#07 Empreendedorismo

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Entrevista Aleksandar Mandic: ´ o cara que transformou a internet no Brasil

Infográfico Um raio-x dos profissionais da Geração Y

Preço: R$ 11,90

JULHO de 2011 - ano 1 n o 7

Tecnologia 15 aplicativos que deixam o trabalho mais fácil

ESTRATÉGIA Saiba potencializar a cultura da criatividade e da inovação


201

O Sistema Conselhos Federal e Regionais de Administração premia estudantes que escreverem os melhores artigos acadêmicos na área de Administração. Os artigos terão que abordar o tema “A Administração e as Micro e Pequenas Empresas”. Dezenas de estudantes já participaram do Prêmio Belmiro Siqueira. Faça parte deste grupo e ainda concorra a R$ 8.000,00 em prêmios! Os artigos que forem selecionados pelo Conselho Regional de Administração (CRA) para concorrerem ao Prêmio receberão um kit(*). Inscrições nos CRAs até o dia 31/08/2011 Julgamento pelo CFA até o dia 15/12/2011 Mais informações acesse www.belmirosiqueira.org.br Email: formacao@cfa.org.br Fique, também, informado pelas nossas redes sociais: Realização:

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CFA/CRAs

CONSELHOS FEDERAL E REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO

(*) O Kit é composto de um pin, marcador de página e cordão de celular com símbolo da Profissão.

Estudante de Bacharelado em Administração, participe da maior premiação brasileira na área e faça história no Prêmio Belmiro Siqueira


EDITORIAL

A HORA DA CONSTRUçÃO Quem analisa com mais cuidado o Doing Bussiness 2011 – importante estudo do Banco Mundial sobre a facilidade de fazer negócios em 183 países – nota que o Brasil não vai bem das pernas nessa área. Estamos no 128° lugar no quesito facilidade de se abrir um negócio, ocupamos a vergonhosa 31ª posição no ranking referente à quantidade de pagamento de impostos e somos o 122° pior país na facilidade para registrar uma marca. Porém, há um grande paradoxo quando observamos que o Brasil segue com uma economia pujante e cada vez mais pessoas obtém sucesso em novos empreendimentos. Foi nesse ponto que surgiu nosso desafio em elaborar a reportagem principal dessa edição. Preparamos um dossiê completo sobre empreendedorismo. Queríamos traduzir essa palavra-chave no seu mais profundo significado, analisando o cenário brasileiro, cases vitoriosos e as dificuldades na abertura de empresas no país. Além disso, deciframos o caminho das pedras para se tornar um empreendedor

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FORA DO QUADRADO

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ponto final

Stephen Kanitz indica o atributo mais valorizado do administrador: a ética

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ENTRE TENIME NTO

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PAPO COM YODA

As dúvidas dos leitores tiradas pelo Mestre Jedi

e quais são as principais instituições que apoiam e financiam os negócios. Neste mês, também vamos apresentar uma divertidíssima entrevista com Aleksandar Mandic´ – um dos pioneiros da internet no Brasil – e, ainda, um infográfico que mostra o raio-x dos profissionais da Geração Y, entre outros temas. A edição também marca a estreia de uma nova editoria: “PEI, BUF!”. Nela, mostraremos como funcionam determinadas coisas na prática. Para começar, você vai conhecer os detalhes da elaboração dos preços das mercadorias. Esperamos que goste da revista que tem em mãos. Boa leitura! Fábio Bandeira de Mello Editor @fabiobandeira_

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39

Barão de Mauá: o empreendedor que mudou o Brasil

- Enxergar o caminho - Dicas para o bem estar do site de sua empresa

artigo

ADMINISTRADORES NA HISTÓRIA

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ADMINISTRADOR DO FUTURO

MARKETING A importância dos relacionamentos para triunfar nos negócios

Jovens gaúchos demonstram que a união pode fazer a diferença

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agenda

28 capa

06

ambiente externo

10 entrevista

Empreendedorismo: Como juntar as peças para montar um grande negócio?

Aleksandar Mandic: ´o cara que transformou a internet no Brasil

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acadêmico

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carreira

Liberdade no trabalho: desapertem os cintos, o chefe sumiu

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Pensando na festa de formatura? Lembre-se do planejamento!

INFOGRÁFICO

quiz

Um raio-x dos profissionais da Geração Y

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Os desafios para quem decide trabalhar em casa

Como potencializar a cultura da criatividade e da inovação

Os aplicativos que facilitam a vida profissional

Veja como funciona, na prática, a formação do preço de um produto

CARREIRA

ESTRATÉGIA

TECH

PEI, BUF!

Julho 2011

administradores.com.br

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twitter e-mails @karindk A revista @admnews #6 chegou e eu já me inspirei a persuadir o atendente da GVT! @efmdiz Não sei mais onde colocar tantos adesivos da revista Administradores!!! Está cada dia melhor!!!

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@nailzaborba A revista @admnews desse mês está sensacional. A capa é de atrair a atenção de qualquer um. Estão de #Parabéns! @helenscremin Acabei de abrir meu exemplar da revista e, além do conteúdo, fui também surpreendida com um lindo adesivo. Amei! @josiclei_silva Lendo a revista #Administradores nº6 da @admnews, tá show de bola. Superando a cada edição.

tudo

Vou confessar uma coisa: pela primeira vez, nos meus 60 anos de idade e 35 de professor da UFRGS, li uma revista do começo ao fim, sem pular uma só frase ou artigo. Parabéns pela concepção, pelas matérias, pela modernidade tanto na forma de apresentá-las como de seu conteúdo. Quando, na página 29, se fala de persuasão, vou dizer que vocês sabem como grandes doutores o que é isso, fazendo-me ler desde o editorial até as propagandas! Um forte abraço e congratulações, inclusive pelo artigo do Leandro Vieira sobre as mudanças. (Walter Nique)

primeiro contato

Assinei esta revista por impulso, sem conhecer, sem nenhuma indicação. Assinei porque estou cursando Administração (1º semestre) e, como estava visitando alguns sites, vi o Administradores e fiquei muito interessada. Agora, tenho certeza de que fiz um grande negócio e vou espalhar para todos. Que vocês continuem a crescer cada vez mais e a ajudar pessoas que tem o mesmo pensamento. (Eliete Gouveia)

facebook Loyanne Moreira Tenho todas e me arrependo de, na época, ter assinado somente por um ano, e não logo por dois. Adilson Spim Essa revista não deve faltar na leitura de um bom administrador! Eu recomendo! Georgia Cristina Alves Revista fantástica! Matérias dentro do que está acontecendo no mercado de trabalho e novidades para os administradores. Vale a pena assinar. Franck Rodrigues Excelente revista, parabéns a esta equipe que sempre busca superar suas expectativas e inovar cada vez mais. Publisher Leandro Vieira leandro@administradores.com.br Redação Editor Fábio Bandeira de Mello fabio@ administradores.com.br Repórteres Eber Freitas eberfreitas@administradores.com.br, Fabiana Cardoso, Fábio Bandeira de Mello, Laíza Felix, Mayara Emmily e Simão Mairins simao@administradores.com.br Revisão Laíza Felix COLABORADORES Accioli Moura, Azra Brankovic, Carlos Hilsdorf, Jack DelaVega, Karsten Jonsen, Mestre Yoda, Marc Cortes, Paddy Miller e Stephen Kanitz ARTE DIREçÃO João Faissal joaofaissal@administradores.com.br Design e ilustração Thiago Castor thiago@administradores.com.br COMERCIAL Diretor Comercial Diogo Lins diogo@ administradores.com.br Atendimento ao Leitor Anna Valéria Vita annavaleria@administradores.com.br Impressão Gráfica Moura Ramos www.mouraramos.com.br

O papel ultilizado nessa revista possui certificado internacional FSC - nossa prova de responsabilidade ambiental

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Julho 2011

sugestões de pauta

Sou assinante da revista Administradores desde o exemplar zero e me sinto privilegiado por isso. Não sou estudante de Administração, mas professor de matemática; porém, quero iniciar o curso. Sou apaixonado pela área e esse foi um dos motivos para ter assinado a revista. Sendo assim, eu poderia sugerir uma matéria? Minhas sugestões são: Como são os estudos na universidade pública? Há muitas áreas de mestrado em Administração? Quais seriam? (Mateus Fernandes)

matéria de capa

Quero parabenizar a equipe Administradores pelas excelentes matérias que vem sendo publicadas a cada edição, trazendo abordagens que acabam fazendo parte do nosso dia-a-dia no escritório. Uma matéria que gostei dessa edição foi “As 10 Tábuas da lei da persuasão”. (Alisson Alcântara)

Mande também seu recado para a Administradores através do

revista@administradores.com.br

CONTATOS


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28 juL 2011

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03 set 2011

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Formação e Certificação Internacional Professional & Self Coaching

Responsável: IBC Coaching Local: São Paulo - SP Info: adm.to/formacao_coaching

EnANPAD 2011 Responsável: Anpad Local: Rio de Janeiro - RJ Info: adm.to/enanpad

CONAD 2011 Responsável: Conad Local: Goiânia - GO Info: adm.to/conad2011

EnEPQ 2011 Responsável: Anpad Local: João Pessoa - PB Info: adm.to/enepeq2011

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29 jul 2011

Início:

13 set 2011

Início:

23 out 2011 Início:

20 nov 2011

Curso de Gestão e Marketing de Relacionamento

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| rápidas Ana Nascimento/MDS

ambiente externo

Banda Larga a R$ 35

O governo e as operadoras de telefonia chegaram a um acordo sobre o serviço de acesso à internet previsto no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). O megabit em conexões fixas será comercializado a R$ 35. Nas localidades onde a implantação de linhas telefônicas é inviável, os consumidores podem contratar internet móvel pelo mesmo preço. Mas ainda há um impasse: as operadoras não querem estar sujeitas ao pagamento de multas, caso descumpram a oferta do PNBL.

Brasileiro é eleito diretor-geral da FAO

O agrônomo José Graziano, de 61 anos, foi eleito o novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Ele terá a difícil missão de intermediar acordos, debater políticas e impulsionar iniciativas estratégicas sobre a erradicação da fome e da insegurança alimentar entre todos os países. Graziano ocupará o cargo no período de janeiro de 2012 a julho de 2015, e vai substituir o senegalês Jacques Diouf, que permaneceu por 17 anos à frente da agência.

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Barrados antes do baile

Você sabe qual é o país que teve mais estrangeiros barrados nos aeroportos da União Europeia em 2010? Quem arriscou o Brasil, acertou. Segundo a Frontex, agência europeia responsável pelo controle de fronteiras, 6.072 brasileiros tiveram entrada impedida no território, o que equivale a 12% do total de recusas. Os Estados Unidos, que ocupam a segunda posição no ranking, tiveram 2.338 cidadãos barrados. A agência constatou também que 13.369 brasileiros estavam vivendo ilegalmente em algum país da região, estando a maioria em Portugal, Espanha e França. Com o índice, o Brasil ocupa a sexta colocação nesse ranking, que é liderado pelo Marrocos.

Abalado financeiramente, River é rebaixado na Argentina

O tradicional clube de futebol River Plate foi rebaixado no campeonato argentino pela primeira vez em 110 anos de história. O empate com o Belgrano, de Córdoba, selou o destino do time. Os graves problemas administrativos e financeiros na gestão do ex-jogador Daniel Passarella – com dívidas que somam US$ 19 milhões - foram alguns dos fatores que atrapalharam o time dentro de campo.

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EU TENHO QUE TER O DIREITO DE NÃO QUERER UM FUNCIONÁRIO HOMOSSEXUAL NA MINHA EMPRESA, SE FOR DA MINHA VONTADE Myrian Rios, ex-atriz e deputada estadual (PDT-RJ), em discurso na Assembléia Legislativa contra a PEC 23/2007, que inclui a orientação sexual como direito fundamental na constituição do estado. Ela associou homossexualidade à pedofilia.

É PORQUE MERECE Tarso Genro, governador (PT), do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça, ao comentar a concessão de visto de permanência no Brasil dado ao ex-terrorista italiano Cesare Battisti.

PARECE QUE VOCÊ ESTÁ CHEGANDO PERTO DE ALGUÉM QUE CONHECE DESDE CRIANCINHA Luiza Trajano, presidenta do Magazine Luiza, quando comprou, recentemente, as lojas do Baú, do apresentador e empresário Silvio Santos.

É TERRÍVEL QUE CADA VEZ SE CRIE MAIS CARGOS COM NOMES INUSITADOS. MUITAS VEZES, PARECE QUE ESTÁ SE TENTANDO BUSCAR BRECHAS PARA PODER TERCEIRIZAR O QUE NÃO É TERCEIRIZÁVEL Daniela Marques, procuradora do Ministério Público do Trabalho.


online

| www.administradores.com.br

ARTIGOS

A idade atrapalha? Ter filhos é um problema? E as redes sociais? Especialista responde dúvidas e dá dicas que podem ajudar bastante na busca por um emprego. adm.to/buscaporemprego

FUNÇÃO SETOR

MÊS

Professores da área de Administração recomendam obras que consideram indispensáveis para os profissionais de cargos gerenciais. adm.to/15filmesdeadministracao

ENQUETE

Como lidar com namoros dentro do ambiente de trabalho

17% Burocracia excessiva

A consultora Débora Martins aponta os novos desafios após a consolidação da modalidade de compra coletiva. adm.to/compracoletiva_adm

#FICADICA

Direto das comunidades

9%

Cultura não favorável ao empreendedorismo

Participe dos fóruns de discussão e leia as entrevistas com os especialistas.

ao crédito 12% Acesso

2% Outros

8%

Encontrar profissionais qualificados

Compras coletivas, atendimento individual

Relacionamentos amorosos no ambiente profissional são comuns e o gestor deve agir com ponderação nesses casos. adm.to/namoronotrabalho

Qual a principal dificuldade enfrentada por quem resolve ser empreendedor no Brasil?

52%

Tiago Aguiar, vencedor do programa “O Aprendiz 4”, reflete sobre as características marcantes dos empreendedores. adm.to/adm_empreendedor

ANO

15 filmes que todo administrador deve ver

Carga tributária elevada

Quem é esse tal empreendedor?

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Saiba o que é mito e o que é verdade na busca por um emprego

EMPRESA

DIA

divulgação

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FOI DESTAQUE NA WEB

Comunidade E-Líderes

Compras pelo Facebook Você já ouviu falar em F-commerce? Essa é uma divisão do comércio eletrônico realizado por meio da rede social do Facebook. Atento às novidades e com o espírito inovador de sempre, o Administradores apostou nessa ideia e estreou sua F-store, iniciativa pioneira na América Latina. Nesse primeiro momento, são comercializados no espaço assinaturas e exemplares avulsos da revista Administradores e camisetas exclusivas com a frase de Peter Drucker. Conheça em adm.to/loja_admshop

Qual o seu livro de cabeceira sobre Liderança? adm.to/livrodelideranca

ENTREVISTA O escritor Daniel Piza fala sobre os impactos dos grandes acontecimentos da última década no mundo atual. adm.to/acontecimentos

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Orkut

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| ALEKSANDAR MANDIc´

ALEKSANDAR ´ MANDIC

o cara que transformou a internet no Brasil

por eber freitas

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divulgação

entrevista


S

esse projeto acabou não sendo implementado. Naquela vontade de fazer aquilo funcionar, implementei o BBS lá em casa mesmo. Uma linha telefônica, na época, custava quatro mil dólares e eu não tinha nem podia arranjar esse dinheiro para investir numa brincadeira. Aí eu lembrei que, quando casei, minha mulher veio como um “plano combo”, com uma linha telefônica junto (risos). Então pensei em usar essa linha telefônica para colocar meu sisteminha no ar, mas ela falou: “não, essa linha telefônica é minha, é minha garantia perante o nosso relacionamento”. Quatro mil dólares era grana. Mas aí, no fim, deu certo e eu montei o BBS. Só que o serviço, naquele ano, estava um pouco à frente do tempo, porque ninguém usava, era um produto que só eu tinha. Demorou dois anos pra dar uma “decoladinha”. Eu me lembro que, em dois anos, eu tinha 400 usuários, todos técnicos. A coisa começou a melhorar em 95, quando a internet chegou ao Brasil. Nessa época, eu já tinha 10 mil usuários. Aí foi só virar a chave para, em mais três meses, ter 40 mil usuários. Foi aí que a coisa explodiu. Não foi uma coisa de “ah, eu tinha um sonho”, não. Eu não sabia que, depois de cinco anos, a internet chegaria e, em três meses, eu quadruplicaria a minha base.

e eu precisasse de apenas uma palavra para de´ seria o termo “louco”. finir Aleksandar Mandic, Afinal, não é qualquer sujeito em sã consciência que abre mão de todas as garantias e direitos de um emprego vantajoso e estável para se arriscar em um negócio incerto e completamente obscuro. Após 17 anos trabalhando com automação de grandes linhas de produção na multinacional alemã Siemens, o sérvio-brasileiro se apaixonou pelas novas possibilidades tecnológicas que se descortinavam e revelavam um mundo inexplorado. “Se eu fosse pensar que ia para um negócio onde já tinha que pagar imposto adiantado, não tinha direitos, não tinha férias, não tinha nada, eu não teria mu´ dado”, brinca Mandic. A sua habilidade de desmontar – nunca montar – as coisas se revelou não apenas nos eletrônicos, mas em todo o seu conceito de vida, destruindo as suas próprias zonas de conforto e se arriscando nos negócios só pra ver o que aconteceria, como tudo iria funcionar. Deixou a multinacional para montar, em 1990, um serviço de Bulletin Board System (BBS), sistema que conecta computadores por meio de linhas telefônicas, tal qual a World Wide Web (WWW). No entanto, o serviço só fez sucesso com o boom da internet, em 1995. Resultado: a Mandic BBS se transformou em um dos mais representativos cases de negócios em rede do mundo, estudado até em Harvard. O resto da história, você confere na entrevista a seguir. Você desenvolveu um serviço pioneiro na época, que era um provedor de acessos via BBS. Como se interessou pela área?

