#02 Nerds: os donos do mundo

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fevereiro de 2011 - ano 1 n o 2

Artigo: especialista em marketing revela como turbinar negócios na internet

Preço: R$ 9,90

Desajeitados, tímidos e vidrados em conhecimento, eles vêm conduzindo uma revolução sem precedentes e estão ditando os novos rumos da sociedade

negócios Quando a arte vira uma boa fonte de renda

MARKETING

Tendência

os lados positivo e negativo da compra coletiva

A badalada e polêmica pulseira Power Balance


O Brasil vive hoje um momento único em sua história. Nossa economia nunca foi tão forte e competitiva, impulsionada pelo desempenho das nossas empresas que hoje são exemplos de inovação e de gestão em todo o mundo. Esse crescimento está diretamente ligado ao trabalho profissional dos Administradores de todo o país, que juntos constroem no presente o país que queremos no futuro. Conheça o novo portal do CFA, com conteúdo e serviços para os Administradores brasileiros, acesse www.cfa.org.br.


Administradores

PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO BRASIL

SISTEMA

CFA/CRAs

CONSELHOS FEDERAL E REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO


editorial

Um dos 10 motivos de eu ser

índice

O

06 AMBIENTE EXTERNO

fã de Peter Drucker

ano era 1959 e um tal professor, ainda pouco conhecido, mas com um turbilhão de pensamentos na cabeça, fazia uma previsão um tanto improvável para o momento. Em meio à Guerra Fria, a confirmação dos mecanismos capitalistas no Ocidente e o aumento de uma massa de trabalhadores direcionada para a indústria, esse professor indicou que, num futuro próximo, surgiria um novo tipo de profissional – capaz de um elevado aprendizado contínuo. Esses novos empregados exigiriam qualificações que o operário comum não possuía: um alto nível de educação, ideias à frente de seu tempo e a habilidade de aplicar conhecimento teórico e analítico. Segundo o professor, eles seriam os “Trabalhadores do Conhecimento” e ditariam os avanços da sociedade. A previsão poderia até não ter conseguido tanto impacto, se não estivesse absolutamente certa e esse tal professor não fosse Peter Drucker, o grande pai da Administração moderna, capaz de visualizar como ninguém o futuro e as projeções para os novos rumos das empresas e da sociedade. Assim como Drucker previu, esses profissionais surgiram nas últimas décadas e estão, hoje, ditando uma verdadeira revolução no modo de vida das pes-

soas. Primeiramente, aparentavam ser um grupo de esquisitões obcecados por informação que logo foram identificados como “nerds”. Só que esse grupo demonstrou saber canalizar seu aprendizado e conhecimento em produtos e melhorias tecnológicas. Você está duvidando? Não esqueça então que vivemos na era da conectividade a 100%, com internet, smartphones, tablets, wi-fi, TVs digitais e outras máquinas maravilhosas. Entender toda essa evolução e a presença desses novos profissionais, apontadas por Peter Drucker ainda na década de 50, foi um de nossos desafios nessa edição e que você pode acompanhar da página 32 à 38. Drucker foi um estudioso capaz de enxergar à frente da sua época e nos ensinar lições que realmente transcendem o tempo pela sua relevância. Essa capacidade de antecipar incontestáveis tendências da Administração, com certeza, é um dos dez motivos de eu ter virado fã de Peter Drucker. Os outros nove? Bem, eles ficam para uma próxima conversa... Fábio Bandeira de Mello

Frases e notícias direto ao assunto

08 entrevista

O norte-americano Tony Hsieh revela os segredos de sucesso da Zappos, maior sapataria online do mundo

12 acadêmico

Os caminhos para entrar na conceituada universidade de Harvard

14 carreira

Os benefícios e as desvantagens de trabalhar em equipe

16 carreira

Workaholic ou worklover: conheça sua relação com o trabalho

19artigo

Peter Bregman relaciona o ambiente de trabalho com o oscar

20 economia

Como o Nordeste se transformou em uma região promissora

23 artigo

Marcel Planellas explica a filosofia de investimento do 3º homem mais rico do mundo

24 marketing

Compra coletiva: uma sensação que veio para ficar?

26 infográfico

Os Estudos de Hawthorne e a relação das pessoas com o trabalho

CONTATOS

»Assinaturas www.administradores.com.br/revista »Publicidade comercial@administradores.com.br Tel: (83) 3247-8441 »Correspondência Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 415 / 301 - Tambaú, João Pessoa - PB. CEP: 58039-110. »Redação e sugestões revista@administradores.com.br

O papel ultilizado nessa revista possui certificado internacional FSC - nossa prova de responsabilidade ambiental

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E-mails

Muita Atitude

28 empreendedorismo

Gostaria de ressaltar o artigo de nosso Guru, Stephen Kanitz, sempre com muito conhecimento e principalmente muita atitude em relação à nossa profissão. Apesar dele se mostrar, em certos momentos, um pouco desanimado com o rumo da Administração no Brasil, temos certeza que ele pode continuar contribuindo muito e para isto temos que abrir todos os espaços possíveis para que a mensagem dele chegue a toda sociedade. O artigo “Carta aberta aos estudantes de Administração” do jovem Leandro Vieira também é digno de parabéns e mostra a Administração “pé no chão”, adequada ao contexto brasileiro, preponderantemente formado por micro e pequenas empresas. Enfim todos artigos foram bons e tenho certeza que, seguindo o padrão do site, manterá o nível alto e agradável nos próximos exemplares. Tenho certeza que, em breve, se tornará a revista de administração mais lida Brasil. Pedro Rocha Fiuza (Presidente do CRA/MG)

Quando a arte vira um bom negócio

do 31 artigo leitor

Paula Zago fala sobre o merchandising apelativo dos realitys shows

32 capa

Entenda por que os nerds estão ditando o avanço da humanidade

38 tendência 40 artigo 41 em rede do 42 fora quadrado

A polêmica da pulseira Power Balance

infográfico

Parabéns pela revista, realmente espetacular. Gostei muito da reportagem que aborda a pirâmide Maslow e aplica ao filme Náufrago. Foi fantástica essa observação, pois esse filme realmente retrata a realidade da pirâmide de Maslow com todas as necessidades que nós, como seres humanos, precisamos. Show de bola. Amanda Reis

Como torturar pessoas utilizando o PowerPoint O Orkut morreu?

dicas importantes

A Administradores é uma revista muito boa para os estudantes de Administração, mas também para quem não é da área. Ela dá dicas importantes para quem quer gerir o próprio negócio e estar atualizado com os assuntos relacionado à Administração e assuntos correlacionados. A nº 0 alertou sobre o Administrador do Futuro (assunto importantíssimo para quem quer entrar nessa área), com um design moderno e linguagem clara. A nº 1 está abordando um assunto não menos importante: Liderança. Parabéns! Sucesso! Jamerson M. Silva

Máquina que enche o copo por baixo, dentes iluminados e outros produtos inusitados

44 agenda 45 futuro

cursos e eventos realizados no Brasil Paulo Rockembach Júnior é o administrador do futuro dessa edição

Estudantes

46 entretenimento

Sou estudante de Administração e gostaria de parabenizar a equipe pela elaboração da revista com diversos valores qualitativos e quantitativos. Destaco a matéria “Carta Aberta aos Estudantes de Administração”, pois mostra como deve ser o comportamento e o que é esperado dentro de uma instituição,assim como também, mostra a importância do embasamento teórico, prático e da atualização do profissional de nossa área. Simone Donata

Curiosidades, humor, livros e filmes

50 artigo

Sílvio Tanabe explica seis formas de turbinar negócios na internet

Mande também seu recado para a Administradores através do revista@administradores.com.br

twitter e facebook @ wagnpereira Sabe qd a ansiedade de ver o carteiro supera ansiedade em checar a cx de ent dos emails? Assine a revista administradores e sinta. @flavioperazzo A revista Administradores inovou na área.

Com abordagem prática e direta, já representa leitura indispensável para gestores e estudantes. @kellymrufino Eu já li toda minha revista Administradores, gostei muito, foi bem direcionada aos estudantes, mesmo eu ñ sendo

estudante gostei. @fbeiragrande

Tá show de bola essa capa! RT @ sauloluna: Obaaa recebi a revista Administradores Fernando Fontenele Gostei! Retirou muito a formalidade

e técnica que tem revistas como HSM, HBR e Você s/a, sem perder conteúdo! Laryssa Guedes Muito boa. Comecei a ler e estou gostando muito do formato e do conteúdo.

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acadêmico instituição

Harvard:

sim, você pode Fazer uma pós-graduação na mais antiga universidade dos Estados Unidos, eleita a melhor do mundo no ranking do jornal britânico The Times e por onde passaram diversos nomes importantes, como o atual presidente dos EUA - Barack Obama - e o gênio nerd do Facebook - Mark Zuckerberg: é demais para você? por Simão Mairins

E

m 1636 nascia, em Cambridge, a New College, primeira escola de ensino superior dos Estados Unidos. Batizada em 1639 como Harvard College, tornouse a Harvard University em 1780 e é, hoje, uma das mais respeitadas instituições do mundo. Por lá passaram vários ex-presidentes norte-americanos, como Franklin Roosevelt, John F. Kennedy e George W. Bush. Além desses, a universidade recebeu ainda o atual mandatário do país, Barack Obama, e os gênios nerds Bill Gates (Microsoft) e Mark Zuckerberg (Facebook). Com tanta história e uma galeria de ex-alunos ilustres bem extensa, a Universidade de Harvard só poderia ser, também, a mais cobiçada 12

por estudantes do mundo todo, inclusive do Brasil. Atualmente, 64 brasileiros estão matriculados na instituição, todos em cursos de pós-graduação, sendo que a maior parte deles estuda na escola de negócios, a Harvard Business School. Pelo pequeno número de brasileiros matriculados - em um universo de cerca de 20 mil alunos - dá para perceber que conseguir uma vaga na instituição não é das tarefas mais fáceis. Segundo o jornal americano Wall Street Journal, até o magnata Warren Buffett foi rejeitado por Harvard. Entretanto, se tem gente que conseguiu, pode até ser difícil, mas não é impossível. “É um grande desafio, mas dá para chegar lá”, afirma o brasileiro Pedro Henrique de Cristo, aluno do Mestrado em Políticas Públicas de Harvard. O caminho até a universidade norte-americana foi árduo,

Por lá passaram vários ex-presidentes norteamericanos, como Franklin Roosevelt, John F. Kennedy e George W. Bush

conta o estudante. Mas, com um bom histórico escolar e acadêmico e boas experiências, conseguiu atingir seu objetivo. “Pesquisei tudo que eu precisaria fazer para entrar em Harvard e decidi correr atrás. Eu tinha boas notas no colégio e na faculdade. Daí, consegui as cartas de recomendação e fui fazer as provas. Lá, tive um bom aproveitamento, o que me deixou confiante”, conta Pedro. Como entrar Dificilmente, aqui no Brasil, um menino de 12 anos planeja estudar em Harvard. Mesmo assim, para conseguir uma vaga na cobiçada universidade, é preciso ser bom desde cedo. O currículo acadêmico não basta, na hora de batalhar por uma vaga em algum dos programas de pós-graduação da instituição. Ter boas notas no histórico escolar pode fazer a diferença. Ter sido um bom aluno, no


entanto, é apenas um dos mais básicos pré-requisitos. Nas seleções são exigidos diversos testes, que vão avaliar desde a fluência do estudante postulante no idioma inglês até as aptidões dele para a área de negócios. “É preciso ter boas notas, fazer as provas do TOEFL e GMAT ou GRE (ver quadro 1), além de apresentar cartas de recomendação de três pessoas que conheçam seu trabalho. Você também tem de escrever três redações e ter um currículo profissional coerente com aquilo que quer cursar lá”, explica Pedro. “Uma vez enviados todos os itens, a escola faz uma pré-seleção e convida apenas alguns alunos para uma entrevista, que é feita com ex-alunos ao redor do mundo ou com membros da escola”, explica Luana Bichuetti, formada no MBA da Harvard Business School em 2010 e integrante da comissão de ex-alunos da instituição. Luana expli-

ca que, anualmente, membros do corpo de admissão da escola oferecem uma palestra informativa sobre a escola e os processos seletivos. “Nessa palestra estão presentes não só membros da escola, mas também ex-alunos que dão dicas e contam um pouco de sua experiência”, explica Luana. Como permanecer No fim das contas, entrar em Harvard é o mais fácil. Manter-se por lá que é complicado. O primeiro ponto, onde muita gente esbarra, é o financeiro. Estudar em Harvard não é nada barato. Então, se você não é rico (bem rico!), mas, mesmo assim, pensa em tentar uma vaga, apresse-se em batalhar por uma bolsa de estudos. A despesa anual em Harvard não sai por menos de US$ 45 mil, segundo informações contidas no site do David Rockefeller Center for Latin American Studies (DRCLAS), centro de estu-

dos de Harvard que mantém um escritório no Brasil. No caso do estudante Pedro Henrique, a despesa total dos dois anos no mestrado será de US$ 140 mil, valor que não dá para cobrir somente com a bolsa que ele conquistou. “Eu consegui bolsa integral da Harvard e também da Fundação Estudar, mas, mesmo assim, tive de trabalhar de professor assistente e pesquisador assistente para fechar as contas”, afirma Pedro. O esforço, no entanto, vale a pena. Ter Harvard no currículo, sem dúvidas, será sempre um grande diferencial. Conhecida por sua diversidade, a universidade é um espaço extremamente fértil para a profusão de ideias e, por isso, um importante instrumento na formação de grandes profissionais, capazes de pensar diferente. Então, vá em frente. Afinal, não há sonho impossível para quem está disposto a lutar para realizá-lo.

Quais são e como funcionam os testes TOEFL

GMAT

O Test of English as a Foreign Language (em português, Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira) é utilizado para avaliar a habilidade do estudante no idioma. A prova é feita ainda no Brasil e a aprovação nela é pré-requisito para admissão na maioria das universidades de países de língua inglesa.

