Preรงo: R$ 11,90 OUTUBRO de 2011 - ano 1 n o 10
EDITORIAL
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agenda
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ambiente externo
Parem as máquinas Eram 22h10min de uma quarta-feira. Voltava de uma caminhada quando meu telefone tocou com uma voz aflita do outro lado da linha. ‘’Ele morreu’’, disse minha mãe. ‘’Steve Jobs morreu’’. Parei durante um minuto perplexo. Sim, todos sabiam que Jobs estava doente. Inclusive, alguns tablóides americanos cravaram em suas páginas que ele teria apenas seis semanas de vida, logo após sua saída do comando da Apple. Malditos! Eles estavam certos. O mundo ficava mais triste. Um dos mais inovadores e geniais homens da atualidade nos deixava aos 56 anos. No entanto, seu legado permanecerá vivo nos seus produtos “iDescolados”. Este era seu jeito de pensar à frente e de reduzir as fronteiras do mundo. Com seus gadgets malucos e adoráveis, Jobs conseguiu deixar as pessoas mais próximas, mais participativas e interativas. A Administradores não poderia deixar de falar dele. No entanto, tínhamos um dilema: a revista já estava na gráfica e, provavelmente, seria enviada para você logo no dia seguinte à morte de Jobs. Porém, a trágica notícia deixou o mundo atônito e precisávamos fazer nossa homenagem. Era necessário contar melhor tudo o que aconteceu, a trajetória de Jobs e suas lições. E fizemos a nossa escolha, as máquinas pararam. Peço desculpas a você, leitor, pelo pequeno atraso que a revista naturalmente sofreu com a mudança da matéria de capa. Pode ter certeza de que gostaríamos de não ter recebido essa notícia. Ou melhor, preferiríamos ter alterado esta pauta para uma nova e brilhante invenção da Apple, idealizada por esse inquietante visionário.
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Especial Steve Jobs
ONLINE
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MARKETING
08 entrevista
Fusões que gostaríamos de ver
Daniel Pink e o verdadeiro valor da motivação e da criatividade nas empresas
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acadêmico
- Nome da universidade pesa no currículo? - Quando a melhor aula é a própria sala de aula
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artigo
- O professor de Administração - Como perder a confiança da equipe em 10 passos - Satisfação garantida - ou o seu dinheiro de volta - Divulgar a empresa: abrir um perfil é a parte mais fácil no Facebook
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carreira
- Quando o chefe ou colega são gays. Ainda existe tabu no trabalho? - Como derrotar a cultura do medo no ambiente profissional
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PEI, BUF!
ESTRATÉGIA
Como abrir uma franquia?
Jogos e brincadeiras que interferem positivamente em nosso raciocínio
PAPO COM YODA
As dúvidas dos leitores tiradas pelo Mestre Jedi
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ADMINISTRADOR DO FUTURO
Glayson Ferrari dos Santos demonstra ser um administrador do presente
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FORA DO QUADRADO
QUIZ
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ADMINISTRADORES NA HISTÓRIA
Akio Morita, a mente brilhante por trás da Sony
Enfim, adeus Steve Jobs! Fábio Bandeira de Mello Editor @fabiobandeira_
28 capa
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ENTRETENIMENTO - Curiosidades e Humor - Ações para um mundo melhor - Leitura: Rework - Cinema: A grande virada
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INFOGRÁFICO Como mandar bem nas apresentações
ponto final
Stephen Kanitz mostra a importância de uma visão de futuro
Outubro 2011
administradores.com.br
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CONTATOS
Nicia Müller Continuem assim, transmitindo e inspirando boas e novas mensagens!
Assinaturas www.administradores. com.br/revista PUBLICIDADE comercial@administradores.com.br +55 (83) 3247 8441 correspondência Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 415 / 304 - Tambaú - João Pessoa - Paraíba CEP 58039-110 redação revista@administradores.com.br
Andresson Rodrigues Vocês deveriam já lançar a assinatura para o próximo ano com um baita desconto!!! Tenho as 9, ansioso pela 10ª revista!!! Luiz Antônio Lins Oliveira A Revista é sensacional, fico ansioso só esperando a próxima edição... istockphoto
Alexandre Tchuco Parabéns para todos nós administradores Cristina de Paula Pena que não tem nas bancas!
Publisher Leandro Vieira leandro@administradores.com.br Redação Editor Fábio Bandeira de Mello fabio@administradores.com.br Repórteres Eber Freitas eberf-
Maria Fernanda Ikeda Show de capa!
reitas@administradores.com.br, Fábio
E-MAILS
TWITTER @thais_cabral Parabéns à equipe do @admnews, em especial @leandrovieira_, pelo aplicativo p/ iPhone da revista Administradores. Um exemplo a ser seguido! @GilsonDantas Lendo, grifando e interpretando os inovadores conceitos da revista @admnews. @marloncamppos Emprestei minha #RevistaAdministradores para o meu professor de #EconomiaAplicada, e até agora ele ñ me devolveu! Olha q nem li ainda.. @gerson_melo @admnews Revista Administradores, a melhor! (Y) @jucovinha Bom dia pessoal. Há dias estou para dizer isso. Tive a oportunidade de ler e conhecer a revista Administradores @admnews #sensacional Fiquei super orgulhosa em saber que uma revista deste calibre é produzida aqui em João Pessoa @GercianaSoares A minha revista da @admnews chegou, e por sinal está fantástica. Tenho certeza de que não irei me arrepender da assinatura! Parabéns equipe! 4
administradores.com.br
Outubro 2011
Marinheiro de 1ª viagem Nossa! Dá gosto de ler! A primeira revista que assino na vida e, de sorte, uma ótima escolha. Muito obrigado pela pontualidade e pelos conteúdos abordados. São muito interessantes. jonnanthan de oliveira
Bandeira de Mello, Mayara Emmily mayara@administradores.com.br, Iago Bolívar e Simão Mairins simao@ administradores.com.br Revisão Bruno R. Leite COLABORADORES Jean-Pierre Papart, Leo Kuba, Marc Cortes, Martha Maznevski, Mestre Yoda, Paulo Araújo, Rodolfo Araújo, Sérgio Ditkun, Stephen Kanitz, Wagner Siqueira e Yih-teen Le ARTE
Preferidos Quero parabenizar a equipe da revista Administradores pelo excelente trabalho desenvolvido e com a atual edição abordando temas que fazem parte do nosso dia. As matérias que mais gostei foram: “As onze novas características para o sucesso profissional”, “Administradores que inspiram” e o artigo de homenagem aos administradores. alisson alcântara
DIREçÃO João Faissal joaofaissal@ administradores.com.br Design e ilustração Thiago Castor thiago@administradores.com.br capa Foto: Matt Yohe/Wikimidia COMERCIAL Diretor Comercial Diogo Lins diogo@administradores. com.br Atendimento ao Leitor Anna Valéria Vita annavaleria@ administradores.com.br
Sugestões Sou acadêmica de Administração com linha específica em comércio exterior. Assino a revista Administradores desde a edição zero. Gostaria de sugerir dois assuntos. O primeiro na minha especificação: Comércio Exterior e o segundo na Área de logística. Estou criando o projeto de um produto, e gostaria de mais ideias.
Impressão Gráfica Moura Ramos www.mouraramos.com.br
andrea katherine da silva
Viagem no tempo Parabéns pelo número 9 da nossa revista. Os artigos: “Made in China” e “Mágica do Mickey” estão extraordinários. Com relação ao caderno Curiosidades, na nota “Adeus viagens no tempo”, o texto, citando o cientista chinês Du Shengwang, menciona a impossibilidade de alcançar O papel ultilizado nessa revista possui certificado internavelocidades acima da luz. As últimas novidades neste campo mostram cional FSC - nossa prova de responsabilidade ambiental que a equipe da Universidade de Berna na Suíça, aparentemente, detectou neutrinos viajando mais rápido do que a velocidade da luz. São os Neutrinos Mande também O seu recado superluminais. Acredito que em muito breve para a Administradores a discussão sobre a possibilidade ou não de através do viagens temporais retornará com novo vigor. revista@administradores.com.br antônio valença
EVENTOS
| CAPACITE-SE
Agenda Início:
10 OUT 2011 Início:
18 out 2011 Início:
07 nov 2011
VII Congresso Mundial de Administração Responsável: CFA e OIT Local: Torino – Itália Info: adm.to/congresso_mundialadm
FundForum Latin America
17 out 2011 Início:
Responsável: ICBI e IBC Brasil Local: São Paulo – SP Info: adm.to/fund_forum
HSM ExpoManagement Responsável: HSM Local: São Paulo – SP Info: adm.to/expomanagement11
ANR_abrh_VIcongresso_216x140cm.pdf
Início:
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29/09/11
23 out 2011 Início:
10 NOV 2011 15:07
ExpoVendaMais 2011
Início:
Responsável: Venda Mais Local: Curitiba – PR Info: adm.to/expovenda
18 out 2011
XXII ENANGRAD
Início:
Responsável: Angrad Local: São Paulo – SP Info: adm.to/xxii_enangrad
Curso de Formação e Certificação Internacional em Coaching Responsável: ABC Local: Belo Horizonte – BH Info: adm.to/curso_coaching
27 out 2011 Início:
20 NOV 2011
HR Summit 2011 – 3ª edição Responsável: HR Academy Local: São Paulo – SP Info: adm.to/hr_summit
Práticas de FeedBack Responsável: Bernardo Leite Local: São Paulo – SP Info: adm.to/evento_feedback
EnEPQ 2011 Responsável: Anpad Local: João Pessoa – PB Info: adm.to/enepq
| rápidas foto Roberto Stuckert Filho
ambiente externo
A ÚNICA COISA QUE QUERO É SER JULGADO José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil, sobre o mensalão.
Dilma é a primeira mulher a abrir Assembleia na ONU
A presidente Dilma Rousseff foi a primeira mulher a fazer um discurso de abertura na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) em 66 anos, uma vez que é o representante brasileiro quem tradicionalmente abre a sessão desde 1947. Em seu discurso, ela defendeu a formalização de um Estado Palestino, estimulou os países a combaterem a crise econômica de forma coesa, defendeu uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU para o Brasil e exaltou os valores da democracia em vários momentos.
Governo aumenta IPI para carros importados
O governo brasileiro anunciou no dia 15 de setembro o aumento de 30% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados. A medida, que começou a valer oficialmente a partir do dia seguinte, tem por objetivo blindar o mercado brasileiro contra concorrentes externos, sobretudo a China, que deve suspender a exportação de veículos de passeio para o Brasil. A Associação dos Fabricantes de Carros de Passeio da China protestou, afirmando que a medida fere a confiança mútua entre os dois países. Mas não adianta se lamentar. Apenas veículos fabricados nos países do Mercosul e no México estão livres do aumento.
No 4º Rock in Rio a grande atração foi o marketing
Nem Stevie Wonder, nem Elton John, nem Shakira. O grande destaque da quarta edição do Rock in Rio no Brasil (depois de quatro passagens por Lisboa e duas por Madrid) foi o marketing. Numa época em que a maior moda é a interatividade, os patrocinadores do evento se misturaram ao público e se transformaram em atrações à parte, promovendo diversas atividades de entretenimento durante os sete dias do festival. Ao todo, foram investidos cerca de R$ 60 milhões por apoiadores como CocaCola, Volkswagen, Sadia, Claro e Correios.
Agora é oficial: Facebook passa Orkut
E a guerra entre as redes sociais continua. Em pesquisa feita pelo Ibope Nielsen Online no mês de agosto, o Facebook passou o Orkut em número de usuários no Brasil. A rede criada por Mark Zuckerberg atingiu 30,9 milhões de usuários únicos, o que corresponde a 68,2% dos internautas. Já o Orkut registrou 29 milhões de usuários, ou 64% daqueles conectados à rede no país. A pesquisa levou em conta a quantidade de internautas que acessam a partir do trabalho e de casa. Ou seja, lan houses e navegações pelo celular não estão na contagem.
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administradores.com.br
Outubro 2011
99% DESSE PESSOAL QUE CANTA POR AÍ SÃO ENDEMONIADOS, É TUDO PERTURBADO Edir Macedo, um dos líderes da Igreja Universal, ao criticar bandas e cantores de música gospel.
TENHO CERTEZA QUE ESTE SERÁ O SÉCULO DA MULHER Dilma Rousseff ao discursar na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
NASCI ASSIM, NÃO TENHO PLÁSTICA NENHUMA Leila Lopes, angolana de 25 anos, eleita Miss Universo 2011.
CRIAMOS UM JEITO DE CONTAR TODAS AS HISTÓRIAS IMPORTANTES DE SUA VIDA EM UMA ÚNICA PÁGINA Mark Zuckerberg, criador do Facebook, sobre as novas atualizações na rede social apresentadas no final de setembro.
online
| www.administradores.com.br
ARTIGOS istockphoto
FOI DESTAQUE NA WEB
Crescimento da economia brasileira valoriza a carreira de administrador A profissão de administrador, após 46 anos de sua regulamentação no Brasil, ainda é a mais procurada pelos jovens que buscam o ensino superior no país. adm.to/economia_adm
É preciso vender! Não o cliente comprar O professor Alfredo Passos mostra que se você sair às ruas de qualquer cidade brasileira irá comprovar a falta de treinamento para os vendedores nas lojas de varejo. adm.to/adm_vender
Ignorância ascendente O que Sílvio Santos ainda tem a ensinar sobre sucesso Mensagem do apresentador na comemoração dos 30 anos do SBT destaca importância do papel do líder na sucessão familiar. adm.to/silvio_sbt
Ser sustentável ou não ser, eis a questão Sustentabilidade. A palavra está na boca de empresas e consumidores de todo o mundo. Mas, afinal, qual é a sua real importância na vida das pessoas? adm.to/ser_sustentavel
#FICADICA
ENQUETE Como será o futuro da Apple sem Steve Jobs no comando?
20.87%
15.95% 8.43% 3.83%
50.92%
NADA MUDARÁ
CRESCERÁ AINDA MAIS
PERDERÁ FORÇA NO MERCADO E SOBREVIVERÁ COMO UMA EMPRESA MENOR
IRÁ À FALÊNCIA
entrevista Participe dos fóruns de discussão e leia as entrevistas feitas com os executivos.
Comunidade E-Líderes O que mais incomoda no mundo corporativo? adm.to/e-lideres
Campanha pela profissionalização da Administração Pública SERÁ MENOS INOVADORA, MAS CONTINUARÁ FORTE
O consultor Roberto Recinella indica que a ignorância ascendente será um dos principais motivos de fracassos profissionais no século XXI. adm.to/adm_ignorancia
O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração (CFA/CRAs) iniciaram o Manifesto Brasil Profissional. O objetivo do movimento é pressionar os representantes da sociedade a profissionalizar a Administração Pública no país. A campanha também destaca cases transmitidos através de vídeos, nos quais é evidenciada a importância da Administração para a saúde das empresas e para o desenvolvimento do Brasil. Veja detalhes em www. brasilprofissional.adm.br/
ENTREVISTA Sebastião Mello, presidente do CFA, fala da histórica conquista da legalização da profissão de administrador e suas perspectivas para o futuro da área. adm.to/entrev_cfa Natasha Hazan, coordenadora regional da Endeavor RJ, revela alguns pontos importantes aos quais todo empreendedor deve estar atento. adm.to/entrev_endeavor
Orkut
@admnews
adm.to/facebookadm
adm.to/orkutadm Outubro 2011
adm.to/linkedinadm
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entrevista
| Daniel Pink
divulgação
Daniel Com alguns best-sellers influentes na bagagem, Daniel é nome constante nos artigos de diversas publicações sobre negócios no mundo, incluindo o New York Times, Harvard Business Review, Fast Company e Wired.
Por quê? Simplesmente porque ele vem alterando a forma como muitas empresas encaram o local de trabalho moderno. Parece que a nossa concepção comum de como conseguir uma equipe verdadeiramente motivada e mais criativa está bem ultrapassada...
por rodolfo araújo
O
s dois recentes best-sellers de Daniel Pink apresentam uma sequência de ideias bastante lógicas e atuais. Em “O Cérebro do Futuro” (Ed. Campus, 2007) o autor explica como ambientes corporativos em constante evolução exigem, num ritmo cada vez mais acelerado, profissionais com constante capacidade de adaptação – especialmente para tarefas criativas, que exigem mais do lado direito do cérebro. Já em “Motivação 8
3.0” (Ed. Campus, 2010) Pink dá interessantes conselhos sobre como inspirar as pessoas dentro das empresas, de forma que possam desenvolver seus potenciais e fazer frente aos desafios de mercados altamente competitivos. Com essas credenciais, Daniel Pink foi destaque no recente Fórum de Inovação e Crescimento realizado pela HSM. Exatamente por isso, agendar uma entrevista com o requisitado autor e palestrante ofereceu algumas dificuldades. Contatos com agentes e assessoria de imprensa não foram muito
animadores. Mesmo uma resposta pessoal por e-mail não garantiu espaço em sua agenda durante a que seria sua primeira visita ao Brasil. Confesso que já havia desistido da conversa quando, durante uma pausa para o café no primeiro dia do evento, encontrei Daniel Pink perambulando incógnito entre os estandes do Teatro Alfa. A inusitada abordagem resultou numa breve conversa no dia seguinte, que a fala acelerada de Pink e seu afiado raciocínio transformaram na entrevista a seguir.
l Pink As escolas de hoje não estão preparadas para formar alunos aptos a lidar com a Era do Lado Direito do Cérebro. Como a sociedade poderá enfrentar esse desafio e de que forma as empresas podem ajudar?
