Estilo retro
março de 2011 - ano 1 n o 3
quando o passado deixa de ser antiquado
Preço: R$ 9,90
Um exercício de autocrítica sobre a área que mais forma profissionais no Brasil
mestre Yoda as lições de um jedi na arte de administrar
Infográfico
o que querem as mulheres... Na hora das compras
entrevista
como natura e unilever adotam a sustentabilidade
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editorial
Um desafio dos grandes
E
ra uma quinta-feira e nós da equipe do Administradores estávamos na redação, quando o MEC divulgou o balanço com o número de matriculados nos cursos de Ensino Superior no Brasil. Logo, um ar de felicidade e orgulho se espalhou pelo ambiente. Estávamos em primeiro. A Administração era o curso com a maior quantidade de alunos no país. São mais de 1,1 milhão de estudantes espalhados nos 26 estados da federação. Em minha opinião, esse número se torna ainda mais relevante ao verificarmos que a quantidade de matrículas chega a ser 69% superior, comparado com o segundo curso mais frequentado: Direito (651 mil), que outrora era o mais badalado. Competições à parte, nossa alegria foi diminuindo ao verificarmos com mais atenção os indicadores de qualidade e as notas das instituições de ensino do curso, divulgados no último IGC - índice que avalia o desempenho das instituições de ensino superior. Na verdade, a felicidade deu lugar à tristeza. Quase 40% dos cursos de Administração receberam nota 1 e 2, considerados ruins, e apenas 6,92% receberam nota excelente. Então, questionamentos não faltaram: quais são os fatores que provocaram isso? Quais são os grandes problemas do curso? Será que ele está formando profissionais verdadeiramente capa-
citados? Como está caminhando a linha de pesquisa acadêmica na área? Não houve escolha. Tínhamos que vasculhar, entender e identificar o problema da Administração no Brasil. Era necessário lavar a roupa suja. O resultado dessa análise e grande desafio – que teve a participação de professores, profissionais e estudantes envolvidos diretamente e indiretamente com a área – estão em nossa reportagem de capa nesta edição. Além disso, na Administradores de abril, optamos pela variedade. Falamos do teste da Anpad, das marcas que copiam e das tendências retrô que voltaram. Já o nosso infográfico enfoca o perfil de consumo das mulheres. E o assunto da nossa entrevista é sustentabilidade. Por isso, nada melhor do que ouvir especialistas da Natura e Unilever, empresas com ações de negócios baseadas no desenvolvimento sustentável. Iniciamos também duas novas colunas, que nesta edição encontram-se juntas nas páginas 22 e 23. Uma delas é o “Administradores na História”, onde apresentaremos uma nova visão de personalidades do passado. A outra é um espaço aberto para você tirar suas dúvidas profissionais com nada mais, nada menos, o Mestre Yoda. Então, divirta-se, inspire-se e aumente seus conhecimentos. Fábio Bandeira de Mello
índice
06 AMBIENTE EXTERNO
Frases e notícias direto ao assunto
08 entrevista Profissionais da Unilever e da Natura explicam as práticas sustentáveis adotadas pelas empresas
14 acadêmico
Tudo que você queria saber sobre o teste da Anpad
16 carreira
Sabino é a administradora do futuro desse mês
26 infográfico
Descubra: O que elas querem quando vão às compras?
28 marketing
A guerra interminável entre os produtos originais e suas cópias
31 artigo
Leonardo Lanzetta fala como assumir o volante da sua marca
18 artigo
32 capa 39 agenda
19
40 tendência
Como se tornar um profissional pioneiro em sua área Jaime Castelló indica como a evolução das empresas se parece muito com a evolução das espécies
artigo
Leandro Vieira conta como o excesso de atendimento pode ser prejudicial
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carreira
Especialistas explicam o que fazer quando a sua produtividade cai
com o 22 papo yoda
Mestre Yoda revela dicas para empresas e para carreira profissional
23 personalidade
Entenda por que Michelangelo pode ser considerado um administrador de 1500
do 24 artigo leitor
Fabiana Aparício questiona a máxima de o cliente sempre ter razão
25ADMINISTRADORa DO FUTURO
Lavando a roupa suja da Administração Alguns dos cursos, eventos e seminários realizados no Brasil
O clima de nostalgia e resgate mostra por que ser retrô está na moda
43 quiz
Veja se você tem o perfil endividado, equilibrado financeiramente ou investidor
do 44 fora quadrado
Caneca lente, sabonete de aço, segurador de páginas de livro e outros produtos bem diferentes
46 entretenimento Curiosidades, humor, dicionário do administrador, filmes e livros
50 artigo
Alessandra Assad identifica os problemas de uma comunicação ineficiente
A estudante Ana Cláudia
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E-mails
twitter @gabirufaustino Gostei
muito das edições da #RevistaAdministradores, textos muito bons, diagramação inovadora e traz reflexão sobre nossa carreira. @Plusbr Muito bom. Hoje recebi meu exemplar #2 da #RevistaAdministradores que traz a matéria de capa: “Nerds - Os donos do mundo”. Delícia! @nailzaborba Levei o pôster q veio na minha revista #ADMINISTRADORES da @admnews p/ afixá-lo no trabalho. @jalinson Adorei o pôster que
veio de brinde na revista esse mês
ALMIR GOMES Acredito que a
próxima guerra mundial está nas mãos dos NERDS. ÉRICA AZEVEDO O Nerd de hoje é o
cara rico de amanhã! Chic demais esta capa. Bem original!
Gostei da seção sobre os artigos dos leitores... espero ter um artigo meu publicado lá qualquer dia desses... parabéns, Revista Administradores SERGIO LUCIANO
PABLO HENRIQUE SOUZA Muito boa, a revista. Conteúdo sem enrolação. Recomendo!
é caro
Muito interessante a matéria “Caminhos para chegar a Harvard”! Uma pena que seja tão custoso. (Larissa Souza)
Satisfação
Como leitor do www.administradores.com.br, só tenho a agradecer a colaboração de vocês com os artigos de diversos assuntos voltados à Administração. Venho procurando mostrar aos diversos colegas de trabalho e faculdade a importância de tais artigos, bem como o fortalecimento de nossos conhecimentos. Espero, através da Revista Administradores, fortalecer mais ainda nossos conhecimentos e aproximarmo-nos a cada dia da excelência na administração em geral. (Luís D. Calazans)
Xodó
É com muito orgulho que vos escrevo para parabenizar pelo excelente trabalho que vocês vêm desenvolvendo, não só pelo Portal Administradores, mas também pela revista, que já se tornou o meu xodó! A revista está ótima. Muito obrigado por nos ajudarem a crescer culturalmente num país tão complexo em suas definições culturais e sociais. (Ricardo Souza)
Parabéns
Gostaria de parabenizar a todos pelo excelente trabalho realizado através da revista Administradores. O valor investido na assinatura é bem pago, pois o conteúdo é de qualidade e tem ajudado a estudantes e profissionais de Administração a manter-se atualizados no que há de novo no ramo. Desejo que a cada dia a revista ganhe nome e cresça como referência para nós, profissionais de Administração. Estou fazendo minha parte divulgando este material. (Odair Lima)
ADMIRAÇÃO
Acredito que vocês sem dúvida tornarão a Revista Administradores a melhor da área. Tenho apenas 16 anos de idade, e estou no segundo ano em técnico em Administração, e sempre acompanhei o site. Admiro muito o trabalho do site Administradores.com.br. (Raquel Sanches) Mande também seu recado para a Administradores através do revista@administradores.com.br
CONTATOS
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ambiente externo rápidas
EU QUERIA CONTINUAR, MAS NÃO CONSIGO. PENSO UMA JOGADA, MAS NÃO EXECUTO COMO QUERO. TÁ NA HORA
Oriente médio em polvorosa
A rebelião que explodiu no Egito em fevereiro não representa mais do que a ponta de um iceberg do que está acontecendo no Oriente Médio. A revolução no país aconteceu em meio a protestos no Marrocos, Tunísia e Líbia, nações islâmicas. A população saiu às ruas para exigir a abertura política, implementação de um regime democrático e a redução dos poderes ‘confiados’ aos governantes. Todos os protestos têm pelo menos mais uma característica em comum: mobilização através das redes sociais, as quais foram rápida e eficientemente bloqueadas pelas lideranças nacionais.
Governo corta na
Brasil e os
Uma das primeiras medidas na área econômica tomadas pela equipe de governo liderada pela presidenta Dilma Rousseff sinaliza que a fama de Estado perdulário está com os dias contados. Em fevereiro foi anunciado um corte recorde no Orçamento para 2011 de R$ 50 bilhões, o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). A medida visa a controlar a inflação e fazer frente à relatoria do Congresso, que aumentou a previsão de receitas e despesas.
O mercado de tablets no Brasil movimentou 100 mil unidades, incluindo os que foram importados ilegalmente ou trazidos do exterior. A expectativa é que 300 mil unidades sejam comercializadas em 2011, concorrendo com o mercado de netbooks.
carne
Aos 34 anos, Ronaldo anuncia seu adeus ao futebol. Ele participou de quatro Copas do Mundo e já foi eleito três vezes o melhor jogador do mundo.
SAI, SAI, SAI
tablets
Milhares de manifestantes gritaram na praça Tahrir, epicentro dos protestos no Cairo, contra a permanência do (agora) ex-presidente do Egito Muhammad Hosni Mubarak.
NÃO SE TRANCAM PORTAS EM POLÍTICA. SÓ FAZ ISSO QUEM MENTE
Marta Suplicy ao ser questionada sobre a possibilidade de candidatar-se à prefeitura ou ao governo de São Paulo nas próximas eleições.
Encontro
de Nerds
Casa branca/EUA
Barack Obama foi até São Francisco para se encontrar e discutir o futuro dos EUA com Apple, Google, Facebook e outros líderes de tecnologia e inovação norte-americanos. Na agenda do encontro esteve a discussão sobre como fortalecer a economia norte-americana, apoiar o empreendedorismo e criar postos de trabalho no país.
OUVI POR AÍ: AGORA QUE O RONALDO SE APOSENTOU, QUANDO SERÁ QUE O SARNEY VAI RESOLVER PENDURAR AS CHUTEIRAS?
Mensagem publicado na página oficial do Twitter do Supremo Tribunal Federal sobre quando o presidente do Senado, José Sarney, irá encerrar sua carreira.
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online www.administradores.com.br
Profissionais “Ronaldo”: saiba como a saída deles impacta o ambiente de trabalho
Aprenda a planejar de três maneiras diferentes
O desligamento das estrelas da casa, sem os cuidados especiais, pode impactar a motivação dos colegas e o clima da empresa. adm.to/admronaldo
istockphoto
istockphoto
FOI DESTAQUE NA WEB
Acesso às redes sociais no trabalho: saiba como se portar
Profissional deve agir como se estivesse em local público. Informações confidenciais da empresa não podem ser divulgadas na rede. adm.to/admredes
Saiba a diferença entre planejamento estratégico, tático e operacional e como aplicá-lo em sua vida profissional. adm.to/admplanejar
ENTREVISTAs
ENQUETE Nesse carnaval você vai:
28.79%
Aproveitar para descansar
22.09% Estudar
como criar uma Marca de valor Carlos Dranger, responsável pela mudança de marcas como Vale, Kibon e Banco do Brasil, revela o segredo das marcas de sucesso. adm.to/admmarcas
20.22%
Cair na folia, afinal, carnaval é para isso mesmo
14.15%
Trabalhar, afinal, a vida não para
9.01%
Colocar as leituras em dia
5.74% Ver uns filmes
Fonte: Administradores.com.br
Arquivo pessoal
Você sabe o que é Nanopublicidade? O publicitário Roberto Guarnieri explica esse conceito novo no mundo da publicidade e como sua empresa pode se beneficiar com isso. adm.to/admnanopublicidade
#ficadica
artigos +Líderes nascem líderes? Mito! Carlos Hilsdorf traz argumentos que se opõem à ideia de que as pessoas já nascem líderes adm.to/admlideres
Twitter @admnews Orkut adm.to/orkutadm Facebook adm.to/facebookadm
+seja mais otimista Wagner Campos reflete sobre como “pensar positivo” traz ganhos para a vida pessoal e profissional adm.to/admotimismo
programa na net O Man in the Arena é um videocast sobre empreendedorismo e cultura digital, apresentado por Leo Kuba e Miguel Cavalcanti. Assista em adm.to/maninthearena 7
entrevista sustentabilidade
n at u r a / u n i l e v e r
O modelo de negócios
do presente Já está caminhando para o esquecimento a ideia de que, para ser lucrativo, um empreendimento precisa passar por cima da natureza e dos direitos humanos, ou que os movimentos ambientalistas defendem a causa dos chatos. Ser sustentável é o mesmo que ser atualizado, bem informado e consciente, e isso vale tanto para as grandes corporações quanto para os consumidores. E é esse modelo de negócios que, segundo a experiência de importantes empresas brasileiras, deve nortear as diretrizes da Administração durante todo o século 21 por Eber Freitas
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A
primeira vez que o termo desenvolvimento sustentável foi mencionado oficialmente remonta a mais de duas décadas, em 1987, quando foi divulgado o Relatório Brundtland. O documento foi o pontapé para o memorável evento ECO-92, que foi realizado no Rio de Janeiro. Desde então, a sustentabilidade vem sendo aplicada em todos os âmbitos e esferas, desde a alta cúpula da Administração pública e privada até os valores pessoais cultivados pelos colaboradores. Para compreender melhor a forma como as empresas estão trabalhando esse conceito na atualidade e qual o futuro das ações de desenvolvimento sustentável no Brasil, a Revista Administradores entrevistou representantes de duas corporações instaladas em território nacional reconhecidas pelas ações sustentáveis social e ambientalmente: Renato Abramovich, diretor regional Norte-Nordeste da Natura, e Juliana Nunes, diretora de Assuntos Corporativos da Unilever. Eles falaram sobre o panorama e tendências da sustentabilidade no Brasil e no mundo, a cultura do Desenvolvimento Sustentável entre os consumidores e empresas e o futuro desse modelo de negócio que é essencial para a preservação do planeta.
A Naa das em tura é um inovastrou mais o m e s rasil. A e veis no B presas qu tá n te s u s líticas egócios iversas po a d a z li a dora em n re ticos ção d de cosmé rais, redu tu te a n n a c s ri o b rs fa u nto as coo dos rec ju ã s ç e a õ rv ç e a s se de pre e poluente ades emissão d munid Renato Abramovich, diretor regional norte-nordeste da Natura
Divulgação
Sustentabilidade é o conceito da moda. Apesar de ser falada há quase 25 anos, foi apenas nesta última década que empresas e consumidores passaram a atentar para a questão do desenvolvimento sustentável. Você acredita que esse conceito está sendo bem discernido por ambos, empresas e consumidores? Renato Abramovich: Acredito que hoje há uma maior consciência sobre o conceito de desenvolvimento sustentável. Cada vez mais, empresas e consumidores estão atentos ao uso equilibrado dos recursos naturais, maior justiça social e inclusão. Por parte dos consumidores, a ampliação dessa consciência se deu, principalmente, em questões relacionadas ao abastecimento ético de recursos naturais e conservação da biodiversidade. As empresas, por sua vez, estão acordando para o fato de que possuem um papel fundamental na construção do futuro. Cresce o entendimento de que o modelo atual de desenvolvimento é antiquado e de que é neces-
sário buscar um novo, capaz de aliar a prosperidade econômica ao atendimento das necessidades humanas e à preservação do meio ambiente. Acredito que participar dessa tarefa ao lado de atores como os governos e a sociedade civil organizada está saindo dos últimos
lugares na lista de prioridades corporativas para se transformar numa questão estratégica. A sustentabilidade é, hoje, um valor determinante de qualquer estratégia de desenvolvimento. Consiste em requisito essencial, tanto em termos globais quanto para qualquer comunidade, por menor que ela
seja, porque está associada à qualidade de vida e pautará a agenda de todo o século XXI. Será assim para os indivíduos e também para as empresas.
No caso da Natura, as ações de sustentabilidade também são voltadas para o público interno
Renato Abramovich informa que a linha de produtos Ekos existe há 11 anos com produtos cujas temáticas são baseadas na fauna e na flora brasileira.
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entrevista sustentabilidade
da empresa? Os colaboradores, acionistas, sócios e os demais públicos são estimulados a adotar o conceito em suas atitudes cotidianas, melhorando dessa forma a qualidade do ambiente de trabalho?
versos públicos. Levamos por meio de ferramentas de comunicação, programas de treinamento e campanhas internas os conceitos de sustentabilidade e as iniciativas que promovemos neste sentido. Realizamos um forte trabalho focado na conscientização de nossos diversos públicos de relacionamento sobre temas como a biodiversidade e sua conservação por meio do manejo sustentável e a busca constante pela inovação de nossos processos e produtos. Acreditamos também que o caminho para assegurar negócios bem sucedidos e sustentáveis envolve a formação de líderes conscientes e genuinamente interessados pelas questões ambientais e pelo desenvolvimento econômico e social. O foco em iniciativas inovadoras e, especialmente, a consolidação de processos robustos que permitam o acompanhamento da evolução do desempenho nos três aspectos do Triple Bottom Line.