O Graduate Management Admission Test (em português, Exame de Admissão para Graduados em Administração) é um exame com questões matemáticas e de língua inglesa utilizado para medir as aptidões do estudante na área de negócios.

www.gmac.com/gmac

www.ets.org/toefl/

IELTS

O International English Language Testing System (em português, Sistema Internacional de Testes em Língua Inglesa) também é um exame padronizado de proficiência no idioma e pode ser cobrado em Harvard.

http://www.ielts.org

GRE

O Graduate Record Examination é utilizado para avaliar as competências adquiridas ao longo da vida pelo estudante e não tem vínculo com uma área específica de conhecimento. Nele são consideradas variáveis como raciocínio verbal, raciocínio quantitativo e habilidades na escrita.

www.ets.org/toefl/

Para saber mais sobre os programas de financiamento oferecidos pela própria universidade de Harvard, visite o site: www.hbs.edu/mba/admissions/financialaid. Para saber mais sobre as bolsas de estudos da Fundação Estudar, visite o site: www.estudar.org.br 13


carreira equipe

Trabalho em equipe:

tirania ou casamento feliz?

O trabalho em equipe tornou-se o modo mais seguro e padronizado nas empresas. Na verdade, a maioria de nós gosta de trabalhar assim. No entanto, raramente, gerentes e gestores questionam as premissas por trás dessa mania. Será que o trabalho em equipe, nos dias de hoje, é realmente vantajoso ou está ultrapassado? Vamos analisar... Por Karsten Jonsen*

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A equipe dos sonhos do futuro

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trabalho em equipe não é para todos, podendo levar à exclusão, ao ostracismo social e provocar consequências graves para os envolvidos. Porém, quantas pessoas podem realmente se dar ao luxo de escolher trabalhar fora de equipes quando as organizações são voltadas à ideologia do grupo? As coisas, e o modo como somos socialmente treinados para pensar, são assim. No entanto, há tendências na sociedade que podem estar mudando essa maneira de pensar, explicitamente no desenvolvimento da internet e suas aplicações. A máxima “duas cabeças pensam melhor que uma” parte do princípio de que “as cabeças” possuem mais informações. Claro que possuem, mas, no mundo conectado de hoje, é justo concluir que grande parte das informações que utilizamos em nosso cotidiano, de fato, migrou da cabeça para as redes. Pode ser encontrada on-line por meio de buscas, ou através de redes sociais, em que as pessoas são conectadas (como no Facebook, LinkedIn ou Wikipedia). Assim, nosso trabalho é cada vez mais uma questão de encontrar, transformar e, mais importante, processar a informação que está disponível na ponta dos dedos. Isto é feito de forma mais eficaz por indivíduos, enquanto a análise e discussão sobre as possíveis implicações e priorização são feitas mais eficientemente em equipe. As novas gerações gostam de formar suas próprias equipes, redes, grupos no Facebook, encontros ou o que for. Elas precisam de liberdade, inspiração e orientação em vez de comandos e restrições. As empresas, portanto, precisam dar apoio quando equipes “informais” (ou duplas) são formadas naturalmente, através

de interesses e personalidades em comum. Comunidades de prática são um bom exemplo da equipe contemporânea. São grupos de pessoas (dentro ou fora das organizações) que compartilham um interesse ou paixão por algo que praticam (por exemplo, um software específico ou técnicas de marketing) e aprendem como melhorar essa prática ao interagirem entre si. Essas comunidades de prática não precisam se preocupar com a Siebel, MindMap, jogos, iPads ou outras tecnologias. Elas também sabem lidar com questões sociais ou de negócios que ocupam as mentes de muitos jovens hoje, como responsabilidade social, meio ambiente ou ecologia. Assim, o desafio será de modernizar o trabalho em equipe e os processos, e de encontrar o equilíbrio entre as equipes estabelecidas dentro de uma empresa e as equipes colaborativas que abrangem todas as organizações, disciplinas e fronteiras.

*Karsten Jonsen É pesquisador do IMD, uma das principais escolas de negócios do mundo, localizada na Suíça.

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carreira horas de trabalho

Quando a dedicação

vira excesso

Entenda qual a sua relação com o próprio trabalho e o que fazer quando você descobre que se tornou um workaholic por Eber Freitas

V

ocê já assistiu o filme Clube da Luta (Fight Club, 1999)? Se a resposta for afirmativa, então você conheceu um caso clássico de um workaholic: Tyler Durden é um funcionário de uma empresa de seguros, sem família, namorada ou vida social, que passa a maior parte do tempo em aviões, não dorme e procura preencher a falta de significado da vida com objetos de decoração. Uma bomba que, a certa altura, explode da pior maneira e de modo que cause os maiores estragos possíveis. Apesar de ser um personagem de ficção, Tyler simboliza uma manifestação indesejada, um apêndice, um efeito colateral do estilo de vida capitalista. Essa manifestação corresponde aos viciados em trabalho, pessoas que procuram no emprego o que não encontram no campo afetivo, espiritual e social.

Sintomas e diagnóstico Não é difícil identificar um workaholic, mas apenas o fato de passar muitas horas além do necessário trabalhando, bem como nos fins de semana, não representa, por si só, um diagnóstico do vício. No entanto

Para detectar o vício é necessário um diagnóstico simples que deve ser feito por um profissional especializado”

Workaholic O termo foi citado pela primeira vez no começo da década de 70, pelo psicólogo americano Wayne Oates, no livro “Confessions of a Workaholic”. A palavra é derivativa da junção work (trabalho) + alcoholic (alcoólatra). Segundo o professor e coordenador do Laboratório de Pesquisa do Trabalho da UNB, Wanderley Codo, foi a partir da vivência clínica de pessoas com características e sintomas semelhantes a viciados que foi elaborado o conceito. 16

quando essas horas a mais são, na verdade, uma maneira de fugir da vida social, dos conflitos familiares, conjugais ou de outros aspectos cotidianos, é bom ficar alerta: você pode ter problemas maiores do que aparenta e, acredite, não vai querer conviver com eles. Os sintomas físicos costu-


Worklovers Se você gosta e já está acostumado a trabalhar 12 horas

Vício ou status? Muita gente gosta do trabalho, sente prazer no que faz e passa algumas horinhas a mais no escritório, abrindo mão de fazer coisas mais interessantes, como sair com o parceiro, assistir um filme ou ler um livro, por exemplo. No entanto, criou-se uma balbúrdia, a partir dos anos 90, de que gos-

O exworkaholic Chirstian Barbosa em uma de suas palestras sobre tempo e produtividade

tar de trabalhar seria um sintoma de vício, já que para muita gente trabalhar é um esforço necessário apenas para ganhar dinheiro, e não uma fonte de deleite. Incorporando essa cultura, jovens profissionais se intitulam workaholics como uma forma de manter uma fama entre os colegas de um trabalhador esforçado, que abre Carol Azevedo consegue aliar mão de tudo tempo para o trabalho e o lazer para conseguir os resultados necessários. Porém, há uma diferença gigantesca entre gostar de trabalhar e ser um viciado em trabalho, o que abrange sintomas físicos e psicossociais graves. Um workaholic busca, através do trabalho, criar um “mundo particular” para escapar dos problemas reais, não um status quo.

Divulgação

por dia, e até alguns fins de semana, não precisa ficar alarmado: você não é, necessariamente, um workaholic. As pesquisas coordenadas pelo professor Wanderley Codo identificaram outro tipo de profissional que, embora tenham essa característica de um viciado, não permitem que isso interfira nos demais aspectos da vida nem se utilizam do trabalho como um meio para fugir dos problemas. Tais profissionais foram denominados worklovers, pessoas que amam o próprio trabalho e desenvolvem uma relação perfeitamente salutar com ele. Carol Azevedo, diretora de Criação da agência de publicidade Bloom, acredita que seu perfil se encaixa nessa categoria. Apesar de trabalhar, em média, 10 horas por dia entre dois escritórios da agência, ela afirma que é apaixonada pelo que faz e que isso é feito de forma equilibrada e sem pesar na sua vida social, pessoal e afetiva. “Eu me considero uma worklover de carteirinha! Sou apaixonada pelo que faço e procuro profissionais com a mesma característica para a minha equipe. É essa paixão que traz qualidade e a constante busca pelo aprimoramento. Gosto de criar, de estar envolvida com as pessoas, à frente de desafios e projetos”, afirma a diretora.

Divulgação

mam ser bem semelhantes ao do personagem Tyler. “Eu ficava extremamente cansado, só pensava em trabalhar, tinha dificuldades para dormir. Ficava doente constantemente, comecei a ter uma gastrite, que evoluiu para úlcera e depois um pequeno tumor no tubo digestivo”, lembra Christian Barbosa, CEO da consultoria Triad e ex-workaholic. Embora o mais indicado para a maioria dos viciados em trabalho seja uma ajuda médica, alguns profissionais conseguem encontrar a resposta quando reconhecem o próprio problema. No caso do Christian, a melhor forma de lidar com o vício foi aprender a gerir o próprio tempo. Se deu certo? O fato de ele ter se tornado um dos principais especialistas em gestão do tempo do Brasil dá por si só a resposta. “Eu fui um workaholic dos piores tipos dos 16 aos 20 anos de idade. Procurei ajuda na gestão de tempo; comecei a me organizar melhor, priorizar outras coisas, adicionar tempo para mim mesmo na agenda. Foi um processo que demorou 4 meses para conseguir parar de trabalhar aos domingos e um total de 10 meses para ter mais vida”, reconhece Christian. Entretanto, Wanderley Codo garante que um auxílio especializado é essencial tanto para diagnosticar o vício quanto para tratá-lo. “Para detectar o vício é necessário um diagnóstico simples que deve ser feito por um profissional especializado, porque o que vai se estudar é o grau e tipo de relação que ele tem com o trabalho e com a vida. O paciente pode perfeitamente trabalhar muitas horas e ter uma relação perfeita com o trabalho e com os demais aspectos da vida”, explica.

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quiz horas de trabalho

QUIZ 1 – Você se empolga mais com seu trabalho que com qualquer outra coisa? 2-Você trabalha ou lê durante as refeições? 3-Você regularmente deixa de almoçar para trabalhar? 4-Seu horário de trabalho causa estranheza nos seus relacionamentos? 5-Seu trabalho interfere no seu tempo livre? 6-Você pensa muito sobre trabalho fora do escritório? 7-Você subestima o tempo de duração de um projeto e depois corre para terminá-lo no prazo? 8-Você geralmente sobrecarrega sua agenda? 9-Você sente que não pode reduzir sua carga horária sem comprometer sua carreira?

Você é um workaholic? Faça o teste e confira

Você costuma esquecer ou perder compromissos sociais e festas de família por causa do trabalho? Mesmo dormindo ou comendo, sua cabeça continua no escritório? Depois de ler a matéria anterior, responda as perguntas abaixo do teste e descubra se não está na hora de diminuir o ritmo. Dinâmica: Responda honestamente as perguntas abaixo, some 1 ponto para cada resposta SIM e confira o resultado:

11-Você cancela eventos familiares e sociais para cumprir prazos determinados por si próprio? 12-Você pensa em trabalho enquanto dirige, escuta outras pessoas falando ou quando está indo dormir? 13-Você é competitivo? 14-Você trabalha mais de 45 horas por semana? 15-Você desistiu de algum de seus hobbies por causa do trabalho? 16-Você se preocupa excessivamente com o futuro, mesmo quando as coisas estão bem? 17-Você acredita já ter adoecido por causa do trabalho? 18-Você está infeliz com seus hábitos de trabalho?

10-Você tem dificuldades em delegar tarefas a outras pessoas?

O teste foi elaborado pela Empregos.com.br, portal que disponibiliza vagas para profissionais e empresas em todo o país. 18

resultado

1 a 8 pontos

você consegue um bom equilíbrio entre a ambição e hábitos saudáveis. Bom para a sua saúde e bom para a sua carreira também, afinal, você reserva um tempo para aprender e viver experiências que também podem contribuir para o seu desenvolvimento profissional.

9 a 14 pontos

Não está na hora de tirar aquelas férias vencidas? Seu corpo pode não ter reclamado ainda, mas certamente seus pensamentos às vezes fogem e sua produtividade está comprometida. Tente umas férias, mas, se não for possível agora, aposte nos exercícios físicos, nas atividades culturais e em tudo o que lhe dá prazer.

15 a 18 pontos

Reduza suas horas de trabalho, pois há mais vida fora do escritório. O ideal mesmo é que você se desligue por uns dias e faça algo para o bem do seu corpo e da sua mente. Você ficará mais disposto e conseguirá trabalhar bem em menos tempo, porque sua produtividade aumentará.


artigo oscar

Ninguém ganha o Oscar sozinho O que o Prêmio da Academia nos ensina sobre trabalho em equipe *Peter Bregman

E

u estava descendo a Main Street na Park City, em Utah, durante o Sundance Film Festival com minha amiga Allison, uma diretora de elenco que parecia conhecer todo mundo. Em um determinado momento, nós paramos para cumprimentar um ator que estava decepcionado com a aceitação que ele estava tendo no Festival. “Quem realmente faz os filmes são os atores”, contoume. “O roteiro é apenas o preto e branco de uma página. É o ator quem dá vida às palavras”. Mais tarde, nos deparamos com outro amigo de Allison, um roteirista que estava com um filme no mesmo festival. Ele também estava insatisfeito e o papo foi igual ao que tivemos pouco antes com o ator. “Um filme é criado por quem o escreve”, disse ele. “É o roteirista que inventa a história, ele é o responsável pelo filme”. A caminhada foi na Main Street durante o Sundance, mas poderia muito bem ter sido no corredor de alguma empresa, em um dia comum. Quem é responsável – e deve receber a maior parte dos créditos – por um produto ou serviço que traz altos resultados? A equipe que o desenvolve? As pessoas que o negociaram? Os profissionais que o venderam? Os representantes que conquistaram a confiança dos clientes? A equipe de executivos que traçou as estratégias? Nem todas as pessoas na equipe têm o mesmo valor, certo? Pense em uma equipe espor-

tiva: há estrelas – que recebem milhões – e há os outros jogadores, que têm menos destaque. É simplesmente oferta e demanda: algumas pessoas são mais facilmente substituíveis que outras. Então, logicamente, nós teríamos que dizer que os mais bem pagos, mais visados, portanto, são “mais insubstituíveis” são os responsáveis pelo sucesso do produto ou serviço. Até nós olharmos para a lista de indicados ao Oscar em 2010. Cisne Negro, indicado a Melhor Filme, por exemplo, foi indicado na categoria de Melhor Diretor, Atriz Principal, Fotografia e Montagem. Outro indicado a melhor filme, O Lutador, também foi indicado em Roteiro Original, Melhor Diretor, Montagem, Ator Coadjuvante e duas indicações para Atriz Coadjuvante. A Origem também foi indicado em Roteiro Original, Direção de Arte, Fotografia, Trilha Sonora Original, Edição de Som, Mixagem de Som e Efeitos Especiais. O Discurso do Rei foi indicado a um total de onze outras categorias, além da principal. Bravura Indômita recebeu nove indicações. A Rede Social recebeu sete. E, talvez mais significativas, quantas produções indicadas ao prêmio de Melhor Filme não tiveram indicações em outras categorias? Nenhuma. Na verdade, para conseguir uma indicação ao prêmio principal, é preciso ser indicado a melhor em três outras categorias.

