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Espaço de Lazer
Otro, um restaurante para esticar a noite, com comida de Vítor Sobral
“O espaço lisboeta que melhor alia a boa comida à boa música” é como Vítor Sobral define o Otro, cuja carta criou. Num ambiente requintado, o restaurante nasceu no verão de 2020 com vocação noturna, mas também funciona ao almoço e possui esplanada.
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Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
Começam a faltar esquinas em lisboa para os projetos com assinatura de Vítor Sobral, dono da tasca da Esquina, da Peixaria da Esquina e da Padaria da Esquina, mas agora também podemos usufruir do talento gastronómico deste chefe num espaço localizado a meio da rua Rodrigues Sampaio, próxima da Avenida da liberdade, em lisboa. chama-se Otro e abriu no último verão, vocacionado para “clientes que gostam de comer bem e que querem continuar a conviver depois do jantar, num espaço glamoroso, com música agradável”, explica Vítor Sobral, que tem no seu currículo espaços como o Alcântara café, que já tocava este conceito. O restaurante foi criado pelo grupo Otro, que nasceu em 2015 pelas mãos do empresário Hugo Banha, com a abertura da Otro Perfume concept (perfumaria de marcas de luxo). Em 2018, o grupo somava as áreas de arquitetura e design, criando espaços exclusivos, e abriu a alfaiataria Otro Private tailoring, que comercializa uma gama de marcas de luxo. “Acreditamos que fazia falta em lisboa um espaço como este, direcionado
para um determinado público, apreciador de um serviço de muita qualidade”, sustenta Hugo Banha. O espaço foi concebido pelo empresário, os colaboradores estão vestidos pelo Private tailoring do grupo, e à disposição dos clientes, está uma limitada seleção de fragrâncias de perfumaria de nicho. Hugo Banha quis também garantir que a comida era de elevada qualidade e aliou-se ao que considera ser o maior especialista em gastronomia portuguesa: o chefe Vítor Sobral, distinguido em janeiro com o prémio de carreira, atribuído pelo Mesa Marcada. “É com muita honra que recebo o prémio Especial cutipol carreira 2020 por parte do Mesa Marcada. trata-se de uma distinção muito especial, porque foi atribuída com os votos de colegas de profissão que muito admiro”, agradeceu Vítor Sobral, numa declaração publicada na sua página de Facebook.
O chefe, com uma experiência de 34 anos em diferentes restaurantes, em lisboa e no Brasil, é autor de dezenas de livros sobre gastronomia e um reconhecido especialista em cozinha tradicional portuguesa. uma cozinha que Vítor Sobral tem procurado modernizar ao longo da sua carreira, sem desrespeitar as raízes, como atesta a carta do Otro: “A minha filosofia de trabalho é essa. Propomos pratos portugueses e também alguns pratos da cozinha clássica internacional, sempre com a máxima preocupação de servir produtos de qualidade e bem confecionados. Sabemos que é isso que os nossos clientes querem e são esses clientes que queremos no Otro.”
Ainda que abrindo a meio de uma crise pandémica e sem conseguir concretizar plenamente, devido às contingências impostas, o conceito que propõe, o de esticar o jantar pela noite fora, o Otro está a ser bem-sucedido, indica Vítor Sobral: “A partir do momento em que abrimos tivemos sempre muitos clientes, cumprindo todas as regras que foram estabelecidas para os restaurantes. O Otro preenche uma necessidade de espaços como este na capital. No entanto ainda não conseguimos ter o espaço a funcionar como idealizámos, devido às limitações que a pandemia impõe.”
Para compensar, o Otro funciona também ao almoço, ao contrário do que tinham previsto, quer na sala de refeições, quer na esplanada. dentro e fora, a música está sempre presente. “A música faz parte do conceito. A ideia é que ela defina o ambiente, pelo que vai mudando ao longo do dia, terminando com um ambiente mais animado, após o jantar.”