É um grande desafio estruturar novas cadeias de negócio e gerar
oportunidades para pequenas comunidades Acreditamos que o sucesso desse modelo depende do engajamento e participação dos diversos parceiros com quem atuamos e na qualidade das relações que estabelecemos, incluindo, portanto, nossos colaboradores e acionistas. Nenhum elo dessa corrente pode responder sozinho aos desafios da sustentabilidade. Por isso, nos preocupamos em estabelecer relações éticas, transparentes e com canais de diálogo abertos aos di10
A Natura Ekos foi um dos modelos pioneiros de fazer negócios de forma sustentável, trabalhando junto a comunidades rurais e inserindo-as no proces-
so de produção. Como você avalia a recepção dos cons u m i d o re s diante desse projeto? E a questão financeira, é rentável? Hoje, a preservação do meio ambiente está na ordem do dia. O consumidor está mais preocupado, e também mais consciente. E isso, sem dúvida, está causando um movimento de valorização de produtos sustentáveis, de baixo impacto ambiental. Esta é uma excelente notícia, mas ainda é um movimento que está começando. Nós vemos isso com alegria, mas também como um grande desafio. Porque sabemos que a magnitude e complexidade das questões do desenvolvimento sustentável exigem uma abordagem muito mais ampla e radical do que vem sendo feito até hoje. É um grande desafio estruturar novas cadeias de negócio e gerar oportunidades para pequenas comunidades. Tudo é mais complexo. Porque temos que respeitar o ciclo da natureza para a compra de matéria-prima e garantir que elas sejam extraídas e cultivadas de forma sustentável. Ainda assim, acreditamos que vale a pena investir nesse modelo de negócios. Com os resultados fi-
nanceiros positivos que obtivemos nos últimos anos e nosso crescimento constante, podemos afirmar que estamos no caminho certo de nossa estratégia de negócios e que nossos consumidores compartilham da mesma filosofia e, por isso, consomem nossos produtos.
Não é de hoje que os movimentos ecológicos são acusados de impedir o desenvolvimento por ações contra empreendimentos. Como você analisa essa crítica? Preservação do meio ambiente e desenvolvimento podem caminhar juntos? Em minha opinião, preservação do meio ambiente e desenvolvimento devem caminhar juntos. Tanto é que acreditamos que o valor e longevidade de uma empresa se medem por sua capacidade de promover o desenvolvimento sustentável da sociedade. E, para nós, esse é um caminho sem volta. Nossa experiência demonstra que acreditar e investir nesse modelo de gestão, na interdependência e na qualidade das relações, abre caminhos para uma visão mais sistêmica do negócio, contribuindo para a inserção da empresa na economia global. Tendo em vista a agenda econômica atual, acreditamos que as empresas que estiverem alinhadas aos preceitos do desenvolvimento sustentável, atentas às oportunidades de inovação que esse cenário impõe, se manterão mais competitivas. Acreditamos que é papel das empresas ser cada vez mais transpa-
rentes com seus consumidores e que a sociedade irá valorizar e recompensar as propostas que verdadeiramente promovam os ideais sociais e ambientais. Estamos convictos de que as companhias que entenderem os desafios de seu tempo e ajudarem na busca de soluções para eles serão as que farão diferença no futuro.
Pela sua experiência em outros países, como se situa o Brasil quando o assunto é sustentabilidade? O país é visto com bons olhos lá fora? Por ser um país megadiverso, com muitas riquezas culturais, sociais e ambientais, o Brasil pode ser uma fonte de inspiração para um mundo que está em acelerado processo de globalização e universalização. Vale ressaltar também que, devido às condições dos países em desenvolvimento, nossa população está mais consciente da necessidade do desenvolvimento sustentável do que as de países desenvolvidos.
Além disso, o Brasil e outros países megadiversos (que concentram cerca de 70% das espécies do planeta em seu território) vêm ocupando papel de destaque no cenário internacional. Exemplo disso foi o destaque que esses países tiveram na décima Conferência das Partes (COP-10), na qual o Brasil exerceu um papel de protagonismo. É importante mencionarmos ainda que em nosso país os desafios são grandes, mas as oportunidades geradas também são. É importante conseguirmos fazer uma síntese dessas vantagens e tirarmos seus benefícios. E é nesse contexto que devemos enxergar as oportunidades para nos tornarmos um país protagonista no desenvolvimento da nova economia do século 21.
A Natura emitiu um comunicado em novembro do ano passado afirmando que a lei nacional que trata da biodiversidade seria inconstitucional, prejudicial
à livre iniciativa e não estaria cumprinto preceitos estabelecidos na Eco – 92. Por quê? Quais os pontos em que essa Lei se destaca e onde precisa ser melhorada? Nós, da Natura, nos orgulhamos de sempre ter cumprido os princípios fundamentais da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), tratado internacional firmado na Rio Eco-92 com o objetivo de promover a conservação e uso sustentável da biodiversidade. A Natura foi, inclusive, pioneira no Brasil em acordos de repartição de benefícios com comunidades tradicionais. No entanto, acreditamos que a Medida Provisória vigente 2.186/2001 dá margem a interpretações equivocadas e não define regras claras para acesso e repartição de benefícios, fato que pode trazer riscos ao investimento em pesquisa e desenvolvimento. A falta de uma legislação clara para o acesso à biodiversidade brasileira cerceia a pesquisa e a livre
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Juliana Nunes, diretora de Assuntos Corporativos da Unilever Realidade ou tendência de marketing? Como você avalia o futuro das ações de sustentabilidade empresarial? Juliana Nunes: As ações de sustentabilidade são uma realidade. Acreditamos que para fazer um negócio evoluir, precisamos aliar o crescimento à preservação do meio ambiente e ao bem estar de nossos colaboradores e consumidores. Na Unilever, a sustentabilidade está cada vez mais ligada ao nosso dia a dia e, como empresa, queremos inspirar as pessoas a adotarem atitudes em suas vidas que também façam a diferença. Nossa empresa trabalha com este conceito há mais de 20 anos.
A Unilever se destaca pela realização de diversas ações de responsabilidade socioambiental. Entre os projetos desenvolvidos, quais você destacaria? Entre os destaques estão as Estações de Reciclagem Pão de Açúcar-Unilever, iniciado em 2001, que oferece aos consumidores uma alternativa responsável de coleta seletiva de embalagens pós-consumo; Programa Esporte Cidadão, que trabalha a educação por meio do esporte com jovens carentes; o projeto apoiado pela marca OMO, de incentivo “ao brincar” nas escolas; e o projeto apoiado pela marca Lifebuoy, em parceria com a Pastoral da Criança, estimulando o hábito de lavar
Com 80 anos de atuaç Brasil, a ão no Unilever prêmios já r e cebeu vá por açõe rios ss lação de baixa ren ustentáveis junto da e po à popu100% do s resíduo r ter reciclado q uase s gerad indústria os por suas s
as mãos como principal prática de prevenção de doenças.
iniciativa e tem inviabilizado o uso sustentável da biodiversidade brasileira. Devido a este cenário, poucas empresas têm atualmente capacidade financeira e estrutura para fazer pesquisa e desenvolvimento com base na nossa biodiversidade. O governo precisaria dar mais suporte institucional, fiscal, tributário e financeiro nesse sentido, começando por uma regulamentação mais consistente. A evolução para uma lei de acesso à biodiversidade traria também ao Brasil a oportunidade de coibir ações de biopirataria e usufruir de toda sua riqueza para o desenvolvimento de soluções tecnológicas e a promoção do desenvolvimento sustentável. Nossa esperança é de que, nos próximos anos, consigamos uma lei mais sólida que proteja o patrimônio natural de nosso país e que promova, ao mesmo tempo, o desenvolvimento social da população.
Qual o papel dos stakeholders no desempenho de sustentabilidade da Unilever? Para o fortalecimento da nossa estratégia de sustentabilidade é fundamental que nossos stakeholders participem deste processo. Por isso, em todas as atividades bus-
camos envolvê-los para que nos ajudem a identificar questões que mereçam atenção e dar feedback em áreas de atividades específicas. Trabalhar em parceria é fundamental para o desenvolvimento e o cumprimento de alguns de nossos principais compromissos, relacionados à sustentabilidade. O engajamento dos nossos públicos é realmente prioritário, por 11
entrevista sustentabilidade
isso desenvolvemos a campanha institucional “Cada Gesto Conta”, que mostra como pequenas atitudes diárias, multiplicadas por todos, podem fazer uma grande diferença para um futuro melhor.
Segundo o relatório de sustentabilidade, a Unilever pretende se expandir até 2012 com emissão de poluentes menores ou similares a 2007. Essa meta representa alguma perda financeira significativa para a empresa? A contrapartida ambiental esperada compensa tal esforço? Muito pelo contrário. Recentemente lançamos o Plano Global de Sustentabilidade da Unilever, que define metas quantitativas e com prazos definidos para cada área. O objetivo do Plano é maximizar ainda mais os valores sustentáveis que a Unilever já aplica em todos os seus negócios e operações. A ideia é desenvolver novas formas de crescer o negócio e, ao mesmo tempo, reduzir seu impacto ambiental. Para vender produtos, a empresa precisa de embalagens, que são produzidas com matérias-primas extraídas da natureza. A Unilever tem projetos voltados para a otimização da produção e descarte de embalagens e, ao mesmo tempo, reduzindo no impacto
Rexona
no meio ambiente? A Unilever participou do desenvolvimento e lançamento da cartilha “Diretrizes de Sustentabilidade para a Cadeia Produtiva de Embalagem e Bens de Consumo” da Associação Brasileira de Embalagens (ABRE). O documento apresenta uma série de recomen-
Queremos inspirar as pessoas
a adotarem atitudes em suas vidas que também
façam a diferença”
Os desodorantes da marca são isentos de CFC, gás prejudicial à atmosfera, presente em muitos aerosóis. O mecanismo da tampa da embalagem permite uma economia de 6 kg de emissão de resíduos durante o consumo a cada 1.000 unidades. 12
dações sobre quais indicadores ambientais podem ser melhorados durante toda a vida da embalagem, desde a fabricação até o descarte final, após o uso do produto. A companhia também apoiou a ABRE no lançamento da campanha “A embalagem construindo a sustentabilidade”, que visa a comunicar a contribuição da embalagem para a preservação do meio ambiente. Além disso, no processo de desenvolvimento de novos produtos e embalagens, aplicamos uma ferramenta desenvolvida internamente (Análise de Ciclo de Vida), exatamente para avaliar se a inovação, do ponto de vista ambiental, também é uma inovação.
As ações implantadas nos escritórios da Unilever têm gerado resultados impactantes? Como a sustentabilidade é trabalhada na cultura organizacional da empresa? O nosso público interno tem papel fundamental na nossa política de sustentabilidade e, se conseguimos resultados expressivos como companhia, isso também se reflete internamente. Temos uma liderança engajada que repassa esses valores para suas equipes, além das metas de sustentabilidade fazerem parte do plano de tra-
Dove (xampus e condicionadores)
A embalagem de 750 ml tem um volume otimizado em relação à versão de 250 ml, reduzindo em 33% os impactos ambientais, já que o descarte é menor.
balho da empresa e principalmente dos critérios de remuneração variável. A comunicação interna também tem papel fundamental nisso, uma vez que divulga mensagens globais levando a questão da otimização de materiais e a questão da sustentabilidade para o dia a dia de nossos funcionários.
Apesar de milhares de adeptos, a sustentabilidade também tem seu público contrário. São aquelas pessoas que simplesmente a consideram uma coisa ‘eco-chata’, enfadonha ou modista. Você acredita que essa aversão se deve ao fato de algumas empresas apenas parecerem sustentáveis sem, no entanto, incorporarem conceitos e ações reais? Muitas empresas ainda não perceberam que a sustentabilidade é fator intrínseco e fundamental à dinâmica da sociedade. Na Unilever, não só compreendemos essa importância como também assumimos esse compromisso perante todos. Nossa determinação em cumprir nossas metas e envolver desde os nossos fornecedores até os consumidores finais mostra que realmente incorporamos esse conceito. O desafio é mudar a atitude de cada um, mostrando que pequenas ações, sem grande esforço e nem custo, farão uma grande diferença.
Maionese HeLlmann’s
A embalagem plástica pode ser reutilizada e reciclada, além de possibilitar uma economia anual no consumo de água equivalente a 10 piscinas olímpicas.
Juliana Nunes indica que a reciclagem, uso consciente da água e inclusão social são algumas das ações empreendidas pela Uniliver
Sabão OMO
Uma alteração na orientação da embalagem, de vertical para horizontal, proporciona um consumo 10% menor de recursos naturais na produção e 33% menos emissão de gases.
Sabonete Fofo
A embalagem foi modificada de cartucho para envoltório, o que permitiu a economia de 6,02 litros de água a cada 1.000 unidades. Também foi reduzida a geração de resíduos e de CO2.
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acadêmico avaliação
Tudo que você precisa saber sobre o
teste Anpad
Pré-requisito em seleções de mestrado, doutorado, cursos profissionalizantes e de várias grandes empresas, o exame tem exigido bastante dedicação de administradores e contadores. Pensando nisso, preparamos um guia completo com tudo que você precisa saber sobre a prova e dicas de como se preparar para ela Por Simão Mairins
D
epois de quatro anos na faculdade, com o tão esperado diploma de bacharel em Administração na mão, é chegada a hora de, finalmente, dar adeus aos exames, certo? Não necessariamente. Para administradores e contadores que pensam em fazer mestrado ou doutorado, é pré-requisito submeter-se ao Teste Anpad, que, inclusive, é exigido como parte da seleção em algumas das maiores empresas do Brasil. Pensando nisso, elaboramos um guia completo com tudo que você precisa saber sobre a prova e dicas de como se preparar para ela.
O teste O Teste Anpad é um exame nacional que, a partir de cinco provas (cada uma com 20 questões), avalia o nível dos profissionais nas seguintes competências: inglês, português, raciocínio analítico, raciocínio lógico e raciocínio quantitativo. O teste não aprova nem reprova, apenas confere uma nota aos participantes, que é enviada, via correio, à instituição (ou instituições) a qual se pleiteia a vaga, que já está previamente cadastrada junto à Anpad. “Como cada instituição possui um critério específico de utilização dos resultados, é necessário que o próprio inscrito consulte as exigências ou requisitos estabelecidos pelas instituições de seu interesse”, explica o professor Antonio Artur de Souza, coordenador do teste. O resultado da avaliação, que também é enviado ao endereço do participante, é válido por dois anos e pode ser reaproveitado para outras seleções. “O interessado pode submeter-se ao teste quantas vezes desejar. Prevalecerá, para efeito de 14
apuração pelas instituições usuárias, a edição em que o inscrito obteve o melhor resultado”, explica Souza. Ainda segundo o professor, “são realizadas, anualmente, três edições do Teste Anpad, que ocorrem nos meses de fevereiro, junho e setembro. A edição de fevereiro de 2011 foi no último dia 13/02. As duas próximas estão previstas para os dias 05/06 e 04/09/2011”. De acordo com a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad), além dos programas de mestrado e doutorado e das seleções de empresas, cursos profissionalizantes nas áreas de Administração e Ciências Contábeis também utilizam o teste em seus processos seletivos.
Preparação “O ponto fundamental está na autoconfiança”, afirma o professor Milton Araújo, que ministra um curso preparatório específico para o Anpad, em Porto Alegre. Segundo ele, “tudo o que os candidatos precisam saber é como superar as armadilhas da prova, e
isto se faz com informação apropriada e muito treinamento”. A Anpad também disponibiliza, em seu site, materiais de apoio a quem está se preparando para se submeter ao teste. “Aconselho a todos a aquisição de pelo menos o último caderno de testes da própria ANPAD, pois é nele que a banca se inspira para a elaboração dos próximos testes, e tentar resolver pelo menos uma prova por semana”, sugere Araújo. “Estude regularmente, As inscrições para mas não o teste são feitas, faça sacriexclusivamente, pela fícios exainternet, e o pagamento gerados. só pode ser feito através de boleto Afinal, bancário. Para mais como diz informações, acesse o Robert site da Anpad: Wong, ‘o anpad.org.br/teste sucesso está no equilíbrio’. O que posso dizer aos candidatos é que não se assustem com a prova, pois não é difícil. Só exige um bom preparo”, afirma Araújo.