Seria uma Intranet, como chamamos hoje?

Acho que esse negócio já vem um pouco lá de pequeno. Quando eu era criança, tinha o dom de desmontar tudo, pra ver como funcionava. Claro que só desmontar, nunca fui bom em montar as coisas. Então, era sempre curiosidade, como funcionava uma coisa, como funcionava outra. Desmontava o aparelho de barbear, cheguei a desmontar um carro velho do meu pai, pra saber como as coisas funcionavam. Se fala em empreendedorismo, mas eu sempre tive apenas talento técnico. Eu trabalhava na Siemens, como você bem sabe, também em departamento técnico. Ia a campo fazer instalações grandes, como a da Volkswagen, onde automatizamos toda a linha de produção. E, justo naquele tempo, começaram a surgir os primeiros modems, a 300 bps, uma coisa que não dava 1/3 de Kbps. Se hoje você tem uma conexão de 1 Mbps e acha ruim, imagine 1/3 de Kbps. Mas eu via que a turma da Alemanha usava o computador aqui no Brasil pra resolver alguma coisa, pra “cheirar” alguma coisa. Eu, vendo isso, me interessei e falei para a própria Siemens que a gente deveria ter um sistema de comunicação desses entre nós, entre técnicos, com o qual nós poderíamos compartilhar programas, trocar dúvidas, e assim por diante. É, era uma coisa assim. A gente chamava de BBS (Bulletin Board System) naquele tempo. Eu fiz esse projeto para a Siemens e eles adoraram, cheguei até a ganhar um prêmio. Só que

Tudo na vida, para dar certo, precisa de três coisas: talento, muito trabalho e sorte Quando você decidiu deixar a Siemens para se dedicar ao novo negócio, foi uma decisão difícil?

Não. Mesmo porque, se eu tivesse pensado muito, não teria deixado a Siemens. Pra quê? Eu tinha um emprego numa multinacional, viajava ao exterior para atualizações profissionais constantemente, tinha meu carro pela empresa, tinha seguro-saúde, tinha aposentadoria garantida, tinha férias e tinha direitos. Se eu fosse pensar que ia para um negócio onde já tinha que pagar imposto adiantado, não tinha direitos, não tinha férias, não tinha nada, eu não teria mudado. Então, foi uma decisão não pensada mesmo. Aliás, se você pensar muito, há maiores chances de as coisas darem errado.

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entrevista

| ALEKSANDAR MANDIc´ Como você chegou à vice-presidência do IG?

Na verdade, eu fui o fundador do grupo. O IG surgiu de uma conversa minha com o Henrique Neves (ex-presidente da Brasil Telecom). Então, quando eles aceitaram a minha ideia naquele “bate-papo”, acabaram me convidando para trabalhar junto.

Quando você estava no IG, decidiu deixar o cargo e reabrir a Mandic, desta vez com um novo foco de negócios, que seria com e-mails corporativos.

Na verdade, eu sempre fui assim: primeiro, jogo; depois, analiso. Quando eu saí do IG (eu iria sair de qualquer jeito, com todos da diretoria), essa transição já existiria. O que eu deveria ter feito era ficar quieto, em casa, pegar um avião e ir pra Paris (risos). Mas eu, naquele momento de agir, reabri a Mandic, e isso foi bom. Hoje, ela é uma empresa S.A., bastante sólida no mercado, fatura bem. Mas passou uns bons quatro anos como um 4x4 ligado o tempo todo para sair do atoleiro. E não dá pra voltar no tempo, então, eu tinha que fazer a coisa e, depois, a coisa deu certo. Quando um produto ou serviço está um pouco à frente dos demais, ele custa a vender. Hoje, por exemplo, eu vendo e-mail num mundo onde essa ferramenta é grátis, e fazemos sucesso.

Mas porque você resolveu trabalhar com e-mails corporativos? Antigos provedores de acesso, como o UOL, Terra, Globo. com resolveram trabalhar com conteúdo jornalístico...

O que o UOL faz há cem anos? Notícia. A Globo. com, a mesma coisa. Então, é a origem deles. A minha origem não é essa. Você não vê o portal da IBM, por exemplo, publicando notícias. Graças a Deus, eles não se meteram no meu caminho e eu não consigo me meter no caminho deles.

Então você tem o seu próprio mercado, seu próprio nicho?

Na verdade, eu devia até abrir uma igreja, a IBM, Igreja do Bispo Mandic, porque tem clientes que me seguem pra onde eu vou (risos). Virou religião.

Atualmente, de acordo com alguns analistas, o mercado está na iminência de uma nova bolha da internet, devido à supervalorização das redes sociais, assim como aconteceu no começo do milênio com as ponto.com. Como você enxerga o mercado da internet hoje?

O mercado hoje está aquecido, com muitas fusões e aquisições. O mercado consumidor está crescendo, está todo mundo entrando na internet. Então, tem coisas legais acontecendo nesse mercado, que começou a aquecer depois de alguns anos meio “chocho”.

Mandic´ foi um dos pioneiros na exploração comercial do serviço de provedor de acesso à Internet no Brasil

Você acha que a Mandic BBS foi um empreendimento inovador?

Então, o diferencial competitivo da BBS era o atendimento personalizado?

O BBS já existia no mundo, o que eu fiz foi profissionalizá-lo. Antes, era uma coisa amadora, fundo de quintal, era uma coisa que não era sequer cobrada. Quando eu comecei a cobrar pelo serviço, começaram a me perguntar: “como você vai ganhar dinheiro numa coisa que todo mundo dá de graça”? Me perguntaram a mesma coisa mais à frente, no Mandic Mail. Eu falei: “vou vender qualidade”, e pode ver que deu certo. Então, o usuário se sentia como cliente. Isso fez uma grande diferença. Era tudo, não era só o atendimento. Nós estávamos sempre à frente de qualquer outro BBS na época: tínhamos as últimas versões dos programas, tínhamos diferenciais como jogos e outros recursos que os concorrentes não tinham, como mais espaço em disco, o que quer dizer que contávamos com uma grande variedade de programas. Além do atendimento, fazíamos o social, como encontros, eventos. Isso aí foi um conjunto de coisas.

Olhando pra trás agora, como você analisa a venda da Mandic BBS que, àquela altura, já era um case de sucesso?

Eu acho que aquilo foi o máximo, porque, na época que a gente vendeu a Mandic BBS, em 1999, três meses depois estourou a bolha*. Imagina se eu estivesse dentro da bolha? A empresa não valeria nada. É o mundo dos negócios, dos empreendimentos, quer dizer, a mesma coisa, três meses depois, não valeria nada.

Você anteviu essa “bolha da internet”? Por que motivo você vendeu?

Não. Claro que você pode sentir essas coisas, mas, quando eu vendi, meus concorrentes disseram: “parabéns Mandic, ´ você tem visão”, enquanto eu pensava: “eu vendi porque não enxergava mais nada” (risos).

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Você acha que pode acontecer uma nova crise com a supervalorização de empresas que prestam serviços na internet, como as redes sociais?

Crise sempre vai existir. Desde que eu nasci, existem crises. Eu quero saber de um ano em que você, andando por aí, não achou uma crise. É a crise da Rússia, crise da China, depois passa para os Estados Unidos, depois Brasil, agora Argentina... Umas são maiores, outras são menores. A crise é um mal necessário. É como uma tempestade, que chove, mas é pra limpar. A crise limpa o mercado: os bons ficam e os ruins vão embora, vão ser evaporados depois, lá no oceano.

* Entre os anos de 1999 e 2000, as empresas de internet, conhecidas como ponto.com, tiveram suas ações supervalorizadas pelos especuladores. No auge da bolha especulativa, o índice Nasdaq passou de cinco mil pontos. Quando a bolha secou, as empresas já tinham investido todo o capital de risco e os preços das ações despencaram, causando a quebra, vendas e fusões da maioria delas.

Saindo um pouco desse assunto, ano passado você tentou se candidatar a deputado federal. Como se deu essa decisão? Como você a analisa hoje?

Essa ideia, na verdade, não partiu de mim, mas do Kassab, que me convidou. Ele disse: “nas próximas eleições, é a tecnologia que vai mandar, você tem que se candidatar”. Foi uma experiência legal, mas tem um ditado que diz que quem tem clientes, tem saudades de patrão. Eu complemento: quem tem eleitor, tem saudades de clientes. Meu negócio é empresa, não é política. E olha que nem fui eleito.

Então, você não pretende se candidatar novamente?

Não. Eu acho que você tem que ter talento pra essas coisas. Tudo na vida, para dar certo, precisa de três coisas: talento, muito trabalho e sorte. Na política, até agora, eu só vi que trabalhei muito; eu não tenho talento e não tive sorte (risos). Pra isso, o cara tem que nascer político, o que não é meu caso. Foi bom, foi legal ver como funciona, mas empresa é muito mais fácil.

Pra encerrar, quais são as “mandicas” que você gostaria de deixar para os leitores?

Como a gente estava falando de crise, a mandica é: tire o “s” da crise, crie. Criar é muito mais legal.

Eu falei: “vou vender qualidade”, e pode ver que deu

certo

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ACADÊMICO

| FESTA

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Hora da Formatura Falta de dinheiro e golpes de empresas organizadoras podem ser evitados se a formatura for um evento bem planejado. por laíza felix

A

vida acadêmica é dura: fins de semana na companhia dos livros e madrugadas dedicadas a terminar o trabalho de conclusão de curso são algumas situações que qualquer estudante de graduação conhece muito bem, pois viveu todas elas. No entanto, todos esses sacrifícios são recompensados ao fim do curso com uma incrível festa de formatura. É a hora de celebrar, com todas as pessoas queridas, uma conquista para a qual nos preparamos durante toda a vida escolar: o diploma universitário. Mas esse momento também é resultado de muito trabalho. Organizar uma festa de formatura requer planejamento financeiro, compromisso dos formandos com a arrecadação da quantia necessária para as despesas, além de prevenção contra eventuais - e

Coisas que todo formando precisa saber Alguns conhecimentos são valiosos na produção da festa de formatura - principalmente se a sua turma não vai contratar uma empresa organizadora

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cada vez mais frequentes - golpes de empresas organizadoras para que, no dia da festa, só existam motivos para comemorar.

Quanto antes, melhor Para chegar ao tão aguardado dia de trajes de gala, champanhe e muita alegria, é preciso começar cedo. Acredite: enquanto você ainda comemora sua aprovação no curso, já é hora de pensar em como vai querer celebrar o seu fim. “Seria interessante que os alunos que estão ingressando no primeiro ano já fizessem um levantamento. É lógico que não dá pra contar com a participação de todos por que, justamente no primeiro ano, há um índice de evasão muito alto. Mas, reunindo o máximo de alunos interessados, já dá pra iniciar”, afirma o economista Emerson Castello Branco, da CBS Consultoria. A distância entre o momento em que a turma decide promover sua festa e a data

A comissão Não tem jeito: por menor que seja a turma, é preciso eleger uma representação. Ela será responsável por tudo o que diz respeito à festa: abertura da conta bancária, pesquisas, visitas, reuniões, orçamentos, entre outras atribuições.

da formatura interfere bastante nos valores das parcelas, já que esse intervalo de tempo compreende boa parte da duração do curso. Por isso a antecedência é tão importante: “quanto mais cedo começar o seu planejamento, menores vão ser as parcelas que você terá que depositar para, no fim do curso, chegar ao valor necessário”, explica Emerson. Ou seja, se a sua turma demorar para pensar na formatura, pode se preparar para desembolsar mais dinheiro em menos tempo.

Planejamento e Pesquisa Reunidos os interessados e eleita uma comissão de formatura, é hora de partir para o planejamento e a pesquisa, dois processos fundamentais na organização da festa - e também os maiores responsáveis pelo seu sucesso. É aí que surgem as primeiras dúvidas: que empresa contratar?

As datas

A conta bancária

Não é só a festa que precisa ter uma data marcada. O vencimento das mensalidades e dos contratos, a entrada de novos formandos, etc, tudo tem que estar previsto ordenadamente. Um cronograma é uma opção simples e eficiente para esse acompanhamento temporal.

Em geral, as turmas optam por instituições como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal - onde muitos estudantes já têm suas próprias contas, o que facilita o pagamento das parcelas - e que oferecem taxas especiais para comissões de formatura e até quatro titulares na conta.


Como se certificar de que ela é confiável? O que o contrato deve conter? . Para encontrar uma empresa que conjugue os desejos da turma com o valor que os estudantes podem pagar, só com muita pesquisa. Nessa hora, não economize nas

perguntas. Informe-se sobre tudo. Isso vai garantir que o suado dinheirinho arrecadado para a festa se converta numa noite dos sonhos alguns meses (ou anos) mais tarde. Joyce Ajuz, coordenadora do Centro de Departamento de Pessoas da ESPM-RJ e professora do curso de Administração da instituição, dá algumas dicas para esse começo: “Peça referências, acompanhe alguma formatura organizada pela empresa antes de fechar o contrato e analise, no mínimo, três empresas”, elenca. Já Hélio Donin Jr, sócio diretor da Rede Nacional de Contabilidade (RNC), indica alguns procedimentos valiosos na investigação da idoneidade das empresas organizadoras que a comissão vai consultar: “Uma empresa de contabilidade conceituada pode verificar se a empresa está legalmente constituída, checando seu registro na Junta Comercial, sua inscrição na Receita Federal do Brasil, seu alvará de funcionamento e até certidões negativas. A consulta ao PROCON pode ser bastante interessante para saber se existe alguma reclamação sobre os serviços prestados”.

reunindo o máximo de alunos interessados, já dá pra iniciar Os contratos O comum acordo de uma turma em arrecadar dinheiro por meio de contribuições mensais visando cobrir as despesas da festa deve ser formalizado por meio de contrato. O documento deve instituir os integrantes da comissão, estabelecer o valor e a duração das mensalidades, os juros e as multas por atraso, as condições de devolução em caso de desistência, entre outras minúcias importantíssimas que evitarão problemas futuros.

Os faturamentos extras O dinheiro arrecadado com as mensalidades pode ser insuficiente. Esse problema pode ser resolvido com faturamentos extras através da venda de canetas, rifas, barraca de bebidas em calouradas, realização de festas, etc. Mas atenção: os custos desses faturamentos extras não podem sair da poupança da turma!

Coloque seu conhecimento em prática Mesmo que turmas de qualquer curso organizem suas festas de formatura, é na área de Administração que a tarefa tem um sabor especial. Afinal, essa é uma oportunidade de ouro para colocar em prática o que foi aprendido em sala de aula. Natália Nascimento, aluna do 7º período de Administração em Negócios na ESPM-RJ, integra a comissão de formatura de sua turma e acredita que a tarefa que assumiu tem lhe proporcionado muitos aprendizados: “você tem que tomar decisões e liderar mas, ao mesmo tempo, tem que procurar agradar a turma, por que é uma festa coletiva”, explica. Já Alessandro Rodrigues, concluinte de Administração no Centro Universitário Plínio Leite (Unipli), em Niterói, Rio de Janeiro, atribui sua postura na comissão ao conhecimento adquirido em sala: “o curso ajudou a lidar com tudo. A gente pensa em trinta cabeças, não em quatro, porque precisamos ter flexibilidade pra lidar com outros pontos de vista e respeitar as diferenças”, comenta. Hélio Donin ressalta a importância de participar da comissão de formatura para a vida profissional do então formando de Administração: “É um interessante exercício de gestão. Aprender a gerir recursos coletivos e registrá-los adequadamente pode proporcionar ao integrante da comissão uma experiência que, futuramente, poderá ser aplicada à sua carreira. Como todos, independente da profissão, necessitarão gerir financeiramente suas atividades, o integrante da comissão, sem dúvidas, sai na frente”, afirma.

A prestação de contas A critério da turma, periodicamente, a comissão deve apresentar balancetes financeiros para acompanhar o andamento da arrecadação e certificar a transparência da gestão. Os sites Comissão de Formatura (www.comissaodeformatura.com.br) e Tô Formando (www.toformando.com) oferecem sistemas on-line gratuitos de gestão financeira para comissões de formatura. Esses dispositivos facilitam o trabalho da comissão e a fiscalização dos alunos, mas não dispensam as reuniões.