Para o Otro, o chefe Vítor Sobral criou entradas como as vieiras com emulsão de manga e gengibre ou o tártaro de avelãs e caviar de beluga. Arroz de carabineiro, bacalhau com foie gras ou carne maturada grelhada com pickles feitos na casa são algumas das sugestões do chefe. do leque de sobremesas, Vítor Sobral assinala que a sopa de morangos e o pudim de chá verde têm feito particular sucesso. O espaço disponibiliza também uma cuidada seleção de vinhos e vários cocktails.
O chefe admite que criar novos pratos continua a ser a vertente mais fácil e mais fascinante da sua profissão. “com a experiência e conhecimentos que fui adquirindo nunca tenho falta de ideias. O desafio é aliar o conceito ao público-alvo e atrair o público que queremos atrair para determinado conceito.” do outro lado da moeda está a necessidade de gerir o negócio, que no caso de Vítor Sobral é uma palavra no plural. “Na escola de cozinha, a gestão de um restaurante já vai sendo abordada, mas só a prática nos ensina a gerir todas as componentes do negócio e se queremos crescer, temos que estar preparados para crescer e para gerir tudo isso”, comenta o chefe, acrescentando que, no entanto, “nada nos preparou para o que estamos a viver”. Vítor Sobral confessa-se muito preocupado com o futuro da restauração em Portugal, temendo que não se salve o suficiente para quando for preciso retomar a atividade com normalidade. “Se não houver uma intervenção mais musculada para mantermos a oferta de qualidade, poderemos não ter como receber as pessoas no futuro. Se falhar a confiança, também não se criará riqueza.”
O chefe diz que não teve ainda que despedir nenhum dos seus colaboradores, beneficiou do apoio estatal aos funcionários em lay-off, mas gostaria que os apoios obedecessem a um maior sentido de justiça. “Não é fácil governar o país nesta altura, mas custa-me que os apoios sejam distribuídos quer pelos que deram provas, pelos que contribuíram largamente para a economia nos últimos anos, quer pelos que não o fizeram. temos que ser justos na atribuição de benefícios.”
Ainda assim, o chefe não cruza os braços e mantém a sua marca em expansão, planeando abrir este ano a Peixaria da Esquina em cascais.
OTRO
R. Rodrigues Sampaio 94, Lisboa Telm. 963 620 129
Espaço dE LazER espacio de ocio Agenda cultural
Livros “D. Manuel I - Duas Irmãs para um Rei”, de Isabel Stilwell
O mais recente romance histórico da escritora Isabel Stilwell conduz-nos até ao século XVI, um período áureo da história de Portugal e dos Descobrimentos. Tratase da “história fascinante de um homem que não nasceu para ser rei, que chegou ao trono depois de ver morrer o sobrinho e ver assassinar o irmão e o cunhado”, lê-se na sinopse da obra. A escritora centra a história nas duas esposas primeiras do rei (teve três), que eram irmãs, Isabel e Maria de Aragão: “Isabel, viúva de Afonso, filho de D. João II, resistiu ao casamento. Mas Manuel era determinado. Desde aquele dia em que os seus olhares se cruzaram em Moura, sabia que Isabel havia de ser sua. Por ela faria tudo, inclusive expulsar os hereges de Portugal, e depois os judeus. Mas mais uma vez a roda da fortuna girava e a sua felicidade durou pouco. Isabel morria no parto, e o seu único filho não sobreviveria. Era preciso garantir a descendência. Maria, irmã de Isabel, esperara, apaixonada, e o seu tempo tinha chegado. Seria rainha de Portugal e mãe de dez filhos, entre eles seis varões.” A obra destaca ainda que D. Manuel, O Venturoso, foi “um dos reis mais importantes da nossa História, construtor do império global português, numa época fascinante dos Descobrimentos, em que Lisboa se enche de espiões e especiarias”. Isabel Stilwell é jornalista e escritora. Estreia-se nos romances históricos em 2007, com o bestseller “D. Filipa de Lencastre”, a que se seguiram “D. Catarina de Bragança”, “D. Amélia”, “D. Maria II”, “Ínclita Geração – Isabel de Borgonha”, “D. Teresa” e “Rainha Santa, Isabel de Aragão”.
