COLÔNIA LEOPOLDINA - AL: A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

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COLÔNIA LEOPOLDINA - AL A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”



José Francisco de Melo Neto (org.) Anaína Clara de Melo Carlos Bonifácio Brito de Melo João José de Melo Junior José Fabiano Correia de Menezes Josiana de Morais Melo Maria José da Silva Suana Guarani de Melo Wilson Francisco de Melo

COLÔNIA LEOPOLDINA - AL A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

COLÔNIA LEOPOLDINA 2019



LISTA DE FIGURAS Foto 1 - Fazenda Marvano (Jacuípe/AL) Foto 2 - Homenagem aos Cabanos, em Maragogi/AL Foto 3 - Sítio das Cinzas, três km a leste de Colônia (2014) Foto 4 - I ENCONTRO DOS MELO “LOLÓ” - COLÔNIA LEOPOLDINA/ALAGOAS – JANEIRO - 2018.



AGRADECIMENTOS Os agradecimentos vão aos “Loló”, todos e todas, por terem possibilitado este registro, a partir de suas presenças, aqui, em terras do polígono da guerra cabana. Em especial, vão agradecimentos a Ana Lúcia Queiroga e Maria Menezes, pelas revisões e informações. Sem estas mesmas, não poderia haver livro algum.



DEDICATÓRIA Às famílias trabalhadoras da região da mata sul das Alagoas que arrancam o seu sustento da doçura do açúcar e de seu fel, expresso pelas injustiças do lugar, buscando a sua cidadania. Dedica-se, mais especialmente, às “Loló” mais idosas: Isaura Melo e Regina Melo



A P RE S E N TA ÇÃO Este texto expressa, tão somente, um desejo de registro daqueles/as que fazem a família Melo, conhecida também, sobretudo em tempos anteriores, de “Loló”, aqui em terras da cidade de Colônia Leopoldina, no Estado de Alagoas. É um livro produzido com várias mãos. Mãos “Loló”. A pretensão é revelar a sua presença nessa cidade, acolhedora dos “Loló”, que nos idos de 1910 – 1920, chegaram a essas terras alagoanas, oriundos do município de Panelas, do Estado vizinho de Pernambuco. Neste livro, o leitor poderá conhecer melhor as suas razões. Também apontará a forma de organização da família, destacando, de antemão, que não apresenta qualquer característica especial dos processos organizativos das demais famílias da região, sem tradição econômica ou nobiliárquica. Os “Loló” são uma família como outra qualquer, com suas virtudes e suas debilidades. Serão expostas as suas principais atividades no campo da economia, bem como a contribuição ao lugar. Uma família, marcadamente de trabalhadores e trabalhadoras. Também estarão presentes aquelas figuras principais que firmaram o tronco da família, em Colônia e imediações, considerando que a cidade de Panelas, em Pernambuco, apresenta-se como berço dos antepassados. Hoje, eles estão espalhados por todo o país, particularmente em Pernambuco, Alagoas,


Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, com presença também no exterior – na Noruega e Argentina, Enumeram-se todos aqueles/as que podem e desejam ser considerados/as os novos “Loló”. Nessa lista, será apresentado um conjunto de nomes da família, incompleto e imperfeito. Mas, se foi você, um loló, que ficou de fora desta tentativa de catalogar todos/as, não se aborreça, pois são as limitações familiares mesmas. Entenda que você mantém o seu lugar na família. Dessa forma, espera-se que o texto se configure como um registro daqueles tidos por “Loló”, sobretudo, em uma região carente de registros, em todos os aspectos da vida, perdendo-se a historiografia daqueles que lutaram e continuam a viver nesse espaço geográfico. Assim, este trabalho está inconcluso, faltando nomes da família. Todavia, destaca-se que os registros e observações presentes são de inteira responsabilidade dos autores, claro, mas só foram assumidos após a consulta a outros da família, com mais idade, para confirmação ou não de possíveis outras versões. O desejo do conhecimento em sua totalidade dessas vidas sempre padecerá, certamente, devido a essa incompletude. A contribuição desse grupo de autores à família “Loló” foi dada e que se preste de inspiração para que no futuro outros possam ainda melhor apresentá-la. E para os autores/as, todos “Loló”, é uma honra poder apresentar este livro a toda família e ao leitor interessado. Colônia Leopoldina, primavera de 2018. Os/as autores/as


S U M Á RI O

INTRODUÇÃO............................................................................................ 15 ATIVIDADES PRINCIPAIS DESENVOLVIDAS NAS NOVAS TERRAS. ..........................................................................................................................21 Contribuições à cidade .........................................................................21 Cultura letrada.........................................................................................24 Dificuldades .............................................................................................25 Relações familiares..................................................................................27 Relações político-partidárias................................................................29 MEMBROS-CHAVE DOS MELO “LOLÓ”..............................................33 MOMENTOS MARCANTES NA VIDA DOS “LOLÓ”........................67 NOVOS “LOLÓ”.......................................................................................... 71 CONSIDERAÇÕES...................................................................................... 85 ANEXOS:........................................................................................................91 ANEXO 1- Entrevista com Regina Melo...........................................93 ANEXO 2 - Entrevista com Isaura Melo.........................................103



I N T RO D U ÇÃ O Vive-se em uma região, o Vale do Rio Jacuípe, que faz parte do Polígono da Guerra dos Cabanos1, 1832 a 1835. Uma região comandada por vários guerreiros, remanescentes da Revolução Pernambucana de 1817, e da Confederação do Equador de 1824, ocorridas nas cercanias de Recife, lutaram pela independência da capitania de Pernambuco e pela volta de D. Pedro I, de Portugal. Não se pode esquecer que no palco da guerra cabana tombaram em torno de 25 mil vidas. Os cabanos eram constituídos de escravos, negros, pardos, caboclos, índios e brancos pobres que lutaram por liberdade e desejo de morar nas matas. Vários participantes dessa Guerra vieram se estabelecer por essas bandas do Rio Jacuípe, até então, Capitania de Pernambuco, Região da Mata Sul, tornando-se Zona da Mata Norte do atual Estado de Alagoas. Aqueles guerreiros reconstruíram novos desejos libertários a partir da atual cidade de Panelas/PE, passando pelo Vale do Rio Jacuípe, pelas terras da atual cidade de Colônia Leopoldina/AL, à época inexistente, pela cidade de Jacuípe, atingindo o litoral de Maragogi, em Alagoas. Aquelas gentes, nessas terras de engenhos de cana, lutaram por 1  Ressalta-se que a Guerra dos Cabanos citada, não se refere à Revolta Regencial da Cabanagem, ocorrida no Pará.


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suas próprias liberdades, estando hoje, homenageadas nessa cidade, em uma praça com os nomes dos líderes principais. Um dos comandantes da Guerra dos Cabanos, o Vicente Ferreira de Paula, estabelecera-se nas terras do Engenho de Riacho do Mato (também conhecido como a Viúva), vizinho a atual cidade de Colônia Leopoldina. Vencida a guerra por parte do exército imperial com um contingente de 4.000 (quatro mil) soldados, instalara-se uma Colônia Militar, nos idos de 1851, com a finalidade de manter a região em paz contra esses tipos de “aventureiros ou bandoleiros”, como foram considerados pela visão dominante do Império. Essa colônia tornar-se-ia o ponto de partida para a cidade de Colônia Leopoldina.

Foto 1 - Fazenda Marvano (Jacuípe/AL) 2 2  Nesta fazenda Marvano, na cidade de Jacuípe/AL, no Estado de Alagoas, está enterrado Vicente Ferreira de Paula, um dos líderes da Revolução Cabana, após o retorno de sua prisão da Ilha de Fernando de Noronha/ PE.


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Das terras de Panelas, menos de 100 anos depois dessa guerra3, por questões pouco explicadas, mas “se desconfia” que por contendas pessoais basicamente ou litígios de terras, os “Loló” buscaram sobrevivência inicialmente na Serra do Vento, em União dos Palmares, em seguida, no município de Colônia Leopoldina.

Foto 2 - Homenagem aos Cabanos, em Maragogi/AL.

Uma das figuras marcantes da Família “Loló”, José Francisco de Melo, o “Zuza Loló”, juntamente com sua esposa Pulcina Maria da Conceição, deslocaram-se com irmãos, sobrinhos, noras e cunhados, para Colônia. Estabeleceram-se nas terras denominadas de Sítio das Cinzas, a três quilômetros ao Leste da cidade, com divisas para o então Engenho Porto Alegre, outrora um importante povoado, e que viera dar nome à atual Destilaria Porto Alegre. 3  Os tetravós dos autores e autoras, certamente, viveram no período da Guerra dos Cabanos, na Cidade de Panelas de Miranda, atualmente apenas Panelas. Desconhecidos são os seus papéis nesse acontecimento.


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A vinda dos “Loló”, de Panelas, fora definitiva. Alguns permaneceram porém, pouca ou nenhuma notícia se tem, desde então.

Foto 3 - Sítio das Cinzas, três km a leste de Colônia (2014).

