Especial | O que isso tem a ver com Administração?

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ENTREVISTA ESPECIAL DIA DOS ADMINISTRADORES www.administradores.com

Linda Hill, professora da Harvard, ensina os segredos da boa liderança

CARREIRA As oito competências do administrador do futuro (e do presente)

EMPREENDEDORISMO Histórias de sucesso: como ser um empreendedor independente da idade

O que isso tem a ver com

Administração? Entenda a relação entre esporte, música, um novo sabor de salgadinho e os hits da internet com o mundo dos negócios



índice

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mensagem Estudantes e administradores mostram o seu amor pela Administração

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ambiente interno

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entrevista

Linda Hill, professora da Harvard, ensina os segredos da liderança

ADMINISTRADOR NA HISTÓRIA Peter Drucker: o pai do management

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empreendedorismo

carreira

Histórias de sucesso: como empreender aos 20, 40 e 60 anos

As 10 competências do administrador do futuro (e do presente também)

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ARTIGO

O profissional que o Brasil mais precisa | Leandro Vieira

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artigo do leitor

Quem tem medo do lobo mau? | Fernando Vilela Para quê serve a bula? | Márcio Lopes

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CAPA

Esporte, música, internet e produtos: o que isso tem a ver com Administração?

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entretenimento

- Cinema: Margin Call - Curiosidades, humor e dicionário

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PONTO FINAL

Errar, remendar e religar | Stephen Kanitz

ESPECIAL DIA DOS ADMINISTRADORES

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EDITORIAL

Expediente

Definitivamente,

tudo! Setembro é um mês especial para todos nós que fazemos a Administradores. Afinal, é nele que está presente o Dia do Administrador, comemorado no dia 9. Em 2012, estamos completando 47 anos da regulamentação da profissão no Brasil e, com certeza, vem sendo um período de muitos avanços e conquistas para todos os envolvidos com a área. Para celebrar esse momento, resolvemos fazer essa edição que, para nós, é mais do que especial. É a primeira Administradores completamente virtual e gratuita. Você que tem tablet, smartphone, Facebook ou simplesmente acessa o www.administradores. com.br pode acompanhar a revista. A edição simboliza, inclusive, um passo significativo para que façamos da Administradores, através dos meios digitais, uma das revistas de Administração mais lidas nos países de língua portuguesa. Isso fortifica ainda mais a nossa missão 4

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de compartilhar conhecimento e de valorizar a área. E não pensamos duas vezes sobre a escolha da capa dessa edição. Como fazemos comparações pouco convencionais da Administração com diversas áreas, volta e meia chegam mensagens, principalmente através das redes sociais, sobre o que determinado assunto tem a ver com a área. A resposta é simples: definitivamente, tudo! Escolhemos alguns pontos para analisar essa relação, como o esporte, a música, os hits da internet e os lançamentos de produtos. No entanto, o alcance da Administração não para por aí... falou em Filosofia, artes, política, meio ambiente, entre outros, haverá alguma característica ou fator comum com a área. Ficou curioso ou já disse a frase “O que isso tem a ver com Administração?”? Então, corre lá na página 28, leia a matéria e depois volte para cá. Esse especial também

ouviu muita gente. Nele é possível acompanhar depoimentos de diversas pessoas que mostraram o seu amor pela Administração; há uma reportagem com empreendedores de diferentes faixas etárias que provam não existir idade certa para começar um negócio. Conversamos também com especialistas que indicaram as competências dos administradores do presente e do futuro; e tivemos um papo bem aberto sobre liderança com Linda Hill, uma das professoras de Administração mais conceituadas da Harvard Business School. Enfim, agora a bola está com vocês. Saboreie a edição e depois nos diga o que achou. O e-mail e espaço para você conversar conosco é o mesmo de sempre: revista@adminsitradores.com.br. Boa leitura! Fábio Bandeira de Mello

editor

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CONTATOS Assinaturas www.administradores.com.br/revista PUBLICIDADE comercial@administradores.com.br +55 (83) 3247 8441 correspondência Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 415 / 304 - Tambaú - João Pessoa - Paraíba CEP 58039-110 redação revista@administradores.com.br Publisher Leandro Vieira leandro@ administradores.com.br Redação Editor Fábio Bandeira de Mello fabio@ administradores.com.br Repórteres Agatha Justino agatha@ administradores.com.br Eber Freitas eberfreitas@administradores.com.br, Fábio Bandeira de Mello, Mayara Emmily mayara@ administradores.com.br e Simão Mairins simao@administradores.com.br Revisão Allana Dilene COLABORADORES Fernando Vilela, Márcio Lopes, Silvia Generali, Stephen Kanitz e Vanessa Versiani. ARTE DIREçÃO João Faissal | Imaginária Design design@ imaginaria.cc Design e ilustração Thiago Castor thiago@administradores. com.br COMERCIAL Diretor Comercial Diogo Lins diogo@administradores.com.br FINANCEIRO Anna Vita Vieira annavitavieira@administradores.com.br Atendimento ao Leitor Anna Valéria Vita annavaleria@administradores.com.br


ambiente interno

77% dos empreendedores usam capital próprio para abrir empresa

Promoção e boca a boca são os maiores influenciadores de compras

Segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 77% dos empreendedores brasileiros em varejo de pequeno e médio porte afirmam ter utilizado capital próprio para abrir o negócio, enquanto apenas 7% procuraram linhas de crédito bancário. Ainda segundo o levantamento, o homem representa 69% do segmento, e a mulher, 31%. No que diz respeito à formação acadêmica do empreendedor brasileiro, 46% têm apenas o ensino médio completo contra 43% com curso superior ou de pós-graduação terminado.

Um estudo realizado pela Kantar Worldpanel verificou que a indicação de amigos, familiares e as promoções são os fatores que mais influenciam os brasileiros ao fazerem uma compra de bens não duráveis. Segundo a pesquisa, 50% declararam que promoções interferem na escolha, enquanto as sugestões de amigos e familiares podem definir a opção por um produto para 41% deles. A publicidade na TV impacta apenas 14% das pessoas, seguida por 7% que afirmam ser influenciados por propagandas no próprio ponto de venda, 5% pela confiança na marca e 2% pela publicidade em jornais, revistas e rádio.

Ford faz carro a cada 10 segundos durante 109 anos A Ford anunciou recentemente que ultrapassou a marca de 350 milhões de veículos em sua história, o equivalente a ter um carro saindo da linha de montagem a cada 10 segundos durante 109 anos. “Se fossem enfileirados, dariam para cobrir a distância de ida e volta à Lua duas vezes”, destacou John Fleming, vice-presidente executivo de Manufatura Global. O primeiro veículo da montadora foi o Modelo T, idealizado por Henry Ford. A produção em massa diminuiu os custos e revolucionou o mercado automobilístico mundial. O case também gerou uma das teorias mais estudadas na Administração, o Fordismo.

Os líderes mais admirados pelos jovens brasileiros Eike Batista Lula Dilma Rousseff Roberto Justus O próprio gestor/ ex-gestor Pai/ mãe Bernardinho Silvio Santos Professor/ coordenador/ reitor Abílio Diniz Fonte: 11ª edição da pesquisa Empresa dos Sonhos dos Jovens Brasileiros/ Cia. de Talentos ESPECIAL DIA DOS ADMINISTRADORES

As empresas dos sonhos dos jovens brasileiros Petrobras Google Vale Itaú Nestlé Unilever Odebrecht Natura Ambev Rede Globo Fonte: 11ª edição da pesquisa Empresa dos Sonhos dos Jovens Brasileiros/ Cia. de Talentos administradores.com

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mensagem

MOSTRE O SEU AMOr PELA ADMINISTRAÇÃO 6

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ADM, “te amo” em vários idiomas: Ai shiteiru (japonês) Dangsinul saranghee yo (coreano) Miluji te (tcheco)

Minha paixão por Administração vem desde criança. Só que eu achava que administrar era apenas ser secretária. Então, sonhava em ser secretária executiva bilíngue. Com o tempo, aprendi que administrar não é só “organizar”, é ver a empresa como um todo, é conhecer e entender cada área da empresa, é saber o que e como acontece cada pedacinho do processo, é buscar satisfazer o mercado com o melhor que a empresa pode oferecer. Para comprovar o meu amor por Administração, basta saber que passei os últimos 14 anos investindo no meu conhecimento ensinando inglês, apesar de nunca ter abandonado minha paixão por Administração. Porém, este ano, meu coração voltou a bater mais forte pela ADM e abandonei minha carreira como professora de inglês para voltar a investir meu tempo e talento no que eu amo de verdade: administrar!

Bruna R. Silva (Goiás)

Maria Isabel Cabreira (São Paulo)

A intenção da Administração é a mesma de quando inventaram a roda. Antes dela, era tudo um caos. Depois dela, os desafios ficaram cada vez mais possíveis. Natan de Lazari Souza (São Paulo)

Algo simples e complexo ao mesmo tempo só poderia fazer com que muitos jovens se apaixonassem pelo ato de administrar. Mas, enfim, o que é essa tal Administração? Por que o mundo precisa tanto dela? Quais são seus maiores desafios? Por onde começar? Essas são muitas das perguntas que fazemos a nós mesmos quando começamos a lidar com a área. Por experiência própria, me vi dentro desse mundo. A cada dia, eu me deslumbro com as mudanças que batem à porta a todo o momento. A adrenalina fica a mil com os muitos projetos e metas a serem conquistadas. O mundo evolui e, com ele, ocorrem as grandes transformações. Para isso, é necessário ter alguém para administrar, tomar iniciativas, colocar em prática os planos de ação e, por fim, manter o controle, se não tudo isso acaba no caos. Enfim, administrar está no sangue, corre entre as veias e faz com que nós possamos nos destacar perante a multidão, pois somos responsáveis por administrar tudo o que ocorre ao nosso redor. Nilma Dias (Minas Gerais)

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mensagem

Curso Administração na Universidade Estácio de Sá, e escolhi por paixão, por vocação e por acreditar que um administrador tem um papel fundamental na condução e nas relações de negócios. Nós visamos o crescimento, a ética e, acima de tudo, a transparência. Por essas e outras declarações que eu não me vejo fazendo outro curso.