Em outras palavras, um filme só é considerado bom quando todas as várias partes que o compõem são, independente e colaborativamente, boas. Nunca é somente o talento de uma única pessoa ou equipe, mesmo quando aquela pessoa é Mark Wahlberg, Natalie Portman, ou um dos irmãos Coen. No total, os dez que disputam o prêmio de Melhor Filme foram indicados a cinco prêmios de direção, nove de roteiro, 15 de atuação e 29 outros, como montagem, mixagem de som, fotografia e direção de arte. É improvável que todas essas produções tivessem sido indicadas a Melhor Filme – e muito mais improvável que vencessem – se não fosse o trabalho brilhante feito pelas equipes e pessoas que nós raramente vemos e quase nunca a reconhecemos. Nós, provavelmente, não sabemos o que a maioria delas faz. Quase sempre é um equívoco destacar um indivíduo, um papel ou uma única equipe como responsável pelo sucesso de uma empresa quando existe todo um grupo que contribuiu. Cada um daqueles com quem falamos em Sundance poderia estar correto

ao achar que não estava recebendo o devido crédito pelo que fez. Mas eles também estavam todos errados ao acharem que eles mereciam todo o crédito. Os melhores líderes sabem disso - não se consagram apenas da boca para fora - eles realmente sabem que é verdade. E eles transmitem isso sendo humildes. Humildade não é apenas uma atitude, é uma habilidade. As pessoas mais eficazes são altamente confiáveis (elas sabem que agregam um valor significativo) e humildes (eles reconhecem o imenso valor adicionado por aqueles que os rodeiam). A habilidade é deixar que as pessoas ao redor saibam disso. No fim da nossa caminhada, eu me virei para a minha amiga Allison e perguntei se ela não era a pessoa mais importante em um filme. Afinal, ela escolheu a maior parte das pessoas que fizeram sucesso. “Ah, eu sou importante”, disse ela. Depois acrescentou: “tão importante quanto todos os outros”. Peter Bregman - escreve uma coluna semanal, na Harvard Business. Ele palestra, escreve e aconselha sobre como liderar e como viver. Ele é CEO da Bregman Partners Inc.

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economia desenvolvimento regional

S Nordeste A vez do

Simão Mairins

Aproveitando o bom momento vivido pelo Brasil nos últimos anos, a região tem conseguido se livrar dos estereótipos e empreender uma grande reviravolta no sentido de provar que é, sim, capaz de ser uma economia forte por Simão Mairins

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e o Brasil tem crescido e chamado a atenção do mundo com a promessa de se tornar uma potência em breve, internamente, o Nordeste é a bola da vez. Segundo estimativas publicadas no Boletim Conjuntura Econômica, divulgado pelo Banco do Nordeste no fim de 2010, a região cresceu 8,3% no ano passado, mais do que a média nacional, analisada em 7,5%. A região também bateu recordes na geração de empregos, mesmo durante o período de crise econômica. Antes de falar sobre esse bom momento, no entanto, é bom dar uma olhada no retrovisor. Prestar atenção no ontem é fundamental para entender por que o crescimento verificado hoje é algo tão extraordinário e, ao mesmo tempo, não se deixar levar pela euforia que o progresso costuma causar. Nesta matéria, procuramos fazer um breve resgate do que, historicamente, foi a região, mostrar como ela está se desenvolvendo atualmente e apresentar os desafios para o futuro. O Nordeste de ontem “Por causa da seca, o Nordeste nunca se desenvolveu, dando à população apenas três alternativas: o flagelo, a emigração ou o banditismo”. Hoje, essa tese já não faz o menor sentido, embora não falte quem ainda a defenda. Entretanto, foi esse pensamento que justificou, durante séculos, a miséria da região,

fazendo vista grossa para o fator mais relevante: o político. Desde o período imperial do Brasil, medidas para reduzir os impactos gerados pela estiagem foram tomadas sem sucesso. As políticas ineficientes associadas à corrupção política só agravaram o problema. Iniciativas como o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) chegaram a desempenhar um papel relevante, mas acabaram sucateadas e perdendo o foco de atuação. Esta segunda, inclusive, chegou a ser desativada em 1999 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, devido a denúncias de corrupção. Ao longo da história, a região também foi a que mais perdeu habitantes para outras zonas do país, por falta de oportunidades e, principalmente, de políticas públicas que suprissem as demandas básicas dos cidadãos. Não é à toa que, atualmente, cerca de 20% da população da cidade de São Paulo é composta por nordestinos, segundo o IBGE. O Nordeste de hoje No fim do ano passado, o CEO mundial do Grupo Fiat, Sergio Marchionne, veio ao Brasil dar o pontapé inicial da nova montadora da companhia no Brasil. Instalada no Complexo Industrial Portuário de Suape, na região metropolitana de Recife (PE), a fábrica, na qual foram investidos cerca de R$ 3 bilhões, produzirá 200 mil veículos por ano, a partir de 2014, e atenderá


Potencializando as potencialidades

A grande notícia, hoje, é o Nordeste que cresce. Mas já faz um certo tempo que o Nordeste é grande.

Indústria petroquímica

Camaçari (BA), Pecém (CE), Suape (PE) e o litoral do Rio Grande do Norte estão entre os maiores complexos do setor no Brasil. A região conhecida como Bacia do Rio do Peixe, no interior da Paraíba, também tem se mostrado promissora e empresas petrolíferas já foram autorizadas a explorá-la.

Agronegócio

No Vale do Rio São Francisco, é forte a produção agrícola voltada para o mercado externo, com destaque para a vinicultura. Já Maranhão e Piauí são importantes produtores de grãos. Este último, inclusive, foi responsável por segurar o crescimento do Nordeste no ano passado, compensando os prejuízos de Pernambuco e Alagoas causados pelas enchentes.

Turismo

O litoral nordestino, há bastante tempo, é um destino cobiçado por veranistas brasileiros e estrangeiros, muitos dos quais, inclusive, acabam ficando e investindo na região. No Ceará, por exemplo, a Câmara de Comércio BrasilPortugal estima que existam 700 empresas registradas por portugueses. Outros estados, como Paraíba e Pernambuco têm despontado na área do turismo de eventos, que é fundamental para amenizar os efeitos da sazonalidade e garantir a sustentabilidade dos empregos gerados nos períodos de alta estação. Nesse campo, o grande problema é a infraestrutura ainda deficitária

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economia desenvolvimento regional

ape, onde ficará a montadora da Fiat, assim como o porto de Pecém, em Fortaleza, estarão integrados, nos próximos anos, a boa parte do Nordeste através da ferrovia Transnordestina, empreendimento que já está sendo o motor do crescimento de diversas pequenas e médias cidades interioranas. O município de Salgueiro (PE), por exemplo, com seus poucos mais de 50 mil habitantes, abriga hoje a maior fábrica de dormentes (estruturas de concreto utilizadas para sustentar os trilhos de uma ferrovia) do mundo. A cidade, que está estrategicamente localizada no encontro da Transnordestina com o canal de transposição do Rio São Francisco, recebeu grande parte das frentes de trabalho das duas obras. A boa fase, entretanto, tem exigido muita atenção da administração pública. Com as obras, a cidade se viu obrigada a lidar com um incremento populacional muito atípico. Estima-se que existam, atualmente, 15 mil pessoas de outras localidades trabalhando por lá. Essa demanda por profissionais, inclusive, tem reconfigurado o modelo de migração comum no Nordeste, conforme explica o professor Francisco de Lima, da Universidade Regional do Cariri (URCA). “A inversão do movimento migratório recente traz para o Nordeste não somente grupos populacionais que deixaram a região em busca de melhores condições de inserção no mercado de trabalho, mas, também, pessoas cujas origens estão ligadas àquelas regiões mais

“O Nordeste é a noiva encantada de todos os empresários” Luiza Trajano, presidente da Magazine Luiza te do grupo Magazine Luiza, ao anunciar, no ano passado, a aquisição da rede Lojas Maia, com suas cerca de 140 unidades na região. “Os investimentos realizados pelos poderes públicos em infraestrutura nos estados da região têm dado à iniciativa privada perspectivas favoráveis de retorno aos seus investimentos”, afirma o economista Jessé Ferreira. As grandes obras e seus impactos O complexo portuário de Su22

desenvolvidas”, explica. Esse cenário levanta o debate em torno de uma questão importante: a capacitação da mão de obra. “Hoje a gente tem emprego à vontade, mas não conseguimos abraçar todos porque falta mão de obra qualificada para a demanda. E aí acabam vindo profissionais de fora”, explica Marcones de Sá, prefeito de Salgueiro, que defende, como solução, investimentos no ensino técnico profissionalizante com foco nas potencialidades da região. Os desafios para amanhã “O crescimento ainda não foi capaz de erradicar os graves problemas sociais de origem histórico-estrutural”, afirma Francisco de Lima. Para se ter uma ideia do que diz o professor, na Bahia, o estado mais rico da região, 43,47% da população é pobre, segundo o IBGE, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é 0,742 inferior ao de países como Gabão e República Dominicana. “Para que o crescimento possa alcançar níveis satisfatórios, problemas como concentração de renda e fundiária, analfabetismo e clientelismo devem ser eliminados. Os baixos índices interferem no crescimento da região, pois, recursos que poderiam ser canalizados para investimentos em obras públicas e

serviços públicos são deslocados para minimizar os mesmos”, explica o professor. Segundo Francisco de Lima, o crescimento sustentável do Nordeste passa ainda pela necessidade de fortalecer as atividade econômicas existentes e desenvolver outras novas, de modo que os produtos da região se tornem mais competitivos e, ao mesmo tempo, a população tenha mais oportunidades de emprego. “É preciso, também, desconcentrar a produção, privilegiando a interiorização”, complementa o professor. Como? “A função da iniciativa pública é de dar condições e assegurar o bom funcionamento do mercado. A partir daí cabe à iniciativa privada investir e atuar na economia”, complementa o economista Jessé Ferreira. Enfim, os desafios ainda são muitos. Afinal, séculos não se desfazem em dias. Entretanto, com os pés no chão e o olhar voltado para o futuro, o Nordeste tem tudo para sustentar a longo prazo o bom momento vivido atualmente e dar um ar mais arretado à economia brasileira.

Simão Mairins

o mercado brasileiro e latinoamericano. Além da fábrica, cerca de 40 empresas fornecedoras de componentes e sistemas também devem ser instaladas no entorno da montadora. Com essa arquitetura de negócio, a expectativa é de que sejam gerados cerca de 20 mil novos empregos em Pernambuco. “Esta combinação transformará o panorama econômico da região”, afirmou Cledorvino Belini, presidente da Fiat na América Latina. “O Nordeste é a noiva encantada de todos os empresários. Hoje, a economia brasileira está vivendo um momento memorável de crescimento, e o Nordeste é um dos principais responsáveis por esse acontecimento”, afirmou Luiza Trajano, presiden-


artigo investimento

As regras de Buffet O que um dos mais bem sucedidos investidores do mundo pode nos ensinar sobre a arte de vender e comprar ações Marcel Planellas*

W

arren Buffet está, novamente, em evidência: através de sua empresa de investimentos Berkshire Hathaway, realizou investimentos significativos durante o terceiro trimestre de 2010. Injetou 2.2 bilhões de dólares em ações de empresas líderes mundiais, como a Wal Mart eExxon, e, fora dos EUA, a suíça Nestlé. Logo depois, no início de novembro, adquiriu a companhia ferroviária Burlington Northern Santa Fe (BNSF), avaliada em 44 bilhões de dólares. Esses investimentos do chamado “Oráculo de Omaha” têm causado um grande número de análises e comentários. Não se pode esquecer que estamos falando sobre o terceiro homem mais rico do mundo, de acordo com a Forbes, onde se alterna com Bill Gates e Carlos Slim. Por que esses investimentos? Quais são as regras que Warren Buffet segue para investir? As chaves para responder a essas perguntas são encontradas na própria biografia de Buffet. Warren Buffet estudou na Universidade de Nebraska e logo fez um MBA na Columbia Business School, onde foi aluno do Benjamin Graham, autor de livros como “Security Analysis” e “The Intelligent Investor”. Depois de terminar seus estudos, trabalhou com Graham, aprendendo suas regras de investimento, até sua aposentadoria. Voltou a Omaha em 1956 sem nenhum plano em mente, até que um amigo lhe pediu para gerenciar seus investimentos. Foi assim que Warren Buffet começou sua carreira de investidor. Hoje, continua vivendo em Omaha, bem distante de Wall Street e, sempre que tem oportunidade, repete que sua bíblia de investidor são as regras transmitidas por Benjamin Graham, seu professor e mentor.

Não se pode esquecer que estamos falando sobre o terceiro homem mais rico do mundo

Warren Buffet se encontra com o Presidente Barack Obama. Buffet foi considerado pela Forbes o terceiro homem mais rico do mundo em 2010

As principais regras de “value investing” são, em síntese, as seguintes: - Aproveitar as flutuações a curto prazo das ações para investir a longo prazo. - Buscar negócios compreensíveis. Nunca investir em um negócio que não se pode compreender. - Buscar negócios que tenham perspectivas favoráveis. Comprar companhias com um bom histórico de lucros e uma posição de liderança. - Optar por empresas dirigidas por gestores competentes, que busquem gerar valor para os acionistas. - Preocupar-se em obter um alto retorno, conseguindo sem malabarismos contábeis ou endividamento excessivo. - Em investimentos, nunca deixar se levar pelas “modas do mercado”.

*Marcel Planellas - professor do departamento de Política de Negócios e Secretário Geral da ESADE Business School (Barcelona - Espanha), uma das escolas de negócios com maior prestígio internacional.

