais; é eterna quando, ressurgindo da carne, se perpetua no espírito. Negar a imortalidade é negar a própria atualidade. Se eu vivo, como não viverei? Mas a morte? A morte: que é a morte? Se a morte tem poder para me destruir, para me aniquilar, como se explica eu ter morrido muitas vezes e não ter, contudo, sido aniquilado? Dirão os sábios da Terra que deliro? Pois bem, expliquem-me, então, como é que trago e conservo comigo os traços veementes do meu passado? Não são esses mesmos sábios que descobriram e verificaram vestígios da vida animal na vida humana? Que é a Evolução? Em que consiste, como se demonstra, senão pela fisiologia aliada à anatomia comparada? Se é certo, pois, que a vida,

passando pelas várias categorias de que se compõe a larga escala animal – do infusório ao homem -, não foi destruída apesar das incontáveis metamorfoses que suportou, metamorfoses a que denominamos morte, a imortalidade é um dogma incontestável, e a melhor prova que temos a aduzir em seu abono é o fato insofismável de vivermos no momento atual. Tudo o que vive, viveu e viverá. Morrer é passar de um estado a outro, é despir uma forma para revestir outra, subindo sempre de uma escola inferior para outra, imediatamente superior. “Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito.” “Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredindo sempre, tal é a lei”. Livro: Nas Pegadas do Mestre


O Espiritismo para todos

11

Março de 2014

O dogma da redenção humana mediante a efusão do sangue do Cristo, consistindo a sua morte no madeiro o epílogo da missão que lhe fora confiada, carece, como em geral sucede a todos os dogmas, de fundamento. Para demonstrar a assertiva, é bastante comparálo com a realidade, isto é, com o fato de Jesus nos haver dado a sua vida no sentido de consagrá-la à nossa emancipação espiritual, como fazem as mães com relação à criação e educação dos seus filhos. O dogma em apreço prende-se a um sucedimento que se deu há perto de vinte séculos, do qual temos conhecimento através da tradição e dos relatos evangélicos. É um caso pretérito, longínquo, cujo eco histórico logrou chegar até nós. O que se passa, porém, com a realidade da obra messiânica é um feito palpitante e de atualidade em todas as épocas da Humanidade, de vez que podemos senti-lo em nós, percebendo a sua influência em tudo que respeita à nossa evolução espiritual. Não o conhecemos por tradição, literatura escriturística ou testemunho das gerações

passadas; sabemo-lo real e positivo em virtude do poder de transformação que a vida do Cristo está exercendo em nós. Não precisamos violentar a razão para que aceite o que não compreende e creia no que não sente. Não precisamos passar de alto e pela rama por um problema de tanta relevância, podemos enfrentá-lo com desassombro, sujeitando-o ao cadinho do raciocínio e ao calor da meditação. Quanto mais o fizermos, tanto mais e melhor nos identificaremos com a sua realidade, firmando nossas convicções. Nenhuma dúvida haverá mais em nosso espírito criando incompatibilidades entre a razão e a fé, a inteligência e o sentimento. Nossa fé e nosso amor serão luminosos, dardejando rajadas de luz sobre o carreiro do destino que palmilhamos. Não creremos pelo testemunho de terceiros, mas pela nossa experiência pessoal. Abriremos mão das exterioridades, dos ritualismos e das querelas sectaristas que

A Verdade e o Dogma dividem e separam os homens, alimentando zelos e fomentando vaidades. Concentraremos nossa atenção sobre o que se passa, não fora, mas dentro de nós mesmos, no dealbar duma aurora que surge dos arcanos recônditos da nossa alma como energia propulsora do aperfeiçoamento intelectual e moral que em nós se

vai processando. Cuidaremos então da nossa auto-educação, exemplificando, demonstrando em nós próprios, ao vivo, a obra de redenção que pode ser operada em cada indivíduo pelo Cordeiro de Deus, que, dessa maneira, realmente tira o pecado do mundo. É assim que a Verdade,

emancipando-nos do Dogma, prossegue concedendo-nos, paulatina, mas progressivamente, a liberdade a que aspiramos desde todos os tempos sem jamais havê-la encontrado noutra fonte e por qualquer meio ou processo até então empregados. Pedro de Camargo

LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO A liberdade de expressão é importante conquista de nossa civilização. O uso da liberdade deve se fundamentar no respeito, na ética, na responsabilidade, em compromissos institucionais e nos elos da fraternidade. Tais premissas, com base nos ensinos do Cristo e nas obras básicas de Allan Kardec, devem nortear as ações espíritas e ser parâmetro e filtro para as atividades do Movimento Espírita. Este tem “por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade”. Essas reflexões são oportunas para a análise de alguns episódios – incoerentes com os princípios doutrinários do Espiritismo e até de adequado relacionamento

entre pessoas e instituições -, que têm se concretizado em textos publicados ou com circulação pela Internet, bem como uma certa desconsideração à privacidade pessoal e espiritual de pioneiros e de líderes espíritas. Sem qualquer ideia de controle, mas de apelo ao “bom senso e à razão”, o momento é sugestivo para se aprofundar no processo educativo do Espírito. O estudo, o bom senso, o intercâmbio entre pessoas e instituições, o compromisso com trabalhos doutrinários e de elaboração coletiva, e a fidelidade à Doutrina Espírita são antídotos naturais às opiniões e ações personalistas. Recomendações e comentários de valor

reconhecido podem ser destacados, desde Paulo de Tarso: “Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?”, até o Codificador: “Um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade”. O verdadeiro sentido da palavra caridade, explicitado na questão 886 de O Livro dos Espíritos , deve ser a proposta para o interrelacionamento pessoal e institucional e, acima de tudo, para os compromissos com os quais nos irmanamos: “[...] o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação”. Antonio Cesar Perri de Carvalho


