A R E P U T A Ç Ã O D A I G R E J A /// V I T Ó R I A T I N G I D A D E S A N G U E /// E L L E N W H I T E T I N H A R A Z Ã O /// O D I A N Ã O S E I
Exemplar avulso: R$ 2,96 | Assinatura: R$ 35,50
MARÇO 2019
A NOVA DISSIDÊNCIA
O PODER DESTRUTIVO DOS CRÍTICOS DA IGREJA NA ATUALIDADE
A ARTE DE DISCORDAR DIVERGÊNCIA DE OPINIÃO NÃO DÁ O DIREITO DE CRIAR DISSIDÊNCIA SEM MOTIVO MARCOS DE BENEDICTO
A carta chegou às minhas mãos com um endereço do sul do Brasil. Quem seria? Nestes tempos de muitos e-mails e incessantes mensagens de WhatsApp, receber uma correspondência pessoal pelo correio é raro. A carta era de uma jovem mulher que estava confusa sobre o real adventismo. Ela havia ido a um templo adventista e se encantado com o tratamento e a mensagem. Porém, um grupo dissidente pintou um quadro tão negativo da igreja, classificando-a como “Babilônia”, que a mulher ficou sem saber em quem acreditar. Esse é apenas um detalhe da “obra” dos críticos e dissidentes, que, apostando no anonimato das novas tecnologias e na aparente impunidade no mundo digital, se multiplicam a cada dia. Um dissidente é alguém que questiona, critica e desafia a ordem estabelecida. No contexto religioso, a palavra vem sendo usada desde o século 19, enquanto no cenário político tornou-se popular a partir dos anos 1940. Hoje, os dissidentes religiosos têm muitas faces e transitam por diversos territórios, mas também apresentam pontos em comum. Numa escala crescente de radicalismo, situam-se ao longo de um amplo espectro: inconformismo / discordância / questionamento / crítica / dissidência / ativismo / terrorismo. Com o risco da caricaturização, podemos enumerar dez tipos de dissidentes: ▪ Administrativo: aquele que tem um problema com um líder e, a partir do seu caso, constrói uma teoria geral sobre a gestão da igreja.
O PROBLEMA DO DISSIDENTE PASSA A SER TAMBÉM O SEU PROBLEMA SE VOCÊ DER OUVIDOS, VOZ E PUBLICIDADE ÀS IDEIAS DELE
▪ Anacrônico: acha que tudo no tempo dos pioneiros era melhor do que hoje. ▪ Conspiratório: pensa que seu “conhecimento secreto” lhe dá o direito de propagar mirabolantes teorias de conspiração. ▪ Cultural: sempre vê a cultura como território exclusivo do diabo. ▪ Excêntrico: sai do centro e vai para o extremo a fim de chamar atenção para seu comportamento exótico. ▪ Ideológico: inventa uma narrativa alternativa para justificar seu deslocamento na sociedade. ▪ Narcisista: aproveita o prestígio dos outros e pisa na imagem alheia para se aparecer. ▪ Perfeccionista: consegue ver milhões de erros na igreja e nenhum em sua vida. ▪ Sonhador: idealiza uma enevoada ilha da fantasia imaginando que seja o mundo iluminado da realidade. ▪ Teológico: pensa que suas heresias deveriam substituir as crenças fundamentais da igreja. Essa é apenas uma amostra. Infelizmente, os dissidentes, com causa ou sem causa, são inúmeros e sempre os teremos conosco. O pior é que muita gente inocente acaba caindo facilmente na lábia deles. Essas pessoas se esquecem de que o cristão deve ser simples como as pombas, mas cauteloso como as serpentes (Mt 10:16). Todavia, inocência não é desculpa. O problema do dissidente passa a ser também o seu problema se você der ouvidos, voz e publicidade às ideias dele. Afinal, se discordar em nome da verdade é saudável, promover a desunião em nome da mentira é a essência da obra do próprio inimigo. O importante é saber discernir entre críticas legítimas e ataques injustos, sem aumentar ainda mais a polarização. Nesta época em que o mundo busca a unidade, mas paradoxalmente se torna cada vez mais fragmentado, é um dever sagrado do povo de Deus promover a pacificação. Você foi chamado para ser um agente da união em torno de Cristo e não da ruptura e da alienação. ] MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista
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R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
Foto: Adobe Stock
EDITORIAL
Mar. 2019
No 1343
Março 2019
Ano 114
www.revistaadventista.com.br
Publicação Mensal – ISSN 1981-1462 Órgão Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil “Aqui está a paciência dos santos: Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Apocalipse 14:12
SUMÁRIO
12
18
24
Os novos críticos
Vitória garantida
Ellen White tinha razão
A dissidência na era da internet está menos teológica e mais destrutiva
A ênfase da escatologia adventista é o que Cristo fez e fará por nós
Vários de seus conselhos foram confirmados por uma pesquisadora ateia
Editor: Bill Knott Editores associados: Lael Caesar, Gerald Klingbeil, Greg Scott
26
30
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Editores-assistentes: Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Costin Jordache, Wilona Karimabadi (Silver Spirng, EUA); Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo-Jun Kim (Seul, Coreia do Sul)
Luz na selva
Sementes e frutos
A qualquer momento
O casal de missionários que lançou as bases de uma universidade na África
A volta de Jesus surpreenderá a todos
Editor: Marcos De Benedicto Editores Associados: Márcio Tonetti e Wendel Lima Conselho Consultivo: Ted Wilson, Erton Köhler, Edward Heidinger Zevallos, Marlon Lopes, Alijofran Brandão, Domingos José de Souza, Gilmar Zahn, Leonino Santiago, Marlinton Lopes, Maurício Lima, Moisés Moacir da Silva e Stanley Arco Projeto Gráfico: Eduardo Olszewski Ilustração da Capa: Adobe Stock
Adventist World é uma publicação internacional produzida pela sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia e impressa mensalmente na África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Brasil, Coreia do Sul, Estados Unidos e México v. 15, no 3
Tradutora: Sonete Costa
Ele atravessou uma floresta para encontrar guardadores do sábado
Arte e Design: Types & Symbols Gerente Financeiro: Kimberly Brown Gerente Internacional de Publicação: Pyung Duk Chun Gerente de Operações: Merle Poirier Conselheiros: Mark A. Finley, John M. Fowler, E. Edward Zinke Comissão Administrativa: Si Young Kim, Bill Knott, Pyung Duk Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Yutaka Inada, German Lust, Ray Wahlen, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson
CASA PUBLIC ADOR A BRASILEIR A Editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34; CEP 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900
32 VIDA ADVENTISTA
41 DISCIPULADO
4 CANAL ABERTO
33 DEVOCIONAL
42 SOLIDARIEDADE
5 BÚSSOLA
34 NOVA GERAÇÃO
43 SOCIEDADE
35 PRIMEIROS PASSOS
46 MEMÓRIA
36 BOA PERGUNTA
47 EM FAMÍLIA
37 PERSPECTIVA
49 ESTANTE
22 NISTO CREMOS
39 RETRATOS
50 ENFIM
28 VISÃO GLOBAL
40 INTERNACIONAL
A arte de discordar
SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE LIGUE GRÁTIS: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h
A opinião de quem lê Graça e verdade
Diretor-Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Uilson Garcia
6 ENTREVISTA
Redator-Chefe: Marcos De Benedicto
Em tempos de crise
Gerente de Produção: Reisner Martins
7 GUIA
Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza
Como preservar a imagem da igreja
Não se devolvem originais, mesmo não publicados. As versões bíblicas usadas são a Nova Almeida Atualizada e a Nova Versão Internacional, salvo outra indicação. Exemplar avulso: R$ 2,96 | Assinatura: R$ 35,50 Números atrasados: Preço da última edição.
8 PAINEL
Datas, números, fatos, gente, internacional Quadro completo
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora. Tiragem: 147.500
2 EDITORIAL
5839/39725
Bem-vindo aos dias de Noé
Wikipédia da igreja
Oração pelos inimigos Minha mentora Gratidão
A lei do Espírito Dever religioso
Futura faculdade de medicina
Foco nas novas gerações Da tragédia à esperança Servindo aos refugiados Dormiram no Senhor Quem me roubou de mim?
Veredito favorável Menos é mais
Apoio mundial
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CANAL ABERTO TEXTO FINAL
Lamento não ter sabido mais cedo a respeito do falecimento de meu querido amigo Rubens Lessa. Quero agradecer aos editores da revista o excelente tributo feito a esse vanguardeiro da Igreja Adventista no Brasil, na edição de fevereiro. As palavras ditas por várias pessoas são pequenas pinceladas sobre o ministério profícuo deste gigante da página impressa. Estou certo de que suas mensagens estão gravadas nos arquivos da igreja, preparando-nos para a breve volta de nosso Salvador. Léo Ranzolin / Estero (EUA)
LEGADO EDITORIAL
Ao ler a matéria de capa da revista de fevereiro escrita pelo pastor Marcos De Benedicto, ficou mais evidente para mim o legado do pastor Rubens Lessa: a formação de sua equipe. A qualidade técnica e poética do texto mostra o preparo dos editores da CPB. Certamente as “obras” (Ap 14:13) dele vão acompanhar por muitos anos os textos do periódico. Ezinaldo Ubirajara / Belém (PA)
ASSIM DIZ O SENHOR
Como sempre, nossa querida Revista Adventista apresentou uma edição recheada de temas maravilhosos em fevereiro. Andei por todos eles e, como autor do livro Assim Diz o Senhor, me detive numa frase do editorial, referindo-se ao saudoso pastor Rubens Lessa: “Poeta com o espírito dos profetas, Rubens Lessa cumpriu a missão de proclamar o ‘assim diz o Senhor’” (das Escrituras, é claro). Lourenço Gonzalez / Rio de Janeiro (RJ)
MORTE ANTES DA QUEDA
Ángel Manuel Rodríguez fez uma análise muito interessante de uma pergunta elaborada do ponto de vista humano: “A vida só passou a ter um fim depois daquela escolha errada no Éden?” Do ponto de vista divino, a Bíblia afirma em Apocalipse 13:8 que 4
o Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo e, portanto, antes de haver luz já havia uma cruz. Anteriormente à queda no Éden já houvera a queda no Céu (Ez 28:15). Assim, a sentença de morte sobre os transgressores e rebeldes era conhecida também dos anjos. Josildo Isidio de Melo / São Paulo (SP)
PORTA DOS FUNDOS
Segundo uma estatística mencionada na edição de janeiro, 42% dos membros estão abandonando a igreja. Isso é muito preocupante. Quem sai da igreja por causa de pessoas nunca entrou nela por causa de Cristo. Mas o fato é que o fenômeno é real, e os motivos alegados para a saída são vários. Em certas igrejas é notório o número de pessoas afastadas. Preguei numa grande igreja de São Paulo no dia 6 de janeiro e, ao final do sermão, perguntei se alguém teria um membro da família afastado, esquecido ou ignorado. Entreguei um questionário por escrito para cada pessoa. Só naquele dia recebi mais de 300 nomes de filhos, pais e cônjuges, entre outros. Isso prova que a igreja não está seriamente preocupada com a porta dos fundos. Adolfo Victor Tito Rojas / São Paulo (SP)
entidade da igreja. A bela filosofia do clube fundamenta a fé dos integrantes adventistas e conquista para a igreja os colegas não adventistas. Seria bom saber quantos batismos por influência dos 9 mil desbravadores brasileiros aconteceram em 2018. Além da religiosidade e do amor a Deus, os desbravadores desenvolvem cidadania, civismo, respeito às autoridades constituídas e amor ao próximo. Manuel Xavier de Lima / Engenheiro Coelho (SP)
VOLTEI
Voltei a assinar a Revista Adventista em 2019. Que alegria receber a edição de janeiro e ler mensagens de conteúdo relevante, informativo e espiritual! Parabéns aos editores, colunistas e equipe CPB por este banquete mensal! Graciela Duarte / Brusque (SC)
FOTOGRAFIA ERRADA
A foto atribuída ao pioneiro Albert B. Stauffer na matéria “Sua biografia importa” (fevereiro, p. 30-31) não é dele, mas de outro igualmente pioneiro na colportagem, R. B. Stauffer, oriundo do Kansas e que atuou no território da Divisão Sul-Americana uma década depois. É possível acompanhar a trajetória de R. B. Stauffer nas referências anuais do Yearbook da igreja e na Advent Review and Sabbath Herald de 23 de maio de 1912, p. 14. Ali existe uma nota informando que ele tinha sido indicado como responsável pela colportagem no Peru. Albert B. Stauffer foi pioneiro na Argentina e no Brasil a partir de 1891. Dele só temos uma fotografia conhecida, registrada na Advent Review and Sabbath Herald de 13 de agosto de 1959, p. 16 (goo.gl/E1uKHT). A foto, tirada em Curitiba no fim do século 19, já foi capa da Revista Adventista. Elder Hosokawa / Engenheiro Coelho (SP) Expresse sua opinião. Escreva para ra@cpb.com.br. ou envie sua carta para Revista Adventista, caixa postal 34, CEP 18270-970, Tatuí, SP.