Este conceito de que escola é onde você aprende e trabalho é onde você trabalha está um pouco ultrapassado
Creio que o desafio de fazer essa transição é maior nas escolas do que nas empresas. Posso falar do exemplo dos EUA, onde as escolas estão uma ou duas décadas atrasadas na preparação de jovens mais capazes de se adaptar e serem criativos, enfim, que tenham uma visão macro. Lá a política educacional é mais voltada para as rotinas, as respostas corretas, as relações padrões, exatamente num momento em que a economia não está mais focada em rotinas, respostas corretas nem relações padrões. Então, em muitos aspectos, nossas escolas parecem estar indo na direção contrária ao que é, de certa forma, assustador. Algumas escolas estão fazendo coisas interessantes, preparando crianças para o futuro delas, em vez de para o meu passado. As empresas têm um papel importante nisso, ao mostrarem para as escolas secundárias que tipos de habilidades sociais são necessárias.
Empresas e escolas precisam interagir mais, então?
Sim, ambas precisam deixar de funcionar como silos. Hoje há menos diferenças entre educação, escola e trabalho do que havia no passado. Vejo a escola em que meus filhos estudam. Eles trabalham em projetos, usam tecnologia. Isso é o que eu faço, certo? Se você olhar para os ambientes de trabalho, as pessoas buscam aprender coisas novas, tentam melhorar em algo. Este conceito de que escola é onde você aprende e trabalho é onde você trabalha está um pouco ultrapassado. Então, quanto mais escolas e empresas se comunicarem, mais poderão melhorar.
Sim, se elas não estão conseguindo entregar o que precisávamos antes, que dirá o que precisaremos no futuro. Não há inovação disruptiva, usando o termo de Clayton Christensen.
Exato! E a educação é o setor menos disruptivo da sociedade.
Outubro 2011
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entrevista
| Daniel Pink
Seus pais lhe disseram para ser advogado ou contador (Pink formou-se em Direito) e, em seguida, estas profissões foram terceirizadas para outros países – algo que eles não poderiam prever. Hoje você diz para seus filhos serem artistas. Não existe o risco de estas carreiras também serem substituídas, de alguma forma que não podemos prever hoje?
Certamente que sim. Por isso não digo para meus filhos serem artistas... (Ops!)
Nem advogados...
De jeito nenhum! O que digo para meus filhos é para seguirem seu coração. Sua cabeça deve pensar estrategicamente, ou seja, pensar no que será valioso no futuro. O que será difícil de fazer de forma barata? O que será difícil de ser feito por uma máquina? O que resolve os problemas que você tem hoje? Isto é uma parte. A outra é fazer algo que você realmente gosta. Algo que lhe traga prazer e significado e trabalhar duro nisto. Vamos tomar o contador como exemplo. Se um dos meus filhos me disser: “Eu quero ser contador”, eu não responderia “Não, não, não...”. Eu perguntaria: “Por que quer ser um contador?”. Se ele me responder: “Eu gosto de ajudar as pessoas a resolver complicados assuntos financeiros. Vejo beleza em fazer os dois lados de um balanço coincidirem”, eu lhe diria: “Você será um grande contador!”. Seria difícil terceirizar este garoto. Seria difícil dar o seu trabalho para uma máquina fazer. Então, as pessoas que fazem algo de que realmente gostam, algo em que realmente acreditam – e se esforçam bastante – vão se dar bem. Assim, o que eu insisto é que se descubra em que você é bom, o que gosta de fazer e trabalhe muito, muito duro. E seja ágil e capaz de aprender.
Motivação não é algo que uma pessoa faz pela outra. É algo que a pessoa faz por si mesma
Já que estamos falando em filhos, como você motiva os seus em casa?
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Acho que a coisa mais importante que os pais – e qualquer pessoa – precisam entender é que motivação não é algo que uma
pessoa faz pela outra. É algo que a pessoa faz por si mesma. Desta forma, você precisa encorajá-la a perseguir aquilo que lhe interessa. Deve, na medida do possível, oferecer oportunidades para tentar, para explorar coisas novas. E, ao mesmo tempo, precisa enfatizar alguns valores, como o trabalho duro, a persistência e tratar bem as pessoas. E mais importante do que o que você diz a elas é o que você efetivamente faz. Você precisa demonstrar o que diz na sua própria vida: fazer algo de que realmente goste, trabalhar intensamente, ser persistente e tratar bem os outros. Creio que esta é a coisa mais importante. Você fala sobre os riscos da terceirização de tarefas para países emergentes, provavelmente motivadas pelos ganhos no curto prazo, alertando para o perigo que isso pode representar no futuro. Isto seria o resultado inesperado de um incentivo mal desenhado ou é falta de criatividade no planejamento?
É um pouco de cada, mas a primeira alternativa pesa mais. Acredito que haja um mal-entendido na forma como entendemos a motivação. Se eu quiser de você um comportamento específico, dou uma recompensa quando você acertar e uma punição quando errar. Só que há 50 anos a Ciência diz que isso vale para algumas coisas, não para todas! Mais do que um mal-entendido, é uma lacuna entre o que as empresas praticam e o que a Ciência recomenda. A informação não fez o caminho entre a Ciência e as empresas.
Você exemplifica isso em “Motivação 3.0” com o experimento da vela, de Karl Dunker (que mostra que, em determinadas tarefas, um incentivo financeiro piora a performance. Veja o Box). Por que ainda ocorre esse desencontro entre o que a Ciência sugere e o que as empresas praticam?
Em primeiro lugar, porque esse tipo de incentivo (recompensas materiais) funciona para tarefas simples, que eram feitas no século XIX e até no século XX. Simples inércia. Em segundo, porque eles são eficientes no curto prazo. Digamos que você seja um gerente de vendas que precisa atingir suas metas em quinze dias e esteja preocupado em não conseguir. Oferece um bônus enorme para sua equipe atingir a meta. Garantido. Você poderá queimar seus melhores clientes, poderá fazer com que seus vendedores trapaceiem, mas funcionará no curto prazo.
Por um lado pode desencaminhar as pessoas, mas por outro é muito fácil. Você dá uma grana e pede que as pessoas façam as coisas. É muito mais difícil perguntar: “Ei, como você é como pessoa? Como posso colocá-lo na função correta? Como posso lhe dar feedback para você melhorar? Como posso inspirá-lo? Como posso dar significado ao que você faz? Como posso lhe dar mais autonomia? Como posso transformá-lo em parte da equipe?”. Isso é difícil!
Isso talvez não possa ocorrer nos níveis de consumo e lucros que temos hoje. Alguém terá que dar um passo atrás para que os outros percebam que é a maneira correta de fazer as coisas.
Hum, ótimo! Não é algo que vá acontecer e mudar tudo de repente. Será uma pessoa, uma companhia por vez para fazer as coisas melhorarem. Uma empresa fará algo bom e servirá de mode-
Exato. É assim que as mudanças ocorrem sempre. Alguém tem que fazer algo fora do tradicional, assumir os riscos, romper com o passado, quebrar os padrões. As pessoas dirão que você está louco. Você não pode se importar com isso e deve perseverar na busca pela mudança.
* Rodolfo Araújo é Diretor da PharmaCoaching – Treinamento Corporativo e tem especial faro para detectar escritores semi-incógnitos misturados à multidão.
divulgação
Parece que temos um padrão aqui: não há criatividade para inspirar e não há motivação para impulsionar a criatividade. Como fugimos desta armadilha?
lo para as outras, que dirão: “Ei, podemos fazer isso também!”. Um político dirá: “Vamos fazer algo bom” e outros seguirão.
Problema da Vela
Daniel Pink, em seus livros e apresentações, costuma citar o famoso Problema da Vela (Karl Dunker, 1945), um teste de inteligência e criatividade utilizado com vários propósitos na área da Psicologia Experimental. Para a engenhosa prova, o voluntário recebe uma vela, uma caixa de tachinhas e uma caixa de fósforos com o objetivo de pregar a vela acesa a uma parede de cortiça. Logo de cara, alguns tentam pregar a vela na cortiça com as tachinhas, outros tentam derreter a vela e colar a parafina à cortiça. Nada disso funciona. A solução é algo mais criativo e original. Em um desses experimentos, foi oferecida a um grupo uma recompensa para os primeiros que resolvessem o problema. A outro grupo nada era oferecido, apenas os tempos de cada participante eram anotados. Contrariando o senso comum – e tudo o que a teoria de Gestão de
Pessoas diz – o grupo que não recebeu nenhum incentivo encontrou a solução mais rápido (esvaziar a caixa de tachinhas e pregá-la na parede para servir como suporte para a vela). Estranho? Sem dúvida! Porém mais estranha foi a segunda parte do experimento. Desta vez os dois grupos – o da recompensa e o outro – recebiam os mesmos materiais, porém com uma sutil diferença: as tachinhas já estavam fora da caixa. Nesta variação o grupo que seria premiado realizou a tarefa muito mais rápido do que seu concorrente. Para os pesquisadores a diferença estava no fato de que quando as tachinhas estavam fora da caixa, a resposta era bem mais óbvia e, assim, o dinheiro agia como um poderoso instrumento motivacional, fazendo com que os participantes desse grupo focassem muito mais no resultado. Mas quando a solução requeria engenhosidade e criatividade, o foco atrapalhava.
Outubro 2011
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ACADÊMICO
| RENOME
ESTUDAR EM UNIVERSIDADES RENOMADAS faz a diferença? Provavelmente você já escutou por aí que os alunos de instituições de ensino superior renomadas conseguirão um emprego mais facilmente do que os estudantes de faculdades menos conceituadas. Será mesmo? por fábio bandeira de mello
D
iferente de muitas pessoas que ficam com aquela dúvida sobre qual curso fazer, Tiago Vicari já sabe muito bem qual área vai seguir: Administração de Empresas. Apesar de ter 17 anos, ele já se imagina coordenando áreas, criando novas formas de pensamento para solucionar problemas, administrando bem as finanças e, claro, desfrutando de uma boa remuneração. Porém, se a indecisão não é na escolha do curso (comum a muitos jovens), o receio dele está em escolher onde estudar. “Minha dúvida é saber se compensa fazer o curso em faculdades menos famosas e se o mercado valoriza essas instituições”, comenta. E o tema se tornou debate onde estuda. “Na verdade, o que faz com que eu pense nisso é a forma como minha escola nos orienta sobre o assunto. Segundo vários professores e as pessoas que trabalham lá, as melhores oportunidades surgem quando se tem uma universidade ‘com nome’ no currículo”, declara Tiago. A preocupação dele não surgiu à toa. Muito se diz sobre o peso do “nome da universidade” no currículo dos profissionais, mas você saberia dizer o que há de realidade sobre o tema? Até que ponto o nome da instituição de ensino pode influenciar a escolha dos recrutadores em uma entrevista?
Verdades e Mentiras Entrar e concluir uma formação profissio12
nal numa instituição de ensino superior no Brasil, de fato, não é para todos. Segundo o último levantamento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 11% da população
Existe um consenso de que após cinco anos da formatura a experiência importa mais do que o nome da universidade brasileira com idade entre 25 e 64 anos têm ensino superior. O número, aliás, nos deixa no último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar a quantidade de graduados na população. E quando se trata das universidades mais conceituadas, esse número de pessoas que consegue o diploma é ainda menor. O gestor de carreira da RH Capital, Sidney Alves, revela que o nome da universidade influencia sim e, em alguns casos, é determinante na decisão dos recrutadores em uma entrevista de emprego. “O ingresso em uma universidade renomada exige
um esforço maior para passar no vestibular devido à maior dificuldade no teste. Além disso, o grau de exigência dessas instituições é geralmente alto durante a graduação”, explica Sidney. Quando se trata de candidatos recém-formados ou ainda estudantes, o peso dessa escolha é mais acentuado. Jussara Dutra, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Senior, explica que o tipo de vaga interfere. “Por exemplo, em programas de estágio e trainee, nos quais há pouca experiência profissional e a concorrência é muito acirrada, a formação em uma universidade de renome pode fazer a diferença, principalmente no que diz respeito a áreas técnicas”, revela a consultora. Mas você saberia identificar uma “universidade de renome”? Uma das formas é conferir a avaliação do Ministério da Educação sobre a instituição. Para isso, existe o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que é formado por três componentes principais: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. Além disso, é possível encontrar ajuda em revistas e jornais especializados que produzem rankings de qualidade e através de contato com pessoas que já passaram pelas instituições.
Diferencial passageiro Mas quem acha que apenas estudar em uma universidade renomada será sempre um diferencial para concorrer no mercado
istockphoto
está profundamente enganado. Especialistas em recursos humanos são unânimes ao afirmarem que, quando a vaga requer uma experiência específica, a maturidade profissional anterior conta mais na hora da escolha dos candidatos. “Existe um consenso de que após cinco anos da formatura a experiência importa mais do que o nome da universidade. Mesmo que a instituição seja importante, a bagagem profissional do candidato vai influenciar mais na sua atuação. O perfil do candidato, outros conhecimentos e suas competências se tornam mais fundamentais”, declara Sidney Alvez. Para Luiz Edmundo Rosa, diretor nacional de educação da ABRH Nacional, com o tempo, nada substitui a prática do dia a dia e o perfil de competências que o profissional adquire. “Cada vez mais se reconhece que o importante na seleção de um candidato a emprego é medir suas competências, incluindo seus conhecimentos e potencial. Tudo aquilo que evidencie na pessoa seus valores, determinação, iniciativa, capacidade de inovar e de empreender”.
Outros valores Na busca de um “lugar ao sol” no mercado, outro fator que colabora na conquista para uma vaga é o constante aprimoramento. “O mercado muda muito e requer um profissional atualizado e com a qualificação que o cargo exige. Para isso, pode ser considerado um diferencial o domínio de outros idiomas, fazer uma pós-graduação ou MBA, participar de eventos e atuar em associações e cursos de curta duração com foco específico”, declara Jussara. Mas para aqueles que ainda não possuem um currículo diferenciado e querem conquistar uma oportunidade, Luiz Edmundo revela uma dica: “conta muito o nível de preparação para a entrevista, em que a pessoa estudou bem a empresa, conhecendo sua estratégia, planos de investimentos, produtos, concorrentes, etc. Hoje essas informações estão disponíveis na internet e é só pesquisar”. Portanto, independente de você possuir um bom currículo ou um ainda não tão bom assim, demonstrar sempre determinação, vontade e personalidade nas tarefas exigidas são trunfos para te ajudar a ter mais sucesso no presente e no futuro da sua carreira.
Outubro 2011
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ACADÊMICO
| APRENDIZADO
Quando a melhor aula é a própria sala de aula Professores gabaritados e metodologias de ensino bem preparadas não são os únicos responsáveis por um bom aprendizado. Descubra que o conhecimento pode estar no contato com seus colegas de turma por martha maznevski*
A
lunos de cursos de MBA e pós-graduação às vezes dizem, com certo cinismo: “Aprendi tanto com meus colegas quanto com os professores”. Porém, no mundo dos negócios de hoje, isso deve ser dito com orgulho. Programas de MBA devem dar tanta importância à composição da sala de aula - e não apenas à seleção individual - quanto aos outros elementos do curso. O já tradicional método de utilizar casos de negócios em instituições de ensino tem seu limite. Normalmente um caso apresenta uma situação e MBAs aprendem a usar determinadas ferramentas para atingir um resultado específico. Mas o que aconteceria se esse mesmo resultado fosse diferente? Será que as mesmas técnicas teriam o mesmo impacto? Pense, por exemplo, na crise financeira: não foi somente resultado da ganância e da falta de liderança, mas também da ingenuidade. Os líderes simplesmente não percebe-
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ram o impacto de suas decisões. Quem diria que a capacidade de um taxista em Nevada, nos EUA, em pagar sua hipoteca iria influenciar um fabricante alemão em seu fornecimento de peças para a China? Os líderes que preparamos hoje precisam saber navegar: considerar tais possibilidades, prever e priorizar, trabalhar as fronteiras sem perder o rumo e liderar com responsabilidade.
aprender com os colegas da sala de aula acaba se tornando uma experiência fundamental
É por isso que aprender com os colegas da sala de aula acaba se tornando uma experiência fundamental para o desenvolvimento de novas e mais eficientes técnicas de gestão. Para se manter relevante no atual ambiente empresarial, os cursos precisam implementar modelos de negócios de formas diferentes em situações diferentes.
O poder do social Administrar um negócio bem-sucedido e sustentável não é uma realização individual, mas sim social. Isso é tão verdadeiro que chega a parecer algo comum, entretanto, não pode deixar de ser ressaltado. Uma aprendizagem eficaz também segue essa mesma lógica: ela é social. Todas as pesquisas realizadas nas áreas de aquisição e aplicação de conhecimento e habilidades (ou seja, aprender algo que você realmente utiliza) provam que o aprendizado mais efetivo acontece em ambientes sociais. Mas cuidado para não confundir o conceito: “social” significa, no verdadeiro sentido sociológico, “junto com outras
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pessoas”; não o sentido coloquial de “apenas se divertindo”. Se a aprendizagem e a prática de negócios eficazes são sociais, ter um contexto igual nas salas de aula é muito importante. Qual seria, então, a combinação certa de pessoas para se aprender a liderar? Todos os grupos de alto desempenho devem ter características comuns relacionadas à tarefa e o máximo de diversidade para os outros assuntos. Os pontos em comum são importantes para o estabelecimento de metas em torno dos compromissos e para que se tenha uma linguagem comunicacional. Já a diversidade é importante para cobrir mais território e criar inovações para atingir esses objetivos. Na sala de aula ideal de MBA, os participantes são todos realizados e inteligentes. Eles têm motivação, disciplina e capacidade para impactar o mundo. Aprendem rápido, têm conhecimento especializado em algum negócio e acompanham o ritmo de um programa intenso. Eles também se interessam pelo mundo e pela globalização. Essas ati-
tudes e conhecimentos criarão um ambiente de descoberta na sala de aula, que é a base para aprender sobre como as coisas funcionam em diferentes contextos. Mas é nesse ponto que os aspectos em comum devem terminar e a diversidade começar. Para que os MBAs desenvolvam comparações e contrastes em diferentes cenários, a sala de aula deve ter um amplo conhecimento do setor, experiência profissional e um mix global de regiões e culturas. Para se ter o melhor ambiente, nenhuma cultura, indústria ou experiência profissional deve ser dominante. A existência de diversidade de gênero também é outro fator fundamental uma sala equilibrada significa mais probabilidade de que as mulheres sejam ouvidas, e não encaradas como “diferentes”. .
