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Espaço de Lazer
El Olivo, a cozinha sustentável de Elísio Bernardes
Integra o Hotel Meliá Braga e serve “cozinha minhota em comunhão com a comunidade local”, com a assinatura de Elísio Bernardes. O chefe do El Olivo é um dos “the Ambassadors of Taste for the Global Gastronomy” e defende que a partir da cozinha se “pode mudar o mundo”.
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Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
Bacalhau à Moda de Braga e Pudim Abade de Priscos são uma tentadora forma de começar qualquer texto sobre gastronomia e começamos por eles porque são os pratos mais pedidos do El Olivo, uma das moradas de eleição para degustar estas iguarias minhotas.
O nome El Olivo (azeitona) “é uma menção ao azeite, um produto tão valorizado pelos portugueses”, esclarece delfim Filho, diretor do hotel Meliá Braga e diretor de operações da zona Norte do grupo Hoti Hotéis, detentor da marca de origem espanhola Meliá, em Portugal. “O restaurante El Olivo apresenta uma gastronomia portuguesa, mediterrânica e sofisticada, que, ao mesmo tempo valoriza o que há de melhor e de mais tradicional na região do Minho”, realça o gestor, ressalvando que “embora seja um restaurante pertencente ao Hotel Meliá Braga, sempre esteve com as portas abertas para a cidade e assim vai continuar.”
À frente do El Olivo está desde janeiro de 2020 Elísio Bernardes, que define a sua cozinha como sendo “consciente, criativa e em constante evolução”, ainda que “muito simples e centrada no produto”. Natural de São João de Ver, aldeia de Santa Maria da Feira, o chefe apoia-se no “conhecimento empírico” e no “foco no produto local”. Admite que “é um grande desafio, pois Braga tem uma grande cultura gastronómica e excelentes referências”.
Respeitar e honrar o melhor de cada região é também o caminho para um
mundo mais sustentável, argumenta Elísio Bernardes: “Acredito que os chefes de cozinha podem mudar o mundo ao inspirar a humanidade a pensar e a viver de forma sustentável, reduzindo o desperdício de alimentos, respeitando os ingredientes e o valor dos recursos naturais, nunca esquecendo o bem-estar dos animais. Atualmente, temos alguns projetos ainda embrionários, que poderão ser vistos em toda a cadeia da Hoti Hotéis e que pretendem dar um contributo significativo em termos de sustentabilidade, consciência e respeito pela gastronomia local.”
O chefe foi reconhecido como um dos “the Ambassadors of taste for the Global Gastronomy”, em abril de 2021: “Este prémio vem reconhecer a minha contribuição para a valorização da gastronomia regional e das receitas tradicionais portuguesas, assim como o meu papel ativo em causas sociais e de sustentabilidade ambiental. Acreditaram no meu trabalho e muito dele será divulgado num futuro próximo. Este reconhecimento é um estímulo extra para continuar a trilhar o meu caminho, uma vez que a vontade e a essência sempre estiveram e vão estar cá.” um caminho que já passou por vários restaurantes europeus (Suíça, Hungria, itália e Espanha) e que começou na Escola de Hotelaria de Santa Maria da Feira: “Há sempre uma admiração pelas nossas primeiras experiências. O meu primeiro amor surge a Escola de Hotelaria e turismo do Porto - Núcleo Escolar de Santa Maria da Feira, com a equipa liderada pelo chefe delfim Soares. Por todo o conhecimento ali adquirido, o foco em educação e por ‘respirarem’ hotelaria e restauração.”
O chefe executivo do Meliá Braga comenta que “não existe propriamente um prato ou um ingrediente” que mais o inspirem. “Existe, sim, uma curiosidade inerente que faz com que o percurso seja de evolução constante e de aprendizagem. Existe uma admiração pelas pessoas e pela sabedoria que podem transmitir. Neste caso, posso dizer que existe uma atração por todo esse conhecimento existente e por não deixar que ele se perca com o passar dos tempos.”
É com essa filosofia que o chefe procura refletir o Minho na carta: “com uma constante evolução e aprendizagem, tentamos todos os dias que a carta seja o cartão de visita da cidade, onde queremos mostrar toda a genuinidade e diversidade de uma região.” Pratos como “o caldo Verde com chouriça de cebola, o Bacalhau à Moda de Braga e o Pica no chão (arroz de cabidela, feito com sangue de galinha) são bons exemplos de uma região com uma grande riqueza gastronómica”, sustenta. O mesmo vale para sobremesas como o Pudim Abade de Priscos e as Viúvas. O chefe confirma que “o Bacalhau à Moda de Braga e o Pudim Abade de Priscos são, sem dúvida, os pratos mais pedidos”. talvez não sejam ainda famosos na gastronomia mundial, mas quem os prova certamente não os esquece. O chefe considera que a gastronomia portuguesa está no bom caminho: “Julgo que não restam dúvidas de que já temos grande visibilidade e que o futuro vai ser bem risonho para a nossa gastronomia. Aliando a riqueza do produto à mestria dos cozinheiros e ao conhecimento empírico, muito em breve teremos uma explosão internacional.”