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marketing febre do momento

As faces da

compra coletiva Promoções tentadoras e oportunidades irresistíveis. Alguns sites de compra coletiva oferecem descontos de 90%, o que gera visibilidade para as empresas e bons preços ao consumidor. Mas existe algum lado negativo nesse modelo de negócio?

por Fábio Bandeira de Mello

J

oão Cleyton Nascimento descobriu no ano passado uma forma extraordinária de conhecer novos restaurantes e passeios economizando uma boa grana. Ele experimentou a culinária japonesa, comeu em lugares sofisticados e até viajou com os amigos para outro estado pagando apenas 50 reais pelo transporte e passeio. “Através de indicações, conheci alguns sites de compra coletiva. E agora, não pretendo parar de comprar mais assim”, diz João já mostrando interesse em um óculos escuro que entrará na próxima oferta de R$128,00 por R$62,70. A febre de adquirir através dos sites de compra coletiva atingiu todo o Brasil e mostra que veio para ficar. Ir ao restaurante, salões de beleza, teatros e viajar nunca foram tão atrativos e baratos quanto agora. O funcionamento é simples: um site oferece um serviço ou produto com descontos que variam de 40% a 90%, durante um curto período. Para a promoção ficar válida é preciso atingir um número mínimo de compradores no site. Caso isso aconteça, eles ganham cupons que dão direito à oferta. 24

“Acreditávamos que o modelo daria certo no Brasil, pois os brasileiros usam muito a internet e as redes sociais para compartilhar novidades com os amigos, o que é sem dúvida uma característica para a rápida dispersão do conceito de compras coletivas no país”, relata Letícia Leite, diretora do site Peixe Urbano. Para as empresas, esse se tornou um excelente espaço para gerar visibilidade e conquistar novos clientes. Isabela conta que, muitas vezes, as compras ultrapassam até as expectativas iniciais. “A oferta do Big X Picanha, que o Peixe Urbano divulgou em São Paulo, disponibilizou 71% de desconto em Sanduíche + Petit Gâteau (de R$ 26,80 por R$ 7,90) e atraiu mais de 30.500 clientes para a rede em apenas 24 horas, o recorde de vendas com uma única oferta até hoje”. Um novo consumidor

Os sites de compra coletiva trazem fatores diferenciados na hora da compra. Como as promoções têm uma curta duração (a maioria em 24 horas), o consumidor não pensa muito na hora de adquirir a oferta. Muitas vezes, essas pessoas

nem precisam do produto ou serviço que estão levando, mas resolvem aproveitar a promoção assim mesmo. “A impulsividade e o prazer do indivíduo em realizar compras (característica comum no ser humano), motivada pela atual melhora na renda do brasileiro, fazem com que a dinâmica desses sites funcione muito bem”, relata Fabio Prado, pesquisador em comportamento do consumidor e professor de Marketing da PUC-SP. Para Fabio, as redes sociais estão sendo realmente os grandes disseminadores desse modelo de negócio. “No marketing, o melhor seria substituirmos o termo ‘boca a boca’ para o ‘tecla a tecla’. Através das redes sociais como Twitter e o Facebook, muitas pessoas acabam recomendando produtos para amigos e esses repassam para outros amigos, se tranformando em um verdadeiro viral”. O lado ruim do atendimento

Se por um lado as compras coleti-

vas demonstram ser uma ferramenta promissora para consumidores, empresas e sites, por outro, falta ainda aprimorar diversos pontos, principalmente, no atendemineto ao público. É possível perceber que alguns estabelecimentos não se preparam para atender as reservas feitas pelos compradores virtuais. “Eu já comprei cupons de descontos para lanchonetes e restaurantes, nas quais as recepcionistas faziam cara feia quando tomavam conhecimento que era de compra coletiva. Isso é extremamente desagradável e, ao invés de a promoção fidelizar o cliente e gerar mais negócios no futuro, com certeza tem o resultado contrário”, relata a jornalista Eliane Tanaka. De acordo com ela, tudo isso está causando uma imagem negativa para essas empresas. “Eu tenho que confessar que sou um pouco consumista e que estava fazendo uso dessa facilidade e as minhas amigas também. Entretanto, agora paramos de comprar por causa do mau atendimento. Em um restaurante mais chique os atendentes fi-


cavam olhando para ver se a gente ia embora logo. Um saco mesmo!”, desabafa a jornalista. De acordo com o professor Fabio Prado, esses estabelecimentos estão praticando um verdadeiro “Marketing às avessas”. “Da mesma forma que a compra coletiva cria caminhos para os empreendimentos crescerem, eles podem também fazer com que desapareçam. Ao manterem um contínuo atendimento ruim, essas empresas estão dando oportunidade para que as pessoas critiquem o serviço prestado, e isso, para chegar a outros consumidores, é muito rápido”, revela o professor da PUC. Nessa vertente, apesar de a compra coletiva ainda ser um negócio promissor, já existe um consenso que poucos sites irão sobreviver. É imprescindível que, além do bom preço, o estabelecimento ofereça um excelente serviço e, para isso

acontecer, a gerência deve estar atenta a tudo. “Primeiramente, o comportamento do empreendedor deve mudar. O conhecimento de gestão deve estar muito mais aprofundado em relação aos recursos, estratégias e liderança de pessoas. Caso o gestor não esteja monitorando o que acontece no empreendimento, em relação à satisfação dos clientes e até de seus funcionários (que vão trabalhar ainda mais para atender esse novo público), a imagem da empresa sofrerá abalos”, conclui o professor Fabio Prado. Parece que a velha mensagem de Darwin sobre a necessidade de adaptação está mais viva do que nunca na era digital. A ideia é que preço, facilidade e bom atendimento caminhem juntos. Quem agradece é o consumidor, que compra baratinho e aproveita uma porção de coisas novas.

*Dados fornecidos pelo site SaveMe

Você já adquiriu algum produto ou serviço através de sites de compras coletivas? *enquete realizada pelo Portal Administradores

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Quer comprar? Então fique ligado! *Leia os termos de uso e condições - Observar os termos de uso e as condições de participação nas compras são imprescindíveis na hora de fechar um negócio.

1º Gastronomia 2º Saúde & Beleza 3º Cultura (teatro) 4º Turismo

Sim, já comprei

dos!

Eliana Saad, especialista em direitos do consumidor revela quatro cuidados para não ter problemas com este tipo de negociação:

os mais comprados

27.71%

Recomenda

Co n f ir a 7 s it es de recom Co m p r endad a s Co l os pel que tr e t iva s os co azem p n s u m id romoç ores e Peixe U ões be rbano m va n t ajosa www.peix Grou s:

18.47% Não, não tenho vontade

6.82% O que é isso?

*Conheça o estabelecimento Antes de efetuar a compra, visite o estabelecimento que está vendendo o produto ou serviço. Navegue pela página, ligue para a loja ou entre em contato com o estabelecimento. *Prazo de Validade - Os produtos e serviços oferecidos na web possuem um prazo de validade para consumo estipulado pela própria empresa. Fique atento para não passar desse limite. *Política de desistência - É sempre bom verificar as condições no caso de eventual desistência. Caso tenha sido feito um contrato, verificar às condições de desistência para evitar aborrecimentos futuros e principalmente, para garantir a devolução do dinheiro. Caso haja problemas, o ideal é entrar em contato com o estabelecimento para tentar um acordo ou procurar os órgãos de defesa do consumidor.

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infogrĂĄfico teorias humanĂ­sticas

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enpreendedorismo ARTE NOS NEGÓCIOS

Quando a arte vira (um bom) negocio Uma banda de Brasília, um cineasta de Pernambuco e uma cooperativa de artesãs do Maranhão. Em comum, o amor pela arte e o fato de terem transformado suas atividades em empreendimentos rentáveis por Simão Mairins

O

início foi como o de qualquer outra banda: um grupo de amigos do colégio tocando em uma garagem para se divertir. A diferença é que, quando a coisa começou a ganhar corpo, mais que bons músicos, os meninos acabaram se revelando, também, grandes empreendedores. Tirando proveito do fato de ser numerosa e seus integrantes terem formações profissionais nas mais variadas áreas, a brasiliense Móveis Coloniais de Acaju tem se firmado como banda-empresa, conquistando fãs em todo o Brasil e dando uma lição de como o casamento entre arte e negócios pode dar certo. “É possível viver de arte? Sim, é”, diz Gabriel Coaracy, baterista da Móveis. Mas, para quem pensa que é fácil, ele vai logo fazendo uma ressalva. “Dá muito trabalho! É um esforço sobre-humano”, brinca o músico.

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Diferentemente do que é comum ver no show business, a Móveis Coloniais de Acaju optou pela autogestão, dividindo funções administrativas entre os integrantes de acordo com o perfil de cada um. “Chegou uma hora em que passou a ser impossível não pensar a banda empresarialmente”, conta Gabriel. Desde então, cada integrante teve de se dividir entre os instrumentos e alguma função administrativa. “Eu sou publicitário e trabalho muito com internet. Então, juntamente com o Eduardo (gaita, escaleta e teclados), cuidamos da parte

virtual da banda. O André (vocalista) faz toda a parte de arte. Já o BC, nosso guitarrista, é economista e faz todas as prospecções financeiras”, conta Gabriel. Envolvidos com o mundo dos negócios, os músicos também têm procurado diversificar a banda enquanto empresa. “A gente já começou a experimentar a produção de áudio publicitário e estamos pensando em atuar como palestrantes. Tem também a nossa loja virtual, com a qual fizemos a primeira experiência agora e superou as expectativas”, conta Gabriel. Além disso, o grupo realiza, em Brasília, o festival

A banda brasiliense Móveis Colonias de Acaju alia música e empresa


Móveis Convida, que, na edição de 2010, além de apresentar bandas do circuito independente, ofereceu oficinas e palestras sobre o mercado cultural. Artesãs empresárias No Maranhão, outra iniciativa coletiva mudou a vida de 21 mulheres. Com método e muito trabalho, um grupo de artesãs da cidade de Imperatriz conseguiu somar forças e criar um produto que, hoje, é sucesso no mercado nacional e uma garantia de renda para elas. Organizadas legalmente na Comadri - Cooperativa das Mulheres do Artesanato de Imperatriz, as artesãs trabalhavam, inicialmente, com bordados e costuras. Para entrar com mais força no mercado e viabilizar a comercialização em larga escala, elas criaram uma linha de produtos cuja matriz é o coco babaçu,

a iniciativa mesmo foi das mulheres”, conta Kelly Almeida, uma das cooperadas. Na Comadri, todas as artesãs são donas do negócio e os lucros são divididos igualmente. Administrativamente, elas contam com uma diretoria executiva, uma gerência comercial e um setor de produção, que tem uma gerente específica, responsável pelo planejamento e o controle de qualidade dos produtos. “No dia a dia da cooperativa, cada uma tem o seu cargo e sua forma de trabalho. Mas, independente de ser presidente ou operária, o peso nas decisões é o mesmo. A diretoria, pelo estatuto - aprovado por todas no ato de fundação, tem carta branca para tomar decisões. Só que nos casos mais complexos, nós realizamos votação”, explica Kelly. O self-made man Se no caso da Móveis Coloniais de Acaju e da Comadri o trabalho coletivo é que fez a diferença, para o cineasta Wildes Sampaio, o que valeu mesmo foi saber se virar desde cedo. “Eu penso em arte desde os 12 anos, quando dirigi meu primeiro filme na escola. Aos 13, comecei a ver o cinema como uma atividade lucrativa”, conta Wildes. Hoje, o cineasta tem sua própria produtora e pode se orgulhar de um currículo recheado. Em 2005, aos 16 anos, ele criou o Cine Sertão, único projeto do Norte-Nordeste selecionado pela Fundação Roberto Marinho para compor o time do programa Geração Futura, no Canal Futura. Em 2007, foi selecionado para o Festival Internacional de Televisão, no Rio de Janeiro.

Chegou uma hora em que passou a ser impossível não pensar a banda empresarialmente matéria prima bastante comum na região. São peças refinadas de decoração de ambientes cuja demanda é bastante alta entre os consumidores de artigos de luxo. As artesãs se orgulham de dizer que a cooperativa foi fundada de forma independente e se mantém forte graças ao afinco de cada uma. “Depois de fundamentada (a cooperativa), a gente recebeu algumas propostas de apoio do município e da câmara dos vereadores, mas,

No II Encontro Internacional do Comércio Justo e Solidário, realizado no Rio de Janeiro, as artesãs do Comadri apresentaram seus talentos em peças e artigos para o lar

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Entre 2008 e 2009 foi indicado duas vezes ao Prêmio Brasil de Cinema Infantil, recebeu o Prêmio Amigo do Cinema Infantil e foi nomeado Titular de Cinema da Fundarpe - Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. “Eu posso dizer que consigo viver feliz e satisfeito fazendo da minha arte o meu negócio. Quando queremos crescer, temos que saber mesclar o artista que existe em nós com empreendedorismo e determinação. Todo esforço e trabalho, uma hora, será recompensado”, afirma Wildes. Administrando o negócio Para o artista, fazer arte não é problema. Fazer negócios, às vezes, é. Como explica Verônica Ribeiro, gestora do Programa de Artesanato do Sebrae Paraíba, a falta de preparo para a gestão, geralmente, é o maior calo na hora de iniciar um empreendimento. “Aquilo que se produz é feito com muita facilidade. Entretanto, muitas vezes, ele não sabe vender o produto”, explica. Na Móveis Coloniais de Acaju, o apoio na parte administrativa veio de outros iniciantes. Quando começaram a se estruturar como empresa, os músicos -empresários contrataram os serviços de consultoria da AD&M, empresa júnior de Administração da UnB - Universidade de Brasília, que elaborou o modelo de gestão da banda. “Com esse modelo a gente cresceu muito”, afirma Gabriel Coaracy. “Damos as informações necessárias para o empresário conduzir, de forma consciente, o seu negócio. Além do mais, temos uma consultoria mais acessível para empreendedores iniciantes, visto que sai muito caro investir em uma grande consultoria”, explica Lear Valadares, assessor da presidência da AD&M. Na Comadri, para as coisas darem certo, dois fatores foram fundamentais: primeiro, estabe-

lecer as regras de como funcionaria a sociedade e dividir o trabalho de gestão. Em seguida, o que a cooperada Kelly cita como crucial: a capacitação das artesãs para a atividade empresarial. “Ao longo do primeiro ano da cooperativa nós tivemos acesso a nove cursos do Sebrae, todos na área de gestão. Foi a partir daí que essas mulheres deixaram de ser simples donas de casa, conseguiram entender seus direitos e deveres e se firmaram como empreendedoras”, afirma Kelly. No fim das contas, independente de qual seja a arte, administrá-la bem é indispensável para que engrene e tenha sustentabilidade enquanto negócio. “Se você faz um filme e não está preparado pra prestar contas, apresentar relatórios, mensurar resultados, aproveitar oportunidades de promoção, divulgação e consolidação de sua carreira, você vai estar sempre nas mãos dos outros”, afirma o cineasta Wildes Sampaio. Fazer arte e administrar ao mesmo tempo, como já disse Gabriel, da Móveis Coloniais de Acaju, não é fácil. No entanto, como explica Wildes, “é algo que quebra muito a cabeça. Mas, se você quer crescer, tem que encarar”.