Meu amor pela Administração começou há três anos. Estou a alguns passos de me tornar uma bacharel e isso me mostrou o quanto é grandiosa essa profissão que aprendi a amar e que pretendo honrar com orgulho. Tatyane Gaete (Rio Grande do Sul)

Sou estudante do 6º semestre de Como adminisAdministração. tradores, gerimos Posso dizer que recursos e estabele- estou realizando cemos metas. Para um sonho. Sempre fazer acontecer, sonhei em seguir nós abraçamos essa carreira e ter pessoas, realizamos a oportunidade de sonhos, desenvolestar alcançando vemos talentos, isso me faz muito caminhamos ao feliz. lado, atravessamos fronteiras, Ser administrador é acertar, trilhar o objetivo a ser alcanconquistamos çado, pois não existe perfeição, mas sim um administrador! terras, cuidamos do planeta, influenciamos a sociedade Administração não era minha primeira opção para cursar na faculdade, mas me e damos um novo formei na área e hoje vejo que nasci para isso! rumo à história. E, por termos as ferramentas que constroem os novos tempos, permanecemos imortais. João Carlos Muniz (Rio de Janeiro)

Paulo Roberto

Morgana Carvalho

Brunno Moraes

Josie Roldan

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A administração é uma ciência Fundamentada em normas e funções Que são elaboradas para disciplinar Os elementos das organizações E tem como objetivo Gerenciar as instituições Sejam públicas ou privadas Desenvolvendo suas produções Na organização, é preciso Planejar e organizar, dirigir e controlar São as quatro funções administrativas Que na empresa não podem faltar São indispensáveis no dia-a-dia Para o trabalho ampliar Sendo o papel do administrador Todas elas englobar O líder é aquele Que conduz a organização Com velocidade e mudança Realizando a transformação Cuidando que seus recursos Sejam usados com perfeição Para que o resultado Reflita com empolgação Deixo aqui minha homenagem A todo administrador Que exerce sua função Com muita garra e fervor Pois só assim nós teremos Profissionais de valor Que transformam as organizações Com sucesso e amor. Danila Santos (Paraíba)


ELA

Quando tudo parece difícil, ela surge para facilitar. Quando tudo parece impossível, ela vem para viabilizar. Quando somente restam os problemas, ela traz a solução. Quando somente enxergamos as interrogações, ela aparece grandiosa com todas as respostas. Quando acreditamos que estamos sozinhos em meio à tempestade, ela nós dá a mão e nos conduz, mostrando todo o seu poder.

Não é à toa que ela é a escolhida pela maioria. Não é à toa que ela é o alvo de muitos olhares, ambiciosos e sedentos. Não é à toa que todo mundo, em todo o universo, utiliza seus princípios sem perceber. Não é à toa que existe um dia para ela, apesar de que todo dia é o dia dela. Não é à toa que, mesmo aqueles que não lhe cultivam o devido carinho, em meio às turbulências, correm para debaixo de suas saias pedindo seus conselhos. Ela é assim: formosa, grandiosa, esplendorosa e única. Ela, simplesmente ela, e se contenta por ser somente ela, se satisfaz em ajudar e ser nosso guia diário, ser chamada em alto e bom som de a menina dos olhos, a Administração nossa de cada dia. Camila Domingues São Bernardo (São Paulo)

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mensagem

Monique siqueira (rio de janeiro)

renato martinelli

turma de administração (amazonas)

guilherme campos

turma de administração (brasília)

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ADMINISTRADOR NA HISTĂ“RIA | peter drucker

PETER DRUCKER O pai do Management por jorge nascimento rodrigues

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foto drucker institute at claremont graduate university

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“Se você tiver ambição e conhecimento, poderá chegar ao topo na sua profissão, independentemente de onde começou”

P

eter Ferdinand Drucker, falecido aos 95 anos, em novembro de 2005, foi um homem de sete ofícios: economista, analista

financeiro, jornalista, conferencista, consultor, autor e professor. Em todas essas profissões, viveu sempre de modo simples, sem secretária, batendo as próprias cartas numa máquina de escrever. Foi, igualmente, um homem marcado pela influência de várias culturas. Nasceu na Áustria (onde permaneceu até a adolescência), fez os estudos na Alemanha (até o regime nazista chegar ao poder) e trabalhou na City londrina (até casar com a sua companheira de sempre, Doris Drucker). O casal emigrou para os Estados Unidos quando Drucker tinha apenas 26 anos. Naquele país, sempre foi considerado o grande embaixador da tradição intelectual europeia. Enquanto a saúde o permitiu, tentava viajar todos os anos para a Ásia – em particular para o Japão, país cuja cultura sempre o fascinou e onde, ainda hoje, tem a maior legião de fãs. Apesar de sempre ter odiado o rótulo de “guru” (que associava a charlatanismo), existe uma grande unanimidade no meio acadêmico e empresarial sobre o fato de não existir outra pessoa no mundo que mereça ostentar tal título. Afinal, foi Drucker quem inventou a Gestão como disciplina e definiu as funções do gestor moderno. Ele também foi um dos raros pensadores que pode se gabar de ter mudado o mundo com as suas ideias

ao inventar conceitos como as (re)privatizações, a gestão por objetivos ou a descentralização nas empresas. O maior legado de Drucker está, porém, na sua capacidade de interpretar o presente e de perceber as suas implicações para o futuro. Drucker conseguia vislumbrar as tendências que produziam mudanças na sociedade, na economia e nas empresas. A ele se deve o diagnóstico de “descontinuidades”, como a ascensão dos fundos de pensões no capital das empresas cotadas ou a emergência dos trabalhadores do conhecimento. Foi o primeiro a alertar que os trabalhadores são os donos do ativo mais

precioso da sociedade atual, que ele apelidou de “póscapitalista”: o conhecimento. Acima de tudo, Drucker tornou a Gestão uma disciplina séria, respeitada, e acessível a milhões de pessoas. No seu entender, a gestão é fundamentalmente uma ciência social que lida com pessoas, e cujo âmbito não se confina ao mundo empresarial. Por isso, o autor dedicou vários livros ao mundo das organizações sem fins lucrativos. Apesar de todas essas contribuições, Peter Drucker, com a sua proverbial modéstia, recusava o título de “pai” do Management, título que, apesar disso, se manteve neste texto em sua homenagem.

jorge Nascimento Rodrigues é jornalista português e um admirador incontestável de Drucker. Coordenador da Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão e coordenador executivo da Editora Centro Atlântico, Jorge é também co-autor do livro Peter Drucker – O essencial sobre a vida e a obra do homem que inventou a gestão, lançado em 2006.

LINHA DO TEMPO

Nasce na Áustria Peter Drucker

Escreve seu primeiro best-seller: Concept of the Corporation

Publica oito novos títulos, além de manter ativas as aulas em universidades e consultoria em diversas empresas

Condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil dos Estados Unidos

1946

Anos 1970

2002

1909

Anos 1930

Anos 1950

Anos 1990

Casa com Doris Schmitz. Finaliza seu PHD e vai para o EUA como professor e correspondente de vários jornais britânicos

Faz sua primeira visita ao Brasil a convite do ex-presidente Juscelino Kubitschek

É criada a Fundação Peter F. Drucker para gestão sem fins lucrativos (hoje chamada de Leader to Leader Institute)

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2005 Morre aos 95 anos e deixa um legado imensurável na Administração

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ENTREVISTA | LINDA HILL

Linda Hill Quem deseja ser um bom lĂ­der, precisa, primeiramente, saber se coordenar

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Há quase trinta anos ensinando liderança a alunos de Administração e Negócios, Linda Hill, professora da Harvard Business School, conversou com a Administradores e revelou alguns segredos sobre o novo perfil dos líderes no século 21. por agatha justino

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foto divulgação

Linda Hill foi a primeira mulher negra a lecionar na Harvard Business School. Ela é professora Ph.D na instituição e já presidiu inúmeros programas de educação executiva pelo mundo, incluindo o Seminário de Presidentes da Young Presidents Organization e o Programa de Liderança de Alto Potenciais.

C

om uma vida dedicada à pesquisa, ao ensino e à observação, a professora Linda Hill vem descobrindo algumas vertentes até então pouco comentadas sobre

liderança. Ela esteve recentemente no Brasil para lançar seu novo livro, Being the Boss: The 3 Imperatives for Becoming a

Great Leader (Sendo o Chefe: Os 3 Imperativos para Ser um Grande Líder), e conversou com a Administradores. Na entrevista, a professora da Harvard falou sobre a importância da meritocracia no meio corporativo, os conflitos entre gerações no ambiente profissional e as características essenciais para despertar uma boa liderança.

Precisamos entender que o talento está em todos os lugares Estamos diante de uma nova era de liderança nos negócios. As pressões econômicas e sociais emergentes exigem que os líderes, em todos os níveis de uma organização, encontrem formas mais adequadas de alinhar sua visão de liderança. Em sua opinião, que tipo de liderança é preciso para enfrentar essa enorme gama de desafios? Com certeza, ser líder – que sempre foi uma tarefa difícil – está ficando cada vez mais, pelas razões já citadas. Hoje, existem mais acionistas ao quais os líderes devem prestar satisfação do que no passado. E não é simples responder a eles. Chefes são obrigados a prestar atenção no impacto de suas ações não apenas nos negócios, mas nos funcionários e na comunidade como um todo. Além disso, a economia exige que eles sejam capazes de lidar com mais demandas. E, ainda, o mundo se tornou um lugar mais competitivo do que antes. Existe uma economia global que é bem dinâmica, e o que vemos são empresas bem-sucedidas que podem ir à falência em um piscar de olhos. Então, a empresa não pode apenas executar tarefas, ela precisa se adaptar às mudanças. Liderar inovações é bem diferente de liderar apenas para executar estratégias.

Existe algum tipo de treinamento para preparar uma liderança eficiente? Ou líderes não podem ser preparados, já nascem com esse perfil? Embora as pessoas acreditem que liderança seja algo de berço, os pesquisadores são bem claros quando dizem que os líderes são mais preparados que nascidos. Isso não significa que qualquer um tenha a habilidade para se tornar um líder, mas existem mais pessoas com potencial do que pensamos. Eu acredito que uma das razões pelas quais nós não as percebemos é porque, quando imaginamos líderes, automaticamente pensamos em pessoas carismáticas. E não deveria ser assim, porque carisma é apenas uma fonte de poder valiosa, já que você pode utilizá-la para influenciar os outros. Mas existem grandes líderes que não são exatamente carismáticos. Se você ler a biografia ou conversar com quem conhece Nelson Mandela, um líder incrível, você perceberá as experiências de vida que o ajudaram a desenvolver sua capacidade de liderança, e as pessoas que o treinaram ao longo de sua vida para que ele se tornasse o líder que é.