Inscrições
Exemplos de questões
Que tal começar a se preparar para o teste da Anpad? Veja algumas questões de raciocínio lógico, quantitativo e avalie o seu conhecimento:
ANPAD
Se Suzana tem R$ 5 a mais que Gilberto e Gilberto tem R$ 2 a mais que Eduardo, qual das seguintes transações fará com que os três fiquem com quantias iguais?
a) Suzana deve dar R$ 4 a Eduardo e Eduardo receber R$ 1 de Gilberto b) Suzana deve dar R$ 2 a Eduardo e Eduardo receber R$ 2 de Gilberto c) Eduardo deve dar R$ 1 a Suzana, e Suzana deve dar R$ 2 a Gilberto d) Suzana deve dar R$ 3 a Eduardo e R$ 1 a Gilberto e) Tanto Suzana como Gilberto devem dar R$ 7 a Eduardo Como resolver? O candidato precisa escrever um conjunto de equações. Sejam x, y e z as quantias de Suzana, Gilberto e Eduardo, respectivamente, então: x=y+5 y=z+2 Das duas equações acima, ainda podemos escrever que x = z + 7. Observa-se que Eduardo (z) é quem tem a menor quantia. Então, para facilitar os cálculos, podemos “arbitrar” o valor de z como sendo, por exemplo, 10. Assim: x = 17, y = 12 e z = 10, e x + y + z = 39. Para que os três fiquem com iguais quantias, Suzana deverá dar R$ 1,00 para Gilberto e R$ 3,00 para Eduardo. A resposta é a alternativa d
FUNDATEC
Cada trabalho de iniciação científica de certa universidade é avaliado por uma banca de cinco professores. Sabendo-se que os departamentos A, B e C contam, respectivamente, com três, dois e quatro professores disponíveis para a tarefa, o número de possíveis bancas que se podem formar, desde que cada uma delas tenha pelo menos um professor de cada departamento, é igual a
a) 126 b) 119 c) 104 d) 100 e) 98 Como resolver? O candidato deverá revisar o conteúdo de
Análise Combinatória. Cada banca deverá ter pelo menos um professor de cada departamento. Então, de todas as possíveis bancas de cinco professores a se formarem com todos os 9 (C9,5) subtrair aquelas que tenham nenhum professor do departamento A (C6,5) as que tenham nenhum professor do departamento B (C7,5) e as que tenham nenhum professor do departamento C (C5,5) podemos escrever: (C9,5) - (C6,5) - (C7,5) - (C5,5) = 98.
ANPAD
Em um triângulo retângulo, um dos catetos forma com a hipotenusa um ângulo de 45°. Sendo a área do triângulo igual a 32 cm², a medida deste cateto é igual a:
1 - 2 cm 2 - 7 cm 3 - 8 cm 4 - 16 cm 5 - 32 cm
Como resolver? O candidato deverá revisar os conteúdos de Geometria Plana, especialmente a parte que trata de triângulos. A área do triângulo retângulo é dada pelo semiproduto dos seus catetos. Como o ângulo que um dos catetos forma com a hipotenusa é de 45º, temos aqui um triângulo isósceles, cujas medidas dos catetos são iguais. Seja x a medida de cada cateto, então teremos: A = x2/2, e 32 = x2/2 de onde podemos facilmente calcular x=8
As perguntas foram respondidas e comentadas pelo professor Milton Araújo 15
carreira DESAFIOS E PIONERISMO
Quão pioneiro
você é?
Você se considera um profissional pioneiro? Se fizermos uma reunião em seu escritório e discutirmos feeds RSS, computação em nuvem ou hashtags do Twitter, qual é a probabilidade de você nos olhar com cara de interrogação? Há uma lacuna tecnológica entre muitos executivos (principalmente os gestores mais experientes) e aqueles familiarizados com tecnologias novas e rápidas utilizadas para atividades pioneiras por Bettina Büchel*
D
as mídias sociais aos iPads, as novas tecnologias estão mudando a forma como os consumidores interagem com as marcas. Clientes insatisfeitos rapidamente expõem suas mágoas com o produto no Facebook, Twitter e outros canais de mídias sociais. Como os executivos conseguem entender o feedback de seus clientes se nem conhecem estes meios? E como podem programar limitações de uso destes meios aos funcionários para evitar catástrofes sem compreender de verdade como funcionam estas ferramentas? Os executivos também precisam entender o valor dos canais de mídia social e as novas tecnologias em termos de ferramentas de marketing e geradores de receita. Ao implementar ideias pioneiras, nenhum executivo deve se sentir isolado. Estamos passando por uma transição de gerações, em que diferentes grupos têm diferentes tipos de perspectivas. Executivos entre 30 e 40 anos de idade cresceram com uma infraestrutura de TI, e-mail e internet, e adaptaram-se facilmente às novas tecnologias web 2.0. Enquanto isso, executivos na casa dos 40 conheceram a tecnologia tarde na universidade ou no início de suas carreiras, mas a maioria tem se adaptado bem. Agora, é a faixa etária dos acima de 50 a mais desfavorecida. Eles foram obrigados a aprender e a usar novas tecnologias bem mais tarde em suas carreiras e, compreensivelmente, passaram pela maior curva de aprendizagem na adoção de novas tecnologias. Em termos do pioneirismo em tecnologia, cada grupo tem algo valioso para compartilhar entre si. Ser pioneiro é muito mais do que apenas dominar e aplicar
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novas tecnologias. Líderes pioneiros de todos os níveis sejam de uma empresa, unidade de negócio ou área, devem inspirar um espírito coletivo de mudança, desafio e ação se quiserem ter sucesso duradouro.
Direcione a mudança A tecnologia oferece muitas ferramentas que ajudam a dissemi-
nar a informação, mas ela por si só não cria um “buxixo” nem inicia a mudança. Ter atitude é muito importante parar inspirar mudança em uma organização, e líderes sempre recorrem à sua própria paixão para criar um ambiente propício para tal. Quanto mais energia positiva e paixão demonstrar ao apresentar a mudança, maior será seu índice de sucesso ao inspirar os envolvidos. Por outro lado, é difícil direcionar a mudança se você não está apaixonado pela ideia. Antes de levar adiante qualquer ideia nova, você deve se perguntar se realmente acredita nela ou mesmo buscar informações certas que irão convencê-lo de que a mudança vale a pena. Nossa paixão pessoal muitas vezes direciona as melhores mudanças.
Ser pioneiro é muito mais do que apenas
dominar e aplicar novas tecnologias
Não culpe o mensageiro Qualquer ação verdadeiramente pioneira ou qualquer grande mudança terá obstáculos e desa-
fios – é inevitável – e, por isso, é preciso enfrentar estes desafios, assim como ter uma mente aberta em relação às pessoas que trouxeram à tona tais obstáculos. Infelizmente, em muitas organizações há uma tendência de culpar o mensageiro: líderes não gostam de saber de problemas, então a pessoa que os expõem é afastada do projeto ou desligada da empresa. Isso passa uma mensagem de que você não quer que ninguém levante desafios ou aponte obstáculos, mesmo que no longo prazo isso seja melhor para o projeto, e acaba criando um clima de desconfiança. Isso significa que a sua mudança não terá apoio e poderá, consequentemente, perder força.
A tecnologia está nos obrigando a inovar mais rapidamente Um dia, nossos filhos e netos vão rir da cafonice de nossos iPads e provavelmente vão perguntar o
você deve ser pioneiro. A única maneira para qualquer empresa permanecer à frente é já trabalhar na próxima grande ideia.
Ter atitude é muito importante para
inspirar mudança em uma
organização
O pioneirismo é um negócio arriscado Além de acompanhar as tendências, especialmente no desenvolvimento tecnológico e na criação de um ambiente positivo para a mudança, o desafio e a ação, verdadeiros profissionais pioneiros precisam empurrar as fronteiras de seus setores e alavancar o conhecimento para gerar uma nova visão. Isso significa assumir riscos – e às vezes são riscos consideráveis. Quanto maior a mudança, maior é o risco ao profissional pioneiro e sua reputação pessoal. É fundamental entender as possíveis consequências de qualquer atividade pioneira e reconhecer que pode haver momentos em que os obstáculos tornam-se tão pesados que seja melhor parar o projeto em vez de continuar seguindo em frente.
que seria um desktop. As empresas que se esforçam coletivamente para emplacar a mudança nos direcionarão para o futuro. E a força da concorrência deve nos catapultar para frente. A maioria dos produtos tem seu próprio ciclo de vida; ao se aproximarem do fim, as empresas devem lançar novas ideias, a fim de impulsionar a inovação. Curiosamente, o crescimento da tecnologia das redes sociais está acelerando esse ciclo de vida e forçando as empresas a inovarem cada vez mais rapidamente ao aumentar a demanda por novos produtos por parte dos clientes. Vemos empresas hoje disponibilizando produtos no mercado antes mesmo de estarem 100% prontos, e aí utilizam o feedback dos consumidores para impulsionar o desenvolvimento. Seja como for sua estratégia, *Bettina Büchel professora de Estratégia e Organização no IMD. Ela codirige o programa Orchestrating Winning Performance
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ARTIGO evolução
Darwin e as empresas A teoria de Darwin sobre a evolução das espécies, que se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de seres vivos na Terra, tem muito mais em comum com as corporações do que você imagina Por Jaime Castelló*
C
omo breve descanso dos “papers” acadêmicos do meu doutorado, estes dias fiquei lendo (diga-se de passagem, em formato impresso mesmo - ou de “árvores mortas”, como diz um amigo) o maravilhoso livro de Ben Heinrich, “Why we run: a natural history”. No livro, o autor une um destacado biólogo e um bem sucedido corredor de ultramaratonas (distâncias maiores que 50 km) e reflete sobre as razões pelas quais nós, seres humanos, estamos prédispostos, física e mentalmente, a correr. A conclusão a que ele chega é que correr – e, em particular, correr longas distâncias em um ritmo sustentado – foi o que permitiu aos hominídeos encontrar um nicho no feroz ecossistema das savanas africanas há milhões de anos. Não somos tão rápidos quanto um antílope, um leão, mas podemos esgotá-los, especialmente a pleno sol e em grupo. Essa maneira de lidar com as outras espécies teria configurado nosso corpo (bípede, com visão dianteira, cabelos na cabeça, aparelho digestivo pequeno) e desenvolvido nossa mente (paciência, estratégia, trabalho em equipe), e, com o tempo, nos converteu no predador mais feroz do planeta. Ao longo de milhões de anos, e por um lento e doloroso processo de seleção natural, nossa espécie foi se transformando no que somos agora. Esse pequeno mergulho teórico em um “darwinismo corredor” me levou a pensar que a evolução das empresas se parece muito com a evolução das espécies. Não é à toa que os paradigmas do darwinismo e do mercado se desenvolveram na mesma época e no mesmo contexto. Darwin e David Ricardo, um dos fundadores da escola clássica inglesa da economia política, poderiam ter se cruzado nas ruas de Londres na primeira metade do século XIX. As empresas nascem do impulso criador e da
a evolução das empresas
se parece muito com a
evolução das espécies
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paixão de um empreendedor, mas seu êxito e sua permanência estão condicionados a saber se adaptar ao mundo em sua volta, a saber encontrar seu espaço dentro do ecossistema do mercado, assim como nossos antepassados hominídeos forjaram o seu há milhões de anos. Os tempos, no entanto, são diferentes, no sentido de que a evolução das espécies é um processo de milhares de anos, mutação a mutação, que faz com que os traços que melhor permitem competir passem a fazer parte do genoma da espécie. As empresas, por sua vez, devem e podem se adaptar às mudanças dos mercados muito mais rápido. O que se mantém válido é que as pistas sobre como as empresas e espécies devem evoluir para ser mais competitivas residem no meio: os traços que permitem que a espécie seja mais forte em seu ecossistema permanecem, assim como as estratégias que fazem a empresa mais
competitiva em seu mercado. A chave, então, para o sucesso das organizações, seria “deixar-se evoluir”, não somente abrindo-se ao mercado (sujeitando-se à dureza do ecossistema), mas também experimentando novas estratégias (algo como provocar mutações) para ver qual é mais eficiente em determinadas circunstâncias. As empresas não têm (sempre) o estímulo da fome para evoluir, e, muitas vezes, quando esta chega, já é tarde demais. Talvez se pensarmos nas empresas como organismos abertos ao meio, conseguiremos criar organizações cada vez mais ágeis e mais adaptáveis às mudanças. * Jaime Castelló é professor do Departamento de Administração de Marketing da ESADE Business School, da Espanha
ARTIGO VENDEDOR CHATO
(Des) Atendimento ao cliente Pode ter certeza, se lembramos de um bom atendimento em uma loja, as experiências desagradáveis nos marcam muito mais Por Leandro Vieira*
D
omingo à tarde, nada melhor que passear com a família no shopping. Lá estava eu, olhando as vitrines, completamente de bobeira e sem compromisso. Entro na livraria – meu destino favorito – e paro, primeiramente, na seção de revistas. Em menos de dez segundos, uma atendente me aborda com um grande sorriso nos dentes: “Boa tarde, senhor! Está procurando alguma coisa específica?”. Educadamente, respondi com o tradicional “estou apenas olhando, obrigado”. A atendente se coloca à disposição e me entrega uma fichinha com o seu nome e um código, algo de extremo mau gosto (a moda nessa livraria é entregar essas fichas para que as vendas sejam computadas ao atendente, independente de ele prestar um atendimento ao cliente ou não). Seleciono três revistas, e me dirijo à seção de livros de negócios. Ao me ver, a mesma atendente me aborda novamente: “chegaram muitas novidades essa semana! Está procurando algum título específico?”. Começo a pensar que ela é dotada de algum tipo de radar, ou sensor de movimento. Dispenso outra vez a sua ajuda com a mesma cordialidade, e inicio a leitura da contracapa de um livro de marketing. “Quer uma cestinha pra colocar as revistas?”, quase grita no meu pé do ouvido, sempre sorrindo. “Isso não pode estar acontecendo”, penso eu. Mais uma vez, agradeço à atendente, e me dirijo ao fundo da livraria, com a intenção de me esconder e poder ler em paz a sinopse do livro. “Agora eu me livro dela”, falo com os meus botões. Encontro uma confortável cadeira, sento-me e cruzo as pernas. Acho fantástico esse ambiente que as livrarias modernas inventaram pra nos deixar bastante à vontade.
Quer uma cestinha
pra colocar as revistas?
O livro de marketing não era lá essas coisas. Começo a folhear as páginas de um almanaque dos anos 80 que alguém havia deixado na mesa à minha frente. Que interessante! Tinha o Bozo, o Ploc Monster, a Turma do Balão Mágico... “O SENHOR JÁ VIU O ALMANAQUE DOS ANOS 70?”, me desperta do transe nostálgico a maldita sorridente. “Não, obrigado!”, respondo já sem paciência. Pior do que a falta de atenção ao cliente, só o excesso de atenção ao cliente. As empresas acreditam que impondo metas ou cotas de vendas a seus atendentes irão vender mais. Ledo engano. Fazendo isso, só conseguem transformá-los em chatos de galochas. É preciso deixar um espaço para os clientes respirarem. O processo de compra não é algo linear que começa com “Olá! Posso ajudá-lo?” e termina com “Muito obrigado e volte sempre!”. Envolve variáveis tão desconexas quanto lembrar da infância (eu estava quase comprando o almanaque dos anos 80!), ou imaginar o que a turma da faculdade vai achar do “meu novo computador”. Empresas, aprendam de uma vez: deixem seus clientes à vontade! Fim da história: despistei a atendente sorridente, deixei as revistas e o almanaque dos anos 80 em uma prateleira e saí da loja de mãos abanando.
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*Leandro Vieira volta e meia tem pesadelos com vendedores chatos e insistentes
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carreira rendimento
Minha produtividade
caiu. E agora?
Motivos não faltam para o rendimento no trabalho diminuir no dia a dia. Mas o que fazer nessa situação? Como melhorar o próprio resultado? Descubra a receita para um bom desempenho e como empurrar, para bem longe, essa tal de improdutividade
istockphoto
Por Fábio Bandeira de Mello
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tire a primeira pedra o profissional que nunca, em algum dia de trabalho, obteve um rendimento abaixo do esperado em suas atividades. A verdade é que existem alguns dias em que parece que acordamos com o “pé esquerdo” e não conseguimos render exatamente aquilo que somos capazes. Mas, o problema é quando esse dia passa a ser uma constante na vida do profissional e a queda de produtividade começa atrapalhar e interferir completamente na rotina da pessoa, dentro do trabalho e fora dele. Motivos para esse marasmo improdutivo po20
dem ser os mais variados. Para a especialista em psicologia comportamental e automotivação Sueli Brusco, muitas vezes, esses fatores estão vinculados diretamente às atividades exercidas pelo profissional na empresa ou a falta de interação com os colegas de trabalho. “É comum ver problemas devido a gestão (liderança), ausência de metas, de transparência e de falta de reconhecimento da
equipe”, indica Sueli. Por outro lado, há aspectos ligados ao próprio colaborador que, por estarem passando por algumas patologias ou problema pessoal, podem prejudicar esse rendimento. “Muitas vezes temos problemas em áreas de nossa vida, como a financeira, intelectual, emocional ou relacionamento familiar, e acabamos direcionando essas insatisfações para a área profis-
sional” explica Daniela Lago, consultora em Recursos Humanos e professora em cursos de MBA da FGV.
