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ARTIGO: IDALBERTO CHIAVENATO ABRE A CAIXA DE FERRAMENTAS DO ADMINISTRADOR
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DEZEMBRO 2010 - ANO 1 N O 0
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O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos desta campanha", disse Marina, na convenção do PV em São Paulo, em um espaço cultural na Vila Madalena. Ela leu carta aberta com críticas ao que chamou de "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB. Segundo Marina, os dois partidos pregam a "mútua aniquilação" na disputa entre Dilma e Serra
O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos desta campanha", disse Marina, na convenção do PV em São Paulo, em um espaço cultural na Vila Madalena. Ela leu carta aberta com críticas ao que chamou de "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB. Segundo Marina, os dois partidos pregam a "mútua aniquilação" na disputa entre Dilma e Serra O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos desta campanha", disse Marina, na convenção do PV em São Paulo, em um espaço cultural na Vila Madalena. Ela leu carta aberta com críticas ao que chamou de "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB. Segundo Marina, os dois partidos pregam a "mútua aniquilação" na disputa entre Dilma e Serra
A TEORIA NA PRÁTICA
INFOGRÁFICO MOSTRA COMO FORD TRANSFORMOU O CARRO EM UM PRODUTO POPULAR
PÓS-GRADUAÇÃO DEVOÇÃO
DESCUBRA QUAL É O TIPO MAIS INDICADO PARA VOCÊ Entenda como algumas
MARCAS
se transformaram em verdadeiras
RELIGIÕES
O mundo está mudando e é preciso mudar com ele. Você está pronto? Saiba como garantir seu espaço na nova geração de LÍDERES e seja o
ADMINISTRADOR DO FUTURO
O Brasil vive hoje um momento único em sua história. Nossa economia nunca foi tão forte e competitiva, impulsionada pelo desempenho das nossas empresas que hoje são exemplos de inovação e de gestão em todo o mundo. Esse crescimento está diretamente ligado ao trabalho profissional dos Administradores de todo o país, que juntos constroem no presente o país que queremos no futuro. Conheça o novo portal do CFA, com conteúdo e serviços para os Administradores brasileiros, acesse www.cfa.org.br.
Administradores
PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO BRASIL
SISTEMA
CFA/CRAs
CONSELHOS FEDERAL E REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO
editorial boas vindas
índice
Nadando contra a maré “Você é louco? Esse negócio de internet é a maior furada. Todas as empresas estão quebrando”. Esse foi um dos típicos conselhos que recebi no começo da década, quando tive a ideia de criar o Administradores.com.br. O momento era realmente turbulento e ficou registrado na história como o “estouro da bolha da internet” - ou o “crash das pontocom”. Paguei pra ver...
Para ter um negócio de sucesso, alguém, algum dia, teve que tomar uma atitude de coragem” Peter Drucker
Da esq. p. dir.: nosso gerente comercial Diogo Lins (difícil fotografá-lo); a incrível redação com os jornalistas Simão Mairins, o bad boy Eber Freitas e a intrépida Michelle Veronese; os loucos da arte, Spencer e Maia; o editor Fábio Bandeira e o bigboss Leandro Veira
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06 ambiente externo
curiosidades e notícias direto ao assunto
10 entrevista 14 acadêmico 16 empreendedorismo
As lições do maestro João Carlos Martins tudo sobre pósgraduação em um superguia
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ez anos depois, o Administradores se tornou o principal canal on-line sobre Administração em língua portuguesa do mundo, com uma audiência mensal superior a 2,5 milhões de visitas e mais de 200 mil usuários cadastrados. Hoje quem está morrendo é a mídia impressa. Jornais e revistas estão com os dias contados. Temos visto a derrocada de grandes players do setor e a debandada de muitos outros para diferentes plataformas – de smartphones a leitores digitais, além do constante esforço para fortalecerem sua posição na web. Mesmo diante desse cenário, resolvemos fazer o movimento inverso e, novamente, nadar contra a maré. Teimosia? Sem dúvida! A questão é que queremos contribuir cada vez mais com o avanço da Administração em nosso país, não importa o formato utilizado para passarmos a nossa mensagem. Essa missão nos inspira, motiva e nos enche de entusiasmo e energia na eterna tentativa de cumpri-la – mesmo sabendo que nunca chegará o dia em que nos daremos por satisfeitos. Esperamos que você goste do exemplar que tem em mãos. Ou melhor, esperamos que você se inspire a se tornar um administrador melhor. De qualquer forma, se isso acontecer ou não, entre em contato com a gente. Você já nos conhece, somos totalmente sociais, interativos, 3.0, enfim: queremos trocar ideias e conversar. Sempre. Um abraço e obrigado por fazer parte dessa história. Leandro Vieira, publisher
universitários que transformaram boas ideias em excelentes negócios
18 infográfico
Como Ford transformou o carro em um produto popular
20 carreira
atividades extracurriculares podem ser decisivas
22 artigo
Chiavenato abre a caixa de ferramentas do administrador
24 capa 28 marketing
transforme-se no administrador do futuro
marcas se transformaram em verdadeiras religiões
30 tech 32 entretenimento
lições de inovação da gigante Apple
leitura, cinema, games e curiosidades
34 artigo
quando os gestos falam mais que as palavras Publisher Leandro Vieira leandro@administradores.com.br Redação: Editor Fábio Bandeira de Mello fabio@administradores.com.br Repórteres Fábio Bandeira de Mello, Michelle Veronese mverone@gmail.com, Simão Mairins simao@ administradores.com.br Colaboradores: Idalberto Chiavenato, Rodolfo Araújo, Tonya Reiman, Bill Fischer Revisão Fernanda Eggers fernanda.eggers@ gmail.com Arte: Projeto gráfico e direção de arte Zé Maia naotemarroba@gmail.com Designer Felipe Spencer spencer@administradores.com.br Comercial: Gerente Comercial Diogo Lins diogo@administradores.com.br Publicidade comercial@administradores.com.br Tel: (83) 3247-8441 Impressão Gráfica Moura Ramos www.mouraramos.com.br Portal Administradores Negócios Digitais Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 415 / 301 Tambaú, João Pessoa - PB. CEP: 58039-110. Telefone: (83) 3247-8441 www.administradores.com.br
ambiente externo rápidas
Obama não é o homem mais poderoso do mundo, nem tudo tem no Google e as pessoas gostam de ver comerciais na TV. Acredita?
Todo mundo nas redes
Um estudo realizado pelo Ibope Mídia revelou que as redes sociais são os espaços mais democráticos da internet. De acordo com os dados levantados pela empresa, a proporção de internautas nesses espaços é a mesma nas classes AB, C e DE.
Gente poderosa
A Forbes divulgou a edição 2011 de seu famoso ranking “Os mais poderosos do mundo”. Dessa vez, o primeiro lugar, pasmem, não é do chefe de estado norte-americano. Hu Jintao, presidente da China, lidera a lista. Barack Obama, enfraquecido pelo revés nas eleições parlamentares de seu país, aparece em segundo lugar, seguido por Abdullah bin Abdul Aziz Al Saud, rei da Arábia Saudita. A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, foi incluída na lista, ocupando a 16a posição. Entre as mulheres, a petista é a terceira.
Agrade ao telespectador com comerciais
Por incrível que pareça, o telespectador gosta mais de programas interrompidos por propaganda do que aqueles sem comerciais. A afirmação foi de um recente estudo divulgado pela Haas School of Business, nos EUA, feito com grupos de voluntários que passaram por diversas situações diante da “telinha”. De acordo com a pesquisa, isso acontece devido ao telespectador já estar adaptado aos anúncios na programação. Por sinal, quem viu uma programação com comerciais se dispõe a pagar 30% a mais por um DVD com programas semelhantes.
Qual o tamanho da internet ?
Certamente, você já ouviu ou falou a seguinte frase: “ah, tem tudo no Google”. Pois bem, um novo levantamento mostra que, ao contrário do que se pensa, o conteúdo virtual indexado pelo buscador é apenas uma porção mínima, mas muito mínima mesmo, do que há em toda a Internet. Segundo dados divulgados pelo blog norte-americano The Roxor, o volume disponível para buscas é de apenas 0,004% de um total de 5 milhões de terabytes existentes em toda a rede. No entanto, calma, isso não quer dizer que o Google é incompetente. É que para ser indexada uma página precisa ser pública, algo que não é muito comum na web.
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Acima: telespectadores optam pela programação com intervalos comerciais. Por que será?
Haja vitalidade em 75 anos
O clássico jogo de tabuleiro Monopólio mostra que, mesmo depois de décadas, ainda continua firme como entretenimento. Em seu 75º aniversário e com a incrível marca de 275 milhões de unidades vendidas, o jogo que transforma ricos em pobres (e vice-versa) a cada rodada ganha nova edição. Depois de formatos em cartas, braille, internet e até videogame, agora o tabuleiro é redondo, tal como a primeira versão, e não existem mais notas de papel: cada jogador recebe um cartão de crédito que pode ser carregado em um “banco digital”.
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INTeLIGêNCIA ANALíTICA NOs NeGóCIOs Como usar a análise de informações para obter resultados superiores. Thomas Davenport, Jeanne Harris e Robert morison
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Mestre em Administração pela Harvard. É articulista da Veja e ex-professor da USP
Consultor financeiro e autor de diversos best-sellers
Um dos principais autores sobre Administração no Brasil
ENQUETES:
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VOCÊ ACREDITA QUE ADMINISTRAR É APENAS PARA ADMINISTRADORES DEVIDAMENTE FORMADOS EM ADMINISTRAÇÃO?