Os novos meios de comunicação, principalmente com a evolução da internet, estão transformando praticamente todos os aspectos da atividade humana, exigindo novas habilidades para se interagir com o mundo. Nesse contexto, você acredita que líderes mais jovens levam vantagem, ou a maturidade e a experiência ainda pesam muito na definição de lideranças mais eficientes? Bem, eu acredito que existam quatro ou cinco gerações atuando no mercado de trabalho. Eu vejo pela minha própria experiência. No momento, estou escrevendo um livro e a minha colaboradora está na casa dos vinte anos. Eu a chamei porque sinto necessidade de ter a perspectiva e a opinião de um jovem. Quando faço minhas pesquisas e tento entender qual será o tipo de liderança que será exigida no futuro, percebo que as pessoas mais novas desejam criar impacto, querem contribuir, e nós precisamos descobrir como usar isto. Mas também existe o momento em que você precisará da sabedoria de alguém com experiência. Então, o que eu digo é que você precisa de ambos para construir um negócio de sucesso, e os dois precisam ser respeitados. Entretanto, eu acredito que muitas empresas não levam os jovens a sério, não respeitam seu ponto de vista e não valorizam o fato deles serem bem melhores com a tecnologia e mídias sociais.

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ENTREVISTA | LINDA HILL

Mas Linda, não estamos passando por uma super valorização da liderança, ou seja: não corremos o risco de descartar profissionais excelentes que não tenham o perfil de liderança apenas por estarmos obcecados com a necessidade de contratar somente líderes? Eu não acredito que seja superestimado. Na verdade, todos devem pensar em formas de melhorar porque nós simplesmente não podemos ficar parados. Qualquer que seja meu papel, eu devo pensar em como contribuir para o crescimento da empresa. Sabendo disso, nós partimos para outra necessidade: a diversidade. Você precisa organizar diferentes talentos e desenvolver a expertise deles, e isso exige muita disciplina e trabalho duro. É desnecessário que todos foquem em liderança porque o que uma empresa precisa é de diversidade. Nós precisamos parar de associar líderes ao topo de qualquer carreira.

Em seu livro “Being the Boss”, você relata que existem três imperativos para os profissionais melhorarem seu perfil de liderança: “Manage yourself” (coordene você mesmo), “Manage a network” (coordene seus contatos) e “Manage a team” (coordene o seu time). Você poderia explicar melhor esse conceito?

Existe um limite para o número de líderes em uma organização? Imagine um departamento com 30 líderes... Vou respondê-la com um ditado americano: “Muitos cozinheiros estragam a refeição”. Essa experiência é muito comum nas organizações porque muitas estrelas não sabem como cooperar quando estão com outras estrelas. Mas eu tenho estudado algumas organizações que descobriram uma fórmula para mudar essa situação. Na Pixar, por exemplo, eles buscam recrutar a maior quantidade de talentos, e ensinam a essas pessoas como colaborar.

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Pessoas: não importa qual papel desempenhem na empresa, elas possuem responsabilidades de um líder. Portanto, nós tentamos criar um painel para ajudá-las a pensar no que é necessário para que essa liderança seja eficaz, e fazê-las reconhecer seus erros quando tentam, de fato, comandar. Quem deseja ser um bom líder, precisa, primeiramente, saber se coordenar, porque liderança é usar a si mesmo como um instrumento para que o trabalho seja feito. É um processo de desenvolvimento que dura uma vida inteira. O mais importante é criar uma relação de confiança com a sua equipe. Não se garanta na sua autoridade formal ou mesmo na “camaradagem” como forma de fazer as pessoas lhe ouvirem e serem influenciadas. Seus colegas precisam acreditar no seu caráter e conhecimento. Coordenar sua network está relacionado a criar as condições necessárias para que seu time seja bem sucedido. È mais difícil, pois você estará construindo uma relação com pessoas sobre as quais você não possui autoridade, mas de quem você precisa para exercer o seu trabalho. O último ponto é coordenar o seu time, gente que precisa responder a sua autoridade, mas que só vai lhe ouvir, de verdade, quando você souber compreendê-las.


Quais os principais obstáculos, em sua opinião, que impedem o alto rendimento das equipes nas empresas?

É difícil responder porque cada situação é diferente, e é sempre perigoso generalizar. Toda análise deve ser objetiva para poder localizar a raiz do problema. Uma vez descoberta, você precisa se perguntar: eu posso mudar algo? Às vezes, as pessoas simplesmente não estão dispostas a mudar, ou não estão prontas. Um exemplo foi o caso Wolfgang Keller, em que houve conflito entre dois profissionais de diferentes gerações. Um líder jovem que trabalhava com uma equipe mais velha e experiente, é difícil porque temos um modelo pré-formado em que o mais experiente ensina ao jovem. O problema pode vir de qualquer um dos lados. Os jovens pensam que os mais velhos são incapazes de mudar, são cheios de manias e não estão dispostos a aprender coisas novas. Enquanto isso, o outro lado acredita que o jovem não tem muito a acrescentar e não respeita a sabedoria de alguém com experiência. Duas pessoas que deveriam trabalhar juntas se discriminado.

Em 2008, você escreveu um artigo sobre líderes do futuro e minha próxima pergunta é, justamente, o mesmo título descrito nesse texto: Onde encontraremos os líderes de amanhã?

O que eu tentava dizer naquele artigo é que nós vivemos em uma economia global, e por isso precisamos entender que o talento está em todos os lugares. Não importa onde a companhia esteja, se você estiver operando em um ambiente global, é necessário criar, dentro da organização, uma cultura que permita pessoas de diversos países. A empresa pode ser americana, mas se existe um brasileiro que pode comandá-la melhor, por que não contratá-lo? Você precisa se abrir ao talento e construir carreiras na sua companhia. Eles precisam sentir que possuem oportunidades. Caso este brasileiro sinta que está sendo tratado apenas como um talento a mais – e não como uma pessoa que pode comandar toda organização – ele irá prestar seus serviços em um lugar em que seja mais valorizado. Claro, é bem mais fácil confiar em alguém semelhante a nós. É uma tendência do ser humano: se abrir melhor com quem possui uma bagagem cultural parecida com a nossa e que já enfrentou as mesmas experiências. Mas esse pensamento não é compatível com uma economia global, onde o objetivo é construir meritocracias. Um fator importante sobre os líderes de amanhã é: eles podem não parecer com você, eles virão com uma cultura diferenciada.

Linda, para encerrar: qual mensagem você deixaria para os administradores e gestores que estão lendo essa entrevista?

Em muitos países, os profissionais mais talentosos vão trabalhar para o Governo, porque é lá que se encontram os melhores salários. São esses talentos que o setor privado deve conquistar. Então, o conselho que eu deixo é que os empresários abram suas mentes, tentem enxergar o que o outro tem a oferecer. E mais: você deve criar o profissional que deseja ter em sua equipe. Não importa onde ele tenha iniciado a carreira. Se houver investimento, ele vai se adaptar a sua empresa. Certa vez conversei com um executivo indiano, que costumava ouvir de seus colegas: Por que você investe tanto na sua equipe? No final das contas, eles vão lhe trocar por uma empresa que pague melhor. E sua resposta para essas pessoas era: Você está preocupado em investir nos funcionários e eles deixarem sua empresa. Eu me preocupo em, se eu não investir, e eles de fato permanecerem. Isso, sim, mataria meu negócio.

Carisma é apenas uma fonte de poder Você já falou sobre a possibilidade do líder atuar por trás da empresa, ou seja, dele controlar o ego e estimular que a decisão venha dos próprios funcionários. Nessa perspectiva Leading from behind, como uma pessoa pode liderar, de fato, sem atuar de frente na empresa?

Bem, o que eu estava tentando passar ali era que quando as pessoas pensam em liderança, elas geralmente pensam que precisam ter um projeto. Daí, o primeiro desafio seria convencer os outros a executarem essa ideia inicial. Mas, na verdade, a função do líder é conduzir inovações. Se você quiser que os funcionários dêem ideias e usem a criatividade no cotidiano, o que você precisa fazer é construir uma cultura de flexibilidade, para que as pessoas sejam capazes de dar o seu melhor. O líder precisa ter a mente voltada para maneiras de quebrar a rotina e incentivar as pessoas a trabalharem de maneira produtiva e em conjunto. Liderar por trás dos holofotes exige que você seja um líder forte e determinado. Não é fácil, mas significa que você está realmente focado em ajudar a equipe a crescer e a ser tão inovadora quanto puder.

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carreira | APTIDÕES

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As oito competências essenciais do administrador do futuro (e do presente) por agatha justino e fábio bandeira de mello

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imagem thiago trapo e joão faissal

Especialistas de diferentes segmentos revelam o que é, de fato, importante para os profissionais turbinarem suas carreiras.

V

ocê já deve ter escutado pelo menos umas mil vezes que “o mercado está cada vez mais competitivo” e que é de suma importância “se manter atualizado”. Essas duas afirma-

do terceiro milênio precisam desenvolver mais ainda esta habilidade, uma vez que estamos na “era das pessoas”. A comunicação precisa estar um passo à frente. Alessandra Assad é diretora da AssimAssad Desenvolvimento Humano. É professora no MBA de Gestão Comercial da Fundação Getulio Vargas, Consultora Sênior do Instituto MVC, palestrante e autora do livro Atreva-se a mudar!

ções são tão declaradas, que praticamente se transformaram em mantras do mundo corporativo.

No entanto, ao olhar mais atentamente para o ambiente de trabalho – principalmente para aqueles envolvidos com a Administração – é possível constatar que um bom profissional possui um mix de características que vai além de estar atualizado, e que sobressai qualquer concorrência em um cargo. Para descobrir quais são esses atributos, a Administradores conversou com especialistas, administradores e empreendedores brasileiros que destacaram, cada um, uma competência essencial do administrador no futuro – e, claro, do presente também.