Mas o que fazer? Especialistas e consultores em gestão pessoal são unânimes em dizer que o profissional que passa por uma situação de rendimento abaixo do esperado nas tarefas, antes de tudo, deve buscar identificar qual é o problema que o atinge, para então, tomar a iniciativa de sua resolução. “Conheci várias pessoas que clamavam por ajuda e não eram ouvidas. Então elas reclamavam e não faziam nada para reverter a situação. Colocavam a culpa no chefe, na empresa, na cultura, no país. Passavam o dia olhando somente os erros dos outros e culpando todos pelos seus problemas. Nesses casos, se deve primeiro pensar por que isso está acontecendo. Será que é somente o trabalho ou existe outra área de sua vida que não está bem?”, relata a consultora Daniela Lago. Já para a Sueli, a dica é fazer um check-up pessoal para avaliar as habilidades e descobrir o que gerou tais resultados negativos. “A autoavaliação é uma maneira de perceber as nossas falhas, os pontos fracos e fortes quando desejamos superar barreiras. Sem essa autoanálise, os erros podem persistir, ou os resultados virem com muito desgaste”. Voltar a ser produtivo pode estar também ligado diretamente a motivação e autoestima. Às vezes, uma reciclagem, como cursos, especializações e novas atualizações para a carreira, pode ajudar a elevar o rendimento no trabalho. “Devemos estar sempre em busca de mais conhecimento e de aperfeiçoamento, além de outras ações que nos motivem para desempenhar nosso pa-
pel dentro da organização”, destaca o consultor Carlos Contar, da Business Partners Consulting. Mas, quando se perceber que o problema da má produtividade é de cunho pessoal, falar com o chefe pode ser uma boa saída. Converse com seu líder para que, se necessário, possa tirar uns dias de folga para resolver. “Somos seres humanos, passíveis de erro e não é sempre que conseguimos entrar na empresa e ‘desligar’ dos problemas pessoais”, comenta a consultora Daniela.
dor no pescoço e a cabeça, irritabilidade, sensação de angústia, insônia, falta de concentração e dificuldades na visão. Por isso, o ideal é que o estresse seja combatido desde os níveis iniciais, quando ele ainda não está comprometendo o desempenho. De acordo com Sueli Brusco, “quanto mais tarde deixar para tratar qualquer patologia, mais visível ela pode se tornar diante da equipe e causar um ambiente desfavorável na produtividade e junto aos colegas de trabalho”.
Estresse, o vilão invisível
E desorganização, influencia no rendimento?
O excesso de cobrança no trabalho, carga excessiva de atividades, prazos curtos e o nível de instabilidade no emprego, geralmente, fazem parte da vida dos profissionais e, em algumas situações, até funcionam para ampliar a capacidade de adaptação da pessoa. Só que
é fazer o que gosta,
com dedicação
essas exigências podem afetam o ritmo físico e psicológico do indivíduo, gerando as chamadas “doenças de trabalho”. O estresse é um dos problemas mais comuns nesses casos e que também se torna um vilão quando o assunto é produtividade. Além de afetar o rendimento, esse mal pode ser percebido pela manifestação de alguns sintomas físicos: como fadiga,
Acúmulo de papéis, mesa desordenada, dificuldade na localização de documentos. Segundo Carlos Contar, a desorganização influencia sim no rendimento e pode ser um dos causadores da perca de produtividade em muitas pessoas. “O profissional mais organizado possui maior noção de prazos, tarefas a serem feitas e tem uma maior agilidade na rotina do dia a dia”, indica Carlos. Quem aderiu a essa prática de organização foi o economista Rafael Vasconcelos. Para ele, pequenas interrupções no trabalho foram fundamentais para deixar tudo no lugar. E, agora, ele até ensina o seu método: “é importante se programar uma hora diária (no meu caso pela manhã), onde normalmente a demanda de trabalho é menor. Esse momento dá a possibilidade para cada um se dedicar nas tarefas importantes e na organização de sua mesa com tranquilidade absoluta”, afirma.
atividades é fazer o que gosta, com dedicação e domínio sobre o assunto. Assim, você tem mais chance de ser produtivo no que faz e alcançar os melhores resultados. Só que caso essa não seja sua situação e o seu trabalho não o satisfaça, então, essa pode ser a hora de avaliar o rumo da sua carreira e se não é o momento de buscar novos caminhos. Talvez uma atividade nova, uma mudança de foco numa tarefa ou na área. Se isso não resolver, pode ser o momento de até pensar em mudar de empresa. Só que a especialista Daniela Lago faz uma advertência. “Vale a ressalva de que é fundamental saber o que realmente se quer da carreira antes de sair mudando de empresa. Não adianta nada mudar de ambiente e levar junto a insatisfação com o trabalho, pois os problemas na nova empresa tendem a se repetir. A chave contra a queda de produtividade deve partir de cada um, para que assim seja possível almejar sempre a melhor performance dentro da profissão”, destaca Daniela.
Os seis pilares da auto-estima a) Viver conscientemente. b) Aceitar a si mesmo. c) Responsabilizar-se pelas próprias ações. d) Autoafirmar-se. e) Viver com propósito e assumir desafios. f) Atuar com integridade e ética em suas ações.
Hora da mudança Por mais óbvio que possa parecer, a melhor forma para aumentar o rendimento nas 21
dúvidas PAPO COM O YODA
Do universo de Star Wars para o Twitter e agora na Revista Administradores. Mestre Yoda revelará, em toda edição, técnicas Jedi para serem colocadas em prática nas empresas e na carreira profissional Por Fábio Bandeira de Mello e Leandro Vieira
Q
uando Luke Skywalker procurou pela primeira vez o mestre Yoda, jamais podia imaginar que aquela pequena criatura verde de 66 centímetros poderia ser um dos mais sábios e poderosos jedis de todos os tempos. Só que nós descobrimos que o simpático Yoda transborda conhecimento muito além de sabres de luz, utilização da “Força” e técnicas de controle sobre a mente. Ele entende também sobre Administração. Desde sua primeira aparição para o mundo em 1980, na saga “Guerra nas Estrelas”, Mestre Yoda figura entre os personagens mais carismáticos e arrematadores de fãs da história do cinema mundial. Recentemente, ele retornou em cena, através do @mestre_yoda, na rede social Twitter e, agora, dá seus ensinamentos também aqui na Revista Administradores. Toda edição iremos separar as melhores perguntas sobre carreira, ambiente de trabalho, emprego, desempenho e outras tantas para que o Mestre Yoda responda e transmita suas lições. Nesse primeiro contato, nós da Revista Administradores fa-
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remos as perguntas, mas na próxima edição, você poderá tirar suas dúvidas com esse grande cavaleiro jedi.
Quem são os mestres Jedi na arte de administrar que você mais admira? Mestre Yoda - Administrar, como um pombo segurar é. Se com pouca força você o fizer, voar ele irá; mas se muito apertar, morto ele será. No equilíbrio a resposta está. Por isso, cuidadoso em suas escolhas você deve ser. Muitos são os “gurus”, hoje em dia, livros vendendo, palestras ministrando e blogs escrevendo. Mas sábios, de fato, poucos restam, além de mim. Então, Drucker com veemência recomendo e Kotler, também. Além deles, Porter e Collins lidos devem ser. Também atenção e reflexão merecem Al Ries, Jack Welch e Nicholas Negroponte. Este último, na esfera da vida digital valioso se mostra. O que temos a aprender com um Jedi sobre liderança? Aí anote: a) A arrogância a sabedoria obscurece. E liderar, sabiamente decidir é; b) Liderar, diferente de ordenar é. O Darth, por exemplo, a cartilha da imposição e do medo adotava. Assim, o tur-
n-over na Estrela da Morte altíssimo era. Respeito, o temor supera. Admiração inspire, mesmo que desprovido de alta estatura você seja. Se tamanho importante fosse, o elefante dono do circo seria; c) Acreditar e fazer. As melhores ideias, aquelas que postas em prática são. Para isso, saber delegar necessário se fará, pois uma nave só, rebelião não faz.
Qual a lição mais importante que você deu ao Luke Skywalker que poderia ser dada a um jovem administrador? Os jovens, inseguros são, por vezes. Luke, diferente não era, naquele pântano que de sala de aula nos servia. Acreditar, persistir e fazer, foi o que de melhor lhe ensinei: “Faça ou não faça. Tentativa não há.” Desistir nunca,
envie sua pergunta para mestreyoda@ administradores. com.br
render-se jamais (em algum lugar, isto já vi...). A Fo rça c o m v o c ê e s t á e co ns ci ent e d is t o v o cê dev e s er, s e mpr e , me s mo q u a ndo o po s s ív e l d e i mp o s s í v el s e c amu f l ar .
O que um mestre Jedi faria para tornar a sua empresa a número 1 do mercado? Sempre em movimento o futuro está. Então, visão e inovação, palavras-chave são. Além disso, o Marketing tradicional conhecer, útil também será. Mas o Marketing do Mestre Yoda imprescindível é. Por isso, meus próprios 4 p´s ensinarei: Paciência, Persistência, Perspicácia e Positivismo. (Talvez um “X” no final do nome da empresa, ajudar possa. Duvidar do Eike não vamos...)
“Seguir você deve, @mestre_yoda “
PERSONALIDADE administradores na historia
Michelangelo, um Administrador de 1500 Por Fábio Bandeira
E
le foi considerado um dos maiores criadores da história da arte do Ocidente, sendo pintor, escultor, poeta e arquiteto. Entre as suas obras estão as mais célebres da humanidade como as esculturas de Baco, a Pietà, o David e Moisés. Na pintura, é reverenciado através dos séculos pela genialidade criativa do teto da Capela Sistina e a representação do Juízo Final. Michelangelo não foi apenas o primeiro artista ocidental a reivindicar (consistentemente) sua independência criativa. Ele alcançou em vida patamares almejados por profissionais de qualquer época, administrando os diferentes fatores a seu favor: inegável talento, surpreendente ousadia, uma competente equipe de trabalho e o importante apoio dos poderosos. O italiano é um fenômeno de sucesso contínuo que atravessou a barreira do tempo e alcançou a cultura popular: deu nome a pessoas, a escolas, empresas e a um transatlântico; é um asteróide, uma cratera no planeta Mercúrio e uma das tartarugas ninjas. Para uma legião de admiradores é chamado de “o Divino”, um dos maiores gênios que já viveram entre nós. Para os profissionais modernos, ele é um grande exemplo de administrador do passado.
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Michelangelo viveu entre 1474 a 1564 e desenvolveu um trabalho magnífico capaz de expressar a experiência do belo, do trágico e do sublime numa dimensão cósmica e universal
ARTIGO do leitor COnsumidor
o cliente tem sempre razão? Quando começamos a mapear com tanta precisão o comportamento do consumidor, conseguimos identificar necessidades que até mesmo o próprio cliente tem dúvidas, isso começa a fazer com que repensemos se o cliente sempre tem razão Fabiana Aparício*
O
cliente tem sempre razão? Procure em qualquer livro acadêmico, ou fale com qualquer profissional de marketing e a primeira resposta será sempre sim. E será que essa é realmente a melhor resposta? Ultimamente tenho questionado muito essa máxima e pensado que esse conceito está mudando. Estamos num processo de mutação, primeiro porque as empresas estão cada vez mais conhecendo o seu cliente, acumulando informações, realizando pesquisas de comportamento de consumo, se aprofundando nos desejos do consumidor e nas características técnicas dos produtos e serviços. Há uma mudança de postura nas empresas, que deixa em xeque a ideia de o cliente saber tudo o que quer e, não importa o que aconteça, ter sempre razão. Como saber se um cliente que solicita um determinado tipo de produto, por exemplo uma TV, tem razão sobre aquele ser o produto ideal para as suas necessidades? Será que um técnico, profundamente conhecedor das especificações desta TV, a indicaria como ideal para suprir as necessidades do cliente? Talvez não. O mesmo acontece com um computador ou na compra de um serviço de treinamento. Muitas vezes, a empresa propõe soluções diferentes daquela inicialmente imaginada pelo cliente. E isso é só o começo. O mercado cria desejos, produz vontades, desperta nas pessoas a ânsia por consumir determinados produtos e serviços, que ele nem sabia que queria. Isso é bastante comum no segmento de moda. A análise de tendências futuras permite que produtos sejam introduzidos no mercado e apresentado aos consumidores com o discurso: “é isso o que você precisa, o que você queria”. E o consumidor aceita e compra. Mas ele realmente queria? Precisava?
há uma mudança de
postura nas empresas
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Gostou do produto? Outra questão é a tendência do consumidor que, cada vez mais exigente, obriga as empresas (as inteligentes), a aprimorar o atendimento de seus produtos e serviços. Essas empresas compõem uma rede de funcionários capazes de esclarecer as dúvidas mais complexas, onde muitas vezes, uma situação em que o cliente parecia ter razão, na verdade mostra que ocorreu por um erro dele mesmo, de interpretação, de uso ou até de escolha do produto ou serviço. Isso sem falar nos casos de clientes que acabam forjando situações ou se colocando como vítimas em busca de um benefício ou para não assumir um erro cometido. Se a empresa não está bem preparada para uma situação assim, tendo profissionais capacitados para questionar o cliente de forma amigável, é claro, acaba cedendo. Mas, insdiscutivelmente, é preciso ponderar cada situação e agir de forma consistente. Não atender uma solicitação do cliente é muito diferente de um tratamento áspero, ineficiente, ou com má vontade. O cliente não pode se sentir injustiçado, sem perspectiva ou prejudicado. É importante que ele saia consciente da situação, que mesmo não tendo satisfeito seu propósito, entenda a resposta que obteve e sinta-se, acima de tudo, bem atendido. Achar esse equilíbrio é o grande desafio. Um meio termo, entre atender o cliente e aten-
der aos interesses da empresa, sem prejudicar o cliente. Esse artigo pode ser conferido no Portal Administradores através do link adm.to/razaocliente
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C
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*Fabiana Aparício é consultora de Comunicação e Marketing. Experiência de mais de 15 anos com marketing, comunicação e gestão de marcas
futuro novos profissionais
ADMINISTRADORa DO FUTURO
Ninguém questiona o valor que uma empresa junior tem no currículo. E quando a experiência se dá na presidência desse grupo, essa importância se torna irrefutável Por Eber Freitas
A
administradora do futuro desta edição é um exemplo não apenas de como se dar bem aproveitando a experiência da empresa junior, mas de como o aprendizado obtido em situações cotidianas de uma consultoria pode influenciar na formação pessoal e profissional de um administrador. Ana Cláudia Sabino, 21 anos, presidiu durante 6 meses a Empresa Junior Mackenzie, da qual fez parte por um ano e meio, tendo passado também pelos cargos de trainee e gerente comercial. Pouco tempo depois de sair da consultoria, foi aceita na PressCargo, empresa da área de comércio exterior, mesmo sem estar formada. O professor José Carlos Thomaz endossa as qualidades da administradora. “Ela demonstra muita seriedade em tudo o que faz e tem visão de longo prazo. No trato com os colegas da Empresa Junior Mackenzie, demonstrou ter sensibilidade na administração do recurso mais valioso das organizações: o recurso humano”, elogia.
fotos: Arquivo pessoal
Você saiu da Empresa Junior Mackenzie, da qual foi presidente por seis meses, e ingressou rapidamente no mercado. Como você avalia a importância de ter passado por uma empresa junior para a sua vida profissional? Ana Cláudia Sabino - Se eu pudesse dar um único conselho profissional às pessoas seria: participe de uma empresa junior. Eu aprendi muito lá dentro, os alunos que saem dessas empresas têm uma visão mais ampla de negócio, de empresa, de pessoas, até da própria faculdade. Como é uma consultoria, você aprende na prática tudo o que é ensinado na sala de aula, e tem acesso a diversos mercados tam-
bém. Hoje eu ajudo muito a PressCargo com o que eu aprendi na Empresa Junior Mackenzie, como mapear os processos, avaliar a satisfação dos clientes, etc... Fora o fato de que a faculdade fica muito mais fácil [risos].
Você acredita que o segredo da satisfação profissional está em, simplesmente, aceitar os desafios, mesmo quando não esperamos e em carreiras que nunca vislumbramos? Não digo propriamente em aceitar desafios, mas não se limitar ao mercado e às oportunidades que surgem. O segredo do suces-
Ana Cláudia está no 8o período de Administração na Mackenzie (SP), e já foi presidente da empresa junior na instituição
so profissional está na vontade de crescer, ajudar a empresa em que trabalha a crescer também. As pessoas podem desejar trabalhar com marketing, por exemplo, mas elas podem não ter o perfil para isso, então por que não tentar outro mercado, outra área? Desse modo, abrir os olhos para o mundo pode aumentar as suas chances de ser mais feliz profissionalmente. Eu tenho pouco tempo de trabalho, pouco mais de dois anos, mas me sinto satisfeita porque hoje posso aproveitar essas oportunidades, e estou aprendendo muito.
Dentro de pouco tempo,
você estará formada. Quais são os próximos passos que você planeja para a sua vida profissional?
Eu tenho uma meta pessoal e também profissional que é morar fora do país para aprender inglês, que infelizmente eu não falo. Aliás, isso me limita muito no mercado em que atuo, que é de comércio exterior, ou em qualquer outro. O inglês se tornou um item básico de aprovação. Lá pretendo estudar, trabalhar e fazer cursos voltados para estratégia empresarial ou marketing. Quando voltar, espero ter decidido a área que desejo seguir, pois gosto de quase todas. 25
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marketing marcas ching ling
O ataque dos
clones
equata O sod
senolc
Eles estão em todos os lugares e, muitas vezes, ocupam o espaço das grandes marcas. Nessa guerra sem fim entre produtos originais e seus clones, descubra quais são os vencedores e os perdedores Fábio Bandeira de Mello
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ferente do outro [Playstation]. Realmente joguei dinheiro fora, pois ele é bem fraquinho. Jogamos juntos na primeira semana e depois nunca mais. O vídeo game está parado lá às moscas”, revela Renato.