temos que saber mesclar o artista que existe em nós com determinação

O cineasta Wildes Sampaio (blusa branca) vem mostrando habilidade para mesclar empreendedorismo, determinação e arte


artigoDO LEITOR Reality Show

Reality Show: merchandising apelativo? O merchandising tie-in é um grande investimento adotado por empresas que desejam divulgar uma marca atingindo um grande público. Mas será que é esse o merchandising que nós, telespectadores, queremos ver? por Paula Zago*

É

comum perceber a presença (mesmo que sutil) de merchandisings na televisão, seja em novela, filme ou reality show. O

atrair novos consumidores ou fidelizar os já existentes. Porém, a sutileza de que falei no início deste artigo parece estar um pouco distante da realidade, principalmente, quando se trata de reality shows. Do close do carro em que eles chegam e se despedem da casa, o shampoo que usam e até nos alimentos que consomem – tudo virou uma verdadeira vitrine de marcas. Podemos notar facilmente essa relação no reality show do momento: Big Brother Brasil 11 - o campeão de merchandising editorial. Cerca de 14 marcas irão compor o quadro de merchandising da 11ª edição, desde óculos a carros. Também, pudera: em um espaço de três meses a 10ª edição rendeu R$ 340 milhões à Globo, um aumento de 20% em relação ao BBB 9. Mas será que é esse o merchandising que nós, telespectadores, queremos ver? Ações cada vez mais apelativas deixam de fazer parte do contexto e acabam aparecendo de forma “agressiva”. A maioria das pessoas não assiste ao reality show para conhecer os novos produtos do mercado, e sim para saber o que está acontecendo com os participantes. Todos sabem que a margarina deixa o pão mais saboroso, mas, é necessário dar um close na marca da margarina, por exemplo? E depois ter que ouvir

o merchandising não deve ser percebido como algo imposto ao telespectador merchandising tie-in (ou editorial) é um grande investimento adotado por empresas cujo objetivo é divulgar uma marca, utilizando a comunicação de massa e o alto poder de influência. Deparamos-nos com diversas marcas durante as cenas de uma novela, onde o ator vai até o banco abrir uma conta ou até mesmo, a atriz é uma revendedora de cosméticos que convence a amiga de utilizá-lo. Ações de merchandising editorial nesse nível exigem um investimento maior, mas são capazes de gerar um retorno considerável, afinal, atingem um número maior de pessoas e sua inclusão no meio artístico faz sua taxa de “influência” ser capaz de

do participante: “A margarina ‘xyz’ deixa o pão mais saboroso e o que é melhor, ela não tem gordura trans!” e a câmera, por sua vez, faz outro close para garantir que o telespectador veja a marca. Eu lhe pergunto: é esse o merchandising que vende o produto? Que atrai o consumidor? Essa forma de agir é típica de comerciais que eram exibidos há alguns anos atrás, onde a naturalidade ainda não existia em sua melhor forma. Assim como tudo tem o seu limite, o merchandising editorial também tem. Fico pensando se não seria mais interessante a inclusão do produto de maneira sutil, porém, visível, e acima de tudo, de maneira natural, fazendo com que o produto faça parte do contexto e não algo que foi colocado “propositalmente”. Quando o merchandising é envolvente, o telespectador sente-se interessado e disposto a comprar um produto, pois viu o ator “x” utilizando ou a atriz “y” vestindo, etc. Volto a reforçar que o merchandising não deve ser percebido como algo imposto ao telespectador, ele deve fluir na cena, mas sem ser deixado de lado, deve ter sim seu momento, mas de forma bem natural. Queremos sua contribuição! Para ter seu artigo publicado na Revista Administradores é simples. Basta ser cadastrado no www.administradores. com.br e publicar artigos em sua conta. Seu texto poderá ser selecionado para as próximas edições da Revista.

“Tiro pela culatra” Guaraná Antarctica

Durante uma das provas do Big Brother 10, os participantes demonstraram desconforto ao beber vários copos de guaraná seguidamente. Por isso, a Ambev avaliou que o merchandising gerou um resultado negativo para a marca.

Knor

Apesar de ser um dos patrocinadores da 11ª edição do BBB, a Knorr acabou perdendo espaço para a concorrente em uma das provas do líder. Os participantes espontaneamente cantaram o jingle da Maggi, o que levou as duas marcas aos assuntos mais comentados no Twitter.

*Paula Zago é apaixonada por arte, redação e blog. Atualmente é estudante do 3º ano de Propaganda e Marketing da Universidade Paulista e autora do blog ZaggoDesign.

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capa NERDS

NERDS os donos do mundo

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Eles eram os párias da escola. Desajeitados, tímidos e vidrados em conhecimento acabaram conduzindo uma revolução sem precedentes no modo como vivemos e nos comunicamos hoje. Agora, estão se preparando para o próximo passo: transformar completamente a sua empresa.

L

eia com atenção estes nomes: Steve Wozniak, Tim BernersLee e Jimmy Wales. E imagine: se houvesse um avançadíssimo gadget implantado agora em sua retina e capaz de traduzir instantaneamente substantivos próprios para adjetivos, você teria lido: nerd, nerd e nerd em vez dos nomes acima. Mas a tecnologia não evolui tanto assim e, pior!, talvez você nunca tenha ouvido falar desses caras. Não mesmo?! Então é melhor começar sua pesquisa agora. Mas faça do jeito que eles recomendariam: use um computador pessoal, de preferência um Mac (iWoz, como é chamado Steve, o cofundador da Apple e um dos criadores do PC), acesse a internet (Tim é o responsável pelo desenvolvimento da www, a world wide web, onde milhões de pessoas navegam diariamente) e busque na Wikipedia (Jimmy é o todo-poderoso da enciclopédia livre on-line). Você vai descobrir que, além de tudo isso, o trio acima está entre os homens mais influentes do mundo e vem ajudando a ditar os rumos de atual revolução tecnológica. Ah, sim, eles também são nerds! Chamar alguém de nerd já foi xingamento. E isso não faz tanto tempo assim. A palavra surgiu na década de 50 e tudo indica que foi utilizada pela primeira vez para denominar um grupo de cientistas canadenses que trabalhavam na divisão de pesquisa e desenvolvimento (research and development) da Northern Electric, hoje Nortel. Bastou juntar as iniciais da empresa e daquele departamento para formar o apelido: NERD. Como essa turma passava dias no laboratório, atrás de pesados óculos e longe da vida social, a expressão logo

Por Michelle Veronese

foi também usada para designar outros jovens com o mesmo perfil. Nascia, assim, a gíria para o cara esquisitão, tímido e aficionado por conhecimento. A partir daí, a jornada dos nerds não foi fácil. Para ser alvo de chacota e desse temido apelido, bastava o sujeito ser tímido, usar óculos e ter alguma paixão por temas que podiam variar de aviões da Segunda Guerra à história dos samurais, passando por RPGs, videogames ou ficção científica. Os nerds eram ridicularizados na escola e ainda satirizados pelo cinema e

não o hardware seria mais importante e rentável. Isso os ajudou a fechar um acordo histórico com a IBM que, mesmo contando com um grande número de profissionais experientes, não visualizou essa oportunidade”, conta Flávio Marcelo Amaral, da equipe do Yahoo! Brasil, onde é gerente regional de operações para a América Latina. Na mesma época, também entrou em cena Tim Berners-Lee, o pai da world wide web, que permitiu o desenvolvimento da internet como a conhecemos hoje, e Steve

Chamar alguém de nerd já foi xingamento. E isso não faz tanto tempo assim a TV, em filmes como A Vingança dos Nerds, De Volta para o Futuro e Weird Science. Resultado: eles se isolaram em seus laboratórios, salas de aula ou empresas de garagem. E foi aí que a revolução começou. Sem alarde e em pequenos grupos, os nerds impulsionaram avanços que estão hoje influenciando o comportamento de milhões de pessoas no mundo inteiro. Já ouviu falar em Bill Gates? Pois é, ele veio dessa safra de nerds. Era um programador visionário que, nos anos 70, se uniu a Paul Allen para criar a Microsoft. “Com a criação do computador pessoal (PC), eles tiveram a visão de que o software e

Wozniak, que em 1976 se uniu a Steve Jobs e Ronald Wayne para criar a Apple. Mais tarde, foi a vez do Yahoo!, de Jerry Yang e David Filo, do Google, de Larry Page e Sergey Brin, da Amazon, e de muitas outras empresas. “Elas foram formadas por nerds, com conhecimentos avançados de informática, com ideias brilhantes na cabeça e muita vontade de trabalhar”, analisa Flávio. Do bunker para o mundo Apesar das ideias revolucionárias, faltava a muitos desses nerds uma dose de carisma ou o tal jeitinho para lidar com o mundo fora do

laboratório. “Por causa disso, eles sempre apareceram pouco enquanto alguém com mais capacidades sociais, algum empresário, marqueteiro, é quem efetivamente tornava a tecnologia ou produto conhecidos”, observa Fábio Akita, consultor da Gonow Tecnologia, em São Paulo, e programador especializado em desenvolvimento de software e gestão de projetos. O exemplo clássico, segundo ele, está na história da Apple, com Steven Wozniak assumindo o papel do nerd que implementou o microcomputador caseiro e Steve Jobs como o não-nerd que criou o mercado para esse produto. Mas isso mudaria nos anos 90, quando os nerds finalmente conquistaram seu lugar ao sol. O clima, aliás, era favorável. No início daquela década, os computadores pessoais invadiam casas e escritórios, a internet vivia um crescimento explosivo, palavras como Windows e e-mails entravam para o nosso vocabulário, pages, pdas e celulares então se popularizavam. E ainda havia um certo finlandês chamado Linus Torvalds, que inventara um sistema operacional livre que logo revolucionaria várias áreas computação, de servidores a telefonia móvel. Quem dominasse essas ferramentas saía na frente. Foi assim que o cara mais esquisito da turma virou o centro das atenções. Afinal, ninguém melhor do que um nerd para navegar no admirável mundo novo da tecnologia. Jovens antes ridicularizados agora conquistavam espaço no mercado e a admiração dos colegas. Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, a rede de relacionamentos que conecta 500 milhões de pessoas no mundo inteiro, representa bem essa transformação. De 33


capa NERDS

rapaz tímido e inseguro, hoje posa de tênis e camiseta na sede de sua empresa, avaliada em 50 bilhões de dólares. Em 2010, foi eleito pela revista Time uma das personalidades mais importantes do mundo, título já dado a Gandhi, à rainha da Inglaterra e a Barack Obama. Nerd empreendedor Alvo de zombaria? Claro que não! Vergonha do apelido? Nem um pouco. Os nerds de hoje assumem sem medo o velho rótulo e têm orgulho dele. “Eu sou nerd de carteirinha”, afirma Carlos Brando, que começou sua carreira de programador muito cedo, aos 14 anos. “Nessa época, eu brincava com braços mecânicos e uma linguagem chamada Assembly. Tudo não passava de um passatempo. Com o tempo, essa brincadeira ficou mais séria e eu me envolvi cada vez mais com programação de computadores. Tive o privilégio de aprender uma dúzia de linguagens de programação diferentes e trabalhar com a maior parte delas”, relata. O que Carlos fez com todo esse conhecimento? Seguiu o exemplo de nerds famosos e decidiu empreender. “Criei um site, o Nome do Jogo, para falar sobre o que mais gosto, que é programação. E cofundei uma empresa especializada em desenvolvimento de aplicativos sociais para plataformas como Orkut e Facebook”, conta Carlos, que espera revolucionar esse mercado com uma novidade por enquanto mantida em segredo. O espírito nerd empreendedor também contagiou Alexandre Ottoni e Deive Pazos. Fãs de ficção científica, fantasia, quadrinhos, RPG e games, eles reuniram seu conhecimento em um site que satiriza o universo nerd. O Jovem Nerd foi lançado em 2002, tendo como destaque os podcasts bem-humorados, e hoje virou negócio sério: recebe um milhão de visitantes por mês e, em 2009, abocanhou o prêmio MTV Vídeo Music Brasil de melhor site do ano. 34

Hoje, o site gera receita por meio de anúncios e da loja virtual, onde são comercializados itens como camisetas e canecas. “Essa percepção de que é possível empreender e inclusive ganhar dinheiro com aquilo que se faz por prazer ainda é nova aqui no Brasil e os nerds estão dando os primeiros passos nesse caminho”, avalia Marco Gomes, que está um pouco mais à frente do que seus colegas. Em 2007, ele largou a faculdade de computação na UNB, em Brasília, e partiu para São Paulo para abrir sua empresa, a boo-box, especializada em tecnologia de publicidade para mídias sociais. A mudança valeu a pena. “A empresa cresceu, atraiu investidores, entre eles a Intel, e hoje conta com uma equipe de 30 pessoas”, conta Marco. Atualmente, a boo-box exibe, a cada mês, mais de 600 milhões de anúncios com ofertas de produtos e campanhas publicitárias em mais de 16 mil sites, blogs, aplicativos e perfis em redes sociais. Profissional do conhecimento, o novo líder Ser nerd, hoje, abre portas. Profissionais com esse perfil começam a ser disputados a peso de ouro por algumas empresas. Nos Estados Unidos, salários da área de tecnologia são os mais altos, perdendo apenas para os do mercado financeiro. Também não faltam anúncios, no exterior, onde, em meio a uma série de requisitos, aparece a tal palavra mágica: nerd. Essa turma, agora, está percebendo que tem na mão um importante trunfo, quase um superpoder digno dos heróis dos quadrinhos: a capacidade de transformar as empresas

Sem alarde e em pequenos grupos, alguns desses gênios impulsionaram avanços tecnológicos que estão hoje influenciando o comportamento de milhões de pessoas