COMUNICAÇÃO Há muito que a habilidade de comunicação deixou de ser uma exigência de mercado apenas para os comunicadores. A globalização mudou a forma e o ritmo da comunicação interpessoal, e a convergência das mídias pretende acelerar ainda mais este processo. Hoje, a comunicação eficaz é condição e exigência de mercado para todos aqueles que pretendem ser competitivos. É ferramenta de trabalho, que trará vantagens competitivas para quem souber fazer melhor uso dela. Negócios bem-sucedidos requerem pessoas que sabem comunicar ideias aos outros, que se expressam com precisão diante de grupos e conduzem eficientemente reuniões. Bons administradores se comunicam bem com suas equipes, conseguem fazer as perguntas certas para tomar decisões melhores, são mais assertivos. Os profissionais

FLEXIBILIDADE A flexibilidade é uma competência modernamente exigida do administrador e representada pela resiliência. Trata-se da capacidade de suportar, resistir, superar e, sobretudo, aprender com as adversidades, utilizando-as para o desenvolvimento pessoal, profissional e social. O administrador está diante de novos e crescentes desafios, quebra de paradigmas, conflitos de gerações e maior competitividade. Nesse contexto, a resiliência torna-se imprescindível, inclusive para liderar equipes. Tom Coelho é professor em cursos de pós-graduação, conferencista e escritor com artigos publicados regularmente em mais de 800 veículos da mídia impressa e digital em 17 países.

LIDERANÇA Administrar e liderar são dois conceitos indissociáveis. Todo administrador exerce a liderança independente do cargo que ocupa. Liderança é a arte de influenciar pessoas, mobilizando-as em torno de um propósito comum. A tarefa mais fundamental do administrador é a de cons-

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truir, com sua equipe, um propósito comum, e engajar os membros dessa equipe em busca da superação dos resultados almejados. Para tal, o líder/administrador necessita inspirá-las, não apenas pela hierarquia ou pelo carisma, mas pelos valores. Precisa ser coerente entre o que diz e o que faz. Precisa envolvê-los com os fatores intangíveis da liderança: confiança, relacionamento, respeito, reconhecimento, transparência e personalização na relação com cada um da sua equipe. Só é promovível quem é substituível. Essa é a grande lição para nós, administradores, eternos aprendizes da arte de liderar. Cesar Souza é apontado como um dos maiores experts em Estratégia Empresarial e Liderança. É consultor, palestrante e autor de bestsellers como A NeoEmpresa (Integrare, 2012).

MENTE ABERTA Administrar um negócio requer uma boa dose de mente aberta e sensibilidade para interpretar o cenário ao seu redor, e utilizar essas informações para ajustar e aprimorar sua organização. Presenciei muitos casos onde um gestor ficou tão obcecado com seu plano, que deixou de ouvir as respostas do mercado. Ser persistente é fundamental nos negócios, mas isso não significa ser teimoso com ideias que não funcionam. Léo Kuba é o fundador e CEO da inkuba, um mashup de produtora digital, incubadora de produtos e agência de publicidade. Com 15 anos já atuando como empresário, fundou e co-fundou três companhias de tecnologia.

RESPONSABILIDADE SOCIAL Em um mundo com tanta gente, é preciso pensar no resultado de nossas ações. Há pouco tempo atrás, pessoas e empresas agiam como queriam e depois faziam coisas “bonitinhas”, que chamavam de responsabilidade social. Doava-se algum dinheiro para uma instituição em troca de uma consciência tranquila. Hoje, é preciso reconhecer que lucro, retorno ao acionista e responsabilidade social não são coisas tão diferentes assim. Afinal, é a mesma sociedade que oferece recursos,

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tecnologias e clientes para justificar a existência da empresa. É necessário, então, perceber que agir com responsabilidade não é salvar (ou fingir) salvar o planeta, mas sim prestar atenção ao impacto que nossas ações causam no mundo que nos cerca. Responsabilidade social é prever e imaginar o impacto de nossas ações. De evitar passar alguém para trás em uma oportunidade a procurar formas de usar menos recursos naturais, nada mais é que viver com a vontade de tornar o mundo um lugar melhor após nossa passagem por ele. Fábio Zugman é doutor em Administração, consultor de empresas e autor de diversos livros, entre os quais Empreendedores Esquecidos e Administração para Profissionais Liberais.

TRABALHAR EM EQUIPE O trabalho em equipe é essencial para o negócio. Uma equipe que tenha uma cultura sedimentada sob valores bem definidos terá uma identidade. Esta identidade está diretamente relacionada com a imagem da empresa no mercado e impactará diretamente na captação de clientes, venda de produtos ou serviços e, até mesmo, na captação e retenção dos profissionais na empresa. Grande parte do sucesso do administrador está na habilidade de criar a cultura e os valores para o negócio, e contratar e manter pessoas na equipe que possam absorver e replicar esta cultura. Uma boa equipe deve ser constituída por profissionais com habilidades diferentes e complementares, mas que estejam alinhados com a cultura da empresa. Fábio Saad é gerente da Robert Half, empresa especializada em recrutamento de executivos.

FACILIDADE DE APRENDIZADO O aprendizado é uma das funções mentais mais importantes do ser humano e está relacionada ao desenvolvimento pessoal. É o processo pelo qual as habilidades, conhecimentos ou as atitudes e o comportamento são adquiridos ou modificados. Por isso, quanto mais desenvolvemos esses aspectos, mais facilidade o profissional terá para

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aprender e colocar em prática tudo o que aprendeu. Treinamentos, técnicas de concentração, exercitar a mente para novas ideias e conversas com pessoas criativas, isso tudo pode ajudar os menos flexíveis a melhorar. Outras formas de obter resultado estão no estudo, na experiência, nos exercícios de raciocínio e na observação. Mas, antes de tudo isso, o primeiro passo para aprimorar a capacidade de aprendizado é quando a pessoa realmente quer mudar. Quando o profissional está aberto a aprender, é possível utilizar uma série de técnicas que vão contribuir para o seu desenvolvimento. Ana Artigas é psicóloga, com MBA Executivo Internacional pela FGV. É professora de MBA em Gestão de Pessoas e realiza seminários e palestras abertas in company.

INOVADOR Estamos entrando em uma era de crescimento acelerado em inovações tecnológicas. Os efeitos transformacionais destas inovações são impactantes. Por exemplo, à medida que as fontes mais antigas e tradicionais de crescimento econômico – baseadas na sociedade industrial – vão diminuindo, as perspectivas de dinamismo e prosperidade dependerão muito mais do empreendedorismo que explore e estenda as fronteiras tecnológicas. As inovações tecnológicas estão aí, palpáveis, e produzem quase que diariamente novas ideias e paradigmas. Estas mudanças afetam todas as empresas. Seus modelos organizacionais e de gestão devem ser repensados. Até as empresas mais bem estabelecidas, para terem chance de sucesso neste novo mundo, precisam estar plenamente dispostas a envolver-se em destruição criativa e reinventar-se de cima a baixo. Ignorar as (r) evoluções tecnológicas é correr o risco de desaparecer no mundo dos negócios. Cezar Taurion é um profissional e estudioso de Tecnologia da Informação desde fins da década de 1970. É diretor de novas tecnologias aplicadas da IBM Brasil e possui educação formal diversificada em Economia, Ciência da Computação e Marketing de Serviços.


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Sem idade para empreender por eber freitas

| fotos thinkstock e divulgação

Pessoas comuns, com diferentes competências e atuando em vários ramos, mostram com suas histórias que o caráter empreendedor não muda com o passar dos anos.

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s empreendedores estão ficando cada vez mais jovens. Não por causa de alguma circunstância patológica incomum – como no filme O Curioso

Caso de Benjamin Button – mas por conta de diversos fatores econômicos, sociais e culturais que favorecem a prematuridade desse comportamento. Atualmente, está se tornando comum encontrar jovens com pouco mais (às vezes até menos) de 20 anos abrindo o próprio negócio e criando novas soluções a partir da percepção de problemas simples.

O comportamento empreendedor, contudo, não é exclusivo de determinadas faixas etárias ou gerações. A facilidade de acesso à informação, a tendência à desburocratização dos processos, as tentativas de simplificação das obrigações tributárias e a vontade de fazer algo diferente leva muita gente a largar o emprego e a segurança financeira para realizar o sonho de ter o próprio negócio. Veja algumas histórias de pessoas que pensaram além do óbvio e conseguiram não apenas criar, mas manter empresas inovadoras.

Qual a sua desculpa? Burocracia, economia ruim ou medo de dar errado, falta de tempo

ou de estímulo. Existem muitos motivos para não empreender: essa é, de longe, a alternativa mais fácil. Mas, seguramente, não foi a escolha do empresário Flávio Augusto (40 anos), que atualmente é presidente da Ometz Group, holding que administra escolas de idiomas. Sua carreira na área comercial teve início em 1991, logo após ao Plano Collor. “Eu considero que fui treinado em um dos piores cenários da economia brasileira, em meio a uma inflação galopante, incertezas quanto ao futuro e num cenário de grande instabilidade política. Nos ambientes de maior hostilidade é que os empreendedores se destacam”, reflete. Em 1995, aos 23 anos, já como diretor regional, ele deixou a empresa onde trabalhou por três anos – que também era uma rede de escolas de línguas – e fundou a Wise Up a partir da percepção de uma brecha

no mercado: a alta evasão de alunos adultos. “As escolas tradicionais utilizavam metodologias que não eram mais apropriadas à nova realidade. Era inconcebível que um aluno adulto estudasse a língua por sete anos, como era proposto”, afirma. A partir daí, foi só organizar as coisas e trabalhar muito. “Eu sabia que deveria prospectar um número mínimo de alunos todos os meses a fim de ter o fluxo que necessitava. Cumprimos e superamos a meta em todos os meses, chegando a mais de mil alunos no primeiro ano. O restante foi apenas consequência”, lembra Flávio. A inquietação do empreendedor – aliada à experiência no ramo e a um imenso espectro de potenciais clientes – levou a empresa a crescer tão rapidamente que, em seis anos, incorporou 20 unidades da sua antiga empregadora.

“Eu considero que fui treinado em um dos piores cenários da economia brasileira, em meio a uma inflação galopante, incertezas quanto ao futuro e num cenário de grande instabilidade política. Nos ambientes de maior hostilidade é que os empreendedores se destacam” flávio augusto

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Quem depende da própria empresa para receber o salário sabe que não pode permitir que eventualidades interfiram nos resultados

Uma geração ensina à outra Abrir um negócio com sócios geralmente é uma boa – não é à toa que a maior parte das startups hoje nasce a partir de um grupo com habilidades distintas e, de preferência, complementares. Mais interessante ainda é quando essas pessoas pertencem a diferentes gerações e sabem unir a intrepidez à experiência para gerar lucros. Além do mais, isso demonstra a importância de um networking original e diversificado. Foi o que aconteceu com o administrador Fernando Caribé (22 anos) e o engenheiro Miguel Gouveia (57 anos). Este último trabalhou durante 15 anos na Embratel antes de entrar de cabeça no ramo de consultoria em negócios digitais. “Eu cheguei numa idade na qual já não estava satisfeito profissionalmente”, explica Gouveia. Pouco tempo depois, já atuando como empreendedor, ele conheceu o jovem Fernando durante uma apresentação em um evento sobre empreendedorismo – e aqui entra a habilidade de realizar um bom networking. “Começamos a conversar e vimos que estávamos indo em rumos parecidos. Daí o Miguel marcou uma reunião e a partir do primeiro contato ele me chamou para fazer parte da empresa”, explica o administrador. O fruto dessa sociedade é a Brains@Work, empresa especializada em posicionamento de negócios online.