DESBRAVADORES
Aplaudi a matéria de capa de janeiro sobre os desbravadores. Eu amo essa
Os comentários publicados não representam necessariamente o pensamento da revista e podem ser editados por questão de clareza ou espaço.
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BÚSSOLA
GRAÇA E VERDADE
NESTES DIAS DE POLARIZAÇÃO, PRECISAMOS MANTER O EQUILÍBRIO DEMONSTRADO POR JESUS E BUSCAR O CENTRO ERTON KÖHLER
evangelho de João foi escrito pelo último sobrevivente dos apóstolos, cerca de trinta anos depois dos demais evangelhos. Por isso, ele reúne as histórias mais conhecidas e que possivelmente mais marcaram a vida dos primeiros cristãos. O foco do autor, porém, está no Verbo, que é exaltado desde as primeiras palavras do livro. Os demais evangelhos apresentam Jesus como Messias de maneira indutiva, mas João expressa sua visão de forma direta desde o primeiro capítulo. O evangelho inicia com o princípio de todas as coisas. Normalmente consideramos Gênesis 1:1 como o princípio da criação, mas João 1:1 vai mais longe. Por isso, em certo sentido, o primeiro verso de João é ainda anterior ao primeiro verso de Gênesis. Fala do começo de uma história que não tem começo: “No princípio era o Verbo”, que já existia antes de todas as coisas. No entanto, a descrição mais marcante do Verbo e Sua encarnação é apresentada no verso 14 do primeiro capítulo: “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade.” Além da beleza e sensibilidade das palavras, gosto de observar o equilíbrio demonstrado por Cristo. Ele era “cheio
Foto: Adobe Stock
O
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
MAIS DO QUE NUNCA, OS CRISTÃOS DEVEM EVITAR OS EXTREMOS DO LIBERALISMO OU DO RADICALISMO de graça e verdade”. Em Suas atitudes, Jesus sabia oferecer as virtudes da graça, do perdão imerecido, do amor incondicional, da restauração de pecadores, das palavras dóceis, da preocupação com as pessoas. Mas também sabia viver, apresentar e defender a verdade. Não cedeu à tentação nem ao pecado, não negociou Sua missão, não rebaixou os princípios nem revogou os mandamentos. Seu equilíbrio entre graça e verdade é um exemplo nestes dias de forte polarização, em que as pessoas, como o pêndulo de um antigo relógio de parede, não são capazes de se posicionar no centro e se movem sempre de um extremo ao outro. Elas perdem
facilmente o ponto de equilíbrio em suas opiniões, interpretações, crenças e estilo de vida. Alguns se apegam apenas à graça, o grande presente de Deus à humanidade, e deixam de lado a verdade. Sim, a graça é real, bíblica, a motivação do sacrifício de Cristo e de nossa salvação. Sem ela seríamos consumidos pelo salário do pecado. Porém, quando ela se torna um fim em si mesma, leva ao liberalismo, deixando de lado a fidelidade e seu impacto no estilo de vida. A religião passa a ser apenas uma experiência de consumo, em que Deus Se molda aos desejos, caprichos e interesses humanos. Não há necessidade de obediência, falta reavivamento, desaparece o conceito do remanescente, a Bíblia se torna apenas um livro devocional e a missão passa a ser uma questão opcional. Outros se apegam apenas à verdade apresentada na Revelação, mas não experimentam nem exercem a graça. Sem dúvida, a Palavra de Deus não pode ser negociada, os testemunhos devem ser estudados e praticados, e o selo de Deus será colocado somente sobre os fiéis no tempo do fim. Mas a verdade desprovida de graça se transforma em radicalismo. Ela se torna árida, tira o brilho da vida cristã e a transforma numa busca permanente por perfeição. Pessoas assim estão sempre prontas a discutir, polemizar, agredir e dividir. Enfatizam o chicote do templo e desvalorizam os pregos da cruz. O teólogo britânico John Stott expressa bem a ênfase equilibrada: “O amor sem a verdade é muito suave, mas a verdade sem amor é muito dura.” Por isso, precisamos, mais do que nunca, de cristãos capazes de equilibrar graça e verdade, evitando os extremos do liberalismo ou do radicalismo. ] ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
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ENTREVISTA
MÁRCIO TONETTI
Felipe lemos
As crises acompanham as organizações tanto quanto permeiam a vida das pessoas. A própria Igreja Adventista nasceu no contexto de uma crise decorrente do chamado Grande Desapontamento de 1844. Se, de um lado, as adversidades podem soterrar a imagem e a reputação, de outro, se forem bem gerenciadas, podem gerar oportunidades para que a organização ressignifique sua identidade, sua comunicação e seu modo de agir. Nesta entrevista, o jornalista Felipe Lemos, que atua há dez anos como gerente da Assessoria de Comunicação da sede adventista sul-americana, fala sobre a importância do trabalho estratégico de gestão e prevenção JORNALISTA ENSINA A LIDAR COM SITUAÇÕES QUE PODEM de crises e as ações da igreja nessa área, tema ABALAR A IMAGEM DA IGREJA PERANTE A OPINIÃO PÚBLICA que foi explorado em sua dissertação de mestrado apresentada recentemente.
EM TEMPOS DE CRISE
Quais são os novos riscos que a internet trouxe para a imagem e reputação das organizações? É natural que as organizações hoje sejam mais vistas, mais ouvidas e também mais observadas, mais fiscalizadas e mais criticadas. Reputação e imagem são bens de altíssimo valor. Perdê-los é muito grave e mantê-los é um tremendo desafio. Como geralmente nascem as crises? As crises envolvendo o mundo corporativo são sempre rupturas entre o que se espera e o que se 6
Como responder às crises de maneira eficaz? É preciso agir com prudência e, ao mesmo tempo, de maneira ágil. Também é fundamental dar respostas convincentes e totalmente verdadeiras. Gerenciamento de crise não é uma operação para abafar problemas, mas para ajudar, no caso da igreja, de forma tecnicamente responsável e cristã, a lidar com episódios desagradáveis e que podem afetar a imagem e a reputação de uma organização. Como funciona a estrutura de gerenciamento de crises da igreja? O trabalho é feito de maneira colaborativa por meio dos comitês de gerenciamento de crises, estabelecidos nas sedes administrativas e instituições. Geralmente são formados por administradores e profissionais das áreas jurídica, comunicacional, de tecnologia e internet, recursos humanos, entre outras. Os comitês agem de maneira preventiva, identificando
riscos e prevendo ações específicas. Quando ocorrem situações agudas de grande repercussão, o comitê é o canal indicado para pensar o que deve ser feito no âmbito administrativo, jurídico e comunicacional. As adversidades têm um lado bom? Sim. São oportunidades para as organizações (e, claro, para as pessoas) aprenderem com possíveis erros e melhorarem seus processos e sua conduta. Qual é o papel de cada membro na preservação da imagem da igreja? Os membros podem ajudar muito nesse processo. Uma das melhores maneiras é divulgar boas informações sobre o que a igreja faz e é. Ao mesmo tempo, devem evitar espalhar fake news. Quando membros e pastores percebem problemas, o aconselhável é levar essas situações ao conhecimento da liderança adventista mais próxima deles. Há uma ideia de que atacar publicamente uma organização (em redes sociais, por exemplo) ajuda a mudar condutas. Isso não é verdadeiro. As orientações de Cristo em Mateus 18 devem ser seguidas. Os benefícios serão maiores. ] R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
Foto: Gustavo Leighton
recebe. Ou seja, ocorrem quando uma organização diz que é honesta e íntegra, mas, por alguma razão, as pessoas percebem algum fato específico que desmente isso. Pode ser um acidente, um caso de corrupção, etc.
GUIA
COMO PRESERVAR A IMAGEM DA IGREJA
SAIBA O QUE FAZER QUANDO A NOSSA REPUTAÇÃO É AMEAÇADA MÁRCIO TONETTI
U
ma denominação do tamanho da Igreja Adventista, com tantos templos, escolas, clínicas, hospitais e projetos que envolvem milhares de pessoas, naturalmente está mais susceptível às crises. Por isso, além de mapear possíveis riscos e investir na prevenção, a liderança da denominação na América do Sul tem se preocupado em profissionalizar o processo de gerenciamento de situações que possam manchar a reputação da igreja e comprometer sua pregação. Veja a seguir como a igreja trabalha para atenuar o efeito das crises de imagem e resolver o problema.
o pastor do distrito (no caso dos membros de uma igreja local); ou para a liderança da sede administrativa mais próxima (no caso dos pastores distritais).
DECISÕES ESTRATÉGICAS
Hoje, alguns níveis administrativos da igreja
A NATUREZA DAS CRISES
fissional preparado para gerenciar cri-
contam com o Comitê de Gestão de Crise,
ses de imagem. No entanto, a postura
formado por representantes de várias áreas.
inicial de quem está no palco do pro-
Além de se reunir para discutir o assunto, ele
Diferentes situações
blema é determinante para que a si-
direciona as ações para o público externo e
podem desencadear crises de imagem
tuação seja administrada da melhor
interno. Esse grupo define o que será dito,
perante a opinião pública, desde um
forma possível e seja menor seu impacto
emite notas para a imprensa, monitora a
acidente na escola, a morte de alguém
nos meios de comunicação. A primeira
repercussão do caso, informa a administração
em um evento da igreja, um problema
ação, por exemplo, de um professor que
e prepara o porta-voz. Ali também se discute
administrativo ou mesmo um comentário
presenciou um acontecimento grave na
a necessidade de ações administrativas e
polêmico na web. Aliás, hoje muitas
escola deve ser reportar o problema à
jurídicas, se for o caso, bem como o atendi-
crises começam na internet e se espa-
pessoa certa. Por isso, é importante
mento às vítimas.
lham rapidamente pela rede, chegando,
estar bem informado e não pular eta-
muitas vezes, a virar notícia nos meios
pas. No olho do furacão, o desespero
de comunicação tradicionais. Em cada
e a falta de informação muitas vezes
caso, aspectos como o tipo de crise, a
levam a ações que podem piorar o caso.
mídia envolvida, o público alcançado
mento de uma crise não
levados em conta na hora de avaliar as ações da igreja em resposta ao ocorrido.
