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Gestão e Estratégia
Liderança: menos de um terço dos cargos mais altos das empresas é ocupado por mulheres
Há mais licenciadas do que licenciados em Portugal, mas nas empresas comerciais as mulheres representam 41,5% de um total de cerca de 2,8 milhões de empregos, de acordo com um estudo divulgado pela Informa D&B, em março. A consultora avança que, em 2021, nas quase 40 mil empresas criadas em Portugal, 27% têm liderança feminina.
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Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos Shutterstock
Aigualdade de género é um dos Objetivos de desenvolvimento Sustentável que as Nações unidos atribuíram às empresas, exigindo-lhes um sério compromisso com a mudança”, como recorda teresa cardoso de Menezes, diretora-geral da informa d&B, no comunicado sobre o estudo ‘A diversidade de Género nas Empresas em Portugal’, enviado às redações no passado dia 7 de março, um dia antes do dia da Mulher. com a análise da representatividade das mulheres no tecido empresarial português, a consultora pretende “contribuir para esta mudança, mostrando as realizações das empresas que caminham nesse sentido”. Porém, o estudo mostra que “a representação feminina em cargos de direção executiva evoluiu positivamente na maioria das áreas, sendo, no entanto, uma evolução lenta e que deixa a situação bastante distante da paridade”. A presença feminina no mundo laboral é equilibrada, começa por mostrar este estudo: “Em Portugal, não existem grandes diferenças de género na população ativa”, já que “no universo das empresas comerciais, as mulheres representam 41,5% de um total de cerca de 2,8 milhões de empregos, valor que recuou um ponto percentual (p.p) desde 2019”. A balança começa a desequilibrar-se à medida que se sobe nos organigramas de recursos humanos das empresas: “Onde estas diferenças são muito notórias é nos cargos de gestão, direção e liderança. Apesar da evolução registada nos últimos anos e do facto das mulheres corresponderem a cerca de 60% de todos os licenciados, a sua representação nestes cargos está ainda muito longe da paridade. Nos cargos de direção, cargos de gestão e cargos de liderança*, a situação da participação feminina praticamente não mostra evolução face a 2019, com a representação de mulheres nestes cargos a registar, respetivamente, 28,3% (+0,1pp), 29,7% (-0,2pp) e 26,8% (+0,2pp). Em 2021,
nas quase 40 mil empresas criadas em Portugal, 27% têm liderança feminina, valor 1 pp superior ao de 2019.” A informa d&B indica que “as presidências dos conselhos de Administração das sociedades anónimas são ocupadas por mulheres em apenas 16,4% dos casos, que corresponde aos mesmos valores registados em 2019”. No que concerne aos cargos de direção Geral, apenas “são ocupados por mulheres em 13,1% dos casos, mais 1,7pp que em 2019”. No universo das empresas cotadas, “a representação de mulheres nos conselhos de administração é de 22,6%, apesar da lei de 2017 que prevê a representação equilibrada entre mulheres e homens nos órgãos de administração e de fiscalização das entidades do setor público empresarial e das empresas cotadas em bolsa”. A representação feminina, ainda não atinge sequer um quarto da representação, mas traduz “uma evolução positiva, já que há 10 anos, em 2011, era de apenas 5,7%”. Analisando a representatividade de mulheres em cargos de gestão consoante a dimensão das empresas é possível constatar que a presença feminina cresce à medida que as empresas diminuem de dimensão: “Nas grandes empresas, apenas 19% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres, enquanto nas microempresas esse valor é de 31%”. Os setores dos serviços gerais, alojamento e restauração e retalho são “os que apresentam maior percentagem de emprego feminino (os três com mais de 50%) e são também aqueles onde há mais mulheres a ocupar cargos de gestão”, informa o comunicado, ressalvando que “ainda assim, nos serviços gerais os cargos de gestão feminina não chegam aos 50% e nos outros dois setores é de apenas um terço”. Os setores da construção, tecnologias de informação e comunicação e energias e ambiente são dominados por homens, que ocupam 82% dos cargos de gestão. também são estes os setores, juntamente com o de transportes onde é maior a representação masculina no emprego. As mulheres estão em maioria na direção executiva das áreas de qualidade/ técnica e na direção de recursos humanos, respetivamente com 59% e 57%. Já nas direções comercial, operações/ produção, geral e sistemas de informação, a presença de mulheres é sempre inferior a 20%. O estudo permite concluir que “quando estão à frente das empresas, as mulheres revelam maior atenção à diversidade de género”. Assim, “nas empresas com liderança feminina, apenas 23% das equipas de gestão são exclusivamente femininas e 77% são equipas mistas”. Já, “nas empresas lideradas por homens, mais de metade (52%) das equipas de gestão são compostas exclusivamente por homens”.
El “Mobile World Congress” muestra su visión humanista de la tecnología
“GSMA Mobile World Congress Barcelona 2022” transformó a Barcelona en la capital mundial del sector de las comunicaciones inalámbricas, con 1.500 expositores y participantes de 150 países, con temas como la tecnología financiera, el 5G, la inteligencia artificial, la tecnología en la “nube”, la Internet de las cosas, los problemas climáticos y la ciberseguridad.
Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Foto DR
El “Mobile World congress 2022” ha supuesto el retorno al formato presencial de la feria de tecnología y comunicaciones más grande e importante, tras un parón de dos años por culpa de la pandemia. En su 17ª edición, ha contado con la presencia de 60 mil asistentes de 200 países y según el análisis económico preliminar el congreso aporta más de 240 millones de euros a la economía de Barcelona y ha creado más de 6.700 puestos de trabajo a tiempo parcial en 2022. “Nada supera al MWc presencial, ha sido emocionante reunir a nuestra comunidad, que es tan apasionada por la conectividad, para discutir las oportunidades que se avecinan”, ha manifestado el consejero delegado de GSMA, John Hoffman. Hoteleros y restauradores se han mostrado muy satisfechos con los resultados a pesar de que las cifras de ocupación y facturación estén aún lejos de las de antes de la pandemia.
El congreso ha permitido confirmar cuales son las tendencias tecnológicas a corto plazo, que pasan por el 5G y el metaverso. Y además ha sido especialmente fructuoso para los ordenadores, especialmente los portátiles, que han sido ines-
perados protagonistas de una era donde la atención ha estado en otros dispositivos como smartphones, relojes inteligentes o gafas de realidad aumentada.
En esta ocasión, las grandes marcas de móviles (lG, Sony, Htc, entre otras) han decidido no presentar sus mejores terminales durante la feria, y se ha desviado la atención a otras propuestas. Algunos de los productos más destacados han sido los nuevos dispositivos Samsung Galaxy, los “superdispositivos” Huawei, Spot, el perrobot de trabajo 5G de Boston dynamics e iBM y los cascos VR listos para el metaverso de Htc Vive.
Startups
El espacio dedicado a las startups ha sido otro de los protagonistas de la cita con más de 600 compañías en el recinto 4 Years From Now (4YFN). “cerramos un MWc22 muy intenso, a la altura de las grandes ediciones”, opina el director de la Mobile World capital, carlos Grau, que destaca como eje central del congreso “la visión humanista de la tecnología”. Hasta la próxima cita, el reto y el compromiso de la organización de MWc22 pasa por “extender su impacto a lo largo de todo el año y del territorio”, subraya Grau, responsable del organismo encargado de potenciar el ecosistema tecnológico de cataluña.
El Rey de España, Felipe Vi, y el presidente del Gobierno español, Pedro Sánchez, fueron algunas de las personalidades más destacadas que pasaron por el evento celebrado entre el pasado 28 de febrero y el 3 de marzo.
As boas práticas
do mercado brasileiro
por Lyana Bittencourt*
Se, por um lado a Europa surge como um chamariz ao investimento, devido à estabilidade de que goza e aos seus 500 milhões de habitantes. Por outro, pelas suas dimensões, pelas recentes privatizações e reformas estruturais, o Brasil tem suscitado o interesse por parte de investidores internacionais, quer portugueses quer espanhóis.
Ao longo do tempo as economias emergentes tornaram-se numa nova possibilidade para mercados mais tradicionais por diferentes fatores, que se converteram em oportunidades para quem deseja expandir, criar escala, seja no mercado local ou no mercado internacional.
A diversidade e a multidisciplinaridade étnica e social muito presentes no mercado brasileiro, são cada vez mais relevantes nas empresas, não só pela questão social, mas também pela questão de inovação. ter pessoas com histórico de vida diferente, com visões de mundo diferentes, é fundamental para inovar. Além de estarmos a falar de um mercado de grande dimensão e com muitos recursos.
Há uma proximidade cultural importante entre o mercado brasileiro e o mercado ibérico, além da facilidade de comunicação que a língua permite, mesmo no caso da Espanha. São mercados bastante abertos a novos modelos de negócios.
As relações entre Portugal e Brasil dispensam apresentações, mas recentemente o interesse de Espanha pelo Brasil tem vindo a crescer, tal como o mercado ibérico se constitui uma porta de entrada dos empresários brasileiros para a Europa. Espanha é uma grande investidora na economia brasileira, em setores tão diversificados como banca, indústria e tecnologia ligada a startups, só para citar algumas áreas. Em 2020, Espanha tornou-se o terceiro país do mundo com mais investimento no Brasil1 .
O mercado português atrai pela inexistência de barreiras linguísticas, acesso a contactos internacionais, obtenção de ativos estratégicos, incentivos do governo e pela receita concentrada que existe no país. de salientar que o Brasil ocupa um lugar cimeiro no que diz respeito a investimento direto em Portugal e que as relações entre ambos têm uma densidade incomparável a qualquer outro país com o qual Portugal tenha relações. com a internacionalização das empresas brasileiras, Portugal vê um crescimento económico e a possibilidade de criação de mais postos de trabalho.
Se formos a olhar para empresas brasileiras que estão há muitos anos em Portugal, o caso d’O Boticário, que é a maior rede de franquias de perfumarias e cosméticos do mundo, ou das Havaianas, por exemplo, é fácil perceber o valor agregado que trouxeram à economia nacional, mas mais do que isso, são marcas que passaram a fazer parte da própria identidade portuguesa.