CULT URA NERD

Além de influenciar a economia, o jeito nerd de ser também contagiou a cultura e há alguns anos vem ajudando a ditar o que consumimos. A prova está no crescimento contínuo da indústria de games, na popularização dos mangás e HQs, na venda de action figures (bonecos articulados que representam personagens de filmes, quadrinhos ou games) e na crescente audiência de séries de TV, como The Big Bang Theory, que retrata o cotidiano de quatro jovens nerds do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Bandas de rock, como Weezer e Wilco, fazem questão de se afirmarem nerds e o até jeito de se vestir dessa turma, com camisetas engraçadas e ar despojado, virou moda. à sua imagem e semelhança. “Vemos isso mais fortemente no específico nicho de startups de tecnologia dos Estados Unidos (em outros lugares do mundo ainda são exceção). Nascem empresas como Google, Facebook, que uma vez dirigidas por nerds, criam ambientes onde outros nerds se sentem confortáveis em trabalhar e serem criativos”, analisa Fábio Akita. O resultado, segundo ele, pode ser visto no dia-a-dia dessas organizações: locais de trabalho sem burocracias desnecessárias, com horários mais flexíveis, que estimulam o desenvolvimento de projetos pessoais e onde a gravata e terno dão lugar ao tênis e à camiseta. Quem vislumbrou essa transformação foi um dos grandes teóricos da Administração, Peter Drucker. Em 1959, no livro Landmarks of Tomorrow, ele já mencionava a emergência dos chamados “trabalhadores de conhecimento”,

que sucediam os operários das indústrias e que representavam a transição do trabalho manual para o de conhecimento. “No final do século 20, esses profissionais somarão 1/3 ou mais da força de trabalho nos EUA, isto é, uma percentagem tão grande quando a dos operários, exceto em tempos de guerra”, previu o autor. Para Drucker, o profissional do conhecimento é alguém que teve acesso ao conhecimento formal, que se especializou numa área e sabe como aplicar, da maneira mais eficaz, aquilo que aprendeu. Esse grupo não obrigatoriamente será a maioria em uma sociedade, mas, segundo ele, irá moldá-la. “Podem não ser a classe dominante, mas serão a classe que lidera”, afirmou. A emergência do profissional do conhecimento, ainda segundo Drucker, estaria moldando as organizações. Essas, por sua vez, tornariam-se essenciais na sociedade

do conhecimento, junto com a Administração. E ele explica o porquê: “O conhecimento especializado, por si, não gera desempenho. É necessária a contribuição de muitos outros especialistas. E isso exige que o especialista tenha acesso a uma organização”. Nesse cenário previsto por Drucker e testemunhado nos dias de hoje, as organizações passam a lidar com inúmeros desafios. Um deles é reconhecer que o trabalhador do conhecimento, quer seja líder ou empregado, é quem, no fim das contas, detém o conhecimento e sua aplicação. Logo, “as organizações precisam dele muito mais do que ele precisa delas”, segundo Drucker. Outro desafio é na hora de definir os postos de comando. Vale apostar no chefe carismático e com habilidades interpessoais, mas sem tanto conhecimento técnico, ou no capitão com conhecimento aprofundado sobre a área,

mas que ainda tropeça no quesito comunicação? “Com os nerds ocupando cargos de CEO de empresas, eles se tornaram o motor de inovação dessas companhias. Os funcionários se inspiram neles para também criarem e deixarem a empresa com um eterno ar inovador”, defende Flávio Amaral. A transformação já começou. E, para os administradores, não adianta barrar o avanço do conhecimento nem dos profissionais que o dominam. Sendo assim, talvez, o conselho mais sensato seja: una-se a eles, siga seu exemplo. “Os nerds buscam, acima de tudo, conhecimento e querem trabalhar naquilo que gostam. O objetivo de todo profissional deveria ser esse, não importa em qual área”, aconselha Fábio Akita. Lembre-se disso (e lembre sua equipe) na próxima vez em que digitar www, navegar na Wikipedia ou olhar para a imagem de uma maçã mordida. 35


capa NERDS

Galeria da fama Nem todos os nerds vivem cercados de computadores e são aficionados por tecnologia. Eles também podem ser encontrados em outras áreas, como política, finanças e entretenimento.

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George Lucas e Steven Spielberg

Nos anos 70, eles eram cineastas ansiosos por experimentar novas técnicas e efeitos especiais na tela grande. Fizeram isso em seus primeiros filmes, como Tubarão (1975, de Spilberg) e Star Wars (1977, de Lucas), e desde então vêm contribuindo para a evolução da indústria do cinema. George Lucas comanda a ILM, empresa de efeitos especiais, e Spielberg é sócio da DreamWorks.


BARACK OBAMA

Ben Bernanke

Um misto de C3PO e Spock, o presidente norte-americano expressou toda a sua nerdice em 2008, quando saudou o ator Leonard Nimoy, de Star Trek, com o famoso cumprimento vulcano. Obama é leitor de quadrinhos, gosta de tecnologia, mas, como todo nerd, escolheu uma área para se aprofundar mais -- no caso, a política.

Ele é o nerd mais poderoso do planeta, segundo a revista Time, que o elegeu Homem do Ano em 2009. Professor na Universidade de Princeton, Bernanke se especializou em economia e colocou seu conhecimento à prova em 2006, quando assumiu a presidência do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Sua primeira missão, que lhe rendeu aplausos, foi tirar do buraco a maior economia mundial.

Hideo Kojima

Alex Kipman

O designer de jogos e roteirista é uma das figuras mais admiradas na indústria dos games, que movimenta 60 bilhões de dólares por ano e há alguns anos superou a do cinema em faturamento. Ele atua no time da Nintendo, criadora do console Wii e uma das gigantes da área, e criou alguns dos mais famosos e rentáveis personagens dos games, como Donkey Kong, Mario e Link.

Esse curitibano apaixonado por games realizou o sonho de muitos nerds: trabalhou na Nasa e, depois, na Microsoft. Ali, Alex criou o Kinect, o badaladíssimo acessório para consoles que dispensa o tradicional controle e capta os movimentos do jogador, permitindo que ele jogue com o próprio corpo. Sim, o cara reinventou a roda, ou melhor, o joystick. 37


TENDÊNCIA Pulseira do Equilíbrio

O verdadeiro poder da pulseira

Power Balance Q por Rodolfo Araújo*

uando um dos meus amigos mais céticos apareceu com uma dessas pulseiras no braço pensei que ele a tinha ganho de presente. Quando ele me fez abrir os braços para mostrar o poder do acessório, percebi que algo sério havia acontecido: o poderoso artefato havia desmagnetizado parte do seu cérebro, senão todo. Tal qual um cartão de crédito em cima de uma bateria de celular. Algumas pesquisas (sérias e bem elaboradas) mostraram que pessoas corriam mais rápido depois de tomar água com açúcar acreditando ser um isotônico, resolviam mais testes de matemática ao ingerir um chazinho e até sentiam menos dores com remédios feitos de farinha e açúcar. O efeito placebo – como este fenômeno é conhecido – é real e já foi comprovado cientificamente em diversas ocasiões. Normalmente, o poder de melhorar a saúde, a performance ou a inteligência está dentro da própria pessoa, como os estudos citados acima sugerem. No primeiro caso a pessoa se recupera só pelo fato de acreditar que está tomando um remédio de verdade, ou fazendo um tratamento efetivo. Nos outros, isso só se faz treinando ou estudando. Alguns precisam, porém, de um objeto, um amuleto, um símbolo que magicamente faça emergir sua força interior, de

Normalmente, o poder de melhorar a saúde, a performance ou a inteligência está dentro da própria pessoa

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onde ele achava que nada sairia. Ou ainda, ter algo para culpar, caso tudo dê errado. Não tenho nada contra isso, já que algumas vezes realmente funciona, conforme atestado. Mas é como a famosa pílula para matar a sede, do trapalhão Didi Mocó: você a toma junto com dois litros d’água e a sua sede acaba! O efeito é realmente arrebatador. Mas para que a pílula, então, se a água faz todo o serviço? Ocorre que sempre que alguém quer comprar algo de que não precisa, haverá quem queira lhe vender. Por isso as pulseiras fizeram tanto sucesso e venderam mais de 150 mil unidades somente no Brasil.

NOTÍCIAS POLÊMICAS Toda essa discussão veio à tona recentemente quando o próprio fabricante divulgou informações sobre a falta de evidências científicas de que seu produto realmente funciona. O problema é que os anúncios das pulseiras diziam que ela melhora sua força, equilíbrio e flexibilidade. Só que este tipo de alegação envolve a saúde da pessoa e, neste caso, deve ser sustentada cientificamente, por meio de um experimento. Experimento este que a empresa confessou não ter feito. A mídia, no entanto, re-

Transformado em sensação mundial, o acessório promete força e equilíbrio. Mas será mesmo que funciona?

plicou a matéria dizendo que as pulseiras não funcionavam e que PowerBalance era uma fraude. A empresa virou motivo de chacota. Dias depois, noutro comunicado oficial, ela tratou de pôr panos quentes, onde afirma não ter alegado que os produtos da marca não funcionam. Certo novamente. Mas nenhuma empresa vai fazer um produto destes e colocar na propaganda: “talvez funcione, não temos certeza, não temos como provar”.


A CIÊNCIA, A MODA E A CRENÇA O imediato sucesso do acessório pode ser atribuído a diversos fatores, dentre eles a lei do menor esforço (“é só colocar essa pulseira que você vai ficar mais forte, sem precisar malhar”) e a necessidade de aceitação social (quando uma moda pega é difícil resistir e ser do contra). Além disso, diversos depoimentos de celebridades mostravam como suas vidas e carreiras melhoraram depois que começaram a usar o produto e nos fazendo querer ter o mesmo sucesso de Shaquille O’Neal e, bem... Rubens Barrichello. Estes apelos foram tão fortes que convenceram inclusive o meu amigo a comprar e usar uma dessas pulseiras. E se ele, que está acima de média, tem uma, no restante da população o adereço espalhou-se de forma viral. Vendeu-se como bilhete premiado. Comprou-se feito garrafada milagrosa. Até que o fabricante tirou o seu da reta, ao assumir que não havia comprovação científica sobre os efeitos do seu produto. O que acontece agora? 150 mil pessoas vão pedir seu dinheiro de volta? Duvido muito. Afinal, quem comprou a pulseira fez o seu teste particular. E passou.

A MÁGICA DA PULSEIRA

O que ocorre, então, durante o famoso teste prático

pulseira PowerBalance?

da

Muito simples: ao menos uma das duas pessoas quer muito que o teste funcione, então, mesmo que involuntariame nte, ela dará uma roubadinha para isso acontecer. A pessoa pede que você abra os braços, como uma cruz, e faz força para abaixar um deles. Normalmente ela consegue isso sem muito esforço, pois você não estava esperando que ela jogasse todo o seu peso sobre você. Depois ela coloca a pulseira em você e repete o gesto. Pode ser impressão minha, mas desconfio que a pulseir a enfraquece a pessoa, pois ela faz muito menos força na segund a tentativa e, para a satisfação de ambos, diz que você ficou mais forte com o acessório. Pronto, a mágica está feita. O teste do equilíbrio é muito parecido. É quase igual ao anterior, mas dessa vez você fica sobre um pé só. Sem a pulseira a pessoa vai tentar te derrubar com a força de um hipopótamo. Com a pulseira, ela fará toda a força de um beija-f lor.

Que tal teste? mudar a forma d o

Se você quiser fa zer um t precisa rá usar este de verdade os mesm nas dua os peso , s situaç s e medid ões. Sug proced as iro o se imento, guinte que voc seus am ê pode fa igos na zer com academ ia:

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Pegue uma colorida daquelas pulse s iras alguma de borracha, d anos atr causa, que fizer e apoio a á am suces Armstron s (como a do cicl so is g ta Lance e s ua fu câncer) e uma Pow ndação de comba te ao erBalan ce. Faça o te s uma pess te PowerBalanc oa, acres e com variaçõe c s: você vai entando duas com uma cobr v está usan enda, para que e ir seus olhos d o a p ulseira v le não saiba se outra; e er e lhe dará m vez de pendura dadeira ou a r u m p e s o para seg -se nele, você segundo s. urar por 30 Faça o te s pulseira te três vezes, du a e diga qua uma com outra, s com uma l você re mas não petirá. Em cada u pessoa q m dos testes, per g u está usanal pulseira ela unte à acha que do. Veja q você con uantos a segue. certos

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3 4

*Rodolfo Araújo é autor do blog www. naopossoevitar. com.br e CEO da consultoria de treinamento www.pharmacoaching. com.br e não usa PowerBalance.

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artigo APRESENTAÇÃO

Como torturar

pessoas usando o

Criado para facilitar a vida de milhões de pessoas necessitadas de um suporte para as suas apresentações acadêmicas, comerciais e corporativas, o PowerPoint acabou se tornando um verdadeiro instrumento de tortura Por Leandro Vieira*

F

ãs de Bill Gates, tenham calma! Eu explico. O problema, como sempre, não é a ferramenta, mas o uso que se faz dela. A maior parte das pessoas utiliza o PowerPoint como uma bengala em suas apresentações. As razões podem ser diversas: insegurança, medo, despreparo, vontade de surpreender a plateia com os “efeitos especiais”, deslumbre com o programa, e por aí vai. A bronca é que, sem o bendito PowerPoint, adiós apresentação. O modo mais comum de tortura é rechear os slides com texto. O apresentador, com medo de não lembrar o que veio falar, entope os slides com um milhão de frases. Para completar, ignora o público à sua frente e lê o que está escrito no telão. Pobre plateia. Utilizar o clipart do Windows é um dos clichês. Sempre em busca do caminho mais fácil, o torturador não pensa duas vezes antes de inserir aquelas imagens batidas em sua apresentação. Outra estratégia torturante é o uso de bullet-time, aquele efeito irritante que faz as frases deslizarem na tela. A cada tópico lido pelo palestrante, uma nova frase faz sua entrada triunfante da esquerda para a direita (ou de baixo para cima, ou rodopiando, ou piscando...). Os mais empolgados ainda utilizam o pacote de sons do aplicativo:

as vendas do primeiro semestre de 2010 superaram em 6% as do mesmo período do ano passado”. POW! (barulho de disparo de revólver)

Dessa forma, para a nossa empresa decolar, minha proposta é de expandirmos nossa atuação para o estado vizinho” clap! clap! clap! (som de aplausos. Do programa, é claro.)

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Fale a verdade: você já viu esse filme antes, não viu?