Acostumados a uma região com geografia árida e cultura definida pela profunda ausência de chuvas, a vida passara a ser vivida em uma região de muita abundância de água, a Zona da Mata. Viveram em uma pequena propriedade suficiente para assegurar a sobrevivência dos seus filhos/as e dos novos que ali nasceram. Assim, é que o registro da vida dos “Loló”, na região de Colônia, não tem, em si mesma, qualquer glamour ou característica de epopeia. É um registro de uma família comum que precisou “arribar” para outras plagas e assegurar as suas próprias


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sobrevivências. E, assim, foram vivendo, sempre como trabalhadores e trabalhadoras. Na região, raros são os registros dos fatos históricos. Isto por um costume de não ser feito, certamente devido ao grande número de analfabetos no Vale do Jacuípe. Mesmo hoje, esse número ultrapassa a média alagoana que já é alta. Uma região que não costuma fazer registro histórico das ações humanas por ali ocorridas, também esquece a sua memória. Ora, um povo sem memória é um povo sem história. Mas, não há apenas um motivo forte como a “pouca leitura” da população. A outra razão pousa nos braços dos poderes dominantes, que sempre insistiram para que essas histórias de resistências e de buscas por liberdade da classe trabalhadora nunca fossem contadas, e, muito menos repicadas. Uma historiografia que sempre exaltava a visão das classes dirigentes, a elite econômica do momento. Uma região que mantém ainda hoje expressiva distância do exercício da cidadania. Esta escrita da presença dos “Loló” na região promove, também, o desejo de que tudo precisa vir à tona. Toda história precisa ser contada, registrada e mantida na memória das pessoas. O desejo é que, pouco a pouco, as coisas do lugar sejam armazenadas; organizadas para a memória; guardadas para que seja construída a história do lugar, sendo este registro um momento de contribuição à escritura historiográfica da região. Os “Loló” foram se constituindo e fortalecendo em Colônia, a partir do casal Zuza “Loló” e Pulcina, bem como dos outros parentes como Joaquim, Dinha e João Loló (irmãos de Zuza) e Juvenal (irmão de Pulcina). Já os outros irmãos Manoel


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(Baié) 4, Lídia e Nêgo permaneceram na região de Serra do Vento (União dos Palmares/AL), estes sem qualquer notícia. Formaram juntos uma família grande, mas, esta era a cultura da época. Afinal, as taxas da mortalidade infantil sempre foram muito altas em toda a região. Neste livro, será dada ênfase ao grupo dos “Loló”, que esteve no entorno do casal Zuza “Loló” e Pulcina, deixando de lado outro grupo em Panelas ou em outros lugares, porventura ainda existentes.

4  Destes irmãos de Zuza Loló, não houve mais notícias.


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AT I V I DA DE S P RI N C I PAI S DE S E N VO LV I DAS N A S N OVA S T E RRAS As dificuldades de adaptação de uma vida em região árida para outra com água abundante não foram pequenas. Era preciso aprender um novo jeito de plantio com outros produtos pouco conhecidos, bem como o ciclo da água. Se antes, viviamse tempos de seca na região do agreste/semiárido de Panelas, em Colônia, um grande riacho permanente corria por trás da casa onde moravam. Se lá, as chuvas eram muito escassas, aqui, as águas corriam em suas terras, durante todos os meses do ano. As dificuldades passaram também à aprendizagem de uma nova cultura agrícola. Lá, dominava a pequena agricultura de subexistência, aqui, era praticamente a cana. Os “Loló”, inicialmente, nunca foram dados ao cultivo da cana. Mantiveramse na agricultura básica, plantando inhame, batata, fumo, café, banana, muitas fruteiras na propriedade, animais como galinha, cabras, bodes, poucas cabeças de gado, de onde vinha o sustento pelo leite. Do que produziam, muito pouco era levado para o comércio local.


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Contribuições à cidade Nos dias de domingos, o lazer era ir à feira, comprar os poucos mantimentos dos quais tinham necessidades, destacando o bacalhau em barrica de madeira e a carne de charque, em sacos de estopas. Às vezes, havia uma visita à Igreja Católica, porém não se constituía como uma atividade regular de fé. Assim, foram vivendo boa parte de suas vidas até se deslocarem para morar na cidade, na Usina Santa Tereza/PE ou em Caruaru/PE. A família crescia, e o sítio já não lhes cabia mais. A terra era diminuta. A participação na vida da região estava restrita aos afazeres e às lidas da agricultura. Conhecedores do cultivo da banana, definiram-no quase como produto principal. Com a banana, alguns passaram a contribuir decididamente para a economia local. A partir da década de 1950, passaram a atuar na plantação da cana, criando algum gado e algum animal para transporte de cargas. Posteriormente, avançaram para outras atividades no campo do comércio, no ramo dos calçados e vestimentas, Zé Loló e Chico Loló (filhos de Zuza Loló e Pulcina), principalmente. Neste ramo de atividade, sapatos e vestimentas chegaram a colocar bancos na feira e possuir lojas na cidade. Também, nos serviços de segurança, atividades de Manezinho Loló e João Zuza Loló (filhos de Zuza Loló e Pulcina), além da agricultura, nas Usinas Santa Tereza/PE e na Usina Taquara/AL. Outros passaram a atuar no pequeno comércio do artesanato, especialmente no setor de cestas e urupembas a exemplo de Sebastião (filho


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de João Loló e Maria Pequena). Tudo isto, pois a terra era pouca para atender as demandas dos vários filhos/as. Mas, um “Loló”, (filho de Chico Loló), conhecido por José Francisco de Melo Neto (Zé de Melo), galgara os mais altos títulos acadêmicos, com titulação de graduado em Química e em Filosofia, com Especialização em Físico-Química, Mestrado em Educação pela Universidade de Brasília (UnB), Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Pós-Doutorado em Educação, pela Universidade de São Paulo (USP). Este, após anos fora de Colônia e mesmo com poucos retornos à cidade. E em 1982, para a pesquisa de sua dissertação de mestrado, passou a residir em Colônia, quando também ajudou a criar o Partido dos Trabalhadores (PT), no Estado de Alagoas, desfiliando-se em 2006, em João Pessoa. Zé de Melo contribuiu para a criação da Academia de Cultura de Colônia Leopoldina (ACCL), sendo seu primeiro Presidente, em 2015. Também organizou toda a produção de doze livros sobre a cidade de Colônia, em forma de coletânea, distribuindo-a nas escolas da cidade. Igualmente participou da criação do Movimento Colônia e Cidadania (MCC), em 2008. Promoveu várias exposições desses livros, em “banneres”, sobretudo passando temporada nas escolas, tanto da cidade como aquelas das duas usinas, em especial a I Exposição de livros sobre Colônia, num total de doze. Até o ano de 2018, escreveu e participou da produção de outros cinco livros sobre a cidade, a educação, o meio ambiente, a cultura, a política local, a


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organização dos setores populares, por intermédio dos quais se retratou as relações sociais no ambiente leopoldinense1. Zé de Melo, a convite do Prefeito, em 2017, chegou a trabalhar na Secretaria de Educação Municipal, como assessor, orientando por oito meses o planejamento da educação local e da Escola Alfredo de Paula Cavalcanti, desvinculando-se dessa função, por desejo próprio, quando não mais sentiu motivação para continuar o seu trabalho, agradecendo o convite ao Edil. No campo da educação, vários “Loló” profissionalizaram-se no Magistério, atuando hoje, no município e em outros estados. Certamente, estas são as principais contribuições ao lugar. Já os mais novos “Loló” começaram a ampliar o leque de suas profissões e se espalharam pelo país.

Cultura letrada O que existia era uma profunda ausência de escolas por toda a região. Uma escola pública, Aristeu de Andrade, fora instalada só na década de 1930, com difícil acesso a toda comunidade da região. O conhecimento das letras era algo muito distante. Saber ler e pouco escrever foram conquistas autodidatas daquele agrupamento humano “Loló”. Em síntese: não tiveram acesso à escola como se é possível nos tempos atuais. Alguns chegaram a

1  Toda a sua produção acadêmica encontra-se em várias bibliotecas do país, inclusive, na Biblioteca Municipal de Colônia Leopoldina/AL.


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aprender a escrever seu nome, ler e escrever um bilhete, por seus próprios esforços ou interesses. A família de Zuza Loló e Pulcina aumentada, os filhos/ as tornaram-se jovens, rapazes, moças, homens e mulheres: José Francisco de Melo Filho (Zé Loló), o mais velho; Francisco José de Melo (Chico Loló), João Francisco de Melo (João Zuza Loló); Manoel Francisco de Melo (Manezinho Loló); Etelvina; Regina; Maliu; Isaura e Amara (Nenem). Todos filhos e filhas do casal Zuza Loló e Pulcina. O casal Juvenal Loló (irmão de Pulcina Loló) com Marcionila gerou Maria, que tiveram dois filhos, Cícero e Sebastião. O casal João Loló e Maria Pequena gerou José Loló (Zé Penca), Sebastião Loló (artesão), Maria do Carmo e Valdemar. O casal Joaquim Loló e Josefa (Zefinha) gerou Terezinha, Nete e Irineu. Dinha casou 3 vezes e não teve filho, e, Baié (Manoel, irmão de Zuza Loló), Lídia e Nêgo são menos conhecidos. Não se sabe de atividades desses três últimos. E, na década de 1950, inicia-se a composição de uma nova geração de “Loló” – os netos e netas dos casais “Loló” mais velhos. A maior contribuição à Cultura letrada ocorreu com os “Loló” mais novos, a partir de um dos netos do Zuza Loló, Zé de Melo e filho de Chico Loló, já descrito anteriormente e que doou grande parte de seu acervo de livros à Biblioteca Municipal da cidade, chegando a 2.000 (dois mil livros), apostando no estudo das gerações futuras da cidade e da região.


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Dificuldades Quase ausente da cultura letrada, isto conduziu para grandes dificuldades de sobrevivência desde aqueles tempos mais remotos. A pouca ou quase nenhuma leitura levou os “Loló” a cuidarem de suas vidas, mas, como se sabe, com profundas dificuldades financeiras. Isto sempre marcou toda a família. Raros foram os que conseguiram se estabelecer em algum emprego fixo, em trabalhos de servidores públicos, seja em nível municipal, estadual ou federal. A exceção fora, Zé de Melo, filho do Chico que foi professor e pesquisador de Faculdade privada no Rio de Janeiro, da Rede de Educação do Estado da Paraíba, da Universidade Estadual da Paraíba e da Universidade Federal da Paraíba, onde se aposentou. A luta pela vida, a cada minuto, marcou o desenvolvimento das potencialidades da família “Loló”. Só agora, vale ressaltar que as novas gerações vêm conseguindo quebrar, pouco a pouco, essa barreira das letras e de formação acadêmica. As suas dificuldades estavam definidas pelas próprias atividades que praticavam. João Zuza direcionou-se para o campo da Segurança, como já dito, na Usina Santa Tereza/PE, onde lá criou uma família. Posteriormente, conduziu o seu irmão mais novo Manezinho que também abarcou o mesmo ramo, na Usina de Santa Tereza e, tempos depois, de Usina Taquara/AL. Gozaram dos benefícios da profissão, mas em região de mando da usinagem, sofreram com as contradições trazidas por serem seguranças de usinas e usineiros. Em razão desse trabalho,


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envolveram-se em processos criminais, por agressão a moradores. Um vigia, nome dado aos da área de segurança de usina, em terras outrora da escravidão, padeceria também das relações autoritárias naquele ambiente, enveredando, por vezes, para relações violentas. Mesmo aqueles que se voltaram ao ramo do comércio, com pequeno comércio, também passaram a padecer das agruras dos impostos que antes nem existiam. A implantação de postos de coleta pelo Estado também levou Chico Loló a desistir da vida de comerciante. A sua alegação era de que “não era bonito para um homem estar fugindo dos postos de fiscalização, pelas matas, para evitar a cobrança de imposto”. Ele e os demais irmãos e irmãs, definitivamente, passaram a viver da agricultura.