O Espiritismo para todos

12

Março de 2014

NO SERVIÇO DO BEM Ninguém alcança felicidade sem o trabalho de realizar a felicidade do próximo. O trabalho pode acumular todos os benefícios e facilidades imagináveis, porém, se não auxiliar o seu semelhante, não terá paz. O apóstolo Paulo compreendeu muito bem que o serviço no bem em favor do próximo é a base para a felicidade do homem, por isso asseverou que podemos tudo possuir e tudo saber, porém, se não existir caridade, nada somos. Allan Kardec, o insigne codificador da Doutrina Espírita, aponta o devotamento ao próximo como recurso indispensável para a felicidade do homem, afirmando: “Fora da caridade não há salvação”. Cumpre-nos observar que, se a caridade é fator indispensável para a felicidade humana, ela está, porém, ao alcance de todos. Podem realizá-la tanto o rico quanto o pobre, o sábio e o ignorante, a criança e o idoso. Desse modo, a senectude não é impedimento para o

serviço de auxílio ao próximo e o idoso deve esforçar-se por empreendê-lo. Jamais deve crer-se impossibilitado de ser útil às pessoas, porque qualquer criatura, em qualquer condição, sempre tem algo de si a oferecer. Não desvalorizará a si mesmo dizendo: – “Quem sou eu para ajudar?… O que tenho para oferecer?…” Lembre-se de que é filho de Deus, que pode e deve auxiliar os semelhantes e que possui um grande tesouro a ofertar: a experiência. Conta-se que João, o evangelista, em idade bastante avançada, apesar das inúmeras dificuldades e limitações, jamais deixou de atender aos irmãos necessitados. Quando já bastante debilitado, não se entregou à inércia, ofertando aos que buscavam as palavras de bom ânimo e esperança. Assim, não afirme: – “Estou velho”. Guarde jovialidade e recorde que apenas o corpo físico está desgastado pelo tempo, porém o espírito é jovem. Atenda, pois, ao dever da

Vida em Sociedade Deus fez o homem para viver em sociedade, portanto a vida de isolamento é contrária à Lei Natural.

É bem verdade que o progresso e a civilização criaram as grandes cidades, intensificando a vida em sociedade. Entretanto quantas criaturas que, embora vivam em grandes metrópoles, cercados de pessoas por todos os lados, não permanecem distantes delas!… Para que o homem progrida e plenifique-se, torna-se indispensável a vida em sociedade. O idoso, conquanto sinta algumas limitações impostas pelo desgaste do corpo físico, jamais deve se isolar das pessoas. Envelhecer não significa estar impossibilitado para a convivência com as pessoas. O indivíduo que alcançou a Te r c e i r a I d a d e d e v e permanecer ativo na vida em sociedade. Presente na intimidade familiar e igualmente presente nos relacionamentos sociais. Mesmo quando as limitações se acentuarem, os familiares devem auxiliar o idoso, acompanhando-o no lazer, a um passeio, uma visita fraterna, um concerto musical, etc…

A companhia dos familiares deve ser conquistada por parte do idoso, através de sua solicitude, simpatia e carinho para com os seus. Muitas vezes, no seio das famílias o idoso permanece em verdadeiro abandono, totalmente esquecido. Falta-lhe disposição para conquistar os companheiros da prole e, por isso mesmo, decide-se pela reclusão, com o propósito de não causar aborrecimento.Dentro desse clima, crê-se rejeitado, admitindo estar atrapalhando a vida dos demais. Por outro lado, os familiares, insensíveis às lutas da senectude, tendem para a postura mais fácil e cômoda, afirmando: -”Ele não tem mais idade para isso”. Compreendamos que, em qualquer idade, o homem precisa da vida em sociedade. É, sem dúvida alguma, no relacionamento com as pessoas que o ser alimenta afetivamente e se estimula a viver. Que os jovens auxiliem os idosos a conviver com a sociedade, recordando que amanhã eles mesmos estarão em idêntica condição.

fraternidade. Oferte um sorriso à criança. Oriente o jovem. Visite um enfermo. Espalhe alegrias em benefício de todos. Cultive esperança.

Confeccione um agasalho ou um singelo brinquedo para uma criança carente. Colabore em uma entidade assistencial. Seja útil. Recordemos o pensamento do Amigo de Assis: “…é

dando que se recebe”. E quem dá do pouco que possui sempre recebe do muito que a Providência Divina tem a oferecer. Pelo Espírito: Antônio Carlos Tonini

Pelo Espírito: Irmão X - Psicografado por: Luís Antônio Ferraz


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.