O mundo dos negócios não vai voltar a ser simples - a interdependência, variedade, ambiguidade e mudança vão permanecer e, provavelmente, se aprofundar. Os líderes de hoje e do futuro precisam aprender a navegar por esse ambiente para criar oportunidades e progresso. O próprio clima de aprendizagem facilita essa habilidade, e a composição da sala de aula é sua parte mais poderosa e impactante. A diversidade da classe é essencial, mas igualmente críticos são os elementos que todos têm em comum. O primeiro nos dá algo para aprender; o último nos dá razão e uma maneira de aprender. Então, aprender com os colegas tanto quanto com os professores está longe ser algo ruim, pelo contrário, é cada vez mais essencial.
O papel do professor deve proporcionar conhecimento sobre diversas ferramentas e quadros, assim como facilitar a discussão entre a classe para trazer à tona importantes semelhanças e diferenças entre as situações.
* Martha Maznevski é professora de Organizational Behavior e International Management no IMD, e é diretora do MBA Program. Em agosto de 2011, a Forbes classificou o MBA do IMD como o melhor entre programas internacionais de duração de um ano.
Mudaram os paradigmas
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Meu colega é gay. E daí? Hetero
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Diversidade está na moda. Na prática, entretanto, aceitar a convivência com um homossexual no ambiente de trabalho ainda é um desafio sobre-humano para muita gente. por simão mairins
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x-vice-presidente corporativo da Compaq, ele ocupou cargos de diretoria na IBM e na Worldwide, e hoje tem a difícil missão de suceder um dos homens mais admirados do mundo, comandando a empresa que se tornou o principal ícone de uma era. Esse é Tim Cook, novo CEO da Apple, substituto de Steve Jobs e apontado pela imprensa norte-americana como o gay mais poderoso do mundo. Executivo no Vale do Silício, um dos maiores centros científicotecnológicos do mundo, Cook nunca falou abertamente sobre sua sexualidade. Até porque nem para Jobs isso parecia fazer alguma diferença: “Pedi a Tim Cook para ser responsável pelo dia a dia das operações da Apple. Tenho grande confiança de que ele vai fazer um ótimo trabalho de execução dos planos que temos para 2011”, disse o fundador da Apple sobre o colega com quem trabalhou durante anos, lado a lado, ao anunciar seu afastamento temporário da empresa, em janeiro, antes de sua renúncia oficial, em agosto. E você: sinceramente, teria algum problema em trabalhar com um colega homossexual?
Eu não sou preconceituoso Bem como os anos 60 e 70, que ficaram marcados – entre outras coisas – pela liberação das mulheres, este início de milênio, muito provavelmente, será lembrado pela afirmação do homossexual na sociedade. Isso não significa dizer, entretanto, que do dia para a noite ninguém mais achará abominável a ideia de uma mulher beijar outra na rua ou um homem andar de mãos dadas com o seu namorado, significados incômodos culturalmente, construídos ao longo de séculos e que podem levar outros séculos até se desfazerem totalmente. Como explica a pesquisadora Denise Jodelet, em Das representações coletivas às representações sociais: elementos para uma his-
tória, “as representações sociais são uma forma de conhecimento socialmente elaborado e compartilhado, que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social”. No ambiente de trabalho, como em poucos outros espaços, tais representações se materializam de forma mais clara, estabelecendo limites, basicamente, entre três níveis: a aceitação, o respeito distanciado e a intolerância. Na maioria das situações dos dois últimos casos, entretanto, é muito comum o preconceito velado, mais subjetivo, muitas vezes não percebido até mesmo por quem o põe em prática. Quando estávamos redigindo esta matéria, perguntamos no Twitter e no Facebook se alguém teria problema em trabalhar com um homossexual. Até o fechamento da pauta, foram mais de 200 respostas e em nenhuma alguém manifestou oposição à ideia de ter um colega gay. Já em uma matéria que publicamos no Administradores.com.br, em julho de 2010, sobre a aprovação da união civil entre indivíduos do mesmo sexo (adm.to/CasamentoGay), na qual foi possível comentar anonimamente, pôde-se ler opiniões como estas: “Já trabalhei com algumas(...) e as experiências foram as piores possíveis”; “eu não sou obrigado a aceitar que na minha equipe haja comportamentos homossexuais”; “isso é uma anormalidade, e com certeza eu teria muita dificuldade em contratar um homossexual”. Na opinião do consultor de carreiras Julio Sergio Cardozo, o mercado ainda enxerga o homossexual “com certa desconfiança, como algo estranho, e prefere contratar héteros”, mas preserva “o discurso do politicamente correto, de que não faz distinção em razão da opção sexual”. O pernambucano Damião Nascimento, homossexual assumido, sabe bem o que é isso. Ele, que dá aulas de matemática, explica que assumir a homossexualidade em sala é sempre um desafio. “Posso ser gay, não há problema algum. Mas não posso me assu-
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CARREIRA
| DIVERSIDADE Homo Hetero
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mir em sala de aula, pois posso influenciar meus alunos”, conta. Formado em Ciências da Computação, Nascimento não exerce a profissão, e elege o preconceito no mercado da área como um dos empecilhos. “Uma área dominada por homens. Lá, muitos se vestem de uma falsa imagem. É um meio que possui muitos homossexuais, mas muitos fingem ser héteros para não se prejudicarem profissionalmente”, afirma. Segundo ele, as experiências em mercados mais conservadores e masculinos sempre foram problemáticas. “Certa vez, houve uma alegação de que a minha falta de peso – na época eu pesava quase 100kg e passei a 90kg em três meses, através de tratamento – era resultado de minha ‘vida mundana’”, conta Nascimento.
Diversidade: que mal tem? Como você pôde ler nas declarações anônimas que citamos acima, há muita gente que ainda tem resistências sérias à ideia de dividir o espaço profissional com um homossexual. Já para outros, isso não faz a menor diferença. A assistente comercial Amanda Mello, por exemplo, conta que já atuou em uma equipe com uma colega homossexual e que, no grupo, ninguém nunca a tratou de forma diferenciada, se opôs a desenvolver atividades em conjunto ou questionou sua competência por causa da sua sexualidade. 18
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“Todos se sentiam à vontade e também nunca notei que ela se sentisse inferiorizada por ser homossexual”, conta Amanda. O consultor de carreiras Julio Sergio Cardozo acredita que, sendo aceito na empresa, o profissional homossexual “passa a concorrer com os demais em iguais condições. O homossexual não é uma pessoa problemática ou outros estereótipos inventados no passado. Se a empresa está em busca de gente competente, que faz a diferença, deve buscar o pessoal que precisa, independentemente da opção sexual, cor da pele, religião, preferência política ou eventual necessidade especial”, destaca. Cardozo ressalta ainda que, inclusive para cargos de chefia, “ser ou estar capacitado não depende do gênero nem tampouco da orientação sexual. O chefe não é ‘um homossexual’. Ele (ou ela) é o chefe e como tal será respeitado e admirado, se for um chefe justo”, afirma. O consultor explica que o grande problema, muitas vezes, é na hora da seleção. Depois disso, acredita, as dificuldades não são grandes. “A barreira é de entrada, de ser aceito. Sendo aceito, o profissional será valorizado pelo seu talento”, afirma.
Uma questão de direito A legislação brasileira, hoje, não versa de modo específico sobre a discriminação contra o homossexual. Mesmo assim, existem alguns instrumentos legais através dos quais
a questão pode ser tratada. “A Constituição Federal regula a forma como se deve tratar um cidadão, proibindo a discriminação por motivo de sexo, idade, raça, cor, religião ou de qualquer outra natureza. Por conseguinte, o princípio da não-discriminação também está previsto na Consolidação das Leis do Trabalho”, explica o advogado Eduardo Carvalho. No Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT tem colocado em discussão o Projeto de Lei 122, que, como ressalta o deputado Jean Wyllys – principal nome da causa hoje em Brasília –, tem como objetivo, entre outros, “garantir direitos aos homossexuais em vários espaços, inclusive no mercado de trabalho”. Segundo o parlamentar, o projeto – que equipara a homofobia ao antissemitismo e ao racismo – vai garantir isonomia nas seleções e evitar demissões motivadas pela sexualidade. “Muitos profissionais são demitidos e não admitidos pelo fato de a sexualidade ser considerada critério de seleção”, afirma. O caminho para a aprovação do projeto, porém, não será nada fácil. Fortemente condenado pela bancada religiosa em ambas as casas (Senado e Câmara), o PL tem gerado discussões acaloradas. “Nós, parlamentares progressistas, temos consciência da resistência da bancada evangélica. Mas o nosso papel é, pelo debate político, mostrar a eles que essa não é uma questão moral, mas de direito”, afirma Jean Wyllys.
PEI, BUF!
| MODELO DE NEGÓCIOS Como escolher
1º Passo: Faça uma pesquisa para entender e conhecer melhor o sistema de franchising. Após esse estudo, você precisa saber se é capaz de pertencer ao sistema. Portanto, é preciso fazer uma autoanálise do seu perfil, preferências, habilidades e das razões que o levaram a querer investir em um negócio próprio. 2º Passo: Após constatar que você possui o perfil para ser um franqueado, pesquise as oportunidades de negócios e o segmento (alimentação, serviços, saúde etc.) em que pretende atuar. Considere o valor de investimento, retorno e filosofia da empresa. É preciso se identificar com o negócio escolhido.
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3º Passo: É necessário fazer uma entrevista com o franqueador e ter a aprovação de seu cadastro. Com isso você deverá receber uma COF (Circular de oferta de franquia), que é o primeiro documento a ser analisado. A entrega da COF pelo interessado é obrigatória!
Como abrir uma franquia? por fábio bandeira de mello
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sistema de franchising é um dos mais promissores modelos de negócios existentes no mercado. Nele, o franqueador cede ao franqueado o direito de uso da sua marca e da distribuição de seus produtos ou serviços. O franqueado, por sua vez, paga parte do faturamento ao franqueador sob a forma de royalties. Para você que está pensando em abrir um negócio próprio, esse modelo pode ser uma boa alternativa. No entanto, antes de qualquer decisão, é preciso ficar atento a diversos passos para não ter problemas futuros com a escolha.
4º Passo: Analise de forma criteriosa o contrato de franquia. Fique atento aos prazos e deveres observados no contrato. Caso não tenha familiaridade em análise de legislação, consulte um advogado. É muito importante que você tenha certeza do que irá assinar!
Valores Os custos iniciais com uma franquia variam muito de acordo com a rede, o setor escolhido e o ponto de venda. Hoje existem desde as micro-franquias, que podem ter um investimento mínimo de R$ 10 mil, até as grandes redes varejistas que ultrapassam o investimento de R$ 1 milhão.
Taxa de royalty Ela corresponde a uma taxa contínua paga pelo franqueado ao franqueador. A taxa de royalty varia conforme o potencial de cada empresa, sendo normalmente cobrada sobre o faturamento bruto do franqueado, ou pré-fixada anualmente em um valor único a ser pago todo mês.
Obrigações O franqueado tem obrigações pré-definidas em contrato, como: comprar somente produtos credenciados para a rede, atuar somente dentro do território definido, seguir as regras e padrões determinados pela franqueadora, preservar o conceito do negócio e zelar pelo uso da marca.
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É possível mudanças na franquia? O sistema de franchising envolve padronização, transferência de knowhow e direito de uso de marca. Por isso, o franqueado só poderá alterar o mix de produtos ou o layout da franquia mediante uma autorização prévia do franqueador.
Principais vantagens - A franquia é fruto de um negócio já testado e que obteve sucesso, portanto, há uma redução do risco envolvido comparado com negócios que estão surgindo; - Há um suporte em todo o negócio: seja no apoio técnico, administrativo, de gestão ou na capacitação para o franqueado e equipe; - Marketing estruturado: há um fundo cooperado de marketing que auxilia a divulgação dos produtos ou serviços para todas as unidades da rede. Colaboraram com as dicas: Maria Cristina Franco, vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e Claudia Bittencourt, diretora-geral do Grupo Bittencourt, consultoria especializada no desenvolvimento e expansão de redes de negócios e franchising.
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CARREIRA
| ESTUDO DE CASO
Derrotando a cultura do medo no ambiente de trabalho Estudo elaborado pelo professor Jean-Pierre Papart, da Universidade de Genebra, e Yih-teen-Lee, da IESE Business School, comprova que o medo no trabalho existe, mas é possível eliminá-lo. Descubra como na análise dos dois pesquisadores. por jean-pierre papart e yih-teen lee*
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estresse é hoje um dos males que mais atingem profissionais em todo o mundo. De acordo com a Eurostat, mais de 20% dos trabalhadores da União Europeia sofrem de estresse, resultante das fortes pressões e da grande carga de trabalho que encontram em seus empregos. Este deve ser um motivo de preocupação não só para os empregados, que sofrem os efeitos dessa situação em sua saúde mental, mas também para os empregadores, obrigados, pela legislação da UE, a assumir a responsabilidade sobre esses assuntos. Quando os empregados sofrem níveis tão altos de estresse relacionado ao trabalho, o resultado pode acabar sendo um estado de medo acentuado no emprego. Em20
bora sentimentos de medo possam surgir de forma inconsciente na pessoa, eles muitas vezes são o resultado direto da estratégia gerencial da empresa. E o medo está longe de ser uma forma de gestão eficiente. É o que nosso estudo comprova. Ele tomou como base o Estudo de Genebra, que mediu o efeito do trabalho sobre a saúde mental dos funcionários de dez empresas suíças entre 2001 e 2005.
Os mecanismos do temor O medo é um sentimento, a conscientização dos efeitos que certas situações produzem em nós. Essas emoções não provocam uma reação interna, são um instrumento de coordenação social. Servem para governar nossas ações comuns e nos ajudam a mobilizar recursos para uma tarefa particular.
No contexto da empresa, o medo é provocado muitas vezes quando a direção pede aos funcionários que desempenhem mais tarefas ou aumentem sua produtividade. Mas por que uma mensagem destinada a melhorar as práticas no emprego dá origem ao medo? Usando o modelo “demanda/controle” de Karasek, procuramos avaliar os efeitos negativos que as demandas de maior produtividade podem ter sobre os empregados. Ficou demonstrado que quando a direção pede aos funcionários um aumento de produtividade, sem oferecer flexibilidade suficiente para compensar a carga de trabalho mais elevada, frequentemente o resultado é um aumento no estresse dos empregados. Isso ocorre quando a carga de trabalho – e especialmente as exigências
Ansiedade distúrbios do sono
dor de cabeça
tensão muscular Angústia
falta de vontade de fazer as coisas
Problemas gástricos
Compreenda as mensagens do seu corpo
Ficar atento aos sinais do estresse e do medo no trabalho pode ajudá-lo a tomar medidas preventivas antes de a situação fugir do controle e exigir tratamentos complexos. Quando perceber que algo está errado, não demore para tomar uma decisão e mude a sua realidade. Então, fique atento aos sintomas acima.
psicológicas a ela associadas – excede o tempo e os recursos disponíveis para o funcionário. O profissional descobre, então, que é cada vez mais difícil cumprir as tarefas, o que leva ao aumento dos níveis de estresse e, a longo prazo, a um maior nervosismo e ao medo no trabalho.
Controlando o estresse O impacto do aumento da pressão relacionada ao trabalho sobre os funcionários pode ser reduzido quando se oferece maior margem de ação para que eles completem as tarefas, por meio de apoio profissional e de explicações claras sobre as razões por trás da necessidade de um aumento na produtividade. Alguns pontos importantes para se ter em mente: • Os níveis de ansiedade aumentam quando a carga de trabalho cresce e há menos espaço para manobra. E o contrário também funciona: quando o espaço de manobra aumenta, os níveis de ansiedade diminuem.
• Um fator muito importante para o controle do estresse é o apoio profissional disponível, vindo da direção ou dos próprios colegas. Os resultados são claros: quanto maior o apoio, menor a ansiedade. • Os motivos para as exigências de aumento de produtividade devem ser explicados com clareza. Em nossa opinião, a busca de maior produtividade não deve ser apresentada como um fim em si. Os departamentos de RH devem auxiliar a direção e os funcionários a encontrar o equilíbrio correto entre a carga de trabalho e a capacidade de trabalho. Ao aprendermos a controlar melhor o estresse, damos um passo muito largo para superar o medo em nossas organizações.
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* Yih-teen Lee é professor assistente de Direção de Pessoas em Organizações do IESE Business School, eleita uma entre as dez melhores escolas de negócios do mundo. www.ieseinsight.com * Jean-Pierre Papart é professor da Universidade de Genebra.