33.33%
Sim, pois só a graduação em Administração oferece os conhecimentos necessários para o exercício da profissão: Não, pois qualquer pessoa pode desenvolver as habilidades e competências necessárias para administrar, independente da área de formação: Não sei: 1.48%
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Orkut e Facebook em verdadeiras máquinas de sucesso
HTTP:// Gênios fracassados: www.bit.ly/ADMGENIOS
Jornalista e professora universitária. Atua na área de comunicação e negócios
por que pessoas talentosas não conseguem ter sucesso? Como já dizia Peter Drucker, “inteligência, imaginação e conhecimento são recursos essenciais, mas somente a eficiência os converte em resultado”
p o h $ Adm
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entrevista João Carlos Martins
As lições d0
maestro Grandes homens se fazem com grandes histórias. Prova disso é o maestro João Carlos Martins. Pianista desde os oito anos de idade, começou sua carreira nacional aos treze e, aos dezoito, já fazia apresentações internacionais. Aclamado como um dos maiores intérpretes de Johann Sebastian Bach, ganhou fama pela destreza no piano, chegando a tocar 21 notas por segundo. Hoje ele é regente e dirige concertos no mundo todo, com sua Orquestra Bachiana Filarmônica e a Bachiana Jovem do SESI/SP, projeto de inclusão social que une, nos palcos, jovens de comunidades carentes a músicos profissionais. por Simão Mairins
Segundo o maestro João Carlos Martins, “a orquestra é um exemplo para uma empresa, para um governo, para tudo”, porque ela é “símbolo de harmonia” 10
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endo assim, chegar ao sucesso parece ter sido simples. Entretanto, por trás das conquistas e da genialidade há uma grande história de superação. Ainda jovem, o maestro perdeu temporariamente os movimentos da mão direita, depois de uma queda em um jogo de futebol. Mais tarde, sofreu com uma síndrome causada pela repetição de movimentos. Como se não bastasse, uma agressão sofrida durante um assalto lhe comprometeu os movimentos de todo seu lado direito. Pouco depois de se recuperar e voltar a tocar, João Carlos recebeu dos médicos a notícia de que teria de passar por uma cirurgia que o impediria de tocar para o resto da vida. Sem se dar por vencido, o maestro passou a usar a mão esquerda para tocar. Mas, com algum tempo, esta também ficou comprometida por conta de outra doença. Em conversa com a equipe da Revista Administradores, o maestro João Carlos conta como superou tantas adversidades e se tornou um dos músicos mais respeitados do mundo. Ele fala ainda da inspiração em Bach, que teve uma história de superação parecida com a sua, e aborda temas importantes para a área da Administração, como liderança, trabalho em equipe e valorização de talentos.
N達o adianta ser genial e, como cidad達o, n達o ter responsabilidade social com o pa鱈s 11
entrevista João Carlos Martins
A sua vida foi marcada por diversos percalços, que sempre colocaram sua força de vontade à prova. Hoje, podemos ver que nenhuma palavra pode definir melhor sua trajetória do que superação. O que o senhor acredita ter sido fundamental para dar a volta por cima? João Carlos Martins Eu acho que, de cada adversidade - pode ser a que atinge o físico ou a que atinge a alma - você tem que fazer uma plataforma para mostrar que na vida existe esperança. No momento em que você faz da adversidade essa plataforma, você está dando um exemplo para você e para uma multidão de pessoas que consideram a palavra adversidade. O compositor clássico Johann Sebastian Bach, que, desde cedo, aparece como a grande referência da sua carreira na música, assim como o senhor, precisou superar muitos desafios para chegar a seus objetivos. A história dele foi inspiração para a sua postura ao longo da vida? E o que Bach tem a nos ensinar? Sem dúvidas. Aos onze anos de idade, Bach tinha que acender uma vela para ler partituras à noite, praticamente escondido do irmão mais velho, que foi quem passou a criá-lo (após a morte dos pais). Ele começou sua trajetória por volta dos doze, treze anos, indo para as cortes alemãs, para conseguir seu primeiro emprego. E foi aí, a partir dessas diversas cidades que percorreu, que ele fez toda a profecia da história da música dos dias de hoje. Bach foi uma pessoa que tinha humildade pra entender como a corte funcionava, mas, ao mesmo tempo, ele tinha certeza de que deixaria um legado para a humanidade. Tenha certeza de que, daqui a mil anos, a música de Bach ainda vai ser o centro do universo de toda música no mundo, porque ele foi a origem. Se você pegar o jazz ou a música dodecafônica de hoje, você vê o dedo de Bach. Baseado na humildade e na genialidade que Deus lhe deu, ele mudou toda a história da música do Ocidente. 12
Como maestro, o senhor garante a harmonia do trabalho conjunto de dezenas de músicos. O que um líder da música tem a ensinar a um líder da Administração de Empresas? Eu digo sempre que a música é a régua do mundo. Se um governo vai bem, se uma empresa vai bem, se uma federação vai bem, todo mundo fala que funciona como uma orquestra. Se um presidente, um governador acha que existe uma campanha contra ele, ele fala que há uma orquestração. Se um time de futebol joga bem, todo mundo fala que está jogando com música. E isso não é uma terminologia que se usa somente no Brasil. Então, se numa empresa você vê que todos os departamentos estão se ajudando, você diz que é uma empresa que trabalha com harmonia. Você tem na orquestra o exemplo de uma empresa que, se todos não funcionarem em razão de uma ideia, em razão de um objetivo, se todos eles não tiverem uma meta objetiva, a empresa acaba, aos poucos, perdendo a sua razão de ser. Você não pode ter um departamento de marketing que, por exemplo, fica jogando contra o financeiro ou um presidente que não é um maestro capaz de criar harmonia entre os departamentos. Não adianta um querer se destacar por vaidade pessoal, se todos não trabalharem em conjunto. Isso você pode entender por um time de futebol. Se um jogador só pensar individualmente no seu ego e quiser fazer tudo sozinho, ele pode ser o maior craque do mundo, mas não vai funcionar. Ele, mesmo sendo uma pessoa genial, tem que trabalhar harmonicamente com o resto do time. Por isso eu digo que uma orquestra é um exemplo para uma empresa, para um governo, para uma federação, para uma delegação esportiva, para tudo. Pois uma orquestra é símbolo de harmonia.
Uma empresa tem que ser dirigida não só com a razão, mas também com o coração. Tudo funciona se ambos estiverem juntos na hora de traçar objetivos
na próxima pág.: Como maestro, João Carlos Martins tem recebido aplausos do público e da crítica nos principais palcos do mundo
O senhor ministra em todo o país a palestra “Tocando uma Empresa”, voltada tanto para líderes quanto colaboradores. Qual a sua principal mensagem? Eu procuro fazer a palestra mostrando, exatamente, que uma empresa tem que ser dirigida não só racionalmente, mas também com o coração. Porque se você pensa só pelo lado racional em uma empresa, você perde o lado humano. E se você só tem o lado humano, você perde o lado racional. Os dois têm que estar juntos. Isso acontece na música. Se você toca simplesmente de uma forma cerebral e racional, você não consegue chegar ao coração das pessoas. E se você só toca na base da emoção, você pode pecar pelo perfeccionismo. Então, no fundo, tudo funciona se a razão e o coração estiverem juntos na hora de traçar objetivos.
Atualmente, o senhor realiza um importante trabalho de inclusão social com a Bachiana Jovem do SESI/SP, unindo músicos profissionais a jovens iniciantes de comunidades carentes. Qual o segredo para extrair das “pedras brutas” o talento necessário para formar um grupo admirado? A minha frase é a seguinte: é preciso ter a alma de um poeta e a disciplina de um atleta. Tendo esse pensamento, aquele jovem vai, antes de tudo, ter a sensação de que nada vai acontecer no seu futuro se a disciplina e a
emoção não estiverem presentes. E, dessa forma, o jovem não está se tornando simplesmente um músico. Ele está também se tornando um cidadão. Não adianta você ser um músico genial e, como cidadão, não ter a sua responsabilidade social com o país. Nós estamos hoje com cerca de 1.500 crianças, em treze núcleos, nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. E formei também uma orquestra com quarenta e cinco jovens e vinte profissionais, sendo que esses quarenta e cinco jovens estão comigo há cerca de quatro ou cinco anos. Então, eu acredito que a música – que hoje já é o principal instrumento de inclusão social nos países asiáticos – vai alcançar essa mesma posição na América do Sul e no Brasil.
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A tecnologia que colabora
acadêmico pós-graduação
acaminho
O que dizem os professores: MBA é especialização?
da pos-graduação “
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iante de um universo de modalidades e nomes que, normalmente, não dizem muita coisa, é fundamental que o estudante se informe o máximo possível antes de escolher uma pós-graduação. Se, por exemplo, você ouviu falar que nos Estados Unidos existem cursos generalistas com nível de mestrado voltados para profissionais de negócios e que são chamados de MBAs, não tente fazer um no Brasil. Calma! Não estamos menosprezando o ensino brasileiro. Embora em número pequeno para a demanda existente no país, até temos bons programas de pós-graduação voltados para a área de Administração e Negócios por aqui. Mas é que a sigla MBA ganhou um sentido um tanto diferente ao chegar às terras tupiniquins. Concebido nos Estados Unidos no fim do século 19, quando a Administração começava a ser tratada cientificamente, o Master of Business Administration (em português, algo como Mestrado em Administração de Negócios), vulgo MBA, é um curso amplo e que exige muito dos alunos, pois se estende por todos os subcampos da área. As aulas são em tempo integral e exigem dedicação exclusiva, no caso do formato full-time, o mais comum nos EUA, e que não dá chance ao estudante de fazer outra coisa a não ser assistir às aulas. Já o chamado part-time é mais leve e dá espaço para trabalhar ao mesmo tempo em que estuda. No Brasil, o MBA se aproxima mais do que chamamos de especialização. Inclusive, é isso o que está na lei. Ambos são classificados pelo Conselho Nacional de Educação como lato sensu. Ou seja, os dois são cursos focados no aperfeiçoamento profissional em uma área específica e têm duração média de um ano e meio. “No mercado brasileiro o MBA começou a aparecer e esse nome foi usado de forma que ficou muito difícil diferenciar da especialização”, explica o professor Alberto Luiz Albertin, coordenador dos programas de pós-graduação da FGV/EAESP – Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas.