PÓS-CRISE
O processo de gerencia-
e o grau de repercussão precisam ser
acaba quando a imprensa
REAÇÕES
deixa de falar sobre o tema. Depois da tor-
Três formas equivo-
menta, é importante preparar relatórios,
e ética. Não adianta tentar “tapar o sol
cadas de reagir às
analisar o que funcionou e o que não fun-
com a peneira” nem “empurrar a sujeira
crises são: (1) tentar
cionou e propor mudanças na forma de agir
Mas em todas as circunstâncias é preciso agir com transparência, profissionalismo
para debaixo do tapete”.
resolver tudo sozinho; (2) menosprezar
nas crises seguintes.
Ilustrações: Adobe Stock
o problema ou ignorá-lo; e (3) reportar a situação à pessoa errada. A decisão mais aconselhável é encaminhar o caso
MÁRCIO TONETTI, editor associado da Revista
PRIMEIRA AÇÃO
primeiramente ao gestor imediato. Ou
Adventista, é jornalista e tem especialização
seja, para seu chefe, se você trabalha
em Comunicação Corporativa (com
Hoje a igreja conta
em uma escola, hospital, clínica ou
informações da Assessoria de Comunicação da
com um corpo pro-
qualquer outra instituição da igreja; para
Divisão Sul-Americana)
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
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PAINEL F AT O S
EM NOME DA PAZ
Numa visita histórica aos Emirados Árabes Unidos, em 4 de fevereiro, o papa Francisco disse num encontro inter-religioso que as grandes tradições de fé precisam se unir para resistir à lógica da guerra. “Não há alternativa: construiremos o futuro juntos ou não haverá futuro”, discursou o pontífice para centenas de líderes islâmicos e judeus. No fim do encontro, Francisco e o xeique Ahmed el-Tayeba, líder sunita, assinaram uma declaração conjunta sobre fraternidade humana e luta pela paz mundial. Ambos lançaram também a pedra angular de uma nova igreja e mesquita que serão construídas lado a lado em Abu Dhabi. No dia seguinte, o papa celebrou uma missa para 135 mil fiéis. Estima-se que 9% dos 9 milhões de habitantes dos Emirados sejam cristãos. De algum modo, esse passo amplia as perspectivas do ecumenismo.
SEGURANÇA DOS PACIENTES O Hospital Adventista de São Paulo recebeu uma certificação de qualidade do Instituto Brasileiro de Excelência em Saúde (Ibes), de acordo com os padrões da Organização Nacional de Acreditação (ONA). Na prática, isso significa que a entidade tem aperfeiçoado seus processos em relação à segurança dos pacientes.
AGORA É OFICIAL
EM FAVOR DA SAÚDE Com representação das instituições adventistas de ensino superior do Brasil, Argentina, Chile e Peru, foi criada a Rede Adventista SulAmericana de Educação Física, no fim de janeiro, durante um simpósio internacional sobre o tema, realizado no Unasp, campus São Paulo. A ideia é alinhar o ensino dessa disciplina na rede adventista, oferecendo uma abordagem mais integral, e executar o chamado Plano Mestre de Desenvolvimento da Saúde (PMDS). 8
40 anos
completou o ministério para nativos do Sul do Pacífico, em janeiro. Duzentas pessoas participaram de um acampamento na Austrália para celebrar a data. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
Fotos: AFP / Leonardo Martins / HASp / Eduardo Fonseca
Depois de 18 anos, o IASP passa a ser legalmente chamado de Unasp, campus Hortolândia. A integração oficial com os outros campi do centro universitário reforça o sonho de tornar o Unasp uma universidade. A placa de unidade do campus foi inaugurada durante o encontro geral de docentes da instituição, no fim de janeiro.
EVENTO
Você tem que primeiro amar o desbravador e demonstrar esse amor. Assim, você o cativa e ele lhe obedece. Não é por força, é por amor.
Maria Lúcia de Souza, de 88 anos, explicando como lidera há quase 40 anos o Clube Luzeiros do Vale, de Jacareí (SP). Ela participou de todos os camporis sul-americanos.
NOVOS MÉDICOS Em janeiro, a Universidad Peruana Unión formou sua primeira turma de Medicina com 29 estudantes, entre eles um brasileiro: Everson Dias Koch. Líderes sul-americanos da igreja e representantes da Universidade de Loma Linda, na Califórnia (EUA), acompanharam a cerimônia de colação de grau.
O L H A R D I G I TA L
BONS VALORES
PARA TREINAR SEU INGLÊS
Fotos: Divulgação
O documentário A Story of Perseverance (29 min) foi lançado no fim de janeiro para contar a história do início do adventismo no Reino Unido (youtube.com/ukhopetv).
Roller Peps é a nova animação infantil em 3D disponível na plataforma de vídeos feliz7play. com. A produção aborda questões como boas maneiras, meio ambiente, profissões, saúde e lealdade a Deus, sempre com a ideia de que é melhor dar o seu melhor do que procurar ser o melhor. A primeira série tem dez episódios de seis minutos e está disponível também na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
A animação The Tuis tem a proposta de apresentar as 28 crenças adventistas para as crianças. Os episódios de 11 min retratam o cotidiano de uma família das ilhas do Pacífico que vive no norte da Austrália. Os vídeos são acompanhados de materiais para o culto familiar (thetuis.tv).
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GENTE
NOMEAÇÃO O ministério A Voz da Profecia tem nova voz. O pastor Gilson Brito foi nomeado no dia 15 de fevereiro como orador do tradicional programa radiofônico, que terá agora uma versão para a TV. Gilson, que substitui o pastor Ivan Saraiva, tem 53 anos, é casado com a professora Zena Mara e pai de duas filhas. Ele, que apresentava desde 2015 o programa Além dos Fatos na TV Novo Tempo, também acompanhará o quarteto Arautos do Rei por toda a América do Sul. A nova grade do programa estreia em julho.
(QUASE) BODAS DE DIAMANTE Moisés Alves Ferreira e Conceição Maria Ferreira, moradores de Guaxupé (MG) e membros ativos da igreja há décadas, se preparavam para celebrar 60 anos de matrimônio no dia 23 de fevereiro. No entanto, ela descansou poucas semanas antes de completarem as bodas de diamante. Era sonho do casal que a celebração fosse noticiada na Revista Adventista. Apesar de a cerimônia não ter acontecido, familiares e amigos fizeram questão de enviar uma nota de homenagem ao casal, que deixou um legado para a igreja no município.
PESQUISADORA ADVENTISTA Hongyu Qiu, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Loma Linda (EUA), receberá 3,7 milhões de dólares do National Heart, Blood & Lung Institute para continuar por mais quatro anos suas pesquisas sobre prevenção de doenças cardíacas. Ela descobriu recentemente uma molécula que desempenha papel protetor no coração. Cerca de 15,5 milhões de pessoas nos Estados Unidos sofrem de doenças cardíacas.
RECONHECIMENTO
Robert Kalaf receberá a Medalha da Ordem da Austrália (OAM) por seus serviços prestados à comunidade em Cooranbong, incluindo a construção de um centro médico, da vila comercial e uma propriedade industrial. Membro da Igreja do Avondale College, ele pretende vender suas empresas para dedicar mais tempo à família e à ONG Eyes for India, entidade que ajudou, ao longo de dez anos, a recuperar a visão de 6 mil pessoas.
Acreditar que há um poder maior lá fora, que se importa conosco, e reduz o estresse, a tristeza e, consequentemente, a insônia. Terrence D. Hill, professor da Escola de Sociologia da Universidade do Arizona (EUA), coautor de uma pesquisa publicada em janeiro no Journal for the Scientific Study of Religion, que mostrou o impacto positivo da religiosidade na qualidade do sono 10
47%
dos norte-americanos millenials (20-34 anos) entrevistados pelo Instituto Barna acham que é errado testemunhar da fé cristã com o intuito de converter outros. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
Fotos:Arqquivo pessoal /Adventist Recorder
nos faz ver as adversidades como algo temporário, fortalece a esperança
INTERNACIONAL
CHUVEIROS MÓVEIS TV ADVENTISTA NO HAITI
Depois de dois anos de tentativa com várias empresas de TV a cabo, a Igreja Adventista inaugurou recentemente o Hope Channel Inter-America. Com sede em Martinica, a programação transmitida em francês vai chegar a outros países caribenhos, como o Haiti. Em dezembro, o Serviço Comunitário Adventista (ACS, em inglês) de Nova York (EUA) inaugurou o veículo utilitário do ministério “Showers of Blessings” (Chuvas de Bênçãos). A van está servindo à população em situação de rua da Big Apple, com chuveiros móveis, toalhas limpas e roupas íntimas novas. O ACS de Nova York é liderado pelo pastor brasileiro Luis Biazotto.
NECESSIDADES ESPECIAIS Atender as pessoas com algum tipo de deficiência tem sido uma das ênfases da Divisão Euroasiática da Igreja Adventista. Recentemente, os adventistas distribuíram mais de 2,5 toneladas de alimentos para moradores de Minsk, em Belarus (antiga Bielorrússia), que são portadores de necessidades especiais.
50 anos
completou o projeto de escavações arqueológicas na região central da Jordânia. O programa, realizado em três sítios, tem beneficiado alunos da pós-graduação em Arqueologia Bíblica das Universidades Andrews e La Sierra (EUA).
108.971
membros tinha a Divisão Euroasiática em junho de 2017. Essa é a menor região administrativa da igreja em número de adventistas.
Não vá até a comunidade como um professor, mas como um aprendiz. Quando ouvimos as pessoas, passamos a apreciar sua cultura e valores. Dessa maneira, começamos a enxergá-las com novos olhos, e elas
Fotos: ANN / Del mas
também passam a nos enxergar de modo diferente.