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CARREIRA

| EMPOWERMENT

Desapertem os cintos, o chefe sumiu Funcionários tomam diversas decisões, propõe soluções para problemas corporativos e resolvem questões sem depender do chefe. O que à primeira vista até parece utópico, na realidade é um modelo de gestão cada vez mais presente no mundo corporativo. Que tal você também conhecer o empowerment? por fábio bandeira de mello

Q

uando Érica Santos resolveu propor uma mudança na forma de atendimento da Politupan – empresa em que atua como auxiliar administrativa – já imaginava que sua sugestão facilitaria o andamento do trabalho. “Eu sugeri que nós mesmos – na época atendentes – respondêssemos ao cliente qual seria o prazo de entrega, valores, etc. Assim, o gerente se preocuparia com outros processos”. Logo, a ideia dela surtiu um efeito bastante positivo. “O cliente sai mais satisfeito com a nossa agilidade e estamos mais competitivos no mercado”, conta Érica, destacando que ali sempre foi assim. “Tenho total abertura para dar opiniões e tomar decisões que visam o melhor para a empresa. É muito bom saber que existe confiança no meu trabalho”, comenta. A situação não foi muito diferente com a técnica administrativa Caroline Barros, que, apesar de nova na Opus Seguros, tem liberdade na tomada de muitas decisões. “Todos na empresa tem voz ativa e podem se expressar de forma clara e direta. Isso faz com que nos sintamos valorizados. É bastante motivador”, explica Caroline. Para ela, esse modelo de gestão faz com que aprenda mais sobre as tarefas. “Com as experiências anteriores que tive, posso dizer que esse método é muito eficaz. Ele permite que os líderes conheçam mais o potencial de seus colaboradores”, conta. A situação vivida por Érica e Caroline mostra uma tendência cada vez mais presente no modo como as empresas se administram, na qual se trabalha a delegação e a 16

liberdade de ações entre os funcionários. De acordo com o professor e diretor nacional do curso de Administração da ESPM, Ilan Avrichir, esse formato é chamado de empowerment. “Na Administração, sempre que usamos esse termo, estamos nos referindo às maneiras como os trabalhadores que não são gerentes são autorizados por esses a tomar decisões autonomamente, sem consultar um chefe. Quase sempre o empowerment é alcançado ao proporcionar uma atmosfera emocionalmente positiva, reconhecer e recompensar os sucessos dos subordinados de forma visível, expressar e estimular as iniciativas”, comenta. O professor Ilan explica ainda que o modelo já é adotado por grandes empresas, tidas como referências, a exemplo de Nordstrom, Google, Dell, Natura e Toyota. E, pelo sucesso delas, não é nem preciso perguntar se o empowerment funciona bem. Um recente estudo divulgado pela Universidade da Califórnia sobre o tema, feito por meio de uma meta-análise – técnica sofisticada que permite consolidar os resultados de pesquisas diversas – concluiu várias vantagens que o empowerment pode trazer, como satisfação no trabalho, comprometimento com a organização, mais inovação, melhora da produtividade das equipes, redução do estresse, do absenteísmo e da rotatividade de funcionários.

Liberdade Mas quem acha que liberdade nas decisões é sinônimo de falta de liderança e gerenciamento, está muito enganado. Não é possível uma gestão descentralizada, sem alguém para orientar a equipe. Para Gustavo D’Avila, master coach e membro da Socie-

dade Brasileira de Coaching, a função do líder nesse modelo de empresa é conduzir os profissionais e dar significado ao trabalho desenvolvido por eles. “O líder deve mostrar o norte, compartilhar a visão e os objetivos a serem alcançados, criar condições nas quais os colaboradores possam utilizar mais suas inteligências e conhecimentos, fazendo com que seus talentos sejam explorados”. Para isso, Gustavo explica que “o líder deve valorizar a transparência, a credibilidade e gerar um ambiente de confiança”.

Empowerment: não para todos Quando você tem uma equipe preparada para trabalhar, é ótimo quando o empowerment acontece. Mas, cuidado: nem sempre isso é viável. Karin Parodi, diretora executiva da Career Center, consultoria em recursos humanos, destaca que “não é possível dar total empowerment em todos os projetos. Algumas decisões realmente devem ser tomadas pelo alto comando da empresa. Além disso, esse modelo de administração só funciona quando a equipe está bem preparada. Não se pode fazer um empowerment de um dia para outro. Ele exige maturidade da equipe e acompanhamento do líder. Todos têm de ser maduros o suficiente para correr riscos e entregar as metas como determinadas”, destaca Karin. De acordo com o coach Gustavo, é nesse ponto que pode estar o problema: falta coragem para muitos em participar efetivamente do ambiente de trabalho. “Tenho uma percepção que há, de certa forma, uma crise de responsabilidade entre as pessoas e, com isso, muitas preferem optar pelo papel de vítimas, por medo de decidir alguma coisa”.


Para o coach, até num simples almoço em grupo é possível visualizar isso. “Alguém sempre pergunta: aonde vamos almoçar hoje? Alguns desconversam para não responder, pois receiam que sua indicação seja rejeitada. Acredito que as pessoas devam rever como se posicionam, promovendo, se necessário, uma mudança do papel de vítima para o de protagonista de suas ações. A partir deste momento, elas tornam-se aptas a atuarem em alto desempenho e num ambiente que adote o empowerment. Caso contrário, não serão efetivas e perderão espaço em seus trabalhos”, comenta Gustavo. A consultora Karin explica que, antes de tudo, é preciso entender que esse modelo pode beneficiar os dois lados – tanto o cola-

borador, quanto a companhia. “O funcionário ganha em aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional, e a empresa pode obter mais em produtividade e em resultado. É importante que, nesse processo, haja uma comunicação clara, seja estimulada a troca de feedback entre todos, com uma liderança aberta à dúvida”, indica. Nesse contexto, um dos pilares fundamentais é a confiança. O papel da alta administração numa organização descentralizada é, antes de tudo, educacional – e não operacional. Isso significa que a gerência deve funcionar, principalmente, como conselheira e orientadora, para que os funcionários tomem as melhores decisões.

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o modelo já é adotado por grandes empresas, tidas como referências, a exemplo de Nordstrom, Google, Dell, Natura e Toyota

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CARREIRA

| TRABALHO EM CASA

Na tecnologia moderna, quem domina quem? Porque o equilíbrio entre trabalho-vida é antiquado. por karsten jonsen*

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ocê recebeu recentemente um e-mail com a resposta automática: “no momento estou viajando a negócios, com acesso limitado ao meu e-mail”? Hoje é difícil imaginar um lugar onde não se possa checar o correio eletrônico. A mensagem, na verdade, significa algo como “agora não tenho tempo, estou conversando com alguém de carne e osso!”. O ponto é que a tecnologia nos permite estar conectados o tempo todo, via celulares, iPads e redes 4G. Já não ouvimos mais sobre estar on-line ou off-line. Salvo em voos longos, a realidade é que a maioria dos funcionários pode ser contatada em tempo integral. Como consequência, vivemos uma época caracterizada pela reação em detrimento da reflexão. As tecnologias comprimiram nossa noção de tempo, criando a expectativa de respostas cada vez mais rápidas. Para competir nessa cultura da gratificação imediata, é preciso agir rapidamente e, muitas vezes, pensar posteriormente. Embora dependa muito do trabalho, do setor e da cultura em que se atua, vemos que a espontaneidade e a velocidade estão se sobressaindo diante do ponderado e do planejado. Muitos com vidas pessoais felizes creditam isso aos seus horários flexíveis e ao controle do tempo. Por isso, os benefícios de trabalhar em casa têm superado os prejuízos. No entanto, ainda não sabemos os efeitos dessa opção a longo prazo, pois dispositivos como os telefones celulares intensificam o trabalho e comprometem o tempo ocioso. Com a tecnologia atual e futura, a questão da gestão dos “cruzamentos da vida” se torna mais relevante. 18

Em casa A integração da vida profissional com a familiar não é novidade, pois fez parte da humanidade até a Revolução Industrial. Podemos ter menos satisfação em função dos conflitos entre trabalho e família, mas também é possível haver enriquecimento quando o trabalho agrega valor à nossa vida pessoal e vice-versa. Mas quem se beneficia e quem sofre nesta nova era da conectividade? Examinemos o impacto da tecnologia sobre o equilíbrio trabalho-vida nos níveis individual e organizacional. No primeiro, temos de observar as preferências e o comportamento de uma pessoa: se é “integrador”, “separador” ou se está no meio termo. Para um separador, é fácil dizer onde termina a vida profissional e onde começa a familiar. Há limites claros entre a carreira e as aspirações da família. Alguns nunca enviam de casa e-mails de trabalho e preferem não discutir assuntos relacionados à empresa com a família. Para o integrador, porém, é difícil definir onde termina o trabalho e onde começa a vida pessoal. Somente o antiquado ato de bater ponto pode realmente afastar os integradores da companhia. Curiosamente, essa era uma ferramenta para controlar os empregados, mas hoje pode ter o propósito de protegê-los do mundo conectado. Mas onde colocar tal dispositivo se o local de trabalho está em todo lugar? O segundo nível a considerar é o da organização. Muitas estabelecem políticas de conciliação trabalho-família. Algumas operam sob ROWE (results-only-work-environment, ambiente de trabalho somente para resultados), mensurando a produtividade e

não as horas passadas na empresa. Essas iniciativas são destinadas a ajudar as pessoas a encontrarem equilíbrio, criarem maior comprometimento e, consequentemente, aumentarem o desempenho no trabalho. Embora pareçam atraentes, tais sistemas podem proporcionar felicidade somente aos integradores e não aos separadores, ou vice-versa. Por exemplo, pessoas que buscam a separação são menos satisfeitas com as políticas de integração. Se você é um separador e seu gerente um integrador, os diferentes estilos de trabalho podem gerar conflitos. Imagine comemorar o aniversário de seu filho no sábado e ser bombardeado com e-mails e telefonemas urgentes do seu chefe. Se você ignorá-los, poderá haver ressentimentos na segunda-feira. Por outro lado, se você é um integrador e sua empresa não faz nada para ajudá-lo nesse sentido, pode frustrar-se. Imagine trabalhar de casa a noite toda, chegar atrasado ao escritório na manhã seguinte e ser mal recebido. Além do mais, é justo que você mesmo invista em equipamentos utilizados para seu trabalho? Esses conflitos estão se tornando mais relevantes à medida que a tecnologia da informação muda nossas vidas. Gostamos de pensar que a dominamos, mas o fato é que ela, muitas vezes, nos domina, pois assume o comando da forma como trabalhamos e vivemos.

Próximos passos O desafio do futuro é garantir ambientes de trabalho que possam acomodar tanto integradores quanto separadores, além de assegurar que ambos recebam apoio de suas organizações e gestores. Para que isso


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As tecnologias comprimiram nossa noção de tempo, criando expectativas de respostas cada vez mais rápidas aconteça, precisamos discutir abertamente os limites (ou a falta deles) entre o trabalho e o lar, estar on-line e off-line, pois esses são antecedentes de muitos conflitos relacionados ao trabalho. A forma como lidamos com eles é profundamente baseada na nossa bússola interna de separador/integrador. Por fim, cada organização precisa deixar claro qual é sua cultura, normas e políticas. É mais vantajoso assumir o controle do que deixar cada gerente fazer suas próprias regras. Lembre-se: muitas vezes as pessoas deixam uma organização por causa de seu gestor, e não da empresa em si.

Em um futuro distante, no entanto, a dicotomia entre integrador/separador pode entrar em colapso devido aos avanços tecnológicos, às novas estruturas organizacionais e, à maneira como trabalhamos cada vez mais integrados. Os melhores empregadores precisarão redesenhar os processos de trabalho de modo a beneficiar sua competitividade, produtividade e, ao mesmo tempo, a vida de seus funcionários.

Julho 2011

* Karsten Jonsen é pesquisador no IMD, especializado em comportamento organizacional.

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estratégia

| INOVAÇÃO

Para inovar, potencialize a cultura da criatividade por paddy miller* e azra brankovic**

O

conceito de inovação está preso a muitas ideias que nem sempre têm amparo na realidade. É comum pensar que a criatividade é coisa reservada a alguns gênios que trabalham muito até encontrar uma grande revelação. Lamentavelmente, essa visão é um pouco elitista. Sendo assim, como os líderes de empresas podem motivar não só os “gênios criativos”, bastante escassos, mas todos os funcionários a pensar de forma criativa? Aliás, a criatividade sistemática é possível? Em nosso trabalho “Building a ‘Creative Culture’ for Sustainable Innovation” (“Construindo uma ‘Cultura Criativa’ para a Inovação Sustentável”), propomos uma base para o estabelecimento de uma cultura de inovação em toda uma organização.

O que é inovação? Antigamente, a inovação era vista como uma tentativa de inventar coisas. O pensamento atual, contudo, considera a inovação como um meio para criar valor com base em enfoques que estimulem novas formas de operar em todo o sistema. Em outras palavras, a inovação é uma atividade social que desenvolve ideias novas e úteis. Implica em repetição, avanço e participação de pessoas diferentes, que podem aparecer em períodos separados. Com o auge dos sistemas e problemas abertos, e dos fluxos de 20

informações constantes, os funcionários se sentem obrigados a responder continuamente de forma criativa e a buscar soluções além de seu entorno imediato. Para que essa criatividade se desenvolva, as organizações precisam ter uma cultura capaz de potencializá-la de forma ativa. Existem razões de peso para as organizações desenvolverem uma cultura de inovação. Ela maximiza os recursos disponíveis, amplia a busca por talentos para além dos “cérebros criativos”, reduz a dependência externa, melhora a capacidade de tirar partido da inovação e diminui o impacto negativo que pode vir da saída de pessoas da empresa. É importante esclarecer no que implica o termo “cultura”: abrange tanto os valores como os comportamentos inerentes a um grupo social. A cultura corporativa só influencia os funcionários a buscarem a inovação quando a ação é considerada apropriada. Por isso, as organizações de-

* Paddy Miller é professor de Gestão de Pessoas nas Organizações da Escola de Negócios IESE. ** Azra Brankovic é pesquisadora associada do IESE.


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veriam estabelecer um marco no qual são indicadas as suas expectativas e as práticas adequadas. Tanto os valores como a ação constituem chaves para a elaboração desse marco. O objetivo é criar uma cultura corporativa capaz de estabelecer expectativas sobre a concepção e a execução de soluções inovadoras.

Por onde começar? O que as organizações devem fazer para desenvolver essa cultura? As peças básicas são a criatividade e a improvisação. A criatividade é a busca de novas ideias; a improvisação, a resposta às ideias geradas pelo entorno. Quanto à criatividade, as organizações deveriam promover práticas criativas contínuas. Uma maneira de conseguir isso é incorporar oportunidades de negócios no processo criativo, ou seja, alinhar a criatividade aos objetivos da organização. Também deveriam incentivar a criatividade proativa e a introdução dos funcionários nos princípios da “variedade necessária” e da “necessidade de criatividade”. A criatividade proativa implica na iniciativa de solucionar os problemas descobertos. A variedade necessária pode ampliar o horizonte criativo dos funcionários e ajudá-los a adequar suas soluções às necessidades da empresa. A necessidade de criatividade se refere à quantidade de novas ideias e insumos criativos que, na opinião da pessoa, a empresa espera dela.

A improvisação se alimenta de experiências prévias e aproveita os recursos existentes, sem perder de vista novas oportunidades que possam surgir. É especialmente importante na atualidade, devido ao aumento das interações com o cliente e do fluxo de informações em tempo real. Os funcionários deveriam ser estimulados a melhorar suas habilidades de improvisação, incluindo boa capacidade de reação, compromisso com o entorno, ampliação das competências e interação com os demais. Outro elemento da improvisação é a atenção ao entorno, o que implica no uso dos materiais disponíveis, nas ligações entre ideias antigas e novas, na busca por sentido nos fatos acontecidos e, finalmente, no emprego da intuição. Ao contrário do que acontece com a criatividade, a improvisação se produz durante o caminho. Ter trabalhadores com alta capacidade de improvisação pode dar uma vantagem competitiva às organizações, devido à habilidade de responder rapidamente à informação em tempo real.

Qual é o papel dos dirigentes? Em nosso trabalho, procuramos adaptar o modelo da dinâmica cultural das organizações de Hatch para criar um marco prático a partir de diversos aspectos da cultura da inovação. Esse modelo define ligações ativas entre os pressupostos básicos, os valores e os artefatos produzidos, que são

as manifestações, realizações, simbolizações e interpretações. Mas como aplicar isso tudo às organizações que querem ser inovadoras? A criatividade faz com que as ideias surjam de forma proativa a partir dos valores e das expectativas dos funcionários. A improvisação faz com que elas apareçam a partir de uma atitude atenta aos recursos disponíveis, às necessidades dos clientes e às variáveis do mercado. Quando uma ideia coincide com uma necessidade, são criados valor e utilidade. Ampliamos o modelo de Hatch, dando mais importância à criatividade interna e considerando o comportamento como uma porta de acesso a novos valores. Como consequência, a cultura é gerativa, não estática. Se a inovação chegar a integrar-se ao dia-a-dia dos funcionários de toda a organização, qual o papel reservado aos dirigentes? As relações entre funcionários e gerentes, nesse sentido, são baseadas na “ação e articulação”. Os líderes devem articular e teorizar as ideias de seus funcionários para garantir sua consistência ideológica. Q u a n do as práticas criativas dos funcionários são combinadas com os fundamentos estabelecidos pelos líderes, as novas ideias podem ser aplicadas amplamente. Dessa forma, é possível estimular continuamente o novo sistema cultural. Quando os líderes empresariais consideram a inovação um aspecto vital da cultura dos negócios, seus benefícios crescem de forma exponencial.