Jovens e estrangeiros Dois imigrantes franceses compartilham, por coincidência, o mesmo escritório de contabilidade e despachos aduaneiros no Brasil. Um, chef de cozinha, traz na bagagem a experiência na culinária pátria, enquanto o outro já tem formação e experiência na área de administração de empresas e negócios. Após o encontro inevitável e o casamento perfeito das habilidades, Arnaud Gouxette (29 anos) e Xavier Aurelle (28 anos) iniciam um negócio na área de buffets de alta gastronomia sob demanda, a Voilá. “O Brasil oferece um mercado em rápido crescimento”, aponta Aurelle. Ao contrário de outras capitais internacionais, ainda há poucos competidores no mercado local e, ainda assim, com opções limitadas de estilos e serviços. Esse panorama vai ter que melhorar em poucos anos, quando o Brasil receber levas enormes de turistas e consumidores. 24

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“Eu cheguei numa idade na qual já não estava satisfeito profissionalmente” MIGUEL GOUVEIA

“Vimos a possibilidade de oferecer pratos de qualidade graças aos maravilhosos produtos locais, combinados com técnicas profissionais e receitas criativas – e essa oferta de comida boa e simples ainda estava dificil de encontrar”, analisa Aurelle. Para encontrar um bom nicho no mercado local, os franceses decidiram segmentar o serviço de buffet em três modalidades: haute cuisine (atendimento em domicílio, preparação dos pratos na casa do cliente), happening (eventos e encontros corporativos) e catering (meetings informais). A estratégia já rende alguns planos de expansão em outras regiões do Brasil, apesar de a empresa – inaugurada em novembro de 2011 – ter menos de um ano em atividade. Aurelle destaca que o próximo passo é chegar ao Brasil inteiro. “Estou pensando principalmente no Nordeste num futuro próximo”.

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“Vimos a possibilidade de oferecer pratos de qualidade graças aos maravilhosos produtos locais, combinados com técnicas profissionais e receitas criativas – e essa oferta de comida boa e simples ainda estava dificil de encontrar” Xavier aurelle ao lado de arnaud gouxette


Ceviche de Salm達o e Namorado, gelatina de Lim達o e Manteiga de Curcuma Tartare de Salm達o com chantilly de Caviar pratoXavier criadoaurelle pela voil叩 ao lado de arnaud gouxette

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Empreendendo por cima das dificuldades

(20 anos), fundador do site Getninjas.com, Boas ideias amadurecem com a idade plataforma para divulgação de produtos e

Quem depende da própria empresa para receber o salário sabe que não pode permitir que eventualidades interfiram nos resultados. Em outras palavras: aconteça o que acontecer, o trabalho tem que continuar. A jornalista e locutora Sônia De Pieri (50 anos), fundadora da De Pieri Comunicação, enfrentou sérias dificuldades para que a empresa – e ela própria – sobrevivessem. A primeira foi deixar um emprego estável e um bom salário para trás, optando por enfrentar um mercado onde a maioria dos líderes é homem. “Não diria que sofri preconceito, mas um pré-julgamento”, conta. A criação de equipes predominantemente formadas por mulheres – desde a redação até a sonoplastia – foi outra ação para se diferenciar no mercado. Até que a empresa se firmasse no segmento de rádio corporativa, foram cerca de dois anos. Mas os problemas mais graves vieram pouco tempo depois: em dezembro de 2005, Sônia sofreu um sequestro-relâmpago, no qual foi agredida e teve o veículo roubado. “Fiquei um tempo sem a visão do olho direito”, relata. Pouco menos de um mês depois, foi diagnosticado um tumor, e o tratamento teve de começar imediatamente. Foram aproximadamente seis meses de quimioterapia intensa e outros medicamentos. “Apesar de ficar debilitada física e emocionalmente, tinha que continuar fazendo as locuções, manter os personagens. Por outro lado, eu tinha uma ótima equipe, mas uma empresa precisa do líder para tocar as atividades. Então, eu não podia parar”, analisa Sônia. Além disso, os custos do tratamento, cirurgia e remédios eram altos, e o custeio dependia dos resultados financeiros da sua empresa. “Foram mais obstáculos a serem vencidos”, diz. Hoje, a De Pieri Comunicação tem 10 anos de estrada, e a empresária esbanja saúde e disposição para empreender. Para Sônia, o empreendedor, seja ele jovem ou não, tem que encontrar novos nichos no mercado onde atua. “Lancei recentemente um serviço de rádio por assinatura, e já tenho outros projetos para o futuro. Estou sempre buscando novidades”.

O empresário Salmo de Souza (53 anos) já tinha uma loja de materiais de construção há 15 quando uma boa ideia o levou a deixar o varejo para investir em um novo produto. “O cliente comprou um piso de grande formato e não conseguia instalar o ralo tradicional, ou seja, os pisos evoluíram e o ralo continuava o mesmo. Então, foi o ponto de partida para a fabricação de um ralo que se adequasse à situação e ao gosto do consumidor”, explica Salmo. O produto que resultou desse problema foi um ralo linear, menos invasivo e incômodo do que o tradicional. A sacada foi tão boa que venceu a categoria Casa do Prêmio IDEA Brasil, em 2009, ao lado de empresas que lideram o segmento. “Não tenho formação em design, nem em engenharia de produto, apenas pensava ter tido uma boa ideia. Contudo, o prêmio IDEA Brasil nos mostrou que nosso produto era ótimo e que o mercado precisava dessa inovação”, diz o empresário.

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Jovens: como convencer os investidores? Negócios sérios podem convencer qualquer um a desembolsar uma grana para ajudar no desenvolvimento do produto ou serviço. Foi o que aconteceu com Eduardo L’Hotellier

“Lancei recentemente um serviço de rádio por assinatura, e já tenho outros projetos para o futuro. Estou sempre buscando novidades”

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sônia de pieri

serviços. O site foi criado a partir de uma deficiência que existia quando uma pessoa precisava contratar profissionais confiáveis de serviços variados, desde pintores até professores particulares. “Eu tinha apenas um protótipo. Com isso, ganhamos alguma exposição em meios de comunicação e os investidores entraram em contato diretamente comigo”, diz. “Daí, foi só apresentar o plano de negócios e argumentar porque o mercado era favorável ao serviço”. A startup esteve entre as vencedoras de um concurso promovido pelo blog de tecnologia The Next Web, um dos mais conhecidos em língua inglesa, o que ajudou a angariar novos investimentos. Mas o jovem empreendedor lembra que boas ideias e negócios lucrativos não caem do céu: “O primeiro passo é desenvolver um produto atrativo para o mercado, além de ter um protótipo. É disso que os investidores gostam”. Mas e se o valor do protótipo já demandar investimentos altos demais para o bolso do empreendedor? Nesses casos, é necessário convencer os investidores de que você é capaz de executar a ideia. “O que tem valor é a execução, de forma rápida e eficiente”, garante Eduardo.



O que isso tem a ver com Administração? por simão mairins e mayara chaves imagens thiago trapo e joão faissal

Entenda a relação entre esporte, música, um novo sabor de salgadinho e os hits da internet com o mundo dos negócios.

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á alguns meses, iniciamos no Administradores.com a campanha “A Administração move o mundo” com o intuito de valorizar todos os

profissionais envolvidos com a área. O movimento vem se espalhando através das mídias sociais, nas faculdades e eventos da área Brasil afora, conquistando a adesão de estudantes, professores e profissionais de mercado. Há grandes chances, inclusive, de você que nos lê agora já ter se engajado – seja compartilhando a mensagem no Facebook, dando RT no Twitter ou vestindo a camisa da campanha – fazendo ecoar a mensagem de que sua profissão é indispensável para o planeta. Mas, afinal, que engrenagem tão poderosa é essa?

A Administração se faz, já sabemos, não apenas nas salas de reuniões sisudas e pelas mãos de homens de terno e gravata, estereótipos com os quais já estamos bastante acostumados. A Administração, certamente, é uma área privilegiada pela facilidade de atingir todas as organizações, independente de sua natureza ou de sua dimensão. Seja nos setores de eletrônicos, automotivo, farmacêutico, agronegócio, construção civil etc., falou em uma pequena mercearia no interior do Brasil ou no modelo de gestão das principais multinacionais do mundo, os princípios da área estão presentes. Mas o ato de administrar nem sempre se dá dentro de uma organização, segue a formalidade metodológica ou se estrutura conforme a teoria tradicional prevê. E foi justamente cobrindo áreas pouco associadas à atividade, buscando conexões não muito casuais, que acabamos nos deparando várias vezes com uma pergunta que já se tornou clássica aqui no Administradores: “o que isso tem a ver com Administração?” Está na hora de você descobrir o que o tema de abertura da novela das sete tem a ver com o modelo de negócios que está ensinando a indústria fonográfica a se reinventar, por que jogar futebol não é simplesmente correr atrás de uma bola e, entre outras coisas, como a notícia de um novo sabor de salgadinho pode acabar sendo tão importante quanto um postulado de Fayol.