Wendy Jackson, professora do Avondale College, e uma das palestrantes do simpósio sobre missão urbana realizado na Austrália, no início de fevereiro
Colaboradores: Darla Martin Tucker, Fernanda Beatriz, Isadora Schmitt, Janelle Ringer, Jarrod Stackelroth, Kaara Baptiste, Kent Kingston,
Márcio Tonetti, Mateus Teixeira, Mauren Fernandes, Michael Snyder, Religion News Service, Richard Daly, Thays Silva e Vania Chew
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CAPA
Os novos críticos A igreja sempre teve dissidentes, mas agora, na era da internet, eles se tornaram mais agressivos e menos razoáveis
D
issidências religiosas, com grupos, falas e gestos destoantes do esperado, não são um fenômeno novo. Na época de Jesus, havia diversos segmentos no judaísmo, como essênios, fariseus, saduceus e zelotes. Nas primeiras décadas do cristianismo, apesar da sólida teologia do núcleo apostólico, logo surgiram facções. Visões diferentes começaram cedo. A codificação da doutrina cristã não ocorreu sem disputas e rivalidades. Uma evidência é o número relativamente alto de tratados entre os “pais” da igreja com a palavra “contra” no título (por exemplo, Contra Heresias, de Irineu de Lyon). Mais tarde, em 1054, ocorreu o grande cisma, partindo a igreja em duas (a católica e a ortodoxa). Então, no século 16, a Reforma Protestante preparou o terreno para uma grande fragmentação. Se havia cerca de 1.600 denominações cristãs em 1900, hoje estima-se que ultrapassem 30 mil. De acordo com a World Christian Encyclopedia (Oxford University Press, 2001), o cristianismo mundial consiste de seis grandes blocos eclesiásticos, divididos em 12
300 tradições e mais de 33 mil denominações (v. 1, p. 12-18). A 3ª edição dessa enciclopédia, que deve ficar pronta em 2020, trará um total mais preciso. Na arena religiosa, discordar nem sempre é ruim. Afinal, o adventismo nasceu como um movimento “dissidente”. Isto mesmo: assim como o cristianismo surgiu do judaísmo e o protestantismo veio da igreja medieval, os adventistas iniciaram um novo movimento dentro do protestantismo. Embora nenhum desses grupos tenha planejado a separação de sua religião/igreja-mãe, esse foi o resultado natural. O amor une, mas a verdade às vezes divide (Mt 10:34-38). Essa é a leitura da Encyclopedia of Religious Controversies in the United States (ABC-CLIO, 2013), editada por Bill J. Leonard e Jill Y. Crainshaw: “No seu início, o adventismo representou um protesto contra a crença geralmente positiva nos anos 1840 de que a América iria redimir o mundo. Muitos adventistas identificaram a América como uma das forças más que se opõem aos santos cristãos no livro do Apocalipse. Assim, o movimento ofereceu uma alternativa ao otimismo civil religioso tão prevalecente nos Estados Unidos à época” (v. 1, p. 739). No meio da euforia com o futuro da nascente superpotência americana, os adventistas perceberam o perigo e, com base na Bíblia, escreveram sua própria narrativa escatológica. Nesse caso, a “dissidência”, fundamentada na verdade, foi legítima e trouxe resultados positivos. Enraizado na Bíblia, o adventismo se vê como um movimento previsto na profecia (Ap 10:8-11; 14:6-12), R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
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Marcos De Benedicto e Márcio Tonetti
o qual surgiu no tempo certo como uma agência chamada por Deus para anunciar o dia do Senhor e ajudar a preparar o mundo para a chegada do Rei Jesus. MUDANÇA DE PERFIL Talvez pela forte tradição de valorizar a busca da verdade, o adventismo acabou atraindo pessoas inquiridoras. Para o bem e o mal, isso potencializou tanto o aprofundamento na fé quanto o questionamento da doutrina e da estrutura. À semelhança de outras denominações, tivemos nosso próprio quinhão de dissidentes. Entre outros críticos e dissidentes que naufragaram na fé, podemos destacar a triste experiência de Dudley M. Canright (1840-1919), um jovem e respeitado pastor, vitorioso em memoráveis debates, que desejava ser um famoso pregador, se a mensagem “não fosse tão impopular”, e que deixou a igreja para se unir a outra denominação, mas morreu na solidão e no ostracismo. John Harvey Kellogg (1852-1943), o notável médico de Battle Creek que operou 22 mil pacientes e escreveu cerca de 50 livros, foi outra celebridade que brilhou no início do adventismo, mas acabou abandonando a igreja. Além das ideias panteístas, tinha sonhos megalomaníacos de poder, querendo controlar a própria denominação. “Estou convencido de que a embarcação adventista do sétimo dia se fará em pedaços”, declarou, como registrado por Richard H. Utt em A Century of Miracles (Pacific Press, 1966, p. 4). R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
Apesar dos conselhos de Ellen G. White para que mudasse de rumo, ele preferiu abandonar o barco do adventismo. A dor da dissidência algumas vezes ultrapassou até a esfera adventista, com muitas manchetes na imprensa evangélica e secular no início dos anos 1980. Em 6 de novembro de 1982, por exemplo, o jornal The New York Times publicou um artigo sobre “as lágrimas e a ansiedade” do pastor Tom Pangborn, adventista de sexta geração, ao abandonar a igreja por causa de discordâncias doutrinárias. Aqueles eram os tempos das críticas do doutor Desmond Ford à doutrina do santuário e dos questionamentos da autoridade profética de Ellen G. White. Como em outras situações, a igreja superou os desafios e apresentou respostas sólidas. Se Pangborn houvesse esperado um pouco mais, talvez suas angústias tivessem se dissipado. Bem, poderíamos falar de uma plêiade de outros desafetos do movimento, mas vamos citar apenas mais um: o brilhante e influente pastor Ludwig R. Conradi (1856-1939), um líder alemão com traços legalistas que chegou a ser presidente da Divisão Europeia e vice-presidente da Associação Geral, mas perdeu a fé no dom profético, teve a credencial retirada em 1931 e abandonou a igreja no ano seguinte para se tornar ministro batista do sétimo dia. O que precisamos destacar ainda é que, com o advento da internet, surgiu também um novo tipo de dissidência. Agora indivíduos e movimentos questionadores com um baixo grau de apego à verdade e um alto nível de virulência transitam com frequência pelo mundo virtual para fazer ataques mais individualizados – o que, diga-se, não é exclusivo do adventismo. Alguns deles têm muito medo do ecumenismo, mas não têm o mínimo receio de danificar a unidade da igreja. O espírito da crítica à igreja reflete o espírito da internet. Os novos críticos e dissidentes fazem seu trabalho usando páginas no Facebook, disseminam conteúdos em grupos do WhatsApp e mantêm canais no YouTube com nomes, diga-se de passagem, bastante característicos. Independentemente do meio, o tom quase sempre é provocativo e ofensivo. As plataformas digitais deram voz às pessoas como nenhum outro meio de comunicação tradicional havia feito antes, o que representou, de um lado, uma conquista sem precedentes e, por outro, um novo espaço para a disseminação de tolices, conteúdo malicioso e muitas formas de violência. “Hoje, qualquer um pode postar suas frustrações pessoais, suas mágoas e difamações. Dá a impressão de que a resposta mais fácil para desavenças pessoais seja simplesmente postá-las 13
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Apesar de a igreja sempre ter lidado com os críticos e dissidentes, o clima de desconfiança e desrespeito generalizados para com as instituições hoje em dia trouxe novos desafios. Para Alberto Timm, que há vários anos tem estudado e escrito sobre o tema, uma das diferenças é que, no passado, depois de perder a confiança na igreja e em sua liderança, os críticos tendiam a abandoná-la e criticá-la de fora. Hoje, eles rotulam a igreja de apóstata e corrupta, mas querem ficar dentro dela e se ofendem se forem disciplinados. “Isso tem causado um impacto muito maior porque as críticas externas tendem a nos unir, mas as internas nos dividem”, sublinha. RESPOSTA APROPRIADA Embora os críticos e dissidentes sejam a minoria, eles fazem muito barulho e têm o poder de causar grande mal. Assim, é preciso saber lidar com a situação. Se você vê um motivo para discordar da igreja ou tem dissidentes em sua esfera de ação, como deve agir? As sugestões a seguir podem ser úteis. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
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na internet”, ressalta o doutor Alberto Timm, diretor associado do White Estate (EUA) e um observador do cenário religioso A reação ao que outros publicam não é menos inflamada. Na web, é mais comum ver críticas contra pessoas do que contra ideias. “Fico impressionada com a agressividade com que os usuários se expressam nesses ambientes”, afirma a psicóloga Kátia Oliveira, autora do livro Hiperconectados (Polo Printer, 2015). Basta navegar durante alguns minutos nas mídias sociais ou observar os comentários postados em sites de notícias para se dar conta de que poucos são os que conseguem manter o equilíbrio. Os haters, internautas que espalham discurso de ódio e atacam quem pensa diferentemente deles, crescem a cada dia. O anonimato e a impessoalidade da rede parecem favorecer a atitude de quem defende suas opiniões com “unhas e dentes”. As pessoas se mostram mais “corajosas” para criticar on-line do que no mundo off-line. Segundo Kátia Oliveira, quanto mais impessoal é a comunicação na internet, maior tende a ser o nível de hostilidade, conclusão comprovada por estudos como o do pesquisador Adam G. Zimmerman na Universidade do Norte da Flórida (EUA). “Os comentários agressivos na internet têm mais que ver com a raiva das pessoas do que com uma argumentação para mudar a mente das outras”, acrescentou em uma entrevista à BBC Brasil a psicóloga norte-americana Pamela Rutledge, diretora do Media Psychology Research Center (Centro de Pesquisas sobre Psicologia e Mídia), na Califórnia (EUA). Todo esse cenário parece ter contribuído para a banalização da crítica e da dissidência na igreja. Se no passado os reformadores lutavam por mudanças com base em problemas reais e no profundo estudo das Escrituras, a causa de muitos “reformadores” de hoje é construída em torno de especulações, frustrações com a liderança religiosa e desavenças pessoais. O perfil dos críticos e dissidentes mudou no que diz respeito ao método, mas não à essência. “As estratégias mudaram perceptivelmente, porém o espírito é o mesmo”, constata Timm. Enquanto os dissidentes do passado agiam mais em nome de grandes ideias coletivas, os de hoje tendem a defender causas comportamentais e individuais. Houve a customização da dissidência e também a banalização da crítica. “Parece que a mesma atitude de desconfiança e desrespeito para com as instituições sociopolíticas acaba sendo projetada também sobre a igreja e sua liderança. Hoje, as falhas de um líder específico são atribuídas de forma generalizada a todos os líderes da denominação”, completa o teólogo. A crítica tem seu papel na sociedade e na igreja. No entanto, a falta de bom senso e equilíbrio representa um problema. O hábito de sempre ver as coisas pelo lado negativo pode levar a pessoa a cultivar um amargo perfil crítico e, aos poucos, definhar espiritualmente, como escreveu Ellen G. White (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 145). A paixão por criticar a igreja pode se tornar até mesmo uma forma de idolatria. Em seu livro Dear Church: Letters from a Disillusioned Generation (Zondervan, 2006), Sarah Cunningham afirmou que “a obsessão de viver em desespero sobre o que há de errado com a igreja institucionalizada se apodera da pessoa” e, assim, “a crítica se torna o que acabamos adorando” (p. 120). Ao chegar a esse ponto, passar da crítica para a dissidência geralmente é um pequeno passo.
