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Gestão e Estratégia

Freire Shipyard: da pesca à navegação de recreio e à oceanografia

O negócio de reparação e construção de barcos de pesca começou em 1895 com Paulino Freire, em Vigo. Atualmente, a Freire Shipyard exporta também barcos de recreio de luxo e oceanográficos. Guillermo Freire, director-geral do mais antigo estaleiro espanhol em atividade, aponta a inovação e a diversificação como as cartas chave para continuar a “navegar a todo o vapor”.

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Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR

“N este momento estamos a construir duas embarcações oceanográficas de 50 metros para os EUA e Abu Dhabi. Por outro lado, temos um projeto para transformar uma embarcação offshore numa embarcação oceanográfica para um cliente dos EUA. Também estamos a construir dois barcos de luxo, mas não podemos fornecer dados devido a contratos de confidencialidade.” Há 127 anos de distância entre estas palavras de Guillermo Freire, atual director-geral da construtura naval Freire Shipyard, e o momento em que o seu visavô Paulino Freire decidiu arrancar com um estaleiro em Vigo para reparar os seus próprios barcos de pesca. Não lhe terão faltado clientes, estando numa das mais dinâmicas regiões pesqueiras da Península Ibérica. À reparação, logo juntou a construção de embarcações para outros armadores. Em 1928, já tinha clientes portugueses e fabricava máquinas de vapor com patente própria. A exportação e a inovação estiverem desde o início no ADN da Freire

Shipyard, como frisa Guillermo Freire, que pertence à quarta geração da família que detém a empresa: “ A Freire Shipyard é um estaleiro que se compromete há muitos anos com a construção de navios tecnicamente complexos e com alto nível de customização. No setor naval espanhol somos uma empresa importante que foi pioneira na aposta em certos tipos de navios e isso gerou know-how não só na nossa empresa, mas em toda a indústria em torno deste setor, bem como na indústria nacional de máquinas e de equipamentos. A nível internacional, somos um estaleiro reconhecido por termos construído navios muito significativos na indústria.”

Os barcos oceanográficos atualmente em construção ou em conversão destinam-se a organismos que desenvolvem investigação de ponta nos oceanos, como o Monterey Bay Aquarium Research Institute (fundada en 1987 por David Packard), à Agência do Meio Ambiente – Abu Dhabi e ao Schmidt Ocean Institute (fundado por Eric Schmidt e Wendy Schmidt). “A Freire é muito ativa nos segmentos oceanográficos, offshore, pesca, barcos de patrulha e iates de luxo2, salienta o director-geral da empresa sediada em Vigo, acrescentando que “os oceanográficos são totalmente estratégicos” para o estaleiro, pelo que vão continuar a apostar neste segmento: “A experiência é fundamental na hora de concorrer a licitações internacionais para este tipo de projeto e desde que construímos o Sarmiento de Gamboa percebemos que era um nicho ideal para a Freire devido ao exposto: tecnologia e customização, além do seu tamanho, pois são geralmente não são maiores que 100 metros.”

O balanço fazem destes 127 anos “em geral, é positivo”, afirma Guillermo Freire. “Não podia ser de outra maneira. Estamos num setor altamente dependente da economia global e os momentos piores vêm claramente com as crises mundiais, como os que estamos a viver ultimamente, mas temos que enfrentar os temporais e entrar no rumo certo em direção aos mercados que estão menos afetados. Nestes tempos de crise, é a única forma de sobreviver num setor tão competitivo”, argumenta o gestor, consciente de que do sucesso da empresa dependem muitas pessoas: “Juntamente com os trabalhadores subcontratados, entram nos estaleiros da Freire uma média de 500-600 pessoas todos os dias.”

Terceira maior construtora naval de Espanha

A faturação da Freire Shipyard ultrapassa os 67 milhões de euros e a empresa é a terceira maior do setor em Espanha. Com mais de 280 barcos construídos desde 1958 (ano em que começaram a produzir em aço), a empresa quer manter o ritmo: “Os maiores desafios são sempre manter uma carga de trabalho sustentável e viável para a empresa, nunca parar a produção em nenhuma das nossas oficinas e nunca contratar além das nossas possibilidades. Num setor tão globalizado como o nosso, a diversificação é muito importante porque de um dia para o outro um mercado que exige novos navios pode deixar de o fazer.”