“Ex-my love”: esse hit vale bem mais que R$ 1,99 Um hit chiclete como qualquer outro: toca em abertura de novela, é repetido pelo menos umas dez vezes diariamente em todas as rádios do Brasil e sua intérprete se tornou figurinha carimbada nos principais programas da maior emissora de TV do país. Essa poderia ser a breve história de mais um caso de 15 minutos de fama fabricado pelo mainstream midiático. Mas não é. E tem tudo a ver com Administração. Um dos maiores sucessos musicais do momento é a assumida30

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mente brega “Ex-my love”, música interpretada pela cantora Gaby Amarantos, que despontou da cena tecnobrega de Belém do Pará diretamente para os grandes centros do Brasil no primeiro semestre deste ano. Mas, ao contrário do que alguns desavisados pensam, a artista não surgiu ontem – e, pasmem, não precisou pagar jabá e nem sequer vender CDs para ficar famosa. Principal expoente de um milionário mercado informal que é uma verdadeira febre no Norte do país, Gaby é parte de um movimento que está ensinando a indústria fonográfica a se reinventar com seu nada tradicional modelo de negócios. Vendo que não poderiam competir com a pirataria, os artistas do tecnobrega resolveram se unir aos piratas, tornando-os vendedores oficiais e reconhecidos de seus trabalhos. A dinâmica é bem simples: os músicos gravam um álbum em um estúdio qualquer e entregam a matriz aos camelôs, que reproduzem e vendem em massa, tornando as músicas conhecidas. O público gosta e vai ouvir ao vivo nas festas de tecnobrega, chamadas de aparelhagens. Esses eventos são verdadeiros cultos à tecnologia, onde grupos disputam quem tem os melhores equipamentos de som e luz. E é aí que está o grande lance: essas baladas movimentam milhões e garantem aos artistas um retorno altamente vantajoso sobre o custo daquele albunzinho gravado para distribuir com os ambulantes. “Na cena tecnobrega, a gente sempre utilizou esse modelo simplesmente para divulgação das músicas. Todo mundo ganha mesmo em show, não em vendas. As pessoas compram a música no camelô e os artistas ficam conhecidos sem precisar pagar jabá no rádio. Isso é fantástico”, destaca Gaby Amarantos. Hoje, com a carreira nacionalizada, a cantora tem contrato com a gravadora Som Livre e já consegue faturar com vendas de álbuns. Mesmo assim, ela afirma que fez questão de deixar bem claro que não abandonaria o modelo de distribuição gratuita e a gravadora compreendeu que o momento do mercado realmente já é outro e está tentando se adaptar. “A gente assinou com a Som Livre porque eles compreenderam o mercado de onde a gente veio, que essa foi uma forma de divulgação que deu certo e é uma prática que a gente não ia abandonar”, destaca Gaby.

Negócios? Nem Luiza que estava no Canadá ficou de fora Para a turma do tecnobrega, tão importante quanto a distribuição através dos camelôs, é a divulgação das músicas pela internet. E, assim como eles, outras pessoas - não necessariamente artistas - têm conseguido destaque e se tornado grandes atrativos para marcas antenadas nas possibilidades de negócios que podem ser gerados. Um vídeo engraçado, uma imagem ou uma frase de impacto – se caem na internet e no gosto do público – podem ser compartilhados entre milhares ou até mesmo milhões de pessoas em todo o mundo. Diante do alcance possibilitado por esse tipo de conteúdo, as empresas cada vez mais têm investido na utilização e criação de hits e virais da internet para dar um up nos negócios. Um exemplo disso foi o vídeo da propaganda de uma construtora que deu origem ao meme “Menos Luiza, que está no Canadá” em janeiro deste ano, febre no Brasil e no exterior. Várias empresas pegaram carona no sucesso, vinculando suas marcas ao viral. Uma delas foi a varejista Magazine Luiza que, aproveitando a associação

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do meme à sua marca, promoveu, no início do ano, o concurso #ALuizaNãoViu, no Twitter. Na comparação com outras ações da empresa na mesma rede, esta gerou um aumento de quase 250% nas menções, de acordo com mapeamento da MITI Inteligência. Outro caso de repercussão foi o vídeo “Para nossa alegria”, em que uma família fez sua interpretação da música gospel “Galhos Secos” e acabou ficando famosa. A Pepsi aproveitou o sucesso das celebridades instantâneas para ter mais visibilidade ao fazer uma parceria com o grupo. A fábrica de refrigerante propôs um desafio em sua fanpage no Facebook, prometendo que a família só lançaria uma nova música caso a companhia atingisse 500 mil fãs em sua página. A meta da Pepsi foi alcançada rapidamente, pois a empresa – que tinha menos de 400 mil curtidores em 4 de abril, quando lançou a ação – atingiu seu objetivo em apenas nove dias. Recentemente, um caso que se tornou um fenômeno no Facebook foi o do jovem estudante de publicidade Ricck Lopes. Com tiradas sarcásticas, ele criou a fanpage Gina Indelicada, que ultrapassou um milhão de fãs em uma semana, e tirou do limbo a adormecida marca de palitos de madeira Gina. Apesar da polêmica criada pela acusação de que algumas respostas da Gina Indelicada foram extraídas de outras fontes, o engajamento criado pelo jovem rapaz fez com que ele fosse convidado para participar de vários trabalhos, além de coordenar a campanha on-line de uma famosa marca de desodorantes. O sucesso imediato, com estratégias baseadas no próprio comportamento dos internautas, mostra como as redes sociais

se tornaram uma das melhores ferramentas para as empresas se conectarem com os clientes de maneiras diferentes. Com um canal de mídia atingindo 46 milhões de pessoas só no Brasil, virou praticamente uma questão de sobrevivência as marcas estarem lá. No entanto, as empresas nem sempre acertam na hora de lançar essas ações. Muitas vezes, o que era para viralizar e render bons frutos, acaba causando polêmica e não contentando todo o público, podendo gerar efeitos desastrosos para uma marca. Um exemplo recente foi o vídeo “Perdi meu amor na balada”, em que um rapaz tinha conhecido “o amor de sua vida” e pedia ajuda para reencontrar a garota. Depois, descobriu-se que era uma ação da Nokia para promover seu novo

empresas precisam lidar com a sua atuação na internet de forma responsável, se preocupando com o fortalecimento da marca e sabendo enfrentar e reverter crises que possam ocorrer na rede. “A internet não é só uma ferramenta de comunicação. Pensar assim é um erro brutal da maioria das marcas. A internet é coisa séria. Requer treinamento, política de mídias sociais, objetivo de negócio específico, profissionalização, monitoramento, gerenciamento de comunidade profissionalizado e pesquisa”.

Futebol: administrando mais que a posse de bola Todos nós já estamos cansados de saber que o futebol é uma paixão nacional e uma das

A internet não é só uma ferramenta de comunicação. Pensar assim é um erro brutal da maioria das marcas. A internet é coisa séria aparelho celular. Mesmo a ação tendo rendido comentários elogiosos, outros internautas se expressaram negativamente, alguns sentindo-se enganados ou “feitos de bobo”. “No caso da Nokia, muita gente acabou se sentindo idiota. Isso foi contrário à proposta e não agregou valor algum à marca, muito pelo contrário”, afirmou Gabriel Rossi, palestrante e especialista em Marketing Digital. De acordo com Rossi, as

formas de entretenimento mais comuns do Brasil. Para quem gosta, poucas coisas são tão boas quanto sentar em frente à TV ou ir ao estádio, abrir uma (ou algumas) cervejas e quase ter um enfarte torcendo para o time do coração. Pois bem. Mas o que a final do Brasileirão e o fato de Neymar continuar jogando no Brasil têm a ver com Administração? A resposta é simples: por trás de qualquer grande espetá-

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culo, existe sempre um grande negócio. E um grande negócio nunca dará certo se não tiver quem o administre. O esforço concentrado para manter a estrela do Santos em solo brasileiro é um dos exemplos mais notórios disso. Para competir com as propostas do mercado europeu, a diretoria santista teve de desenvolver e colocar em prática um complexo planejamento estratégico, capaz de envolver empresas dispostas a investir capital suficiente para bancar a permanência do craque. Em troca, ele se tornou a figura mais carimbada da publicidade brasileira atualmente – e uma das marcas mais valorizadas do país. Investir em esportes – principalmente em futebol, no caso do Brasil – é um negócio que pode render realmente bons frutos. “Os clubes têm o que todas as outras empresas sonham ter: clientes fãs de suas marcas. Um torcedor de um time nunca vai comprar a camisa de outro. O torcedor é um cliente muito fiel. Se você fizer boas coisas para ele, sempre haverá uma resposta”, ressalta Fred Albuquerque, especialista em marketing esportivo e dono de uma franquia da Loja do Galo, que vende produtos oficiais do Atlético/MG. Fred destaca que, mesmo com os altos e baixos naturais dos times dentro de campo, o torcedor é um cliente presente. Hoje, o Atlético/MG vive um ótimo momento, fez o melhor início da história do Brasileirão por pontos corridos e tem grandes chances de se sagrar campeão neste ano. Mas, mesmo quando a equipe amargou a queda para a segunda divisão, o torcedor esteve presente. Do ponto de vista do negócio, isso significa ter um público fiel mesmo em tempos de crise.

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No Brasil, um exemplo de clube que tem compreendido muito bem a força do torcedor-cliente é o Corinthians. Hoje, a marca do time está em tantos produtos que é difícil precisar uma quantidade. Só para se ter uma ideia, existe até uma linha corintiana da Sidra Cereser, além de livros, games e, obviamente, camisetas, shorts e bonés. Com um país tão apaixonado por futebol, o mercado de produtos associados ao segmento tem um potencial muito grande e, na avaliação de Fred Albuquerque, ainda pode crescer bastante. “Na Europa, você encontra de escovas de dentes 34

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a carros com marcas dos clubes de futebol. No Brasil, isso ainda se dá de forma tímida”, acredita o especialista. Com a vinda da Copa do Mundo e das Olimpíadas nos próximos anos, a expectativa é de que o mercado esportivo brasileiro se aqueça ainda mais. E pode ter certeza: vão ser necessários vários e bons administradores para criar e tocar pequenas, médias e grandes iniciativas.