Sons, imagens, vídeos e outros recursos multimídia, podem enriquecer - e muito - uma apresentação. Mas o seu uso deve ser, apenas, para apoiar a mensagem do apresentador - e nunca para o apresentador se apoiar em seu uso. Não quero bancar o sabichão. Eu mesmo já fui um exímio torturador com o PowerPoint. Minhas apresentações seguiam o mesmo roteiro que acabei de descrever. Fui melhorando com o tempo, à medida que me sentia mais seguro para passar minha mensagem, comecei a abrir mão do copy+paste de texto nos slides, e passei a utilizar uma abordagem mais clean, muito mais simples e harmoniosa. Ao mesmo tempo em que pode servir como um terrível instrumento de tortura, o

PowerPoint pode ser a ferramenta ideal para ajudá-lo a fazer uma apresentação fantástica e memorável. Observe como Seth Godin, Chris Anderson, Steve Jobs e outros mestres jedis na arte de encantar plateias utilizam slidewares como o PowerPoint, Keynote ou similares. Cada um tem seu estilo e personalidade na hora de contar histórias. O que suas apresentações têm em comum é, justamente, a utilização de slides simples, pouquíssimo texto, imagens marcantes e design de impacto. Em se tratando de apresentações, menos é mais. Acredite.

Em contrapartida, fomos obrigados a reduzir nossa margem de lucro em 3,29%” SCRINNNCHHHH! (carro freando)

*Leandro Vieira é um arrependido extorturador de Power Point


Em rede orkut

O

rkut morreu ?

Há alguns anos, não tinha para ninguém! Ter uma conta no Orkut era quase obrigatório. Só que novas redes chegaram e o abalo do “gigante do relacionamento” foi inevitável Por André Telles*

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ocê sabia? Orkut Büyükkokten, engenheiro de software turco do Google, que criou a rede social com maior número de usuários no Brasil e na Índia, ainda está vivo. Por sinal, o site de relacionamento que leva o seu nome permanece com grande penetração nas classes C e D e nos novos entrantes da internet brasileira. Ao todo, mais de 52 milhões de brasileiros possuem uma conta no site. Mas, então, por que dizem que essa rede social está “morrendo”? Calma, eu explico! Como houve uma grande migração dos usuários, principalmente das classes A/B, para o Facebook e Twitter, muitos acharam que o Orkut perderia seu posto de liderança como rede social com maior número de usuários no país, o que ainda não aconteceu. Os pontos mais importantes para se entender a penetração do Orkut no Brasil é de que há uma identificação cultural devido ao fato de os brasileiros serem mais sociáveis, amigáveis, e comunicáveis que o resto do mundo. Apesar disso, nem o próprio Orkut consegue explicar por que o site fez tanto sucesso

em nossas terras. O Facebook possui mais de 500 milhões de usuários no mundo, mas no Brasil ainda não alcançou os 10 milhões de usuários. O microblogging Twitter também cresce acelerado, mas,

Em agosto de 2010, o Orkut atingiu 36 milhões de visitantes únicos, segundo pesquisa da comScore. Podemos dizer que o usuário brasileiro adora conversar e essa rede social, pelo seu pionerismo, continua viva e com força na internet brasileira. Certamente o Orkut perdeu muito tráfego, as comunidades da rede estão abandonadas em relação à frequente utilização de anos atrás, mas os usuários ainda têm uma imensa coleção de fotos em seus álbuns e mantêm contato por meio de scraps com seus amigos colecionados em anos de uso, o que impede um “orkutcídio coletivo”.

O Facebook possui mais de 500 milhões de usuários no mundo, mas no Brasil ainda não alcançou os 10 milhões de usuários. de certa forma, encontra alguma resistência de boa parte dos internautas brasileiros. Uma das grandes diferenças entre essas redes sociais é que o Orkut ainda cumpre o papel como uma rede social conversacional, ou seja, Facebook e o Twitter são mais informacionais.

Outras faces do Orkut Para quem informa, sobretudo para jornalistas, o Orkut pode ter um papel crucial na construção de notícias e pautas. É o chamado crowdsourcing, que vem cada vez ganhando mais espaço, pois os jornalistas começam a buscar informações sobre determinados assuntos em sua própria rede de contatos ou até mesmo em fóruns nas comunidades. No caso do Marketing, além do pessoal, em que as próprias pessoas passam a valorizar seus potenciais em seus perfis, as empresas já perceberam a importância de manter uma conta dentro

das redes sociais. Nesses sites, as empresas podem ter contato direto com os consumidores. Esse relacionamento e a conversação funcionam como um novo e diferenciado atendimento de SAC. O Orkut ganhou também novos espaços para anúncios e vem sendo utilizado como uma mídia social poderosa para diversos públicos. O social commerce sempre teve muita força no Orkut e as micro e pequenas empresas continuam utilizando táticas guerrilheiras para anunciar e vender seus produtos que, muitas vezes, são procurados pelo próprio consumidor antes da compra. O índice de usuários que pesquisam com intenção de compras já ultrapassa um terço do total. É importante saber que o Orkut tem sim sua função. Ele continua sendo umas das maiores redes de relacionamento e conversações aqui no Brasil, mesmo com o crescimento constante do Twitter e do Facebook (que já mistura informação com relacionamento ao mesmo tempo). Por isso mesmo, é difícil que ele caia tão rápido. Mas isso, só o tempo dirá. *André Telles O publicitário foi o primeiro brasileiro a publicar um livro sobre Social Media Marketing, em 2005, intitulado “Orkut.com”, pela editora . Recentemente lançou “A Revolução das Mídias Sociais” pela mesma editora.

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fora do quadrado diferente

QUantA

criatividade

Máquina que enche o copo por baixo, pen drive pilha, dentes iluminados. Veja alguns produtos que estão bem fora do quadrado por Fábio Bandeira de Mello e Haendel Dantas*

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Dente de ouro? Com pedrinhas de diamante? Que nada... A novidade que pretende emplacar no sorriso dos japonses são os dentes coloridos. Tudo surgiu quando dois estilistas, ao criarem uma campanha publicitária para uma loja de roupas, exibiram luzes nos dentes das pessoas como acessório de

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moda. Esse acessório contém uma iluminação brilhante de LED que é afixado aos dentes em diferentes modelos. Apesar de ainda não estar sendo oficialmente comerci-alizado, a procura pelo produto é grande no país e já existe até oficinas mostrando como construir seu próprio sorriso colorido. Será que essa moda pega no Brasil?

Máquina que enche o copo por baixo

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Você já imaginou um aparelho que enche copos a partir do fundo, em vez de colocar o líquido por cima? Então, nem precisa imaginar, pois ele existe. A empresa GrinOn Industrie criou a máquina Bottoms UP Beer que, segundo ela, “reduz o desperdício da bebida, economiza tempo e melhora a eficiência operacional”. O sistema funciona usando um copo especial permitindo que o líquido entre por baixo. Por incrível que pareça, a ideia de encher através do fundo do copo não é exatamente nova, mas a Bot-tomsUP Beer fez um sistema em que sua torneira é a mais rápida do mundo. Elaborado para bares e botecos, o sistema de distribuição para encher cerveja chega a ser nove vezes mais rápido do que as torneiras de cerveja tradicional. Isso equivale ao barman encher 44 copos em apenas um minuto. Ficou interessado na engenhoca? É só conferir o vídeo em www.bit.ly/admmaquina

Fotos: divulgação

A nova moda no Japão: dentes iluminados


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Canudos que dão sabor ao leite

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Pen drive pilha

Equipamentos que têm mais de uma funcionalidade costumam facilitar a vida de todos. E foi através desse pensamento que o designer Wonchul Hwang resolveu criar o USB AA, unindo um pen drive e uma pilha num único aparelho. Com o design das tradicionais pilhas alcalinas do tipo AA (aquelas utilizada nas câmeras, brinquedos e etc.), a invenção de Hwang possui uma porta USB retrátil que lhe permite recarregar a bateria no seu computador via USB, enquanto você descarrega seus arquivos – afinal, o aparelho funciona também como um pen drive. Por enquanto, o novo equipamento é apenas um protótipo e não há previsão de quando estará disponível para o consumidor.

Enchendo sacos de areia com facilidade

Se você ou seus filhos gostam de beber leite, talvez gostem ainda mais quando conhecerem esses canudos. Trata-se do Milk Magic Straws (Canudos mágicos para leite). Disponível em chocolate, morango, creme com biscoito e baunilha, a novidade é muito simples: basta beber um gole do leite através do “canudo mágico” e aproveitar um desses sabores. Calma! Não há nada tão mágico assim. O canudo contém bolinhas que se dissolvem lentamente quando alguém suga o leite. Só que a praticidade pode ser uma boa solução para pessoas com deficiência de cálcio ou de crianças que precisam mais vitamina D no organismo.

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Mesmo com todos os avanços em nanotecnologia, veículos elétricos e acessórios ultramodernos, equipamentos simples também podem evoluir para facilitar a vida das pessoas. O arquiteto Matt Piner criou o útil GoBagger, um equipamento para encher sacos de areia. É, sacos de areia! Se geralmente era preciso contar com duas pessoas - uma delas segurando a bolsa aberta e a outra colocando a areia dentro com uma pá - as coisas parecem estar mais fáceis. Basta colocar o saco na parte de trás do equipamento e mãos à obra! De acordo com o pessoal da GoBagger, cerca de 85 sacos podem ser preenchidos por hora por duas pessoas com pá e saco. No entanto, as mesmas duas pessoas com duas GoBaggers poderiam encher 480 sacos na mesma quantidade de tempo. É, parece que os dias da união de pá e saco estão contados.

Veja outras curiosidades no www. comunicadores.info e no badalado @comunicadores 43


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ENTRETENIMENTo Curiosidades, humor e dicionário

CURTAS Consumo recorde de café

Capivari: esse é o nome da moeda que circula no município fluminense de Silva Jardim e conta com aproximadamente 22 mil habitantes. O novo sistema monetário, adotado em novembro, é pioneiro no estado do Rio de Janeiro e está dando uma chacoalhada no comércio local: comerciantes afirmam que a clientela aumentou em até 60%, graças ao Capivari. A moeda é financiada pela prefeitura e garante descontos de até 20% nos produtos. Comerciantes garantem: não há consulta ao SPC nem ao Serasa, o crédito é aprovado pelos vizinhos e pela fama do ‘bom pagador’.

Ficar sem TV, sem computador e sem celular pode provocar, em alguns usuários, efeitos semelhantes àqueles causados pela abstinência prolongada de drogas. A conclusão é do estudo apelidado de ‘Unplugged’, conduzido por pesquisadores do International Center for Media and Public Agenda, da Universidade de Maryland, e da Salzburg Global Seminar, dos Estados Unidos. Os participantes tiveram que ficar 24 horas isolados, sem utilizar nenhum aparelho de mídia, enquanto anotavam o que sentiam. Desfecho: a televisão foi o dispositivo mais fácil de abandonar e o celular, o mais difícil; a maioria dos participantes teve sintomas físicos e psicológicos similares aos de pacientes que enfrentam dietas ou abstinência de drogas. 46

O quilo perdeu peso

Muita gente não sabe, mas o quilograma padrão é a única unidade de base no Sistema Internacional de Unidades que ainda é definida por um objeto físico: um cilindro feito de liga de platina e irídio, mais bem guardado do que dinheiro em banco, nos cofres do Escritório Internacional de Pesos e Medidas, França. O objeto de 118 anos, porém, perdeu 50 microgramas (o ‘peso’ de uma impressão digital), o que não é suficiente para você desconfiar da honestidade do açougueiro, mas é um fator que pode representar um inconveniente para as normas e padrões estabelecidos mundialmente. Cientistas já estão conduzindo experimentos para se chegar a uma nova definição de quilograma... uma que não perca peso.

Crianças descontroladas, adultos problemáticos

Se o seu filho é hiperativo, se irrita facilmente, não termina as tarefas de casa, em suma, não sabe se controlar, cuidado: ele também pode dar trabalho quando crescer. Tal afirmação pode ser feita com base nos estudos de Pesquisadores da Universidade Duke, da Carolina do Norte (EUA). Durante 30 anos, mais de mil crianças tiveram seu comportamento monitorado dos 3 aos 32 anos de idade. Características como incapacidade para controlar a raiva, falta de perseverança para alcançar objetivos, dificuldades para terminar tarefas e hiperatividade levam a problemas na vida adulta que vão desde problemas respiratórios a obesidade, drogas e doenças venéreas. Tais adultos terão dificuldade até para administrar as próprias finanças, conclui a pesquisa.

Fotos: divulgação

Quantas xícaras de cafezinho expresso você toma durante os intervalos no trabalho? Se você mantém esse hábito, provavelmente você é um dos muitos brasileiros que consomem, em média, 4,81 kg de café por ano, o equivalente a 81 litros. A estatística, calculada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), representa um recorde intocado há 45 anos, quando a média de consumo anual do “néctar negro” chegou à casa dos 4,72 kg. Apesar de ser um número alto, os países que mais bebem café no mundo são os imbatíveis nórdicos (Finlândia, Dinamarca, Noruega), onde cada cidadão consome aproximadamente 13kg. A diferença é que lá os termômetros marcam -20ºC no inverno

Abstinência tecnológica

Para que Real se tem o Capivari


HUMOR Certa vez, o dono de uma grande empresa resolve testar o carácter de um de seus empregados e resolve colocar quinhentos reais a mais no salário dele. Passaram-se duas semanas e nada do empregado falar algo e devolver o dinheiro. Nisso, o empresário resolver fazer o oposto. Ao invés de colocar os quinhentos reais, iria tirar esse valor do próximo salário dele. Dito e feito. Chegando novamente o dia do pagamento, o empresário depositou quinhentos reais a menos. No dia

seguinte o empregado entra rapidamente no escritório do empresário e fala: - Olha aqui doutor, fui ao banco ontem receber o meu salário e estava faltando quinhentos reais, o que aconteceu? E o empresário responde: - Ahã, seu malandro! No pagamento anterior eu coloquei quinhentos reais a mais no teu salario e você não falou nada, e agora, o que me diz? O empregado responde: - Olha, um erro eu tolero, mas dois não!

Descomplicando: + Business Intelligence - Conjunto de softwares que ajudam em decisões estratégicas; + CIO (Chief Information Officer) - Responsável pelo planejamento e estratégia por trás da tecnologia. + Coaching - Aconselhamentos feitos por um consultor de carreira que acompanha e se envolve no desenvolvi-

mento contínuo do profissional. + Headhunter - Caça-talentos do mundo corporativo. + Networking – Construção de uma rede de relacionamentos.