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tech

| APLICATIVOS

Agora vai ficar fácil: Difícil será escolher Bip, pager, agenda eletrônica, palmtop. Netbook, smartphone, tablet. Difícil acompanhar o avanço tecnológico? Embora existam mil caminhos para otimizar a produtividade dos profissionais no século XXI, a grande verdade é que a escolha entre tantos dispositivos e seus aplicativos está complicada. por fabiana cardoso

N

um país onde a internet banda larga ainda tem um custo alto e não atinge muitas partes do território, chegam a ser assustadoras tantas formas de acessibilidade, aplicativos e novidades com tecnologia de ponta que chegam ao mercado. Optar pelo produto que melhor se encaixa no perfil profissional é um passo. Mas como escolher os aplicativos que correspondam às suas necessidades? A revista Administradores conversou com especialistas em tecnologia e pesquisou quais são os aplicativos essenciais para tablets e smartphones que podem dar uma mãozinha no corre-corre do seu dia-a-dia. Muitos deles simplificam e resolvem aqueles problemas de última hora que antigamente eram solucionados apenas em frente a um desktop ou notebook.

Aplicativo x Mobilidade Entreter, estudar, escutar música, acessar redes sociais, preparar planilhas, apresentações, estar bem informado. Quando falamos da utilização dos novos gadgets do mercado, sempre existe algo em comum entre tantas utilidades. Há uma grande procura por aplicativos e produtos que proporcionem opções de compartilhamento de experiência. De acordo com Estevão Soares, estrategista Web e Social Media Advisor, “a nossa necessidade de socialização se tornou evidente nas características dos aplicativos de hoje, independente da plataforma. Na área de negócios, temos um crescimento significativo da procura por aplicativos de gerenciamento de projetos, de tempo e financeiro. Ou seja, que realmente facilitem o trabalho”, explica. 22

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A lista de aplicativos ou programas essenciais utilizadas por Estevão é extensa, mas ele não a esconde de ninguém. “Utilizo Pages, Keynote, Excel, Adobe Photoshop, Adobe Illustrator, Coda, Transmit, Basecamp, HighRise, Google Docs, TweetDeck, Hootsuite (mobile), Reeder, Trillian, Skype, Evernote, Wunderlist, Omni Graffle Amazon Kindle e DropBox”, elenca. Nesse mercado de aplicativos para tablets e smartphones, a Apple atualmente lidera 90% das vendas. Afinal, ela possui mais de 65 mil aplicativos e, até pouco tempo, não tinha concorrentes à altura. Porém, com a entrada de novas marcas no ramo, a disputa pode ficar acirrada, principalmente quando falamos dos seus principais concorrentes. É o caso da plataforma Android, sistema criado pelo Google, que é compatível com aparelhos Samsung, LG e Motorola, além da Research In Motion (RIM), da marca BlackBerry, que vem agradando ao público com seus produtos e lojas virtuais.

De olho nas redes Por conta do crescimento e da popularização das redes sociais, há também uma grande busca entre os empreendedores e as empresas por aplicativos capazes de analisar o comportamento on-line dos usuários. De acordo com Soares, “são milhões de consumidores altamente segmentados e com potencial crescente de compra. Foi criada uma área em torno do assunto, a Social Analytics. Dessa forma, as empresas conseguem chegar a um perfil de público de maneira mais ágil e dinâmica”, comenta. Porém, as redes sociais já mostram outras potencialidades. O empreendedor e também desenvolvedor de sistemas Herval Freire trabalha com social commerce e

oferece gratuitamente ferramentas facilitadoras para que qualquer pessoa monte sua própria lojinha no Facebook, integrando a viralidade do site ao comércio eletrônico. Para ele, “o foco do trabalho está nos pequenos e médios negócios, que são as categorias de empreendimento que geralmente necessitam de mais soluções”.

Aplicativos gratuitos Para quem pretende comprar um smartphone ou um tablet, o ideal é testar aplicativos gratuitos e, somente depois, comprar os pagos. Geralmente, as empresas fabricantes oferecem uma lista extensa de programas que podem ser baixados sem custo. Muitas vezes, além da economia, é por meio de aplicativos gratuitos que o consumidor monta sua configuração ideal para o uso diário. Mas será que existe um caminho para que os aplicativos se tornem totalmente gratuitos? Para Herval, existe toda uma vertente da economia voltada para o estudo da gratuidade. “O termo popular é freeconomia e foi cunhado pelo editor da Wired, Chris Anderson. Mas o ponto principal que precisa ser entendido é que não existe aplicativo grátis, ou seja, alguém sempre paga a conta, seja comprando um produto, efetivamente, ou por meio de mecanismos como publicidade embutida, comissionamentos por geração de leads, etc. O dito popular é que ‘Se você não esta pagando por um produto, você é o produto’”, afirma. Independente de sermos considerados produtos ou não, a questão é que continuamos a ser consumidores. E enquanto os grandes fabricantes de aplicativos disputam a liderança do mercado, quem ganha com a diversidade e a oportunidade de escolha, somos nós.


TOP 15 – OS APLICATIVOS QUE DEIXAM SUA VIDA MAIS FÁCIL ADOBE IDEAS

WEBEX

TWEETDECK

THINGS

DROPBOX

FLIGHT TRACK PRO

SKYPE

iMovie

REEDER

GOOGLE TRANSLATE

WORLD ATLAS HD

LOGMEIN

Para quem trabalha com design e usa Photoshop ou Ilustrador. Nele é possível operar com até dez camadas e criar esboços para projetos.

O aplicativo rastreia voos e mostra informações completas sobre atrasos, aeroportos, embarques, desembarques e aterrissagem.

Ideal para trabalhos acadêmicos. O aplicativo dispõe de todos os mapas do mundo.

Precisa fazer uma reunião virtual em seu PC ou no iPad2? Simples: o aplicativo permite que você crie reuniões e interaja com som e imagens em alta definição.

Com este aplicativo, você pode ligar gratuitamente para outras pessoas que também o tenham, assim como fazer chamadas para qualquer telefone, com tarifas diferenciadas. Além disso, oferece a possibilidade de vídeo conferência e chat.

Precisa buscar um arquivo em seu desktop? Com este programa você pode acessá-lo remotamente, utilizando seu tablet.

onde encontrar:

Aplicativo para unir diversas contas de rede social num único lugar. Utilizado tanto para PC como Android, é uma ótima maneira de manter contato com seus clientes da rede social de maneira otimizada e prática.

Editar vídeos no tablet é possível. Este aplicativo serve tanto para apresentar um produto quanto para complementar o material de divulgação da sua empresa.

PAGES

A ferramenta de edição de texto permite que o usuário escreva, edite e insira tabelas.

Principalmente para quem usa Mac, o Things é um gerenciador de tarefas, compromissos, agenda e projetos que ainda permite a sincronização automática com um Mac.

Se você precisa se atualizar constantemente, o Reeder é um leitor de feed RSS que pode ser sincronizado com sua conta do Google Reader. Você também pode compartilhar por email ou através das redes sociais.

KEYNOTE

O aplicativo permite a criação de apresentações com gráficos animados e a total personalização, com mais de 20 composições disponíveis.

O aplicativo funciona como um HD virtual, que está com você o tempo todo. Nele você também compartilha arquivo com outras pessoas na internet de forma segura. E a grande vantagem é que você pode usá-lo em PC, smartphones e tablets.

Com o Google Translate você pode traduzir textos instantaneamente de forma bem similar ao site original.

GOOd reader Leitor de PDF que permite a leitura de revistas, livros e também executa áudio e vídeo. Além disso, é possível fazer marcações no PDF.

www.apple.com/itunes; market.android.com; br.blackberry.com/services/appworld/

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7

Meu rendimento no trabalho ou em outras atividades rotineiras está prejudicado pelo meu nível de tensão.

Estou irritado ou frustado com vários aspectos da minha vida.

2 Sinto-me apático, não tenho prazer com nada.

3

COMO ANDA

Tenho dificuldades de pegar no sono, de permanecer dormindo ou acordo mais cedo do que deveria.

SEU NÍVEL DE

ESTRESSE?

4

O estresse atinge homens e mulheres em todas as atividades e de diferentes classes sociais. Essa doença silenciosa pode ser a grande causadora da baixa produtividade conflitos que prejudicam o profissional.

Estou bastante sensível e choro facilmente.

5 Fiquei sobrecarregado por alguma crise pessoal ou perda de alguém querido.

Dinâmica: Atribua notas de 1 a 4 para todas as perguntas, conforme a escala abaixo. Anote os valores, some e verifique como anda seu nível de estresse!

6

1. Raramente ou Nunca 2. Algumas vezes

Tenho dificuldades em me concentrar, lembrar de fatos recentes ou em tomar decisões rapidamente.

3. Muitas vezes 4. Sempre

Resultado: 20 a35 24

Parabéns! Você não relatou sintomas muito significativos de estresse. Está gerenciando bem a sua carga de pressão e isso tem uma influência positiva na sua saúde.

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36 a59

14

Tenho responsabilidades demais para uma pessoa só. Isso me sobrecarrega.

8

15

Não tenho alguém com quem possa dividir minhas preocupações ou expor meus sentimentos quando estou deprimido, angustiado ou tenso. Estou sozinho.

16

9 Sinto-me cansado e sem energia no final do dia.

10

Perdi totalmente o interesse pelo sexo.

11 Passo a maior parte do tempo triste, angustiado ou deprimido.

12

Meu estado emocional está interferindo nas minhas relações e atividades com familiares, amigos, colegas de trabalho.

17

Utilizo café, álcool, medicação calmante ou bebida para relaxar.

18

Sofro de azia, diarreia ou intestino preso.

19

Às vezes me dá um aperto no peito.

Acho que as pessoas simplesmente esperam demais de mim.

13

Temo perder o controle, fracassar ou adoecer.

20

Minha alimentação está irregular. Ou eu como demais ou muito pouco.

Penso continuamente em um só assunto.

Atenção! Sua sensibilidade aos agentes estressores está um pouco elevada. Pequenas mudanças em suas atitudes diárias irão proteger a saúde e preservá-la das depressões do dia a dia.

60 a80

Cuidado! Você está quase no limite. Deve, urgentemente, rever a forma como lida com os agentes estressores presentes em sua vida, antes que o desgaste físico e emocional o conduza a problemas graves de saúde.

| O teste foi elaborado pela CPH Health. www.cph.com.br

1


PEI, BUF!

| cálculo de vendas Tip os de

qUANTO CU$TA?

N

os últimos meses, muito tem se falado sobre a temida inflação, que nos anos 80 atormentou o Brasil com índices altíssimos e hoje tem colocado economistas, governos e empresários em alerta novamente. Com o aquecimento da economia e a ampliação do crédito, cresceu o poder de compra da população. Com mais gente comprando, os preços tendem a subir. Mas por quê? Afinal, o que determina o preço de um produto? A situação econômica do país, evidentemente, tem um peso importante na definição dos preços. Mas isso não é tudo. Do marketing à política interna da empresa que vende, passando pelos hábitos de consumo do público que compra, muita coisa influencia o valor marcado na etiqueta. Conversamos com o especialista em finanças Marcos Rodrigues, e, juntos, preparamos para você um guia rápido sobre como formar preços. Confira!

5. selecionar uma forma de cálculo de preço

po

Ti

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preço de markup – cobre as despesas

preço de retorno-alvo – assegura uma taxa

s

de d e m a n d

a

elástica – demanda

e preço são inversamente proporcionais: quanto maior o preço, menor a quantidade vendida inelástica – o preço não impacta, ou impacta pouco, na demanda do produto ou serviço.

1. selecionar o objetivo do preço

preço

mínima de retorno sobre o investimento feito preço de valor – oferece custo mais baixo para o consumidor sem comprometer a qualidade preço de valor percebido – mais subjetivo, baseia-se no conceito da marca e do produto perante o consumidor preço de mercado – baseado nos preços trabalhados pela concorrência preço por leilão ou licitação – diante de disputas em que os preços da concorrência não são divulgados, exige um valor baixo sem que, no entanto, comprometa os custos.

por simão mairins

passo-a-passo Como formar o preço dos meus produtos?

o de ul c l cá

2. determinar a demanda

4. analisar os custos, preços e oferta dos concorrentes

3. estimar e analisar os próprios custos

| Colaborou Marcos Rodrigues - Contador e administrador de empresas, é diretor da PP&C Auditores Independentes.

O que define o valor de um produto? A determinação e o gerenciamento de preços exigem da administração a observação de um conjunto de variáveis. O cálculo é apenas um dos passos. Na hora de definir, a empresa deve considerar a influência de outros elementos do mix de marketing, as políticas da empresa e o impacto sobre os terceiros envolvidos no negócio (fornecedores, por exemplo). Em última análise, o que define o preço de um produto é a percepção do consumidor: preço definido pode ser diferente de preço percebido.

Como os preços dos concorrentes influenciam? Um aumento de custos recai necessariamente no aumento de preços? Não necessariamente. Como explicado anteriormente, a decisão de aumentar o preço não pode se concentrar apenas nos custos, mas em aspectos mais amplos.

Como o preço deve ser utilizado na estratégia de marketing? Dentro do composto de marketing, o preço deve ser considerado como peça fundamental, alinhado com as demais estratégias e informações, que podem ter influência direta sobre ele. Julho 2011

Essa é uma variável importante. Deve-se analisar o preço do concorrente mais próximo, verificando as diferenças de oferta e valores agregados. Com base nisso, a empresa decide se irá cobrar mais ou menos que o concorrente. No entanto, deve-se considerar que um diferencial somente tem valor se for percebido pelo cliente. administradores.com.br

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Empreendedorismo: que negócio é esse? 127º país no ranking de facilidade para fazer negócios. Uma das piores burocracias do mundo. Taxas de impostos absurdas. Se as dificuldades são muitas, a vontade de empreender do brasileiro, no entanto, é bem maior. Por isso, a revista Administradores resolveu fazer um dossiê completo sobre esse tal de empreendedorismo, quem está colhendo bons frutos e o caminho para você abrir seu próprio negócio. Veja como dar certo em um país incerto! por fábio bandeira de mello e simão mairins

mbora não haja consenso entre os historiadores sobre a data e o local, especula-se que foi em 5.000 a. C., em algum lugar da antiga Mesopotâmia, que o homem inventou a roda. Verdade ou não, o fato é que, pouco tempo depois – aliado à domesticação de animais – o invento já era utilizado para potencializar a capacidade de transporte de cargas e pessoas. Podendo ir mais longe e com mais bagagem, as populações antigas construíram estradas, ergueram edificações e conquistaram novos territórios, unindo povos e dando o primeiro passo para o que, um dia, viria a se chamar de globalização. Tudo o que a roda possibilitou ao longo da História, no entanto, só se fez possível porque o homem foi capaz de reinventá-la diante de cada nova necessidade ou desejo. No século 3 a. C., o matemático grego Arquimedes projetou o primeiro sistema de roldanas, que permitiu levantar objetos pesados, inviáveis de se erguer apenas com a aplicação de força direta. Hoje, esse sistema é utilizado, por exemplo, nos elevadores e nas academias de musculação. Na China,

século 2, descobriu-se que aquele objeto circular poderia ser utilizado para o transporte de cargas médias em curtas distâncias somente com a força do homem: assim foi inventado o carrinho de mão. Já na França do século 18, com as cidades em expansão, a criação dos primeiros automóveis e da bicicleta revolucionou a mobilidade urbana. Para o economista austro-húngaro Joseph A. Schumpeter, essa iniciativa de recombinar estruturas, redesenhar conceitos

sobre empreendedorismo, podemos notar que alguns aspectos sobre o empreendedor estão sempre presentes, como iniciativa e paixão pelo negócio, utilização criativa dos recursos disponíveis, aceitação de riscos e possibilidade de fracassar”, destaca o professor José Dornelas, autor de alguns dos principais livros sobre o assunto no Brasil. Quando tinha apenas 17 anos, Alexandre Costa já havia tomado consciência disso tudo e percebido que existia um mercado pouco explorado na confecção de chocolates artesanais. Com apenas US$ 500 dólares de investimento, o jovem rapaz iniciou seu negócio em uma sala de 12m² na empresa de seu pai. “Na Páscoa de 1988, com muita determinação, consegui uma encomenda de dois mil ovos de 50 gramas. Para minha surpresa, ao chegar com o pedido na fábrica, fui avisado de que não havia possibilidade de produzir ovos com esse peso. Para honrar o compromisso assumido, resolvi fazer os ovos por conta própria. Comprei matéria-prima com o dinheiro que peguei emprestado de um tio e contratei uma senhora que fazia chocolate caseiro. Após três dias com jornadas de trabalho de 18 horas, o pedido foi entregue”, relembra Alexandre. Agora, aos 40 anos, ele conta com mais

Acredita-se que o processo empreendedor possa ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e gerar novidade tinha nome: empreendedorismo. Responsável pela introdução de uma nova visão dos sistemas produtivos, ainda na primeira metade do século XX, o teórico colocou o empreendedor no centro dos seus estudos e o posicionou como elemento chave para o desenvolvimento. Graças a ele, de acordo com Schumpeter, é que são inventados novos bens, esquematizados novos processos e desenvolvidos novos mercados. “Apesar de serem várias as definições

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de 4.400 funcionários, produz em uma fábrica de 17.000 m² de área construída, possui filiais em todos os estados brasileiros e é o grande responsável pela Cacau Show, a maior rede de lojas de chocolates finos do país. “Hoje somos uma marca moderna, democrática e inovadora. A Cacau Show revolucionou o mercado de chocolates ao oferecer produtos de alta qualidade – com carinho artesanal – a preços acessíveis”, orgulha-se o empresário, que venceu Prêmio Empreendedor do Ano 2011, promovido pela Ernst & Young Terco.