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| JOGOS
é brincando que se aprende! Descubra como os jogos ajudam no desenvolvimento de habilidades essenciais para o trabalho. por mayara emmily
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aciocínio lógico, criatividade e capacidade de trabalho em equipe são algumas das características fundamentais para que o indivíduo tenha habilidade de lidar bem com problemas cotidianos. Além disso, são qualidades cada vez mais exigidas dos profissionais no mercado de trabalho, pois as empresas buscam funcionários que apontem soluções diante de desafios e sejam dinâmicos e eficientes no planejamento e na execução de projetos em grupo. Por esses motivos é importante que o indivíduo desenvolva estas e outras habilidades desde cedo, ou mesmo em outras fases da vida, por meio de ferramentas de estímulo como as brincadeiras e os jogos educativos, que auxiliam na formação e no aprendizado em casa, na escola, no ambiente de trabalho, entre outros espaços.
Os benefícios dos jogos educativos A pedagoga Alexandra Lorandi Macedo, pós-doutoranda em Informática na Educação pela UFRGS, afirma que o jogo deve ter qualidade para ajudar na melhora do raciocínio e cita as características que determinam sua eficiência: “Um bom jogo deve ter objetivos claros a serem alcançados e simples de serem entendidos; deve proporcionar o desenvolvimento de estratégias com resultados incertos favorecendo a construção de estratégias e hipóteses. Isso fará com que o jogador planeje, teste, avalie o resultado e reestruture sua ação”. Ela também ressalta que a possibilidade de o jogador escolher o nível de dificuldade e de acompanhar a sua evolução no jogo são importantes para estimular habilidades como a motivação: “Isso poderá facilitar o engajamento e a automotivação para que níveis mais complexos sejam almejados, planejados e ultrapassados”. Os benefícios dos jogos educativos estão longe de se restringem à fase infantil do indivíduo. Aliás, há uma crescente em jogos 22
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que desenvolvem habilidades interpessoais: “O uso do jogo fora do horário escolar, ou para além desta fase, pode oportunizar momentos de aprendizagem e de lazer. Além desses aspectos, é importante destacar que também são cada vez mais comuns jogos que proporcionam o desenvolvimento de habilidades que priorizam o trabalho coletivo. Esta é uma demanda emergente nas empresas, e as estratégias construídas nos jogos podem ser aliadas para apoiar trabalhos em equipe também em contextos profissionais”, destaca Alexandra. O desenvolvimento do trabalho coletivo também é uma importante função do jogo educativo, segundo a pedagoga Leticia Machado, doutoranda em Informática na Educação pela UFRGS. Ela afirma que, se trabalhado desde criança até a adolescência, o jogo educativo poderá, além de ajudar em questões como trabalho cooperativo, influenciar no raciocínio lógico e na percepção. Ela ainda explica que os jogos educativos têm uma importante função na vida infantil: “A criança desde pequena está acostumada a brincar e aprender com experimentos e imitações do cotidiano. Quando entra na escola, o ato de brincar é deixado de lado, o que acaba desmotivando o aluno. O uso de jogos possibilita desenvolver o abstrato, o lúdico e a imaginação da criança. É possível trabalhar com reflexão, análise e a criatividade, além de desenvolver regras a partir da mediação do erro e da perda”. A questão do erro e da derrota no jogo, de acordo com a psicóloga Acácia Angeli, doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP, é fundamental nas estratégias de aprendizagem metacognitivas, propiciadas pelos jogos educativos: “Com as estratégias metacognitivas, a percepção do erro e das dificuldades são fundamentais para que a criança reveja as suas decisões, identifique por que errou e retome desse ponto com novas formas de abordagem das atividades, pensando e refazendo mais devagar, planejando com mais cuidado, etc”.
para todos e para tudo Mas não são apenas os jogos tipicamente classificados como educativos que trazem benefícios. Muitos daqueles tidos como simples entretenimento podem criar habilidades intrínsecas nos futuros profissionais. E exemplos não faltam: Jogos de tabuleiro como Monopoly e o Jogo da Vida auxiliam na questão de aprender a lidar com as finanças. O Imagem & Ação desenvolve a criatividade e pode ajudar no combate a timidez, e jogos como Perfil e Quest ajudam na capacidade de antecipar situações, além de enriquecer o conhecimento geral dos participantes. Existe até vídeo game que virou disciplina em várias universidades norte-americanas de Administração e Economia. De acordo com Mate Poling da Universidade da Flórida, o jogo de estratégia e ficção científica “Starcraft: Wings of Liberty” gerencia diversas unidades e grupos com diferentes capacidades, sendo semelhante ao cenário cotidiano do mundo dos negócios e do trabalho de um administrador. Além de utilizar jogos com crianças e adolescentes, também é aconselhável o seu uso com pessoas idosas. “No processo de envelhecimento, algumas funções fisiológicas na terceira idade são prejudicadas. O uso de jogos como xadrez ou palavra cruzadas poderá beneficiar a velhice, principalmente no que tange à memória”, relata a pedagoga Leticia Machado. A psicóloga Acácia Angeli também explicou como agem os jogos educativos na construção das habilidades: “Os jogos acionam os processos cognitivos em geral, pois mobilizam várias das habilidades envolvidas - atenção (seletiva, concentrada e sustentada), memória e tomada de decisão. Vale ressaltar que o raciocínio, que é um dos elementos essenciais da cognição também é acionado para que a resposta ao jogo seja dada de forma bem sucedida. Realmente, o velho ditado de que ‘é brincando que se aprende’ está mais em voga do que nunca”.
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QUIZ
Teste sua inteligência financeira
Anote as respostas mais adequadas ao seu perfil e avalie sua situação através da pontuação final. O objetivo do teste é ajudá-lo na tarefa de levar a educação financeira para seu dia a dia e colocá-la em prática como fator realizador de objetivos.
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Como você se definiria hoje? a) Tenho um plano de poupança e investimentos bem definido e procuro respeitá-lo todo mês. b) Meu salário é suficiente para minhas necessidades e expectativas mensais e, quando sobra um pouquinho, invisto. c) Meu salário é quase o total de minhas dívidas e compromissos mensais e com o pouco que sobra, tento comprar algo para a família. d) Possuo dívidas que não me permitem poupar nada e que, muitas vezes, me forçam a entrar no cheque especial.
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Você controla seus gastos? a) Registro todos os gastos em um lugar fácil de acompanhar, normalmente em uma planilha ou agenda. b) Sou controlado(a), mas não tenho registro completo de meus gastos, especialmente aqueles esporádicos. c) Sei quanto ganho, mas não quanto gasto. d) Não tenho nenhum tipo de controle.
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Quando compra alguma coisa, você: a) Faz uma extensa pesquisa de preços, pechincha bastante e paga sempre à vista. b) Costuma pesquisar preços, mas não se atém ao preço final do produto, optando pelo pagamento parcelado. c) Aproveita as oportunidades de parcelar através do cartão de crédito ou crediário. d) Sempre paga parcelado, por não ter o valor total à vista ou por não considerar vantajoso o desembolso total.
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Se hoje você perdesse seu emprego ou decidisse parar de trabalhar, por quanto tempo sua poupança o sustentaria? a) Por muito tempo (mais de 20 anos). b) De um a cinco anos. c) De seis meses a um ano. d) Menos de seis meses.
10 Se você recebesse um prêmio de R$ 150 mil,
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Sobre seus planos para a aposentadoria: a) Tenho um plano de previdência privada e/ou um plano de poupança e investimentos constantemente reavaliado para permitir que eu pare de trabalhar na data em que desejar. b) Pretendo me aposentar com o salário que recebo hoje e eventualmente utilizar alguns recursos poupados até lá. c) Conto com a aposentadoria do governo e também com a ajuda de familiares. d) É cedo para pensar nisso e, se for preciso, continuarei trabalhando.
Como você lida com o cheque especial e seu limite? a) Não uso o limite do cheque especial. b) Não me lembro da última ocasião em que o utilizei, mas sei que foi por alguma emergência. c) Utilizo esporadicamente, mas cubro depois de alguns dias. d) Utilizo com frequência, ao menos uma vez por mês.
Você costuma se aconselhar sobre o uso do dinheiro e controle financeiro? a) Sim, acompanho o noticiário especializado e procuro ler opiniões e artigos de especialistas da área. b) Leio os textos de economia de uma revista de grande circulação e falo sobre dinheiro apenas com familiares e amigos. c) Procuro seguir as dicas de amigos e familiares que já possuem investimentos. d) Prefiro conversar com o gerente do banco sobre as alternativas de investimento que posso utilizar.
Teste publicado no livro “Vamos Falar de Dinheiro”, de Conrado Navarro. Editora Novatec, 240 p. R$ 45,00
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Você tem o hábito de investir? Em quê? a) Diversifico meus investimentos de acordo com meu perfil e procuro manter sempre parte de meu patrimônio em produtos com boa liquidez. b) Gosto de investir em imóveis e em produtos conservadores, como os de renda fixa. c) Invisto em produtos apresentados por meu gerente bancário, como Títulos de Capitalização e fundos de ações. d) Ainda não possuo capital disponível para investir.
Você mantém outras fontes de receita, além de seu salário? a) Sim, tenho renda proveniente de aluguel, dividendos, pró-labore, entre outros. Acredito que a renda passiva será um grande diferencial ao longo de meu futuro. b) Sim, mas apenas de aluguel e de eventuais trabalhos temporários ou extra agenda. A renda passiva não é minha prioridade. c) Não, mas pretendo investir para isso ainda este ano. d) Não.
você: a) Investiria a quantia, com o objetivo de aproveitá-la em seus planos de independência financeira. b) Investiria grande parte do dinheiro, mas usaria um pouco para satisfazer alguns sonhos materiais. c) Quitaria dívidas, compraria alguns bens e satisfaria algumas vontades. d) Pagaria dívidas.
Pontuação a = 5 pontos b = 3 pontos c = 2 pontos d = 1 ponto 10 a 15 pontos: você tem problemas para controlar suas finanças e deve passar por alguns apertos. É importante aceitar que o endividamento e as agruras financeiras do momento são fruto de suas atitudes e de seu relacionamento com o dinheiro. Você precisa mudar de atitude, passar a controlar suas receitas/gastos e começar a pensar no futuro da família. 16 a 25 pontos: você não está no fundo do poço, mas precisa dar mais atenção ao dia a dia do controle de gastos. Você tem uma situação financeira instável, com altos e baixos que prejudicam o planejamento. Sua atenção está voltada apenas para o curto prazo e por isso é fundamental que você passe a encarar a gestão das finanças como um passo para sua independência financeira futura. Você precisa aprender a falar sobre dinheiro em casa e a incentivar a cultura de poupança entre os membros da família. 26 a 40 pontos: você valoriza o dinheiro e conhece a importância do controle financeiro. No entanto, ainda precisa construir um plano de independência financeira que lhe permita realizar sonhos e atingir a aposentadoria com tranquilidade total. Você precisa de um pequeno empurrão para entender melhor os produtos financeiros e de investimento disponíveis e se aproveitar deles para chegar aonde deseja. 41 a 50 pontos: você tem consciência do papel do dinheiro em sua vida, parabéns! Você sabe que o dinheiro é um meio e trabalha para que ele possa levá-lo(a) a uma vida tranquila e confortável.
a Morit Akio m das inspirações o home
lo por fábio bandeira de mel
de Morita podem ser creditados à criatividade ra a década de 1970. O jaideias Suas es. ador inov eitos e aos seus conc ponês Akio Morita notava a te men total vida de os estil a deram origem paixão de seus filhos e amincime cres pelo veis onsá resp novos e foram gos em ouvir música de maa japonesa to espantoso da indústria eletrônic nhã até a noite. Ele percebeu para as inho cam u abri Sony no século 20. A que a maioria das pessoas tal escapi em ntar leva s s japonesa os e levar empresa pedir era um com adorava escutar canções em seus carr ica prát a do o, quan as e par- trangeir grandes aparelhos de som para as prai os. banc do aos teve uma empresta ques. Foi dessa percepção que Morita , a empresa desenvolveu a fita de 1949 Em uto que grande sacada e pensou em um prod magnética e, em 1950, vendeu o prie, fosse gravação um possuísse som estéreo de alta qualidad gravador no Japão. Em 1957, produziu e ao usuá- meiro eiro prim o is, depo facilmente transportável e permitiss anos três e, rádio de bolso a coisa. rio ouvir música enquanto fizesse outr televisão do mundo. No ano de resa transistor de jaO departamento de engenharia da emp a Sony se tornou a primeira empresa eito de um 1961 a Nov de a Bols na s que Morita dirigia era contra o conc açõe suas a vender ação. Di- ponesa nto ame lanç o com toca-fitas, sem uma função de grav u inuo cont O sucesso ita decla- York. em ziam que não iria vender. Porém, Mor max, primeiro gravador de vídeo Beta do não fossem pra com da e man rou que, se 30 mil dessas máquinas Disc n, kma além do Wal o de pre- casa, vendidas, ele iria renunciar ao carg mbia Pictures. Colu da ado e, em idasidente. Em 1978, o produto foi lanç Empenhado em criar produtos de qual ões vendiepperc a ar mud a 2000, alcançou a marca de 200 milh ado rmin dete estava imaginou de, Akio país um o com o dos. Ah, a máquina que Akio Morita Japã o via que mundo, ajudou a ção do huvas de era o Walkman e a empresa que ele capaz de fabricar apenas guarda-c disAlém tos. bara fundar foi a Sony Corporation. os qued brin e nos tamen- papel, kimo busvida sua O início da empresa está ligado dire de e part boa ou ém pass o estava so, tamb te ao fim da 2ª guerra mundial. O Japã orar as relações comerciais entre o melh o cand das ria maio a e cia ulên turb te do em um estado de e o resto do mundo. Ele foi presiden eios. Akio Japão A o-EU Japã do as fábricas foi destruída pelos bombard ômic econ ões de relaç ia e que grupo e Mad o com s obra Morita, um apaixonado por tecnolog de ão icaç e através da publ iu-se reun , inha Mar da nte os havia se tornado tene n se tornou um dos mais conhecid dois funda- in Japa ao engenheiro Masaru Ibuka e os do. s no mun ineering japonese ram a Tokyo Telecommunications Eng além de um workaholic, era tamita, Mor . Ao longo Corporation, a precursora da Sony aholic. Ao longo da vida, praticou gias bém um play À fren iar. Em dessa parceria, Ibuka dedicou suas ener t windsurf, mergulho e começou a esqu de com e da Sony, nto vime nvol dese e ica ológ M de o carg o à pesquisa tecn ou deix , 1994 de o Com e binar a cult orita mos a- 25 de novembr trava ssa ex ura oc uma c r e de produtos, enquanto Morita foi fund p sofre m de is e depo , r p Sony iê reend ncia, a idental e o apacidade presidente da e aglob d g, rienta n ketin li o mar e a de r s , g área d t ó têa o va mental nas c joga l. r io a anto n enqu o o s bral u-s se mais in hemorragia cere . fluent e um dos h u espírito após lização, finanças e recursos humanos eu falec , e o 1999 s de m bro do séc nis. Em 3 de outu ulo. ens de Muitos dos produtos que foram forte pneumonia. uma r pega lançados ao longo da história da Sony Divulg ação
E
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especial
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O mundo sem JOBS 28
Os aparelhinhos sem botões cujos nomes começam sempre com um i minúsculo se tornaram onipresentes em nossas vidas, mesmo quando não os temos. Agora precisaremos nos acostumar com a ausência da – tão onipresente quanto – imagem do seu criador. por eber freitas, fábio bandeira de mello e simão mairins
O
mundo acordou menos criativo no dia 6 de outubro de 2011. Na noite anterior, um mês e meio depois de renunciar ao cargo de CEO da Apple, faleceu Steve Jobs. Eternizado como o grande arquiteto de uma nova era das tecnologias, ele entrou na história antes mesmo de sair da vida. E, por isso mesmo, sua partida deixou um vazio no coração da legião de admiradores que conquistou com suas invenções e plantou incertezas sobre o futuro da empresa que ele fundou, ajudou a reerguer (após 10 anos afastado por desavenças com sócios) e tornando-a a mais valiosa do mundo. Lutando contra um câncer pancreático desde 2004, Jobs procurou sempre demonstrar-se forte nas várias aparições que fez em eventos da Apple, para apresentar novos produtos, como o iPad, e versões atualizadas dos já existentes, mesmo com a aparência visivelmente debilitada. Desde que descobriu a doença, Jobs foi alvo de diversas especulações e, repetidas vezes, boatos de que ele havia morrido chegaram a circular na internet. Em 2008, o conceituado site de finanças Bloomberg publicou, por engano, o obituário do executivo, em uma seção que inicialmente vinha sendo utilizada para publicar atualizações sobre seu estado de saúde. No mercado financeiro, o medo de que Jobs morresse refletiu nas ações da Apple, que despencaram no dia em que ele anunciou sua renúncia e voltaram a cair com a notícia do seu falecimento. Apesar disso, a maioria dos analistas manifestou otimismo com a liderança de Tim Cook, homem de confiança indicado pelo próprio executivo para sucedê-lo. “Steve foi uma personalidade de grande destaque e era um homem de negócios extraordinário. Contudo, a máquina não vai parar. Muitas das qualidades de Steve estão gravadas na cultura da Apple”, declarou Van Barker, da empresa de tecnologia Gartner. O próprio Steve Jobs fez questão de conferir credibilidade à liderança do seu sucessor e expressar confiança no futuro da empresa perante os investidores. “Acredito que os dias
mais brilhantes e inovadores da Apple estão à frente”, disse o executivo antes da sua renúncia.