Ao trabalho na cozinha do El Olivo, o chefe soma a atividade de professor em escolas de turismo e frisa que Portugal apresenta “uma formação muito completa e que deve ser valorizada cada vez mais”, já que “é a nossa porta de entrada, bem como a primeira referência profissional na área”.
O grupo português Hoti Hotéis gere 18 hotéis, das marcas Meliá, Star Inn, Tryp e Moxy (Marriot) e anunciou recentemente investimentos na ordem dos 140 milhões de euros, a realizar até 2027, em várias unidades hoteleiras das marcas que opera. “O Meliá Braga é um hotel de cinco estrelas muito versátil, sendo capaz de funcionar como um hotel de família ao fim de semana, assim como o alojamento ideal para executivos e para eventos corporativos, como congressos, seminários, eventos desportivos”, salienta Delfim Filho, diretor do hotel Meliá Braga e diretor de operações da zona Norte do grupo Hoti Hotéis. O gestor indica que “cerca de metade dos clientes tanto no restaurante quanto no hotel viaja por turismo, já a outra metade vem a negócios”.
El Olivo
Hotel Meliá Braga Tel. 253 144007
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Livro “A História Oculta da Música”
O subtítulo do livro “A História Oculta da Música”, de Luis António Muñoz, promete “Magia, Geometria Sagrada, Maçonaria e outras histórias”. A nota de imprensa sobre a obra recorda que “Mozart, Haydn, Carlos Gardel e Louis Armstrong eram maçons”, que “na sua juventude Satie compôs música para a Ordem Rosa-Cruz”, que “Leonardo da Vinci escreveu um tratado sobre música que está perdido e desenhou extravagantes instrumentos musicais”, que “Hitler concebeu o seu plano de invasão da Europa após escutar uma ópera de Wagner” e que “Schumann frequentava sessões espíritas, e Chopin teve visões de espectros no seu retiro em Valldemosa”. Estas e muitas outras curiosidades estão reunidas neste livro, que “analisa de forma acessível a relação da música e dos músicos com fenómenos como o ocultismo, a magia ou as sociedades secretas, entre outros”. A obra conta “com um significativo número de fontes bibliográficas ou musicais”, abordando “a figura de músicos e composições de todas as épocas a partir de um ponto de vista diferente daquele que é ensinado em conservatórios ou escolas de música”. Luis Antonio Muñoz (Madrid, 1971) é cantor, multi-instrumentista, compositor, investigador e maestro. É também apresentador na Rádio Clásica da RNE (programas “Por humor a la música” e “Sinfonía de la mañana”) e coach de voz (especializado em ambientes de direção). Criou e dirige cursos como “Conhecer a Música”, “Conhecer a Ópera” e “A História Oculta da Música”. Gravou mais de trinta projetos discográficos e compôs para cinema e teatro.
Exposições Culturgest Porto: “Side Facing the Wind”, de Silvia Bächli
O concerto do Sonor “Trabalhando quase exclusivamente na área do desenho, Silvia Bächli tem vindo a explorar, desde meados dos anos 1980, um conjunto muito estreito de recursos gráficos – essencialmente o traço e a cor – através dos quais procura fixar impressões e sensações que experimentamos todos os dias e que sugere um território comum para um conjunto de atores que oscila o figurativo e o abstrato, o arbitrário e o aleatório”. Isso mesmo poderemos testemunhar através da mostra “Side Facing the Wind”, patente na Culturgest Porto e composta por desenhos sobre papel e esculturas em gesso. Como o título desta exposição indica, “a experiência peculiar do nosso corpo afetado por um vento lateral pode ser o gatilho para um conjunto de obras que propõem tornar visível a essência inefável desse fenómeno”, lê-se na nota de imprensa enviada pela Culturgest. O organismo sublinha ainda que “os desenhos de Bächli são ensaios: imagens que fazem aproximações, necessariamente incompletas e parcelares, do mundo intangível”. Lê-se ainda na sinopse da exposição, que “a alusão ao nosso corpo afetado por um vento lateral é o mote que introduz a hipótese de se considerar todo o trabalho de Bächli como um inventário visual das experiências subtis do quotidiano; como um exercício que procurasse traduzir as impressões e sensações ténues que experienciamos, mas cujo registo na memória do corpo tendemos a desconsiderar”. Nascida em Baden, na Suíça, em1956, Silvia Bächli privilegia o uso de tinta guache sobre a superfície branca do papel: “Os desenhos são feitos com recurso a trinchas ou pincéis largos e a paleta concentra-se nos cinzas e nas cores terra, com episódicas incursões por tonalidades mais abertas, mas sem nunca perder um registo contido e uma vibração controlada. No que concerne aos gestos, as inscrições nos desenhos descrevem frequentemente movimentos verticais ou horizontais, ora amplos ora curtos, explorando relações de tensão com os limites do papel. Se os gestos amplos denunciam um controlo e um virtuosismo que só se consegue adquirir com anos de prática ininterrupta, os curtos são como notações, tendendo a assinalar ritmos e repetições, marcações e deslocações, tempo e acontecimento.”