1. Fale no fórum certo, da maneira certa, com o objetivo certo. O princípio ensinado por Jesus (Mt 18:15-16) ainda é válido: se o seu irmão errar contra você, primeiro converse em particular com ele, somente depois busque outras instâncias. Além disso, é importante manter a serenidade e falar a verdade com amor e respeito (Ef 4:15, 29; 1Pe 3:15-16). “Cristo mesmo nunca suprimiu uma palavra da verdade, mas sempre a proferiu com amor”, escreveu Ellen G. White (O Desejado de Todas as Nações, p. 353). Quem tem a verdade tem razão, quem não tem amor perde o coração. Por mais contracultural que seja, o adventismo tem uma cultura de paz e incentiva o diálogo nos fóruns corretos, que vão desde a igreja local até a sede mundial. O pastor Edilson Valiante, líder da área ministerial para a Igreja Adventista no estado de São Paulo, acredita que a apologética não seja a estratégia mais adequada para lidar com esses desafios e movimentos. Para ele, a atitude sábia de Gamaliel (At 5:33-39) continua sendo o melhor parâmetro. “Não devemos gastar o tempo que deveria ser empregado na missão para responder a essas pessoas. A chave é esclarecer a igreja. A ignorância é atrevida, mas a verdade liberta”, afirma. Ao longo de seus quase 40 anos de ministério, Valiante já se deparou com vários focos de dissidência no território paulista. Para ele, um dos maiores desafios para a igreja nessa região e em outras partes do Brasil e do mundo continua sendo o perfeccionismo. “Esse é um ‘fogo amigo’, mas se trata de um dos problemas mais destrutivos porque provoca o sentimento de que existe um adventista melhor do que o outro e, portanto, leva a igreja à desunião”, ele ressalta. 2. Siga um código de ética e não propague mentiras. Alguns dissidentes políticos promovem boicotes, outros fazem greve de fome, ainda outros silenciam, mas parece que a estratégia predileta dos dissentes religiosos é caluniar e fazer guerrilha moral na internet. Apesar dos diferentes graus de consequências, terroristas religiosos que destroem com a língua não são menos condenáveis do que os terroristas políticos que matam com bombas. Terroristas não têm ética, pois sua ideologia é matar. Já os cristãos precisam ter ética, pois sua teologia deve oferecer vida. Existe diferença entre a crítica que constrói e a que é feita para destruir reputações. Além disso, vivemos uma epidemia de fake news, para usar o modismo do momento, e muitos não sabem discernir o que é verdade e o que é mentira. Essa expressão pode parecer menos grave do que fofoca, difamação e calúnia, mas é apenas um novo nome para uma prática antiga e detestável. Ainda bem que, em longo prazo, a verdade tem o poder de desbancar a falsidade. 3. Conheça a ideologia por trás dos ministérios e grupos dissidentes. Hoje, a igreja não tem apenas instituições e organizações oficiais, mas congrega muitos grupos e ministérios. Nem todos têm a mesma R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
filosofia e os mesmos propósitos. Timm comenta: “Existem muitos ministérios de sustento próprio, que podem ser classificados em dois grupos: (1) os de apoio, que atuam em harmonia com a igreja e até têm representantes da própria organização em suas comissões diretivas; e (2) os independentes, que, como o próprio nome diz, trabalham independentemente da organização e competem com ela. Em seu discurso oficial, este grupo também alega estar apoiando a igreja; mas, na prática, acusa-a de apostasia. Eles colocam a si mesmos como os verdadeiros guardiões da verdade.” 4. Trate os dissidentes com respeito, mas considere a possibilidade de disciplina. Não caia na tentação de responder com som e fúria. Às vezes, a melhor estratégia é ignorar os insultos, embora certos casos possam exigir uma resposta à altura (Pv 26:4-5), talvez até judicial. Ao enfrentar dois dissidentes agitadores (Alexandre e Himeneu), o apóstolo Paulo preferiu entregá-los a Satanás (1Tm 1:20). “O problema deve ser tratado em dois níveis distintos”, aconselha Timm. “Em primeiro lugar, devemos indagar a nós mesmos que aspectos da crítica estão fundamentados em problemas reais e podem ser resolvido. Uma vez solucionados, devemos então lidar com os movimentos em si. Com um espírito conciliador, devemos esclarecer as dúvidas e dirimir as incompreensões que possam existir, dando-lhes a oportunidade de se reconciliarem com a igreja e sua liderança. Se continuarem nutrindo um espírito belicoso contra a igreja, eles são passíveis de disciplina eclesiástica como qualquer outro dissidente.” 5. Reconheça que quase sempre há uma nova chance de reconciliação. A abertura para o diálogo e o reconhecimento dos equívocos cometidos no passado podem curar as feridas e reaproximar os dissidentes. Um exemplo é o da Hungria, país em que a igreja se dividiu por razões políticas na década de 1970. Na época, 518 membros foram removidos por colaborarem com o Conselho de Igrejas Livres, organismo formado para representar os interesses comuns das pequenas denominações protestantes que mais tarde se tornaria uma ferramenta do Estado comunista. No entanto, posteriormente a liderança da igreja reconheceu que essa medida extrema havia sido um erro. Felizmente, depois de quatro décadas de tentativas de reconciliação, a assinatura de um documento em 2015 por líderes adventistas e representantes do grupo dissidente Kerak representou um passo importante na reunificação da igreja. 6. Tenha em mente que a teologia e as práticas da igreja são refinadas ao longo do tempo. Boa parte dos conflitos eclesiásticos tem que ver com visões diferentes sobre doutrinas. Isso vem 15
FICAR NA EMBARCAÇÃO DA IGREJA PARA CHEGAR AO PORTO DO MAR DE VIDRO É MAIS PRUDENTE DO QUE SE LANÇAR AO MAR DAS DISCÓRDIAS E CORRER O RISCO DE PERECER NO CAMINHO
desde a antiguidade. Em alguns casos, os “hereges” tinham razão e apenas estavam no lugar errado no momento errado. Mas, em muitos outros casos, eles estavam simplesmente equivocados e deveriam ter ouvido a voz da igreja. O cristianismo do 2º século, emoldurado entre a era dourada dos apóstolos e as grandes sínteses teológicas do 3º e 4º séculos, com a codificação final do cânon do Novo Testamento e os primeiros concílios da igreja, representou um desses momentos de crise e redefinição, como avaliou Walter Wagner em After the Apostles (Fortress, 1994, p. 1). Em um livro recente analisando como o 2º século moldou o futuro da igreja, intitulado Christianity at the Crossroads (IVP Academic, 2018), Michael J. Kruger vai na mesma direção. Para ele, esse século transicional foi um dos mais críticos para a fé cristã. “A igreja estava fora do útero apostólico e tentava respirar pela primeira vez” (p. 1). De igual maneira, o adventismo saiu da segurança dos pioneiros no século 19 para enfrentar um mundo de incertezas no século 20, com reflexos neste início de século 21. Enfrentando perigos à direita e à esquerda, muitos adventistas contemporâneos se esquecem de que os pioneiros, com muito estudo e oração intensa, estabeleceram os pilares teológicos da igreja, mas viveram em uma época de disputas e redefinições. Nem tudo era perfeito. Com o tempo, a igreja precisou aperfeiçoar suas crenças. Os chamados “adventistas históricos”, por exemplo, confundem o período de busca da ortodoxia e consolidação da doutrina com um cânon e então criticam os aperfeiçoamentos posteriores. Querer que o período inicial do adventismo seja normativo para a atualidade em todos os detalhes é o mesmo que fossilizar a igreja. 7. Saiba que a igreja continuará até o fim e cumprirá sua missão. Alguns dissidentes acusam a Igreja Adventista de ter se transformado em Babilônia e, portanto, acham que ela já caiu espiritualmente e fracassará. Esse não era o pensamento de Ellen G. White, autoridade frequentemente invocada por eles (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 37). “Pretender que a Igreja Adventista do Sétimo Dia seja Babilônia é fazer a mesma declaração que faz Satanás, que é um acusador dos irmãos, acusando-os dia e noite perante Deus”, ela afirma (p. 42). Na verdade, a profetisa tinha um elevado conceito da igreja, enxergando-a como objeto do supremo cuidado divino (Atos dos Apóstolos, p. 12). No fim dos tempos, haverá um peneiramento entre o povo de Deus (Am 9:9; Mt 13:30), fenômeno conhecido no meio adventista como “sacudidura” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 380). A ideia é que, enquanto um grupo de fiéis permanecerá firme, outro grupo sairá da igreja por 16
uma série de motivos, como falta de amor pela verdade, temor da perseguição religiosa e enganos satânicos miraculosos. Felizmente, o que fica é o trigo, enquanto o que sai é o joio. TRAVESSIA SEGURA Para concluir, é importante ressaltar que a crítica violenta, seguida da dissidência injusta, não vem de Deus. Ao contrário, ela surgiu com o anjo rebelde, que desencadeou uma grave crise no Universo. Há alguns anos, o colunista político norte-americano William Safire escreveu um livro intitulado The First Dissident (Random House, 1992), em que caracterizou Jó como o primeiro dissidente, no sentido de que ele questionou a maior Autoridade do Universo. Na verdade, o livro bíblico revela o primeiro dissidente, mas ele não é Jó; é Satanás, o arquiinimigo de Deus e de todos os fiéis. Portanto, todo dissidente deveria questionar seus motivos e alianças. A atitude de espalhar a discórdia e a desunião não caracteriza os filhos de Deus. No fim, apesar das críticas e crises, a igreja vencerá, pela graça de Deus. No livro A Mão de Deus ao Leme, relançado pela CPB em 2018, Enoch de Oliveira usa a metáfora da igreja como um navio navegando num oceano agitado, mas guiado pelo Timoneiro celeste. “Tempestades, conflitos e dissidências sacodem por vezes a estrutura da igreja, trazendo a alguns temor e insegurança. O barulho da tormenta ameaça a ‘embarcação de Sião’. Mas Deus está no controle! Sua direção ao leme garante que a embarcação chegará a salvo nas magníficas praias do Céu” (p. 157). Ficar no navio para chegar ao porto do mar de vidro é mais prudente do que se lançar ao mar das discórdias e correr o risco de perecer no caminho. ] MARCOS DE BENEDICTO, pastor e jornalista, é doutor em Ministério; MÁRCIO TONETTI, jornalista, está cursando o mestrado em Teologia
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TEOLOGIA
Foto: Mari_art
VITร RIA GARANTIDA 18
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Marรงo 2019
N A VISÃO DO CAVALO BRANCO E SEU CAVALEIRO VENCEDOR EM APOCALIPSE 19 REFORÇA QUE NOSSA SALVAÇÃO DEPENDE DE CRISTO LESLIE N. POLLARD
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
ossa casa fica próximo a uma reserva florestal, no Alabama. Pelo fato de algumas espécies de animais ou plantas estarem ameaçadas de extinção, o governo dos Estados Unidos acredita que a preservação desse habitat vá ajudar o ecossistema da área. Certa manhã de domingo, decidi plantar melancia e melão, duas frutas de verão, para que minha neta, Genesis, então com dois anos, pudesse colher as frutas com o vovô e construir memórias duradouras. Como à tarde eu iria viajar para participar do Concílio Anual na sede mundial da igreja, minha esposa sugeriu: “Pegue algumas caixas de papelão e coloque sobre as ervas daninhas. Quando você voltar, elas estarão mortas e será mais fácil arrancá-las.” Então peguei quatro caixas grandes, abri e coloquei sobre a grama. Uma semana depois eu pensei: “Quero ver o que a falta de sol, chuva ou brisa fez com as ervas daninhas. Quando levantei a primeira caixa, vi uma cobra de aproximadamente 75 centímetros de cumprimento. Pensei: “É uma cobra-rei, um tipo não venenoso que nos protege contra roedores.” Então meu instinto me disse: “É melhor conferir.” Assim, peguei uma tábua com 10 cm de largura, 1,5 cm de espessura e 1,2 metro de cumprimento. Posicionei-me a uma distância segura da cobra e aproximei a tábua dela. O réptil se enrolou na posição de bote e atacou aquele pedaço de madeira. Aproximei a tábua novamente e ela atacou outra vez. Quando ela deu o bote pela terceira vez, percebi sua boca branca como a neve. Reconheci ser uma cobra cottonmouth (boca de algodão), típica daquela reserva florestal. Eu queria correr, mas não podia deixar a cobra ali. Imaginei minha neta brincando inocentemente e descalça no quintal. Então, peguei uma daquelas tábuas de 1,20 metro de cumprimento, mirei na cabeça da serpente, levantei a madeira como se fosse uma marreta e, com um golpe, atingi a cabeça da cobra. 19
INTRUSO ORIGINAL Uma serpente fez residência em um jardim chamado Éden. O animal não chegou como uma ameaça, mas apresentouse sedutoramente. Mesmo assim, ele atacou. O ataque da antiga serpente, chamada dragão e Satanás (Ap 12:9), entrou no coração e na mente de nossos primeiros pais, infectando a Terra com o veneno do pecado. O pecado mata. Famílias. Casamentos. Relacionamentos. A paz. No entanto, nós, a humanidade, resistimos em acreditar que o pecado seja mortal. Por 4 mil anos tentamos nos salvar sozinhos do poder do pecado. Oferecemos sacrifícios humanos e orações, derramamos lágrimas, construímos monumentos, erigimos altares. Por 4 mil anos, demos o melhor de nós, mas tudo foi inútil. “Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho” para nos redimir (Gl 4:4). No Seu sangue, vertido em uma cruz, estava o antídoto para o veneno da antiga serpente. Ele esmagou a cabeça da serpente ao carregar nossa cruz. O mal foi vencido, o poder do inimigo foi quebrado, o título de propriedade do planeta Terra foi recuperado. Se nossa escatologia adventista falhar em anunciar essa vitória, reprovará no teste das Escrituras. Pois a escatologia não é tanto uma questão de comparar as manchetes jornalísticas diárias com os textos bíblicos, nem colocar os eventos atuais em paralelo aos eventos da história, embora isso tenha seu lugar. O propósito da escatologia, ou do estudo dos eventos finais, também não é amedrontar audiências nem atacar outras denominações. A escatologia adventista significa vitória: a Dele, não a nossa! Jesus e Sua vitória permanecem no centro da nossa mensagem final. “Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos” (Ap 12:10). Nós anunciamos a vitória de Cristo e a derrota do nosso inimigo. Em Apocalipse, a ênfase está na vitória de Cristo e Seu povo sobre o inimigo. Por exemplo, nos versos 4 e 5, ele tenta devorar o Menino, Filho da mulher vestida do sol, mas a Criança escapa ao ser arrebatada para o Céu; nos versos
7 a 12, por sua vez, é descrita a expulsão dele do Céu, na guerra que perdeu para Miguel; nos versículos 13 a 16, Satanás se volta contra a mulher vestida do sol, mas ela é salva pela terra que engole a água que havia sido lançada pelo inimigo; por fim, o capítulo 12 termina com o dragão se unindo a dois aliados (besta e falso profeta) para atacar o remanescente da mulher. Porém, esse remanescente, depois de superar a perseguição descrita no capítulo 13, é visto em Apocalipse 14:1-3 como vitorioso no monte Sião. Será que os santos prevalecem porque são perfeitos? Não, eles prevalecem porque são beneficiados pela vitória do Cordeiro (Ap 12:11). O Cordeiro vence e o adversário perde. Quando aparentemente Satanás triunfa (Ap 11:7 e 13:7), ocorre um revés temporário para as duas testemunhas e para os santos – assim como a aparente vitória de Satanás perante a cruz desmoronou diante do poder da ressurreição do Cordeiro crucificado.