O poder de vendas de um novo sabor de salgadinho Imagine a seguinte situação: você entra em um site de negó-

cios para procurar informações sobre Administração. Nele, você já leu notícias sobre joint ventures, rodadas de negócios, fusões, contratações, sugestões de cursos de MBA, dicas sobre como melhorar o currículo, entre vários outros temas relativos a empresas e carreiras profissionais. Um dia, você se depara com duas notícias: uma sobre o lançamento de um novo sabor de uma marca de salgadinhos; e outra referente ao lançamento de um aplicativo de receitas culinárias para tablets. E aí você se pergunta: o que isso está fazendo aqui? Inicialmente, é necessário entender que um produto ou

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serviço e o seu lançamento não são nada mais do que frutos de todo um trabalho interno e externo de uma empresa. Esse esforço demanda, entre outras ações, investimentos, mão-de-obra, pesquisa com o consumidor, testes e ideias inovadoras. E vem ainda o pós-lançamento com as vendas e as ações de marketing para apresentar a novidade aos consumidores, além da consequente receptividade do público, seguida do sucesso ou não da novidade. Ufa! Se todos os leitores conhecessem a complexidade de um lançamento realizado por uma empresa – por mais banal que possa parecer


– saberiam, só de olhar para o título de uma notícia sobre o assunto, que isso tem tudo a ver com Administração. Por possuir total relação com negócios, é preciso que as empresas encarem seriamente a maneira como mostram e vendem seu produto ou serviço, pois isso determina, na maioria dos casos, como o público vai receber a novidade. Segundo José Roberto Martins, professor de gestão e avaliação de ativos intangíveis e branding, “normalmente, os fracassos não estão na qualidade do serviço ou do produto, mas passam desde uma incompreensão do posicionamento da marca, e, prin-

cipalmente do comportamento do consumidor”. Várias companhias das áreas alimentícia, de bebidas e de cosmética têm se destacado com suas novas ideias. “As empresas de alimentos Sadia, Perdigão, Ceratti, Nestlé, são quase sempre bem sucedidas em seus testes de conceitos. As empresas de bebidas, como Cervejaria Petrópolis, Coca-Cola, entre outras, também agem assim. Na Natura, Contém 1g e Avon, tudo é testado exaustivamente dentre públicos selecionados”, afirma Martins. A Nestlé, por exemplo, que teve um crescimento orgânico mundial nas vendas de cerca de

6,6%, atingindo 44,1 bilhões de francos suíços no primeiro semestre deste ano, teve como um dos motivos do seu crescimento na América Latina o lançamento da marca de chocolates KitKat. Outra empresa que faturou com lançamentos foi a Ambev. A companhia, que registrou R$ 2,346 bilhões de lucro líquido normalizado nos primeiros três meses de 2012, com crescimento de 12,3% em relação ao mesmo período de 2011, teve a Budweiser como uma das marcas responsáveis pelo bom desempenho. A cerveja, que chegou ao Brasil no ano passado, foi lançada na região Nordeste no primeiro

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trimestre deste ano. Diante de tudo isso, será ainda que há quem acredite que o lançamento de uma nova cerveja, ou de um novo chocolate não tenha nenhuma relação com o mundo dos negócios? E o que falar das músicas, das piadas na web e do futebol? E olha que nem falamos de moda, filosofia, artes, política, meio ambiente... Se fôssemos analisar com mais cuidado cada um desses segmentos, detectaríamos a Administração presente de várias formas. É como diz a campanha descrita nas primeiras linhas dessa reportagem: a Administração (realmente) move o mundo.

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Administrador: o profissional que o Brasil mais precisa por leandro vieira

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piadinha é infame e batida, mas, com certeza, você já deve ter escutado: “quem não sabe o que quer, faz Administração”. A anedota faz parte da habitual rivalidade entre os cursos superiores, e data de muito, muito tempo. A realidade é que o curso de Administração e a profissão do administrador mudaram bastante. E nossa sociedade mudou também. Hoje, já observamos uma crescente preocupação por parte de empresários e dirigentes de organizações públicas e privadas com relação ao gerenciamento de seus negócios. No campo empresarial, ainda temos uma elevada taxa de mortalidade. Segundo o IBGE, praticamente a metade das empresas fecha as portas após o terceiro ano de atividade. Os motivos que explicam esse índice bizarro são diversos. Afinal, o Brasil amarga a 126ª posição entre 183 nações no ranking do Banco Mundial que elenca os países conforme a facilidade de se fazer negócios em seus territórios. Para se ter uma ideia, segundo esse estudo, é mais fácil abrir um negócio em Uganda do que por aqui. Entretanto, a principal razão da mortalidade das empresas é sempre a mesma: falta de preparo de seus gestores. Diante de tantas dificuldades, a figura do administrador desponta como essencial para driblar os obstáculos impostos por esse ambiente hostil à atividade empresarial. Outro estudo com o mesmo número de nações, realizado pela ONG Transparência Internacional, coloca o Brasil na 73ª posição no ranking que mede a percepção de corrupção entre os países. Numa escala onde zero significa “muito corrupto” e dez “nada corrupto”, a nossa nota foi 3,8. Fomos reprovados. Além de prejuízos à moral, a corrupção empaca o desenvolvimento brasileiro: um estudo da FIESP revelou que o prejuízo causado por essa praga chega a 85 bilhões de reais por ano! A corrupção não é apenas fruto da falta de ética, mas também de falhas na administração pública e nos

seus mecanismos de controle (para lembrar uma das funções clássicas da Administração, delineadas por Fayol). Que falta faz um administrador de fato por trás de nossas instituições, não é mesmo? O despertar para a necessidade de uma gestão realmente profissional tornou a Administração o curso superior com o maior número de faculdades (mais de 2.600) e o maior número de alunos (mais de 800 mil). Por ano, são formados mais de 114 mil administradores. Não só a oferta de profissionais no mercado aumentou, como também a demanda por eles. O Conselho Federal de Administração, em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração), realizou uma pesquisa que traça o raio-x da profissão no Brasil. Uma das questões era dirigida aos empregadores. Em 2006, apenas 23% deles consideravam importante um cargo gerencial ser ocupado por um administrador. Em 2011, esse número saltou para 63%. São números que refletem o amadurecimento da sociedade brasileira – e também a transformação da mentalidade dos nossos jovens, que têm optado por essa carreira com muita determinação e com a consciência de que o administrador é o profissional que o Brasil mais precisa. Respondendo àqueles que ainda insistem em contar aquela piadinha surrada do início do artigo, quem opta por Administração tem a certeza exata do que quer fazer. Muito diferente daqueles que escolhem outros caminhos profissionais e, lá pelas tantas, tentam atuar como administradores sem serem.

leandro vieira é publisher da revista Administradores e há mais de uma década vem lutando, através de diversas plataformas, pela contínua valorização dos profissionais da Administração.

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artigo do leitor | leitura atenta

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Para que serve a bula? por márcio lopes

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ou headhunter. Na tradução bruta, quer dizer “caçador de cabeças”. Passo meu dia buscando e identificando profissionais para ocuparem posições estratégicas nas organizações dos meus clientes. Uso abordagens diversas e, para cada cargo e desafio, existe uma maneira de rastrear a minha “caça”. Uma das minhas ferramentas é a divulgação do perfil desejado em veículos de comunicação e/ou outras mídias. O objetivo é atingir um público grande de forma mais rápida. Para ter sucesso nessa estratégia, é fundamental que alguns pontos sejam levados em consideração. Pelo headhunter ou empresas: ser o mais claro possível nos pré-requisitos, definir claramente a maturidade do profissional, mencionar o desafio que ele encontrará, o modelo de gestão ou a cultura organizacional. Nesse momento, na maioria das vezes, não é mencionada a empresa contratante. Porém, a descrição serve para fazer um filtro e passar uma expectativa do perfil e trajetória que se busca. Pelos profissionais: reconhecer se o seu perfil e atual momento pessoal e profissional se enquadram no que foi requisitado. Prestar bastante atenção às instruções e contatos para onde deve ser endereçado o seu currículo. Embora isso pareça simples, o que vemos são verdadeiros estouros de boiadas de ambas as partes. De um lado, empresas pouco objetivas na descrição do tipo de perfil procurado, em alguns momentos mais preocupadas com quantidade do que qualidade, acreditando que a velocidade pode ser a solução do seu problema. Do outro lado, profissionais com uma ansiedade que leva, muitas vezes, a nem assimilar direito o

que leram e já acreditar que enviar o currículo dará a certeza de ser chamado para uma entrevista – além de entrar em contato com o headhunter ou empresa contratante para questionar pontos óbvios e já esclarecidos na divulgação da oportunidade. Vocês não imaginam o desgaste causado por essa falta de atenção e direcionamento no envio do seu currículo para uma posição fora do seu perfil, ou por achar que você pode se encaixar em qualquer projeto – e, consequentemente, ser chamado para uma entrevista. A nossa já estereotipada ansiedade – que se reflete em tudo, como na falta de paciência para ler manuais de instruções de equipamentos eletrônicos – faz com que acreditemos que procedimentos não são importantes, que auditorias estão aí para nos prejudicar e que a bula de remédio só serve para ocupar espaço na embalagem. Quando percebemos que os maiores problemas que temos vem da falta de leitura das instruções mais básicas, concluímos que, se sentarmos e lermos com calma uma única vez, surpresas desagradáveis e situações constrangedoras podem ser evitadas. Quem já passou pela experiência de anunciar em jornais de grande circulação se deparou com fatos inusitados. Por exemplo: descrever um anúncio para um controller e receber CV de Padeiro e por aí vai. Perda de tempo e expectativas para ambas as partes.

márcio lopes é formado em Administração de Empresas pela UFBA, é sócio diretor da Organiza Consultoria de Gestão Empresarial e da Paulo Lopes Desenvolvimento Pessoal e Empresarial, headhunter, coach e consultor com foco em gestão.

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artigo do leitor | hist贸ria infantil

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Quem tem medo do lobo mau? por fernando augusto vilela

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esde a infância, somos apresentados ao mundo da fantasia por meio de histórias épicas e aventuras emocionantes. Alguns personagens marcam gerações e servem de inspiração, enquanto outros causam medo e pavor. É nesse emaranhado de contos que nos recordamos da imagem malvada do lobo. A Chapeuzinho Vermelho quase viu sua vovozinha ser devorada e os três porquinhos tiveram suas casas destruídas. Todo mundo tem o seu lobo mau e, não é diferente com as empresas. Seja um concorrente, uma dificuldade de apresentar um produto novo ao mercado ou até mesmo um problema de relacionamento interno entre seus funcionários, as empresas sempre tem um “lobo mau” perseguindo-as. Mas será que o lobo é tão mau quanto imaginamos? A imagem de animais malvados em histórias infantis sempre é inserida para que o personagem principal possa superar um medo ou um problema, aprendendo uma lição. No decorrer dos eventos, esses personagens desenvolvem caráter, expandem seus conhecimentos e tornam-se maduros, conquistando seus sonhos e objetivos. No contexto empresarial, esses animais malvados servem como uma alusão aos desafios organizacionais. É possível enfrentar um lobo mau, mas nem sempre evitaremos que ele apareça na nossa frente. Podemos corrigir um erro e impedir que o mesmo problema se repita, mas é muito difícil prever que novas dificuldades aconteçam. As organizações devem seguir o exemplo dessas historinhas, encarando seus “lobos” pelo mesmo ângulo de um conto de infantil: usando-os como forma de

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superação, promovendo o aperfeiçoamento constante de métodos e processos organizacionais. O ser humano é movido pela curiosidade, pela vontade de solucionar problemas e pela capacidade de se adaptar a novas situações. A evolução só acontece a partir do momento em que as pessoas passam a encarar suas limitações, buscando meios de superá-las. As organizações crescem e se desenvolvem quando saem da sua zona de conforto, explorando novos campos por meio da inovação e aceitando desafios. São atitudes assim que as empresas e seus gestores devem ter. Deve-se olhar para os problemas como um trampolim para o aperfeiçoamento empresarial, descobrindo oportunidades para explorar novos caminhos. O mercado globalizado nos transporta para uma floresta de concreto, repleta de aventuras e infestada de vilões. Nossas empresas são os personagens principais e nós, gestores, somos os narradores dessa história. Cabe a nós a missão de encontrar o caminho até a “casa da vovozinha”, descobrir a estrada que nos leva aos nossos objetivos, encontrando soluções e alternativas para lutar contra os “lobos” que surgem pela floresta. Uma dica: enfrente seu lobo mau cara a cara. Não deixe que ele mostre suas presas e abocanhe suas oportunidades.