Guillermo Freire sublinha que na lógica de diversificação, Portugal está na mira da empresa: “O mercado português é um mercado muito interessante para nós, não só pela proximidade geográfica, mas também pelos novos e inovadores projetos que estão a ser realizados em Portugal e os que se esperam (oceanográficos, navios de passageiros...). Na Freire Shipyard estamos muito atentos a todos estes desenvolvimentos no país, onde sem dúvida apostamos em oferecer os nossos serviços e produtos.”

Assegurar o futuro passa por continuar a investir em inovação, remata o gestor: “Os nossos departamentos técnicos estão diariamente a estudar a melhor maneira de fazer as coisas e a inovar nos nossos processos de produção. Os números contáveis de investimento em I+D+i (invstigação, desenvolvimento e inovação) são de cerca de 300 mil euros anuais.” ■

El Presidente de la República Portuguesa llevó a cabo una corta e intensa visita a España. Participó en la entrega del legado del escritor José Saramago en la Caja de las Letras del Instituto Cervantes de Madrid e inauguró la exposición de Paula Rego en el Museo Picasso de Málaga. Además, participó en una cena con empresarios ibéricos y miembros de la diáspora portuguesa.

José Saramago y Paula Rego, protagonistas de la visita del Presidente Marcelo a España

Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Fotos Presidência da República

Desde el pasado 25 de abril el legado de José Saramago reposa en el cofre de seguridad 1.670 de la Caja de las Letras del Instituto Cervantes de Madrid. Se convierte así en el primer escritor luso en formar parte de este rincón de las letras y el segundo en esta lengua tras la presencia de la brasileña Nélida Piñon desde el año pasado. “Representa el pago de una deuda con España que Saramago no pudo pagar en vida”, afirmaba el jefe de Estado portugués, Marcelo Rebelo de Sousa.

Una deuda por toda la influencia recibida, “fue el país en el que vivió una parte de su vida y conocía muy bien la literatura española”, añadió, sin olvidar la influencia personal al estar casado con la periodista andaluza Pilar del Río, hoy presidenta de la Fundación Saramago.

El legado depositado está formado por una obra del Padre António Vieira, las pruebas de imprenta de la obra de teatro de Saramago “¿Qué haré con este libro?” (donde narra las peripecias de Luís de Camões para publicar “Os Lusíadas”), la obra “El año de la muerte de Ricardo Reis”, un texto del Nobel sobre Fernando Pessoa y conferencias, artículos y reflexiones sobre sus maestros, Cervantes y Borges, y sobre sus amigos Alberti, García Márquez y Donoso, entre otros. Junto a todos estos libros y textos, también se incluyó una agenda de 2002 y una libreta de direcciones de 1986 rellenada a mano por el autor. Por último, una tarjeta en blanco, un lápiz y un sobre con el sello de Saramago “por si alguno de los habitantes de esta caja necesita decirse algo”.

Tras esta ceremonia, Rebelo de Sousa participó en una cena con empresarios organizada por la Cámara Hispano Portuguesa

Al día siguiente, el Presidente portugués presidió la inauguración oficial de la exposición de la artista lusa Paula Rego en el Museo Picasso de Málaga, quien definió el acto como “un momento único de amistad entre los dos países a través de la obra genial” de la creadora. “Es un honor estar aquí, en Málaga, para la consagración de un genio de la cultura portuguesa como Paula Rego”, añadió el máximo mandatario portugués, quien estuvo acompañado por Nick Willing, hijo de la pintora, ausente por motivos de salud. Una exposición que la creadora deseaba inaugurar ya que “sus pintores favoritos españoles son Goya y Picasso”.

Tal y como resaltan desde el museo, la exposición de Paula Rego presenta la obra de una artista insobornable de extraordinaria imaginación que ha redefinido el arte figurativo y revolucionado la representación de las mujeres. La exposición refiere su notable trayectoria, poniendo de manifiesto el carácter autobiográfico de buena parte de su arte, el contexto sociopolítico donde hunde sus raíces y el amplio espectro de sus puntos de referencia, desde el cómic hasta la pintura de historia. A través de más de ochenta obras, entre collages, pinturas, pasteles de gran formato, dibujos y aguafuertes, el recorrido abarca desde sus trabajos en los años sesenta hasta las escenas ricamente estructuradas y estratificadas de las dos primeras décadas de este siglo. ■

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