Isso é uma criação que nem sempre tem por trás uma lógica muito grande. No Brasil, há milhões de tipos de programas e isso é confuso para os alunos e até para os professores” Paulo Prochno
Preparamos um superguia com tudo que você precisa saber sobre pós-graduação, tendo foco, é claro, na área de Administração e Negócios. Professores de faculdades e universidades brasileiras e dos EUA explicam como funcionam os cursos no Brasil e no mundo, avaliando cada modelo e esclarecendo as diferentes nomenclaturas utilizadas pelas instituições de ensino por Simão Mairins
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Há, no entanto, pequenas diferenças. “É muito importante ter bem claro que o MBA é um curso com um componente generalista. Já os cursos de especialização devem focar uma especialidade bem definida”, afirma o professor James Wright, diretor de curso e coordenador do MBA da FIA – Fundação Instituto de Administração. Outra ressalva é feita por Heliomar Quaresma, presidente do BI – Business Institute. “Os MBAs se diferenciam pelo nível de aprofundamento teórico e prático, intensificando a interação mercado / teoria / troca de experiências”, afirma. A Anamba – Associação Nacional de MBA, inclusive, tem estabelecido padrões diferenciados para os cursos no Brasil, no sen-
tido de diferenciar o formato das especializações comuns. Entre as exigências estão, por exemplo, a necessidade de uma carga horária mínima de 480 horas e o preenchimento de, pelo menos, 360 horas/aula com disciplinas específicas da área de negócios. Questões legais Os cursos lato sensu em geral não precisam de autorização nem reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) para funcionar. Mas as instituições têm de ser autorizadas a oferecê-los e ainda atender a requisitos mínimos exigidos pelo MEC. As pós-graduações lato sensu são válidas para provas de títulos de concursos e seleções de emprego, pois constituem um nível
fique atento: autorização A instituição deve ser autorizada a oferecer pósgraduações ‘lato sensu’ tempo Programa com duração mínima de 360 horas docentes 50% ou mais do corpo docente com nível de mestrado ou doutorado adquirido em curso stricto sensu legalmente reconhecido
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MBA tem uma raiz um pouco diferente do que se usa hoje. [Nos EUA] eles aproximavam a algo parecido com o que temos aqui no Mestrado Profissional. No mercado brasileiro ele começou a aparecer e esse nome foi usado de forma que ficou muito difícil diferenciar MBA e especialização” Alberto Luiz Albertin
“
acima da graduação, e, desde que se enquadrem nas exigências do MEC, têm validade nacional. No caso dos MBAs e especializações a distância, é importante verificar, antes de se matricular, se a instituição que oferece é credenciada pelo governo para essa modalidade de ensino. ‘Stricto Sensu’ Outra categoria de pós é a stricto sensu, que engloba os cursos de Mestrado e Doutorado e, normalmente, é voltada, no caso da Administração, para quem quer se dedicar à carreira acadêmica. A exceção é o Mestrado Profissional, formato que se aproxima muito do MBA americano e tem um viés mais mercadológico. Os cursos stricto sensu precisam de autorização e reconhecimento mediante avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que, a cada três anos, avalia todos os programas credenciados do país. “No Brasil, para quem quer seguir carreira no mercado, vale a pena fazer o mestrado profissional,
A titulação (de quem estuda MBA ou especialização) é a mesma. Mas cabe ressaltar que os MBAs se diferenciam pelo nível de aprofundamento teórico e prático, intensificando a interação mercado/teoria/ troca de experiências” Heliomar Quaresma
porque, em algumas escolas, vai ser muito parecido com o MBA (americano). Nas instituições em que o curso é parecido com o acadêmico, pode ser desestimulante. O acadêmico só é indicado pra quem quer mesmo seguir carreira de professor”, afirma Paulo Prochno, docente da Escola de Negócios da Universidade de Maryland/EUA. Prochno avalia positivamente a qualidade dos alunos e professores nos cursos de mestrado e doutorado do Brasil, mas acredita que ainda existem barreiras institucionais. “No Brasil, os números ainda são pequenos. Há poucas instituições que oferecem mestrados e doutorados acadêmicos em Administração. “Grupinhos” de professores são um problema, causado pelo baixo número de profissionais formados, e formados pelas mesmas poucas escolas”, diz o professor.
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É muito importante ter bem claro que o MBA é um curso profissionalizante, com um importante componente generalista. Já os cursos de especialização devem focar uma especialidade bem definida. Assim, o MBA qualifica o aluno a exercer funções de liderança, independente de uma especialização técnica em uma área específica. Os bons cursos no Brasil seguem os padrões internacionais e da Anamba”. James Wright
O que você precisa para entrar em um mestrado ou doutorado em Administração idioma Ser aprovado no teste de proficiência em um segundo idioma. Quem possui TOEFL ou certificado similar fica dispensado Pesquisa Publicar artigos em revistas científicas e anais de congressos. Participar de grupos de pesquisa, monitoria e extensão na graduação
Prova Ter uma boa pontuação no teste da Anpad (Associação Nacional dos Programas de Pósgraduação em Administração) lattes Apresentar um projeto de dissertação (mestrado) ou tese (doutorado) na linha de pesquisa do programa
Desenvoltura Ir bem na entrevista com os professores, que, normalmente, é a última etapa da seleção Boa indicação Em algumas instituições, uma carta de recomendação pode ser solicitada
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Empreendedorismo estudantes e empresários
Montei minha empresa
na faculdade! Veja as histórias de universitários que com poucos recursos, muito talento e uma imensa vontade de acertar, transformaram boas ideias em excelentes negócios por Fábio Bandeira de Mello
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omero Rodrigues cursava Engenharia Elétrica na Poli USP quando, junto com seus colegas, pensou em uma ideia que mais tarde revolucionaria o comércio eletrônico brasileiro. “Tudo começou quando um dos meus amigos (hoje sócio), Rodrigo Borges, procurava na i nternet um modelo de impressora para comprar. Depois de pesquisar bastante, ele não encontrou nada sobre preço ou especificações técnicas. Concluímos que era uma oportunidade a ser explorada e tivemos a ideia de criar um negócio que pudesse solucionar esse problema”. Com começo difícil, o grupo de estudantes retirava do próprio bolso 100 reais ao mês, cada um, para cobrir os custos de manutenção. “No início, tivemos dificuldades na aceitação do conceito da empresa. Os varejistas não tinham tanto interesse em abrir seus preços para serem comparados na internet. No entanto, revertemos essa situação na medida em que melhorávamos nossa audiência, e nos transformamos na porta de entrada do comércio eletrônico no Brasil”. O jovem estudante de Engenharia tornou-se, hoje, o presidente do grupo BuscaPé, site referência na comparação de preços de produtos pela internet, com nove empresas acopladas e atuante na cadeia de varejo em mais de 20 países. Romero Rodrigues, presidente do grupo Buscapé, saiu do mundo das ideias e investiu em um projeto diferenciado
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Empreendedorismo entre gerações Outro empresário que começou cedo sua aventura no mundo dos negócios foi Bruno Tomasi. Aos 23 anos, Bruno soube enxergar na fábrica de peças e acessórios de metal para banheiras do avô uma oportunidade de expansão para os negócios de decoração em lavabos e banheiros. Hoje, com 28 anos, é dono da Doka Bath Works, referência quando se trata em decoração de banheiros de luxo. Os produtos da Doka são exportados para os Estados Unidos e Europa e suas peças viraram tendência nos projetos mais ousados e charmosos dos principais arquitetos do mundo. A vocação para empreendedor, aliada à formação em Administração de Empresas, possibilitou a Bruno Tomasi evoluir em seu negócio. “Apesar de alguns anos trabalhando em conjunto com meu pai e meu avô, sempre tomei decisões embasadas em pesquisas junto ao mercado, o que sempre me deu confiança para seguir minhas convicções, sair do mundo das ideias e realmente implementar projetos reais. Depois da Doka, já empreendi um outro negócio e tenho certeza de que não vou parar por aqui”. As possibilidades encontra-
das pelos dois empresários, Romero e Bruno, só aconteceram pelo fato de terem acreditado e investido em suas ideias. Uma das lições aprendidas por começarem um empreendimento tão cedo foi compreender que qualquer projeto demanda esforço e intenso trabalho por um longo período. Manter-se atento às tendências do mercado e não se deixar desmotivar por algumas dificuldades foram outras regras. Bruno Tomasi destaca que “muitas vezes, a falta de capital estanca o início do projeto, mas hoje existem diversos programas de incentivo às empresas, encontrados no BNDES e na FINEP, por exemplo.” Incubadoras como parceiras Iniciar projetos através de incubadoras de empresas se tornou também uma grande opção. Elas estimulam a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas através de suporte técnico gerencial e formação complementar para os empreendedores. Catarina Azevedo, coordenadora da Incubadora de Empresas da Universi-
Mais do que exemplos Veja a história de gigantes internacionais que também começaram no dormitório da universidade
dade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, relata que, enquanto 56% dos empreendimentos fecham as portas até o terceiro ano de vida, as empresas que são incubadas têm mais possibilidades de darem certo. “Por conta do suporte desse sistema, a taxa de mortalidade das empresas vinculadas às incubadoras no Brasil é menor que 20%.” Quem soube aproveitar essa colaboração foi o empresário carioca Marcius Costa, que conseguiu tirar do papel sua ideia do Motofog, uma moto fumacê com o escapamento adaptado usada no combate a pragas agrícolas e vetores urbanos, como a dengue. Com a assistência da Incubadora da UVA, a empresa ganhou parceiros tecnológicos ligados ao Instituto Genesis na PUC- Rio e teve sua tecnologia patenteada no INPI. “A incubadora foi fundamental para ingressar no mercado. Ela ofereceu todo suporte que seria necessário com muito investimento e um canal de network que demoraríamos anos para adquirir”, salienta Marcius. Esse planejamento adequado fez com que a Fumajet, empresa do Marcius, já colhesse os frutos. Recentemente, ele venceu o Desafio Brasil Intel 2010, competição entre empresas e empreendedores de inovação tecnológica que reuniu mais de 162 equipes de todas as regiões do país.