O PROPÓSITO DA
ESCATOLOGIA ADVENTISTA NÃO É AMEDRONTAR
AUDIÊNCIAS NEM ATACAR
OUTRAS DENOMINAÇÕES, MAS ANUNCIAR QUE A VITÓRIA DE CRISTO É NOSSA TAMBÉM
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O SIGNIFICADO DA NOSSA ESCATOLOGIA A vitória do Cordeiro é descrita com Ele, que parecia ter estado morto, de pé (Ap 5:6). Isso trouxe esperança para o apóstolo João que, pouco antes, havia se desesperado ao perceber que não havia ninguém que fosse digno de abrir os sete selos do livro (v. 2-4), a não ser Cristo. Jesus é digno porque Ele ficou firme onde Adão tropeçou. Que a mensagem adventista proclame: “Cristo é digno!” Em Apocalipse 19:11-16, há outra visão com tônica de vitória. Cristo sai do Céu galopando um cavalo branco e usando vestes manchadas de sangue. Essa imagem de vitória se torna mais poderosa quando percebemos onde ela R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
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aparece no Antigo Testamento (Is 63:1-3). Ali está escrito que “aquele que vem de Edom” com “as roupas tingidas de vermelho” pisou o lagar sozinho. O derramamento de sangue que ocorreu no Getsêmani e no Calvário foi necessário para comprar o mundo caído. Em Apocalipse 19, Jesus não é mais o Cordeiro ferido e ensanguentado do Calvário, e sim o Leão da tribo de Judá. A imagem do soldado tingido de carmesim, descrita por Isaías, é retomada em Apocalipse 19:11-13. A história do povo de Deus não é apenas de sangue, mas de vitória. O cavalo branco que aparece em Apocalipse 19 tem relação com o de Apocalipse 6:2. O evangelho que inicia com vitória terminará vitorioso. Gosto particularmente do texto de Apocalipse 19:11, pois ali Jesus é apresentado como fiel e verdadeiro. Nós falhamos, mesmo em nossos melhores dias, mas Ele é fiel tanto no nome como no caráter. E a fidelidade Dele é nosso passaporte para a vida eterna. Satanás nos acusa: “eles não são dignos.” Mas Deus responde: “coloque na conta do Meu Filho.” VESTES TINGIDAS DE SANGUE João continuou utilizando a visão do soldado vestido de carmesim de Isaías. Ele viu as vestes Daquele que vem de Edom; porém, dessa vez, as manchas de sangue da vitória estão sobre Ele (v. 13). Ele não é retratado mais como a vítima, e sim como o vitorioso. Gastamos muito tempo pregando sobre a justiça do manto branco, mas eu me alegro também com a vitória do manto vermelho. Nessa visão final, Cristo vem para estabelecer a justiça. O mundo é injusto. Exploração econômica, tráfico sexual, opressão de gênero, perseguição religiosa, exclusão de classes e morte de inocentes. Porém, Jesus vem para representar os injustiçados. Ele exclui os que são dignos e elege os que são desprezíveis. O Cavaleiro do cavalo branco nos lembra que todo poder corrupto será destruído, enquanto o remanescente será salvo e a justiça será estabelecida para sempre. Concluo com as seguintes observações sobre o manto vermelho da vitória. 1. Em Apocalipse 19, a alusão a outro texto entra em cena. O único outro manto tingido de sangue mencionado nas Escrituras é o de José (Gn 37), utilizado por seus irmãos para enganar seu pai. Em contraste, o manto molhado no sangue de Jesus indica a transparência de Sua vitória. Ele lutou com total integridade. Não foi encontrado Nele nenhum engano. Ele é fiel e verdadeiro. Seu manto é um convite: “confie em Mim.” 2. Aquele manto vermelho-sangue aponta para a singularidade da Sua vitória. A visão descreve um corcel branco como a neve, montado por um cavaleiro vestido de manto carmesim. Ele é escoltado por um exército de glória reluzente, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
vestido com “linho finíssimo, branco e puro” (v. 14), sem nenhum respingo de sangue. Por que os cavaleiros celestiais não têm marca de sangue? Porque o único que verteu sangue por nós foi Cristo. Nossa vitória só existe por causa da vitória Dele. A batalha é do Senhor. Deus é grande e forte o suficiente para proteger e guiar Sua igreja. Por isso, pare de visitar sites críticos, apontar o dedo e fazer acusações anônimas como se apenas você fosse o único adventista verdadeiro. Aqueles que estão aborvidos por uma lista infindável de “faça” e “não faça” se esquecem de que a Testemunha Verdadeira aconselha: compre de Mim ouro refinado pelo fogo (Ap 3:18). Portanto, em vez de apontar o dedo para outros, por que não voltar os olhos para Jesus e contemplar Sua face de misericórdia? 3. Aquele manto molhado em sangue aponta para Sua vitória completa. Nele vai bordado o título de Cristo: “Rei dos Reis, Senhor dos Senhores.” O Cavaleiro usa “muitas coroas”, pois tem direito ao governo universal. Um dia, todo joelho se dobrará diante Dele (Rm 14:11). Aquele manto vermelho de sangue também é um convite para louvá-Lo. Com uma visão renovada sobre nossa escatologia, entendendo que ela é um vislumbre da vitória final, podemos testemunhar com mais ousadia. ] LESLIE N. POLLARD, PhD, especialista em Novo Testamento, é reitor da Universidade Oakwood (EUA)
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NISTO CREMOS
Quadro completo O CONFLITO ENTRE O BEM E O MAL É A GRANDE NARRATIVA DA BÍBLIA. ENTENDER ESSE ENREDO É TER A POSSIBILIDADE DE ASSUMIR O PAPEL QUE NOS CABE
A
Bíblia é a obra literária mais vendida no mundo. E as pessoas que leem esse livro costumam se tornar “crentes” ou “seguidores” do protagonista da obra: Cristo. Por isso, são conhecidas como cristãs e formam o maior grupo religioso da Terra, com mais de 2,3 bilhões de adeptos. No entanto, ao longo dos seus 2 mil anos de história, esse grupo tem sido qualquer coisa, menos homogêneo. Os cristãos diferem no tipo de adoração, usam diferentes versões da Bíblia e apresentam crenças e cosmovisões diferentes; porém, ainda assim afirmam seguir os ensinos do livro sagrado. O que fazemos com esse vasto número de opiniões conflitantes encontradas nesse grande conglomerado religioso chamado cristianismo? Essa confusão interpretativa do livro sagrado seria a resposta para os problemas do mundo, ou, como alguns dizem, sua causa? 22
NA FONTE Se queremos compreender as crenças de qualquer grupo religioso, precisamos voltar na história, a fim de entender como se deu a formação dessa tradição. É esse exercício que nos ajuda a entender a razão dos ritos, doutrinas e práticas dos seus adeptos. Se alguém diz ter medo ou ódio de cobras, é preciso investigar as razões para isso. Será que esse alguém foi atacado por um réptil ou foi ensinado a temê-lo? Em relação à fé, não é diferente. Se alguém diz que rejeita a Bíblia ou que suspeita da existência de Deus ou da historicidade de Jesus, é necessário entender se essa postura parte de um coração que já experimentou um encontro com Deus ou de alguém que apenas tem tido contato com uma caricatura Dele. A fé cristã tem como base o livro sagrado no qual Deus Se autorrevela para a humanidade. Portanto, para ter acesso à verdadeira fonte do R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
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JARED THURMON
cristianismo é preciso pesquisar nas Escrituras. E o estudo da Bíblia nos apresenta uma grande narrativa. Sem enxergar essa grande moldura, é difícil ter noção do quadro completo. O INÍCIO Vamos ver o início do livro: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1). Essa é a primeira frase da Bíblia. Seria esse o princípio de todas as coisas ou somente da história da vida na Terra? O que essa afirmação significa para a teoria da evolução? Quem é Deus? Por que Ele criaria um novo planeta e o encheria com animais, plantas e seres humanos? Esse é o início da Bíblia, mas não da história. Precisamos ler a história inteira para descobrir por que essa frase é usada para o início do livro. Como qualquer história emocionante, o autor às vezes opta por começar do meio da narrativa, a fim de que os leitores tenham que descobrir o que aconteceu antes e o que virá depois. Eis aqui a questão: A criação da Terra e dos seres humanos seria uma solução potencial para resolver um problema? Ao começarmos a desvendar partes da história, descobrimos elementos importantes que colocam tudo no seu devido lugar. A narrativa bíblica começa em um lugar que chamamos de Céu. Não sabemos exatamente sua localização. Ali, tudo estava em paz. Seus habitantes cantavam, comiam, viajavam, passavam tempo uns com os outros, trabalhavam e brincavam. Eles não choravam, não morriam nem mentiam. Esse último verbo é chave, porque Satanás usou a mentira como parte de sua estratégia de rebelião contra Deus, opondo-se a um dos princípios estabelecidos para garantir a harmonia do Universo: a verdade. Segundo Ellen G. White, pioneira e profetisa adventista, até Satanás levantar aqueles questionamentos, os demais anjos que habitavam o Céu não haviam se dado conta de que uma lei regia tudo. Eles obedeciam voluntariamente a Deus, porque a lei estava dentro deles (O Maior Discurso de Cristo, p. 109). Como era a vida antes da existência do pecado? Nenhum cidadão do Céu vivia somente para si mesmo. Servir aos outros era natural. Isso significa que ninguém roubava. Ninguém traía seu cônjuge. Ninguém se zangava. Todos tinham um sentido para a vida: amar o próximo como a si mesmo. Essa não era uma sociedade enfadonha, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
DEUS FOI BONDOSO EM REVELAR O QUADRO MAIS COMPLETO DE SEU PLANO NESTE MOMENTO DA HISTÓRIA