O problema é mais profundo Só quem acha que o problema das marcas clones é apenas a falta de qualidade está redondamente enganado. Essas empresas não têm nenhum tipo de registro, funcionam na ilegalidade, não
Se você é fã dos carrões norteamericanos e europeus, parece que não é o único. Montadoras chinesas estão investindo em modelos idênticos de famosos carros (mas com nomes diferentes). Com preços baixos, esses veículos estão fazendo um tremendo sucesso no país
Divulgação
Q
uem passeia em qualquer centro popular espalhado pelo Brasil, com certeza já reparou uma verdadeira invasão de produtos com nomes e logos parecidos com os de grandes marcas, mas com material, no mínimo, de qualidade duvidosa. Niske, adadis (roupa), panasuper (pilha), Sonia (máquina fotográfica), Roxana (desodorante), Nokla (celular). São inúmeras marcas que tentam pegar uma carona no sucesso de grandes empresas para embalar suas vendas. E se elas conseguem? Sim, elas têm o seu espaço. Para o camelô João Pereira, comerciante da Feira de Caruaru, no interior de Pernambuco, tem muita gente que adora esses produtos. “É isso que vende. As pessoas procuram essas mercadorias, por isso que a gente vende”, conta João, que confessa ter fornecedores de São Paulo, Paraguai e até da China. “Todo mundo quer estar na moda, usar a roupa que aparece na televisão, ou de seu atleta e artista favorito. Como muitos não têm condições financeiras para comprar um original, acabam adquirindo esses clones mais baratos”, explica a psicóloga Luciana Mattos . Mas preço baixo não significa sempre um bom negócio e o agente administrativo Renato dos Santos experimentou isso na pele. Ele comprou na 25 de Março, famosa rua de venda de produtos populares da capital paulista, um desses vídeo games clones, mas logo se arrependeu. “Comprei pro meu filho esse PolyStation, mesmo sabendo que era di-
Fotos copiadas
pagam impostos, desrespeitam o direito de propriedade e estão enquadradas como pirataria. De acordo com a assessoria de imprensa do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), responsável pela autorização e registro das marcas, existe uma série de exigências para que novas empresas ou marcas consigam um registro. Uma delas é, justamente, que não podem coexistir empresas com nomes semelhantes, caso isso faça confusão nos consumidores. Quem se sentir prejudicado pode correr atrás. Para o advogado Julio Guidi, especializado em questões de propriedade intelectual e industrial, é comum empresas entrarem na Justiça contra outras que surgiram com nomes parecidos. “Trocar uma letra do nome do concorrente e manter a mesma fonética não tira a responsabilidade das empresas. Por exemplo, não poderia existir um guaraná chamado Antártida, pois já existe um guaraná Antarctica. Por tanto, isso seria caracterizado má fé para tentar desviar a clientela do concorrente e é considerado violação de propriedade industrial”, explica o advogado. Inclusive, vários comércios populares no país, como o Mercado da Uruguaiana (RJ) e o Shopping 25 de Março (SP), já sofreram operações desencadeadas por empresas, como o Grupo Adidas e Reebook. A ação teve como alvo as lojas que comercializavam produtos falsificados das marcas, a fim de minimizar os prejuízos acumulados. Com base em estimativas do Ministério da Justiça e do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), são mais de R$ 30 bilhões por ano por ano que as empresas deixam de faturar devido as marcas clones e os produtos piratas, somente no Brasil.
Onde os clones ganham Você sabe qual é o país que possui mais polêmica sobre direitos de propriedade intelectual? Tenho quase certeza que a sua opção foi a China. E não é à toa que ela leva fácil esse título. O país asiático tem um elevado “arsenal” de empresas especializadas em falsificação que vão desde brinquedos, bolsas de famosos estilistas, iPhones e até automóveis. As montadoras chinesas não têm dó e o resultado é a copia de muitos desenhos industriais e designs. Já é comum ver nas ruas das principais cidades daquele país veículos muito parecidos com os modelos do Ocidente, transformando as fábricas em verdadeiros clonadores dos modelos internacionais mais procurados (veja o quadro ao lado). A Índia também não fica atrás. Diversos empreendimentos norte-americanos e europeus, que desejam entrar no mercado indiano, estão esbarrando em lojas com nomes parecidos que vendem o mesmo produto delas. A Timberland, fabricante de equipamentos para esportes ao ar livre, por exemplo, identificada pela logomarca de uma árvore, está processando a Woodland, empresa indiana, que vende calçados e roupas similares e também usa uma árvore como logomarca. O tradicional jornal britâni-
co The Financial Times, impresso em papel rosa desde 1893, também sofre problema parecido na Índia. Ele está envolvido numa batalha legal com a Bennet, Coleman & Co, jornal de língua inglesa do país indiano. A questão é que a Bennet publica um suplemento em seu jornal com papel rosa chamado de The Financial Times. E você está enganado se acha que esses dois casos se tratam de negócios de fundo quintal ou de empresas familiares. A Woodland, sósia da Timberland, possui 230 lojas em todo o país e tem planos de abrir outras 50. Já o Bennet é o maior jornal de língua inglesa da Índia.
Também rede social Refrigerantes, marcas, sapatos, roupas, aparelhos eletrônicos, carros e até rede social, isso mesmo, rede social. O Mark Zuckerberg que se cuide, pois um grupo de espanhóis criou o Parabook. A página é muito semelhante à do Facebook, mas troca o azul pelo vermelho. O nome também não esconde as semelhanças. A diferença está na linha de interesse das pessoas. O Parabook é uma rede social para desempregados. Os fundadores disseram ao jornal El País, da Espanha, que não querem competir com outras redes sociais, apenas ajudar aos desempregados. E daí esse nome, uma vez que seu público-
É fácil encontrar marcas com nomes parecidos em todas as cidades brasileiras. Ball Star, Hiphone, Roxana, SQNY. São apenas um dos produtos que estão no mercado
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alvo são os “parados”, palavra castelhana que significa desempregados. Mas é bom o Parabook já tomar cuidado. Há menos de um ano, o Facebook processou um site de pornografia, com o nome “Faceporn”, e uma rede social destinada aos professores, o “Teachbook”. Nos dois processos, o Facebook acusou os sites de uso indevido do nome e da identidade visual.
Enfrentando o problema no Brasil A prática da clonagem e pirataria tem dimensões amplas e suas consequências são bem claras. Para o advogado Julio Guidi,“uma empresa pode gastar milhões com propaganda e marketing, enquanto outra não gastar nada
e apenas pegar carona nesse investimento. Além de enganar o consumidor na hora da compra, o produto inferior pode até prejudicar as pessoas.” O assunto é encarado no Brasil com um grande esforço de combater esta prática ilegal. De acordo com o Edson Vismona, presidente do FNCP, existem diversas ações feitas para enfrentar tanto a pirataria, quanto a proliferação de empresas irregulares. “Trabalhamos direta e indiretamente nas atividades de caráter repressivo, educativo, econômico, institucional e de esclarecimento do problema da pirataria a todos os cidadãos”, destaca Edson, que indica o serviço de clique-denúncia no www.fncp.org.br. E esse trabalho já mostra dar
Nike e Adidas As duas empresas são as campeãs de clones e falsificações. Pelo grande sucesso dos produtos com os atletas e as personalidades, clones das duas marcas são facilmente encontrados em qualquer camelô do mundo. 30
resultados. O Brasil foi excluído da lista de “mercados notórios” da pirataria e do contrabando pela Representação dos Estados Unidos para o Comércio (USTR). Dentre os membros do Bric, o Brasil foi o único país a ficar fora da lista. Na guerra entre produtos originais e seus clones, quem pa-
Celulares Chingiling Esses celulares chingling são importados da china e vendidos aqui sem pagar qualquer tipo de imposto. Geralmente vem com várias funções que atraem o consumidor, além de um preço baixo. Mas não fique chateado se muitas dessas opções não funcionarem ou se o aparelho parar de funcionar rapidamente.
rece ser o único que pode colocar um ponto final nesse conflito é o próprio consumidor. Ela tem o real poder de escolha entre adquirir uma cópia ou um original. Então, não esqueça que você está envolvido e também faz parte dessev grupo. Agora, só resta escolher o lado.
Vídeo game Alguns desses consoles lembram o PlayStation, PSOne e o Wii. Tem até uma versão portátil igual do Polystation que se assemelha ao PlayStation 3.
ARTIGO branding
Assuma o volante da sua marca O mercado de branding no Brasil está em expansão, com oportunidades ilimitadas de crescimento. O grande desafio desse processo, no entanto, começa por assumir o volante da sua marca, ao invés de simplesmente sentar-se no banco do carona Leonardo Lanzetta*
U
m pequeno estabelecimento teve o cuidado de perguntar a um ilustre hóspede sobre suas preferências. Ao entrar no quarto, o hóspede tem a grata surpresa de encontrar seu jornal preferido à cabeceira, dicas para acender a lareira e, no café da manhã, ver seus ingredientes preferidos no menu. Pois bem, tudo isso é branding!
de entre os atributos da marca e o produto ou serviço oferecido. Hoje, as marcas valem mais do que ativos físicos e, por toda a sua importância, o processo de branding de uma empresa precisa começar com o executivo número um e envolver toda a equipe. Ao todo, são quatro macroprocessos básicos: imersão à marca, diagnóstico, definição do código genético e experiência. O primeiro momento é o do aculturamento, do conhecimento sobre o produto e entendimento de sua dinâmica, para se ter a exata dimensão da marca. Nessa fase, são realizadas pesquisas de opinião e comportamento dos públicos, para detectar como a marca tem sido percebida. O passo seguinte será o de analisar e cruzar todos os dados e informações coletados nas diferentes fontes e fazer um diagnóstico para que se possa traçar a estratégia de como ela precisa mudar ou se adaptar para atingir os objetivos que se esperam dela. Essa análise permite a conclusão da próxima etapa, a definição do DNA da empresa, sua essência, valores e objetivos. Posteriormente, é preciso definir a estratégia de condução da marca e relacionamento com consumidores, o brand experience,
É fundamental que haja uma
verdadeira identidade entre
os atributos da marca e o
produto ou serviço
oferecido
O branding nada mais é que o processo de construção e gestão da marca, a partir da identificação de sua essência, valores e diferenciais, que serão passados aos públicos interno e externo em toda ocasião possível de contato. Porém, para que o processo de branding obtenha sucesso, é fundamental que haja uma verdadeira identida-
Valor (em US$ bilhões) 1º
70,452
2º
64,727
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com sinergia entre a identidade da marca e suas guidelines, desde a parte gráfica institucional à comunicação como um todo. O projeto de branding pode ser conduzido por terceiros, por empresas especializadas em gestão de marcas, por exemplo. Ou, de uma forma um pouco mais informal, sendo iniciado pela própria empresa. Um restaurante, por exemplo, pode fazer a sua própria pesquisa de qualidade com os clientes, para mensurar a qualidade das refeições servidas e o atendimento. Após identificada a opinião geral, fica mais fácil traçar estratégias para melhorar os serviços. Essas são informações que o varejista já
têm e só precisa colocá-las em prática, a fim de tornar-se proativo e responsável pelo caminho que sua empresa trilha. Hoje, o país tem poucas marcas efetivamente fortes, porém, nosso potencial empreendedor é enorme. Temos talento e criatividade de sobra e os olhos do mundo estão voltados para nós. Por isso, a oportunidade de planejar nossas marcas e como queremos ser reconhecidos é agora. *Leonardo Lanzetta é diretor-executivo da DIA Comunicação, VP de Agências do POPAI Brasil e um apaixonado por marcas
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capa desafios acadĂŞmicos
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Na escolha da faculdade, na sala de aula, no estágio – o caminho do futuro administrador está cheio de perigos ocultos. Aprenda a reconhecer cada um deles e defenda-se com as dicas de especialistas na área.
E
Por Michelle Veronese
scolhi este curso porque meu pai fez o mesmo. Vários amigos meus estão fazendo. A concorrência é menor. Não sabia o que queria, então, estou aqui... Acredite, muita gente (muito mais do que você imagina) ainda pensa assim na hora de decidir qual carreira seguir -- e entre os futuros administradores não é diferente. Experimente perguntar para seus colegas – seja na faculdade ou no trabalho – o que os levou a cursar Administração e você corre o sério risco de ouvir uma (ou várias!) das respostas acima. O que esses futuros profissionais esquecem é que o preço da conveniência pode sair caro com o passar do tempo. Aulas mal aproveitadas, oportunidades de aprendizado que passam batidas, falta de motivação e despreparo para o mercado de trabalho são os riscos para quem escolheu uma carreira levado pelos motivos errados. Pra complicar, os cursos de Administração do país sofrem com vários problemas, de professores despreparados a disciplinas que não seguem as tendências do mercado, passando pela falta de preocupação com a educação propriamente dita. De acordo com o último Índice Geral de Cursos (IGC), do MEC, apenas 6,92% dos cursos de Administração são considerados satisfatórios ou excelentes, enquanto 38,99% estão abaixo dos níveis de qualidade, ou seja, são
insatisfatórios. O que explica uma avaliação tão negativa? Como fugir desses perigos e, ao mesmo tempo, tirar o máximo proveito de uma faculdade? Com a ajuda de especialistas na área, elaboramos o guia abaixo, que mostra onde estão as principais armadilhas e o que elas reservam para você.
Problema 1: Quando o objetivo é só o diploma
“Um problema típico do Brasil é que as pessoas se sentem na obrigação de fazer um curso superior e o próprio mercado acaba reforçado essa cobrança ao exigir que os profissionais tenham um diploma”, avalia Paulo Prochno, professor de administração na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
Marcos Hashimoto, professor de Empreendedorismo do Instituto de Pesquisa (Insper), em São Paulo. É aí que a Administração entra em cena. O curso ainda é visto com uma espécie de coringa – quem é formado na área pode atuar nos mais diversos setores do mercado – o que o torna, ironicamente, a escolha ideal para quem não sabe o que escolher ou só quer saber do diploma. “Optar por essa área acaba sendo um mecanismo natural para muitos estudantes. E esse é grande um problema”, analisa Paulo.
teceu comigo. Escolhi Administração porque não sabia bem o que queria fazer na vida e passei quatro anos estudando, indo às aulas, fazendo provas, mas sem muito interesse e sem me preocupar em como utilizaria aquilo tudo. No final, ficou o diploma e tive de reaprender muita coisa, dessa vez, na prática”, conta ele, que hoje superou os obstáculos, redescobriu a Administração e comanda uma construtora em João Pessoa, na Paraíba.
CONSEQUÊNCIA
Quando o aluno não passa de um cliente
Desânimo, apatia, falta de perspectivas profissionais. Esses são alguns efeitos colaterais de quem não sabe por que escolheu Administração ou entrou na área pelos motivos
Problema 2: A cada ano, mais cursos superiores surgem no país, muitos deles oferecidos por faculdades particulares. Dentro de algumas dessas instituições de ensino está o segundo perigo. Estamos falando do tipo de relação mantida entre escolas e alunos, uma relação em que o foco, que deveria estar na educação, concentra-se no consumo. Funciona assim: o estudante, querendo comodidade, busca uma instituição onde o diploma será facilitado; já algumas faculdades, dispostas a satisfazer seus clientes, não impõem barreiras a essa busca e, por isso, acabam priorizando menos a formação e muito mais a satisfação do consumidor. Terminado o curso, o cliente (estudante) sai feliz, porém pouco qualificado profissionalmente.
apenas 6,92% dos cursos de Administração são considerados satisfatórios ou excelentes enquanto 38,99% estão abaixo dos níveis de qualidade Sim, ele tem razão. E o resultado dessa “obrigação” não é nada positivo. Ao contrário: isso acaba levando muitos estudantes a escolherem o curso de graduação pelos motivos errados. “Isso faz com que eles escolham aqueles aparentemente mais fáceis de cursar, ou menos concorridos na hora do vestibular, ou que ofereçam mais facilidade para conseguir o diploma”, lembra
errados. Se o estudante não tomar consciência desse perigo e o tempo inteiro mantiver o foco apenas em obter o diploma, acabará deixando passar a chance de grandes aprendizados e descobertas. Pior: lá na frente, quando estiver no mercado de trabalho, terá que compensar tudo o que não aprendeu. Foi o que ocorreu com Marcos Xavier*, 29 anos. “Exatamente assim acon-
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capa desafios acadêmicos
Consequência
A professora Sylvia Vergara notou que esse problema teve origem há cerca de quatro décadas. “A partir dos anos 70, com a crise do petróleo, as políticas educacionais têm sido fortemente influenciadas pela ideologia neoliberal, que propõe a privatização do ensino médio e superior, e restringe a ação do Estado à garantia da educação básica, deixando os outros níveis de ensino sujeitos às leis da oferta e da procura”, afirma, no artigo Reflexões sobre o conceito de aluno-cliente nas instituições de ensino superior brasileiras. Foi nesse contexto que as instituições de ensino superior começaram, pouco a pouco, a se multiplicar e inauguraram a tal relação perigosa na qual o indivíduo que ensina (professor) se torna um prestador de serviço, aquele que aprende (aluno) se torna cliente e o ensino se transforma em um produto. O resultado é que a educação se transforma em um mercado a ser explorado sem limites. “ Há uma diferença fundamental em formar administradores ou qualquer outro profissional e ‘dar ensino superior’”, alerta Antônio Vico Mañas, professor de Administração da PUC de São Paulo. Para ele, quem busca ensino e educação (e não uma relação de consumo) deve ter consciência de que um bom curso de Administração irá, acima de tudo, “gerar possibilidades para que os alunos possam refletir, criar e efetuar mudanças e processos com excelência”.