Dois estudantes de doutorado de Ciência da Computação da Universidade de Stanford, Sergey Brin (23 anos) e Larry Page (24 anos), criaram um sistema de busca que, em 1998, foi chamado de Google. Hoje, a organização é considerada uma das principais empresas do mundo
Surgiu como um site para que um grupo de colegas colocassem fotos e trocassem informações. Montado em um quarto da Universidade de Harvard, em 2004, pelo estudante Mark Zuckerberg, a rede social, hoje, conta com mais de 500 milhões de usuários e vale US$ 33 bilhões
Dell Computers
Michael Dell, aos 19 anos, começou a vender os computadores que montava em seu dormitório na Universidade do Texas. Passou de um capital de US$ 1.000, em 1984, para faturar, somente em 2010, US$ 60 bilhões
Para abr ir meu ne uma In cubad ora: gócio com
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Analisa r imparc ialment mercado e o poten e o grau cial de de inova ção da s ua ideia Apresen tar uma proposta à Incuba de negóc dora de io Empresa s Elabora r um bom plano de empreen negócio dimento do
Passar n a aprese ntação d examina a banca dora
Participa r do sist ema de in aproveit cubação ando ao máximo o e oportu s subsíd nidades ios oferecid os
Bruno Tomasi, presidente da Doka Bath Works, transformou a empresa do avô numa referência internacional em banheiras de luxo 17
infográfico henry ford: teoria na prática
ford e a linha de produção Henry Ford (1863-1947), norte-americano, foi mecânico antes de se tornar engenheiro e fundar – com outros 11 investidores – a Ford Motor Company, nos EUA, em 1903 por Simão Mairins arte Zé Maia
“
o carro pode ser de qualquer cor, desde que seja preto
A TEORIA Para a ideia de Ford dar certo, era necessário produzir em massa e vender em massa, e essa foi a sua grande revolução na indústria. Os pesquisadores atuais da área de Administração se dividem quanto ao fato de a paternidade da linha de montagem ser de Ford. Alguns afirmam que ele a inventou, outros dizem que houve apenas um aperfeiçoamento. Mas o fato indiscutível é que ele conseguiu transformála em um grande instrumento de produção em alta escala. Entenda:
Sua ideia:
Com o lançamento do primeiro carro produzido por sua indústria, a ideia de Ford era popularizar o produto, até então artesanal e acessível apenas para os ricos
Pré-requisitos para produzir muito e com qualidade, segundo Ford: 18
Como: Reduzindo custos para vender a preços baixos e garantindo assistência técnica, algo impensável na época
Produzir em série, na linha de montagem
Custos baixos, permitindo preços finais baixos e um consumo alto Matéria prima, maquinário e produto padronizados
Os objetivos visavam tornar a indústria mais: Para isso, os princípios eram:
Determinar o que o operário tem de fazer
Trabalhadores especializados
Analisar as operações em seus elementos constituintes, para evitar desperdícios e incrementar os níveis de eficiência
eficaz ágil
econômica
Planejar o trabalho nos mínimos detalhes, prestando atenção a cada movimento empreendido pelo operário, a fim de corrigir falhas e evitar desperdícios
1908
Ford modelo ‘T’: Foi este o carro que popularizou o segmento. ele era vendido por cerca de
us$
800 ...e tinha uma manutenção barata
1926
1914
linha de produção: nesta época ford já tinha
o administrador: Ford repartiu com os empregados o controle da fábrica, estabeleceu o salário mínimo de 5 dólares/dia e a jornada de trabalho de 8 horas diárias. Na época, a jornada era de 10 a 12 horas
88
fábricas,
...150.000 funcionários e fabricava
QUANDO O MODELO DE FORD COMEÇOU A PERDER O FÔLEGO? As concorrentes passaram a variar seus produtos e despertar em consumidores o desejo por novidades. Enquanto empresas como a apresentaram opções diversificadas de cores e modelos, a continuou fabricando veículos simples e de uma única cor (todos os carros fabricados pela empresa eram pretos).
GM
Ford
2 milhões de carros por ano 1940
fim da hegemonia na década em que ford morreu, os veículos de sua marca já dividiam nos EUA o posto de populares com a Plymouth e a Chevrolet 19
carreira extracurricular
O que é valorizado fora do currículo?
M
uito se fala do que é preciso ter no currículo para obter um diferencial ao concorrer a uma vaga: dominar outro idioma, fazer uma pós-graduação, realizar cursos, ter experiência em estágio. Mas será que isso é o suficiente para que um candidato se destaque dos demais concorrentes? Tom Peters, considerado um dos mais renomados especialistas corporativos do mundo e considerado como o “guru dos gurus” pela revista Fortune e “superguru” pela The Economist, relata que o perfil de contratação dos profissionais pelas empresas vem se alterando com o passar do tempo. Na opinião de Peters, estamos entrando em uma nova era, voltada para o relacionamento. “O profissional do futuro não deve ter apenas um MBA e ser limitadamente um cara de resultados. É preciso ter algo peculiar, voltado para o social, por exemplo, mas que agregue novos valores para a empresa”. Nesses casos, algumas informações adicionais que não estão no currículo podem ser determinantes na escolha do candidato na hora da entrevista. Há quem concorde com esse pensamento e também os que discordam. Por isso, consultamos especialistas em Recursos Humanos e diretores de recrutamento de grandes empresas no Brasil. Eles falam sobre o que valorizam nos profissionais na hora de contratar, mas que não está necessariamente exposto no currículo e pode ser decisivo na escolha dos candidatos.
Especialistas em Recursos Humanos e gestores de grandes empresas falam sobre quais atividades extracurriculares podem influenciar na escolha de um candidato em processos seletivos por Fábio Bandeira de Mello
odrigo Pacca, Gerente de R Recrutamento e
Seleção da Ambev Empresa de bebidas da América Latina, sendo a 5ª maior do mundo
“
uma vivência internacional é sempre desejável. Mas nem toda experiência no exterior chega a ser um diferencial para a carreira. É importante que essa experiência esteja ligada a algo fora do lugar comum e que possa agregar à sua vida profissional. Pode ser um curso ou um projeto social, por exemplo. Participar de atividades de cunho social, aliás, são desejáveis, seja em programas de voluntariado ou outros, mas que tenha impacto na comunidade e ajude as pessoas”
elma RodriT gues, Diretora de Gestão de Pes-
soas do Magazine Luiza Gigante do
varejo no Brasil fundada há mais de 50 anos
“
Nos processos seletivos do Magazine Luiza, procuramos aliar a formação acadêmica e experiência aos aspectos comportamentais e aos valores do candidato, sem privilegiar este ou aquele critério. Um profissional de sucesso, no nosso entender, é aquele que apresenta uma formação acadêmica consistente, mas que também tenha valores sólidos, principalmente os ligados à ética, que saiba trabalhar em equipe e tenha um profundo respeito pelas pessoas”
20
I
zabel Azevedo, Gerente de Recursos Humanos da Nestlé Brasil Uma das maiores empresas mundiais no ramo de alimentos e nutrição
“
Procuramos profissionais que, além dos requisitos básicos, tenham competências como liderança e fácil relacionamento para contribuir com os resultados e também com um bom clima organizacional. Na Nestlé, tão importante quanto atingir os resultados é a forma como eles são alcançados. Valorizamos o trabalho em equipe, a iniciativa e a integridade dos colaboradores. Também é um diferencial a preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade social”
M
arcelo Cuellar Gerente da Divisão de Recursos Humanos da Michael Page International Brasil Player mundial em recrutamento especializado de candidatos em middle e top management
“
As atividades extracurriculares serão consideradas importantes em um processo seletivo se levarem o profissional a desenvolver novas competências e habilidades que serão importantes para o crescimento e sustentação da organização a curto, médio e longo prazo. Um blog também pode ser considerado uma atividade interessante, que poderá ou não estar ligada à atuação corporativa do profissional”
arcelo M Abrileri, Presidente e
Sócio-Fundador da Curriculum
Empresa voltada para soluções de recolocação profissional online
“
Em muitos casos, o diferencial competitivo não está mais na formação. Hoje, as empresas precisam de muito mais do que apenas profissionais formados ou com algum conhecimento. Elas precisam de profissionais capazes de ofertar várias outras competências importantes simultaneamente, sendo que a formação é apenas uma delas. Essas competências estão relacionadas ao conhecimento e facilidade de aprender com os outros; aos valores morais e éticos; ao comportamento no trabalho e às capacidades diversas, como criatividade e comunicação”
na pág. ant.:
Jovens que conseguiram passar no difícil processo seletivo de trainee da Ambev: foram mais de 30.000 concorrentes
21
artigo administração
D
ias atrás, solicitei o serviço de um eletricista. Ele veio à minha casa, ouviu rapidamente o que devia fazer e foi até o seu carro buscar uma caixa de ferramentas. Era de metal e continha alicates de vários tipos, martelos e chaves de fenda. Em seguida percebeu que o problema era maior do que pensava. Voltou ao seu carro e buscou outra caixa mais completa, com cabos, fios e outros equipamentos. Ao final, resolveu voltar novamente ao carro para apanhar uma que raramente utilizava. Essa continha instrumentos mais sofisticados. Todas essas incursões me fizeram pensar na caixa de ferramentas do administrador. Cada profissional tem a sua. O encanador possui uma com grifos, canos, etc. Já o médico, geralmente, carrega uma bonita e elegante maleta contendo instrumentos clínicos. O agricultor, por sua vez, tem o que precisa para preparar o terreno, plantar e fazer a colheita. Mas a caixa de ferramentas do administrador é bem diferente. Logicamente, ela depende do nível e amplitude da posição que o profissional ocupa na organização e à medida que desenvolve sua carreira. Mas qual é esse ferramental, afinal de contas? Ele é material, físico e concreto? Caberia em uma simples caixa? É bom lembrar que o administrador não executa e nem faz as coisas acontecerem por si próprio, mas através das pessoas que compõem a sua equipe de trabalho. Um presidente trabalha com os diretores, cada diretor com uma equipe de gerentes, cada gerente com seus supervisores e assim por diante. Cada qual possui suas metas, objetivos e produz resultados através de seus colaboradores. A equipe constitui as mãos na massa, braços, pernas, músculos, cérebro e o sistema simpático e parassimpático do administrador. Não quero dizer que a caixa de ferramentas seja a sua equipe, estou longe disso. Seria uma blasfêmia, pouco caso e falta de respeito com essas pessoas. Mas é imprescindível lembrar que, sem uma equipe bem escolhida, capacitada e motivada, o administrador não produz nada.
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O líder verdadeiro é aquele que forma futuros lideres A equipe é fundamental para o trabalho do administrador. Sem esse conjunto, ele fica sem sua caixa de ferramentas. Os parafusos que deve apertar, os curto-circuitos que deve evitar e a sintonia fina para obter alinhamento. Tudo isso fica sem ação. Para criar e desenvolver esse grupo, o administrador precisa ter um faro incrível para localizar talentos, selecionar seus componentes, organizar seu trabalho, treiná-los, desenvolvê -los e capacitá-los continuamente. Além disso, deve reconhecer sua contribuição ao negócio, mantê-los sempre motivados e proporcionar constante retroação a eles.