na qual todos tinham os mesmos gostos, habilidades e funções. Ali havia ordem e hierarquia, mas todos eram felizes com suas posições. Nas Escrituras temos o quadro mais amplo da história. Na Bíblia encontramos como e por que começou o conflito entre o bem e o mal. Isaías 14 e Ezequiel 28, por exemplo, nos contam mais sobre alguém que era o querubim cobridor na sala do trono celestial. Criado perfeito e com beleza encantadora, ele era chamado de Lúcifer, “portador de luz”, mas se tornou Satanás, “o adversário”. Aprendemos que ele queria ser como Deus, mas quebrou a lei do Céu (Ez 28:15). E que, na Terra, ele tem revelado seu verdadeiro caráter como acusador, usurpador, enganador e assassino (Jo 10:10; Is 14:14, 17). Por sua vez, aprendemos em Jó 1 que, às vezes, ele até recebe o poder de manipular o clima e causar desastres naturais. Satanás faz isso porque odeia a humanidade. O FIM Compreender a narrativa de como e por que o mal começou, e como ele terminará, é o maior presente que a Igreja Adventista do Sétimo Dia pode oferecer ao mundo. À luz desse conflito vigente, por exemplo, o sábado ganha novo significado: ele não é o dia somente para lembrarmos que fomos criados por Deus, mas por que fomos criados. Com essa moldura teológica em mente, tem mais sentido ainda falar numa doutrina do santuário celestial, sendo que a lei de Deus está no centro dessa controvérsia. Deus foi bondoso em tornar essas verdades mais claras em nosso tempo. Com essa grande narrativa em mente, podemos explicar mais facilmente que há uma guerra cósmica em andamento, cujo fim foi prometido e está próximo. O inimigo sabe “que pouco tempo lhe resta” (Ap 12:12), porque Jesus prometeu: “Eis que venho sem demora” (Ap 22:12). ] JARED THURMON é diretor de marketing e inovação da revista Adventist World
PARA SABER MAIS Conheça a declaração de crenças adventistas no livro Nisto Cremos (CPB, 2018) ou no link adventistas.org/ pt/institucional/crencas
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DOM DE PROFECIA
Ellen White tinha razão
VÁRIOS CONSELHOS DA PIONEIRA ADVENTISTA FORAM CONFIRMADOS POR UMA PROFESSORA ATEIA DURANTE MEU CURSO DE NUTRIÇÃO J O A N N D AV I D S O N
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omo adventista do sétimo dia de quarta geração, muitas vezes reflito na preciosa herança que herdei de meus pais. Certa vez, minha mãe mencionou: “A esta altura, as bênçãos de ser adventista certamente já estão infiltradas nos seus genes e cromossomos.” A guarda do sábado sempre fez parte da minha vida, assim como a confiança no dom profético de Ellen G. White. Porém, enquanto crescia, eu ficava perplexa quando ouvia alguns adventistas questionando vários pontos dos escritos da mensageira do Senhor. Pensava comigo mesma que não tinha sentido o Deus da verdade não garantir a veracidade do registro das mensagens que confiou a Seus profetas. Por não me sentir à vontade para lidar com essas perguntas naquela época, coloquei-as de lado na “prateleira” da minha mente. Só as pegaria de volta mais tarde, quando meu esposo veio a ser pastor no Arizona e me matriculei no curso de Nutrição da universidade estadual. Essa experiência mudou minha vida. BICARBONATO DE SÓDIO E VINAGRE No primeiro dia de aula da disciplina de Nutrição Avançada, agucei meus ouvidos quando a professora começou a explicar a razão de ela não acreditar em Deus. Pensei: “Essa deve ser uma boa oportunidade para aprender os princípios nutricionais de uma pessoa ateia, que não tem uma ‘agenda’ para aprovar ou desaprovar os escritos de Ellen G. White.” A professora Phillips lecionava na área de nutrição havia mais de 30 anos, e acabava de chegar ao Arizona, depois de ter trabalhado na Universidade Purdue, instituição conhecida por seu prestigiado curso de Nutrição. Depois da primeira aula com Phillips, matriculei-me em todas as matérias que ela lecionava. Quando estudamos os aspectos nutricionais dos carboidratos e grãos, Phillips mencionou que o bicarbonato de sódio não deveria ser usado. Ela
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ecoou um conselho de Ellen G. White escrito há mais de 100 anos: “o emprego do bicarbonato ou fermento em pó no pão é nocivo e desnecessário. O bicarbonato produz inflamação do estômago, envenenando muitas vezes todo o organismo” (A Ciência do Bom Viver, p. 300). Além disso, Phillips descreveu como o fermento em pó (químico) foi desenvolvido para ajudar os padeiros a fazer biscoitos sem os efeitos nocivos do bicarbonato de sódio. Ela afirmou que isso ajuda a balancear a acidez (pH) das massas assadas. Porém, alguns dos outros ingredientes podem desequilibrar o benefício pretendido. Ademais, quando adicionados à massa, tanto o fermento em pó como o bicarbonato de sódio podem reduzir a disponibilidade de vitamina C, riboflavina e tiamina, mas não de outras substâncias como a niacina e o ácido fólico. Por essa razão, quando possível, o fermento biológico é a levedura mais saudável a ser usada. Sem mencionar por que eu estava curiosa, também perguntei à professora sobre o uso do vinagre. Ela havia mencionado em classe que o vinagre era feito de ácido acético diluído em muita água destilada. Questionei se ele realmente era perigoso. Ela respondeu: “Só depende de quão diluído você queira consumir seu veneno.” Lembrei-me novamente do que Ellen G. White tinha escrito, várias décadas antes, sobre o efeito nocivo do vinagre: “As saladas são preparadas com óleo e vinagre, há fermentação no estômago, e a comida não é digerida, mas decompõe-se ou apodrece; em consequência, o sangue não é nutrido, mas fica cheio de impurezas, e surgem perturbações hepáticas e renais” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 345).
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PHILLIPS FEZ UMA DECLARAÇÃO QUE CHAMOU MINHA ATENÇÃO: “EU SOU ATEIA, MAS O DEUS DOS JUDEUS ESTAVA CERTO”
PROTEÍNA ANIMAL Quando as aulas chegaram ao assunto da proteína, Phillips fez outra declaração que chamou minha atenção: “Sou ateia, mas o Deus dos hebreus estava certo.” Ela se referia à proibição ao consumo de gordura (Lv 7) e sangue de animais (Gn 9:4; Lv 17:14), ambos reconhecidamente nocivos ao corpo humano. Vale lembrar que, mesmo quando a gordura visível é removida, a musculatura do animal ainda fica com a gordura saturada e colesterol (“invisíveis”). Logo, se a gordura e o sangue pudessem ser completamente retirados da carne, ela perderia sua textura, aparência e sabor atraentes. A professora Phillips explicou também que os seres humanos deveriam adquirir proteínas dos vegetais, e não “proteínas de segunda mão” na carne dos animais. Mas uma vez me lembrei de Ellen G. White: “Os que se alimentam de carne não estão senão comendo cereais e verduras em segunda mão; pois o animal recebe destas coisas a nutrição que dá o crescimento. A vida que se achava no cereal e na verdura passa aos que os ingerem. Nós a recebemos comendo a carne
do animal. Muito melhor é obtê-la diretamente, comendo o que Deus proveu para nosso uso” (Orientação da Criança, p. 382). Phillips insistiu que os seres humanos foram ensinados a pensar que precisam de grande quantidade de proteína, quando, na verdade, precisam mesmo é de muitos carboidratos (energia), preferencialmente não refinados. A professora passou então para um assunto que me deixou horrorizada: o sistema de alimentação de animais confinados. Aprendemos sobre o tratamento recebido por animais como galinhas, gansos, perus, vacas, bezerros, porcos, peixes e cordeiros criados para o abate. Somente nos Estados Unidos, todos os anos, bilhões desses animais são confinados a condições terríveis, a fim apenas de satisfazer o paladar pervertido dos seres humanos. Na época, eu não fazia ideia de que essas coisas aconteciam. Mais uma vez, lembrei-me de um texto de Ellen G. White em que ela falou que a carne nunca foi o melhor alimento para o ser humano: “Seu uso agora é, todavia, duplamente objetável, visto as doenças nos animais estarem crescendo com tanta rapidez. Os que comem alimentos cárneos mal sabem o que estão ingerindo. Frequentemente, se pudessem ver os animais ainda vivos, e saber que espécie de carne estão comendo, iriam repelir enojados” (A Ciência do Bom Viver, p. 313). A professora Phillips nunca soube por que eu era tão interessada em nutrição. Ela confirmou, com mais firmeza do que eu podia imaginar, muitos dos princípios dados por Ellen G. White. Fui convencida de que Deus deu aos adventistas a chance de ser “luz do mundo”. Pena que temos sido tão lentos em ser a bênção que poderíamos ser. ] JO ANN DAVIDSON, PhD, é professora de teologia sistemática na Universidade Andrews (EUA)
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MISSÃO GLOBAL
Luz na selva
ELE ANDOU TRÊS DIAS NA FLORESTA DO EQUADOR PARA ENCONTRAR GUARDADORES DO SÁBADO CHARLOT TE ISHK ANIAN
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A LONGA VIAGEM DE JUAN Juan foi criado em uma cidade muito pequena e isolada, na selva do Equador. Seu povo conhecia muito pouco sobre Deus. Mas ele, ansioso por aprender tudo o que pudesse, cursou o ensino médio em outra cidadezinha. Ali Juan foi presenteado por alguém com o Novo Testamento e o leu avidamente. Ele descobriu verdades bíblicas sobre as quais jamais tinha ouvido antes. Uma fome cresceu em seu coração, e Juan pediu a Deus que lhe ensinasse a seguir Jesus. Frequentemente ele caminhava até outra cidade para comprar alimentos para sua família. Certa vez, quando estava na cidade, encontrou um velho livro surrado sobre uma pilha de lixo. Ao ler Princípios de Vida, obra que explica as crenças adventistas, ele confirmou o que havia descoberto na Bíblia. Porém, uma verdade se destacou: o sábado.