Talento nato ou habilidade desenvolvida? “O discurso de que o empreendedorismo nasce com o indivíduo vem mudando cada vez mais. Acredita-se que o processo empreendedor possa ser ensinado e entendido por qualquer pessoa, e que o sucesso é decorrente de uma gama de fatores internos e externos ao negócio, do perfil do empreendedor e de como ele administra as adversidades encontradas no dia-a-dia”, afirma Dornelas. Um exemplo disso é a história de André Luís, ex-morador de rua e menino do tráfico, que descobriu que poderia ter uma vida diferente sendo empreendedor. “Eu fiz um curso de informática no período que passei no Instituto Padre Severino (centro de reclusão de menores do estado do Rio de Janeiro). Aproveitando os conhecimentos de edição de textos, diagramação e editoração de imagens que adquiri lá, resolvi criar um informativo”, conta André, que hoje é dono do jornal Plantador Fiel, cuja tiragem mensal de oito mil exemplares circula no Complexo do Alemão.

Empreender no Brasil

Cheio de energia, Alexandre percebeu uma oportunidade, teve ousadia e hoje comemora os resultados da Cacau Show.

ENCAIXANDO AS PEçAS PRIMEIROS PASSOS:

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Em abril deste ano, a pesquisa mundial Global Entrepreneurship Monitor (GEM) apontou que o Brasil tem a maior taxa de empreendedores iniciantes do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) e do BRIC (reunião de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Em números, isso significa que, em 2010 – ano base do

levantamento – 21,1 milhões de brasileiros eram empreendedores em negócios com até três anos de atividade, ficando atrás apenas dos chineses. A pesquisa também aponta que o empreendedorismo no Brasil tem sido motivado mais por oportunidades do que por necessidade (casos em que se empreende por não haver outra alternativa) – o que, pelo menos teoricamente, indica uma atividade mais qualificada. Em complemento, o Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações registrou, em janeiro, o menor índice de pedidos de falência em um início de ano desde 2005, embora o número ainda continue alto. Por trás das estatísticas tão animadoras, entretanto, os empreendedores brasileiros têm ainda muitos obstáculos a superar, principalmente aqueles relacionados ao ambiente econômico e empresarial do país, como, por exemplo, burocracia excessiva, uma das cargas tributárias mais altas do mundo e infra-estrutura incipiente. De acordo com dados do Banco Mundial, o Brasil ocupa a vergonhosa 127ª posição no ranking de facilidade de fazer negócios, atrás de países como Botswana (52º), Azerbaijão (54º), Vanuatu (60º), Samoa (61º), Tonga (71º) e Mongólia (73º). No mesmo levantamento, o país aparece entre os mais complicados na hora de se abrir um empreendimento (128º no ranking), atrás de Irã (42º) Moçambique (65º), Etiópia (89º) e Cabo Verde (120º). Na América Latina, Peru (54º), Chile (62º) e Colômbia (73%),

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O primeiro passo é pensar na ideia. Quando o negócio é desenvolvido em torno de algo que o empreendedor domina ou tem afinidade, as chances de sucesso aumentam. É interessante analisar também quais as oportunidades existentes no mercado. Às vezes, há nichos prontos para serem explorados.

Você precisa coletar informações para dar subsídio consistente à criação da empresa. É fundamental trocar ideias, pedir palpites e conversar com especialistas e pessoas experientes do mercado. Eles podem ter críticas construtivas, que podem lhe ajudar bastante na concepção do negócio.

Ramo do interesse

Conhecimento


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Lançado coincidentemente no dia em que Lula visitava o Alemão, o jornal Plantador Fiel teve como primeiros leitores o expresidente e o governador Sérgio Cabral.

por exemplo, também estão em situação melhor que a do Brasil. Então, saber lidar com a dificuldade é um pré-requisito que, para os brasileiros, vem antes de muitos outros. “O custo Brasil é, de longe, um dos grandes entraves da competitividade das empresas brasileiras. Mesmo assim, muitos empreendedores conseguem se diferenciar no mercado por meio da inovação, criando vantagem competitiva em relação à concorrência. Como todos os empreendedores sofrem com as altas cargas tributárias, fiscais e trabalhistas, devem ser buscadas soluções inovadoras, que permitam a diferenciação no mercado”,

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Planejamento

Projetar as informações coletadas aumenta a chance de o negócio dar certo e possibilita a verificação de sua viabilidade. Nessa fase, são detectados os riscos, os concorrentes, o perfil da clientela, as estratégias de marketing e o plano financeiro que viabilizará a nova empresa. A partir dele, deve se buscar o capital inicial e o apoio necessário para abrir o empreendimento.

destaca Dornelas. “O empreendedor brasileiro já está familiarizado com a burocracia. Além do mais, nós já temos várias ações de desburocratização para quem quer iniciar uma atividade empresarial, como o próprio Empreendedor Individual. A burocracia dificulta, mas não é impedimento para quem deseja empreender”, reforça Joana D’Arc de Melo, coordenadora do Programa de Empreendedorismo do Sebrae-PR. “É verdade que ainda há muita gente empreendendo no Brasil simplesmente por necessidade. Mas nada impede que essas pessoas se capacitem e possam ser bons

O Brasil ocupa a vergonhosa 127ª posição no ranking de facilidade de fazer negócios empresários. Aliás, esse é um dos principais papéis do Sebrae: orientar os que começam por necessidade, para que eles minimizem os riscos e possam desenvolver uma atividade mais qualificada”, afirma Joana D’Arc. No caso de André, os diferenciais foram sua habilidade de negociação e um bom plano de negócios. Ele conta que, após participar de um curso do governo federal, foi habilitado a participar de uma feira de negócios, onde pôde expor seu trabalho e captar patrocinadores. “Hoje, a L’Oreal Paris e o Banco do Brasil são nossos parceiros graças a isso”, conta André.

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Na abertura do negócio, o empresário deve atentar para a redação do contrato social, em que são relacionados aspectos práticos do seu funcionamento, como definição básica da empresa, o capital social (valor ou bens investidos), a relação entre os sócios e a divisão dos lucros.

Com o negócio iniciado, começam os verdadeiros desafios. Tenha em mente que dedicação, sensibilidade administrativa, persistência e trabalho duro são fundamentais. “Empreender é uma jornada, e não um destino”, recomenda Lynda Applegate, professora titular da Harvard Businnes School.

Implementação e registro

Próximos passos

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Competência? Paixão? Criatividade? Sorte? Descubra como ter um espírito empreendedor e transformar seu sonho em realidade

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consideração, como a busca por informações sobre o negócio e a avaliação de sua serventia. Mas, com certeza, uma pitada de criatividade pode ajudar bastante. A jovem Natália Monteiro foi uma dessas pessoas que teve uma ideia interessante e bastante útil. Antenada em internet, ela construiu o Zuggi, primeiro buscador brasileiro voltado para crianças. O seu diferencial está na barra de conteúdos impróprios para o público infantil por meio de um filtro de sites e

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or que eu não pensei nisso antes?”. É bem provável que você já tenha repetido essa frase algumas vezes ao deparar-se com invenções bem criativas e interessantes, várias delas tão simples que até nos deixam com raiva por não termos bolado primeiro. Imagine o dinheiro que você poderia ter ganhado se tivesse inventado o simples e revolucionário canudo ou, quem sabe, o clipe para papel e, até mesmo, o macarrão de piscina? Quando falamos de empreender, muitas coisas são levadas em

A inicitiva da Natália Monteiro, com o primeiro buscador voltado para crianças, foi uma das selecionadas no programa de incentivo ao desenvolvimento tecnológico - StartUp Chile 2011

ONDE CONSEGUIR APOIO E ASSESSORIA: Sebrae

org.br

É a principal entidade de apoio ao empreendedorismo no Brasil, atuando em todos os estados. São oferecidos desde conselhos para a abertura da empresa e consultorias até cursos sobre gestão, marketing, finanças, entre outros. Mais informações em www.sebrae. com.br

Endeavor Entidade internacional que atua no suporte ao

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empreendedorismo em países em desenvolvimento. No Brasil, o instituto oferece apoio no acesso ao capital e aos serviços qualificados, além de promover eventos para estimular o interesse dos investidores locais por negócios empreendedores. Mais em www.endeavor.

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Incubadoras de empresas São entidades sem fins lucrativos destinadas a amparar o estágio inicial de uma empresa e desenvolver a aceleração de empreendimentos. Em geral, oferecem assessoria na gestão técnica, facilidades de serviços compartilhados e um espaço físico especialmente adaptado para alojar cada negócio.

palavras. “Minha ideia sempre foi fazer algo para crianças, mas, inicialmente não sabia exatamente o quê. Quando começamos a fazer pesquisas de mercado, resolvemos focar no mundo digital, pois percebemos a enorme diferença que existia entre o mercado brasileiro e o de outros países. Decidimos iniciar com um buscador, pois acredito que, em um mundo cheio de informações, precisamos dar direcionamento para as crianças em um ambiente seguro e divertido”, explica. A iniciativa de Natália, inclusive, foi uma das quatro empresas brasileiras escolhidas pelo StartUp Chile 2011, um programa de incentivo ao desenvolvimento tecnológico que tem por objetivo atrair projetos pioneiros para aquele país. “A experiência está sendo incrível, estou aprendendo muito, recebendo feedbacks sobre meu projeto de participantes de todas as partes do mundo, com visões e experências diferenciadas. Estamos dando continuidade ao desenvolvimento da nossa ferramenta e também iniciando a internacionalização do Zuggi”, conta Natália, que já embarcou para a cidade de Santiago. Todos os selecionados receberão um investimento financeiro de 40 mil dólares para desenvolver seus

Universidades Muitas instituições oferecem iniciativas de apoio à tecnologia, como o Disque Tecnologia da USP. Além disso, nas universidades é possível contar com a ajuda de empresas juniores para consultorias voltadas à resolução de problemas em diferentes áreas de atuação. No Brasil, existem cerca de 1.200 empresas nesse estilo. Detalhes em www.brasiljunior.org.br

Cooperativas São empresas de propriedade coletiva e democraticamente geridas. Nelas, um grupo de profissionais de uma mesma área se une e presta serviços semelhantes. Todos os integrantes de uma cooperativa são sócios e têm o mesmo poder de voto.


divulgação

alimentícia, construção e serviços. Para Jean, um das razões da vitória desse modelo de gestão é a postura de enfrentar os obstáculos de frente e a preocupação em motivar os próprios funcionários. “Sem dúvida, são as pessoas que fazem o negócio. Por entender isso, oferecemos uma série de benefícios, como distribuição de lucros focados em metas, cursos e programas de capacitação e aprendizado. Teve auxiliar de limpeza que chegou ao cargo de gerência em nossos empreendimentos”, conta Jean.

Planejar é potencializar

A família Graciola, pai e filho, comemora o crescimento de 3.000% em sete anos da Construtora FG Empreendimentos, em Balneário Camboriú-SC.

negócios no Chile por seis meses. Outro empresário que, por meio de um trabalho proativo e visionário, conseguiu um rápido crescimento em seu negócio, foi Jean Graciola. Junto com seu pai, Francisco Graciola, ele gerencia a Construtora FG Empreendimentos, que atua no mercado imobiliário de luxo em Balneário Camboriú-SC e que, em apenas sete anos, cresceu mais de 3.000%. A dupla administra também uma holding com cerca de 10 empresas na localidade, que abrange os setores de hotelaria, indústria

Identificar se uma oportunidade realmente é boa não é tarefa das mais fáceis. Existem diversos fatores envolvidos como conhecimento sobre o assunto, seu mercado, os diferenciais competitivos e a equipe certa para atuar. Afinal, a informação é a alma do negócio e ter um planejamento prévio e contínuo pode auxiliar bastante. “Se a complexidade do negócio e o volume de investimentos são baixos, planejar numa folha de papel, arregaçar as mangas e trabalhar é o que vale. Caso o negócio tenha alta complexidade e demande investimento elevado, então, o melhor é um plano do negócio bem detalhado e estruturado”, ensina o empresário Pedro Mello, autor do livro “Guia de Sobrevivência do Empreendedor” e escolhido, em 2001, pelo Fórum Econômico Mundial como um dos Global Leaders for Tomorrow, fórum constituído por 100 empreendedores para discutir sobre esse tema no mundo.

Pedro revela que a informação é a matéria-prima de qualquer projeto. Ela pode ser obtida por meio de competidores, associações e, principalmente, perguntando para amigos, professores ou profissionais do setor que você pretende atuar. “As pessoas não têm a menor ideia do quanto deixam de obter informação grátis apenas por terem vergonha de pedir”, conta. Uma pesquisa realizada pela Havard Bussiness School reforça a ideia e a importância do planejamento. O estudo concluiu que a elaboração de um plano de negócios aumenta em 60% a probabilidade de sucesso ao empreender. Mas, lógico, só isso não basta. Afinal, o plano de negócios faz parte do primeiro passo: descobrir se vale a pena abrir, manter ou ampliar uma empresa. “Parafraseando Thomas Edison, empreender é 10% inspiração e 90% transpiração. É não ficar esperando os outros fazerem, é ir lá e realizar”, afirma Maria Juliana Giraldo, gerente de cultura empreendedora da Endeavor, organização internacional sem fins lucrativos que apoia empreendedores de alto impacto. Para Maria, o dinheiro não pode ser a maior motivação. “No começo, com certeza o empreendedor vai ganhar menos e trabalhar bastante, às vezes, bem mais do que se fosse um empregado em uma empresa. Dependendo do negócio, ele vai ter de batalhar muitos anos até começar a dar certo. A motivação deve ser sempre, portanto, a paixão por seu negócio, a vontade de mudar alguma coisa e crescer. O dinheiro é consequência”, afirma. Além disso, o comportamento ao empreender requer uma determinada postura mental.

ONDE CONSEGUIR FINANCIAMENTO: Recursos próprios, família e amigos Essa é a mais comum modalidade de financiamento entre os brasileiros, apoiada no fundo de garantia, na venda de um bem (casa, automóvel, etc.) ou na utilização de alguma aplicação anterior. Entre amigos e família, o financiamento pode ser realizado por meio de empréstimo ou participação nos negócios.

Finep Programa do governo que financia projetos e empresas emergentes voltados para o

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“O empreendedor é aquela pessoa que pergunta mais do que responde. Ele sempre se questiona em suas experiências cotidianas – e não apenas em seu negócio – sobre o que poderia ser melhorado, aproveitado e transformado”, afirma Leandro Vieira, pesquisador na área e idealizador do portal Administradores.

Combustível verde Um empresário que arregaçou as mangas e acreditou no planejamento foi o administrador Alessandro Araújo Gomes. Antes mesmo de entrar na faculdade, ele alimentava o sonho de se envolver em um projeto sustentável. “A ideia de montar um negócio surgiu há muito tempo, numa aula de ecologia, em 1989. Depois de formado em Administração, com bastante vontade, comecei a procurar algo que juntasse preservação ambiental e geração de energia, e acabei encontrando o programa nacional do biodiesel, em 2006”, conta. Em 2008, Alessandro escreveu um plano de negócios e buscou financiamento junto a amigos e parentes para montar uma usina de produção de biodiesel. Com o projeto em mãos, a Prefeitura Municipal de Cruzeiro, em São Paulo, cedeu uma área no Distrito Industrial I, dando, assim, início às atividades. Lá é reciclado o óleo de fritura usado em restaurantes, cozinhas industriais, lanchonetes e condomínios para fabricação do combustível, bem como o óleo para indústrias de sabão, ração e resinas. Com uma produção mensal de 10 mil litros, o empresário sabe que ainda há um grande caminho a percorrer. “Para os próximos anos, esperamos um crescimento significativo na coleta

de óleo de fritura usado e gorduras residuais em função do aumento da consciência da população. Estamos ajudando a plantar um futuro melhor. Sabemos que o trabalho é difícil e demorado, mas os frutos serão bons para todos”, salienta.

desenvolvimento tecnológico e inovação. Os financiamentos do Finep podem ser reembolsáveis e não-reembolsáveis. Mais detalhes em

fim de investir um valor inicial necessário para a sua criação. Geralmente, esse dinheiro é concedido via participação acionária na empresa.

Os alunos da rede municipal de Pomerode possuem aulas de empreendedorismo e aprendem desde cedo conceitos relacionados a planejamento, organização e trabalho em grupo.

Aprendendo desde cedo Se alguns, assim como Alessandro, já pensam em um amanhã mais sustentável, tem muita gente também pensando na formação dos futuros empreendedores brasileiros. Há cinco anos, o colégio QI – Questão de Inteligência, na Paraíba, teve uma iniciativa pioneira no estado que vem dando muito certo com seus alunos. Foram inseridas aulas sobre empreendedorismo na grade curricular da escola, des-

www.finep.gov.br

Proger

Microcrédito O microcrédito é a concessão de empréstimos de pequeno valor a microempreendedores formais e informais, normalmente sem acesso ao sistema financeiro tradicional. Alguns bancos privados e o próprio governo possuem tarifas especiais para esse tipo de financiamento.

Angel Investidor Nele, um investidor pessoa física analisa potenciais planos de negócios das empresas a

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Programa do governo federal que oferece um conjunto de linhas de crédito para interessados em investir no crescimento, modernização e custeio de seu negócio. O financiamento é feito por agências dos bancos credenciados no programa. Mais em www.proger.mte.gov.br

Outras Fapesp, Portal do Empreendedor, Fiesp, FIERPR, Sesi, Senai, BNDES, Anprotec, ABVCAP e Nossa Caixa Desenvolvimento são outras

de o 1° ano do Ensino Fundamental até a última série antes do vestibular. “Na primeira parte, especificamente com as crianças mais novas, nós trabalhamos a importância da construção dos sonhos, brincando com assuntos relacionados à economia e ao planejamento, pois é uma forma lúdica de mostrar conceitos sobre empreendedorismo”, conta Paulo Tarso, diretor do colégio. Posteriormente, continua o professor, “do 6° ao 9° ano do Fundamental, explicamos sobre algumas das características do empreendedor. E, no Ensino Médio, o foco é o empreendedorismo nas empresas, abordando temas como marketing e plano de negócios”. Além das aulas, o colégio organiza anual-

instituições que também financiam ou apoiam empreendimentos e empresários.