Atualmente, um aumento de produtividade por via tecnológica, uma valorização dos ativos das empresas, um crescente know-how qualificado e a consolidação de Portugal como principal hub para tecnológicas da Península ibérica, têm atraído ainda mais investimento de fora. tal como as relações comerciais com Espanha que, historicamente, são parceiros comerciais. Esta relação advém de uma afinidade cultural e evidente proximidade geográfica, que se constitui no mercado ibérico.
Só no primeiro trimestre de 2021, o investimento feito por brasileiros em Portugal ascendeu aos 33,39 milhões de euros2. Estas transações incluem investimentos diretos de empresas ou investidores do Brasil em ações e mercado imobiliário.
Portugal é uma plataforma para outros mercados, Espanha é a consolidação dessa presença na Europa. Já em 2012, Mariano Rajoy, na altura primeiro-ministro espanhol, apelou à expansão das empresas brasileiras em Espanha, como forma de ultrapassar a grave crise económica que Espanha (e outros países europeus), atravessavam na altura. com a pandemia, o interesse mútuo de investimento entre estes três países e a vontade de fomentar o intercâmbio, não parece ter abrandado. intercâmbio esse que não é unicamente financeiro, é igualmente uma troca de conhecimento, de criatividade, de vivências. Portugal apresenta-se como uma porta de entrada para a Europa e graças ao programa Portugal 2030, que tem várias linhas de incentivos tanto para se iniciar um projeto, como para fazer a ampliação da empresa, a tração de investimento continua a crescer.
E encarar Portugal como uma porta de entrada para a Europa não se prende unicamente com a posição geográfica do país. Mas também, com o aumento dos espaços de co-work, grande atração para os nómadas digitais, tornando desta forma possível a proximidade entre empresas de todos os pontos do globo. um cenário que não só potencia a troca de conhecimento especializado, como o conhecimento de como outros países europeus funcionam. Marcando, assim, o início da globalização de uma empresa. É comum os empreendedores considerarem Portugal uma “escola” onde aprendem como se internacionalizar.
A relação entre Espanha e Brasil, embo-
ra não tão longa, tem vindo a ser estreitada de ano para ano. Os dois países veem-se como grandes aliados para o investimento e a atual situação pandémica marca um tempo de aproximação. A união de Brasil, Portugal e Espanha, que culturalmente são bastante próximos, visa um maior desenvolvimento e expansão dos mercados.
Em 2020, Espanha sofreu uma contração do PiB de 10,8%3 como resultado do impacto da pandemia de covid-19. Esta situação refletiu as principais fragilidades da economia espanhola, como as elevadas taxas de desemprego e de dívida pública, bem como uma estrutura produtiva muito dependente do turismo. Já em 2021 assistimos a um crescimento de 5%, a taxa mais elevada dos últimos 21 anos, que contrasta com a queda de 10,8% registada em 2020, segundo os últimos dados publicados pelo instituto Nacional de Estatística (iNE) espanhol. Esta recuperação da atividade económica, sobretudo a partir do segundo semestre, foi grandemente impulsionada pelo investimento e pelo consumo, em consequência do plano nacional de recuperação.
Espanha é o principal parceiro comercial de Portugal, sendo a proximidade um valor essencial para o aprofundamento das relações bilaterais. É importante potenciar os relacionamentos de complementaridade e de integração das cadeias de produção, aproveitar a tendência para uma maior diferenciação, customização e personalização do produto e acompanhar as oportunidades nas plataformas de e-commerce.
Além disso, este é o tempo certo para garantir que os negócios cresçam de forma sustentável e com canais integrados para atender a uma procura cada vez maior por conveniência do consumidor, a título de exemplo.
O mercado brasileiro tem um bom track record em internacionalização das suas empresas, na modernização do ponto de venda, é um dos países mais desenvolvidos do mundo em termos de expansão de redes de negócios, inovação de soluções que potenciem a fidelização do consumidor às marcas e tem muito a contribuir para o mercado ibérico, em termos de profissionalização e boas práticas.
O país está bastante avançado em tudo o que é a experiência do consumidor ao longo de todo o processo de compra, o ponto de venda e até mesmo a melhor forma de expandir negócios. com processos e ferramentas que podem trazer um elevado nível de especialização ao mercado ibérico, como sendo o desenvolvimento de novas soluções integradas para marketplaces, live commerce, novas parcerias estratégicas entre empresas, boas práticas de gestão e governança, ou seja, o ESG aplicado na prática.
A importância da união dos três mercados vai além da expansão económica, é uma partilha de conhecimentos e de informação que a todos beneficia. Vai desde o imobiliário, às startups tecnológicas, passando pelo marketing digital e e-commerce, ao mundo das artes, à música, à literatura e à pintura. Simboliza um olhar novo sobre as realidades que cada país vive.
Notas 1 Relatório de Investimento Mundial 2020 (ONU) 2 Banco de Portugal 3 Instituto Nacional de Estatística (INE)
*CEO do grupo Bittencourt E-mail: contato@bittencourteurope.com