A filosofia Jobs “Lembrar que eu estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que eu encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida”. Profética como quase todas as outras que Steve Jobs eternizou, esta frase – proferida durante o seu histórico discurso a formandos da Universidade de Stanford, em 2005 – resume a filosofia que o executivo adotou ao longo de sua jornada e o permitiu tornar a Apple mais que uma marca de sucesso, e sim uma evangelizadora de consumidores devotos e fiéis. A contemporaneidade dos seus feitos talvez não permita que, hoje, percebamos a importância das suas contribuições para o mundo. Mas a repercussão causada pela sua morte deixa claro que Steve Jobs não foi um homem qualquer. A Apple publicou em seu site uma homenagem ao seu fundador, com uma mensagem em que diz ter perdido “um gênio visionário e criativo”, e que o mundo “perdeu um fantástico ser humano”. A homenagem da Apple foi linkada por ninguém menos que o Google, em sua página inicial, que redirecionou para o site da concorrente os usuários que clicassem na inscrição “Steve Jobs, 1955 – 2011”. E por falar em concorrente, Bill Gates – fundador da Microsoft, principal adversária da Apple – publicou uma nota em que classifica Jobs como um colega, competidor e amigo. “O mundo raramente vê alguém que tenha o impacto profundo que Steve teve. Os efeitos disso serão sentidos por muitas gerações. Para aqueles entre nós que tiveram a sorte de trabalhar com ele, foi uma honra muito grande. Sentirei falta de Steve imensamente”, disse Gates. Já o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, agradeceu a Jobs por ter sido “um mentor e amigo”. “Obrigado por mostrar que o que você constrói pode mudar o mundo. Sentiremos a sua falta”, disse em nota publicada na sua página na rede social.
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especial
| jobs Nasce a primeira filha de Steve Jobs, Lisa Brennan-
Aos 17 anos ingressa Nasce o filho único da união entre o imigrante sírio Abdulfattah John Jandali (com quem Jobs se assemelhava física e emocionalmente,
Jobs, com a sua então
na Universidade Reed
namorada, Chris-Ann
College, em Portland;
Brennan. Provavelmente
por não conseguir arcar
foi um pai ausente, mas
com as mensalidades da
se reconciliou com a filha
faculdade, se afasta seis
anos depois. “Lisa” é um
meses depois. Jobs não
nome bonito, mas é uma
era graduado
apesar de nunca tê-lo
abreviação de “Local
1972
conhecido) e da norte-americana Joanne
Architeture”... Workaholic ou não?
Simpson; logo após
Decide viajar para o
adoção, por motivos
O Macintosh, que utilizava os mesmos avanços em
1978
o nascimento o bebê é encaminhado para
Macintosh
Integrated Software
interface gráfica e de hardware do Lisa, chegou a um preço bem mais
oriente e aderir ao
controversos, e acaba
em conta: US$ 2,5 mil.
zen-budismo, mas é
indo para o lar do
Especula-se que Jobs se
desencorajado por um
casal Paul e Clara
“inspirou livremente” no
monge, que teria lhe dito
Hagopian Jobs, que
ambiente de trabalho da
que negociar e sentar
o batizaram Steven
Xerox Corp. para desen-
em um templo seriam a
Paul Jobs
volver as tecnologias do
mesma coisa
1955
Lisa e do Macintosh
1974
1984
de computação gráfica pertencente ao cineasta George Lucas por US$ 10 milhões e a rebatiza de Pixar. O lançamento do longa animado Toy Story, em 1995, foi um sucesso de bilheteria, e rendeu uma arrecadação de aproximadamente US$ 360 milhões
1986
1977
1957
Um ano depois, em Cupertino (California), a
Nasce Mona Simpson,
incipiente empresa lança
irmã legítima de Jobs e
1985
no mercado os compu-
escritora de renome nos
tadores Apple I e Apple
Estados Unidos; os dois
II, que logo passam a ser
se conheceram já adultos
considerados criativos e
e aparentemente se rela-
ousados
cionavam bem
1983 Lembram de Lisa, filha de Jobs? Esse foi o nome do computador lançado pela Apple, com itens revolucionários, como o mouse, e uma interface gráfica baseada em ícones e janelas (GUI), ten-
1976
dência que perdura até hoje. Apple I
engenheiro Steve Wozniak e do companheiro de trabalho na Atari Ronald Wayne, funda, em 1º de abril, a Apple Computer Primeira logo criada por Ronald Wayne, co-fundador, em 1976
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O novo conceito (que custava mais de US$ 9 mil) foi um fracasso de vendas
Junto com o
30
Adquire uma empresa
1980
da própria empresa por todos os membros do Conselho de Administração em decorrência de atritos e conflitos de ideias e poder com o CEO John Sculley. Longe da empresa em 1993. Longe da Apple, Jobs funda a NeXT Computer Inc. para atingir o público da área de educação. Um PC Berners-Lee como o primeiro servidor da World Wide Web (WWW)
sa de sucesso. Abriu o seu capital no dia 12 de dezembro com ações ao preço de US$ 22; hoje, cada papel da companhia vale nada
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vo foi forçado a se afastar
NeXT foi utilizado por Tim
A Apple já era uma empre-
menos do que US$ 378
Um ano depois o executi-
Lisa
Primeiro OSX
O mercado de smartphones teve seu curso alterado para
O foco de negócios da
sempre com o lançamento do
Steve Jobs se casa com a então
companhia é redirecionado
primeiro iPhone. Na época não
estudante de economia Laurene
mais para o software do
foi revelado, mas o sistema
Powell, que conheceu um ano antes,
que para o hardware com o
operacional móvel utilizado já
após uma palestra em Stanford.
lançamento do sistema ope-
era o iOS. Tradicionalmente,
Em entrevista ao The New York
racional Mac OS X, baseado
sempre que era lançado um
Times, ele descreveu: “eu estava
no kernel Unix. No mesmo
novo modelo do iPhone, uma
no estacionamento, com a chave
ano, Jobs assume definitiva-
nova versão do iOS a acompa-
no carro, e pensei comigo mesmo:
mente o cargo de CEO
nhava... até 2011
‘Se esta fosse minha última noite na Terra, eu preferiria passá-la em uma reunião de negócios ou com
2000
essa mulher?’ Então, corri pelo estacionamento e perguntei se ela jantaria comigo. Ela dise: ‘sim’. Nós caminhamos pela cidade e estamos juntos desde então”. Naquele ano teve seu primeiro filho, Reed. Com Laurene, Jobs teve mais duas filhas,
2007
Em janeiro é anunciado o iPad,
gadget que ressuscita o esiPhone 3G
e apenas no primeiro trimestre do ano foram vendidas cerca
músicas já estava sofrendo grandes
de 7,3 milhões de unidades. No
transformações desde a fundação do
Brasil, o iPad desembarcou
Napster, dois anos antes. O primeiro
apenas em dezembro, quase
modelo suportava até mil arquivos
um ano após o lançamento.
2010
2011
2003 1996 A NeXT foi adquirida pela própria Apple, então à beira da falência, o que marcou a volta de Steve Jobs para a companhia como consultor.
1997
vendas tiveram início em abril,
contexto onde a maneira de escutar
2001
1991
quecido mercado de tablets; as
É lançado o player iPod, num
em formato MP3
Erin (1995) e Eve (1998)
iPad
1998
A iTunes Music Store foi
A segunda versão do iPad é
ao ar, oferecendo 200 mil
anunciada em abril. No dia 24 de
músicas em formato di-
agosto, Jobs se afasta definiti-
gital obtidas em parceria
vamente do comando da Apple
com cinco das maiores
para tratar da saúde. No dia 4
gravadoras do mundo.
de outubro é lançado, sob uma
No mesmo ano Jobs foi
torrente de críticas, o iPhone 4S
A era dos ‘is’ tem início
diagnosticado com uma
e na noite do dia 5 de outubro, a
com o lançamento do
variante rara de câncer
iMac, que possuía um
no pâncreas, informação
2009
Apple divulga a morte de Steve Jobs em Cupertino, Califórnia.
Jobs se afasta para
O lançamento de sua biografia
moderno e elegante para
realizar um transplante
autorizada, previsto para o dia 21
a época, características
de fígado, e Tim Cook
de novembro, foi antecipado para
que marcaram todos os
assume novamente o
o dia 24 de outubro.
produtos lançados pela
leme da Apple, por seis
Apple desde então.
meses; na época, a visível
design minimalista,
Após demitir o CEO Gil-
omitida até o ano seguinte
perda de peso se tornou
bert Amelio, o Conselho
um problema para os
de Administração da
negócios, e os acionistas
Apple procurava um
passaram a desconfiar da
novo executivo-chefe e
gravidade do estado de
nomeou Jobs interina-
saúde do CEO, especulan-
mente para o cargo; ali
do substitutos. A despeito
ele permaneceu até o dia
dos esforços da empresa
24 de agosto de 2011
em tornar pessoal os assuntos relacionados à saúde de Jobs, um ano iMac G3
antes as ações chegaram a cair 12% em um dia
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iPhone 4S
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especial
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OO O legado de Jobs As pessoas, no início do século 20, não tinham noção de que Henry Ford, ao aplicar um estilo de montagem em série, poderia ter em menos tempo e com baixo custo uma produção de automóveis em massa. Provavelmente, essas pessoas não imaginariam que, quase um século depois, Ford seria estudado em todas os cursos de Administração do mundo. Na realidade, Frederick Taylor, com o Tayolorismo, e Taiichi Ohno, com o Toyotismo, também, dificilmente pensavam que suas metodologias implantadas virariam referências de modelos de gestão que transcenderiam o tempo. É, mas elas aconteceram. Tudo indica que Steve Jobs também ocupará uma dessas cadeiras cativas na área da Administração. Suas ideias, seu modelo de gerir negócios e sua incrível convicção naquilo que propunha fazer, dão a credencial para sua entrada na galeria dos homens mais inovadores da história. Jobs demonstrou ser um homem à frente do seu tempo. Da sua cabeça surgiu um admirável mundo novo de gadgets que ditam a vanguarda tecnológica. iPod, iPad, iPhone, iMac e ações que transformaram a Apple na maior companhia de capital aberto do mundo em valor de mercado. Veja ao lado seis lições que ele nos deixa.
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Preocupe-se com todos os detalhes A obsessão da Apple pelo design e pelos mínimos detalhes resultou em produtos elegantes que viraram tendências. Tudo é bem pensado para ser intuitivo e facilitar a vida do usuário. Por exemplo, você saberia dizer por que o botão de liga/desliga do iMac é sempre atrás? Para que, caso você esbarre sem querer, não apague o arquivo que está aberto no momento. Desde o cabo de energia preso a um imã no computador para o usuário não tropeçar no fio, até a caixa personalizada que o produto é embalado. Atenção aos detalhes faz parte da Apple, e isso encanta seus consumidores. Aqueles que conseguirem implementar essa preocupação em seu trabalho e mostrarem dedicação ao extremo no que fazem ganharão um diferencial competitivo. A maioria das pessoas não está acostumada a um ambiente onde a excelência é a regra.
Continue faminto! Continue tolo! No final do discurso que fez no encerramento do ano letivo da Universidade de Stanford, em 2005, Jobs – que nunca concluiu um curso universitário – deixou como último conselho aos formandos a seguinte mensagem: “stay hungry, stay foolish (continue faminto, continue tolo). Retirada de um antigo almanaque que costumava consultar quando era mais jovem, a frase traduz aquilo que o executivo pôs em prática ao longo de toda sua vida. Sempre faminto pelo novo, ele criou, transformou, reinventou, mas sempre se mantendo ciente das suas limitações. E é essa a mensagem que ele deixa para todos aqueles que também pretendem se aventurar em empreitadas como as suas, empreendendo novas ideias e colocando em prática seus sonhos.
Não tenha medo de errar
Prepare-se para falar
“Eu sou a única pessoa que eu conheço que perdeu 250 milhões de dólares em um ano”, disse Jobs, certa vez. Seja no trabalho, na universidade, no esporte ou em atividades diversas, o erro pode fazer parte de algum momento de nossas vidas. No entanto, a questão é como você lida com ele: uma besteira a ser esquecida ou um resultado que pode apontar uma nova direção? Steve Jobs nos ensina que o único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma.
Quem já teve a oportunidade de assistir a uma apresentação de Steve Jobs não tem dúvida: ele possui o dom de persuadir as pessoas. A confiança, a clareza e o convencimento são elementos chaves que o acompanharam durante décadas nas suas palestras. Ao transformar os lançamentos de produtos da Apple em eventos memoráveis, Jobs estabeleceu novos padrões de apresentação para o mundo empresarial. “Jobs não vende produtos, mas sim experiências. Suas exposições são verdadeiros acontecimentos, nos quais ele transforma consumidores em entusiastas de sua marca”, define o norte-americano Carmine Gallo, um dos principais especialistas mundiais em técnicas de comunicação e apresentação. Para Gallo, o sucesso de Steve Jobs está em seu carisma moldado com a utilização de técnica, que abrangem a linguagem, a boa postura, os suportes visuais escolhidos e a emoção naquilo que falava. “Em suas apresentações pareça que não há esforço. E você sabe como ele consegue? Pela prática. Muita e muita prática. Ele trabalhou em seu ofício ao longo de décadas e, por isso, foi tão eficiente no que fez”, finaliza.
Crie evangelizadores Você já imaginou milhares de pessoas no mundo ansiosas para o lançamento de um produto que elas nunca viram e nem sabem para que serve? Então se espante, pois foi exatamente isso que aconteceu no lançamento do iPad, em janeiro de 2010. Em alguns lugares, os primeiros lotes do produto se esgotaram antes mesmo de chegarem às prateleiras. Essa intensa fidelidade dos fãs da Apple tem justificativa e foi construída ao longo de sua história. Jobs costumava dizer que buscava que “todos os clientes ficassem satisfeitos”. E esse trabalho dedicado produziu legiões de fãs e vendedores não oficiais da Apple, os quais se transformaram em uma força de marketing tão poderosa quanto os mistérios que a empresa guardava. Por sinal, a maioria dos atuais fãs da companhia conheceu um dos de seus produtos através da mídia ou da pergunta de algum conhecido: “você conhece a Apple?” O francês Georges Chétochine, especialista em Marketing e Inovação, relata no livro “Buzz Marketing: sua marca na boca do cliente” que, quando a recomendação vem da nossa rede de relacionamentos, o nosso interesse em conhecer esse produto é bem maior do que uma propaganda comum. “A empresa não pode mais se contentar com um marketing clássico, racional e segmental”, afirma.
“Não concorra com os rivais — torne-os irrelevantes”. Muito do sucesso da Apple está em saber reinventar os negócios e criar soluções eficazes de acessibilidade tecnológica para o consumidor. Na era da CPU bege, com software hostil ao usuário e dos tocadores de CD, a Apple lançou o iMac e o iPod, mudando o conceito de computadores pessoais e a forma de armazenar músicas. A empresa criou também a loja iTunes, novo modelo para o mercado de música digital, redefiniu o conceito de aparelho telefônico através do iPhone e inaugurou a era dos tablets com o iPad. A mensagem que está no título deste tópico é do livro “A Estratégia do Oceano Azul”, de W. Chan Kim e Renée Mauborgne, e transmite muito bem a filosofia de Steve Jobs para os negócios.
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especial
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como a Pixar revolucionou a história da animação Com muita criatividade e tecnologia, o estúdio Pixar transformou um mercado pouco explorado e se tornou a principal referência em animação gráfica do mundo. Como? Com uma boa contribuição de Steve Jobs. por fábio bandeira de mello
P
are e responda rapidamente... Quais são as cinco animações que você mais gostou de assistir? Muito provavelmente, algum ou alguns dos filmes de animação feitos pela Pixar Animation Studio estarão nessa lista. E isso não é à toa, especializada em alta tecnologia de computação gráfica, a Pixar encantou públicos de todas as idades com animações emocionantes e muito bem produzidas. Foram criados novos mundos mágicos onde brinquedos, insetos, monstros, peixes, super-heróis e carros ganharam vida e movimento. Com a filosofia da “tecnologia inspirar a arte e a arte desafiar a tecnologia”, o estúdio produziu sucessos como a trilogia Toy Story, Monstros S/A, Procurando Nemo, Carros e Wall-e. O resultado dessa combinação (arte e tecnologia) foi o reconhecimento de sua inovação e a conquista de 24 Oscars, seis Globos de Ouro, três Grammys, entre muitos outros prêmios.
Inovação desde sempre O que hoje constitui a Pixar teve início em 1979, quando George Lucas, diretor notabilizado da saga “Guerra nas Estrelas”, montou um grupo para investigar novas técnicas de digitalização e edição de áudio e vídeo. A equipe começou a trabalhar na filmagem de sequências de longas-metragens produzidos 34
pela Lucasfilm, além do desenvolvimento de efeitos especiais e da criação de curtasmetragens próprios. Em 1986, a Pixar foi comprada por Steve Jobs por US$ 10 milhões, e tomou um rumo que mexeria com apaixonados pela sétima arte em todo o mundo. Jobs estava afastado da Apple e procurava um novo negócio que pudesse utilizar tecnologia de ponta em filmes. Uma das primeiras produções do estúdio foi o Luxo Jr., curta-metragem que mostrava uma luminária e seu filho brincando com uma bola (a mesma luminária que se tornou o símbolo da Pixar). O curta foi muito bem aceito pelo público, principalmente, pela intensidade com que os objetos animados transmitiam sentimentos humanos.