Tudo tem a ver com disciplina, organização, responsabilidade e vontade de alcançar metas diretora da Escola Professor Vidal Ferreira, localizada no município, conta que os alunos fazem leitura e pesquisa sobre empreendedorismo, têm contato com empresários locais e também aprendem, na prática, como tudo funciona. “Além de todos os conceitos passados, os alunos montam seus próprios negócios e até ganham dinheiro com isso. Aqui, nós temos uma empresa que trabalha com hortaliça, outra com porta-caneta utilizando sucata e até com apliques em roupa”, orgulha-se a diretora. Para Dóris, o importante ali não é criar empresários, mas pessoas que corram atrás de seus objetivos e de seus sonhos. “Tudo tem a ver com disciplina, organização, responsabilidade e vontade de alcançar metas. É, sem dúvida,

uma experiência que vai acrescentar muito na vida desses alunos”, finaliza a diretora. Seja estimulando crianças ou até mesmo “fazendo acontencer” na vida adulta, esse tal de empreendedorismo se mostra como uma importante engrenagem para o desenvolvimento, tornando mais pessoas capazes e determinadas em buscar seus objetivos. E, se depois de ler essa matéria, você ainda não sabe dizer se o empreededorismo é competência, paixão, criatividade ou sorte, tente misturar uma boa medida de todos esses ingredientes. O resultado pode transformar a vida de muitas pessoas – principalmente a sua!

divulgação

mente a feira Jovens Empreendedores. Nela, os alunos se dividem em equipes, montam um plano de negócios, correm atrás de patrocínios e apresentam seus trabalhos – tudo com a orientação dos professores. “Esse é um evento que estimula o espírito empreendedor no aluno, agrega toda família e demais interessados. Cerca de seis a oito mil pessoas passam todos os anos para prestigiar e conhecer a feira”, comemora Paulo. A aula de empreendedorismo também foi adotada em todas as escolas públicas da rede municipal na cidade de Pomerode, em Santa Catarina. A iniciativa está em seu segundo ano consecutivo e é aplicada nas turmas da 8ª série do Ensino Fundamental. Dóris Mathias,

Na Paraíba, o colégio QI realiza anualmente a feira Jovens Empreendedores. Nela, os alunos montam um plano de negócios e apresentam seus trabalhos.

FIQUE DE OLHO: Registrando uma empresa Empresas consideradas sociedades simples (exemplo: profissionais liberais na prestação de serviço) devem procurar o cartório de pessoa jurídica para registro, enquanto para aquelas consideradas sociedades empresárias (exemplo: loja) devem se dirigir à Junta Comercial.

Assessoria jurídica e contábil É preciso ficar atento aos aspectos jurídicos

e contábeis do negócio. Para isso, é importante recorrer a advogados e contadores que auxiliem o empreendedor na gestão desses quesitos.

Marcas e patentes O registro da marca e da patente de uma empresa é a forma de proteger as ideias do empreendedor. Por meio dele, é possível assegurar legalmente o direito de colher os frutos de um produto ou serviço, podendo processar quem imitá-los. O instituto responsável pelo registro é o INPI www.inpi.gov.br.

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Caiu na rede... nem sempre é peixe! Saiba quais são os desafios do Marketing de Relacionamento na interação empresa-cliente nas redes sociais. por mayara emmily

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uer ver uma promoção inacreditável ou um pequeno deslize de uma empresa estourar e ficar na boca do povo? Acredito que, mesmo que não tivéssemos uma pista na pergunta, saberíamos onde encontrar a resposta: é só colocar no Twitter. Esse é apenas um exemplo da influência e da proliferação viral de informações que as redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut, blogs, etc.) proporcionam ao servirem de espaço para críticas, debates, elogios e até calúnias, que são vistos instantaneamente por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. As redes sociais são tão influentes nas relações e no modo de se comunicar atual, que deixaram de ser apenas espaços para relacionamento interpessoal e passaram a servir como plataformas de interação entre empresas e clientes. Assim, as organizações – que buscam cada vez mais estreitar laços com seu público-alvo para atendê-lo adequadamente – passam a participar desse meio e a usufruir das novas possibilidades de comunicação. Mesmo as empresas que “fogem” das redes de relacionamento estão sujeitas a elas por causa de consumidores que a criticam ou elogiam

por determinado produto ou serviço. Todo esse recente contexto de interação empresa-cliente fez uma verdadeira revolução nas práticas de Marketing de Relacionamento, ou seja, o marketing centrado no cliente. E, claro, dúvidas sobre o tema não faltam para a grande maioria: como potencializar o contato com os consumidores e a empresa nas redes? Quais os pontos positivos e negativos dessa inte-

professor de Marketing e um dos principais especialista no assunto no Brasil, explica que é fundamental a compreensão de que as redes sociais são mídias do usuário, e não das empresas. Para ele, existem três desafios para o Marketing de Relacionamento nesse meio: “O primeiro deles é compreender as ferramentas nessa plataforma, cada rede social e sua etiqueta no uso. O segundo desafio é monitorar as redes e buscar onde, como e quando a empresa, seus produtos e suas marcas são citados. O terceiro é definir uma política clara de atendimento e relacionamento com esse tipo de usuário. Por exemplo: o que fazer quando o cliente reclama numa rede social e como agir depois em termos de relacionamento com um usuário atendido”. Conrado Adolpho, autor do livro “Google Marketing - O Guia Definitivo do Marketing Digital” e fundador da agência Publiweb, afirma que, além de ser importante que a empresa tenha capacidade de gerir o conhecimento produzido, o principal intuito é aprender a ouvir o cliente nas redes sociais: “Uma vez que você abre um canal de comunicação, as pessoas vão falar. Vão reclamar, vão sugerir. A partir desse momento, a empresa deve fazer algo. Não adianta simplesmente ouvir e deixar tudo como está.

o principal intuito é aprender a ouvir o cliente nas redes

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ração? Quais os novos desafios do Marketing de Relacionamento diante do fenômeno das redes sociais?

Desvendando o Marketing nas redes Os desafios que as redes sociais apresentam para o Marketing de Relacionamento vão desde a melhor maneira de utilização de seus recursos aos encargos assumidos pelas empresas a partir de sua maior exposição à opinião pública. Marcelo Miyashita,


Fique de olho! Confira os conselhos de diversos especialistas em marketing para potencializar o relacionamento nas redes sociais

“Não existem fórmulas prontas para as empresas, mas construção rápida, consciente e profissionalizada de ações numa linguagem compreensível para os usuários dessas redes” VALDIR RIBEIRO BORBA autor do livro “Marketing de Relacionamento para Organizações de Saúde”

“O primeiro e decisivo passo é concentrar os esforços no desenvolvimento de uma estratégia de relacionamento. Em seguida, verificar os processos organizacionais existentes e analisar quais são as mudanças possíveis e necessárias. Depois, planejar – em conjunto com todas as áreas organizacionais – os investimentos necessários em tecnologia e em capacitação pessoal. Por último, verificar as etapas de implantação” Essa mudança de cultura – que deixa o consumidor participar da gestão, da criação de novos produtos – tem que ser um desafio organizacional”, afirma.

Relacionamento empresa-cliente A velocidade e o acesso promovido pelas redes sociais permitem que os clientes se tornem mais exigentes e críticos, além de aumentar seu poder de influência com a ampliação de plataformas na internet. Os protestos dos consumidores diante de um serviço ou produto falho podem alcançar grandes proporções. “Por isso, é uma boa ideia estruturar uma equipe qualificada para gerir o relacionamento nas redes, e que possa dedicar-se exclusivamente a esse processo”, explica Eduardo Soutello, diretor de planejamento da agência e|ou. Para ele, “é preciso implantar monitoramento real time sobre a marca e suas concorrentes, e dedicar-se verdadeiramente a entender o que os clientes estão falando”, aconselha. Outro ponto importante é quando o relacionamento empresa-cliente vai além dos negócios e torna-se uma característica do perfil ou da filosofia da própria organização. Para a gerente de marketing da MITI Inteligência, Cristiana Prado Gomes, é necessário unir a cultura organizacional com a das redes sociais: “Deve-se integrar melhor esferas que sempre estiveram separadas, como

LUIZ CLAUDIO ZENONE consultor organizacional especialista em marketing e professor de graduação e pós da PUC/SP

“O fundamental é a empresa ser fiel a si mesma. Para enfrentar a superexposição tentadora das redes sociais, é preciso estar disposto a viver sob as regras desse meio. Não dá para ser ‘social’ pela metade. É uma mudança de mentalidade – não apenas de ferramentas – que exige uma visita contínua às raízes e à identidade de cada organização, que não poderá mudar tanto a ponto de não reconhecer mais a si mesma” CRISTIANA PRADO GOMES gerente de marketing do Agora Sistema de Ensino e do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva

“Nas redes o consumidor deixa claro seu desejo por transparência e, consequentemente, cobra essa postura das empresas, que precisam estar atentas a esse movimento. Entender qual é o comportamento do seu público-alvo nas redes sociais é o melhor caminho para a definição de estratégias condizentes com os valores e as missões de cada negócio” ELIZANGELA GRIGOLETTI gerente de inteligência e marketing da MITI Inteligência Julho 2011

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marketing

| RELACIONAMENTO

marketing e TI, bem como as plataformas de comunicação e colaboração interna e externa. Mas, do ponto de vista do marketing, tão importante quanto abrir canais é saber modular essa comunicação, ter uma intencionalidade nas relações, para que se saiba exatamente o que buscamos nesse oceano de estímulos e informações”, explica. Muitas organizações possuem seu próprio sistema de cadastro dos clientes, chamado CRM (Customer Relationship Management, ou Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente), que organiza os consumidores de acordo com os seus objetivos, gerenciando os relacionamentos, além de atuar nas redes sociais, como Facebook e Twitter. As organizações de sucesso conseguem, como afirma o professor Miyashita, travar um relacionamento via rede social com o cliente, para depois trazê-lo para sua própria rede.

Os altos e baixos das empresas nas redes

uma cliente insatisfeita com seu carro fez barulho com uma câmera na mão e a internet ao seu lado. Ela alegou ter tentado entrar em contato com a empresa diversas vezes, inclusive por via judicial, para que a montadora realizasse a assistência de seu veículo ainda no período da garantia. Sem sucesso, acabou apelando para as redes sociais. A Renault acabou entrando com uma liminar para que a cliente retirasse o material postado nas suas redes sociais. Já a Arezzo foi hostilizada por lançar uma coleção chamada PeleMania composta por sapatos, bolsas e echarpes com pele de raposa e coelho. O caso gerou bastante polêmica no Facebook e Twitter pela reação de repúdio por parte de internautas e de protetores dos animais. Pressionada pela repercussão negativa nas redes, a Arezzo acabou cancelando a coleção. E com isso, a rede social deixa um alerta: da mesma forma que pode ser uma importante aliada da empresa, ela pode ser fonte para maus comentários. Basta, então, escolher e saber a melhor forma de aproveitá-la. istockphoto

Um exemplo de empresa que teve as redes sociais como aliadas foi a Azul Linhas Aére-

as, que mantém o site Viajamos (www.viajamos.com.br). A rede, de acordo com Marcelo Miyashita, reúne quase 100 mil pessoas que gostam de viajar e se conhecer. “Não é uma rede social de pessoas que gostam da Azul, é uma rede de pessoas que gostam de viajar e compartilhar suas experiências. A empresa não se coloca como hub (parte central) da rede, mas sim como patrocinadora e mantenedora de um espaço para as pessoas se conectarem”. Já o professor de Marketing da PUC-SP, Luiz Claudio Zenone, destaca o sucesso da Pirelli com a criação do personagem on-line homônimo, o Dr. Pirelli, para tirar dúvidas dos consumidores. “Assim, a empresa mantém a satisfação utilizando os princípios de conteúdo, ética e estratégia”, explica. Ainda assim, a instantaneidade e o aumento das possibilidades de acesso do cliente à empresa nas redes sociais (e vice-versa) podem ser uma faca de dois gumes. Conrado Adolpho cita exemplos de empresas que ignoraram a força das redes sociais, como aconteceu recentemente com a Renault e a Arezzo. No caso da Renault,

MARKETING DE RELACIONAMENTO

O Marketing de Relacionamento, surgido na década de 1980, se diferencia do Marketing Tradicional basicamente por ter ações voltadas mais para o consumidor do que para o apelo ao produto, buscando o fortalecimento das relações empresa-cliente. Tem como intuito satisfazer e fidelizar o cliente a uma determinada empresa.

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ARTIGO

| transformar

divulgação

Enxergar o caminho A paciência e a dedicação fazem a diferença quando queremos chegar a algum lugar. por leandro vieira*

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utro dia, um ex-aluno me enviou um e-mail dizendo que queria investir em sua própria educação no próximo ano, e solicitava algumas sugestões de cursos e treinamentos. O único porém é que tinha de ser algo com retorno imediato, para que o valor investido fosse recuperado o mais rápido possível. Seria realmente ótimo se as coisas funcionassem assim: você acaba de participar de um treinamento em vendas e – ZÁS! – no fim do mês seu contracheque já vem mais gordo. Depois de terminar seu curso de MBA, imediatamente recebe um aumento de 25%. No entanto, infelizmente, demanda-se um pouco mais de tempo para se obter o retorno – pelo menos do ponto de vista financeiro – de nossos investimentos em educação. Expliquei isso ao rapaz e sugeri que ele fizesse um curso de oratória. Afinal, todo administrador precisa saber se comunicar e, boa parte do tempo, falar em público. “Se eu fizer esse curso, você acha que eu posso recuperar o investimento em, pelo menos, uns dois meses?”, perguntou logo em seguida. Como havia sido muito claro na primeira resposta, resolvi ser mais enigmático e encarnar um mestre zen na segunda. Segue um trecho do e-mail que lhe enviei: Havia um jovem garoto que desejava muito ser um exímio lutador de Kung-Fu. Seu desejo era se igualar ao seu mestre - e um dia vir a superá-lo. Todos os dias, acordava muito cedo para ir ao templo Shaolin praticar. Como todas as crianças de sua idade, o jovem garoto era muito impaciente, queria

logo atingir o nível do mestre. - Mestre, se eu treinar cinco horas seguidas por dia, em quanto tempo chegarei ao seu nível? - perguntou o garoto ao seu professor - 10 anos! - respondeu rispidamente o velho mestre. - E se eu treinar mais tempo, oito horas por dia? - 15 anos! - E se eu treinar doze horas por dia, só me dedicando ao Kung Fu? - 30 anos! - Mas como é possível? Quanto mais tempo pretendo me dedicar, maior o prazo para chegar ao seu nível? - Quando se tem um olho fixo no objetivo, resta apenas um para enxergar o caminho. Nenhum treinamento, por melhor que seja, irá resultar em mais dinheiro na sua conta no fim de semana seguinte. Aliás, quando falamos em educação, devemos ir muito além do sentido instrumental que o termo pode suscitar (exemplo: fazer um curso para ganhar mais). Educação é muito mais do que um mero instrumento. Quando aprendemos algo, aprendemos para a vida inteira, e não apenas para o desempenho de alguma atividade em curto prazo. Adquirimos conhecimentos e habilidades que irão se conectar a outros conhecimentos e habilidades, depois a outros e mais outros, ampliando nossa própria consciência e visão de mundo. Os livros de Administração e de outras disciplinas relacionadas ao mundo dos negócios nos ensinam o valor do foco em resultados e da importância de se traçar metas e objetivos para atingir o sucesso na vida profissional e pessoal. Eles estão certos e

não estou aqui para desmenti-los. O estabelecimento de metas, por exemplo, é uma forma inteligente e pragmática de estimular e proporcionar o crescimento em qualquer área de atuação. Terminou a primeira fase do jogo? Passe pare a seguinte. Conquistou a faixa amarela? Hora de conseguir a azul. Terminou a faculdade? Siga para a pós-graduação. Foi promovido? Continue em direção ao topo. E, de fato, vamos seguindo, com ânsia, com pressa, um degrau após o outro, sempre com a ilusão de que existe um ponto imaginário que indique que “chegamos lá”. É como se a vida se estendesse por uma imensa linha reta, tal qual um plano cartesiano, onde o eixo das abscissas (x) representa o tempo e o das ordenadas (y), as nossas conquistas. A vida não é um gráfico. Se assim o fosse, a cada coordenada (x,y) alcançada, pararíamos para refletir e nos faríamos a seguinte e profunda pergunta: “e daí?”. Não podemos apenas nos agarrar desesperadamente às nossas metas e esquecer de contemplar o caminho, a senda que traçamos ao longo da vida. É nessa jornada que estão guardados os verdadeiros tesouros que tanto buscamos. Notou como os últimos 10 anos passaram voando? Que nos próximos 10 tenhamos a sabedoria de atingir nossos objetivos e, ao mesmo tempo, manter nossos olhos abertos e atentos ao caminho. * Leandro Vieira fez questão de utilizar a imagem do Pai Mei, mestre de Kung Fu da Beatrix Kiddo no filme “Kill Bill: Volume 2” (2004), por acreditar que é preciso enfrentar muitos obstáculos para chegar ao caminho desejado.