Relações familiares As relações em seus casamentos aparentavam “tranquilidade”. Sabe-se, todavia, que nunca foram relações cem por cento e as mulheres padeciam das formas autoritárias e machistas de vários “Loló”. Alguns mantiveram seus casamentos até que – a morte os separassem, como diz o regulamento cristão. Outros tiveram de fazer novas escolhas, expressando, agressões com as suas mulheres parceiras. A educação familiar dos “Loló” teve a marca da educação de seu tempo. Sempre foi uma educação machista e, sobretudo, profundamente autoritária. Em muitos casos, permeada de muito preconceito étnico, por parte de vários, mesmo que sua


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composição de cor fosse, em sua grande maioria pardos, poucos pretos e menos ainda brancos. Também sempre se disse que os membros da família “Loló” tinham um “gênio forte”, isto é, temperamental, “metidos a brabos”, e, às vezes, perdiam o controle de si mesmos. Enfim, um algo vindo de suas próprias emoções e sem o controle necessário pela razão. De uma outra forma: brabeza, mas sem valentia. Pais “Loló” chegaram a expulsar filhas/os de sua própria casa, gerando, assim, abandono e desconforto, além do aumento de dificuldades em suas vidas, lançados à própria sorte. Casamentos ocorreram, mas, pela não aprovação de irmãos, os casados foram tratados como estranhos na própria família. Filhos ou filhas de “Loló” chegaram a abandonar suas casas, pai e mãe, sem nunca mais retornarem, devido a agressões sofridas. Em suas relações familiares, a comemoração de algo como aniversário ou qualquer outra data importante, eram fatos sem qualquer importância. Ora, mas isto era muito comum em todas as classes menos favorecidas, das quais também os “Loló” são originários. O machismo e o autoritarismo sempre foram marcas da cultura da região e do país. São expressões culturais que não eram específicas dos “Loló”, e sim, determinações do próprio momento histórico em que viveram. Cultura que ainda insiste em permanecer mesmo que haja um combate sistemático. Estes comportamentos, por sua vez, nunca foram seguidos por seus filhos e netos. Essas incompreensões parecem estar


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sendo superadas pelas novas gerações. Atualmente, isto mostra um avanço, do ponto de vista social, em suas relações, por parte de todos. Os “Loló” evoluem por caminhos mais civilizatórios.

Relações político-partidárias A participação política da família “Loló” sempre foi muito limitada, diante de suas condições socioeconômicas. Na política, são importantes, para se obter sucessos eleitorais, a tradição da família (que atue em algum grupo político ou se constitua a si mesmo como um grupo) ou o forte aporte financeiro. No caso, a família nunca atuou como um bloco, contribuindo apenas com outros agrupamentos político-partidários existentes, sem qualquer nível organizacional. A falta de tradição e de aporte financeiro conduziu a não organização político-partidária. Um dos grandes desafios é a conquista de sua autonomia financeira. Isto é algo muito difícil de conquistar por qualquer membro das classes trabalhadoras. A autonomia financeira é quase o exercício de cidadania, assim como, a atuação no seleto campo da política partidária. Os “Loló” têm origem nas classes trabalhadoras, no setor específico daqueles vindos da Zona Rural, certamente, produtos das lutas originárias cabanas. Contudo, alguns da família tiveram alguma participação na vida política do lugar. Particularmente Zé Loló, que nessa questão, assegurava maior presença nas campanhas de Alfredo de Paula e, em especial, na campanha política de Zequinha, ambos ex-prefeitos falecidos da cidade de Colônia Leopoldina. Zé Loló estivera voltado às campanhas do usineiro Zé Lessa, tendo


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sido um pequeno plantador de cana para a Usina Taquara. Já Chico Loló, sempre muito atento às políticas partidárias, garantia para si uma certa neutralidade nos embates eleitorais, contudo, contraditoriamente, expressara sua opção às políticas do usineiro Zé Lessa. Como se vê, os “Loló” estiveram participando com alguma discrição, mas com suas opções claras e bem definidas. Neste caso, uma escolha pelos setores dominantes do lugar. Convém destacar ser difícil não ter sido dessa maneira, alinhados aos setores dominantes da política, haja vista a prática nacional do coronelismo e clientelismo, sendo essas, ainda mais afloradas nas áreas rurais, em especial, no Nordeste do Brasil. Hoje, apesar de algumas mudanças, ainda persistem de forma forte na região. As mulheres “Loló” nunca tiveram participação pública nos momentos eleitorais decisivos na Prefeitura da cidade. Não tiveram qualquer tipo de projeção nesse campo, bem como, os homens. Apenas, Nuta, mulher de Zé Loló mantivera uma atuação diferenciada das demais mulheres e esposas de “Loló”. Destaque-se que era esposa de Zé Loló e envolvia-se por motivos comerciais. As eleições eram momentos de aumento da venda de seus produtos, oriundos da cidade de Caruaru. Os “Loló”, quando participaram de processos eleitorais, sempre estiveram em função de amigos como os compadres dos irmãos Zé e Chico – Zé Duda e Zé Brasilino, respectivamente, e, do vizinho, Geo Emídio. Em síntese, os “Loló” nunca tiveram uma representação própria na Câmara de Vereadores ou em outros importantes cargos públicos.


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No campo político, a participação do Zé de Melo no Partido dos Trabalhadores foi sempre mal vista, particularmente por Zé Loló que entendia este partido como algo muito estranho, exótico, e uma agressão à política local. Mesmo envolvido com a política partidária, Zé de Melo nunca colocara seu nome para processos de disputas eleitorais, na cidade de Colônia Leopoldina. Após a morte de seus pais Chico Loló e Dorinha, a casa destes passou a chamar-se Casa Dorinha e Chico Loló, situada na rua Pe. Francisco. Vem se transformando em um ambiente de debates e discussões, com programação anual, sobre questões da cidade, sendo um esforço educativo para a cidadania. É necessário destacar que na vida política, se pouca participação tem havido na cidade de Colônia, por outro lado, Geraldinho, filho de Maria e Geraldo, nesta última campanha de 2018, concorreu para Deputado Federal, na cidade do Rio de Janeiro, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), com votação pouco expressiva.


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M E M B RO S - CH AV E D O S M E L O “ L O LÓ” Nome do casal: JUVENAL LOLÓ E MARCIONILA DA CONCEIÇÃO Filhos e filhas: Maria e Antônio FILHOS/AS Cícero

Maria

Sebastião Antônio

NETOS/AS Andréia Simeão ... (não se tem informações)

BISNETOS/AS

(necessidade específica)

Nome do casal: JOÃO LOLÓ E MARIA PEQUENA Filhos e filhas: José “Loló”, Sebastião, Maria do Carmo (Maria miúda) e Valdemar. José “Loló” (penca)

FILHOS/AS Cícera Antônio Bel (Andréia)

NETOS/AS

BISNETOS/AS


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Sebastião

FILHOS/AS Socorro José João Tiago Maria José Leonardo Marlene Luiz

Maria do Carmo (Miúda)

Valdemar

NETOS/AS

Henrique Ricardo Rivaldo Rodrigo David Cícero

Ilza

Marcos Sandra

Marly

Anderly Anderlane Ana Paula

Regis Alcione Neide Deminha

BISNETOS/AS

Evelyn Franciele Eduarda Alice Álisson

Ana Lúcia


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Nome do casal: JOAQUIM “LOLÓ” E JOSEFA (Zefinha) Filhos e filhas: Terezinha, Nete e Irineu FILHOS/AS

NETOS/AS

BISNETOS/AS

Terezinha Nete Irineu

MANOEL (Baié) Filhos e filhas: Baié se casou. Sua esposa deu a luz a crianças siamesas, falecendo a mulher e as duas crianças nesse parto. Permaneceu na Serra do Vento, nas proximidades de União dos Palmares/, sobre o qual não se teve contatos e nem informações posteriores. Nome do casal: JOSÉ FRANCISCO DE MELO (Zuza Loló) e PULCINA MARIA DA CONCEIÇÃO Filhos e filhas: Etelvina, Chico Loló, Amara (neném), Maliu, Isaura, Regina, Manoel (Manezinho), João Zuza e Zé Loló


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Nome do casal: ETELVINA E ANTONIO LAURENTINO Filhos e filhas: Maria, Socorro

Geraldo (esposo) e Maria (filha de Etelvina)1

Socorro (irmã de Maria e Severino) e Agildo (filho)

Severino (Filho de Etelvina) e Célia 1 Os nomes nas fotos devem ser lidos da esquerda para a direita


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FILHOS/AS Sebastiana

NETOS/AS Geraldo Gilson Fabiano

Maria Sérgio

Sérgio ETELVINA

Severino Sueli

Amagildo

Socorro

Adriana Agildo (neno) Ângela Anderléia

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BISNETOS/AS

Beatriz Emanuel Rafaela Vitória Rafael Fernanda Clara Antônio Fábio (piuzinho) Antônio..... João Pedro Júlia Anderson Amagildo Junior Adriano Tainara Taís Edgar Maíra Leopoldo Géssica


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Rafaela

Sérgio e Suely (irmãos)

Geraldo (filho de Maria)

Amagildo (Neno)

Suely e João Pedro

Sérgio (filho de Maria)

Edgard

Wilson


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Zé de Melo, Maria Menezes e Severino

Rafael

Edgard e Angela (fundo)

Beatriz

Gilson

Fabiano, Emanuel, Fernanda


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Amรกbily

Fabiano, Emanoel e Isabella

Phietro

Neno, Geraldinho e Adriano


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Nome do casal: CHICO LOLÓ E DÓRINHA Filhos e filhas: Zé de Melo, Paulo de Melo, Francisco Melo, Maria José (Marilu), Josefa (finha), Fátima (Nego), Cícera (Rui), Cristiana e Valéria (Leo).