O administrador possui uma caixa de ferramentas assim como vários outros profissionais. O que você carrega na sua?
Todo profissional tem seus instrumentos particulares e bem específicos. Sem eles, o trabalho fica incompleto ou sequer é realizado. Para quem administra, o que é indispensável, afinal? por Idalberto Chiavenato*
a caixa de ferramentas do administrador
ilustração : Spencer
Todas essas competências administrativas ou gerenciais são fundamentais para o sucesso profissional do administrador. E devem também ser aplicadas para gerar um clima de trabalho agradável, criar e desenvolver competências em seus colaboradores, dar-lhes oportunidades para vencer, buscar a excelência e proporcionar resultados palpáveis. O líder verdadeiro é aquele que forma futuros líderes. Somente quando prepara substitutos à sua altura é que o administrador tem condições de delegar missões com êxito e deslanchar para patamares mais elevados de responsabilidade e de realização pessoal. O administrador raramente trabalha sozinho. A Administração é um fenômeno social e coletivo e não apenas individual ou solitário. Assim, o papel do administrador é transformar as pessoas que formam sua equipe em verdadeiros talentos capazes de oferecer contribuições incríveis.
Visão sistêmica e visão periférica são indispensáveis também. Não se trata de mirar e entender o panorama global da empresa, mas também o que está acontecendo ao seu redor. E, sobretudo, proporcionar rapidez e agilidade na resposta através da equipe. Talvez, até mais do que isso, o administrador precisa ser proativo e antecipatório nas decisões e ações. É que o futuro será completamente diferente do presente, assim como o agora está sendo diferente do passado. E não basta imitar ou copiar o que os outros estão fazendo. O mundo dos negócios de hoje exige criatividade, imaginação, engenhosidade e inovação. A Administração é uma profissão que envolve ciência, tecnologia e arte. Exige discernimento, intuição e perspectiva. Ao mesmo tempo, ela deve lidar com produtos, serviços, processos, pessoas, mercados, concorrência e uma infinidade de conceitos como produtividade, qualidade, responsabilidade econômica, sustentabilidade e outros mais que precisam ser adequadamente translatados em decisões capazes de proporcionar alcance de objetivos e oferta de valor e resultados. E tudo isso lembrando que os stakeholders lá fora e aqui dentro estão aumentando cada vez mais suas expectativas a respeito do trabalho do administrador. Não é sopa, não!
*Idalberto Chiavenato É doutor e mestre em Administração pela City University of Los Angeles (EUA) e escreveu 30 best-sellers publicados no Brasil e 17 obras em língua espanhola. Chiavenato é uma das principais autoridades na área de Administração de Empresas da América Latina.
24 O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos desta campanha", disse Marina, na convenção do PV em São Paulo, em um espaço cultural na Vila Madalena. Ela leu carta aberta com críticas ao que chamou de "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB. Segundo Marina, os dois partidos pregam a "mútua aniquilação" na disputa entre Dilma e Serra
O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos desta campanha", disse Marina, na convenção do PV em São Paulo, em um espaço cultural na Vila Madalena. Ela leu carta aberta com críticas ao que chamou de "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB. Segundo Marina, os dois partidos pregam a "mútua aniquilação" na disputa entre Dilma e Serra O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos desta campanha", disse Marina, na convenção do PV em São Paulo, em um espaço cultural na Vila Madalena. Ela leu carta aberta com críticas ao que chamou de "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB. Segundo Marina, os dois partidos pregam a "mútua aniquilação" na disputa entre Dilma e Serra
por Michelle Veronese
O mundo está mudando, mas será que você irá sobreviver às transformações? Descubra cinco estratégias para não virar um dinossauro e garantir sua vaga na futura geração de líderes
do futuro
o administrador capa novos tempos
P
Com as transformações tecnológicas e econômicas, o mundo tem exigido dos administradores uma multiplicidade cada vez maior de conhecimentos e habilidades
ense rápido: qual é a melhor estratégia de sobrevivência descoberta pela espécie humana desde sua origem? E qual a tática que tem garantido vida longa e próspera para as maiores empresas do planeta? A resposta é a mesma, nos dois casos: adaptação. Desde que o nomadismo acabou, desde que o escambo deu lugar ao dinheiro, desde que estradas de ferro mudaram o mapa dos países, desde que o homem construiu, navegou e voou, adaptar-se é preciso. E isso vale tanto para a biologia quanto para os negócios. De tempos em tempos, os líderes – assim como os organismos vivos – precisam reconhecer as mudanças no ambiente e adaptar-se às transformações que estão por vir, senão, podem ser destruídos por elas. Pensando nisso, elaboramos um guia com cinco estratégias para você não perder o bonde da evolução e sobreviver no competitivo mundo da Administração. Leia, pondere e principalmente aceite as mudanças. Do contrário, o risco de virar um dinossauro é todo seu... Olhe para economia do vizinho A família Smith comprou a casa dos sonhos. Fez um empréstimo, parcelou em centenas de vezes, mas nunca conseguiu pagar a hipoteca. Problema deles, certo? Não mais. A crise americana do subprime deixou esta lição aos administradores do futuro: ficar de olho no telhado do vizinho pode, sim, ajudar na sobrevivência de um negócio. Afinal, na era da globalização, quando uma economia sofre, todas sofrem juntas – e quem não está atento às oscilações do mercado pode ser pego de surpresa. Foi o que ocorreu quando, a partir de 2007, o caos no mercado imobiliário americano causado pelas hipotecas de risco fez os bancos perderem totalmente o crédito, o que gerou um efeito dominó negativo no mundo inteiro. Empresas fecharam as portas, outras viram as vendas despencarem.
O erro delas, segundo alguns especialistas, foi terem se voltado demais para o próprio umbigo. “Não podemos mais, simplesmente, gerir um negócio sem levar em conta as consequências mais amplas do que estamos fazendo”, explica Bruce Kogut, professor de Liderança e Ética da Universidade de Columbia, nos EUA. Para os alunos e futuros líderes, ele ensina o que chama de “pensamento integrado”. “Na prática, significa separar o que pode ser útil e bom para o crescimento econômico e financeiro de uma empresa daquilo que, a longo prazo, pode se revelar destrutivo para todo sistema – e, a partir dessas informações, fazer a escolha certa”, afirma Kogut. E qual é a decisão ideal? É aquela “baseada na ética”, defende o especialista. Vista a camisa verde É preciso agir como um camaleão para sobreviver em um ambiente hostil e competitivo. Mas, na hora de mudar de cor, recomendamos o verde aos futuros líderes. Em outras palavras: vista a camisa da ecologia,
adotando uma atitude a favor da natureza. Uma empresa amiga do meio ambiente, cá entre nós, ganha pontos no quesito marketing. Ser ecologicamente correto soa bem, rende reportagens favoráveis na mídia e, claro, o reconhecimento do público – e tudo isso, de um jeito ou de outro, pode ser revertido em lucro. Esse, no entanto, é o aspecto mais superficial. É importante lembrar que o impacto ambiental causado por um empreendimento pode abalar ecossistemas inteiros, prejudicando regiões, países e o próprio planeta. E, no futuro, quem paga o pato é a própria empresa. Diante desse risco, James Clawson, professor de Administração de Empresas da Universidade de Virginia, nos EUA, faz um alerta aos líderes do futuro: “Não podemos continuar extraindo, usando, descartando e partindo para a próxima reserva. Temos de nos conscientizar de que é necessário viver de modo mais sustentável”. Isso significa apostar em novos modelos de funcionamento e até repensar a cultura inteira de uma companhia. A Wal-Mart, gigante do varejo norte-americano, fez isso quando investiu 500 milhões de dólares na redução de gases causadores do efeito estufa e no consumo consciente de energia elétrica. As consequências dessas decisões talvez sejam percebidas só daqui a algumas décadas, pelas próximas gerações. Mas ninguém duvida de que valerá a pena.
Temos de nos conscientizar de que é necessário viver de modo mais sustentável
25
capa novos tempos
Assim caminha o mundo Nem políticos, nem líderes religiosos. Na opinião do professor James Clawson, autor de vários livros sobre Administração e professor da Universidade de Virginia, nos EUA, o futuro do planeta está nas mãos dos administradores de empresas. E essa não é a única mudança a caminho. A seguir, em uma entrevista exclusiva, ele enumera as principais tendências no mundo dos negócios.
s mais gananciosos 1Lídere
“
Os seres humanos sempre foram gananciosos. Mas o que me preocupa é o surgimento da chamada ‘cultura da extração’. Líderes e estudantes parecem mais preocupados com que irão extrair do mercado do que com o que vão deixar de legado. Eles pensam em comprar para vender, e não mais em construir. A ganância gera especulação, o que prejudica toda a comunidade global”.
mulheres 2Mais no poder
“
Mais e mais mulheres estão ocupando postos de comando e essa é uma mudança muito benvinda para o chamado C-level. Elas ainda lutam por espaço em várias nações industrializadas, mas isso está mudando e, em consequência, teremos uma visão mais equilibrada dos negócios”.
da 3Aumento competitividade
“
Com as inovações tecnológicas dos últimos vinte anos, as empresas não conseguem mais esconder seus lucros. Resultado: se existe algum setor onde é possível ganhar dinheiro, esse setor logo será atacado. A informação instantânea aumentou a competitividade e a pressão para obter lucro”.
Fim das barreiras 4 culturais
“
As diferenças culturais estão diminuindo e os líderes globais descobriram que as barreiras culturais e linguísticas não são tão grandes assim. No fundo, somos mais parecidos do que imaginávamos e todos queremos fazer negócios. Por isso, afirmo que o futuro do mundo não está nas mãos de políticos ou religiosos, mas de quem lidera empresas”.