Incertezas e quase o fim A Pixar aumentou sua atuação na construção de sistemas tecnológicos de captura de imagens. Seus principais clientes se tornaram os órgãos governamentais, empresas de radiologia e outros estúdios de cinema, entre eles a Disney. Ainda assim, a companhia manteve um grupo responsável pelo desenvolvimento de animações em curta-metragem e passou a atuar também na produção de comercias para TV. Só que muita grana era gasto nesses projetos e, na maioria das vezes, o resultado não era o esperado. Jobs empregava tanto dinheiro na companhia que até considerou a ideia de
vendê-la devido ao alto prejuízo. Mas, em 1991, a Pixar fechou uma parceria com a Disney por US$26 milhões para realizar três longas-metragens animados utilizando sua tecnologia de computação gráfica. O primeiro resultado dessa aliança foi o filme Toy Story, lançado nos cinemas em 1995. O sucesso dos brinquedos com vida do quarto do Andy e principalmente a amizade formada pelo cowboy de pano (Xerife Woody) e o patrulheiro espacial (Buzz Lightyear), fizeram Toy Story conquistar um resultado artístico e comercial surpreendente. No embalo desse sucesso e dos lucros gerados, a Disney e a Pixar estenderam o contrato de sua parceria para 10 anos e a produção de cinco longas. Enquanto a Pixar era responsável por todos os aspectos de produção, a Disney cuidava da distribuição. Os custos e os lucros eram divididos entre as duas companhias. Nesse período, além de Toy Story, foram produzidos Vida de Inseto (1998); Toy Story 2 (1999); Monstros S.A. (2001); Procurando Nemo (2003); e Os Incríveis (2004). O resultado positivo dessa parceria era inquestionável. Os longas-metragens levaram milhares de pessoas aos cinemas e a crítica especializada rasgava elogios sobre os filmes. Só que alguns conflitos e discordâncias ao longo desse período quase leva-
divulgação
ram à quebra do contrato entre as duas companhias. Apenas em janeiro de 2006, as duas empresas finalmente deixaram suas desavenças de lado e chegaram a um acordo definitivo. A Disney comprou a Pixar por US$ 7,4 bilhões e o executivo Steve Jobs acabou se tornando o maior acionista individual do grupo. Depois daí, ainda foram lançadas com a marca dos dois estúdios Carros (2006); Ratatouille (2007); Wall-e (2008); Up - Altas Aventuras (2009) - o primeiro filme apresentado em Disney Digital 3-D; Toy Story 3 (2010); e Carros 2, no início deste ano.
Depois do sucesso, a morte de um líder A Pixar é hoje um dos símbolos da genialidade de Steve Jobs. Colecionando premiações e cada vez mais o respeito do grande público, as animações arrecadaram cerca de U$ 4 bilhões, tornando a empresa um dos estúdios cinematográficos mais bem sucedidos de todos os tempos. No entanto, a morte desse líder neste mês de outubro interrompe sua participação dinâmica e entusiástica, sendo sentida por aqueles que fizeram parte dessa trajetória.
John Lasseter e Ed Catmull, chefe de criação da Walt Disney e presidente dos estúdios Pixar, respectivamente, publicaram no Facebook uma mensagem de adeus ao amigo e sócio. “Steve Jobs via o potencial do que a Pixar poderia ser antes do resto de nós, e além do que qualquer um jamais imaginou. Steve nos deu uma oportunidade e acreditou em nosso sonho maluco de fazer filmes de animação por computador; a única coisa que ele sempre disse foi para simplesmente ‘que seja ótimo’. Ele é a razão pela qual a Pixar se tornou o que é e - sua força, integridade e amor pela vida - nos fez pessoas melhores. Ele sempre fará parte do DNA da Pixar”. Para Chris Dodd, presidente da Associação Cinematográfica dos Estados Unidos, “o gênio Steve Jobs não somente deu vida à magia visual e à brilhante narrativa da Pixar, como trouxe ao mundo uma das plataformas mais inovadoras e exitosas para se fazer filmes e programas televisivos disponíveis”. Agora, resta a Pixar manter a técnica bem feita e as histórias cativantes e surpreendentes que divertiram e divertem um público sem limites de idade. E que venha o próximo filme.
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Fusões que gostaríamos (ou não) de ver Com todos os seus prós e contras, a fusão é uma estratégia empresarial que está em alta; então por que não imaginar o que aconteceria se determinadas companhias resolvessem se tornar uma só? por eber freitas
C
onsumidores e clientes, ou seja, todos os [bons] leitores, vão perceber uma certa contradição no título acima. Processos de fusão podem ser verdadeiras dores de cabeça para os usuários e compradores de um determinado produto ou serviço. Os serviços pioram, a qualidade do atendimento decresce, o velho compromisso das empresas (outrora estimuladas pela ameaça da concorrência), deixa de existir, produtos que eram reconhecidamente bons só duram até acabar o prazo de garantia, um verdadeiro pesadelo. Já imaginou se a Apple e a Google se tornassem uma só empresa? O que seria do mercado de sistemas operacionais, tablets e smartphones nas mãos de uma só corporação? E se as duas principais bandeiras de cartões de crédito do mundo, Mastercard e Visa, fundissem os seus ativos, a quantas taxas abusivas os clientes estariam expostos? Benditos sejam os órgãos reguladores. Às vezes o processo é traumático para as próprias empresas, pois sempre que é divulgada uma notícia acerca de uma fusão ou aquisição, os preços das ações (geralmente da parte mais fraca) caem, tal como se deu quando a Microsoft anunciou a compra da Skype. Mas existem operações dessa natureza que podem ser benéficas para companhias e consumidores; com a fusão, todo o processo produtivo se torna mais racional, enxuto, com menos desperdício, embora isso represente também
o corte de empregos. Dessa melhoria acabam saindo produtos e serviços mais competitivos, novas tecnologias. É a velha dialética arquetípica da humanidade, cantada desde Sócrates: duas formas deixam de existir para dar vida a uma nova, melhorada e mais avançada versão do que existia antes.
Diz-me logo: o que é fusão? Não é compra, não é incorporação nem é parceria, muito menos joint venture. Numa fusão, processo que envolve duas ou mais empresas, há a junção completa dos ativos das companhias envolvidas, ou seja, elas se tornam uma só. “A fusão é uma boa estratégia quando uma empresa precisa se expandir para outros mercados. Em vez de fazer uma expansão orgânica, ela pode realizar uma fusão com outra empresa que tenha expertise na economia local”, explica o coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios, Olavo Henrique Furtado. Um exemplo recente de companhia que adotou essa estratégia é a TAM. A companhia aérea brasileira realizou a operação junto à chilena LAN Airlines para, juntas, criarem a maior empresa de aviação civil da América Latina. O processo está sendo marcado por protestos de uma associação de consumidores do Chile, a Conadecus, que teme a criação de um monopólio dos serviços em determinadas rotas, queda de qualidade (como atraso inconsequente dos
voos) e aumento dos preços. Mas o Tribunal de Defesa da Livre Concorrência do Chile (TDLC) já deu o seu aval, após nove meses de investigação, embora tenha imposto uma série de condições de mitigação “que buscam conseguir competição efetiva no mercado aéreo chileno e, enquanto isso não ocorrer, proteger os consumidores dos efeitos de concentração”, segundo comunicado do órgão. Furtado lembra que uma fusão não é, necessariamente, um processo de monopólio, e sim de expansão. Mas quando o negócio é feito às pressas, com objetivos escusos e não enxerga o lado do consumidor, “aí sim há uma ocorrência de possível cartelização”. Após a fusão não se pode esperar que o mercado permaneça intocado. “O certo é haver um reposicionamento das marcas no mercado. Algumas características competitivas das empresas podem inclusive ser perdidas no processo de fusão, o que não é ideal que aconteça, mas também não é impossível”, afirma o advogado. Numa fusão, é importante lembrar, as marcas continuam tais quais eram antes, ainda que passem para o comando de uma só empresa. As cervejas Brahma e Antarctica mantiveram os mesmos rótulos mesmo após a fusão que deu origem à AmBev, criada para concorrer no mercado internacional contra marcas poderosas, como a Heineken, que, por sua vez, adquiriu a Femsa para invadir os mercados emergentes latino-americanos.
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marketing
| Fusão
Imagine se... L’Oréal + C&A
Ipiranga + Nissan
Apple + Peixe Urbano
Com um faturamento líquido de 1,5 bilhão de euros e um portfólio de 23 marcas internacionais, a L’Oréal é uma das maiores empresas de cosméticos do mundo. Já a C&A, com 165 anos de história, veste pessoas em mais de 20 países. Se essas duas gigantes se tornassem uma só, o maior sonho de 11 entre 10 mulheres se realizaria: os produtos na vitrine mesclariam cosméticos e roupas, em uma ação de cross merchandising provavelmente bem elaborada. Além disso, parcerias com salões de beleza dariam o toque final da construção do novo conceito no ponto de venda.
Cavalos cobrem maiores distâncias do que pôneis e, logicamente, ganham mais quilômetros de vantagem. A Ipiranga fornece diversos produtos, serviços e promoções para automóveis, e seria uma parceria ideal para uma possível expansão de mercado da Nissan no Brasil, onde a empresa já tem operações desde 2002. Até 2014, a japonesa pretende expandir a sua participação no mercado brasileiro de automóveis para 5%, saindo dos atuais 109 pontos de venda para 200. Neste ano, o grupo empresarial Ultrapar adquiriu parte dos ativos de distribuição de combustíveis e lubrificantes da Ipiranga.
Pensar diferente não é bem a proposta de um site de compras coletivas em relação aos produtos oferecidos em promoções, uma vez que o objetivo é vender massivamente. O Google tentou e está dando certo; o Facebook tentou e desistiu. Então por que a gigante Apple não poderia se aventurar nas compras coletivas através de uma fusão com o Peixe Urbano e vender iPhones com 80% de desconto em mercados emergentes como o Brasil? Com certeza essa não é uma ideia muito agradável para os religiosos seguidores de Jobs. Mas pensar em um aplicativo com ofertas exclusivas para os gadgets e outros serviços agregados, como guias e mapas, faz muito mais sentido.
Agora é contigo! Colgate + McDonalds
A McDonalds faturou bilhões vendendo fast-food. Poderia pensar em vender um pouco de higiene instantânea, como um creme dental em pílula, através de uma fusão com a Colgate. A rede de produtos alimentícios norte-americana foi fortemente abalada pela crise de 2008 e hoje é a 17ª marca mais valiosa do mundo, além de ser também uma das maiores empregadoras, com cerca de 1,7 milhão de funcionários. Já a ColgatePalmolive é bem consolidada no mercado de higiene pessoal, no qual atua desde 1806.
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Gol + Nintendo Deixe o destino para os céus, literalmente... Pelo menos o destino dos seus personagens nos consoles de um dos fabricantes de games mais famosos do mundo, o Nintendo. Se a japonesa fundisse os seus ativos com a companhia aérea Gol, provavelmente teríamos games divertidos em telas instaladas atrás das poltronas durante a viagem. Quem sabe rola até um Wii para movimentar um pouco os passageiros. A Gol tem apenas dez anos de voo e cinco marcas em seu portfolio, entre elas a Varig, enquanto a Nintendo é uma centenária dos jogos (não necessariamente eletrônicos).
Queremos saber qual fusão você gostaria de ver no mercado. Não se esqueça de nos dizer o motivo para ela acontecer. Opine em adm.to/fusao
ARTIGO Empowerment
Satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta
istockphoto
Leandro vieira
Parece até conto da carochinha, mas em alguns lugares, essa prática realmente acontece. E o resultado é recomendação da empresa na certa.
* Leandro Vieira traz um histórico não favorável na escolha de pratos de restaurantes, no entanto, não abre mão de experimentar algo novo quando pode.
V
ocê já deve ter cansado de ver essa expressão estampada em muitos anúncios por aí: “Satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta”. Quantas vezes você realmente já teve o seu dinheiro de volta quando um produto ou serviço não atenderam às suas expectativas? Comigo, apenas uma. E foi recentemente. Em visita a Nova York, seguindo recomendações de amigos, fui jantar no famoso restaurante Planet Hollywood. Trata-se, realmente, de uma experiência singular - a começar pela decoração do local, repleta de fotos, roupas, itens de cenário, figurinos e adereços de grandes sucessos do cinema. Os mesmos amigos que recomendaram o restaurante disseram que eu não poderia deixar de provar as deliciosas BBQ Pork Ribs, umas costelinhas de porco preparadas à moda americana. No cardápio, era de dar água na boca. E, de fato, o prato era divinamente preparado, correspondendo exatamente à foto do menu. O único senão era o gosto: muito doce, praticamente temperado com açúcar. Fiz o que pude, mas não consegui comer as benditas costelas e tive que me contentar com as batatas fritas. É importante fazer uma ressalva: o paladar, assim como a cultura, varia de região para região, de país para país. O meu, particularmente, é de gaúcho acostumado com carne temperada apenas com sal grosso. As pork ribs são, certamente, excelentes para o paladar americano, acostumado com molhos barbecue e temperos adocicados. Quando o garçom me perguntou se não havia gostado do prato, foi exatamente o que eu disse: “é muito doce para o nosso paladar“. Sem titubear, o simpático garçom lamentou pelo prato não ter agradado e disse que não seria cobrado. Respondi que não havia problema, que poderiam cobrar normalmente e que não era culpa deles. Na minha
lógica pessoal de consumidor, seria injusto não pagar, afinal o prato estava bem preparado e, afinal, o problema era meu se eu tinha gostado ou não. Não tinha sido a primeira escolha infeliz em restaurantes e certamente não será a última. Ao trazer a conta, surpresa: não cobraram pelas pork ribs. Fiquei sinceramente sensibilizado com o gesto e, mais ainda, com a aplicação na prática da filosofia “o cliente em primeiro lugar”. Também fiquei impressionado com a agilidade e o poder de decisão do garçom: sem consultar gerentes ou superiores, tomou a decisão no ato. É exatamente isso o que eles querem dizer com empowerment, ou delegar poder. Mais um conceito administrativo na prática. Há quem torça o nariz para os americanos. Eu tiro o meu chapéu para os caras. Passar alguns dias nos Estados Unidos vale por muitas e muitas aulas de Administração. Enfim, amigos, é de se pensar. Essa poderia ter sido apenas uma experiência gastronômica malsucedida e, provavelmente, nunca mais teria voltado no Planet Hollywood. Mas cá estou eu, tecendo elogios públicos ao restaurante, recomendando-o a todos. Vale a pena. É satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta. De verdade!
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ARTIGO PROFESSOR
O professor de Administração
Wagner Siqueira
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A tarefa do professor é fazer o aluno pensar, refletir sobre a sua própria realidade
*Wagner Siqueira administrador e filho de Belmiro Siqueira, Patrono da profissão. É membro da Academia Brasileira de Ciências da Administração e o atual presidente do CRA/RJ. www.wagnersiqueira.com.br
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alar dos professores de administração, formadores de consciências, de valores e de opções éticas na gestão das organizações, como se todos pertencessem a um grupo homogêneo, é uma insensatez. Há distintas ideologias, níveis de engajamento, de participação e de comprometimento na formação da estrutura de pensamento dos alunos, futuros gestores do mundo corporativo. A função dos professores como formadores de poder ideológico muda de organização para organização, de sociedade para sociedade, de época para época. Mudam também as relações, ora de contraposição, ora de aliança, que eles mantêm com as estruturas organizacionais. Faça-se, pois, o professor de administração um agente ativo de transformação social de nossas organizações, contribuindo ideologicamente para torná-las humanizadas e comprometidas – é verdade – com o lucro, mas fundamentalmente como instrumentos do bem comum e de uma sociedade mais justa e fraterna. Na medida em que o professor defende e alimenta valores morais e elevados na gestão das organizações, ninguém poderá acusá-lo de estar a serviço de paixões partidárias, de modismos organizacionais, ou mesmo de ser um repetidor não crítico de teorias ajustadas para outras realidades oriundas de países culturalmente distintos do Brasil. A conduta do docente deve ser embasada por uma forte vontade de influir e de participar das lutas e das contradições, das mudanças e dos conflitos que marcam a realidade do nosso tempo. É preciso que seja suficientemente lúcido para não se identificar completamente com uma parte, uma teoria ou uma vertente de pensamento ideológico tomado como verdade absoluta. Ele não é o porta-voz de palavras de ordens estabelecidas pelos gurus da administração internacional, que fixam conceitos e estabelecem práticas como científicas sem qualquer validação em pesquisa. Afinal, a teoria nunca é uma verdade definitiva e acabada, dogmática, pronta a ser assimilada. A teoria se faz e se aprofunda associada à prática, submetida à reelaboração a partir da experiência e da crítica, o que subverte as categorias abstratas e os esquemas intelectualistas estereotipados de seus formuladores. A teoria só é adequada quando exprime o real, a prática. Por isso, ela se reforma a cada instante, como insumo a novos estágios alcançados pela prática. Do contrário, a teoria confirmaria a ilusão idealista de que o discurso sobre a realidade é suficiente para transformá-la. Toda teoria organizacional só é válida quando nos servimos dela para ultrapassá-la. A tarefa do professor é fazer o aluno pensar, refletir sobre a sua própria realidade, agitar ideias, levantar indagações, suscitar questões e problemas, discutir alternativas ou formular teorias gerais. Deve desenvolver no aluno a sua competência diagnóstica e não a prescritiva. O conhecimento adquirido não é o que o aluno passa a saber, mas o que ele faz com o que sabe. Como a medicina, também no mundo das organizações
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há que se fazer a diferenciação adequada entre doença e doentes, entendendo-se que diferentes manifestações de doença apresentam-se variavelmente em diferentes doentes. Tudo isso nos faz atentar mais para as peculiaridades dos problemas, para lhes aplicar as soluções adequadas. E para isso o aluno precisa aprender a diagnosticar com precisão as atipicidades do problema com o qual se defronta, para só então implementar a solução adequada, que é sempre a que melhor se ajusta a uma dada situação. O professor precisa resistir ao simplismo do aluno que busca receitas de bolo, aprender soluções mágicas aplicáveis a quaisquer realidades. É preciso fazê-lo aprender a pensar e, consequentemente, formular criativamente soluções próprias ao problema que busca solucionar. O magistério de administração não é destinado a profetas, videntes ou demagogos, mas, efetivamente, aos que se dispõem a fazer os seus alunos pensarem sobre as realidades organizacionais em que convivem, com o propósito de compreendê-las e transformá-las. As competências essenciais de ontem são as rotinas de hoje. No dizer de Gramsci todo homem é em si um filósofo. Traduzindo isso para o linguajar comum, podemos concluir que todo homem é em si um intelectual capaz de pensar a sua realidade no sentido de transformá-la. Não devemos julgar intelectual apenas o homem de punhos de renda, detentor de títulos de nobreza, modernamente chamado de MBA e PHD. Intelectual é aquele que, conhecendo os mais diversos setores da sociedade, é capaz de interpretar as realidades desses segmentos, fazer propostas, repensar os seus destinos, seguir outros cursos de ação. Pode antever o futuro e fazê-lo presente. Este certamente é o conceito de intelectual que os professores de administração precisam passar aos seus alunos, futuros agentes de mudança das organizações, formuladores de novas trajetórias e gestores de uma realidade em permanente mudança.