AÇÕES PARA UM MUNDO MELHOR Algumas empresas tornam o seu negócio sustentável, outras fazem da sustentabilidade o seu negócio. Veja como pessoas comuns, estudantes, empresários e universidades realizam ações e empreendimentos com finalidades sociais e/ou ambientais de maneira simples, criativa e construtiva.

Se correr, o Bixo Verde pega...

Um trote ecológico que acompanhará o universitário durante toda a sua vida acadêmica. Em síntese, é assim que pode ser definido o projeto Bixo Verde, vencedor da última edição do Desafio Santander de Sustentabilidade. Os integrantes do grupo são a orientadora Vera Carolina Cambréa e

as alunas Thamires Bellota Benevides, Ingrid Fregonez e Andréa Fajardo Ramos, todas da Universidade Metodista de São Paulo. Segundo a integrante, Ingrid Fregonez, “o objetivo do projeto é promover o espírito da sustentabilidade nos estudantes desde o início da vida universitária”. O Bixo Verde também visa a transformar os estudantes participantes em agentes multiplicadores atuantes e líderes dos processos

sustentáveis. Durante todas as fases, o aluno recebe certificados e se integra com outros participantes através do Website do Bixo Verde (ainda em construção) e com a comunidade através dos projetos que eles mesmos desenvolveram. Toda essa movimentação forma um profissional diferenciado, engajado e proativo, que entende e vivencia a Sustentabilidade. O projeto deve começar ainda em 2011. 47


Entretenimento leitura, cinema

Trabalhe 4 Horas po r Semana

estante

Ver e-mails uma vez por semana? Tirar mini-aposentadorias três vezes ao ano? Delegar tarefas para assistentes virtuais? Aprenda como com Tim Ferriss Leo Kuba*

C

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plementos alimentares, tornouse referência de produtividade para os profissionais do Vale do Silício (EUA), e investiu em diversas startups pontocom como, por exemplo, o Twitter. Trabalhe 4 Horas por Semana é um livro que mostra como a era digital permite uma nova forma de se lidar com o trabalho e o excesso de informação dos diversos meios que nos impactam no dia-a-dia. A leitura é recomendada desde que não se leve tudo ao pé da letra. Com um bom senso crítico, todos podem extrair algo de útil e prático para suas vidas. Para quem já leu e gostou do livro, recomendo também o ótimo blog do autor, no endereço www.fourhourworkweek. com/blog, repleto de artigos e pesquisa que complementam o “estilo Tim Ferriss de ser”, com boas reflexões para workaholics de plantão. *Leo Kuba empreende, palestra, escreve e apresenta um video podcast, não necessariamente nesta ordem.

“100 Grandes Líderes”

De Brian Mooneyo. O livro revela detalhes de alguns dos mais renomados e notórios líderes. Examina a habilidade e o talento para a liderança de cada um e analisa os efeitos que a vida deles tiveram na história. Editora Madras. 416 págs. R$ 49,90

“Bom Chefe, Mau Chefe ”

De Robert Sutton. A partir de pesquisas e exemplos de casos reais, o livro avalia os tipos de chefes que os profissionais podem se tornar. Editora: Bookman. 256 págs. R$ 49,00

Trabalhe 4 Horas Por Semana”, de Timothy Ferriss, ensina passo a passo como construir um estilo de vida que valoriza o tempo livre

“Não Arrisque Tudo”

De Stephen Spinelli e Anthony Iaquinto. A obra é destinada às pessoas que pretendem abrir um negócio ou desejam ampliá-lo. Ele traz dicas de como se preparar nas adversidades e a simplificar nas tomadas de decisão. Editora: Saraiva. 168 págs. R$ 34,90

fotos: divulgação

ansado de suas longas jornadas de trabalho e da insustentabilidade de seu negócio sem a sua presença, Timothy Ferriss, um empreendedor americano dono de uma empresa de suplementos alimentares, começou a experimentar novas e mais eficientes formas de trabalhar. O modelo funcionou e Ferriss lançou o livro “Trabalhe 4 Horas por Semana”, contando suas experiências. Rapidamente, seu livro tornou-se número 1 na lista do The New York Times e lá permaneceu por um bom tempo. Na verdade, o título do livro é apenas uma pegadinha. Apesar de soar como bravata, o conteúdo é muito bom pois questiona diversos paradigmas que temos em relação às nossas vidas, principalmente a profissional. O autor propõe um novo modelo, cuja metodologia envolve definição dos objetivos de vida, gestão de produtividade, automação de tarefas ordinárias e, finalmente, liberdade para poder trabalhar menos e dedicar mais tempo para outras atividades. A base para essa tão sonhada liberdade é a criação de negócios com alto nível de automatização e terceirização, que possam funcionar sem a presença de seu dono. Além disso, Ferriss propõe dieta de informação e diversas técnicas cujo principal objetivo é aumentar a eficiência de todos os processos para liberar o maior tempo possível. Para ele, ter tempo é um dos principais ativos nesta era em que vivemos. Apesar de muitas técnicas não serem aplicáveis para o dia a dia da maioria das pessoas, o livro faz um bom papel de questionar o modelo de trabalho tradicional, em que trabalhamos por décadas para, depois, alcançar a aposentadoria, muitas vezes já sem saúde e energia para aproveitá-la. Na última parte do livro, Ferriss dá uma série de dicas de viagens e fala sobre suas experiências após sua bem-sucedida mudança no estilo de vida. Caso você consiga sucesso seguindo as sugestões do livro, as dicas de viagens podem ser úteis. O autor escreve de forma bem-humorada e a leitura é agradável. Depois do sucesso da obra, Ferriss vendeu sua empresa de su-

confira nossas indicações de livros para este mês


Um Domingo Qualquer

O

mundo dos esportes sempre guarda ampla sinergia com o universo corporativo. O maior exemplo está na relação que podemos fazer entre o treinador, ou coach, e os líderes empresariais. Quando um time de futebol não vai bem, o técnico é demitido e não todo o elenco. Se em uma sala de aula o rendimento da maioria dos alunos em uma disciplina é insatisfatório, o professor é modificado. Quando cai o número de fiéis em uma igreja, o pastor é substituído. Se a empresa não atinge

“Um Domingo Qualquer” foi dirigido por Oliver Stone em 1999. O roteiro contempla os bastidores do futebol americano, uma febre no país de Tio Sam comparável ao nosso futebol, transitando pela vida de jogadores, donos de equipes e suas relações políticas, a mídia e o marketing. por Tom Coelho* suas metas, são os líderes que pagam o pato! No filme em questão uma passagem chama a atenção. Al Pacino, mais uma vez magistral em sua representação, no papel do coach Tony D’Amato, faz uma preleção no vestiário para seus atletas que definirá o destino de uma partida decisiva. No chamado “Discurso das polegadas”, Tony sentencia que “ou nos curamos como equipe ou vamos nos desintegrar”. No esporte, nas empresas e na vida, muitas vezes não são o preparo, a estratégia ou as táticas que fazem a diferença. Porque é comum

que todos estejam adequadamente preparados. É provável que todos tenham estratégias similares e apenas nuances de táticas diferenciadas. Afinal, coisas e pessoas estão cada vez mais semelhantes e “comoditizadas”. O que realmente faz a diferença são a emoção, o entusiasmo e a vontade de fazer acontecer. Vencer não é tudo na vida. Querer vencer, é.

Um Domingo Qualquer” mostra a importância do técnico para a liderança, criatividade e o trabalho em equipe

* Tom Coelho é educador, conferencista, escritor com artigos publicados em 15 países e um apaixonado pela sétima arte

A polêmica liderança do Dr. House

por Adams Auni*

“House” é uma série de investigação médica, em que o “vilão” é a doença e o “herói” é um médico polêmico, irreverente, neurótico e antissocial que não confia em ninguém, inclusive nele mesmo, muito menos em seus pacientes. Esse médico é o Dr. Gregory House, que dá preferência aos casos de pacientes que apresentem estado crítico, diagnósticos difíceis, casos terminais, fazendo-nos entender que adora, mesmo inconscientemente, ser desafiado. Até parece alguns líderes corporativos quando são chamados a “salvarem” empresas à beira da morte. Mas o problema é o seu jeito amargo, mal-humorado e de não saber lidar com as pessoas. Quem estaria disposto a trabalhar para um chefe assim? Quem trabalha para um chefe

assim? Pode-se tentar conversar com o chefe sobre as atitudes dele para alterar o ambiente, ficar calado e aguentar todas as patadas do manda-chuva, ou até mesmo pedir demissão. Essa decisão cabe a cada profissional, mas no caso da série de TV, parece que o jeito “turrão” do doutor ajuda no resultado final. Apesar de o Dr. House ser um especialista no que faz, ele depende de sua equipe para um resultado positivo. Logo o mérito dele é conseguir, por incrível que pareça, estimular os médicos de sua equipe a ter também ideias criativas e obter os melhores resultados entre as probabilidades. Todos os que estão com o Dr. House o fazem pelos próprios princípios que o motivam: trabalhar com

o melhor e ter o desafio de se superar. Decidir, mesmo infringindo regras e sair dos padrões. Aliás, grandes invenções ocorrem quando os gênios infringem regras. É característica de líder correr riscos e é inegável que House é um líder. Mesmo sendo um método difícil e estressante, criticado por muitos, percebe-se que ninguém é obrigado a ficar. Ficam somente os que se comprometem com os resultados. Não que o “modelo House de liderança”, seja o melhor, o mais certo, mas, no caso da série,

House, interpretado por Hugh Laurie, mistura brilhantismo e antipatia como chefe do departamento de Medicina Diagnóstica

esse é o método que obtém resultados. Caberá cada profissional, assim como na série e na vida real, escolher trabalhar com o seu Dr. House ou não. Ele também, da mesma forma, escolhe quem ele quer na sua equipe e aprende a correr riscos. *Adams Auni - Administrador, arquiteto e palestrante. Está sempre atento nas lições que os filmes e séries de TV podem deixar

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artigo MARKETING DIGITAL

Seis formas de gerar e turbinar negócios na internet Conheça as principais ferramentas de marketing digital para explorar o mercado de internet no Brasil, que já ultrapassa 80 milhões de pessoas por Silvio Tanabe*

O 1

Site com “usabilidade”:

Usabilidade significa facilidade de uso. Quanto maior a usabilidade em um website, maior a rapidez do usuário em aprender a utilizá-lo e a encontrar o que procura. Isso aumenta a satisfação das pessoas que visitam o site e as chances de um contato efetivo.

2Otimização/SEO:

É uma série de técnicas para estruturar as principais informações sobre a sua empresa, produtos ou serviços contidos no site de forma que sejam facilmente localizadas pelos buscadores. A base desta organização são as palavras-chave, frases e títulos dos conteúdos do site, que devem ser específicas, constantemente atualizadas e estar diretamente relacionadas ao negócio.

50

3Links Patrocinados:

são os novos classificados da internet, em que você pode vincular os seus anúncios para aparecer ao lado dos principais resultados de pesquisas nos sites de busca. Por exemplo, se você possui uma loja de câmeras fotográficas, seu anúncio vai aparecer ao lado dos resultados de pesquisas de assuntos relacionados à fotografia. Além de vincular a oferta do seu produto ao público interessado, outras vantagens é que você pode gerenciar a campanha por meio de vários recursos e só paga pelos anúncios que forem clicados.

de Afiliados: 4Programa

É uma modalidade que vem crescendo no Brasil e vincula o anúncio diretamente ao conteúdo. Utilizando o mesmo

istockphoto

mercado de internet no Brasil já ultrapassa 80 milhões de pessoas, o equivalente à população inteira da Alemanha ou duas vezes a da Argentina. E, pelas expectativas da nossa economia, tudo leva a crer que esse número irá aumentar ainda mais este ano. Independentemente do porte ou área de atuação da sua empresa, ser bem sucedido nesse mercado requer cada vez mais conhecimento sobre marketing digital. Ou seja, escolher a ferramenta mais apropriada às finalidades envolvidas, que podem ser vendas, propaganda ou relacionamento com clientes. Para auxiliar nesta questão, seguem abaixo seis ferramentas essenciais de marketing digital e suas vantagens. Elas podem ser usadas juntas ou individualmente, dependendo dos seus objetivos e verbas, mas é fundamental que façam parte de um planejamento prévio envolvendo também público-alvo e expectativa de resultados.

exemplo da fotografia, seu anúncio vai aparecer associado a um site, blog ou reportagem sobre o assunto. Já existem várias empresas oferecendo esse tipo de publicidade e a mais conhecida é o AdSense, do Google.

5Redes Sociais:

Redes sociais como Orkut, Facebook e MySpace, assim como as mídias sociais (Twitter, Flickr e Slideshare) são a grande sensação do momento. Não há como contestar sua importância como canais de comunicação direta entre a empresa e seus clientes. Mas antes é preciso entender como funcionam, como seu público-alvo interage e, com base nestas informações, definir a melhor estratégia..

6E-Mail Marketing:

Um e-mail marketing pode ter diferentes propósitos: transmitir informações relevantes para o receptor (caso das newsletters), oferecer uma promoção, destacar os diferenciais de seus produtos e serviços ou ser uma ferramenta de relacionamento. O retorno nesse investimento vai depender da definição desse foco e da qualidade do mailing no qual é direcionado.

*Silvio Tanabe é consultor de marketing digital da Magoweb e autor do blog Clínica Marketing Digital


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* Os números são atualizados diariamente, podendo sofrer variações, e são apurados internamente pela Catho. ** Limitação para empresa de RH de 5 anúncios gratuitos a cada 30 dias. A partir do 6° anúncio dentro desse período de 30 dias, a inclusão estará sujeita ao pagamento conforme condições indicadas no site. *** A Catho contabiliza as contratações de duas formas: A partir de informações obtidas junto aos candidatos que utilizam o site da Catho, quando cancelam as suas assinaturas, ou por meio de um link na Área de Assinantes; A partir de informações obtidas, por meio de pesquisas, das empresas anunciantes de vagas. O número de contratações pode ser ainda maior: 1) Os candidatos podem ter sido contratados após cancelarem as suas assinaturas, o que impossibilita que identifiquemos essa contratação. 2) As empresas nem sempre informam ao candidato que receberam o currículo pela Catho, sobretudo empresas de recrutamento e seleção. Por isso, os candidatos podem não saber que foram contratados por meio da Catho. 3) Há candidatos que conseguem emprego e permanecem assinando a Catho, sem reportar que estão empregados. Nesses casos, nem sempre conseguimos identificar as contratações.



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