Cinema Fastasporto “goes global”
A 41ª edição do maior festival de cinema do Porto mantém o lema “Fantas goes global”. Com arranque marcado para 23 de fevereiro, o Fantasporto aguarda para saber até que ponto as regras impostas pela DGS por causa da pandemia poderão condicionar a realização do festival nos dias definidos. A manter-se, a programação oficial de 2021 passará pelas duas salas do Teatro Rivoli, que este ano celebra 89 anos. Destaque para “a grande diversidade de curtas e longas-metragens, apresentadas em Antestreia Nacional, Internacional ou Mundial”. A secção oficial de competição de cinema fantástico integra: The Reckoning/O Derradeiro Julgamento - Neil Marshall – 110’ (GB); Ten Minutes to Midnight- Erik Bloomquist - 73’ (EUA); X 2048 – Guy Moshe- 104’ (EUA / Lituânia); O Cemitério das Almas Perdidas – Rodrigo Aragão- 95’ (Brasil); The Trouble with Being Born- Sandra Wollner- 94’ (Alemanha); Post Mortem – Péter Bergendy- 115’ (Hungria); Get The Hell Out – I-Fan Wang - 96’ (Taiwan); Marionette – Elbert van Strien- 112’ (Hol/Reino Unido/Luxemburgo); Suicide Forest Village – Takashi Shimizu- 116’ (Japão); Tin Can- Seth A. Smith- 105’ (Canadá); The Funeral Home/La Funeraria – Mauro Iván Ojeda- 86’ (Argentina). Na semana dos realizadores serão exibidas películas de Rafael e Bernardo Antonaccio (Uruguai); Lucía Vassallo (Argentina); Inon Shampanier, Jonathan W. Stokes e Adam Rehmeier (EUA); Mile Nagaoka(Japão). Numa nota sobre o crescimento mediático a nível mundial do evento, a organização recorda, que “no ano da sua 40ª edição recebemos inscrições de filmes de todos os continentes, concretamente de 76 países”. Em 2020, o Fantas exibiu nas secções competitivas 43 antestreias mundiais. a passada edição acolheu “cerca de duas centenas de membros das equipas dos filmes”, e “73% dos filmes foram apoiados com a presença do seu realizador e equipa”. O diretor do festival, Mario Dorminsky, assinala ainda que “Em 2021, o Fantasporto será novamente uma Festa para o Cinema que leva o nome do Porto a todos os cantos do Mundo.”
Até 7 de março, no Teatro Rivoli, no Porto*
Exposições
“As montanhas por entre os dedos” de Ana Catarina Fragoso, na galeria Casa A. Molder
Conhecido pelos apreciadores de filatelia a Casa A. Molder é desde novembro também uma galeria de arte, retomando a vontade do fundador, August Molder, que chegou a ter uma galeria até aos anos 60. A ligação da família à arte continua com o filho, o fotógrafo Jorge Molder e a nora, Adriana Molder, mentora do atual projeto expositivo. Assim a loja, reconhecida pelo programa municipal Lojas com História, acrescenta uma nova valência, funcionando também como galeria de arte. Depois de “Luto”, uma escultura de Gustavo Sumpta, feita para a inauguração da Galeria da Casa A. Molder, é agora a vez de “As Montanhas Por Entre Os Dedos” – de Ana Catarina Fragoso.