Entre para a aldeia virtual Você usa email, conversa em chats e até arrisca opinar em fóruns da internet. Mas isso não significa que está por dentro do que acontece na aldeia virtual. Afinal, ainda há o Linkedin, o Twitter, o Tumblr e inúmeras outras ferramentas online esperando por você. Elas se multiplicam a cada dia e oferecem possibilidades de comunicação jamais vistas antes. Cabe ao administrador do futuro ficar de olho nesse arsenal tecnológico e descobrir como tirar o melhor proveito de tudo isso. Quer alguns exemplos? Você pode começar utilizando a internet 26
para acelerar a troca de informações com seu time, compartilhar documentos e discutir todo o tipo de ações – para isso, basta uma simples conta de email ou um serviço de chat. Também é possível usar o ambiente online para acompanhar o desempenho das equipes, dar feedback mais rápido aos funcionários e ainda realizar treinamentos e conferências – nesse caso, uma webcam e muita disposição para falar e ouvir são mais do que suficientes. As empresas ainda podem aproveitar as ferramentas virtuais para estreitar a relação com seus
aumenta o desafio de quem está na liderança. “Além disso, as mudanças de perspectivas profissionais, a partir de um mercado mais exigente em termos de formação, experiência e atualização, também criaram funcionários mais exigentes com a empresa, no que se refere à expectativa de crescimento, benefícios, treinamentos e qualidade das relações de trabalho”, afirma a psicóloga Clarissa de Franco, em São Paulo. Diante desse quadro, a saída é uma só: adaptação. “O que servia ontem para a satisfação dos empregados, hoje pode já não mais servir. Assim, a empresa deve caminhar e se transformar em comunhão com quem a constrói”, aconselha a especialista. Foi o que ocorreu na sede do Google, na Califórnia, onde os funcionários hoje têm direito a café da manhã, almoço e jantar, além de guloseimas a qualquer hora do dia. Os googlers ainda dispõem de cabeleireiros, massagistas, salas de ginástica, creche para os filhos e até pet shop. A experiência da empresa californiana mostrou que simples mudanças como essas podem refletir positivamente no desempenho das equipes, aumentando a produtividade. Na Suécia e na Dinamarca, algumas companhias também seguiram caminho semelhante. Depois de constatar que muitas pessoas não “funcionam” bem pela manhã, elas decidiram se adaptar ao ritmo biológico dos funcionários e passaram a oferecer horários noturnos alternativos. O home-office, ou escritório em casa, é outro modelo que reflete a adaptação das empresas às necessidades dos indivíduos. Nesse caso, o funcionário trabalha em casa, conectado com o chefe pela internet. “A maior vantagem é a flexibilidade do horário de trabalho. Se, pela manhã, estou sempre cansado e com sono,
um líder em formação deve aprender sobre outras culturas, novos idiomas e se informar sobre o mundo clientes, tornando a comunicação mais pessoal e instantânea. Hoje, isso é possível por meio dos microblogs como o Twitter e o Tumblr ou de redes sociais como Facebook, que ainda permitem esclarecer dúvidas de consumidores, apresentar produtos e serviços, realizar pesquisas de opinião, entre outras coisas. As opções são muitas e o segredo, como você já adivinhou, é se manter conectado. Não espere o funcionário se adaptar Manter uma equipe motivada, produtiva e engajada não é fácil. Para piorar, de algumas décadas para cá, valores como fidelidade e lealdade a uma única empresa parecem ter ficado para trás, o que
posso trabalhar tranquilamente à tarde e à noite”, explica o professor universitário e programador Maurício Linhares, de João Pessoa, que adotou o home-office para trabalhar para uma empresa norte-americana de tecnologia. Segundo ele, outra vantagem é a economia de tempo no deslocamento casa-trabalho e a redução do estresse causado pelo trânsito congestionado das grandes cidades. Aprenda de tudo um pouco Aprender é essencial. Seja na sala de aula, seja na prática. Mas não adianta decorar teorias, fórmulas e seguir a receita do sucesso alheio. A saída para o líder do futuro é pensar fora da caixa, ou seja, buscar aprendizado além dos limites da sua própria área. Um exemplo disso veio da Universidade de Oxford, na Inglaterra. No novo mestrado da recém-criada Blavatnik School of Government, a grade de disciplinas foge a todos os padrões das escolas de Administração e oferece aulas de Direito, Ciências Sociais, Tecnologia, Saúde, Finanças e Energia. Com essas mudanças, a universidade, que se gaba de ter educado 26 primeiros-ministros britânicos e 30 líderes mundiais, quer que seus alunos aprendam a pensar de maneira mais ampla e globalizada. Ao sair de lá, eles irão entender de economia a mudanças climáticas, de administração a pandemias de gripe. “Queremos oferecer aos líderes de amanhã o melhor do ensino tradicional de Oxford associado com novas maneiras de compreender as transformações que atingem essa área”, afirmou o vice-reitor da universidade, Andrew Hamilton, durante a inauguração da escola, em setembro. E já que a tendência é diversificar o aprendizado, não custa lembrar o quanto é importante, para um líder em formação, aprender sobre outras culturas, dominar novos idiomas e, principalmente, ler e se informar sobre o mundo. As informações estão todas ao alcance, hoje disponíveis em apenas um clique do mouse.
Perfil do novo líder Perguntamos, no site Administradores.com. br, qual a característica mais importante para o Administrador do Futuro
28 12 11 7 %
,37
Ser inovador e visionário
Saber liderar equipes heterogêneas
Saber tomar decisões rapidamente: 6.66% Ter uma visão holística da organização: 6.27% Ter formação % multidisciplinar: Maximizar os lucros da organização e dos acionistas: 5.17% Ser socialmente responsável: 3.33% Outros:4.67%
5.64
%
,29
Ser flexível a mudanças
%
,56 %
,31
Ser ético 27
Marketing devoção
Entenda por que algumas marcas se transformaram em verdadeiras religiões e seus consumidores em devotos fiéis de seus produtos. Entenda o verdadeiro...
DAS
N
por Fábio Bandeira de Mello
o lançamento do iPad na Apple Store da China, a fila de entusiastas para entrar na loja dava voltas em quarteirões. Centenas de chineses se aglutinaram por mais de 60 horas para adquirir um dos produtos tecnológicos mais cobiçados da atualidade. Já o McDonald´s, sinônimo de hambúrgueres, atinge números de consumo que ultrapassam a população total de países como Espanha, Canadá e África do Sul. A maior cadeia de fast food do mundo conseguiu criar fãs fiéis de seus produtos e leva quase 50 milhões de clientes diariamente às suas 30 mil lojas espalhadas em quase todos os países. E o que falar da Coca-Cola? A marca é uma das queridinhas do planeta e líder mundial no consumo de refrigerantes há décadas. Até hoje, ela faturou o primeiro lugar em todos os rankings do respeitado Instituto Interbrand como a marca mais valiosa do mundo. Inclusive, esse domínio é bem representado pelo famoso estudo realizado nos anos 70, através de uma “experimentação às cegas” sobre a preferência do consumidor entre os concorrentes Pepsi e Coca-Cola. Sem saber qual a marca estava experimentando, mais da metade dos entrevistados indicou a Pepsi como tendo o melhor sabor entre os dois re-
28
frigerantes. Porém, ao saber o refrigerante que estavam bebendo, o número de entrevistados que indicaram preferência pela Pepsi reduziu para 25%. Apple, McDonald´s e CocaCola são apenas três exemplos de empresas que conseguiram atingir um patamar imensurável de admiradores no planeta. Mas por que algumas marcas se tornam tão populares? Como elas conseguiram criar um fanatismo tão grande nas pessoas? Quase uma religião O dinamarquês Martin Lindstrom, uma das principais autoridades em branding e neuromarketing, revelou em sua última visita ao Brasil um dado assustador e fascinante. Lindstrom expôs que, na realidade, algumas empresas exercem sobre o consumidor o mesmo poder de uma religião. Essa
conclusão foi alcançada a partir de estudos realizados com técnicas de neuromarketing, onde se aplica a ressonância magnética funcional para mapear o cérebro dos indivíduos e compreender melhor o comportamento dos consumidores. Através desses exames, Lindstrom constatou que a zona cerebral ativada quando as pessoas pensam em suas marcas preferidas são as mesmas quando se trata da religião. Com marcas comuns, a área do cérebro acionada é diferente. Para detalhar as características dessa conexão entre religião e marcas, o especialista em neuromarketing entrevistou líderes de diversas crenças, como a católica, islâmica, budista e protestante. “Queria entender os pilares sobre os quais se baseiam a religião, e descobri que são os mesmos em todas: apelo aos sentidos, histórias envolventes, visão forte e po-
derosa, rituais e inimigo definido. Esses elementos que compõem uma religião são os mesmos presentes na composição de grandes marcas”, relatou o consultor. (veja detalhes no quadro abaixo). Outro ponto observado por Lindstrom é que tanto a religião quanto as grandes marcas conservam em sua natureza a questão da fidelidade, ou seja, as pessoas escolhem o que irão seguir, tomam uma decisão, começam a fazer parte de um grupo e essa inserção faz com que se sintam bem. Os clientes evangelizadores Billy Nascimento, diretor executivo da Forebrain, empresa pioneira no estudo da neurociência no Brasil, destaca que muitas marcas não utilizam apenas estímulos visuais, mas também auditivos, olfativos e táteis. Através disso, e por estarem constantemente presentes no nosso dia a dia, essas marcas conseguem afetar mais rapidamente nosso lado emocional. “Uma boa experiência com uma marca gera respostas emocionais positivas, que podem ser registradas no cérebro através de algo motivacionalmente
apetitivo. Por outro lado, uma experiência ruim nos predispõe a comportamentos aversivos. Esses estímulos acabam por gerar motivações defensivas que nos fazem afastar dos produtos. Daí a importância de uma construção de marca positiva, estimulante e satisfatória”, indica o diretor da Forebrain. Através de estratégias de relacionamento e programas de mar -keting direcionados para atrair e envolver pessoas, algumas empresas conseguiram até mais do que a construção de uma marca positiva. Disney, McDonald´s, Coca-Cola, Nike e Harley-Davidson, por exemplo, não apenas fidelizaram seus clientes, mas os transformaram em porta-vozes de seus produtos. Esses programas produziram legiões de fãs e “vendedores não oficiais”, os quais, por meio de depoimentos interpessoais espontâneos, transformaram-se em uma força de marketing tão poderosa quanto os próprios produtos. No livro “Buzz Marketing: Criando Clientes Evangelistas”, os autores Ben McConnell e Jackie Huba explicam que as regras tra-
Uma boa experiência com uma marca gera respostas emocionais positivas dicionais de marketing estão mudando, perdendo sua eficácia, e as recomendações feitas por clientes se tornaram a nova moeda de valor no sucesso de uma empresa. Quando os clientes ficam realmente impressionados com seu produto ou serviço, tornam-se “evangelistas” sinceros da empresa.
