ADUFOP - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto
Canção: Duerme negrito Intérprete: Natalia Lafourcade Disponível em: Youtube. “Duerme negrito”, interpretada por Natalia Lafourcade. É uma “cancion de cuna”, uma canção de ninar em que a mãe que é obrigada a deixar o filho para trabalhar. Cantando promete ao filho trazer coisas: “codornices, rica fruta, carne de cerdo, muchas cosas”. O tom de extremo afeto, no entanto, aparece misturado a certa ameaça ao filho que não dorme. A ameaça aqui é um “diablo blanco” certamente muito mais cruel que um “boi da cara preta”. “Duerme negrito” foi recolhida por Atahualpa Yupanqui que a ouviu de uma mulher negra na região do Caribe, fronteira entre Venezuela e Colômbia. Yupanqui é o pseudônimo de Héctor Roberto Chavero, compositor argentino que adotou o nome de dois chefes guerreiros incas, Atahualpa (1532-1533) e Túpac Yupanqui (1471-1493). Em quíchua, significa “aquele que vem de terras distantes para dizer algo”. A postura de resistência cultural-artístico-política custou a Atahualpa Yupanqui perseguição e tortura durante a época do primeiro governo do general Juan Domingo Perón, de 1946 a 1955. Seus torturadores quebraram-lhe os dedos da mão pisoteando-a sobre uma máquina de escrever, para que nunca mais tocasse ou escrevesse. Gesto que, além de hediondo, é carregado de uma carga brutal de silenciamento simbólico. Mas sua influência posterior foi decisiva no que viria a se tornar a canção de protesto latino-americana a partir dos anos 1950: a Nova Trova ou Nova Canção, inicialmente na Argentina e no Chile e depois se espalhando por toda a América Latina.
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