ARTIGO Líderes e gestores
Como perder a confiança da equipe em10 passos
Sérgio Ditkun
O
pior erro que um gestor pode cometer é não ter maturidade suficiente para distinguir o nível de tratamento que cada colaborador seu deve receber. De fato, isso ocorre porque ele desconhece ou prefere ignorar as diferenças que cada pessoa tem em termos de aprendizagem, retenção da informação, facilidade em materializar o conhecimento etc. É mais fácil adotar uma mesma forma de abordagem para com seus subordinados, como o autoritarismo, do que adotar várias posturas distintas para cada liderado. Geralmente, o autoritarismo vem acompanhado da falta de respeito pelos outros, o que o leva a praticar uma gestão de “terror”. A imaturidade desse gestor é tamanha que, no fundo, ele acredita que essa é a melhor forma de conseguir resultados. Tenho comigo a seguinte filosofia: o liderado deve querer seguir o líder por opção própria. Ou seja, ele deve acreditar que vale a pena estar ao lado do gestor. Somos seres que queremos aprender e sempre buscamos alguém para nos espelhar. Por confiarmos nesse líder, somos capazes de dobrar as horas para ajudá-lo a alcançar a meta. É a lei da ação e reação. O líder estando bem, automaticamente seus liderados também estarão, pois são protagonistas dos resultados. Agora, uma vez que a confiança é quebrada entre o gestor e seus liderados, lamentavelmente, inicia-se nessa equipe uma onda de desgosto e decepção que, se fôssemos comparar, seria como uma infiltração nos alicerces de um edifício. O prédio continua lá, bonito e reluzente, e todos os que passam e o veem se encantam com os resultados – mas mal sabem que tudo aquilo pode estar à beira de um colapso. Será que você, que faz gestão de equipes, não está andando por esses caminhos? Saiba agora como sabotar sua equipe por meio da técnica da infiltração. Em primeiro e único lugar, o mais significante de tudo é a perda da confiança. Veja como é fácil conseguir isso! 1. Chame
a atenção do seu colaborador na frente dos colegas de
trabalho e sempre lembre à equipe a falha cometida por ele;
*Sérgio Ditkun, 32 anos, é casado e pai de duas lindas filhas. Professor pelo SENAI de Ponta Grossa, acredita que o segredo para o sucesso pessoal e ascensão profissional depende muito do respeito e da valorização das pessoas, independente da posição que elas ocupam.
3. Demonstre poder e mostre quem é que manda no pedaço; 4. Dê atenção às fofocas e faça sua gestão baseada em picuinhas; advertências ao seu colaborador sem antes escutá-lo.
quatro;
6. Crie competitividade entre a sua equipe. Elogie aquela e critique esta. Na semana seguinte, faça o inverso; 7. Seja
sarcástico nos comentários e falte
com o respeito aos seus subordinados;
8. Seja inseguro, esconda o jogo e não divida os resultados positivos com sua equipe; 9. Despreze
o conhecimento dos seus cola-
boradores e mostre que é você quem tem as respostas certas;
10. Continue
pensando que as pessoas não
evoluem e faça terrorismo com elas para conseguir resultados.
Obviamente, você já se lembrou de alguns profissionais que fazem esse tipo de gestão. Até aí, tudo bem. Mas, agora, você está convidado a fazer uma autoanálise e avaliar como você lida com as pessoas no seu trabalho. Será que elas estão pensando em você enquanto leem este artigo? Então, deve ser a hora de mudar...
Queremos o seu texto publicado na Revista Administradores! Cadastre-se em administradores.com.br e publique artigos em sua conta. Os textos mais interessantes serão selecionados e poderão estar na próxima edição da revista Administradores.
2. Faça tempestades em copo d’água e exagere nas críticas;
5. Faça
de acordo com suas emoções e com o item
Aja
Este artigo pode ser conferido no Portal Administradores através do link adm.to/perderconfianca
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dúvidas
| Papo com yoda
0s en sTNAMENT0S D0 mestre y0da
Dúvidas, perguntas ou curiosidades sobre carreira, mundo corporativo, Administração ou desempenho no trabalho? O Jedi mais sábio do cinema responde para você! envie sua pergunta para mestreyoda@administradores.com.br
LER MENTES
Você acha que os “gestores” do nosso país estão aptos para administrar eventos de tão grande importância como a Copa do Mundo e as Olimpíadas? Vinicius Correa
Sei que a “Força” me permite intuir sobre um futuro possível, mas ela também me dá o dom de ler a mente de meus clientes, meu chefe e meus subordinados? Fernando Reis Neto
Atormentado Vinicius, seus temores justificados são. O Lado Negro da Força muito desequilíbrio causando já está. Os Siths do congresso - e também de fora dele - tramando já estão, para os bolsos rechearem. No entanto, a capacidade para administrar presente está, garanto eu, mas muito mal direcionada. Por outro lado, marcados para sempre ficarão eles, em caso de fiasco. E sabedores disso eles são. Nossa única esperança aí reside. E justamente na esperança - esquecer você não deve - foi que os Rebeldes a Força encontraram para o Império derrotar.
Não, embriagado Fernando. Disto somente a Mãe Dinah capaz é (ironia mode ON). Mas, de fato, se um Jedi você fosse e se seus clientes, chefe e subordinados a mente fraca tivessem... aí sim, suas mentes ler você conseguiria. E, justamente por estes motivos, sua mente lendo agora estou... A revista feche e uma cerveja tomar vá. Que a Cerva com você esteja.
O MELHOR Qual deve ser a maior e melhor habilidade para um Administrador obter sucesso em sua carreira? Sérgio Ricardo A serenidade, sem dúvida, é. Muitos a “sabedoria” responderiam, mas esta somente possível é a quem sereno está para desenvolvê-la. O estresse, a irritação, a inveja, a ira, a ganância, assim como quaisquer outras perturbações, ao Lado Negro muito facilmente conduzem. A sereninade, portanto, condições proporciona para que o pleno desenvolvimento ocorrer possa, não só na Administração, mas nela com certeza.
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PROCURANDO EMPREGO Estou cursando Administração virtualmente, acabei ficando em dependência e só falta isso para poder colar grau. Eu preciso trabalhar, devo procurar emprego na área estando nessa situação? Luiz Paulo Angustiado Luiz Paulo, a busca que mais demora para êxito alcançar, aquela que não começa é. Enquanto esta pergunta você escrevia, centenas, milhares, seus currículos enviando já estavam. Então, na dependência da dependência não fique. Que a Força (e a velocidade) com você esteja!
conquistar o planeta Como dominar o mundo interior para ser um grande administrador? Sérgio Marinho Schuch Ambicioso Sérgio, o mundo querer dominar mesmo que o mundo interior seja - um grande risco de para o Lado Negro ir, representa. Para um grande administrador ser, basta a Administração dominar. Já o mundo interior, nem com Freud explicando possível seria. Ou alemão você entende? Que a Força com você fique (no seu mundo interior).
ADMINISTRAÇÃO FAMILIAR Como ocupar um bom cargo em uma empresa familiar, sendo que a maioria dos empregados de alto cargo são membros da família? Ozi Nogueira Muito simples isto é, determinado Nogueira: com a filha do dono case e para a família entre!!! Seu Sabre de Luz use para sua carreira iluminar (isto não sei se publicar vão...). Por outro lado, se a Força que em você existe despertada puder ser, os subterfúgios de lado poderão ser deixados. Seu valor mostrado deve ser, provando que a capacidade mais importante do que laços sanguíneos pode ser. O pensamento eleve e em frente vá.
divulgação
COPA DO MUNDO
por fábio bandeira de mello
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azendo a diferença. É assim que podemos definir o Glayson Ferrari dos Santos, administrador, pai, apaixonado por viajar e Chief Techinical Adviser do Programa Empresarial Angolano das Nações Unidas. Ele construiu uma carreira que mesclou técnica e compromisso com um mundo melhor. Fez parte de vários processos inovadores e protagonistas: trabalhou em 14 países da América Latina, representou articulações que envolveram os quatro continentes e agora, na África, atua em favor de uma economia inclusiva na região. Para o professor Emerson Freitas, do Centro Universitário Newton Paiva (MG), o ex-aluno Glayson “já é um grande administrador do futuro não somente pela trajetória de sucesso profissional, mas também pelo desprendimento, empreendedorismo e preocupação com as questões sociais”.
Aos 36 anos, Glayson foi o escolhido dessa edição por já possuir e demonstrar no seu dia a dia as características de um administrador do futuro.
Você nos contou que hoje é Chief Techinical Adviser do Programa Empresarial Angolano das Nações Unidas. Como chegou ao cargo? Poderia nos contar um pouco mais sobre sua trajetória? Desde criança tive muito interesse pelos temas sociais. Obtive o meu primeiro contrato formal de trabalho aos 14 anos com uma ONG. Em seguida estudei Administração com foco em comércio exterior no Centro Universitário Newton Paiva em Belo Horizonte. Na universidade fundei o grupo de Cooperadores de Comércio Exterior, um grupo de estudantes e professores dispostos ao aperfeiçoamento pessoal, social e profissional. Quase no final da universidade ingressei na ONG internacional Visão Mundial, onde permaneci por quase 10 anos, liderando programas de desenvolvimento econômico em nível nacional e internacional. Nesse período, atuei em 14 países da América Latina, liderando as discussões e mobilizações em torno da temática do comércio e do desenvolvimento
econômico. Além disso, representei a América Latina durante duas rodadas internacionais de negociações da Organização Internacional do Comércio. Fui membro do Comitê Internacional de Comércio Justo, localizado na Bélgica, e na última reunião global da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), ocorrida no Brasil, liderei a participação da sociedade civil dos quatro continentes. Deixei a Visão Mundial para ocupar o cargo de assessor internacional do gabinete do Ministro no Ministério do Desenvolvimento Social, do governo brasileiro. Em seguida ingressei no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, onde atuei como líder do Programa de Desenvolvimento Humano Local, trabalhando com municípios de todas as partes do Brasil. Em seguida, assumi a liderança do Programa Empresarial Angolano das Nações Unidas, onde estou atualmente. Durante todo
esse período atuei como consultor para organizações nacionais e internacionais e como professor de cursos de especialização e pósgraduação. Como a sua formação em Administração colaborou para alcançar esses objetivos? Gestão é o que fiz durante toda a minha carreira. Gestão de recursos, de pessoas, de tempo, de metas, de planos e de projetos. A minha formação me deu ferramentas essenciais para o sucesso de qualquer trabalho. Saber planejar, executar, monitorar e avaliar é condição para uma carreira dar certo e de quem sabe de onde saiu até onde quer chegar. Quais são os principais projetos desenvolvidos pelo Programa das Nações Unidas em que você atua no momento? Poderia nos contar mais sobre algum deles? Estou em Angola para promover o desenvolvimento. Angola é um país em reconstrução, com infinitas possibilidades e riquezas, mas que também reserva inúmeros desafios em termos de diversificação econômica e promoção da igualdade social e econômica. Trabalhamos com o governo, a sociedade civil e o setor privado. A atuação do programa pode ser resumida nas estratégias de fomento empresarial de Angola, nomeadamente das áreas de assistência técnica, microfinanças, comercialização e políticas públicas. Muitos estudantes de Administração estarão lendo esta entrevista. Qual mensagem você deixaria para eles? Primeiro nós temos que saber o que queremos, temos que saber do que gostamos. Definir a carreira pelo quanto se pode ganhar é um grande erro. A possibilidade de ser bem sucedido financeiramente aumenta para quem gosta do que faz. Segundo, tem que suar muito, trabalhar, estudar, atualizar os conhecimentos, circular em diferentes ambientes, ter uma boa rede de contatos e é claro, manter essa rede. Terceiro, ter um pouquinho de planejamento, ousadia e criatividade. Nunca mandei currículos somente para aquelas vagas para as quais eu tinha o perfil, também enviava para aquelas para as quais eu tinha potencial e várias me chamaram.
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fora do quadrado
| inovação
FORA dO QUADRADO UADRADO Nesse mês, entramos na onda do Electrolux Design Lab 2011, competição que busca ideias inovadoras para eletrodomésticos do futuro. Separamos quatro itens (6, 9, 11, 12) finalistas do projeto, além de outros bem inovadores que estão surgindo no mercado
1 1 Fone de ouvido resistente Essa é para Call Center nenhum botar defeito. A Jabra lançou recentemente o Jabra BIZ 2400, que pretende dar mais eficiência na hora de se comunicar. O acessório conta com um sistema de eliminação de ruídos, componentes em ouro para uma transmissão de voz cristalina, fio ultrarresistente reforçado, haste FreeSpin inquebrável e botões programáveis que permitem alternar chamadas entre o computador e o celular.
por eber freitas e fábio bandeira de mello
Tirador de 6 manchas prático 2 Pendurador de toalhas O banheiro é um lugar em que a organização é sagrada para algumas pessoas, onde toalhas e roupas jogadas por cima do box são inadmissíveis. Para organizar melhor e economizar espaço, o Tandem pode ser uma boa alternativa. É como um suporte expansível, que pode ter espaço para uma, duas ou três toalhas, dependendo da necessidade, e sempre ocupando somente o espaço necessário. Custa US$ 48 em adm.to/produto_tanden.
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5 3 Banheiro bom pra cachorro Uma das maiores preocupações de ter cachorros em apartamentos está relacionada à higiene do ambiente, porém, ao que parece, um item veio para modificar esse pensamento. Trata-se de um tapete higiênico 100% oxi-biodegradável, que pode ser jogado no lixo assim que o animal fizer xixi. Os dias com marquinhas de patas molhadas pela casa e mau cheiro estão contados.
4 Acorde e sorria O Smile Alarm Clock não ameaça rasgar dinheiro, mas exige um esforço a mais de quem acorda: ele só para de fazer barulho quando você exibe um belo sorriso para a câmera embutida. Segundo os designers coreanos que desenvolveram o produto, mesmo sorrisos falsos fazem bem à saúde... Então coloque o despertador bem ao lado direito da cama.
5 Porta-lixo Donas de casa não gostam (leia-se: odeiam mortalmente) sujeira no balcão da pia. Essa lixeira portátil pode se acoplar facilmente ao local, assim fica mais fácil manter a cozinha asseada: é só arrastar os rejeitos para a sacola plástica. O Portotrash custa US$ 20 em adm.to/ porta_lixo.
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O designer Adrian Mankovecky, da Eslováquia, teve uma ideia sensacional. Ele criou um protótipo portátil que permite tirar aquelas manchas indesejáveis da roupa. Basta colocá-los nos dois lados da peça de vestuário e escolher o programa de limpeza adequado. E o melhor: ele é alimentado por uma bateria de açúcar cristal. Os mochileiros ou viajantes de negócios vão adorar este limpador. A engenhoca, inclusive, faturou o 1º lugar no Electrolux Design Lab 2011.
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7 Cubo mágico para cegos Inclusão, certamente, é uma palavra extremamente propagada nos dias atuais. Uma prova disso é a nova versão criada pela Yanko Design do clássico cubo mágico (aquele mesmo que ficamos girando até completar as cores certas de cada lado). Porém, em vez das tradicionais cores, cada quadrado possui alto relevo em Braille. Agora, todo mundo mesmo poderá perder a cabeça tentando unir os lados certos do cubo.
8 Estação móvel Um carregador prático para todos os seus gadgets e que oculta os fios de forma elegante. O aspecto é semelhante a uma bacia com seis furos para os cabos, mas o Lessev Mobile Station é conectado a uma fonte de energia, assim você pode carregar celulares e câmeras sem precisar de várias tomadas. É vendido por US$ 103 em adm.to/estacao_ movel.
Micro-ondas 11 Portátil Onda 9 Aspirador de pó inteligente Limpar a casa sem muito esforço. Foi com essa ideia que nasceu o Robô de Limpeza TAP, desenvolvido pelo designer sul-coreano Gyu Ha Choi e que pretende revolucionar a faxina. Ele funciona como aspirador de pó robótico que, através de um controle remoto conectado ao sapato ou chinelo do usuário, limpa o local apontado. O produto ainda é um conceito e não há previsão para chegar ao mercado.
10 Diga ‘xis’ Pose é um acessório bem versátil para câmeras fotográficas. Além de guardar, permite ao usuário fixá-la em diversas superfícies, o que evita o velho constrangimento de não sair nas próprias fotos ou ter que pedir para algum desconhecido tirar por você. Pode ser encontrado por US$ 24 em adm.to/ prod_pose.