Há administradores atuando nas áreas pública e privada, de saúde, alimentação, tecnologia, educação, finanças, aviação, apenas para citar algumas. E, por esse motivo, as faculdades abrem as portas para professores também graduados ou especializados em outros campos, os quais podem ir da engenharia à psicologia, do marketing à matemática. Esse conhecimento multidisciplinar, aliás, é importante para a formação do profissional. O problema é na hora de adaptar o conhecimento das outras áreas para a prática da Administração. Muitos professores acabam des-
a Administração na internet ou em livros que não são referência. O resultado é que se acaba passando aos alunos conceitos e informações sem base teórica”, ressalta, lembrando o quanto isso vai prejudicar o estudante e futuro profissional da área.
Problema 4: Quando as disciplinas não acompanham a evolução do mercado
Ao ingressar no curso de Administração, não há como escapar do estudo de disciplinas básicas e fundamentais. Afinal, nas aulas de
alunos ficam limitados e desmotivados”, explica Paulo Prochno. No modelo americano, segundo ele, ocorre o contrário. Os alunos, no início da graduação, podem escolher entre uma série de disciplinas genéricas e aprender sobre temas gerais, não necessariamente ligados à Administração. “Nos dois primeiros anos da faculdade, eles têm liberdade para escolher estudar, por exemplo, política mundial, economia, marketing e, numa etapa posterior, podem optar por aquelas disciplinas nas quais querem se aprofundar”, conta o professor. O impacto desse sistema é que o aluno, além de mais motivado, consegue ter tempo para amadurecer e ponderar o rumo que dará a sua carreira antes mesmo de sair da faculdade. “Infelizmente, essa liberdade de escolha não existe no Brasil ou existe de maneira muito mais limitada”, lembra Paulo.
Um problema típico do Brasil é que as pessoas se sentem na obrigação de fazer um curso superior
Problema 3: Quando os professores estão despreparados
A Administração, você sabe, é um campo amplo e seus profissionais podem ser absorvidos por diferentes setores do mercado. 34
pejando conteúdo sem essa preocupação e, no dia a dia, questões básicas – por exemplo, “como a disciplina de Cálculo será útil no dia-a-da do administrador?” ou “ como o conhecimento de tipos psicológicos poderá ajudar no gerenciamento de uma empresa?” – ficam sem resposta. CONSEQUÊNCIA
“Ao contrário de áreas como exatas e tecnologia, a abertura em Administração é grande, o que leva muitos cursos a perderem o foco e a aceitarem professores vindos de outros campos, mas sem uma sólida formação de base, o que acaba gerando consequências negativas dentro da própria sala de aula”, observa Marcos Hashimoto. Em casos extremos, segundo ele, ocorre assim: algumas faculdades acabam aceitando docentes que, no máximo, têm apenas uma especialização em Administração – e, algumas vezes, nem isso. “No dia a dia, não é raro alguns buscarem informações sobre
Teoria de Administração, Administração Pública e Administração de Recursos Humanos, entre tantas outras, o aluno será apresentado às bases de uma área que terá de dominar na milhares de horas-aula seguintes. Por isso, disciplinas como essas são importantíssimas. Mas é necessário ir além. “É preciso inovar e oferecer também aos alunos disciplinas que reflitam a necessidade do mercado e ajudem na preparação dele, transmitindo não apenas conteúdos, mas focando na formação do indivíduo e no desenvolvimento de competências”, sugere o professor Marcos Hashimoto. CONSEQUÊNCIA
Muitas faculdades acabam se restringindo às disciplinas básicas da área e pecam ao não atentarem para as novas exigências do mercado. “É muito comum, no Brasil, os cursos serem estruturados de maneira muito rígida, o que acaba deixando a oferta de disciplinas limitada e, em consequência, os
Problema 5: Quando as turmas ficam desmotivadas
Professores despreparados e disciplinas pouco inovadoras causam um efeito pra lá de maléfico sobre os alunos que, sem nem saber por que, vão ficando desmotivados com o passar das horas em sala de aula. Sem pique para os estudos, muitos acabam saindo da faculdade com a bagagem reservada ao aprendizado mais leve do que o esperado. “Além disso, o jovem chega muito verde, sem muito conhecimento sobre a carreira e, em muitos casos, optou pelo curso porque não sabia o que fazer. O problema é que, enquanto isso existir, vão existir cursos ruins e alunos desmotivados”, alerta Marcos Hashimoto. CONSEQUÊNCIA
A primeira dificuldade para o
O caminho das pedras
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3 passos para o futuro administrador fazer a escolha certa Ao escolher o curso
“O aluno não deve enxergar a Administração como um curso coringa, como um caminho para quem não tem outra opção ou não sabe o que quer. Se ele pretende cursar uma faculdade particular, a dica é primeiramente buscar informações sobre corpo docente e, dentro das possibilidades, tentar optar por aquela instituição que tenha professores realmente capacitados e preparados para ensinar Administração”, sugere Marcos Hashimoto.
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Durante os estudos
“ O aluno precisa deixar de lado a mentalidade de colégio, não deve ser passivo e aguardar apenas pelo professor. Ele precisa andar sozinho em busca do conhecimento, ser autodidata. Isso pode ser feito de várias maneiras: lendo, pesquisando, investigando, interagindo com profissionais da área e buscando a orientação dos professores. Um conselho mais radical é: se a faculdade onde você está não oferece uma boa formação e se você tiver condições, não hesite em cair fora e optar por um curso melhor. No futuro, vai ver que valeu a pena”, aconselha Sérgio Fernandes.
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No mercado de trabalho
“No caso do estágio e do primeiro emprego, a remuneração, muitas vezes, é um fator que influencia a decisão do jovem. Mas esse deveria ser o último elemento a ser considerado. O mais sensato é procurar uma empresa onde você terá a oportunidade de aprender mais, de desenvolver mais habilidades, de ampliar horizontes, de interagir com profissionais qualificados e de ter mais perspectivas de crescimento. Essa decisão precisa ser bem analisada, pois terá uma grande influência no desenvolvimento do profissional e nos rumos que a carreira dele irá seguir”, recomenda Sérgio Fernandes.
O que o CFA está fazendo? Em entrevista do Conselho Federal de Administração à Revista Administradores, o presidente Sebastião Luiz de Mello falo sobre a situação dos cursos de Administração 1 - Não seria mais vantajoso para os administradores, de uma forma geral, se o CFA invés de exercer apenas um papel fiscalizador dentro das organizações públicas e privadas, buscasse exercer também um papel dentro das universidades, no sentido de preencher as lacunas de ensino deixadas pelos cursos espalhados no país? Os Conselhos profissionais foram criados para fiscalizar a profissão. Faz parte da sua natureza, já que a sua função primária é defender a sociedade dos maus profissionais. Mas fiscalizar não é só punir. Quando você realiza uma palestra, faz uma campanha, ajuda na regulamentação de um curso, tudo isso tam-
bém é fiscalização. Quanto aos cursos, eles são criados baseados nas diretrizes curriculares criadas pelo Conselho Nacional de Educação do Ministério da educação (CNE/MEC), que estabelece a carga horária, conteúdo e outros. Defendemos que a faculdade deve preparar o acadêmico para o mercado, então ela deve oferecer subsídios para que o estudante tenha como praticar aquilo que ele aprendeu em teoria. O Sistema CFA/CRAs tem atuado dentro das Instituições de Ensino Superior realizando programas de integração com coordenadores e professores de cursos, promovendo visitas dos CRAs às faculdades e recebendo visitas de estudantes, promovendo palestras nas IES, entre outras ações.
2 - O administrador não deveria ser mais exigido nos cursos de Administração pelo Brasil? O que o senhor acha da antiga ideia do CFA ter uma espécie de exame após a conclusão dos cursos (igual ao Chartered Financial Analyst), para valorizar ainda mais o profissional formado? Realizamos, em parceria com a ANGRAD, encontros estatuais para discutir o ensino da Administração e formas para melhorá-lo. Além disso, firmamos uma parceria com o MEC. O termo constitui objeto de colaboração técnica do CFA junto à SESu/MEC, em caráter experimental, contribuindo com subsídios para ações de regulação e supervisão da educação superior na área de
Administração. Sendo assim, o CFA tem ajudado o MEC nos processos de autorização, reconhecimento e de renovação de reconhecimento de cursos na área. Além disso, o CFA oferece treinamento para os CRAS no sentido de ajudá-los a definir indicadores para avaliação dos cursos de bacharelado em Administração dentro das dimensões definidas pelo MEC. Com relação ao exame, na última pesquisa Perfil do Administrador que realizamos, recebemos sugestões para a criação de um exame de proficiência. Somos a favor da avaliação, mas defendemos que ela seja contínua, pois o exame nos moldes que vemos hoje só avalia o profissional naquele momento. A avaliação não pode ser um processo estanque.
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aluno que passou anos desmotivado surge na hora de ficar cara a cara com mercado de trabalho. E não se engane com o grande número de vagas abertas diariamente para administradores – nem sempre isso vai garantir uma boa colocação. “Hoje, por exemplo, o país está buscando uma grande quantidade de mão de obra importada e o meu temor é que, em consequência desses fatores, como a desmotivação de alunos e de professores, isso aumente ainda mais”, observa Sérgio Henrique Fernandes, professor de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. E, segundo ele, há outro dano causado pela desmotivação: quem não recebe uma boa formação pode, no futuro, ao ocupar um posto de trabalho – seja operacional, seja de liderança -, impactar negativamente o mercado, a ponto de minar, por exemplo, a qualidade dos serviços prestados no país. “Podemos dizer que, no Brasil, isso é muito deficitário. Nos servi-
ços médicos, hospitalares, na área logística e em tantas outras, vemos muitos profissionais despreparados e esse despreparo tem a ver com todo o ciclo vicioso formado por universidades que facilitam o diploma, professores despreparados e alunos desmotivados”, observa Sérgio Fernandes.
Problema 6: Quando o corpo docente não interage entre si e com os alunos
Quem passou por uma faculdade, seja ou não de Administração, certamente já ouviu o seguinte desabafo: “meus professores estão mais interessados em participar de disputas por poder e produtividade do que em interagir entre si e com os alunos”. De fato, em muitas instituições de ensino superior, o corpo docente nem sempre funciona como um “corpo”. Em vez de agir de modo integrado, promovendo discussões, análises, debates e pensando conjuntamente os rumos do cur-
so e a qualidade do ensino, muitos professores ficam isolados em suas disciplinas e pesquisas. Os alunos, por sua vez, acabam não encontrando, na figura do mestre, o guia e conselheiro que se espera – em vez disso, deparam-se com docentes inacessíveis, com pouco tempo disponível para orientar e aconselhar. Má vontade dos professores? Não obrigatoriamente. Na maioria das vezes, o próprio sistema de ensino é responsável por esse problema. Um exemplo está na quantidade de aulas que cada professor precisa ministrar ao longo do ano letivo. “Em geral, os professores brasileiros dão muito mais aulas do que os de outros países. E isso tem um impacto na qualidade do curso e também no tempo que ele irá dedicar à interação com os alunos e ao desenvolvimento de pesquisas acadêmicas”, avalia Paulo Prochno. Outro exemplo vem do sistema de avaliação da Capes, que mede a qualidade dos cursos de pós-graduação distribuindo
pontos tomando como referência, entre outras coisas, a quantidade de artigos produzidos pelos professores. Na busca pela quantidade, a qualidade fica comprometida e pesquisas mais aprofundadas dão lugar a investigações superficiais e de curta duração. CONSEQUÊNCIA O resultado é uma maratona nada saudável nas faculdades, com os docentes correndo para cumprir todas as metas impostas a eles anualmente: dezenas de aulas, centenas de provas, milhares de temas a serem transmitidos, além de artigos que precisam ser escritos e publicados para conquistar os tais pontos da Capes. E, nessa maratona, o aluno, que deveria ser o centro das atenções, transformase em mero espectador. Sem orientação adequada e sem um corpo docente que esteja, constantemente, repensando e pensando como educá-lo melhor, a desmotivação entra em cena e isso vai afetar toda a trajetória do estudante e futuro profissional.
Muitas faculdades acabam aceitando docentes que, no máximo, têm apenas uma especialização em Administração – e, algumas vezes, nem isso.
Mais alunos O que revelou o último Censo da Educação Superior Opções para quem deseja seguir a carreira de administrador não faltam. Há 2.314 cursos superiores no Brasil e, destes, os de Administração concentram a maior fatia de alunos. São 1. 102.579 estudantes matriculados nessa área em todo o país, segundo o último Censo da Educação Superior, realizado pelo Ministério da Educação em 2009.
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capa artigo
O que há de errado na área acadêmica de Administração no Brasil
Por que nossa produção acadêmica em Administração não tem nenhum impacto mundial? Paulo Prochno*
A
área acadêmica de Administração no Brasil poderia ter um destaque mundial muito maior do que tem – mas vários fatores impedem que isso aconteça. Fiz meu doutorado fora e decidi voltar por um misto de idealismo e vontade de estar no Brasil. Mas, depois de cinco anos encontrando os problemas que vou resumir a seguir, desisti e vim para os EUA. A intenção não é criar polêmica – apenas trazer à tona a questão. Não é falta de qualidade, certamente: as melhores escolas de Administração do Brasil têm alunos de alta capacidade, tão bons quanto os alunos das melhores escolas mundiais. E com professores que poderiam estar entre os mais respeitados mundialmente em suas áreas. Porém, vejo acadêmicos de enorme capacidade no Brasil tendo seu talento muitas vezes desperdiçado. Muitas razões levam a isso – a intenção aqui não é fazer uma lista exaustiva, nem tampouco objetiva: ela reflete minha experiência em escolas do Brasil, EUA e França, além da experiência de colegas em escolas na Ásia. Apresento três fatores:
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O jogo dos pontinhos da Capes Para mim, o fator que mais mediocriza a produção acadêmica brasileira. Toda escola que oferece programa de pós-graduação está sujeita à Capes para manter seus programas. Entre alguns outros critérios, os professores de cada escola de Administração que oferece mestrado e/ou doutorado têm que atingir uma média de pontos por pessoa para a escola ser considerada boa. Publicações contam pontos dependendo da qualidade do periódico. Poxa, até aí tudo ótimo, um sistema de avaliação que dá incentivo para a produtividade. Mas, as escolas colocam pressões em seus professores para fazer pontos no curto prazo – o que faz com que ninguém queira correr o risco de submeter para os melhores periódicos, já que o ciclo para ter um artigo publicado neles leva de 2 a 5 anos. A consequência? Todo mundo finge que está fazendo algo importante, mas na verdade só está pensando em maximizar os tais pontinhos gerando quantidade (ao invés de qualidade). 38
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Em terra de economista, quem administra se estrumbica
Nos EUA, professores de business school ganham pelo menos 50% a mais que professores de economia. Se isso é “certo” ou não sob ponto de vista de criação de valor, eu não sei – mas sempre que vejo economistas tentando ser científicos e errando feio em seus conselhos, acho que faz sentido os administradores anharem mais. Já no Brasil, com sua eterna obsessão por fatores macro e sua paixão por previsões, economistas são reis: tem universidades onde professores de Economia ganham o dobro dos de Administração. Para alguém terminando o PhD em Economia, voltar para o Brasil não significa uma perda de salário. Já para o PhD em Administração, a diferença é grande, geralmente se ganha o dobro lá fora. “Ah, mas no Brasil os salários são mais baixos mesmo”. Hmm. Isso não é verdade para muita gente. Banqueiro ganha a mesma coisa no Brasil que nos EUA, consultor ganha mais, diretor ganha a mesma coisa ou mais... Por que o professor de Administração tem que ganhar metade ou menos?
Aulas, aulas, aulas
Um professor nas melhores escolas de administração dos EUA ou Europa tem uma carga horária entre 75 e 120 horas de aula, por ano. No Brasil, mesmo as escolas muito generosas pedem no mínimo mais que o dobro disso. E há casos que chegam a mais de 500 horas/ano. O que o professor das melhores escolas do mundo faz no resto do tempo? Produz artigos, visita empresas, conversa com executivos, dá palestras, viaja, apresenta ideias, expande as fronteiras do conhecimento. Planeja com cuidado seus cursos. Sobretudo aprende, para fazer com que seus alunos aprendam mais. O que o professor no Brasil faz com o que resta do seu tempo? Dá mais aulas, para aumentar seu salário e faz pontinhos para a Capes ficar feliz e os burocratas poderem mostrar a pretensa “pujança” do nosso ambiente acadêmico.