Até 6 de março, na Culturgest Porto
“O Princípio da Incerteza” ou o diálogo entre os textos de Agustina Bessa-Luís e os filmes de Manoel de Oliveira
É conhecida a parceria de Manoel de Oliveira e Agustina Bessa-Luís, materializada na cinematografia do realizador, que adaptou vários textos da escritora para a sétima arte: “Sendo a todos os títulos um caso ímpar no que toca a afinidades e desavenças entre literatura e cinema e tendo dado origem a realizações não menos singulares, as interseções entre as obras dos dois autores são cruciais para o entendimento da obra de cada um deles.” Iniciada em 1981, com a adaptação do romance “Fanny Owen” (1979) no filme “Francisca”, a colaboração de Oliveira com Agustina prolonga-se até 2005, data da realização de “Espelho Mágico”, que adapta “A Alma dos Ricos” (2002). Pelo meio, existem outros oito textos da escritora que habitam a obra do realizador, onde se incluem
três romances, dois diálogos, uma peça de teatro, um conto e um discurso lido pela própria Agustina. Estas relações entre literatura e cinema é abordada através da mostra “O princípio da Incerteza”, que reúne “todo um vasto leque de saberes, científicos, para-científicos, e outros ainda mais obscuros, porque só eles podem iluminar uma área do conhecimento feita essencialmente de intuições e de paradoxos, de inversões de sentido e de perplexidades”, explica o comunicado da Casa do Cinema Manoel de Oliveira, acrescentando que, no caso de Manoel de Oliveira e Agustina Bessa Luís, “os termos deste diálogo consubstanciam, provavelmente, o consórcio mais fecundo das artes e das letras portuguesas dos últimos cem anos”. Com curadoria de António Preto, diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira, a mostra convoca outros diálogos possíveis no universo artístico: “O choque entre palavras e imagens, entre romances e filmes, apela a outros confrontos, que procurámos explorar na exposição, e abre um espaço intersticial, lugar do estético e do simbólico, onde todos esses saberes antigos ou modernos são convocados.”
Até 5 de junho, na Casa do Cinema Manoel de Oliveira, no Porto
“O povo no Panteão”, pela lente de Artur Pastor
Descobriu a paixão pela fotografia através da agricultura, tendo feito o seu primeiro trabalho fotográfico para ilustrar a tese final do curso de Regente Agrícola, em Évora. A partir daí não mais parou de fotografar, com a sua lente Rolleiflex, “procurando revelar várias facetas do povo português”. O Arquivo Municipal de Lisboa, detentor da guarda do fundo e entidade que tem vindo a preservar o espólio do fotógrafo e a divulgar o seu trabalho, expõe agora o trabalho de Artur Pastor, no Panteão Nacional: “Enquanto técnico do Ministério da Agricultura, Artur Pastor (1922-1999) tirou milhares de fotografias de pessoas, tanto em ambientes urbanos como rurais. Estas imagens, testemunhos inestimáveis de um Portugal entre os anos 40 e 60 do século XX, permitem agora uma viagem de regresso ao país real da época.” A exposição, que conta com a direção e coordenação de Santiago Macias e de Sofia Castro, resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa/Arquivo Municipal Lisboa e a Direção-Geral do Património Cultural/Panteão Nacional.
Até 6 de fevereiro, no Panteão Nacional, em Lisboa
Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
A comemoração do centenário do Barão Hans Heinrich Thyssen-Bornemisza (1921-2002) termina com uma exposição que reúne o magnífico acervo de arte americana resultante do seu trabalho de colecionador ao longo de mais de três décadas. Esta mostra inclui obras do próprio museu, bem como procedentes das coleções da família Thyssen e de Carmen Thyssen-Bornemisza: “um conjunto excecional no contexto europeu que transformou o Museu Thyssen de Madrid num ponto de referência essencial para o conhecimento da arte norte-americana”. Esta exposição é o resultado de um projeto de pesquisa, desenvolvido com o apoio da Terra Foundation for American Art, para estudar e reinterpretar essas pinturas com uma nova perspetiva temática e transversal, através de categorias como história, política, ciência, ou ambiente ou a vida urbana, e considerando aspetos de género, etnia, classe social ou idioma, entre outros, para facilitar uma compreensão mais profunda das complexidades da arte e cultura americanas. Das 140 pinturas que integram a mostra constam obras de George Inness, Mark Rothko, Thomas Cole, Charles Burchfield (autor da imagem). A mostra ocupa as salas 55 a 46 do primeiro andar do museu, organizada em quatro secções temáticas: Natureza, Cruzamento de culturas, Espaço urbano e Cultura material, que estão, por sua vez, divididas por temas, nos quais se estabelecem diálogos entre quadros de diferentes épocas e autores, combinando a arte dos séculos XIX e XX.