Se o micro-ondas veio para simplificar o uso do fogão, o Onda veio para deixar tudo ainda mais fácil e prático. Basta colocar a comida dentro da embalagem que parece uma caixa de comida e, após encaixar o Onda, o alumínio presente no interior do dispositivo cria uma conexão de circuito que aquece o prato desejado. Ah, a bateria utilizada é feita de papel. Veja como funciona em adm.to/prod_onda.
Comendo mal? Sem tempo para cozinhar? Então você provavelmente vai gostar do fogão inteligente criado pelo designer Adrian Mankovecky, da Eslováquia (o mesmo da ideia do tirador de mancha prático). Comandado por smartphone, ele planeja as compras dos ingredientes, elabora o cardápio e prepara pratos saudáveis em um tempo pré-indicado. A invenção ainda é apenas um conceito e foi um dos finalistas do Electrolux Design Lab 2011.
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entretenimento
| curiosidades, humor e sustentabilidade
curi osidades:
Viagem no tempo: o sonho continua Remédio para não curar
Você já reparou que comprar remédios na farmácia é uma rotina frequente para a maioria das pessoas? Segundo um pesquisador, existe uma razão por trás disso. Quanto menos você gasta, mais prejuízo dá às grandes companhias farmacêuticas, que estariam retardando o desenvolvimento de medicamentos extremamente eficazes para obrigar os pacientes a tomar remédios durante o maior prazo de tempo possível. Quem acusa é Thomas Steiz, vencedor do Prêmio Nobel de Química em 2009. Para ele, os grandes laboratórios “não querem que o povo se cure”. Que faz sentido, faz.
Neste mesmo espaço noticiamos, na edição anterior, a publicação do cientista Du Shengwang sobre ter provas que seria impossível viajar no tempo. Segundo sua pesquisa nada poderia viajar mais rápido que a velocidade da luz. Porém, os fãs de ficção científica podem ter uma esperança. Cientistas do Centro Europeu de Investigação Nuclear afirmaram ter descoberto partículas subatômicas (os neutrinos) capazes de viajar mais rápido que a velocidade da luz, desbancando a teoria da relatividade de Albert Einstein.
Sem desculpa para atrasos
Redes sociais estão cansando?
Água salgada em Marte
A pontualidade inexorável dos ingleses, romanceada por Jules Verne na “Volta ao Mundo em 80 Dias”, ganha mais um forte aliado. O Laboratório Nacional de Física da Grã-Bretanha desenvolveu um relógio atômico cuja margem de imprecisão é de um segundo a cada 138 milhões de anos, o CsF2. O relógio é um dos únicos do mundo que compõem a medição realizada pelo Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM).
Uma pesquisa realizada pela consultoria Gartner identificou sinais de cansaço no uso de redes sociais, como Facebook, Orkut e Twitter. Para os entrevistados, a exposição da privacidade e a superficialidade dos comentários são as razões mais fortes para a desistência. Na categoria “aspirantes” (público jovem), por exemplo, 31% do grupo indicaram estar enfadados com as redes. A pesquisa ouviu 6,3 mil pessoas entre 13 e 74 anos de idade, em 11 países, incluindo o Brasil.
A Nasa anunciou ter encontrado os primeiros indícios da existência de água em Marte. Imagens de uma câmera superpotente instalada na nave Mars Reconnaissance Orbiterde revelaram possíveis fluxos de água, que aparecem somente durante os meses mais quentes de Marte. De acordo com a agência, o achado seria tão salgado quanto os oceanos terrestres, e reforçaria a posição do planeta como futura colônia de exploração humana.
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Absentee Management – Administração ausente. Quando os executivos de uma empresa têm seus escritórios em um local, enquanto as divisões operacionais se acham geograficamente espalhadas. A implementação de uma administração ausente exige uma maior delegação de autoridade, sendo ela forçada a confiar nos relatórios que lhe são enviados e em visitas ocasionais às suas instalações.
ações para um mundo melhor: Carla de Borba Possama (CPB/ICMBio)
descom plicando:
Lista Negra – Prática patronal de registrar e fazer circular secretamente, entre os possíveis empregadores do mesmo tipo de indústria, nomes de pessoas consideradas indesejáveis, por quaisquer motivos, justos ou não. A prática se tornou ilegal nos Estados Unidos. ISO 9000 – Série de padrões de qualidade desenvolvidos por um comitê que trabalha para o International Organization for Standardization para melhorar a qualidade dos produtos e serviços de uma empresa.
humor chegando atrasado
O sujeito chega quinze minutos atrasado em uma palestra e, ao entrar, o porteiro o alerta: - Por favor, não faça barulho! O rapaz pergunta espantado: - O quê? Já tem gente dormindo?
O papel da Administração na preservação ambiental por eber freitas
Q
uem vê de longe pode até achar que é fácil. Passa uma cerca na reserva florestal, coloca alguns guardas se revezando em turnos e pronto, tá preservado. Mas o trabalho de preservação ambiental é algo bem mais complexo que se imagina, uma vez que envolve pesquisa, inovação, investimentos, atuação de profissionais de várias áreas e, principalmente, uma boa administração. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do governo brasileiro responsável por essa tarefa ambiental, utiliza um formato administrativo e planos de ação para gerenciar mais de 310 unidades de conservação da natureza, como parques, reservas, florestas e onze centros nacionais de pesquisa e conservação. Uma dessas unidades é o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), que atua na defesa de mais de 100 espécies de primatas, sendo 26 ameaçadas de extinção. Em outubro, o Centro, de atuação nacional, estará completando 10 anos de funcionamento. Para o biólogo Leandro Jerusalinky, coordenador do CPB, planejar e executar uma estratégia para conservar os primatas é garantir a
integridade do ecossistema florestal. “Algumas espécies de árvores nativas só nascem após a semente passar pelo trato digestivo dos primatas, uma vez que a principal fonte de alimentação deles são as frutas”, destaca Leandro. O trabalho do CPB começa com uma pesquisa, para saber onde estão as populações dos macacos, as suas necessidades primordiais, onde elas dormem e qual o ambiente ideal para a sua sobrevivência. “Depois disso vem todo um trabalho de conservação que inclui o envolvimento da sociedade no sentido mais amplo, desde as comunidades rurais, que estão em contato direto com as espécies, até a classe empresarial, que decide onde vão iniciar um empreendimento agropecuário ou como vai se dar o tratamento de resíduos industriais”, explica. Leandro conclui afirmando que nesse mês o CPB irá elaborar um plano de ação nacional para conservação dos primatas do Nordeste, no âmbito da Mata Atlântica. “É uma grande marca que vamos atingir agora, de importância internacional”, comemora. Que estes primeiros dez anos sejam apenas os primeiros de um órgão com uma finalidade tão nobre quanto funcional para a sociedade.
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entretenimento
| Leitura e cinema
leitura: U
Rework Planejamento é adivinhação? Relatórios são inúteis? Ignorar o mundo real? Tudo isso num guia divertido e prático para empreendedores. por leo kuba*
m dos principais fenômenos na indústria digital do Vale do Silício é a criação de diversas metodologias que simplificam e facilitam o dia a dia profissional. A impressão é de que estão sempre buscando formas de hackear os processos. Para programadores, existem as metodologias ágeis de desenvolvimento; para empreendedores, o lean startup, e por aí vai. Recentemente, Jason Fried e David Heinemeier Hansson, fundadores da 37Signals, produtora de software norte-americana que criou o bem-sucedido Basecamp, sistema para gerenciamento de projetos, lançaram o livro Rework - ainda sem versão em português – que se posiciona como um guia prático com dicas para empreendedores. Os autores se tornaram “webcelebridades” no cenário digital nos Estados Unidos pois levantaram a bandeira da simplicidade na operação dos negócios e documentaram em Rework a cultura implementada na 37Signals. A grande sacada do livro é que seu conteúdo reflete a experiência real de uma empresa e não apenas teorias que muitas vezes não se aplicam à realidade dos negócios e, principalmente, à necessidade de agilidade no dia a dia de uma empresa. Além disso, o livro é adequado à geração digital, com capítulos bem curtos, alguns com apenas uma página, e todos contam com ilustrações de Mike Rohde, que consegue resumir os temas abordados em imagens divertidas. Algumas dicas do livro são óbvias - não que o óbvio seja fácil de ser executado - e outras são pérolas como: “Ensinar é uma das melhores formas de marketing. Faça como os
chefs: vendem livros com receitas completas de seus restaurantes”, ou “Cultura de uma empresa não é criada. É um subproduto de um comportamento consistente”. Uma crítica recorrente ao livro é que ele pode passar uma imagem de que é fácil construir um negócio e que as dicas apresentadas servem para qualquer empresa. Rework não é um livro para todos e não pretende ter lugar nas faculdades de Administração, aliás, nem deve. Sua principal função é trazer um choque de realidade para empreendedores que, muitas vezes, perdem a visão prática no cotidiano de suas operações. Muitas vezes, a solução de um problema está em simplificar um processo ou raciocínio. O cenário empreendedor no mercado brasileiro cresce numa velocidade grande. Empreender, ter uma startup, criar produtos e buscar investimento tornou-se a realidade de muitos jovens empreendedores. Para essa nova geração, e para os mais experientes também, livros como Rework trazem ideias práticas de como criar negócios sustentáveis com recursos limitados e muito pé no chão. Quando terminei de ler o livro, tive a sensação de ter lido um “Minutos de Sabedoria” em versão para empreendedores, com pílulas de inspiração para a complicada rotina que é operar um negócio, ainda mais em terras tupiniquins.
Carreira: você está cuidando da sua? De Sofia Esteves, Renata Magliocca e Danilca Galdini Editora Campus, 176p. R$ 39,00
Liderança de alto nível De Ken Blanchard Editora Bookman, 352 p. R$ 77,00
A obra é indicada para o jovem que quer ingressar no mercado de trabalho e tem dúvidas sobre o próximo passo.
Nesta nova edição, Blanchard e seus coautores reúnem tudo o que sabem sobre liderança de classe mundial.
*Leo Kuba empreende, palestra, escreve e apresenta um video podcast, não necessariamente nesta ordem.
estante: Até que enfim é segunda De Roxanne Emmerich Editora Sextante, 144 p. R$ 19,90
O livro mostra como criar um ambiente de trabalho favorável para que a empresa se torne bem-sucedida.
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divulgação
cinema: A Grande Virada por paulo araújo*
A história gira em torno de um ano na vida de três homens tentando sobreviver após a demissão em massa de uma grande empresa.
É de arrepiar!” Esse foi o comentário que fiz ao meu amigo após assistir “A Grande Virada” (The Company Men), filme estrelado por nomes de peso do cinema americano como Ben Affleck, Tommy Lee Jones, Chris Cooper, Kevin Costner e outros. O filme retrata a crise americana e a quebradeira generalizada da sua economia. Bobby (Ben Affleck) é um bem-sucedido gerente de vendas que logo na primeira rodada de demissões do estaleiro onde trabalha perde seu emprego, assim como seus colegas de trabalho. O roteiro gira em torno da busca de uma nova ocupação, o impacto na família e, principalmente, as angústias de quem de um dia para o outro vê sua vida totalmente fora do eixo. O que o filme nos ensina? A empresa não é a sua vida! O processo de demissão no Grupo GTX não era nada amistoso. A pessoa era chamada e logo comunicada de que estava sendo demitida e dos benefícios a que teria direito, como mais alguns meses de salário e ajuda na recolocação profissional. A compaixão era zero! Não se esqueça que muitas pessoas se relacionam com o seu cargo e não necessariamente com você. Somos substituíveis e tenha sempre um Plano B pronto para ser colocado em ação. Passos para trás, passos para frente. O personagem insiste em manter o mesmo padrão de vida de quando estava empregado. É claro que isso só causa mais problemas e depressão. Por vezes a vida nos prega peças e sim, teremos que dar passos para trás em vários aspectos para depois voltar a dar passos à frente. Não tem como fugir! Os dilemas emocionais que os personagens enfrentam são uma atração à parte. Medo, angústia, depressão, fuga para o álcool, negação e, principalmente, a vergonha por não mais poder sustentar a própria família são pontos que tocam a alma. Pelo amor de Deus, poupe parte do seu dinheiro. A rapidez com que as famílias perdem
tudo demonstra o quanto o grau de endividamento era absurdamente alto. Os personagens tinham boas casas, bons carros, comiam, bebiam e se vestiam bem. Na verdade não tinham nada, apenas usufruíam de poder do dinheiro para pagar as parcelas dos financiamentos e hipotecas. Fica a lição: poupe sempre parte do seu salário e aprenda a viver com no máximo 80% do que você ganha. O resto, aplique. Ninguém sabe o dia de amanhã. O que sobra sempre é a família. Caso você seja do tipo que acredita que na sua empresa formamos uma grande família, o filme irá lhe ajudar a rever esse conceito. Na hora do “vamos ver” é cada um por si tentando salvar a própria pele. A esposa de Bobby é um show à parte! Age como uma verdadeira companheira e apoia o marido tanto emocional quanto financeiramente. Volta a trabalhar e ainda consegue enxergar o lado bom da situação, como ter o marido mais presente em casa e na educação dos filhos. O cunhado, Jack, faz o que pode e o que não pode para dar um emprego a ele na sua modesta empresa de obras e reformas. Sim, o ex-bem-sucedido executivo teve de trabalhar na construção civil para levar algum troco para casa. A cena em que Bobby, sua mulher e dois filhos perdem a enorme casa e se veem obrigados a morar na modesta casa dos seus pais é tocante. Pense duas vezes em trocar momentos da sua vida com a família por excesso de trabalho, reuniões e tudo aquilo que deixa de lado o que realmente importa: as pessoas que te amam! Fé, coragem e entusiasmo. Este é o mantra que ele aprende, não acredita, mas que a vida ensina no treinamento de recolocação profissional. Se deu certo acreditar nas três palavrinhas acima? Corra até a locadora mais próxima e descubra você mesmo.
*Paulo Araújo é especialista em Inteligência em Vendas e Motivação de Talentos. Diretor da Clientar e autor de “Paixão por Vender” - Editora EKO. www.pauloaraujo.com.br. @pauloaraujo07
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PONTO.FINAL A importância de
uma visão de futuro por stephen kanitz*
Nosso maior problema como prisioneiros de guerra era não termos uma visão de futuro”, disse o psiquiatra Viktor Frankl, em seu livro “O Significado da Vida”, sobre o período em que ficou preso na 2ª Grande Guerra. Ao contrário de presos comuns, não havia para o prisioneiro de guerra uma data certa para a liberdade. Isso gerava consequências trágicas. Muitos achavam que seriam libertados antes do natal de 1944, porque as forças inglesas e americanas já haviam desembarcado na Normandia. Mas o natal passou e a guerra somente terminou em junho de 1945. Decepcionados e desiludidos, centenas de prisioneiros morreram logo depois do natal, sem explicação, numa frequência duas vezes superior ao normal. Simplesmente desistiram de viver por acharem que não tinham mais futuro. Erraram por alguns meses. Nos últimos 30 anos nossos filhos têm sido bombardeados por intelectuais, imprensa e professores universitários que apontam que o nosso país não tem futuro. Nos inúmeros textos escritos por intelectuais para os comemorativos dos 500 anos do Descobrimento, em vez de olharem para um futuro a fazer, usaram a ocasião para mostrar que nem passado o Brasil possuía. Muitos desses intelectuais destacaram que somos um país de corruptos por termos sido colonizados por desterrados e criminosos, mas nunca relevaram o fato das nossas universidades públicas contratarem mais professores de Sociologia Política do que de Auditoria e Fis50
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calização. A USP tem um único professor de Auditoria e dezenas de Filosofia e Sociologia. Inclusive, um virou até presidente do Brasil. A verdade é que perdemos a nossa visão de futuro em 1964, quando imperava a visão do administrador, do advogado, do engenheiro, do empresário e do empreendedor. Para esse grupo, o futuro é para ser feito com suor, lágrimas e trabalho, não simplesmente com previsões de “modelos estatísticos”. Ou seja, o futuro é para ser criado da forma que desejamos, não aquilo esperado numa bola de cristal.
o futuro é para ser feito, não para ser previsto Mas o golpe de 1964 inverteu os papéis. Colocou no poder mais de 600 acadêmicos especializados em previsões que, verdade seja dita, controlam o país até hoje. O Japão e a Alemanha do pós-guerra fizeram diferente. Não pautaram sua reconstrução em previsões econométricas, até porque nem tinham mais uma economia para ser prevista. Decidiram construir seu “novo futuro”, ao ponto de suplantarem seus vencedores - Inglaterra e Estados Unidos. Precisamos resgatar a visão de futuro dos engenheiros, dos carpinteiros, empreendedores, advogados, administradores e rejeitar de
vez a visão niilista dos “previsores do amanhã”, que conjecturam o futuro da volatilidade, do câmbio, do juro, para poderem especular, e das previsões de curto prazo que levam a nada. Ficamos tão preocupados com as marolas que esquecemos de ver as ilhas do horizonte. Administradores muitas vezes quebram a cara e não conseguem fazer o que pretendiam, nem sempre criam empresas de sucesso como gostariam. Mas a favor dos administradores, eles têm o mérito de ter pelo menos tentado. Arriscando fazer, em vez de simplesmente tentado prever, sentados em cátedras acadêmicas com suas redomas de vidro. A única forma de devolver aos nossos filhos um sentido para suas vidas é mostrar que existe outra visão de mundo, da ação construtiva e não da especulação, que gerou a enorme crise de 2008. Afinal, o futuro é para ser feito, não para ser previsto.
* Stephen Kanitz é consultor de empresas e conferencista. Vem realizando seminários em grandes empresas no Brasil e no exterior. Mestre em Administração de Empresas pela Harvard University, foi professor da USP. No Twitter, @stephenkanitz.
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