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ARTIGO do leitor

| EMPRESA NA WEB

Dicas para o bem estar do site da sua empresa É preciso considerar alguns cuidados na hora de apresentar sua empresa na rede. istockphoto

por accioli moura*

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uando o assunto é o site de sua empresa, milhares são as ideias e os insights que o rodeiam. Porém, é preciso atentar um pouco sobre aqueles elementos maléficos que podem atrapalhar sua utilização. Isso pode ser devastador na internet, pois, quando o planejamento é falho, você pode perder negócios e visitas, ter problemas com segurança ou direitos autorais e passar por outras situações bem desagradáveis. Por isso, atenção redobrada para que os erros sejam evitados. Confira a seguir uma lista com sete itens que devem ser observados.

1. Sua foto na página inicial É claro que uma bela foto sua na página inicial marca a sua presença no site, mas será que esse ato de boas-vindas é mesmo o melhor a se fazer? Bem, de acordo com a consultora Larina Kase, “seu site deve se dedicar ao visitante, não a você”. Então, pense bem antes da visita ao Photoshop.

2. Cuidado com o excesso de audiovisual Esse mal se alastra das mais variadas formas: pode ser uma página em flash que causa tontura ou fotos em excesso. Introduções futuristas, com músicas eletrônicas, também podem demorar a carregar e fazer com que os usuários busquem o “x” na barra superior direita. Essa empolgação na rede pode lhe dar uma aparência pouco profissional e não se tem dados sobre ganhos com essas ações. 40

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3. Gírias inadequadas e linguagem técnica

7. Use e abuse dos mecanismos de monitoramento e controle

O objetivo da maioria dos sites é informar a possíveis clientes o que é a empresa, fazendo-os entender por que devem usar seus produtos e serviços. Isso fica difícil quando a linguagem usada é técnica ou tem muitas gírias. O conteúdo deve ser claro e direto. Se for necessário, peça para alguém que não entende sobre o assunto ler o site e dizer se as informações são de fácil compreensão.

Utilize o Google Analytics e similares para acompanhar o andamento de seu site. É possível, na versão mais básica, saber quais páginas são as mais acessadas, o tempo de permanência do visitante, o número de visitas, dentre outras informações. Mas não para por aí: ao se preocupar em monitorar as redes sociais, você pode verificar o nível de aceitação de um determinado produto e até saber o que andam falando da sua empresa.

4. Apresente o que sua empresa é (e somente isso!) Cuidado com o excesso de especificidades sobre os produtos e a quantidade de depoimentos que apontam sua empresa como o centro do universo. Aliás, transparência e seriedade nos testemunhos, para o seu próprio bem. Afinal, quando a esmola é muita... Você já sabe.

5. Segurança na portaria dos comentários Inclua um moderador se quiser uma área de bate-papo com o público ou comentários em posts. Isso evita problemas como ofensas, propagandas spam e outros mais.

6. Não esqueça os links e a atualização do conteúdo Não tem coisa pior do que o visitante entrar no site, achar um link interessante e, no fim, ele estar quebrado ou algo do gênero. Cuide também do conteúdo para que não fique desatualizado (salvo se seu foco for museu). Revise seu site regularmente para verificar se links e conteúdos mudaram ou saíram do ar.

Com essas ações, você faz um favor para a imagem da sua empresa na web – e, quem sabe, não ganha de quebra umas vendas a mais via internet.

Queremos o seu texto publicado na Revista Administradores! Cadastre-se em administradores.com.br e publique artigos com frequência em sua conta. Os textos mais interessantes serão selecionados e poderão estar na próxima edição da revista Administradores.

Esse artigo pode ser conferido no Portal Administradores através do link adm.to/sitedaempresa * Accioli Moura é formado em Administração de Empresas e atua no desenvolvimento de produtos de consultoria empresarial com foco em Empreendedorismo.


mauá

o empreendedor que industrializou o Brasil por eber freitas

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de no Brasil. O país precisava de estradas que fazer quando você para ria agrá ução prod a ar esco pode dar um passo maior ferro para tecnologia a vapor, de indúsde s, porto os que em do que o chão suma, superar as características de pisa? O gaúcho Irineu trias, em o exclusivamente agrária e transEvangelista de Souza ar- uma naçã em uma nação empreendedora, riscou sem pestanejar. Em formar-se a, industrial e moderna. um país agrário, de mão de obra escravist Em 1846, empregando apenas trabalhaelite onde o único interesse do império e da stria naval re- dores assalariados, fundou a indú era deixar as coisas como estavam, ele tos necesumen instr uzia prod lho e brasileira, que solveu inovar toda a estrutura de traba mação auto a e ão nizaç meca il, sários para a de produção de bens e serviços no Bras então, de r parti A ar. açúc de pe- dos engenhos assumindo, inclusive, atividades de com eiros, pion iços serv rsos implementou dive tência do Estado. o inaçã ilum para gás de ia como a companh O Barão (ou Visconde) de Mauá, que estra eira prim a iro, Jane de Rio pública do Rio viveu entre 1813 e 1889, foi morar no a ), polis Petró – a Serr da z eçou da de ferro (Rai de Janeiro ainda criança, onde com (Petrópolis ira primeira estrada pavimentada Pere loja a trabalhar como caixeiro na s de carede u anto impl e ) o de – Juiz de Fora de Almeida, que sobrevivia do tráfic o Brasil entre s arino subm os cios, bos telegráfic escravos. Graças à sua visão de negó de título o eu rend lhe que rica e a Europa, feito ele conseguiu saldar uma dívida histó o com r dedo reen emp foi bém im- Visconde. Tam do seu empregador com uma firma de il Bras do o Banc eiro prim o no banqueiro: abriu portação e exportação inglesa instalada s filiai s vária com á, Mau o Banc ofe- e foi dono do Brasil, a Carruthers & Co., que logo lhe rior. fez a no país e no exte receu um cargo. Antes dos 20 anos, Sua relação com o império de D. Pedro rno gove do ber sua primeira fortuna ao rece fazer verdacom- II foi turbulenta. Apesar de o pagamento por ações que ele havia relação uma ar busc de e deiros favores prado a 20% do valor, anos antes. selhaacon o do, Esta o amigável com Aos 23, tornou-se sócio da própria aneacapit – rias agrá s mento das elite Carruthers e passou a tocar o negócio sa Feito de onde Visc o , das pelo seu rival quando os seus donos voltaram para a cios negó seus os r mina para – foi suficiente Inglaterra. Ao visitar a terra da Rais Toda tes. bitan exor as dívid e deixá-lo com nha, então vivenciando o auge da foram quitadas. Revolução Industrial, Irineu quis ma siste o implementar o mesm

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dúvidas

| Papo com yoda

Tem alguma dúvida, pergunta ou curiosidade sobre sua carreira, o mundo corporativo, Administração, desempenho na empresa ou está com problemas no trabalho? O Jedi mais sábio do cinema responde para você! envie sua pergunta para mestreyoda@administradores.com.br

Cristhian Valente

Fabrício Prudenciano

Sou formado em Administração, portador de deficiência física e atuo em uma empresa multinacional em Curitiba - PR. Há seis meses estava trabalhando em uma área da empresa, que em razão de downsizing, se mudou para São Paulo. Lá eu tinha um dia a dia gostoso, cheio de desafios e muitos projetos e atividades. Como não consegui ir para São Paulo, acabei me mudando para uma área em que sou leigo e mais operacional. Às vezes fico um pouco ocioso por não ter o que fazer. Fico desanimado, pois sinto que estou agredindo a minha carreira. Nesse caso, gostaria de um aconselhamento. O que posso fazer? Angustiado Cristhian, nem sempre o destino alinhado com os nossos planos está. Quase nunca, aliás. No entanto, a vontade que prevalece... a dele é. Então, adaptar-se você deve, como Charles Darwin provavelmente diria. Por outro lado, nada há que mudar não vá. Então, assim como seu bom período passado já é, este novo momento mudar também irá e, quem sabe, a retomada daí virá. A Força com você está, seu passado testemunha é. Então, o equilíbrio mantenha e, para o horizonte, seus olhos direcione. Assim, seu queixo erguido ficará. Se novamente mudar necessário for, mude. O arrependimento de não fazer, muito pior do que errar é. Porque errar, apenas uma possibilidade é. Quase sempre igual à possibilidade de acertar. Já a acomodação, essa sim, risco não oferece, pois a derrota ela já é, em si mesma.

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Estou no terceiro ano do curso de Administração de Empresas e tenho muita vontade de ser um consultor acho uma profissão super interessante. Mas não tenho experiência profissional apenas pelos estudos consigo me tornar consultor em alguma área na qual eu mais me identifique? Prudente Fabrício, o estudo da pontuação um bom começo seria. Assim sendo, concluir podemos que mais estudos necessários são, ainda. Quanto a apenas com eles contar, sem prática ter, sim, possível é. Mas como Júnior. seria, claro. A prática muito importante é, pois experiência traz, mas, o conhecimento o alicerce de tudo sempre será. Então, buscar programas de trainee você deve, ou, ainda, colocações próximas daquele cargo por você almejado. A experiência virá, nem que por osmose seja.

Ésio Júnior Tenho que criar um cadastro de clientes, para controlar os pagamentos. O melhor programa pra fazer isso é o Excel? Inocente Ésio, o Excel venerado tem sido, por hordas de administradores, engenheiros, contabilistas, e outras tantas categorias profissionais ao longo do tempo. Mas, “uma coisa, uma coisa é e outra coisa, outra coisa é”, como o filósofo a todos nós ensina. Pagamentos controlar - a não ser que sua empresa micro seja - a cargo de um software especializado deve ficar. O Excel apenas uma planilha eletrônica é, que, sim, a muitos fins serve, mas... profissional não seria,

para este fim. Sorry, Bill Gates, mas comigo o jabá rolar não vai. O diabo esperto não é por o diabo ser, mas por velho ser. E, eu, mais de 900 anos de praia tenho.

Hiago de Moraes Saudações, Mestre Yoda! A Administração deve ser tratada como arte, ciência ou prática? A sabedoria no equilíbrio está, dividido Hiago. A influência das três óticas o bom administrador administrar deve (sem jogo de palavras). Lembre-se desse pequeno trava-línguas: num nicho de administradores, três administradores há. Quem bem consegui-los administrar, bom diretor será. Por vezes, a prática mais alto falará, mas a ciência por trás estará e uma pitada de arte haverá. Em outras tantas situações, ciência e prática pálidas ficarão diante da arte de administrar. A pergunta ótima foi, para que isto evidenciado fique: administrar, dosar essas três forças é.

ENSINAMENTOS MEUS AQUI ESTãO:

@mestre_yoda


futuro

| administradores do futuro

Admin istra dores do futuro

AEAD Santa Maria é formada por 11 estudantes de Administração, três de Psicologia e um de Publicidade e Propaganda. Lá, buscam aliar a experiência prática com a acadêmica.

por fábio bandeira de mello

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omprometidos, inovadores, criativos, apaixonados pelo que fazem e com muita atitude. Esse é o perfil de um grupo de estudantes do município de Santa Maria-RS, que encontrou uma forma para desenvolver suas competências e promover a união entre os estudantes de Administração. Tudo começou em 2006, com a criação da Associação de Estudantes de Administração de Santa Maria (AEAD Santa Maria), que promove eventos, palestras e viagens, numa iniciativa pioneira que conta com o apoio das seis instituições de ensino presencial da cidade. Formada inteiramente por estudantes, sendo a maioria de Administração, o grupo procura aplicar seus conhecimentos na prática, tem engajamento naquilo que realiza e foi escolhido nessa edição por demonstrar características intrínsecas aos administradores do futuro. Vocês tiveram uma ideia inovadora, que engloba a participação de estudantes de Administração de toda a cidade, e procuram desenvolver o talento dos jovens alunos. Mas qual foi o “pontapé” inicial do projeto?

junior melo (Presidente do AEAD e estudante de Administração da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM): Em Santa Maria-RS, percebeu-se a necessidade de fornecer algo a mais para os estudantes de Administração que sentiam que a academia não andava na mesma velocidade que o mercado, pois a qualidade do ensino não supria as suas reais exigências. Percebia-se que era necessário algo diferente, que trouxesse pessoas de fora para conversar e atender a essa necessidade de novidade. Então, um grupo de acadêmicos se reuniu e formou essa associação para qualificar os alunos de Administração, desenvolver lideranças e promover a profissão. Os fundadores pensaram em algo que fosse muito maior do que os atritos entre as Instituições de Ensino Superior (IES) e que, profissionalmente e de forma neutra, pudesse ser uma opção de qualificação extra. Os professores nos auxiliam em projetos e trabalhos quando solicitados, pois temos boas relações com eles. Além disso, mantemos contatos com os empresários da cidade, que nos apóiam financeiramente na forma de parcerias.

Você acredita que essa experiência vai ajudá-la no mercado?

Você é um dos novatos do grupo. O que mais tem aprendido nesse período junto ao AEAD Santa Maria?

(Diretora de Marketing da AEAD e estudante de Administração da UFSM): Com certeza, isso vai me ajudar. Nós ouvimos bastante no curso de Administração que o mercado contrata pelo conhecimento técnico, mas demite pelo comportamento das pessoas, e, na minha visão, esse é o principal diferencial da AEAD no futuro profissional. Penso que todos os projetos e eventos que participei na associação agregaram de forma significativa, pois desenvolvi competências que considero fundamentais para um bom administrador – assim como a experiência e o conhecimento que adquiri, e os contatos e amigos que conquistei nesse período.

caroline barin menezes

anderson castagna (Trainee da AEAD e acadêmico de Administração do Centro Universitário Franciscano - Unifra): Mesmo participando há pouco tempo, posso dizer que estou desenvolvendo e aperfeiçoando alguns pontos bastante importantes. Sempre tive certo medo de falar em frente a um grupo de pessoas e, desde as dinâmicas em grupo realizadas na seleção – e, após isso, as reuniões e as integrações com os outros participantes – venho melhorando bastante nessa parte. Por contarmos com uma boa variedade de perfis no nosso quadro de pessoal, aprendemos a lidar com essa diversidade, a respeitar opiniões contrárias e a administrar ocasionais conflitos. Financeiramente, não ganhamos nada na AEAD, mas em termos de conhecimentos, habilidades e atitudes, crescemos imensamente.

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fora do quadrado

| inovação

FORA dO QUADRADO

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Inovações, produtos diferentes e muita criatividade. Veja alguns itens que não são encontrados em qualquer shopping. por eber freitas e fábio bandeira de mello

Máquina de 6 escrever para tablets

Óculos que 1 grava em HD Se antes bastava uma câmera na mão e uma ideia na cabeça para os cineastas filmarem, agora, nem isso é preciso. A empresa ZionEyez apresentou os óculos Eyez HD, que possuem uma microcâmera e são capazes de gravar vídeos em HD. O preço é US$ 149,99 e está disponível em adm.to/oculosquefilma

Computador 2 dobrável Está aí um PC de mão mais útil e interessante do que qualquer tablet. O Flexbook é um produto criado pelo designer chinês Hao-Chun Huang, e garante ser resistente à água. Tem touchscreen e é multiuso, com dois modos: tablet ou laptop. A tela, com a tecnologia OLED, permite a dobra sem danificar o aparelho. O Flexbook ainda não é comercializado

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Corte caixas, não a mão Esse abridor de caixas tem duas peculiaridades: a exposição da lâmina é mínima – o que evita cortes acidentais (ou não) – e a mesma é feita de cerâmica, material mais duradouro do que o aço. O design permite uma pegada firme, minimizando o risco de eventuais acidentes. Custa US$ 20 no site www. sliceproducts.com 5

Relógio do James Bond Você sempre quis ter um relógio parecido com os utilizados nos filmes do 007? Então, vai gostar do Watch Phone GD910, lançado pela LG. Nele, você pode realizar videochamadas, utilizar todas as funções do celular, ouvir músicas e até enviar e receber fotos. Mas, prepare o bolso: no Brasil, o produto sai por R$ 2.899,00 3

Anti-fumo pack Caso você seja daqueles que desejam sempre lembrar às pessoas que gosta o quanto o cigarro é prejudicial e pode levar a morte, o Antismoke-pack pode ajudá-lo nessa tarefa. Esse é um conceito de embalagem para cigarros no formato de caixão. Ninguém poderá dizer que você não avisou com antecedência 4

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Para os aficionados em tecnologia que, no entanto, ainda guardam nostálgicas lembranças do passado, o The Typescreen pode fazer parte do seu dia-adia. Nele, é possível redigir um e-mail no tablet acoplando uma máquina de escrever. O produto está sendo comercializado na loja www.spinninghat.com


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Fúria em três Rodas?