Chico Loló

Dórinha (Doralice)

Dórinha na Web (2013)


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FILHOS/AS

NETOS/AS

BISNETOS/AS

Anaina

Iago

Guerreiro Zé de Melo (José Livia Francisco de Lucas Melo Neto) Suana Maria José (Marilu)

Alexsander

Elisa Laís

Edenilson Etiene Kaique

José Paulo

Luciana

Maria Eduarda David Lucas

Josefa Maria (Finha)

CHICO “LOLÓ” (Francisco José Francisca Maria de Melo) (Chica)

Carlos Alberto (Beto)

Beatriz

André

Mateus

Andréia

Cesar

Luana

Tainar Andreza

Tâmara Talita

Cristiana

Davi

Cícera (Rui) Valéria

Denis Lucas Marcelo

Francisco José (Chiquinho)

Bruno Yane Laura Filipe

Fátima (Nêgo)

Vivia Cinthya

Laura


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

Lívia

Academia

Elisa e Laís (filhas de Suana)

Zé de Melo e Ana (esposa)

43

Chica, Finha e Nêgo

Dorinha e Chiquinho

Homenagem ao Zé de Melo, em desfile

Finha e Beto

Lais, Iago e Elisa (netos de Zé de Melo)

Cristiana, Davi,Valéria (Léo), Cícera(Rui), Denise

Paulo e Esposa

Alexsander (filho de Guerreiro)


COLÔNIA LEOPOLDINA - AL

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Valéria (Léo)

Maria José (Marilu) e Etiene

Vivia

Marcelo e Bruno

Marilu e Edenilson (Novo)

Guerreiro, Fátima, Davi, Lucas(em pé), Rui, Cristiana, Zé de Melo, Filipe, Finha e Marilu (em São Paulo)

Cícera (Rui), Denis e esposa

Vivia, Filipe e Cinthya

Yane e Laura (Filhas de Chiquinho)


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

Chiquinho, Filipe, Lucas, David, Marcelo e Cristiana

Andréia

Zé de Melo e lançamento de seu livro

André e Deizinha

Luciana (filha de Paulo) Esposo de Luciana e filhos

45

Finha, Cristiana, Fátima, Rui e Marilu

Beatriz, Luana, Finha, Givaldo, Beto e Marley

Lucas, Suana, Lívia, Anaína e Guerreiro


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Nome do casal: AMARA (Neném) E JOSÉ MARCIONILO (Zeca) Filhos e filhas: Élis, (Fia), Cícero (gizo) e Edson (Caborè)

AMARA (Neném)

FILHOS/AS

NETOS/AS

Cícero Marcionilo (Gizo)

Gizonaldo

BISNETOS/AS ..... .....

Wilma Wilton

Edson (caboré) Elis

..... ......

MALIU Obs. Maliu, desde jovem, passou a viver na casa de Zé Loló, seu irmão, cuidando dos sobrinhos/a e da casa, durante toda a vida. Não casou e nem teve filhos. Nome do casal:

ISAURA E ZITO (não tiveram filhos/as)

Isaura (reside em Guarulhos, SP) Obs. criou Socorro (filha de Regina)


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

Isaura e Finha (sobrinha)

Elisângela (filha da Socorro)

Letícia (filha de Elisângela)

47

Finha e Socorro

Cleber (filho de Socorro)


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48

Nome do casal: REGINA E JOÃO HONÓRIO Filhos e filhas: Maria José, Maria do Socorro e José

Regina Loló

Socorro (Filha de Regina)


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

49

Regina e Maria (Filha)

FILHOS/AS Maria

NETOS/AS Renata Paula Carlos Henrique

REGINA

José

Socorro

Regina

Carlos Vinícius Carla Vanessa Carla Valesca Elisângela Kleber

BISNETOS/AS Laura Maria Eduarda Anna Beatriz Anna Clara Enzo Kauã Welikson Letícia

Maria do Socorro


COLÔNIA LEOPOLDINA - AL

50

Renata

Cristiana, Regina, Zé de Melo, Maria e Augusto (esposo), Ana Lúcia, Paula e Davi

Maria José

Paula

Augusto, Regina, Cleber, Elisângela, Dirceu, Socorro, Sabrina,Valeska, Welkison (esposo da Valeska),Vinícius, Enzo, Maria e Letícia


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

Nome do casal:

MANOEL LOLÓ (MANEZINHO) E MARGARIDA Filhos e filhas: Rosilda, Cícero (Cinho), Manuel, Aparecida(Cida), Rosenilda (Nide), Lúcia e Anadeje.

Margarida, filhas e Manoel Francisco (Manezinho Loló)

51


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52

FILHOS/AS

Rosilda

NETOS/AS Wilson Wemerson Rafaela Robson Edson Renildo

BISNETOS/AS

Cícero (Cinho) Manoel Daniela Aparecida (Cida) MANOEL (Manezinho) Rosenilda (Nide)

Lúcia

Anadeje

Patrícia Amanda Samara Joyce Larissa Elen Henrique Victor Sofia Marcelo Bruno Bruna Cíntia Roberto/ Aquiles Yarla Rostand (Tonzinho)

Daniel Gabriel

Lourenzo Elisa

.......


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

Anadeje e esposo

Rosilda

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Elisa, Rosenilda e Lourenzo

Yarla e Rostand

Wemerson

Larissa

Helen e Sofia


COLÔNIA LEOPOLDINA - AL

54

Rafaela e Patrícia

A roda pela esquerda: Amanda (pequena), Arlindo, Cida, Lúcia, Wilson, Patrícia, Rafaela, Rosilda e Wemerson

Cida e Lúcia

Andreza

Wilson, Rafaela e Patrícia Rafaela


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

55

Nome do casal: JOÃO FRANCISCO DE MELO (JOÃO ZUZA LOLÓ) E LÍDIA Filhos e filhas: José Francisco (Zé Polegada), Sebastião (Bau), Téta, Ivanildo (Nil), Amara (Nenem), Dida, Maria José (Miúda), Geraldo e Didiu.

João Zuza loló


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FILHOS/AS

NETOS/AS Verônica Mônica

José Francisco de Melo Neto (Zé Polegada)

Clodoaldo (Cal) Claudemilson (Dé) Claudemir (Dinho)

João Francisco Sebastião (Bal) ... de Melo Téta (JOÃO ZUZA) Ivanildo (Nil) ... Victor Amara Vesley (Nenem) Maicon Marcelo Dida

Márcia Mércia

Maria José (Miúda)

...

Geraldo

Paula Diego Geminho

Dedéu

BISNETOS/AS Murilo Cecília Marília Yasmin Enderson Kaliandra Gabriel Esterfany Maria Laura Lucas Júlia...


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

Ivanildo (Nil)

Márcia e Dida (mãe)

José Francisco de Melo Neto (Zé Polegada)

57

Geraldo, Nil (esposa) e Paula (filha)

Cecília, neta de Zé Polegada, bisneta de João Zuza Loló


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Nome do casal JOÃO ZUZA E NEUZA Filhos e filhas: Neide, João, Cristina, Noemia, Vera, Antonio e Adailton

João Zuza Loló, Neuza e filho


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

FILHOS/AS Neide

João (Joãozinho)

Cristina JOÃO ZUZA Noêmia

Vera

Antônio

Adailton

NETOS/AS Bruno Milena Deivid Jonathan Daiane Jean Pierre Deivid Jéssica Franciele Aquiles Skarlaty Jennifer Junior Ismael Rael Yan Junior Emilly Tony Max Kleverton Jeferson Fernanda Fabrício Filipe Magna Magno

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BISNETOS/AS

Suelen


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João (Joãozinho)

Júnior e Ismael (filhos de Noêmia)

Adailton Francisco de Melo (Mocoreba)

Antônio

Yan e Rael (filhos de Noêmia)

Magna e Cícera (mãe)

Noêmia

Suelen (neta de Adailton)

Magno, Magna e Monique (filhos de Adailton)


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

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Nome do casal: ZÉ LOLÓ E NUTA Filhos e filhas: José Francisco (Zezito Loló), João (Dão), Valdecir (Preto), Paulo, José Arnaldo (Deda Loló), Carlos (Carlinhos), e Auxiliadora (Cidora).

Zé Loló, o de óculos no fundo da foto, em reunião política


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FILHOS/AS

NETOS/AS

BISNETOS/AS

Josenildo(Josa) Juliana Phietro Josiana (Tuquinha)

José Francisco de Melo Filho ( Zé “LOLÓ”)

José Francisco de Melo Neto (Zezito)

Aparecida (Cida)

Arthur

Agda

Amábily

Flávio Carolina

Áthila Álife Aislan

Maria Valdenize Jacione (Cione) Jackson (Quinho) Elayza Evilayne Nilzinha

Clyvisson Jordeânea Jardiel


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

FILHOS/AS

NETOS/AS João Junior

João (Dão)

Jean Geisa

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BISNETOS/AS João Henrique Jeângela Luan Yasmin Sofia Vitória

Jeângela Ednaldo (Louro) Valdecir (Preto)

Aline ...