*Paulo Prochno leciona na Robert H. Smith School of Business da Universidade de Maryland (EUA). É também coordenador adjunto do departamento de gestão e organizações da escola
EVENTOS CAPACITE-SE
Agenda
Formação de Consultores Responsável: Cegente Início: 26/03/2011 G Local: Belo Horizonte/M esmg tor Info: adm.to/admconsul
BALAS Annual Conference 2011
siness AssoResponsável: The Bu ca Studies ciation of Latin Ameri Início: 13/04/2011 I Local: Santiago/CH las Info: adm.to/admba
EnADI 2011
D Responsável: ANPA Início: 15/05/2011 RS Local: Porto Alegre/ adi2011 en dm Info: adm.to/a
Formação Internacional em Professional & Self Coaching
Fórum HSM Gestão e Liderança
o 1ª Conferência em Gestã e Inovação
ntro EnADI 2011En - ag IIIcoEncontro t ende em 3ES cial11M–an pe20 S ia ég detu Administração Estr-atFada mily Es rasmdeHSM ogdo Pr D PA Informação Responsável:sAN 011 es 20211 Busin Responsável: 15/05/ANPAD
Responsável: Instituto Brasileiro de Coaching Início: 31/03/2011 Local: Brasília/DF Info: adm.to/admcoachingdf
sessoria EduResponsável: DH2 As cacional e Treinamento Início: 16/04/2011 Local: Recife/PE o Info: adm.to/admgesta
3ES 2011 – Encontro de Estudos de Estratégia D Responsável: ANPA Início: 15/05/2011 RS Local: Porto Alegre/ s2011 3e Info: adm.to/adm
Responsável: HSM Início: 05/04/2011 Local: São Paulo/SP Info: adm.to/admhsmlideranca
Início: sável: HSMRS Respon Início: Porto Alegre/ Local: 15/05/2011 11 11/05/20 Início: http://bit.ly/dWNx4G Local: Porto ções:Alegre/RS Informa ulo/SP Local: São Pa Informações: www.bit.ly/gqBH0b mspecial /a Info: adm.to dmhs
8º CONTECSI
FEA/USP Responsável: EAC – Início: 01/06/2011 Local: São Paulo/SP ntecsi Info: adm.to/admco
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tendência repaginada
O clima de nostalgia e resgate mostra por que ser retrô nos dias atuais é supimpa! Fabiana Cardoso*
N
ão haveria nada mais retrô do que escrever estas linhas em uma máquina de escrever, mas infelizmente a minha Olivetti verde oliva já não existe mais. São hábitos que se tornaram obsoletos com o tempo, mas que para algumas pessoas continuam a ser parte do dia a dia. Hoje, o retrô é fruto para bons negócios e alimenta um mercado fiel. Filmes fotográficos, páginas amarelas, walkman, discman, vinil, disquete, fita VHS, orelhão, ficha telefônica, tostex e tantos outros são itens de uma época que deixaram lembranças tão fortes, que criaram um estilo de vida para quem não quer abandonar as raízes. É como viver constantemente na casa da vovó. Segundo Patrícia Guimarães, professora de Moda da Universidade Gama Filho, o retrô é uma tendência que veio para ficar, pois remete a um sentimento de
uma vida que não volta mais. E aqueles que levantam a bandeira do estilo sabem muito bem como definir o que sentem. Para o gastrólogo e educador David Roges, “ser retrô é ser saudosista para os que viveram nos anos 60, 70 ou 80, extraindo a essência e os gostos memoráveis da época”. No caso dele, o seu mundo está representado na mistura da gastronomia e da música para o resgate de lembranças. “Quando uma pessoa diz: nossa, este prato me lembra uma situação X, num lugar Y, com a pessoa Z, ouvindo a música do cantor J, que entoava o refrão W, dizemos que ela está inserida no domínio sinestésico do ver, ouvir e sentir emotivo. Logo, o resgate dos sa-
O retrô remete a um sentimento de uma vida que
não volta mais
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bores e da sonorização nos remete ao ontem. E em doses homeopáticas, vale a pena ver, sentir e ouvir de novo”, explica Roges.
Roupas da moda As saudosistas irmãs Kainara e Kauana Miranda Soares remetem a um momento totalmente lúdico. “O retrô é algo que nos remete a um tempo agradável que não volta mais, em que as pessoas eram reais, existia bom dia e as crianças brincavam na rua. Nós nos sentimos mais felizes e satisfeitas dessa forma”. Kauana Miranda, de 29 anos e que atua em Recursos Humanos é uma colecionadora de sapatos tipo Melissa. E ela tem a reposta pela paixão na ponta da língua. “Saltos altos foram muito usados no estilo romântico, e hoje fazem sucesso entre os amantes do estilo retrô. As Melissas inclusive conseguem enfatizar esse detalhe com muito glamour e elegância, tornando seus sapatos um ícone
da moda de décadas anteriores”. Já Kainara Miranda, recepcionista, apesar de ter apenas 19 anos, é um exemplo precoce do estilo retrô. Apaixonada por pin-ups, ela faz questão de estampar o estilo em seu dia a dia. Para ela, as pin-ups passam a imagem de mulheres decididas e com estilo definido, requintadas e elegantes. E quando é questionada sobre como as pessoas enxergam seus costumes, Kainara brinca: “já ouvi muito comentário como ‘que roupa de tia, pegou da sua avó?’ Mas, em contrapartida tenho vários amigos que acham bacana e
Até os designs de automóveis,
eletrodomésticos, mobiliários também embarcaram nesta tendência com muito sucesso, pois foi detectado o desejo do
consumidor por esse design retrô
Olha o passarinho
Revelar foto era uma atividade que guardava grandes surpresas. Boas e más. Só depois de esperar alguns dias é que tínhamos a chance de conhecer os resultados das manobras fotográficas. A questão é que muitas vezes as fotos queimavam, e aí, adeus, lembranças registradas.
EstiloVintage
dizem que gostariam muito de usar esse tipo de roupa e ter costumes retrô”. E Kainara sabe o que está falando, segundo afirma Patrícia Guimarães, “existem grupos sociais que valorizam esse look, alguns até como forma de protesto contra o fast fashion que uniformiza as pessoas de acordo com as tendências de moda. O look retrô, quando é original, realmente adquirido em brechós, é único, super exclusivo! Por isso, valorizado. A moda sempre busca inspirações em décadas passadas, fazendo uma releitura das peças
Você costuma comprar peças de antiquários? Adora um abajur da década de 50? Não resiste aos pratos decorativos? Então, você é Vintage. O estilo vintage representa os elementos que vão da década de 20 até a década de 60. São clássicos de uma época e quem incorpora essas décadas, gasta uma boa quantia comprando peças originais. Tudo para lembrar o melhor do estilo casa da vovó.
com os materiais atuais, mais desenvolvidos tecnologicamente. Estamos sempre vivenciando o retrô até sem perceber”.
Um bom negócio Mas não é só a moda que sabe aproveitar bem a linha saudosista. A Schincariol, por exemplo, não só apostou em relançar o refrigerante - ícone dos anos 80 - agora com o nome de Itubaína Retrô, como também lançou o blog e a Itubaína Rádio Retrô (www.itubainaradioretro.com. br), com o intuito de relembrar bons tempos e resgatar as músicas que fizeram história. No ano passado a Atari também fez sua releitura do modelo VCS 2600, de 1982, que trazia os jogos Combat e Pac-Man. A versão ganhou o nome de Flashback +2, que incluía no pacote uma camiseta e mais 40 jogos. A edição foi vendida por um prazo limitado.
O ritmo do retrô
há varias festas pelo Brasil dedicadas às músicas do passado. até mesmo na internet é possível encontrar a Rádio Retrô, especializada em resgatar músicas das últimas décadas. Com três anos de existência, a rádio tem quase 360 mil execuções de músicas com um playlist selecionados pelos ouvintes.
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automóveis, eletrodomésticos, mobiliários também embarcaram nesta tendência com muito sucesso, pois foi detectado o desejo do consumidor por esse design retrô”, explica Patrícia Guimarães. A marca americana Nostalgia Eletrics traz uma série assim, que vai de minicooler a máquina para hot dog elétrica. De máquina de gelo a pipoqueira. Do liquidificador clássico a mini geladeira. A Brastemp, que começou apenas com uma linha de frigobar, agora conta com refrigerados e fogão. Segundo o gerente geral de Design e Inovação da Whirlpool Latin America, Mário Fioretti, “quem move a criação destes produtos e os faz de fato são os próprios consumidores”. A empresa conta que, para a criação da linha retrô, houve o envolvimento de diversas equipes, passando pelas áreas de design, tecnologia e marketing, que convergiram para o desejo do consumidor, manifestado
com grande aceitação desde o lançamento do Frigobar ReKauana Miranda O hobbie de Kauana Miranda trô, em 2007. é colecionar sapatos tipo “Foi necessário Melissa, que remeterem ao estilo cerca de um de décadas anteriores ano e meio de trabalho, para que todos os elementos conversassem e trouxessem um equilíbrio entre o novo e o antigo”, relata Fioretti. Não há dúvida de que existe um aquecimento financeiro para o mercado de modelos do passado. Trata-se de um estilo de vida que se aplica em vários bens de consumo, e que tem mostrado ter um público fiel, exigente e que busca maneiras de reviver os áureos tempos. Deu saudades do cheiro do almoço K ainara na casa da vovó? Então seja bem se vesteM iranda no vindo ao retrô! estilo pin baseada -up, na roupa de modelos do in ício do s é culo 20
BRASTEMP
O visual é saudosista, mas a tecnologia que acompanha esses linha de produtos da Brastemp é novinha em folha
David Roges
Atari
O mundo retrô do gastrólogo David Roger está representado nos itens do seu portfólio, principalmente nos doces e bolos que ele produz, sempre com muita cor, brilho e sabor
Em 2009, a Atari fez sua releitura do seu célebre clássico vídeo game VCS 2600
Divulgação
E, recentemente, a Nescau lançou uma série limitada de latas em estilo clássico no mercado para comemorar os 79 anos do produto e 90 anos da Nestlé no Brasil. São quatro tipos de embalagem, que reproduzem grafismos de versões dos anos 1932, 1960, 1986 e 1998. Alguma dúvida de que o mercado já percebeu que a releitura dos áureos tempos é a coqueluche do novo século? Na verdade, não só percebeu que soube investir no velho sem perder o frescor do novo. “O brechó virou tendência e também é oferecida pelas grandes cadeias de moda que detectam o comportamento de grupos lançadores de novos modelos. Até o designs de
nestlé
As latas de Nescau em estilo clássico são colecionáveis e apresentam diferença no rótulo
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*Fabiana Cardoso é jornalista, também formada em roteiro, atua como assessora de imprensa há 8 anos e produtora executiva de shows e eventos. Além disso, mantém o blog pessoal www.fabianacardoso.com.br
quiz finanças
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quiz
1-O que você ganha por mês é suficiente para arcar com os seus gastos?
a) ( ) Pago todas as minhas contas e ainda guardo uma quantia do salário todo mês. b) ( ) É suficiente, mas não sobra nada. c) ( ) Gasto todo o meu dinheiro e ainda uso o limite de cheque especial ou peço emprestado para parentes e amigos.
2-Você tem conseguido pagar suas despesas em dia e à vista?
a) ( ) Pago em dia, à vista e em alguns casos com bons descontos. b) ( ) Quase sempre, mas tenho que parcelar as compras de maior valor. c) ( ) Sempre parcelo minhas compras e utilizo linhas de crédito como cheque especial, cartão de crédito e crediário.
3-Você realiza seu orçamento financeiro mensalmente?
a) ( ) Faço periodicamente e comparo o orçado com o realizado. b) ( ) Somente registro o realizado, sem analisar os gastos. c) ( ) Não faço meu orçamento financeiro.
4-Você consegue fazer algum tipo de investimento?
a) ( ) Utilizo mais de 10% do meu ganho em linhas de investimentos que variam de acordo com os meus sonhos. b) ( ) Quando sobra dinheiro invisto alguma coisa. c) ( ) normalmente, Nunca sobra dinheiro para esse tipo de ação.
5-Como você planeja a sua aposentadoria?
a) ( ) Tenho planos alternativos de previdência privada para garantir minha segurança financeira. b) ( ) Contribuo para a previdência social, mas sei que preciso de reserva extra, mas não consigo poupar.
Endividado, equilibrado financeiramente ou investidor? Como anda sua vida financeira? Sobra um dinherinho para investir ou você sempre está no vermelho precisando de um empréstimo? Faça o teste e descubra em qual grupo você se encontra: endividado, equilibrado financeiramente ou investidor, e veja dicas de como melhor a sua situação
c) ( ) Não contribuo para a previdência social e nem para a privada.
6-O que você entende sobre ser Independente Financeiramente? a) ( ) Que posso trabalhar por prazer e não por necessidade. b) ( ) Que posso ter dinheiro para viver bem o dia a dia. c) ( ) Que posso curtir a vida intensamente, e não pensar no futuro.
7-Você sabe quais são seus sonhos e objetivos de curto, médio e longo prazo?
a) ( ) Sei quais são, quanto custam e por quanto tempo terei que guardar dinheiro para realizá-los. b) ( ) Tenho muitos sonhos e sei o quanto custam, mas não sei como realizá-los. c) ( ) Sempre acabo deixando os meus sonhos e objetivos para o futuro, porque não consigo guardar dinheiro para eles.
8-Se um imprevisto alterasse suas finanças, qual seria a sua reação?
a) ( ) Faria um bom diagnóstico financeiro, registrando o que ganho e o que gasto, além dos meus investimentos e dívidas, se os tiverem. b) ( ) Cortaria despesas e gastos desnecessários. c) ( ) Não saberia por onde começar e teria medo de encarar a minha verdadeira situação financeira.
9-Se a partir de hoje não recebesse mais seu ganho, por quanto tempo manteria seu atual padrão de vida?
a) ( ) Conseguiria fazer tudo que faço por 10 anos ou mais. b) ( ) Manteria meu padrão de vida por, no máximo, 1 ano. c) ( ) Não conseguiria me manter nem por alguns meses.
O teste foi realizado por Reinaldo Domingos, educador e terapeuta financeiro do Instituto DSOP de Educação Financeira - www.dsop.com.br
10-Quando você decide comprar um produto, qual é a sua atitude? a) ( ) Planejo uma forma de investimento para comprar à vista e com desconto. b) ( ) Parcelo dentro do meu orçamento. c) ( ) Compro e depois me preocupo como vou pagar. Peso das respostas: a)10 b)5 c)0 Resultado: 1)De 70 a 100 Investidor – Parabéns, você está no caminho certo! O hábito de poupar é o meio para se tornar uma pessoa sustentável financeiramente. É preciso proteger, poupar e guardar parte do dinheiro que passa por suas mãos, pois é por meio dele que você realizará seus sonhos e objetivos. Tenha sempre no mínimo três sonhos: o de curto prazo (até um ano), o de médio prazo (até dez anos) e de longo prazo (acima de 10 anos). 2) De 45 a 65 Equilibrado Financeiramente – Pode parecer que tudo está em plena ordem, mas cuidado. O fato de não ter dívidas ou se as tiver estarem controladas, não pode ser objeto de tranquilidade. Se algum imprevisto acontecer é bem provável que você não tenha outra alternativa a não ser a de assumir empréstimos. Crie o hábito de guardar parte do dinheiro que ganha e, consequentemente, acumular reservas financeiras. 3) De 0 a 40 Endividado - Sua situação é delicada. É preciso fazer um diagnóstico financeiro, saber quanto ganha, com o que gasta, descrever e detalhar todos credores e os valores das dívidas. Além disso, deve registrar todas as despesas, por tipos, por 30, 60 ou até 90 dias, inclusive as despesas de cafezinho, gorjetas, etc.
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fora do quadrado inovação
QUantA
criatividade Caneca em formato de lente, sabone de aço ultraduradouro e o útil segurador de páginas de livro. Conheça alguns produtos diferentes e inovadores que surgem no mercado por Eber Freitas e Felipe Spencer
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Conheça, baixe e faça sua própria câmera fotográfica de papel
milenares da fotografia, as Pinhole Camera, feitas apenas de papel, conquistam alguns apaixonados por fotografia. O princípio é simples: expor a câmera à luz em frente a um determinado objeto e deixar essa luz passar por um furo do tamanho de 0,5mm durante um curto período para formar a imagem na película do filme. A boa notícia: qualquer um pode baixar um pdf com o modelo de câmera, recortar, dobrar e fazer as suas próprias fotos... simples assim. Aqui tem um modelo adm.to/admcamera
Compartilhando músicas com o Baloon Speakers
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Tenho certeza que você nunca imaginou compartilhar músicas do iPod com seus amigos através desse alto-falante em formato de balão. O produto, vendido pelo site Magmabooks por 37 libras, garante ser prático e permitir a reprodução da música em qualquer lugar e a qualquer hora. Ficou interessado? Então veja em adm.to/admbalao
Divulgação
Na era da fotografia digital, onde quase todo mundo tem a sua Cybershot, o vintage e o retrô voltam para o coração dos saudosistas (vale a pena conferir a matéria especial na pág 40 a 42). Remontando às origens
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Sabonete de aço
Caneca estilosa para fotógrafos
Mais uma para os amantes e profissionais da arte de fotografar. Quem vê acredita ser uma excelente teleobjetiva, mas ela serve apenas para... beber café ou qualquer outro líquido quente ou frio. Ou seja, não passa de uma caneca térmica. O fabricante (e qualquer um que veja de longe) jura que ela é 99,99% semelhante à lente Nikon 24-70mm, inclusive com a tampa idêntica. Você encontra o produto no site do Bazar Criativo através do link adm.to/cameracaneca
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Você sabia que os odores podem ser dispersos pela ação do aço sobre a aceleração do processo de oxidação dos ácidos que provocam aromas desagradáveis? Pois bem, nós também não sabíamos. Mas seguindo esse princípio, um fabricante japonês teve a ideia de criar um sabonete de aço. Ele promete eliminar, em 30 segundos, os odores das suas mãos, principalmente os mais fortes causados por cebola, peixe, alho e outros produtos com cheiro forte. Não sabemos se a teoria é válida ou se o produto realmente funciona, mas se for verdadeiro, é a própria tradução de sustentabilidade, já que sua vida útil não tem fim.