O veículo elétrico L3 é um conceito criado para ser uma solução sustentável e econômica para transportes em fábricas e indústrias (indoor), e locomoção em pontos turísticos. A bateria tem autonomia de 7 horas, motor de 1000W e chega a 50 km/h. Como ainda é um protótipo, não está à venda

cursor na 12 parede O melhor 8 amigo delas Toda mulher enlouquece (no pior dos sentidos) quando alguém chega, tira o sapato e joga na sala. Com o Stepper, fica mais fácil controlar essa bagunça. O porta-calçados é dobrável, portátil e comporta até seis pares de uma só vez. Custa US$ 27 e está disponível em adm. to/porta_calcados

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Dinamite relaxante

Essa, muito provavelmente, poderá ser a primeira vez que acenderá uma dinamite para relaxar em seguida. Isso tudo porque o explosivo trata-se apenas de um inofensivo incenso aromáticos. O curioso produto está sendo vendido pelo site www.meninos.us

talher para 10 workaholics Para quem não consegue sair do escritório nem para matar a fome, essas canetas com tampas em formato de talher podem ser bem práticas na hora de almoçar. Um lado escreve, o outro pega a comida. Custa US$ 10 no ThinkGeek. Veja em adm.to/ caneta_talher

Fazenda em 11 casa E não é no Orkut nem no Facebook. O conceito Origin, desenvolvido pelo designer Arthur Kenzo, consiste em uma estufa que armazena e faz germinar sementes de frutas e verduras como se as condições de clima e iluminação fossem perfeitamente naturais. Para quem não espera boa coisa do futuro, esse é um bom item para salvar a própria vida no pósapocalipse.

Para os geeks saudosistas, apresentamos o 8-Bit hanger. É ideal para pendurar coisas e estilizar a sua parede como se ela fosse um grande monitor. Feito de acrílico, mede 3” x 2,8” x 0,6” polegadas e custa, em média, US$ 35 na loja www. meninos.us/

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entretenimento

| curiosidades, humor e sustentabilidade

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curi osidades:

Tabela Periódica expande novamente

Em um mundo tomado por celulares e smartphones (aproximadamente cinco bilhões de unidades), um outro lado do desenvolvimento tecnológico pode se revelar. Cientistas da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer sugerem que a radiação emitida pelos aparelhos pode provocar um tipo de câncer no cérebro. Embora ainda não tenham sido registrados casos da doença relacionados ao uso de celular, os consumidores já devem atentar para o risco de exposição.

Cientistas do Livermore e da Rússia descobriram dois novos elementos na Química. Eles fizeram testes esmagando íons de cálcio em átomos de plutônio e de cúrio. Por enquanto, os novos elementos são chamados de 114 e 116, e possuem como característica a pouca durabilidade. Para os cientistas, um avanço; para os alunos de ensino médio, mais dois elementos para decorar na prova de Química.

Nicotina e emagrecimento

Menor anúncio do mundo

divulgação

Celulares e câncer estão ligados

A ligação entre a nicotina e a perda de peso pode conduzir a novos tratamentos que envolvem o emagrecimento. Cientistas da Universidade de Yale (EUA) afirmaram que a substância age nos neurônios responsáveis pela sensação de satisfação, e isso pode ser utilizado, inclusive, para ajudar as pessoas a largarem o hábito de fumar, uma vez que algumas têm medo de engordar após deixar o vício. “Nosso objetivo é ajudar as pessoas a manter seu peso após largar o cigarro”, disse Marina Picciotto, co-autora do estudo.

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Resfriar o cérebro ajuda a combater insônia Se toda máquina ou computador precisa de um cooler para não pifar, por que seria diferente com o nosso cérebro? Pesquisadores de Minneapolis (EUA) acreditam que, se uma pessoa que sofre de insônia primária utilizar uma touca gelada na hora de dormir, pode ter uma noite de paz e recuperação. A pesquisa sugere que, quando uma pessoa saudável dorme, sofre uma redução nas atividades do córtex cerebral frontal, o que não acontece com quem tem insônia.

A empresa Gilette pode se consagrar como a detentora do menor anúncio já feito no mundo. Isso porque uma recente campanha da marca foi feita em um fio de barba que possui 100 micrômetros (o que corresponde a 0,0001 metro). Criada em parceria com a Universidade de Nottingham, no Reino Unido, o texto foi escrito por meio de nanotecnologia, com ajuda de um microscópio eletrônico. Veja o vídeo em adm.to/menoranuncio.


HUMOR

As pessoas mais importantes O empregado chegou para o patrão e disse: - Chefe, nesse mundo, só existem duas pessoas a quem eu daria minha vida! O chefe pergunta: - Deve ser sua mulher e seu filho, correto? O empregado responde: - Não. A primeira pessoa é o senhor… - Nossa! Muito obrigado… E a segunda? - Quem o senhor indicar!

Descom plicando: Mailing – Banco de dados que armazena informações de consumidores (nomes, endereços, características, entre outras). Cadastro de clientes.

Apêndices – Informações fornecidas pelo próprio autor que podem ser acrescen-

tadas no final do trabalho com o objetivo de documentar dados ou fatos citados no decorrer de seu desenvolvimento. São documentos que completam o raciocínio sem, contudo, prejudicar a explanação feita no corpo do texto.

Mercado de nicho – Corresponde a um segmento de mercado constituído por um reduzido número de consumidores com características e necessidades semelhantes. A estratégia de aproveitamento de nichos está

justamente na identificação das bases de segmentação que, quando explorados, podem representar uma vantagem competitiva. Rating – Avaliação que indica principalmente o risco oferecido por fundos de investimento, empresas ou países. Ele é expresso em uma espécie de nota calculada por diversas agências especializadas. O rating serve de referência para os investidores na hora de decidir onde aplicar seus recursos.

divulgação

ações para um mundo melhor: Escovando os dentes à moda antiga. por eber freitas

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s mais curiosos provavelmente já se perguntaram como seria viver sem ela. Os mais cautos a utilizam ao menos três vezes por dia, conforme ditam os bons costumes da higiene. Na sociedade moderna, ninguém pensa em dispensá-la. Mas, mesmo com toda a celeuma da sustentabilidade e do marketing verde, ninguém nunca pensou em uma alternativa menos agressiva ao meio-ambiente que pudesse substituir a popular escova de dentes. A libanesa Leen Sadder, estudante da Escola de Artes Visuais de Nova Iorque, teve a sacada a partir de um exercício prático

cotidiano. “Na primeira aula, o professor pediu para que redesenhássemos o primeiro objeto que jogássemos fora. Para mim, foi um tubo vazio de pasta de dentes”, explicou Sadder. Após uma pesquisa sobre a história da pasta e da escova de dentes, ela conseguiu encontrar relações históricas entre esses produtos e os hábitos humanos. O resultado foi a THIS. Confeccionada a partir do miswak, ramo da árvore Salvadora Pérsica, utilizado há séculos – e que realmente tem propriedades higiênicas – ela elaborou um conceito moderno e sustentável

para o produto, tornando-o prático para a comercialização e o uso. A THIS dispensa a pasta e evita o desperdício de água, além de ser completamente natural. O produto ainda está sendo finalizado, mas Sadder garante que existem várias partes interessadas nele. “Atualmente, estou trabalhando com um hospital odontológico em Londres para tentar lançar o produto no mercado”, explica, acrescentando que também está desenhando uma embalagem ecológica “tal qual o conceito em si”.

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entretenimento

| cINEMA E LITERATURA

divulgação

Sem Limites por jack delavega*

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uando encontramos Eddie Morra pela primeira vez, sua vida está totalmente fora de rumo: frustrado profissionalmente, sem dinheiro, atrasado na entrega de um projeto editorial e, para completar, tomando um pé na bunda da namorada. Sua sorte, porém, começa a mudar quando um ex-cunhado, traficante de drogas, cruza por acaso o seu caminho e lhe apresenta a pílula mágica: uma nova droga, ainda em testes, chamada NZT, que promete uma melhoria incrível do potencial intelectual. Em questão de dias, a vida de Eddie muda da água para o vinho. Ele termina o livro que está escrevendo em horas, “craqueia” o sistema financeiro e ganha milhões em Wall Street, aprende novos idiomas apenas ouvindo alguém falar. Sucesso, dinheiro, mulheres, não existe nada que ele não consiga. Mas, é claro, esse poder sem limites vem com um preço – e a conta não tarda a chegar para Eddie. Potencial ilimitado ao alcance das suas mãos, essa é a premissa do filme “Sem Limites”, que conta com Bradley Cooper – mais conhecido pelas maluquices de “Se beber, não case” – e Robert De Niro no elenco. A metáfora da pílula mágica é extremamente pertinente na sociedade atual. Quem não gostaria de fazer uso imediato daqueles 80% do cérebro que se encontram dormentes, tornando-se um gênio do dia para a noite? Afinal, estamos constantemente em busca de uma solução mágica para os nossos problemas, de um Santo-Gral que nos torne melhores em um piscar de olhos, sem esforço algum. Ao brincar com isso, o filme cativa a atenção do expectador. Outro ponto interessante é como a câmera retrata a visão de Eddie quando está sob o efeito da droga. Seu mundo ganha cor, fazendo com que os detalhes – que passam despercebidos para os humanos normais – façam toda a diferença para ele. Fico imaginando se não é realmente assim que os grandes gênios enxergam 48

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as coisas. O drible impossível de Pelé, o arremesso fantástico de Michael Jordan, a visão de produto de Steve Jobs, a estratégia de mercado de Warren Buffet: quando perguntados como fazem tais coisas, a maioria dos gênios não consegue explicar; eles simplesmente enxergam oportunidades que os outros não vêm. Como aquele slogan de um comercial antigo: “É fácil, quando se sabe”. A melhor questão levantada pelo filme, porém, não é como seria possuir um desempenho fantástico do dia para a noite, mas sim o que você faria com isso. No final das contas, por mais potencial que você tenha – ou venha a desenvolver – o que realmente importa é o que você efetivamente faz com ele, qual a sua paixão, o seu propósito como pessoa e profissional. É nesse ponto que o filme acerta na mosca, deixando as intenções do protagonista ocultas até o final. “Sem Limites” é um filme divertido, tem um roteiro inteligente e uma montagem esperta. Os protagonistas não comprometem. Apesar de eu não ser fã de Bradley Cooper, ele até que convence no papel de Eddie. E Robert De Niro é sempre Robert De Niro, mesmo como coadjuvante. Não é um filme que vai mudar a sua vida, mas garante o entretenimento pelo tempo que dura – e pode levá-lo a pensar um pouco também, o que, nos dias de hoje, já é uma grande coisa.

Um escritor fracassado descobre uma droga ultra-secreta que confere a ele capacidades cerebrais excepcionais. Com o uso dessa substância, ele utiliza seu potencial para conseguir fama e dinheiro.

*Jack DelaVega é editor do Blog Tribo do Mouse. É co-autor do livro “Histórias, Dicas e Truques do Mundo Corporativo” e também palestrante. jack@tribodomouse.com.br


O Novo Cérebro da GE

estante

Que tal um bom livro? Veja algumas indicações de leitura para este mês

por carlos hilsdorf*

“O

Novo cérebro da GE” é um livro muito significativo para administradores, pois apresenta uma visão dos bastidores de uma das empresas mais admiradas do mundo, seus desafios de transformação, inovação e manutenção do sucesso frente ao novo cenário do século XXI. A obra também nos permite conhecer melhor a filosofia e as práticas de gestão de Jeff Immelt, sucessor de Jack Welch.

Fatos relevantes para entender o contexto da obra: Em 2000, após sucessivas demonstrações de sua competência frente a várias divisões do grupo, Jeff Immelt é escolhido novo CEO da GE por Jack Welch. Sua administração é marcada por um profundo respeito ao capital humano e seu contínuo desenvolvimento. Os investimentos nessas atividades somaram cerca de um bilhão de dólares por ano! Com foco no longo prazo, Immelt priorizou sustentabilidade, pesquisa, desenvolvimento e inovação de eco-products, assim como a aquisição de empresas que estivessem de acordo com esses critérios. Naquele período, a GE realizou mais aquisições do que qualquer outro grupo, sempre comprando empresas

detentoras de produtos líderes de mercado, voltadas para a quebra de paradigmas e a inovação, e que contribuíssem com o crescimento orgânico da companhia.

Valores e filosofia A GE passou a investir 30% do seu tempo em questões de RH. O orçamento de um bilhão de dólares por ano em treinamento e desenvolvimento é considerado o maior do mundo e evidencia a priorização e a atenção ao capital humano. O próprio Immelt atua pessoalmente como coach de seus executivos, incentivando-os a fazer o mesmo para manterem sempre uma visão clara, que transforme estratégias em resultados, superando as crises de execução tão comuns em outras empresas. No período referente aos primeiros seis anos de Immelt na presidência, a receita da GE cresceu de 110 para 175 bilhões de dólares. No mesmo período, os lucros passaram de 10 para 23 bilhões de dólares! De olho no futuro, a GE passou a ter uma nova estratégia de expansão global, baseada na escassez e na necessidade. Percebendo que o crescimento oriundo do mercado externo foi o dobro do interno, a GE focou na venda de infraestrutura energética para o crescimento dos países emergentes. Estima-se que, até 2015, esses países precisarão de três trilhões de dólares em investimentos no setor, e Immelt acredita que a General Eletric está mais bem preparada do que qualquer outra empresa no mundo para aproveitar essa fantástica oportunidade. “Para a GE, o mais importante hoje é o seu futuro, da mesma maneira que a lâmpada era o futuro da empresa mais de cem anos atrás!” A citação do executivo, o novo cérebro que transformou a GE, sinaliza bem sua visão de futuro para a companhia, fundada por Thomas Edison e sua lâmpada elétrica. *Carlos Hilsdorf é economista, consultor e pesquisador do comportamento humano. Palestrante do Congresso Mundial de Administração (Alemanha) e do Fórum Internacional de Administração (México). Autor dos livros “Atitudes Vencedoras” e “51 Atitudes Essenciais para Vencer na Vida e na Carreira”. Mais informações no site www.carloshilsdorf.com.br

O novo cérebro da GE mostra a história de Jeff Immelt, que substituiu um líder aparentemente insubstituível e reformulou a General Electric por meio de diversas práticas de gestão. Editora Campus. 304p. R$ 54,90

Inovação na sala de aula De Clayton Christensen, Michael Horn e Curtis Johnson O livro propõe uma abordagem inovadora na educação e no modo de aprendizagem. Editora Artmed, 2ª ed., 260 p. R$ 60,00

O jeito Disney de encantar os clientes Por Disney Institute A obra mostra os fundamentos que levaram Walt Disney ao sucesso. Editora Saraiva, 168 p. R$ 29,00

Startup Brasil Por Pedro Mello e Marina Vidigal O livro destaca diversas histórias de empreendedores brasileiros bem sucedidos. Editora Agir, 200 p. R$ 39,00

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PONTO.FINAL O atributo mais valorizado do administrador:

sua ética por stephen kanitz*

A

dministração é uma profissão que tem uma ética que permite muitas empresas sobreviverem, enquanto outras, administradas por amadores, sucumbem. A maioria das profissões acha que ética é cumprir as leis, não fazer nada de errado, não mentir, não corromper funcionários públicos, do no evil. Por isso, a maioria das áreas nem a estuda, considerando-a algo óbvio. Só que ética é coisa séria. Em Stanford e Harvard, por exemplo, ela e a responsabilidade social são áreas bem estruturadas. A primeira coisa que ensinamos é que ética é tudo o que decidimos não fazer, apesar de ser correto, legal e permitido. Por isso, ela, para o administrador, está acima da lei, pois deixamos de fazer muitas coisas – apesar de serem absolutamente legais e permitidas.

Nossa ética não é maximizar o lucro a qualquer custo, o que nos permitiu salvar centenas de empresas brasileiras 50

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Parece estranho, por isso vou simplesmente dar um exemplo concreto, que mostra claramente o benefício da ética do administrador, e de como ela nos safou de um enorme problema. Estou me referindo à crise que ocorreu em 2008 e que, por pouco, não contaminou o Brasil. Henrique Meirelles, primeiro administrador no Banco Central, foi pioneiro ao definir a necessidade de o Brasil possuir reservas de 200 bilhões – que foram a causa principal da nossa estabilidade financeira durante essa crise. Quase tudo poderia estar perdido devido a três empresas brasileiras: VCP, Sadia e Aracruz. Elas fizeram operações especulativas com câmbio para reduzir os custos financeiros e perderam entre seis e 12 bilhões na crise. Em 2004, esse valor teria sido 50% das nossas reservas internacionais. As empresas apostaram praticamente todo o seu patrimônio e, se não fosse a ajuda do governo, teriam quebrado. Pior: devido a essas empresas, o dólar explodiu, assustando todo o mercado financeiro, que não sabia o que estava acontecendo. Posteriormente, descobrimos que nenhum de seus diretores financeiros eram administradores. Todos eram formados em Economia. A ética do economista é maximizar o lucro da empresa, pedra fundamental da ciência econômica. Os três economistas avaliaram os riscos dentro dos algoritmos de sua ciência, garantiram ao Conselho de Administração que os cálculos mostravam baixo risco, e foram em frente. A maioria das demais empresas brasileiras, com administradores financeiros pro-

fissionais, não fez essas operações. Por quê? Porque temos uma ética sobre o que não fazer. Nós dissemos aos bancos e aos nossos Conselhos de Administração que especular com o câmbio não era nosso core business. “Nosso core business, senhores, é frango e suínos”. “Nosso negócio é celulose, e não especular com câmbio”. “Aqui fazemos hedge, mas, se suas famílias querem especular, que o façam na pessoa física, e não na jurídica”. Nossa ética não é maximizar o lucro a qualquer custo, o que nos permitiu salvar centenas de empresas brasileiras – menos Sadia, Aracruz e VCP. Essas foram salvas pelo Governo, para não colocarem em risco o resto da economia. Pense nisso.

* Stephen Kanitz é consultor de empresas e conferencista. Vem realizando seminários em grandes empresas no Brasil e no exterior. Mestre em Administração de Empresas pela Harvard University, foi professor da USP. No Twitter, @stephenkanitz.




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