José Francisco de Melo Filho ( Zé “LOLÓ”)

Paulo

José Arnaldo (Deda)

Carlos (Carlinho)

Érika Érik José Arnaldo (Júnior)

Raul José Arnaldo Filho Sofia (recém nascida)

Álisson

Álisson

Jorge

Jorge Isis Dolores

Boninho

Bonifácio Ágatha

Auxiliadora (Cidora)

Carla Bruno

Júlia


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Arthur, Cida, Zezito e Tuquinha

João Júnior e Jeane

Tuquinha, Evilaine, Elayza, Zezito e Quinho

Ayslan e Letícia

Ágda e Átila

Álisson (Bê)

Zezito e Luzitânia

Boni (filho), Boni (pai), Isis e Ágatha

Cida e Átila

José Arnaldo (Déda)

Bonifácio (Boninho)

José Carlos (Carlinho)


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

Cida, Ágatha e netos

Cida e Elzo

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Ednaldo (Louro, filho de Valdecir [preto])

Elayza e Luzitânia Evilayne

José Francisco de Melo Neto (Zezito)

Jorge, Maluce (mãe) e Boni

João (Dão),Vera e netos

Carlos, Carla, Cidora e Bruno


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Josenildo (Josa)

Cidora

DINHA Irmão de Zuza Loló e demais. Casou três vezes mas não teve filho ou filha.


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

Foto 4 - I ENCONTRO DOS MELO “LOLÓ” COLÔNIA LEOPOLDINA/ALAGOAS JANEIRO - 2018

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A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

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MO M E N TO S M A RC AN T E S N A V I DA DO S “ LOLÓ” Podem ser marcantes para a história dos “Loló”, nesta cidade, alguns momentos em suas vidas, ocorridos na família. O primeiro é a chegada, passagem ou quase fuga dos “Loló” da cidade de Panelas (de Miranda), com fatos ainda por nós, hoje, quase desconhecidos, tendo uma passagem pela Serra do Vento, em União dos Palmares. Isto foi algo importante, diante da mudança radical da vida dessas pessoas, transportadas para a Zona da Mata de Alagoas. Um ambiente muito distinto daquele onde habitava a família, Agreste de Pernambuco. Isto causou muitas mudanças nas relações familiares e extrafamiliares de qualquer grupo humano. É o começo de uma vida nova. Outro momento de “forte” tensão foi quando da prisão do Joaquim Loló (Quinca), ainda na década de 1950, por razões desconhecidas, mas que chegou a mobilizar as mulheres “Loló” que o retiraram a muque da prisão, gerando tensão política com os poderes e, em especial, com a força policial local. Isto só fora contornado diante das conversações entre Zuza Loló e Alfredo de Paula Cavalcanti que era chefe político local, seu compadre e Senhor de Engenho. Chegaram a um bom termo e apaziguados os ânimos da polícia com os “Loló”. Quinca não pegou processo e nem retornou à prisão.


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Outro momento mais desafiador ao conjunto da vida dos “Loló” foi, sem dúvida, quando um de seus membros foi sequestrado, na década de 1970, e, conduzido preso pelos agentes do Exército Brasileiro. Só alguns dias após essa prisão de Manezinho, é que ele apareceu, tendo sido levado para o Quartel das Cinco Pontas, em Recife. Tem mais: sem qualquer incriminação daquilo que ele estava sendo acusado, isto é, participante de algum grupo clandestino ou matado alguém da cidade de Palmares/PE, contrário ao golpe civil e militar de 1964, denominado também de quartelada de 1964. Ele não tinha qualquer vínculo com algum grupo político contra esses militares, além de que nunca esteve envolvido em política nacional ou assassinado quem quer que seja. Esse fato envolveu e gerou forte mobilização de todos os familiares, sempre uns mais e outros menos, em busca do irmão desaparecido, e, felizmente, encontrado com vida. A família, nesse mesmo tempo, foi ao escritório central da empresa buscando os responsáveis, junto aos gerentes da Usina Santa Tereza. Em tudo isto, é bom destacar a participação do irmão João Zuza que também trabalhava com Manezinho naquela usina. Outra situação foi quando João Zuza perdera o apoio dos gerentes da Usina Santa Tereza, alguém da máxima confiança daquela gente de usinagem pois chegou a ser o chefe dos vigias, a guarda policial da usina, uma espécie, à época, de Delegado. As usinas sempre tiveram o seu próprio quadro de seguranças. No auge da colheita da cana, o tempo do corte da cana, pôde-se


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

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registrar, sob o comando do João Zuza, mais de 30 (trinta) homens armados. Decorrente de suas atividades de segurança teve que tomar medidas que o fizeram perder a “confiança” de seus chefes usineiros, tendo sido preso e permanecido por quase dois anos, na delegacia de Água Preta, acusado de assassinato. Tudo isso, por conta sempre de suas posições severas1 para com qualquer tipo de atitude que discordasse das orientações de seus patrões. A acusação de assassinato nunca fora provada. Foi julgado, por júri popular, e, absolvido da acusação e libertado da prisão. Mas, tal processo foi reativado para novas análises com um novo pedido de prisão. Conhecedor das “arrumações” na composição do júri popular, ele resolvera não mais se apresentar ao judiciário, tomando a direção do Estado de Sergipe. Isto também foi momento de profunda tristeza dos “Loló” e, por sua própria conta, fez a sua retirada para aquele Estado. Formou uma nova família, a partir da cidade de Propriá. Ele também sofreu muito com essa situação de estar longe da família e pela condição de não receber qualquer apoio financeiro para melhoria de vida, por parte dos “Loló”. Estabelecera-se com a sua própria força, e, posteriormente, de seus filhos com sua nova esposa Neusa. Pode-se ainda lembrar o desaparecimento do Josa, filho de Zezito Loló, que participando, supõe-se, de algum grupo de atividades pouco conhecidas, na década de 1980\1990, até hoje não fora localizado. Para a família, é alguém desaparecido e sem 1 Exemplos de determinações de carácter não faltam entre os “Loló”, como com Chico Loló, com Zezito Loló, Carlinhos, Joãozinho (filho de João Zuza Loló) e com Zé de Melo. Esses exemplos, contudo, não têm a importância dos momentos já assinalados.


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explicações formais até o momento. Todos esses momentos foram geradores de traumas e ressentimentos que se mantém presentes em muitos da família. Por último, os “Loló” não esquecem os assassinatos de Gizo e de Prêto que tiveram alguma resposta por parte dos “Loló” e que sempre os deixam ressentidos se os assuntos entram em alguma conversa. Em ambos os casos, as emoções dos mesmos estiveram acima da força da Razão.


A PRESENÇA DA FAMÍLIA MELO “LOLÓ”

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N OVO S “ L O LÓ” 1 Aqui, estarão em destaque aqueles netos de Zuza Loló e de seus irmãos e irmãs, que se conhecem, a partir da década de 1950, praticamente meio século de vida da família na região. Serão destaques a evolução da família e o campo de atuação no mundo da vida em que eles estão. Não só este item do presente trabalho, assim como o livro por inteiro estão muito limitados por desconhecimento das atividades desses membros da família, passados e novos. O grau de ausência de informações é grande, dificultando a organização mínima desses dados, como já foi comentada desde o início. A contribuição social dos “Loló” tem tido uma maior diversificação de atividades. Poucos continuaram no ramo do comércio como os descendentes de Zé Loló, filho de Joaquim Loló, netos e bisnetos, também, outros filhos Zé Loló, filho do Zuza Loló, e netos deste, como Zezito, Carlinho e Paulo que se mantiveram nesse ramo. A maioria direcionou-se aos ramos do serviço público, às vezes, por concurso. Há aqueles que se moveram para a construção civil, como Edson (Caboré), seu irmão Gizo (falecido), e o filho deste, Gizonaldo e o Cleber. Estes dois últimos moram em São Paulo. 1  Trata-se aqui das/os nascidos/as, a partir de 1950, netos e bisnetos de Zuza Loló e Pulsina, e que estão, ainda, atuando em seus campos de trabalho.


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Outros, por méritos próprios, ficaram no campo da segurança, a exemplo de João Júnior, filho de Dão, que se formou em Geografia, e, João (Joãozinho), filho de João Zuza. Joãozinho se aposentou como sargento, ambos na Polícia Militar do Estado de Sergipe. Neste campo, também atua Suana Melo, filha de Zé de Melo, formada em Direito, com mestrado em Direitos Humanos, que passou a atuar nos grupos de Operações Especiais da Polícia Civil da Paraíba, sendo atualmente, Presidente da Associação desses policiais. Vários “Loló” estão trabalhando no Serviço Público, e deste setor, o mais importante é o Magistério. Tem destaque, na década de 1960, Élis, filha de Nenem e Zeca que concluiu o curso ginasial2 e se tornou professora nas escolas de engenhos do município. Ela3 pode ter sido a primeira professora da família “Loló”. Aí se destacam Zé de Melo, no magistério superior, Maria Silva (filha de tia Regina) que fez o curso de Pedagogia e especialização em Educação, atuando na cidade de Caxias, na Baixada Fluminense. Anaína atua na educação estadual e no magistério superior. Bonifácio, Fabiano, Tuquinha e irmãs também estão na educação. Maria é, indubitavelmente, um exemplo dos mais marcantes para toda a família. Saiu de Colônia em condições precárias, ainda adolescente, inserindo-se na vida de trabalhadoras no Rio de Janeiro, e, por cima de todas as dificuldades, inclusive 2 Nesse tempo, os níveis da escola eram: 1ª a 4ª séries, o curso primário; 5º a 8“ séries, curso ginasial; e o curso científico ou clássico, o atual ensino médio 3 Élis, após ir morar em São Paulo, foi acometida de câncer de mama, vindo a falecer.