Fernando Augusto Vilela é estudante de Administração de Empresas da Unifenas (MG), aspirante a escritor e busca constantemente complementar e aprender novos conceitos sobre a arte de administrar.

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ENTRETENIMENTO | cinema, curiosidades e humor

CINEMA

margin call O dia antes do fim por

silvia generali

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divulgação

Margin Call, lançado recentemente nas locadoras, trata das angústias vividas por um grupo de executivos e funcionários de uma grande empresa de investimentos norte-americana, na fase inicial da crise financeira de 2008. Recomendo o filme para todos os administradores e estudantes de Administração interessados em finanças, e para todos os interessados em questões éticas. Assistir ao filme é recomendável também para os que curtem gestão de pessoas. Conflitos de poder, chantagens, ameaças, escolha de bodes expiatórios e demissões sumárias aparecem na tela com crueza. Carreiras construídas e destruídas em uma velocidade impensável há algumas décadas e dilemas morais são mostrados como algo naturalizado nas grandes corporações. O importante é a questão financeira: um bom pacote de benefícios na saída pode resolver tudo e deixar as consciências tranquilas – embora a consideração pessoal seja desprezível. O estímulo financeiro (ou ameaça de perda financeira) para quem não entrar no barco é uma “ferramenta de gestão” como qualquer outra. 42

O filme trata da rotina do mercado financeiro nos EUA, onde o escândalo dos créditos imobiliários ajudou a levar à recessão

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Há algumas cenas memoráveis para os gestores de pessoas. Uma delas é quando Jeremy Irons, no papel do CEO todo poderoso, convoca uma reunião e pede explicações sobre a crise que assola a empresa a um jovem formado em engenharia aeroespacial. Quando o jovem começa a explicar projeções estatísticas e problemas matemáticos, o CEO deixa claro que não entende dos detalhes, mas quer um breve e direto resumo da situação. “Você não pensa que cheguei a esta posição por minha inteligência, pensa?”, pergunta Irons. Antes disso, o jovem tenta explicar a Kevin Spacey, um dos principais executivos, o mesmo problema, e ouve algo como: “Eu não entendo nada disso, chegue logo ao ponto!”. É bom ressaltar que tanto Irons quanto Spacey compreenderam imediatamente a gravidade da situação a partir do resumo apresentado pelo iniciante. Em outro momento interessante, a executiva interpretada por Demi Moore diz: “Nós nunca temos escolha.”, referindo-se às opções morais e financeiras que fizeram. Ao final, o que resta aos executivos milionários de Wall Street é uma sensação de

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que o fim é inexorável. A firma já colidiu com um mega iceberg e todos os envolvidos estão afundando. Não há como salvar carreiras, nem futuro, sequer um pouco de dignidade. As últimas cartas são lançadas, mas dentro das regras de um jogo há muito determinadas. Ao espectador, fica um pouco da mesma sensação amarga de impotência. Ao contrário de Demi Moore, é difícil pensar que não houve escolhas. Mas há um momento em que é tarde demais para fazê-las. Com certeza, o longa é um prato cheio para a discussão sobre poder, hierarquia, ética, conhecimento, competências, liderança e carreira.

assista ao trailer Silvia Generali é conhecida como a mãe da Sofia. Nas horas vagas, escreve de tudo um pouco, de contos e poesias a livros de Psicologia. Acredita que o pensamento, a criatividade e a ética podem melhorar o mundo. Ela é professora em Administração na UFRGS.


MKT de guerrilha thinkstock

DES COM PLI CAN DO

Enxergando através das coisas sem raio-x

DATA-BASE MARKETING Marketing baseado em banco de dados de nomes e pessoas, para quem você dirige mensagens de interesse de sua empresa.

FACTORING

GESTÃO DE QUALIDADE TOTAL Modelo participativo da administração que visa à satisfação dos clientes através dos princípios da qualidade

TIMELINE DO JEEP Para divulgar o lançamento do Jeep Compass, a Jeep Brasil desenvolveu uma ação de marketing de guerrilha nas calçadas do Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Em parceria com a agência Espalhe, a companhia criou uma lona de 100 metros de comprimento estampada com a famosa timeline do Facebook contando a trajetória da marca desde o início da década de 1940, quando o primeiro veículo foi criado, até 2012.

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Prática de algumas empresas que consiste em comprar cheques pré-datados de lojistas cobrando comissão.

Cientistas do Weizmann Institute of Science, em Israel, estão testando uma nova maneira de ver as coisas através de superfícies opacas. Quando a luz incide sobre a superfície, ela se espalha; por isso, é impossível ver o que tem do outro lado. A novidade é que a técnica consegue converter a luz difusa em imagem através de um modulador, e “limpá-la” em um software de computador. “Isso é análogo ao ver seu próprio reflexo a partir de um pedaço de papel de folha branca”, diz Yaron Silberberg, coordenador do estudo.

Estudante de 22 mestrados e um doutorado Você gosta muito de estudar? Se sim, provavelmente não gosta mais do que o americano Michael Nicholson. Aos 71 anos e estudando há mais de meio século, ele tem 22 mestrados e um doutorado, além de uma graduação, dois graus associados e três especializações, o que totaliza 29 graus. No entanto, apesar de ter feito cursos em diversas áreas, Nicholson ainda pretende alcançar 34 diplomas. A paixão do idoso também influenciou sua esposa, Sharon, que concluiu sete graduações de nível superior. Depois disso tudo, você ainda acha que gosta de estudar? ESPECIAL DIA DOS ADMINISTRADORES

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PONTO FINAL soluções

Errar, remendar e religar por stephen kanitz

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oda profissão comete erros e tenta corrigi-los pontualmente. Na Administração – por lidar com grandes sistemas complexos e dinâmicos, onde nem sempre se tem tempo disponível para a perfeição – os erros nem sempre são corrigidos. Acabamos fazendo remendos e tocamos em frente. Essa deve ser uma das características que nos difere de todas as outras profissões. Nelas, especialmente na Engenharia e na Medicina, os erros precisam ser corrigidos e a perfeição precisa ser almejada a todo custo. São profissões que se orgulham de serem exatas, de ser uma ciência concreta. Infelizmente, ser científico pode significar demora para obter a solução correta, passando meses de indecisão diante de situações críticas. Administrar é não acumular problemas, razão do caos mundial que hoje enfrentamos. A Grécia, por exemplo, deveria ter sido resolvida em 2009 e não foi. Por isso, administradores fazem remendo. Em vez de consertar o erro de forma científica, adotamos essa postura para contornar a situação. Estamos plenamente conscientes disso, e por isso mesmo defendo administradores em cargos de Administração. Primeiro, porque sabemos fazer “bons remendos”, e segundo, porque sabemos que eles não são soluções, mas quebra galhos. O problema do Brasil é que estamos vivendo de remendos em remendos e, pior, feitos por profissionais que não entendem de Administração. Programadores de computador já fazem programas que deliberadamente comportam remendos e administradores criam estruturas com o mesmo princípio. Perfeição só existe na ciência e na academia. Mas meu ponto aqui é outro. Mais ou menos dia, remendos se tornarão disfuncionais. Mesmo “bem remendados”, em algum momento o acúmulo irá desmontar o sistema. Todo mundo fica insatisfeito, e é aí que administradores sentam e discutem se não é hora de voltar às origens, ao “back to basics” que tanto discutimos em momentos de crise. 44

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É quando nos retiramos para um hotel fazenda e discutimos os remendos. Qual é o nosso negócio? Qual é o nosso objetivo? Vamos voltar às raízes? Vamos nos religar aos princípios originais dos fundadores? Assim como no Budismo e no Confucionismo, na Administração, quando há uma crise, deve-se olhar para o passado, para ver se não nos perdemos em algum ponto do caminho. Sair destruindo tudo o que está aí – como fizeram na Venezuela, Cuba e Armênia – não é considerado uma boa ideia em sistemas complexos como uma empresa ou uma economia de um país. Em lugares onde a cultura da Administração é inexistente – como os países mencionados – cansado dos remendos de profissionais incompetentes, o povo se revolta e destrói o regime, as empresas e os sistemas. Assim, aumentam a miséria e pobreza. São os revolucionários, como Karl Marx, que corretamente identificaram que o sistema se tornou disfuncional – só esquecendo que o princípio básico continuava válido e que os problemas foram os remendos. Estamos passando novamente por uma crise destas. Remendos feitos no sistema financeiro, que esqueceram como emprestar e se concentraram nos mais malucos derivativos possíveis. Isso está novamente criando revolucionários que querem ocupar Wall Street e acabar com tudo o que foi feito. Se Wall Street tivesse contratado mais administradores e menos Ph.D. e cientistas de Física Quântica, teriam há muito tempo se instalado num hotel fazenda para repensar e se religar à essência do sistema financeiro: emprestar para o setor produtivo da economia, e não especular adoidado numa cadeia de hedge funds.

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stephen kanitz é consultor de empresas e conferencista. Vem realizando seminários em grandes empresas no Brasil e no exterior. Mestre em Administração de Empresas pela Harvard University, foi professor da USP. No Twitter, @stephenkanitz.



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