Desvendando os segredos da influência Veja os elementos que deixam as grandes marcas e as religiões tão poderosas, de acordo com o consultor Martin Lindstrom
Missão definida e visão clara
A maioria das religiões tem uma missão bem definida, ou seja, como alcançar o estado de graça ou certo objetivo espiritual. As empresas renomadas também têm sua missão bem definida e difundida.
Capacidade de contar histórias
Assim como os principais livros sagrados, toda grande marca tem uma história envolvente. Só o poder das boas histórias desarma o consciente da pessoa e instrui seu inconsciente.
Inimigo definido
As religiões se concentram em exercer o poder sobre o inimigo, o que contribui para reunir os fiéis em torno do combate a ele. O mesmo fazem algumas marcas quando promovem a rivalidade, como a Coca-Cola x Pepsi e o Visa x Master Card. Essa estratégia incentiva a lealdade e gera uma maior concorrência.
Rituais e Símbolos
Todas as religiões possuem símbolos e rituais de significados complexos. Nas empresas, os símbolos compõem desde suas
logomarcas até o que significam diante de seu público. O Google se tornou sinônimo de busca, a Disney vende sorrisos e o cowboy representa há décadas o Marlboro.
sensação de pertencer a um grupo
O ser humano, na grande maioria das vezes, tem a necessidade de estar inserido em grupos. Isso ocorre tanto com os fiéis diante sua religião, quanto com os consumidores assíduos de uma marca. Eles têm a opção de escolher o que seguir e de se sentirem mais confortáveis ao escolher um lado.
Apelo aos sentidos
Os cinco sentidos estão cada vez mais inseridos na divulgação de produtos em todos os segmentos. Dessa forma, o consumidor recebe novos estímulos atrelados ao produto que refletem em respostas emocionais. A Disney faz isso através de suas melodias, assim como a HarleyDavidson, que criou um som diferenciado das concorrentes para o arranque de sua linha de motos.
Mistério
É comum muitas religiões estarem cercadas de mistérios em sua história. Os novos lançamentos e novidades de algumas marcas também, principalmente nessa era de inovação e alta competitividade entre as empresas. Isso faz com que ative e aguce a curiosidade e imaginação do consumidor.
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tech inovação
Ensinamentos de inovação da
Apple
Insight do sucesso de um gigante tecnológico por Bill Fischer*
D
evido às mudanças na economia mundial e ao aumento da concorrência, parece que a última tendência em consultoria estratégica instintiva para as empresas é tornar-se “mais inovador”. No entanto, ser mais inovador não é tão fácil. O mercado mundial está repleto de carcaças corporativas de empresas que aspiravam à inovação. Grandes organizações como a Digital Equipment, Pan American Airlines e Polaroid, líderes inovadores em suas indústrias durante bastante tempo, já não existem, em grande parte, devido à incapacidade de sustentar avanços tecnológicos. Há mais de uma década, a Apple é considerada a empresa mais “inovadora”. iPhones, iPods e iPads modificaram não só o mercado, mas a maneira como vivemos. O iPod detonou a produção e distribuição de CDs e sacudiu a rádio com os podcasts. É realmente uma história de sucesso e inovação que levou apenas oito meses, do início ao fim. Claramente, há muito para apreender. Motiva-se com os erros A Apple não pensava em música portátil no fim do século 20. Na era do mp3 e compartilhamento peer-to-peer, estava focada em vídeo e no desenvolvimento do iTV e do iMovie – tanto que seu iMac, na época, não tinha sequer gravador de CD. Na verdade, ignoraram completamente o mercado da música. A empresa mais inovadora do mundo estava literalmente cega a uma das maiores tendências sociais daquele momento! No entanto, previsões financeiras fizeram com que percebessem a necessidade de mudar sua abordagem ao mercado e à tecnologia. Dada sua reputação para a inovação e tendências, a incapacidade de prever a importância da música na vida dos usuários de computadores pessoais foi completamente atípica, mas uma perda de US$ 195 milhões no trimestre 30
Pelo crivo criativo de Steve Jobs passaram as maiores inovações tecnológicas da Apple
a revolução ‘jobs’ Seus produtos criaram soluções eficazes de acessibilidade tecnológica para o consumidor. Veja algumas obras inovadoras:
os motivou a repensar a maneira com que se inseriam no mercado. A Apple não só aprendeu com seu erro, mas o usou como “catapulta” para a inovação. Busque habilidades Então, se você é a Apple, como você se recupera? A maioria dos livros de gestão de equipe recomenda: “contrate atitude, ensine habilidades”. Este modelo propicia um ambiente de trabalho harmonioso e colaborativo. No entanto, no mundo da inovação, aspirações e atitudes não são suficientes. Na situação em que
– embora todos sejam ótimos. Seu verdadeiro destaque é a facilidade com que o cliente pode acessar, baixar, armazenar e carregar músicas e podcasts. Essa “inovação” não vem de dentro da Apple, mas de fora. Tony Fadell tentava desenvolver isto por conta própria e a empresa o encontrou e o contratou por oito semanas! Pense em como isso é difícil: encontrar alguém com uma boa ideia. Não era para construir uma relação a longo prazo, mas simplesmente para acessar uma boa ideia de outra pessoa.
Depois de desenvolver uma equipe de primeira, Jobs lhes deu visões claras e ambiciosas se encontrava, a Apple precisava de habilidades reais e, assim, quando Steve Jobs formou a equipe do iPod, ele agrupou os melhores em hardware, software e design. Estes tinham a missão de mudar o mundo, acirrando o espírito competitivo e atingindo altíssimos níveis. Busque habilidade. Repare no alheio para se ter grandes ideias O que realmente diferencia o iPod dos outros tocadores de mp3 não é o hardware, software ou o design
Áreas criativas e inovadoras Steve Jobs colocou a equipe em um espaço físico comum que, embora não condizente à hierarquia, fez com que os membros tivessem uma comunicação eficiente. O ambiente de trabalho tinha “muito pouco espaço pessoal” – não havia cubículos ou salas. Ao impor ambientes abertos, a criatividade e o fluxo livre de ideias foram incentivados.
Definir limites de liderança Quando se fala de Apple, fala-se de Steve Jobs. Ele é uma figura importantíssima à marca e atitude da empresa. Então, qual seu papel no iPod? Depois de desenvolver uma equipe de primeira, Jobs lhes deu visões claras e ambiciosas. Ele cobrou a criação de um produto que colocaria 1.000 músicas em seus bolsos, com software tão simples que até suas mães poderiam usá-lo e uma oferta completa de produtos que estariam em pontos de venda dentro de oito meses. A beleza desses objetivos é
que são simples, claros e precisos, mas abrangentes o suficiente para que a equipe pudesse trabalhar totalmente focada e livre ao mesmo tempo. Líderes inovadores devem fornecer um briefing claro que organize a equipe e que não restrinja suas capacidades. Mesmo com a fama de se envolver nos projetos, Jobs realmente não interferiu muito no iPod. Ele foi perspicaz em montar uma equipe altamente qualificada e deixar que suas habilidades brilhassem. Porém, ao longo do caminho, ele agiu como policial e também cheerleader, impondo uma atitude que deixou os membros da equipe saberem que se a Apple tivesse sucesso, eles também teriam sucesso pessoal. Ele vigiou os parâmetros do projeto, garantindo a adesão da equipe às suas metas. Pés no chão Outro produto da Apple, o iPhone, está redefinindo a telefonia. No entanto, esta inovação foi uma ameaça à Apple quando um problema técnico afetou a qualidade do sinal. A resposta de Jobs mostrou sua verdadeira liderança: uma mensagem que corresponde à cultura da Apple – uma empresa que, repetidas vezes, mudou o mundo para melhor. Sua mensagem foi: “vamos resolver o probleminha do iPhone”, e para seus concorrentes: “pegue-nos se for capaz”. A Apple continua inovando. O iPad promete revolucionar o setor editorial. Mais uma vez, Jobs viu uma oportunidade de cadeia de valor em um setor que, atualmente, está vulnerável às grandes mudanças e que usa tecnologias modernas, porém não revolucionárias. A empresa desenvolveu uma maneira inovadora de lucrar ao “religar” a experiência do consumidor de maneira que possam tecer uma nova cadeia de valores.
Produto: iPod
Por que é inovador: Reinventou a forma de armazenar música Vendidos: Mais de 275 milhões Ano: 2001
Produto: iPhone
Por que é inovador: Transformou o celular em uma ferramenta multifuncional com um design atrativo Vendidos: Mais de 50 milhões Ano: 2007
Produto: Mac Book Air Por que é inovador: Foi considerado ”o Notebook mais fino do mundo“ e o mais leve entre os modelos concorrentes. Vendidos: Mais de 700 mil Ano: 2008
Produto: iPad
Por que é inovador: Prancheta digital que mistura as funções de um computador, leitor digital e iPhone Vendidos: Mais de 3 milhões Ano: 2010 *Bill Fischer é professor de Gestão de Tecnologia do IMD, uma das principais escolas de negócios do mundo, localizada na Suíça. Ele dirigiu o programa Mastering Innovation Globally 2010, administrado em Hong Kong.