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de seus quatro casamentos, fez o seu curso superior. Este é um feito reservado à gente “grande”, isto é, com a mais resoluta determinação na vida, para alcançar o algo de seu desejo. Conseguiu fazer a graduação em Pedagogia e Especialização em Educação. Hoje, formou sua filha Renata em Comunicação, com mestrado em Finanças e, agora, é doutoranda na Noruega, mesmo casada e com uma filha, a pequena Laura. Como se fosse pouco, está formando no curso de meteorologia a sua filha Ana Paula, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. E, ainda, pôde até hoje cuidar de sua mãe, Regina, que ficara viúva e com ela ainda vive atualmente. É um exemplo de dedicação, trabalho e estupenda firmeza para todo e qualquer “Loló”. Em seguida, serão listados nomes da família e em que atividades estão atuando ou atuarão em suas vidas e que tenham formação em curso superior. Segue a lista:

1. JOSÉ FRANCISCO DE MELO NETO4 nasceu em Colônia Leopoldina, Alagoas, no ano de 1951. É filho de Doralice Bezerra de Melo (Dorinha Loló) e Francisco José de Melo (Chico Loló). Foi professor de Ciências, Química, Filosofia, Epistemologia e Educação Popular, em escolas paraibanas, nos 4  Curriculo Lattes - http://lattes.cnpq.br/5514042389040539


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cursos de Educação Fundamental (1º ao 9º ano), do Ensino Médio, de mestrado e doutorado em Educação, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Também orientou mestres, doutores e estágios de pós-doutoramento, como já destacado anteriormente. Atingiu o posto maior da carreira docente universitária, como professor Titular da Universidade Estadual da Paraíba/ UEPB e da Universidade Federal da Paraíba/UFPB. As suas pesquisas estão expostas em mais de 20 (vinte) livros escritos, como, Heráclito – um diálogo com o movimento (1996); Dialética (1999); Diálogo na Educação (Platão, Habermas e Freire) (2004); Para além dos Vapores do Diabo (um estudo sobre a Usina Catende – 2006); também organizou a coletânea5, em dois volumes, da produção de livros sobre Colônia Leopoldina, contendo livros como: Colônia Leopoldina – 30 anos de lutas populares por mudanças e cidadania (1983 – 2013); Colônia Leopoldina – 65 anos de política partidária dominante (1950 – 2015); Universidade Popular (Ensino, extensão e pesquisa), em 2018. Além de outros livros, organizou este sobre a Família Melo “Loló”, além de quase uma centena de artigos científicos elaborados para revistas nacionais e internacionais. No Estado da Paraíba, foi o Presidente do Conselho Estadual de Educação, durante os anos de 2014 e 2015. 5  Esta coletânea encontra-se em todas as escolas da cidade. A sua produção acadêmica completa está em outra coletânea, em 8 volumes, que se encontra na Biblioteca do Doutorado em Educação da Universidade Federal de Alagoas, na Universidade Federal da Paraíba, na Famasul em Palmares/ PE, e na Biblioteca Municipal de Colônia Leopoldina e em outros espaços de pesquisa.


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É membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em Educação (ANPED). No momento, encontra-se aposentado, mas na ativa.

ANAÍNA CLARA DE MELO. Nasceu em Campina Grande, Paraíba. Formou-se em Letras e fez Doutorado em Letras, na Universidade Federal da Paraíba, trabalhando como professora no ensino superior e na rede estadual, na Paraíba.

GUERREIRO ARCO DE MELO. Nasceu em Campina Grande, Paraíba. Formou-se em Direito, na Universidade Federal da Paraíba. É aluno especial do Mestrado em Direito, da Universidade de Brasília (UnB) e advoga em Goiânia, no Estado de Goiás.


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SUANA GUARANI DE MELO. Nasceu em Brasília, no Distrito Federal. Formou-se em Direito. Fez Especialização em Gestão e Tecnologias Educacionais; Especialização em Segurança Pública e Direitos Humanos: e, Mestrado em Direitos Humanos, na Universidade Federal da Paraíba. Trabalha na Inteligência da Polícia Civil da Paraíba. Atualmente, é presidenta da Associação de sua categoria.

LÍVIA SILAS DE MELO. Nasceu em Campina Grande, Paraíba. Formou-se em Medicina, na Universidade Federal da Paraíba. Especializou-se em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, pelo IMIP, em Recife, Pernambuco. Exerce a medicina em Recife.


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LUCAS QUEIROGA MELO. Nasceu em João Pessoa, na Paraíba. Estudante de Medicina, na Universidade Federal de Campina Grande/PB.

MARIA JOSÉ DA SILVA (Filha de Regina). Nasceu em Colônia Leopoldina/AL, Alagoas. Formou-se em Pedagogia, no Rio de Janeiro e realizou duas especializações em educação, uma pela Universidade Grande Rio-RJ (Unigranrio) e a outra pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É professora em Caxias/RJ.


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RENATA ALMEIDA (Filha de Maria José). Nasceu na cidade de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. E fez duas graduações (Jornalismo pela PUC-Rio e Economia pela Universidade de Stavanger(Noruega), Mestrado acadêmico em Finanças pela PUC-Rio e cursando Doutorado em Finanças pela BI Norwegian Business School (Oslo, Noruega).

PAULA (Filha de Maria José). Nasceu em Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. É formanda em Meteorologia, na Universidade Federal do Rio de Janeiro e se prepara para fazer o Mestrado em Física (cosmologia).


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MARIA DO SOCORRO (Filha de Regina). Nasceu em Colônia Leopoldina/Al. Formou-se em Ciências, em Guarulhos/ SP, e atua como professora na rede estadual de São Paulo.

CLEBER (Filho de Socorro). Nasceu em São Paulo, capital. Tem duas formaturas: Educação Artística, tendo sido professor de Arte na rede Estadual de São Paulo, e, Engenharia Civil, na Universidade de Guarulhos. Atua em empresa com mercado da construção em todo o Brasil.


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TUQUINHA (Filha de Zezito Loló). Formou-se em Pedagogia e especializou-se em Psicopedagogia Clínica. Atua na rede municipal de Educação de Colônia Leopoldina, em Alagoas.

Carlos, Carla, Cidora e Bruno

BRUNO SOUZA é filho de Carlos Souza e Cidoura. Nasceu em Palmares. Fez curso superior de Veterinária e especializou-se em Odontologia de Equinos, em São Paulo. Atua em toda a Região Nordeste.


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BONIFÁCIO (Filho de Carlinho de Zé Loló). Nasceu em Ribeirão/PE. Formou-se em História pela FamaSul, especializou-se em Ensino de História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco e atua como professor na rede estadual de Educação, do Estado de Pernambuco, em Ribeirão.

JOÃO JÚNIOR. Filho de João (Dão). Nasceu em Colônia Leopoldina/Alagoas. Formou-se em Geografia, na Universidade Federal de Sergipe. Hoje, trabalha na área da segurança como militar da Polícia Militar de Sergipe.


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CARLOS ALBERTO FERREIRA DE MELO (Filho de Finha) Nasceu na cidade de São Paulo. Filho de Finha e Givaldo. Formou-se em Sistemas de Informação, Universidade Paulista (UNIP) e atua como microempresário na cidade de São Paulo. Tendo sido consultor sênior de multinacional francesa.

EDGAR PONTES (Filho de Ângela). Nasceu em Maceió, Alagoas. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Alagoas, e, atua na área.


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Fabiano Menezes, à direita, presente à doação do milésimo livro à Biblioteca, por Zé de Melo.

FABIANO MENEZES (Filho de Maria e Geraldo). Nasceu em Palmares/PE. Formou-se em Letras. Especializouse em Linguística ao ensino da língua portuguesa. Atua como professor da rede municipal de Ensino de Colônia Leopoldina/ Alagoas.

BEATRIZ (Filha de Gilson e neta de Maria). Nasceu em Maceió. É estudante concluinte de Ciências Contábeis.


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SUELI (Filha de Severino e o seu filho João Pedro). Ela nasceu em Marechal Deodoro/AL. Formou-se em Pedagogia e atua como professora da Rede Municipal de Educação, de Marechal Deodoro.

MÁRCIA (Filha de Dida). Dida é filha de João Francisco de Melo (João Zuza Loló). Nasceu em Propriá/SE e formou-se em Curso Superior, em Contabilidade. Atua na área contábil, na região.


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CO N S I D E R A ÇÕE S Aos “Loló”, bem que se pode perguntar: o que poderiam dizer para si mesmos, para os novos da família e para toda a sociedade, com o passar de vida de um século, por essas terras alagoanas? Vê-se que de suas vidas é possível tirar a lição de que é preciso muita determinação na busca de pequenas melhoras financeiras e conquistas de cidadania. Para os filhos e filhas das classes trabalhadoras, sempre tem sido mais duro quanto aos dois aspectos realçados – finanças e cidadania. Aos “Loló”, as suas conquistas têm sido por seus próprios méritos e isto engradece e fortalece a família. Se mais fossem assegurados direitos à cidadania, certamente as suas vidas teriam sido menos difíceis, assim como as de toda classe trabalhadora. A contribuição da família à sociedade e ao povo de Colônia poderia também ter sido bem maior. Outros aspectos a serem destaques estão no campo da ética e da moral, isto é, no campo dos princípios para se viver e as práticas de suas vidas. É bem verdade que os “Loló” podiam não apresentar explicitamente os seus princípios de suas vidas aos seus filhos e filhas. Eles simplesmente viviam. E, talvez, não tivessem as condições melhores de suas explicitações. Alguns, sequer, viviam com orientação suficiente para realizar


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seus valores e outros até possam nunca ter seguido orientação alguma. Outros concretizaram, no seu dia-a-dia, alguns valores que foram úteis para si, e, são, também, para qualquer pessoa em sociedade. Mas quais são esses valores? Claro que se mira no como a vida pode ser melhor e mais feliz. Todavia, para uma vida tornar-se melhor e feliz não há um receituário. Mas, a tradição e as dificuldades vividas pelos “Loló” e por tantos outros trabalhadores e trabalhadoras podem ajudar com alguns valores destacáveis como: a) É preciso ter CORAGEM – isto é, quando se defendem valores em situações difíceis; quando se tem grandeza de espírito na defesa dos mesmos. Isto não significa ser brabo. Ter coragem é ter valentia que significa realizar ações sob o comando da Razão. Nunca se rebaixar e nem oprimir ninguém; b) É preciso ter TEMPERANÇA – quando se é comedido, moderado, sóbrio, inclusive nas relações financeiras; c) É preciso ter PRUDÊNCIA – isto é, sempre ter cautela na vida com as tomadas de ações, evitando-se perigos desnecessários; d) É preciso buscar a JUSTIÇA – sem nunca confundir a justiça com o judiciário. A justiça está no interior das pessoas e cada um sabe quando promove injustiça. Qualquer vivente discerne aquilo que é direito, aquilo que é justo. Necessariamente, isto não significa o que está na Lei.