Segurador de páginas de livros
Alguns inventos são tão simples que não sabemos como não haviam sido criados antes. Esse singelo acessório chamado “Acessório para segurar livros com uma mão”, pasmem, foi feito para segurar livros com apenas uma mão durante a leitura de maneira cômoda... Uma bobagem que poderia ter sido criada há 500 anos, desde que o livro é livro. A pergunta que não quer calar: como faz para passar as páginas?
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ENTRETENIMENTo Curiosidades, humor e sustentabilidade
CURTAS ?
Na última edição vimos que o Brasil é um dos maiores consumidores de café do mundo. Agora podemos dar uma cara de sustentabilidade a essa estatística: pesquisadores do curso de pós-graduação em Energia da USP descobriram que o óleo extraído da borra de café é uma matéria-prima viável para a produção de biodiesel. A pesquisa propõe que os resíduos gerados pelo consumo de café em bares, restaurantes e lanchonetes sejam reaproveitados e convertidos em combustível para tratores e máquinas agrícolas de comunidades rurais.
A disposição para identificar, ouvir e disseminar diversos estilos musicais está diretamente relacionada a pré-disposições neurológicas oriundas de capacidades hereditárias. A conclusão é de um estudo da Universidade de Helsinque (Finlândia), que coletou dados de 31 famílias finlandesas, totalizando 437 pessoas de 8 a 93 anos. Aqueles que tinham antecedentes com afinidade musical demonstraram mais disposição e percepção ao ouvir músicas, ao contrário dos demais, que escutavam música apenas como um ‘plano de fundo’.
Forte e duradouro como o aço e versátil como o plástico, capaz de assumir inúmeras formas. Durante décadas a ciência vem tentando desenvolver tal material, e agora pesquisadores da Universidade de Yale (EUA) conseguiram rearranjar os átomos de maneira que sejam combinadas ambas as propriedades. O material pode ser utilizado para desenvolver tanto itens básicos, como cases e garrafas, quanto implantes biomédicos otimizados.
Olha a chuva!
Darwinismo moderno
O laser negro da força
Gases de efeito estufa produzidos pelo homem poderiam ser os culpados pelo aumento das chuvas constatado em dois terços do Hemisfério Norte, nas últimas décadas. Uma pesquisa realizada por cientistas do Canadá chegou a essa conclusão depois da análise de simulações climáticas que incluem os efeitos dos gases e da observação de precipitações extremas entre 1951 e 1999.
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Os seres humanos podem ter evoluído de diferentes espécies primatas. É o que sugere um estudo conduzido por pesquisadores da área de Antropologia da Universidade de Washington, capital. Eles concluíram que fósseis africanos com idades que variam entre 4 e 7 milhões de anos - Ardipithecus, Orrorin e Sahelanthropus – evoluíram, mais tarde, para hominídeos. A assertiva contesta a versão de que humanos e chimpanzés têm o mesmo ancestral, noção evolucionista vigente desde Charles Darwin.
Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, criaram um dispositivo laser que suga a luz, em vez de emitir. O estudo foi publicado na revista Science em fevereiro. Porém, não dê asas à sua imaginação Jedi de vestir uma armadura feita com tal matéria para absorver os raios laser disparados pelos inimigos: Douglas Stone, um dos pesquisadores, afirmou que a absorção da luz pelo antilaser derreteria qualquer ser, seja Sith, Jedi ou o robô-anão R2-D2.
Fotos: divulgação
Biodiesel é produzido a par- Musicalidade tem origens Cientistas criam ‘mix’ de plástico e metal genealógicas tir de borra de café
HUMOR O chefe para o empregado: “Acredita em vida após a morte? “ “Claro que não! Não existem provas disso”, respondeu o empregado. O Chefe : “Pois, agora existem provas. Depois de você ter saído cedo ontem para ir ao funeral do seu tio, ele próprio veio aqui à tua procura...”
Descomplicando: + Balance - Balanço. Diferença entre débitos e créditos mostrados nas contas de uma empresa.
+ Insight - São ideias que surgem a qualquer hora do dia ou da noite.
+ Franchisor - Franqueador. Fornecedor da franquia que oferece serviços em troca de pagamento pelo franqueado.
+ Player - Empresa que desempenha algum papel importante em seu mercado ou área de atuação.
+ Proatividade - característica do profissional ou equipe com iniciativa. Busca diversas maneiras de resolver um problema ou executar uma ação.
AÇÕES PARA UM MUNDO MELHOR Algumas empresas tornam o seu negócio sustentável, outras fazem da sustentabilidade o seu negócio. Veja como pessoas comuns, estudantes, empresários e universidades realizam ações e empreendimentos com finalidades sociais e/ou ambientais de maneira simples, criativa e construtiva.
Design natural e biodegradável
Você acredita em design integrado à natureza? Pois essa foi a aposta de Fred Gelli, professor da PUC e sócio fundador da Agência Tátil (empresa responsável pela criação da logomarca dos Jogos Olímpicos de 2016). Ele precisava de uma peça original e de baixo impacto ambiental para apresentar
no Festival de Publicidade de Cannes, num workshop chamado Design Naturally, e descobriu algo bem diferente. “Imprimimos as imagens a laser em folhas coletadas nas ruas e parques do Rio de Janeiro, transformando as próprias folhas em mídia, criando convites inspiradores, lúdicos, feitos para serem vistos contra a luz do sol. Flyers simples e brilhantes que, depois de usados, podiam ser
jogados no chão e devolvidos à natureza”, explica Fred. Onde buscar inspiração para projetos de baixo impacto ambiental e alto impacto sensorial? O próprio Fred Gelli dá a resposta. “Não podemos falar de design e sustentabilidade sem falar da grande fonte de inspiração para projetos dessa natureza! Sim, ela mesma. A natureza é a maior fonte de inspiração para essa inteligência cria-
tiva sustentável, e por meio da Biomimética [ciência que busca inspirações e aprendizados na natureza para ajudar a trazer respostas para projetos de Design, Arquitetura, Engenharia, etc.] podemos mergulhar nesse universo”, acredita o professor.
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Entretenimento leitura, cinema
Quente, Plano e Lotado
estante
Não importa em que local esteja. São Paulo, Nova York, Bangladesh ou em alguma ilha remota do Pacífico. Inexoravelmente você já foi ou será assolado por uma das três grandes ameaças apresentadas por Thomas Friedman em seu livro Por Marcos Morita*
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subdesenvolvidas seria como negar décadas de descaso dos países ricos, os quais agora se preocupam com o tema. O autor cita a importância da liderança americana no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, assim como já o fizeram em outras ocasiões com as indústrias de softwares e computadores. Apesar do ocaso e da crise atual, o mundo ainda se espelha nas inovações e no espírito empreendedor ianque. Os governos por sua vez, deveriam criar leis cada vez mais severas, sobretaxando e restringindo o consumo de combustíveis sujos em detrimento de tecnologias limpas, desenvolvendo programas para melhoria da eficiência de veículos e eletrodomésticos e criando leis para construções autossustentáveis, apesar dos lobbies das indústrias poluidoras. Somente uma combinação de esforços sérios, conjuntos e planejados poderá salvar o planeta de seu destino – quente plano e lotado, apregoa o autor de forma loquaz. *Marcos Morita é professor de estratégia e marketing na Universidade Mackenzie. Ele é executivo há 15 anos em multinacionais
Wikileaks
De Ed. Pilkington, Luke Harding e David Leigh. Os autores analisam o fenômeno WikiLeaks e exploram as muitas peças de um quebra-cabeça que continua a dominar as manchetes mundiais. Editora: Best Seller. 328 págs. R$ 34,90
Administração para empreendedores
De Antonio Cesar Amaru Já na 2ª edição, “Administração para empreendedores”, do professor Amaru, aborda o empreendedorismo com foco na elaboração de planos de negócios. Editora: Pearson. 256 págs. R$ 59,00
“Quente, Plano e Lotado – Os desafios e oportunidades de um novo mundo”, de Thomas Friedman ,ajuda a entender o complexo mundo do capitalismo global.
Editora: Objetiva, 637 págs. R$ 67,90
O Valor de Nada
De Raj Patel Best-seller no New York Times, este livro revela o verdadeiro preço que a sociedade paga pelo que consome, e demonstra as consequências da liberdade de consumo. Editora: Jorge Zahar. 240 págs. R$ 44,90
Divulgação
“
Quente, Plano e Lotado – Os desafios e oportunidades de um novo mundo” menciona de maneira veemente que estamos chegando a uma lotação preocupante em nosso planeta. Somos sete bilhões de habitantes e chegaremos a nove bilhões, na melhor das expectativas, em meados do século. Os países mais afetados estarão em áreas de baixo desenvolvimento, gerando espaço para instabilidades políticas e extremismos. Creio que até o mais cético esteja acompanhando a crescente onda de intempéries – tsunamis, terremotos, vulcões, enchentes e ondas de frio e calor – que tem devastado cidades, estados e nações em diversos continentes e hemisférios, sem levar em consideração raça, credo ou classe social. A globalização e a rede mundial de computadores por sua vez estão interligando os mercados, fazendo com que cada vez mais as decisões sejam interdependentes. O fim do comunismo e os novos modelos econômicos têm feito também com que bilhões de habitantes saiam da linha de pobreza. Estes novos consumidores, que por décadas estiveram à margem da sociedade de consumo, exigirão cada vez mais produtos e conforto, o que se traduz em carros, casas, eletrodomésticos, refrigeradores e condicionadores de ar, os quais demandarão mais matérias-primas e energia para movimentá-los ou colocá-los em funcionamento. Neste cenário, terminaremos por exaurir a biodiversidade, viveremos numa época de apagões, desbalanceamento entre oferta e demanda de energia, continuaremos a subsidiar os regimes autoritários dos países do Oriente Médio, devido à dependência pelo petróleo e despejaremos milhões de toneladas de CO2, colaborando ainda mais para a elevação da temperatura global. Para Friedman, mudar a maneira pela qual o progresso foi construído será extremamente complexo, após séculos de exploração de recursos sujos e não -renováveis. Culpar as nações
Ler muito e sempre que possível não faz mal a ninguém. Veja algumas sugestões de leitura
127 horas
A história real de um alpinista que ficou preso por cento e vinte sete horas a uma montanha poderia gerar uma infinidade de filmes. A maioria deles classe B, com atores desconhecidos, diálogos infames e muito sangue desnecessário. Poderia, mas não foi o caso de 127, simplesmente porque o roteiro caiu nas mãos do talentoso diretor Danny Boyle, responsável por sucessos como “Quem quer ser um Milionário” e “Trainspotting”. Mas vamos ao filme... Jack DelaVega*
E
Divulgação
m maio de 2003, o alpinista Aron Ralson saiu sozinho para escalar o canyon Bluejohn, no estado americano de Utah. Apaixonado pelo esporte, Ralson encontrava paz de espírito nessas aventuras, aproveitando ao máximo a solidão e o contato com a natureza. Mas, o que era para ser apenas mais um passeio de fim de semana, tornouse um pesadelo quando uma grande pedra se deslocou, prensando seu braço contra um paredão de rocha. Começaram aí as cento e vinte sete horas do título, o tempo que o protagonista ficou com a vida em risco, preso a uma montanha, com pouca água e comida. É difícil falar do filme sem estragar as surpresas, mas 127 é um grande filme que chama
atenção para as coisas que realmente importam na nossa vida. É irônico ver o protagonista, alguém que sempre deu valor à solidão, perceber que é, justamente, a conexão com outras pessoas, o que mais importa. Chama a atenção também a maneira com que Aron reage à perspectiva da morte certa. Ao invés de raiva e amargura, seus sentimentos são justamente de
amor e saudade. De posse de uma camcorder, ele começa a gravar depoimentos divertidos e recheados de mensagens positivas para os pais e entes queridos, na esperança de que, no caso de sua morte, a fita chegue às mãos da sua família. Não vou estragar a surpresa, mas é praticamente impossível falar da maior lição do drama sem comentar o final da história.
Saber disso não invalida, em hipótese alguma, o valor do filme, mas se você não quer saber mais sugiro que pare de ler o texto por aqui. Ainda comigo? Pois bem, a maior lição de 127, o que fez com que Aron Ralson sobrevivesse para contar sua história de vida, é justamente sua capacidade de deixar algo tão importante para trás na busca da sobrevivência. Ao perceber que não conseguiria soltar-se sozinho da rocha e que as chances de um resgate eram praticamente inexistentes, Ralson decide cortar o próprio braço para escapar da morte. Por mais difícil que seja essa decisão, foi o que salvou sua vida. Trazendo para o mundo empresarial, quantas vezes nos deparamos com empresas que minguam, tornam-se irrelevantes ou simplesmente deixam de existir pela falta de coragem de tomar uma decisão semelhante? Deixar um pedaço de si para trás para sobreviver, e tornar-se mais forte depois disso. É uma grande lição para a vida e para os negócios. Prova disso é que Aron continua escalando até hoje. Depois do acidente já subiu ao topo do Kilimanjaro e planeja uma investida ao Everest. Atualmente, ele cobra 25 mil dólares por palestras, nas quais compartilha a sua história fantástica. *Jack DelaVega é editor do Blog Tribo do Mouse. É coautor do livro “Histórias, Dicas e Truques do Mundo Corporativo” e também palestrante
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ARTIGO COMUNICAÇÃO
Você abre ou fecha as portas da empresa?
Portas Fechadas. “Atenção, senhores passageiros, pedimos a gentileza de desligarem seus celulares e equipamentos eletrônicos porque nossas portas já foram fechadas e, dentro de instantes, estaremos decolando”. O script, comum na aviação, é um exemplo de comunicação para estudo de caso Alessandra Assad*
O
domingo estava ensolarado e eu voltava para casa depois de uma semana em São Paulo. Enquanto a aeronave taxiava na pista de Congonhas, a tripulação se fazia valer da comunicação corriqueira. De repente, o avião fez meia-volta para o pátio de onde tinha saído. Ficou parado por alguns instantes e, em seguida, abriu a porta dianteira. Mas o que houve? Por que não decolamos? Estamos com problemas? Todas essas perguntas seriam desnecessárias se alguém da tripulação tivesse conversado com os passageiros enquanto o avião voltava. Explicar o que está acontecendo parece uma coisa tão óbvia que ninguém pensa em fazê-lo. A tensão já era palpável: passageiros agitados, crianças chorando, um calor insuportável. Depois de quase 10 minutos com a porta aberta, finalmente o comandante tomou a palavra e explicou que a aeronave apresentava problemas no ar condicionado. Algo simples, aparentemente,
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e poderia ter sido comunicado antes. Minha pergunta é: por que fazer a retenção da informação? Por que, nesta hora, as aeromoças fecharam a cortininha? Que tipo de transparência corporativa existe quando o cliente quer entender uma situação e nós temos medo de anunciar que algo saiu errado? O desgaste foi tão grande que água e bala não serviram para nada. Todos precisaram desembarcar e mais tarde trocamos de aeronave. Coincidência ou não, uma semana antes o ar condicionado do avião de outra companhia em que eu voava teve o mesmo problema, mas o cenário foi completamente diferente. Antes de fazer meiavolta, o comandante assumiu o controle e falou com as suas próprias palavras que tinham detectado uma pane no ar condicionado. “Vamos retornar ao pátio para a segurança e conforto de todos. Quero pedir desculpas pelo atraso e pelo desconforto que isso está causando”. Sabe o que aconteceu em seguida? Absolutamente nada. Todos ali sabiam o que
estava acontecendo e ninguém ficou preocupado ou temeroso. Cinco minutos depois, o comandante chamou a atenção novamente, para dizer que em 10 minutos estaria tudo consertado. Mais cinco minutos, seguimos viagem com segurança e sabendo que, se algo acontecesse, o comandante nos falaria imediatamente. Aqui temos o mesmo problema e duas atitudes completamente diferentes. Não adianta uma empresa ter um script e treinar as pessoas apenas para segui-los. Se quisermos de fato ter uma gestão eficaz, precisamos construir confiança, e confiança só se constrói com uma comunicação adequada e transparência corporativa. Pergunto aos administradores: será mesmo que você já perguntou ao seu cliente o que o faz confiar em você, e ao seu ex-cliente por que ele não confia mais em você? Precisamos ensinar nossos funcionários a pensar com clareza e falar de maneira assertiva em situações fora do script, porque é isso que vai construir valor corporativo. É fato que
a comunicação dos funcionários é reflexo do DNA de cada empresa, e depois não adianta reclamar que o mercado fechou as portas para você, se tudo o que você fez foi fechar a cortininha e ficar escondido lá atrás. Estamos num momento em que precisamos mostrar a cara e pedir ajuda, caso seja necessário. Todos nós erramos, e nem sempre as coisas saem como planejamos em função de muitas variáveis. Mas para tudo existe um jeito de falar a verdade, porque só uma verdade palpável é capaz de abrir de fato as portas do mercado. Comunique-se. Mas faça isso olhando nos olhos. Porque esse pode ser o grande diferencial competitivo: para você, para sua empresa, e para o seu sucesso. *Alessandra Assad é diretora da AssimAssad Desenvolvimento Humano. É professora nos MBAs da FGV Management, colunista de vários meios de comunicação e palestrante. É autora do livro “Atreva-se a Mudar! – Como praticar a melhor gestão de pessoas e processos”.
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