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Entretenimento leitura, cinema e games
estante Histórias e ideias que valem a pena. Veja as nossas indicações de leitura para este mês. aprecie sem moderação
Positivamente irracional Depois do estrondoso sucesso do best-seller “Previsivelmente Irracional”, o escritor americano-israelense Dan Ariely brinda-nos com um novo livro sobre Economia Comportamental por Rodolfo Araujo*
R
echeado de impressões pessoais com emocionantes narrativas e bastidores das pesquisas, “Positivamente Irracional” (The Upside of Irrationality) é, em vários aspectos, uma obra bem mais pessoal que a anterior. Nela o autor vale-se de seus traumas, alegrias, medos e experiências como introdução para os temas. Em sua notória evolução como contador de histórias, Ariely faz dessa obra mais uma divertida viagem pelos misteriosos caminhos da nossa mente. O livro traz um poderoso argumento em favor da irracionalidade humana, em oposição à tão celebrada racionalidade defendida pela Economia Tradicional: a procrastinação. Para o autor, o hábito de adiar tarefas ou adotar comportamentos perniciosos não faria sentido se nossa preocupação central fosse sempre maximizar a utilidade de nossos atos. Caso fôssemos realmente “seres estritamente racionais”, ninguém fumaria, deixaria os exercícios e a correta alimentação de lado, ou trocaria de carro todo ano em vez de poupar para a aposentadoria. Certo, mas como se criam condições experimentais para verificar se certas atitudes são racionais ou não? Como é possível testar nossas crenças ou validar nossos conceitos mais arraigados? Por exemplo: como é possível mensurar o impacto do dinheiro na performance de alguém, se este não tem uma quantia de dinheiro realmente significativa? Ou ainda, como testar os limiares de dor de alguém sem que ele te odeie para o resto da vida? E como o pesquisador submete voluntários a esses dilemas, sem ferir a ética acadêmica e nem sua consciência? Pois os criativos experimentos de Dan Ariely não só resolvem estes problemas como também desmontam muitas das falácias com as quais convivemos desde o berço. O autor investiga, ainda, a forma pela qual nos adaptamos a novas situações – sejam elas positivas ou negativas. Partindo de 32
sua tragédia pessoal (ele teve 70% do corpo queimado enquanto servia ao exército em Israel), o autor mostra como o tempo realmente ameniza o sofrimento, na medida em que pessoas vivem uma nova realidade. Do mesmo modo, grandes melhoras na qualidade de vida (como um prêmio de loteria) também têm seus efeitos benéfico e motivacional decrescentes. Para o bem ou para o mal, tendemos a nos acostumar com as novas condições – mesmo que o prognóstico inicial seja outro. Mas será que estas conclusões, tão diferentes daquilo a que estamos acostumados, realmente fazem sentido? Se você acha que não, então precisa conhecer a obra de Dan Ariely – nem que seja para concluir que ele está totalmente errado. Ou que você tem algumas convicções que valem ser revistas... *Rodolfo Araujo é a mente criativa por trás do naopossoevitar.com.br
“Positivamente Irracional”, de Dan Ariely: como testar os limiares de dor de alguém sem que ela te odeie para o resto da vida? Editora: Campus, 304 págs. R$ 69,90
“O Legado Vivo de Peter Drucker”
De Craig Pearce, Joseph Maciariello e Hideki Yamawaki. O livro lança uma nova luz à filosofia de negóscios de Drucker, analisando suas ideias mais importantes no contexto do mundo corporativo atual. Editora M. Books. 328 págs. R$ 59,25.
“Bilionários por Acaso: A criação do Facebook”
De Ben Mezrich. A história dos dois estudantes desenturmados de Harvard que criaram o site de relacionamento sensação do mundo: o Facebook. Editora Intrínseca. 232 págs. R$ 21,90
“No Encalço das Líderes”
De Steven J. Spear A obra aborda como as empresas líderes de mercado batem a concorrência e como as empresas competentes podem reagir e vencer. Editora Bookman. 316 págs. R$ 59,00
Arrasta-me para o inferno!
Música no trabalho:
Atenção! Se você não gosta do gênero “trash”, por favor, não assista a esse filme. Mas não deixe de levar em consideração a profunda reflexão sobre a vida corporativa que essa história pode suscitar por Leandro Vieira*
atrapa lha o u aj u da?
Muito provavelmente você já ouviu falar em pesquisas que dizem que a música tem efeitos positivos no trabalho. Mas, recentemente, um levantamento feito por pesquisadores da Universidade de Wales (Reino Unido), relatou justamente o contrário. No estudo, os voluntários, ao ouvir algum tipo de música durante a atividade profissional, tiveram desempenho inferior comparado com o trabalho em um ambiente silencioso. Segundo os pesquisadores, as variações acústicas dificultam a concentração durante o expediente e só são proveitosas para preparar a mente antes do trabalho. Agora é torcer para seu chefe não ver essa pesquisa...
Arrasta-me para o Inferno”, (2009), marca a volta do diretor Sam Raimi ao terror, gênero que o consagrou
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Game vira dis ciplina
universitária
Agora, quando sua mãe mandar largar o videogame e pegar os livros, você pode dizer que já está estudando. É que “Starcraft: wings of liberty”, jogo de estratégia e ficção científica militar desenvolvido para computadores, está sendo utilizado como disciplina em várias universidades norte-americanas de Administração e Economia. A ideia é trabalhar, através do game, habilidades úteis para o gerenciamento de negócios. Então, boa aula!
Cena do Jogo “Starcraft: wings of liberty”: aprendendo administração no espaço
hristine está prestes a ser promovida. Seu único concorrente é Stu, um novato que pode ter a preferência do chefe por saber “tomar decisões difíceis”. Certo dia recebe a visita da senhora Ganush, que precisa renovar a hipoteca da casa para não ser despejada. Christine, então, consulta o chefe para saber se pode prorrogar a hipoteca da senhora ou não. “Já demos a ela duas extensões. É uma decisão difícil. É você quem sabe”, responde o chefe. As palavrinhas mágicas “decisão difícil” ecoam na mente da protagonista, que vislumbra aí a oportunidade de mostrar serviço e sacramentar sua promoção. Começa o dilema moral de Christine: ela tem o poder de prorrogar mais uma vez a hipoteca da velha e humilde senhora ou, por outro lado, negar-lhe o benefício e conquistar, assim, a posição almejada. É nesse ponto que nós, espectadores, acabamos nos identificando profundamente com a personagem. Esse dilema tão comum, tão rotineiro, tão humano, acontece todos os dias em nossas organizações. Não é a defesa dos interesses do banco, nem o “vestir a camisa da empresa”
que pesa na decisão de Christine. É o olhar esperançoso e sonhador à mesa vazia do futuro “gerente-assistente” que motiva a jovem analista. São seus próprios desejos e interesses individuais que norteiam sua decisão: “Eu sinto muito, mas outra extensão não é possível”, comunica à senhora Ganush. “Ora, mas é assim que as coisas funcionam”, você pode estar dizendo aí do outro lado. Eu sei exatamente como as coisas funcionam. Aliás, a gente costuma sempre repetir esse argumento quando temos que tomar decisões como a de Christine. É um mecanismo de auto-proteção que nos ajuda a conviver com nossas escolhas e com as decisões que, invariavelmente, temos que tomar. Mas Christine tinha o poder naquela hora... Pascal disse certa vez que “nem ao homem mais imparcial do mundo é permitido que se torne juiz em seu próprio caso”. Será que era o caso específico da senhora Ganush que Christine julgou naquele momento ou o seu próprio? Pense nisso. *Leandro Vieira é cinéfilo de carteirinha e busca tirar lições de Administração dos filmes que assiste
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ARTIGO CUIDADO COM O QUE NÃO DIZ
FOI SEM QUERER QUERENDO: QUANDO OS GESTOS DENUNCIAM NOSSO INCONSCIENTE Sempre que uma mensagem é transmitida conscientemente por alguém, há ao mesmo tempo outras mais sutis que podem acentuar, enfatizar ou mesmo discordar da declaração feita por Tonya Reiman*
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DICA RÁPIDA
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ILUSTRAÇÃO: SPENCER
É COMUM QUE, AO FALAR EM PÚBLICO, ALGUMAS PESSOAS FIQUEM TRAVADAS, SEM EXPRESSÃO. ESSA IMAGEM DE ESTÁTUA PODE DAR A IMPRESSÃO ERRADA DE QUE VOCÊ NÃO SE IMPORTA MUITO COM O ASSUNTO OU, PIOR AINDA, COM A PLATÉIA. UMA DICA É TENTAR DESCONGELAR SEU ROSTO QUANDO ESTÁ FALANDO. BALANCE SUA CABEÇA, LEVANTE SUA SOBRANCELHA, FAÇA ALGUMA COISA PARA TER CERTEZA DE QUE SEU ROSTO NÃO ESTÁ SOLIDIFICADO E SEM EXPRESSÃO
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menos que seja espião para um país estrangeiro, você, provavelmente, nunca estudou, formalmente, maneiras de conhecer e ter controle sobre sua comunicação não verbal. Entretanto, talvez você se interesse pelo assunto quando descobrir o quanto o domínio sobre a linguagem corporal pode ser importante para “lermos” o que os outros dizem e sabermos o que dizemos inconscientemente. Durante pesquisas na área, pessoas que tiveram suas comunicações gravadas ficaram impressionadas quando perceberam que dizem “sim” com suas palavras, mas, ao mesmo tempo, balançam a cabeça inconscientemente dizendo “não”. Para os pesquisadores, enquanto uma mensagem é transmitida conscientemente, há sempre outras mais sutis que podem acentuar, enfatizar ou discordar da declaração feita. Ao falar em público, ou mesmo em uma conversa informal, seu caráter será julgado, em grande parte, por suas expressões faciais. Considere uma simples piscada de olho, por exemplo. Quando alguém pisca para você, ela pode evocar conforto, sentimentos fraternos, lascívia ou repulsa, dependendo da expressão facial e da declaração que acompanha o gesto. Inclusive, é importante ressaltar que as expressões dos olhos desempenham um papel fundamental na forma como nossas mensagens são recebidas pelos outros. Como se costuma dizer, os olhos são as janelas da alma. Nenhuma outra parte de nossa expressão facial é mais importante para transmitir sinceridade e credibilidade. Fazer contato com os olhos é um dos elementos mais importantes para que uma conversa seja de fato sincera. Só que é preciso lembrar: manter contato com o olhar de forma constante pode parecer forçado ou indesejável e, no fim das
LEMBRE-SE: AS PESSOAS IRÃO JULGAR SUA COMUNICAÇÃO BASEADAS, EM PARTE, NAS SUAS AÇÕES NÃO VERBAIS contas, causar mais prejuízos que benefícios a sua mensagem. Enfim, lembre-se: as pessoas irão julgar sua comunicação baseadas, em parte, nas suas ações não verbais. Por isso, é importante saber o que os sinais são e como incorporá-los em sua comunicação diária. Procure observar-se no espelho ou peça a alguém para ajudá-lo. A prática torna-se perfeita quando você aprende a controlar suas expressões faciais durante uma conversa. Assim, você se sentirá mais seguro e confiante. *Tonya Reiman Consultora e instrutora corporativa. A norte-americana é colaboradora semanal do Fox News Channel e escreve para The News York Times, The Wall Street Journal e Time. Seu livro “A Arte da Persuasão” (Ed. Lua de Papel, 304 págs., R$ 36,90 em livrariasaraiva.com.br) foi lançado recentemente no Brasil.
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