Trata-se também de uma instalação de pintura idealizada para este espaço expositivo, esclarece a artista: “É um movimento entre duas paisagens dunares, onde é dia e quase de noite e caminhamos do mar para a terra.” A galeria destaca ainda o processo de trabalho de Ana Catarina Fragoso: “A artista encontra os seus modelos nos passeios que faz com a sua máquina fotográfica e com esse mesmo intuito. Depois, num ecrã luminoso, os seus dedos ampliam essas mesmas paisagens, até ao encontro de cores impercetíveis a olho nu e destreinado. Pintadas no chão, com acrílico, na horizontal, uma sobre metal e outra sobre papel, estas pinturas inéditas encontram aqui, no espaço da galeria da Casa A. Molder, e na sua posição final, vertical, um confronto e uma nova convivência com o nosso corpo e com o nosso olhar.”
Até 12 de fevereiro de 2021, na Galeria da Casa A. Molder, em Lisboa*
Assinalaram-se no ano passado 800 anos do martírio de um grupo de franciscanos italianos: Berardo, Otão (sacerdotes), Pedro (diácono), Acúrsio e Adjuto (leigos) – os Mártires de Marrocos - que, em 16 de janeiro de 1220, foram mortos no Norte de África. A exposição temporária “Guerreiros e Mártires. A Cristandade e o Islão na Formação de Portugal” revisita esse período, que foi “uma época crucial da afirmação e estabelecimento de Portugal como nação”, sublinha a nota informativa do Museu Nacional de Arte Antiga, onde está patente esta mostra. Trata-se uma oportunidade para “os visitantes desvendarem as vivências deste importante período, através de um conjunto de peças de ourivesaria, cerâmica de luxo e comum, peças militares, tesouros monetários, pintura, iluminura, escultura, têxteis, marfins e artes do fogo”. Comissariado por Santiago Macias e Joaquim Oliveira, o projeto envolve mais de setenta instituições (museus, bibliotecas, igrejas e coleções particulares) de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Marrocos e Reino Unido, e enquadra-se nas Comemorações do Ano Jubilar dos Mártires de Marrocos e de Santo António, tendo como parceiros a Diocese de Coimbra, a Igreja de Santa Cruz de Coimbra e o Museu Nacional Machado de Castro.
Até 28 de fevereiro, no MNAA, em Lisboa* *Todas estas datas poderão ser alteradas, consoante as regras a estabelecer pela DGS, devido à evolução da pandemia.
Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
O Círculo de Bellas Artes de Madrid acolhe a exposição inédita em Espanha sobre “o misterioso e sempre polémico artista britânico de street art Banksy”, cuja identidade se desconhece. A mostra “Banksy. The Street is a Canvas” (a rua é uma tela) permite ao visitante mergulhar no “controverso universo artístico de um dos criadores mais influentes dos últimos anos, através de diferentes âmbitos temáticos e de mais de 50 criações que incluem uma seleção de obras únicas executadas com diferentes técnicas: óleo ou acrílico sobre tela, spray sobre tela, serigrafias de edição limitada, stencils (estênceis) sobre metal ou cimento, esculturas poliméricas pintadas ou de bronze envernizado, instalações, vídeos e fotografias”. Grande parte das peças, são provenientes de coleções privadas internacionais, sendo exibidas na capital espanhola pela primeira vez. À entrada da exposição, o visitante depara com “uma instalação multimédia especialmente criada para esta mostra”, que desvenda pistas sobre o misterioso artista, destacando as suas peças mais importantes e enquadra a sua insólita trajetória, não isenta de polémica”. Entre as obras expostas, destaque para a serigrafia original da série “Menina com o balão (em forma de coração)”, recentemente destruída pelo próprio artista numa ação sem precedentes na leiloeira britânica Sotheby’s. Banksy instalou uma trituradora na moldura, que acionou, com um comando à distância. A compradora ficou com a obra, pela qual já tinha pago 1,180 milhões de euros, e que o artista rebatizou com o nome “O amor está no lixo”. No vídeo em que explicou o processo, Banksy, cita Pablo Picasso: “A necessidade de destruir é também uma necessidade criativa”. Os avaliadores estimam que o valor da obra possa já ter duplicado, depois desta ação de destruição.