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Para os dias de hoje se pode acrescentar: LEVEZA nas atitudes (não à grosseria e bom trato com as mulheres); AGILIDADE nas realizações (não se tem todo o tempo do mundo); RIGOR (em tudo que se esteja fazendo sem qualquer tipo de improvisação); VISIBILIDADE (a tudo aquilo que se faz, sem ser necessário qualquer espetáculo); MODÉSTIA (fim de qualquer orgulho); PLURALISMO (o mundo é fragmentado e é preciso ouvir o outro, dialogar); COERÊNCIA (se não convencido, manter suas posições de virtudes. Nunca se submeter à política do toma-lá-dá-cá, em qualquer situação); INDIGNAÇÃO para com todo tipo de pilantragem e injustiça, e, ainda, manter-se no campo da RAZÃO, sempre se esforçando por um CORAÇÃO “inteligente”. Orientando-se com estas referências pode-se, possivelmente, viver melhor e os dias se tornarem mais felizes.

Alguns autores do livro: Zé de Melo, Suana (em pé), Carine (sentada), Isis Dolores (no fundo), Fabiano e Bonifácio


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ANEXOS



ANEXO 1 ENTR E V I S TA CO M R E G I N A M E LO

REGINA MELO

Entrevistador1: Prof. Dr. José Francisco de Melo Neto (Zé de Melo) Rio de Janeiro, outubro de 2018.

1  As duas entrevistas aqui apresentadas foram realizadas de forma aberta com um roteiro prévio, buscando-se resposta a algumas questões específicas, como o histórico da família, suas dificuldades de viver, as atividades econômicas, as relações das mulheres e seus maridos, a aprendizagem da vida e a mensagem aos seus familiares. Estão mantidas em sua integralidade como fonte primária. As escolhas de Regina e Isaura são justificadas por serem ambas as mais idosas da família e, hoje, com 88 e 86 anos, respectivamente.


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Histórico Eu nasci em Colônia Leopoldina, em Alagoas, no ano de 1930, sendo meus pais José Francisco de Melo (Zuza Loló) e Pulcina Maria da Conceição. Os meus avós, por parte de pai, foram Zé de Melo e Pastorinha. Aqueles por parte de mãe, eu nunca os ouvi falar. Este nome de “Loló” não é muito bem esclarecido e pouco se sabe o seu significado. Apenas se contava, e, eu, ainda muito pequena, ouvia a história de que era pelo fato de uma garota que fora adotada pela família ser, carinhosamente, chamada de Loló. Parece não ter sido comum a adoção de crianças a essa época, final do século XIX e início do século XX. Vivia-se no início do século XX, na Zona Rural da cidade de Panelas de Miranda, no Estado de Pernambuco. Então, em referência à menina, os meus avós e a família foram sendo chamados a família de Loló. Eles, o José de Melo (o Zé de Melo) e Pastorinha, sua mulher, a família que adotou a menina Loló, passaram a ser chamados de Zé de Loló ou Zé Loló. A família passou a adotar o nome Loló, quase como um sobrenome. Este parece ter sido a origem do nome “Loló” e da família “Loló”. Os meus avós, por parte de pai, são este casal. Por parte de mãe, eu não tenho lembranças. Mesmo os documentos de nascimento e demais documentos, à época e na região de zona rural, eram muito escassos e pouco valorizados. O valor das pessoas estava nas posses que tinham e, também, no nome ou sobrenome que carregavam.


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A verdade é que o meu avô gostava de tomar uma cachacinha. As conversas que eu escutava na família, mesmo que por poucas vezes, eram de que ele não levava em conta a sua família, devido aos seus problemas com a pinga. O meu pai, o filho mais velho (Zuza Loló) era quem praticamente conduzia toda a família, os irmãos, irmãs e até mesmo seus pais. Inclusive, lá em casa, no sítio das Cinzas, ninguém podia beber cachaça, nem fumar. Isto foi mantido durante toda a vida. Meus pais consideravam falta de respeito fumar ou beber cachaça, na frente deles. Contava-se que num certo domingo, o pessoal esperando meu avô (Zé de Melo) para o almoço e ele não aparecia. Foi quando o meu pai, José Francisco de Melo (o Zuza Loló) resolveu passar pelo boteco do lugar, encontrando-o em luta corporal com alguém que estava bebendo com ele, acompanhados de duas mulheres negras, fortes, que estavam prestes a segurá-lo pelos braços. O meu pai não teve dúvida do que fazer, e, já entrou em luta corporal com todo esse pessoal, com a sua arma predileta, um punhal. Segundo se conta, tudo isto se iniciou devido à exigência desse rapaz em querer que o meu avô bebesse com ele e que ele pagaria a bebida. A resposta dele foi de que não precisava de alguém pagar bebida para ele, pois ele tinha dinheiro para pagar a sua pinga. A partir daí, tudo começou. As vias de fato conduziram para um desfecho desfavorável para aquele que tinha feito o convite para beber, vindo, inclusive, a falecer devido a essa desavença e à briga desse grupo. Com as mulheres, nada aconteceu, saindo ambas sem qualquer tipo de ferimentos.


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Meu pai, a essa altura, tinha apenas 17 anos mas já assumira a responsabilidade de ser o dono da casa. Praticamente, era quem tomava conta de todos os negócios da família. Nesse momento, como se vê, chegou a salvar da morte o seu próprio pai. O meu pai, mesmo moço, já era o administrador da fazenda de um senhor de terras em Panelas de Miranda, hoje apenas Panelas, cidade do Agreste de Pernambuco. Em outro momento, o seu irmão Joaquim (Quinca) também esteve em encrencas com um morador das terras do “coronel”, o senhor das terras. Alguns desentendimentos desse morador com Quincas, o Zuza Loló foi chamado pelo coronel para responder pelos feitos do irmão, à frente das demais pessoas moradoras dessa terra. Soube-se que a confusão do Joaquim tinha sido originada porque um morador havia provocado os “Loló”, afirmando que: ““na família inteira dos “Loló” não tinha um homem, sequer””. Esta provocação foi suficiente para gerar “nova confusão” com o seu irmão que estava presente, nesse momento. Sendo Zuza o mais velho irmão do Joaquim, foi chamado para esclarecimentos da indisposição existente. Mas após os esclarecimentos feitos ao “coronel”, o Zuza, diante do mesmo, exigiu a retirada daquele morador da propriedade, e isto, em apenas dois dias. O que viera ser atendido e ficando as “coisas” em aparente sossego. Estas questões geraram desconforto e insatisfação à família e também ao “coronel”. É quando a família Loló procurou outra terra para morar, indo para a Serra do Vento, perto de União de Palmares, em Alagoas. Para esta terra, o meu pai trouxe


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toda a sua família, onde viera trabalhar. Aí, também, faleceram os meus avós. Depois de um certo tempo, e com muito trabalho, meu pai juntou algum dinheiro. Assim, pôde comprar o Sítio das Cinzas, nome de uma propriedade pertencente a Severino Ferreira de Lima, no município, agora, de Colônia Leopoldina, também em Alagoas. Aí, fincou toda a família, até a sua morte. Em Serra do Vento, casou com a própria “irmã”, Pulcina. Esta era filha apenas da esposa de meu pai, Pastorinha, que era viúva e que tinha duas filhas. O meu avô também era viúvo e com dois filhos. Casaram-se e esses garotos passaram a viver juntos, como “irmãos”, em uma grande família. Eram irmãos por estarem juntos, mas não eram irmãos de sangue, como se diz. Em Serra do Vento, Zuza Loló e Pulcina tiveram três filhos: Etelvina, Zé Loló e Amara (Nenem). Os demais irmãos, Chico Loló, João Zuza, Manezinho, Maliu e Isaura nasceram no município de Colônia Leopoldina.

As dificuldades de adaptação à nova terra Olhe! Eu nunca vi quaisquer outras dificuldades ou alguma especial que não aquelas que toda família trabalhadora tem. Eu não vi dificuldade no fato da mudança de Panelas para Colônia Leopoldina. Eu e meus irmãos, a maioria, já tínhamos nascidos em Colônia. Já trabalhávamos agricultura e sempre para nós mesmos. Talvez, o fato de no início, o meu pai, ter sido um feitor, um administrador das terras de um patrão. Talvez esta tenha sido uma diferença, afinal, trabalhar para si ou para um patrão são coisas bem distintas.


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Em casa, por outro lado, o meu pai, desde cedo, já tomava conta de toda a família devido à ausência de seu próprio pai. Com a morte dele, então, Zuza assumiu tudo.

As atividades principais Eles faziam tudo ligado à lavoura, à agricultura. Os meninos já embalavam, desde pequenos, naquelas atividades do campo. As mulheres também começavam, desde meninas, a, também, trabalharem nas lavouras. Chico e João passaram a carregar cargas de mantimentos para o Barracão da Usina Porto Rico, com os animais deles. Faziam o mucreve. Depois, Chico levou Manezinho para o mesmo trabalho. Ganhavam a vida para abastecer o armazém da usina. Tempo depois, Chico passou a trabalhar no comércio trazendo miudezas (sapato, sandálias, arreios de animais, troços de Caruaru e eu também ajudava ele, na feira da Usina Porto Rico. Com certo tempo, ele ficou somente em Colônia). Zé Loló botou uma sapataria, em Colônia, mesmo morando em Caruaru. Eu, ainda mocinha, já ajudava eles. Depois, fiquei só ajudando a Zé. Então, trabalhei com Chico e com Zé Loló. A gente tinha de 15 a 18 anos. Quando João casou, foi morar na Usina Santa Tereza. Também resolveu levar para lá o irmão mais novo, Manezinho, que passou a trabalhar como vigia. Os dois trabalhavam como vigias. Zé cuidava do próprio negócio, e Chico botou o seu comércio na própria casa.


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Nesse tempo, Chico também casou, tu (Zé de Melo entrevistador) também nasceu, naquela pequena casa da esquina da Rua Padre Francisco. Depois, construiu mais duas casas vizinhas. A vida de Chico não era ruim, não. Nenem já era casada e trabalhava na agricultura também. Isaura casou e logo veio morar em São Paulo. Eu também casei e fiquei trabalhando na agricultura, eu e meu marido, sendo que ele trabalhava no transporte de carga, durante a colheita da cana.

As vidas das mulheres com os seus maridos Zeca, o marido de Amara (Nenem), era machadeiro. Ela trabalhava no Sítio das Cinzas. Depois, vieram para a rua (cidade), onde seus filhos nasceram. Élis, filha de Nenem e Zeca, chegou a fazer o curso Ginasial com as dificuldades daquele tempo e por ser o estudo pago. Quando ela terminou, ficou trabalhando na Escola, como professora. Foi professora em vários engenhos. Teve Gizo, irmão de Élis e Edson (Caboré) que também foram botados na escola e se fizeram pedreiros. As mães “Loló” não eram ruins com seus filhos. Os “Loló” não eram ruins nem com os filhos, e nem com as mulheres. Isto não quer dizer que fossem carinhosos. Tinham os seus jeitos. Todos eles cuidavam de seus familiares. O meu marido, João Honório, sempre foi muito atencioso para comigo e com os filhos. Ele trabalhava na usina e na colheita da cana. Eu vivia com ele como uma vida de pobre. Já o estudo dos filhos foi muito difícil.


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Meus irmãos não gostaram do meu casamento com ele. João Honório tinha sido encontrado sem pai e sem mãe, indo trabalhar com Chico, tendo sido criado quase lá em casa. Os meninos não gostavam quando ele tomava cachaça. Os “Loló” não bebiam e nem fumavam. Ficaram mais distantes de meu marido e de mim quando eu me casei com ele. Uns mais e outros menos. Chico Loló, casado com Dorinha, vivia uma vida mais folgada. E antes mesmo do casamento era muito festeiro. Sempre estava nas danças. Sempre se vestia bem. Era o primeiro a ser convidado a participar das festas. João e Manezinho cuidaram de seus filhos e filhas mas também tiveram dificuldades de relacionamento com suas mulheres. João separou-se de Lídia (sua mulher) e Manezinho, que passou a beber quando foi trabalhar na usina, também teve alguns problemas com filhos, filhas e esposa quando bebia. Mas, nunca abandonou eles. Zé Loló, o meu irmão mais velho, teve uma vida bem mais folgada e seus filhos tiveram mais condição de estudo. Nuta, sua esposa, sempre foi uma pessoa que ajudava muito os sobrinhos e sobrinhas. Isaura casou, mas, logo veio para São Paulo e nunca teve filhos, vindo a casar novamente. E, Maliu viveu a vida toda na casa de Zé, nunca casou e nem teve filhos.


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A vida hoje Minha vida é de rica. Não faço nada e vivo. “o que você quer mais. jacaré?”. Já tenho 88 anos. Vou para mais adiante, mesmo que a saúde não esteja cem por cento.

A aprendizagem durante a vida Aprendi a respeitar. Aprendi a não ser preconceituosa. Minha madrinha era preta. Vários pretos foram meus compadres e madrinhas de filhas e filhos. Certo dia, um casal preto, que eu pedi para ser padrinho e madrinha de minha filha, estranhou pois a minha filha era branca. Aprendi a não ver isto. Já minha mãe era preconceituosa. João e Chico também eram, mesmo que disfarçassem. Eu não aprendi a ler e escrever, porque nem havia escola lá na região. Hoje, eu vejo o tempo muito melhor do que o de antigamente.

A mensagem para os novos “Loló” Diria para toda a família que estudem muito e tomem conta de suas vidas de maneira saudável e feliz.

O que gostaria, ainda, de falar? Gostaria de dizer aos novos “Loló” que sejam homens verdadeiros e as mulheres, também. Cumpram com as suas responsabilidades, vivendo sempre pelo certo. Assim, todos podem viver para frente e nunca para trás.


Abraรงos.


ANEXO 2 E NTR E V I S TA CO M I S AU RA M E LO

ISAURA MELO

Entrevistador: Prof. Dr. José Francisco de Melo Neto (Zé de Melo) Guarulhos/SP, outubro de 2018.

Histórico Veja, Zé! Eu pouco conheci a história da família do tempo em que ela viera de Panelas de Miranda, em Pernambuco. Acontece que o pessoal não conversava sobre essa história. Os


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filhos de Zuza Loló, meu pai, também não perguntavam sobre isto. A gente apenas ia vivendo sem essa preocupação. Sei, todavia, que quando chegaram à Colônia Leopoldina/AL, já tinham três filhos, Etelvina, Zé Loló e Amara (Nenem). Os demais irmãos, todos nasceram em Colônia Leopoldina, bem ali, no Sítio das Cinzas. O meu pai, a gente sabia, ele liderava toda a família. Foi ele quem trouxe todos os irmãos e irmãs de Pernambuco para o Sítio das Cinzas, passando por União. A partir daí, houve pouca movimentação. A vida da família, no início, era a vida no sítio e em suas imediações. Os irmãos saíam mais, depois, quando já rapazes. As moças, ficavam muito em casa. Eu via, inclusive, que as meninas trabalhavam mais que os meninos. Elas cuidavam dos animais, das galinhas, de cabras, de burros... indo amarrar esses bichos nas capoeiras e tomavam conta disso tudo. Além disso, elas também cuidavam das lavouras, colhia-se café, pescava-se, e plantavam-se bananeiras. Eu via que os homens trabalhavam menos. Era o que eu via.

As dificuldades de adaptação à nova terra A minha vida era uma vida de gente que mora no campo. Quando comecei a me entender de gente, eu pude ver que não havia qualquer tipo de dificuldade de irmãs e irmãos para com a vida naquela região. A vida no campo tem coisas muito


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comum em todos os lugares. Como eu nasci lá no sítio, nunca pude ver maiores dificuldades no trato com as coisas de lá.

As atividades principais As atividades principais no campo eram as que diziam respeito ao cultivo de banana, batata e de outras frutas. Tudo isto não era para ser vendido, apenas a banana, mas para o consumo próprio. Íamos à feira para compra das coisas que precisávamos como carne de charque, bacalhau, querosene... Ainda, posso lembrar, que as atividades maiores estavam ligadas à criação de bichos, ao cuidado de cavalos e de burros.

As relações entre irmãos/as e esposas/as Como irmãos e irmãs, as brigas eram muito poucas. Às vezes, um brigava com o outro mas sempre eram coisas raras. Eu posso comentar que assisti uma briga de Chico Loló com João Zuza. Eles iam se travar na faca e no cambito, uma peça de transporte de carga dos burros. Chico com uma faca e João com o cambito. Depois de “vais e vens”, meu pai estava lá para dentro de casa. Ele ouviu um barulho e gritou: o que está havendo aí? Isso logo, logo, acabou a briga. Pôs fim à discussão. Também posso contar uma briga minha com minha irmã Regina. Fomos amarrar os cavalos e, aí, eu não queria que ela amarrasse num lugar e ela amarrou. Eu fui e soltei o cavalo dela. Depois, amarrei o meu. Isso foi suficiente para continuar a “briguinha” por mais de dois quilômetros - de empurra-empurra


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- pelos caminhos de volta para casa. Lá, Regina jogou água na minha cara, água morna. Eu, então, joguei água quente na barriga dela. Enfim, disputas entre meninas que acabaram quando meu pai também chamou a atenção. Quando ele reclamava de alguma coisa, logo, logo se resolvia. As relações, então, eram de qualquer família que tem muitas crianças. A família era composta de nove irmãos. Num time assim, sempre acontecem brigas sem maiores resultados. Quanto aos casados, eu nunca vi qualquer grande confusão. Mas, eu conheci pouco sobre isso, já que, quando me casei, logo depois, vim embora para São Paulo. A partir daí, não sei contar nada, pois, já fazem 60 anos que estou aqui em São Paulo. Só fui duas vezes, lá.

ntão, 60 anos em São Paulo, e, só duas vezes voltou E à Colônia? Pode parecer que isto tenha sido problema nas relações com a família. Acontece que não. O problema é que vim para São Paulo com o meu marido, pois, a situação de vida estava muito difícil. Meu marido veio antes e, depois, eu cheguei. Mas, o casamento acabou e, agora, vivo com o Zito que já faz muito tempo. A vida aqui, também, não foi fácil. As condições não permitiam maiores contatos com a família, principalmente por não haver quase recursos como os que existem agora. Cheguei à São Paulo, analfabeta. Depois, nos exames de supletivo, pude fazer até o 3º ano primário. Os meus irmãos


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e irmãs, em Colônia, eram praticamente analfabetos também. Chegaram a se alfabetizar por conta deles mesmos, pois, quase, lá não havia escola.

A vida hoje Hoje, eu moro aqui, em Guarulhos, e vivo a vida de trabalhadora. O meu marido também é aposentado. Vivo como Deus quer e aguardo viver bem, mais ainda. Nasci em 1932, no sítio das Cinzas, em Colônia Leopoldina, e estou com 86 anos, mas posso dizer que estou satisfeita.

A aprendizagem durante a vida Sim! Durante a vida eu aprendi muita coisa mesmo que não tenha tido tanta leitura. Eu aprendi um pouco com a leitura mas, também com a vida do dia-a-dia. Posso dizer que aprendi a necessidade do respeito às pessoas. Posso dizer também que o preconceito não ajuda em nada e só atrasa.

A mensagem para os novos “Loló” Para os “Loló”, eu posso alertar a respeito da necessidade do respeito aos outros. Isto é muito importante para a vida. Também é preciso estudar muito. Os “Loló” não tem herança para deixar para ninguém. Então, os jovens precisam estudar muito, e os mais velhos devem ajudá-los desde muito cedo.


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O que gostaria, ainda, de falar? Eu posso falar que é preciso que se preparem para viver melhor. A vida foi muito dura para os “Loló”. Viver, todo mundo vai viver. Mas, se a pessoa está preparada, ela viverá melhor. É o que tenho a dizer.

Quer dizer mais alguma coisa? Não. Somente um abraço a todos!




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