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Foto: VV-pics
uan desceu do ônibus e olhou ao redor para se localizar. O adolescente nunca havia estado em uma cidade e nunca tinha visto prédios tão altos e ruas tão movimentadas. Mas ele não tinha tempo para observar o cenário, pois estava em missão. No entanto, não sabia por onde começar. Ele inclinou a cabeça e orou: “Deus, dirige-me às pessoas que guardam Teu sábado.” E começou a andar. Ele passou por lojas lotadas e desviou dos carros que buzinavam enquanto vagava pela cidade. Até que parou em frente a um teatro e observou as pessoas entrando. Não sabendo o que estava acontecendo, ele seguiu a multidão escada acima. Diante da grande porta havia uma senhora que lhe deu as boas-vindas e o convidou a entrar num auditório enorme, que estava lotado. Ele assentou-se e esperou.
Pelo fato de não conhecer uma igreja que observasse esse ensino bíblico, aos 19 anos de idade, ele se propôs a encontrar um povo que levasse isso a sério. Ele caminhou pela floresta por três dias até encontrar a cidadezinha mais próxima. Ali perguntou onde poderia encontrar um grupo que ia para a igreja aos sábados, mas ninguém soube informar. “Vá para Ambato”, disse alguém. Assim, com o dinheiro que lhe sobrava, Juan comprou uma passagem e embarcou num ônibus. Ele chegou em Ambato no fim da tarde e começou a andar, procurando pelo povo de Deus. Foi quando encontrou o teatro. ENCONTRANDO O POVO DE DEUS No teatro, assim que Juan chegou ao seu lugar, um homem se levantou para falar. Enquanto o pregador ensinava sobre Deus, o sábado e outras verdades bíblicas, uma alegria crescente tomou conta de Juan. Ele teve a confirmação de que o Senhor o havia guiado pela floresta até aquele teatro, a fim de que encontrasse o povo de Deus. Depois da reunião, Juan procurou o pastor e disse: “Quero ser batizado!” Surpreso, o ministro pediu que ele fosse ao seu encontro no dia seguinte. Um membro da igreja ofereceu um lugar para Juan pernoitar e o levou para o encontro com o pastor na manhã do outro dia. Ao entrevistar Juan, o pastor reconheceu que aquele rapaz conhecia bem a Palavra de Deus e concordou em batizá-lo. Juan estava ansioso para voltar para sua casa e compartilhar sua nova fé. Ele disse para seus vizinhos: “Nós temos um Deus que nos ama e quer Se encontrar conosco no sábado. Ele tem muitas coisas para nos ensinar.” A princípio, apenas umas poucas pessoas ouviram a mensagem de Juan. Contudo, à medida que ele compartilhou sua fé nos quatro meses seguintes, algumas pessoas começaram a aceitar o que ele estava ensinando. Juan reconheceu que necessitava de ajuda para pregar tudo o que seu povo precisava saber. Assim, ele fez a longa viagem de volta da floresta para Ambato, a fim de convidar o pastor para visitar sua aldeia e ajudá-lo a ensinar as pessoas. O ministro aceitou o convite, e os dois homens tomaram um voo para uma pista de pouso na floresta. Contrataram alguns homens para ajudar a carregar o material que o pastor havia levado, e caminharam por um dia e meio na selva infestada de mosquitos, sob um forte calor, atravessando vários rios até que chegaram a Saant.
PELO FATO DE NÃO CONHECER UMA IGREJA QUE OBSERVASSE O SÁBADO, AOS 19 ANOS DE IDADE, ELE SE PROPÔS A ENCONTRAR UM POVO QUE LEVASSE A SÉRIO ESSE ASSUNTO
FRUTOS DA FÉ O pastor ministrou cursos sobre saúde, casamento, vida familiar e, claro, as doutrinas adventistas. Juan já havia ensinado às pessoas tudo o que sabia sobre essas verdades. Por isso, no fim da semana, 15 pessoas manifestaram o desejo de ser batizadas. Vários homens aceitaram a mensagem adventista, mas não puderam ser batizados naquela oportunidade, pois tinham duas esposas. No entanto, prometeram estar prontos para o batismo na visita seguinte do pastor. Depois que o pastor retornou para Ambato, Juan continuou falando da Palavra de Deus na sua aldeia e nos povoados vizinhos. Cinco meses mais tarde, o ministro retornou para mais uma semana de cursos e para R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
Juan estava ansioso para voltar e compartilhar no seu vilarejo o que havia aprendido naquele teatro na cidade de Ambato
batizar os que estavam preparados para se unirem à Igreja Adventista. A essa altura, já havia na aldeia uma igreja simples, construída com palha e madeira, que ficava cheia de adoradores aos sábados. A Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) financiou um programa de alfabetização para ensinar as pessoas a ler a Bíblia. Os membros da igreja de Ambato foram até a pequena congregação de Juan e realizaram uma grande campanha sobre saúde e o programa da Escola Cristã de Férias. Hoje, muitas pessoas do vilarejo de Juan entregaram a vida a Deus e foram batizadas. Alguns dos recém-conversos o ajudam a espalhar a mensagem adventista em outras aldeias onde muitas pessoas os esperam para ouvi-los. Em vários desses povoados já existem pequenas capelas adventistas. Juan agradece a Deus por guiá-lo à verdade e por poder compartilhar os ensinos que mudaram sua vida. ] CHARLOTTE ISHKANIAN mora em Maryland (EUA), mas passou vários anos viajando pelo mundo para coletar e contar histórias missionárias nas publicações da igreja
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VISÃO GLOBAL
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O POVO DE DEUS É CHAMADO A PROCLAMAR EVENTOS HUMANAMENTE IMPOSSÍVEIS NUM TEMPO DE CETICISMO TED WILSON
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A HISTÓRIA SE REPETE O mundo antediluviano estava saturado de um egocentrismo violento – o mesmo que vemos atualmente (Gn 6:5-8). E foi naquela época que Deus olhou para a Terra e viu Noé. Será que hoje também somos fiéis como Noé? Graças a Deus que, nos dias de Noé, havia um Noé! Nós também podemos ser fiéis ao chamado para o
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Foto: Michel Weidner
Bem-vindo aos dias de Nóe
penas três dias antes da Sua crucifixão, Jesus falou sobre Sua segunda vinda, comparando o tempo do fim aos dias de Noé (Mt 24:37-39). Hoje vemos as nor mas sociais e culturais do passado, construídas sobre os fundamentos bíblicos, desaparecendo rapidamente. A prática homossexual, por exemplo, entre outras perversões sexuais, são erradas, segundo a Bíblia. Sim, devemos amar as pessoas, mas isso significa levá-las ao pé da cruz, onde qualquer pessoa pode encontrar liberdade em Cristo. Além do cenário de crise moral, temos acompanhado a instabilidade política e econômica. Somado a isso, há também o avanço do ecumenismo, que indica o cumprimento de profecias, quando o mundo irá admirar e seguir a besta (Ap 13:12-14). Foi para esse cenário que os adventistas do sétimo dia foram chamados a proclamar Cristo, Sua Palavra, Sua justiça, Seu serviço no santuário, Seu poder salvador no grande conflito, Suas três mensagens angélicas, Sua mensagem de saúde, Sua missão para o mundo nos últimos dias e Seu breve retorno à Terra. Que, como igreja, nunca nos esqueçamos da maneira como Deus nos guiou, tem guiado e guiará no futuro! Deus nunca muda, Sua verdade também não, especialmente quando nos aproximamos do fim de todas as coisas.
povo do tempo do fim, que será a última geração a proclamar a poderosa mensagem do advento. Devemos nos levantar resolutos, como fez Noé, e anunciar como a Bíblia prevê o fim. Ellen G. White, pioneira e profetisa do adventismo, escreveu que Noé permaneceu “firme como uma rocha” em sua missão, mesmo rodeado pelo “desdém e ridículo popular”. Durante 120 anos, ele foi a voz de Deus em meio à sua geração, distinguindo-se dos demais por sua integridade e fidelidade inabaláveis, e pregando algo que era impossível na perspectiva humana (Patriarcas e Profetas, p. 96). No Novo Testamento, além de Jesus, o apóstolo Pedro também profetizou que o ceticismo dos dias de Nóe se verificaria no tempo do fim (2Pe 3:3-6). Por isso, não podemos cair na síndrome dos “dias de Nóe”, lançando dúvidas sobre o segundo advento de Cristo. Nossa tarefa é continuar proclamando a mensagem de Deus para este tempo, assim como Noé fez com o que lhe foi confiado para seus dias. A vinda do Senhor é o clímax do plano da salvação, que nos dará a vida eterna que aguardamos ansiosamente. Portanto, apesar das descrenças do mundo, a graça de Deus nos sustentará em nossa missão. O PODER DA VERDADE Em 2018, junto com outros colegas da sede mundial da igreja, tive o privilégio de pregar uma série evangelística no Japão. A mobilização, que estava alinhada com nosso programa para a igreja mundial Envolvimento Total dos Membros (ETM), teve 161 pontos de pregação. Resultado: uma igreja envelhecida, de apenas 15 mil membros em todo o país, foi revitalizada. Agora, membros e pastores estão com seu coração ardendo em chamas pela pregação do evangelho, pois renovaram seu foco na escatologia e na nossa recompensa final, que é estar com Jesus. Ellen G. White também escreveu que a pregação do evangelho não será concluída antes que homens e mulheres, os membros voluntários da igreja, trabalhem juntos com os pastores e funcionários da denominação (Obreiros Evangélicos, p. 352). É isso que propõe o ETM: envolver membros e pastores num programa que englobe cada aspecto da semeadura, nutrição, amadurecimento e colheita da semente do evangelho. Pelo fato de eu crer que seremos a última geração do povo de Deus antes da volta de Jesus, acredito que devemos exemplificar Sua justiça santificadora em nossa vida e testemunho por R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
meio de Seu poder. A justiça de Cristo é o cerne das três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12. E é Cristo, cuja justiça aceitamos pela fé, que nos dá poder para vencer. Não é nosso papel inventar nem promover novas compreensões que contrariem as verdades bíblicas fundamentais que nos foram confiadas por Deus. Não nos consideremos mais sábios do que o dom profético concedido a Ellen G. White, com seu papel de ampliação e confirmação da mensagem da Palavra de Deus. Vigiemos quanto a isso, pois Satanás não desistirá de tentar neutralizar as doutrinas distintivas confiadas aos adventistas do sétimo dia. Nossa missão é alertar o mundo, a fim de que a humanidade não seja enganada pelo diabo. EVENTOS RÁPIDOS Conforme entendidos pela interpretação adventista, os eventos finais devem acontecer rapidamente. As tentativas para forçar a união entre Igreja e Estado não demorarão para ocorrer. De acordo com Ellen G. White, a guarda do sábado será “a pedra de toque da lealdade”, o “ponto da verdade especialmente controvertido” que traçará a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não O servem (O Grande Conflito, p. 605). Esses episódios finais de nossa história serão protagonizados pelo poder do Espírito Santo trabalhando por meio de pessoas humildes que se importam com o destino eterno das pessoas que estão ao seu redor. Por isso, devemos suplicar com sinceridade pelo derramamento da chuva serôdia, humilhando-nos diante de Deus, a fim de que estejamos disponíveis para ser usados na proclamação final do evangelho. Quando, muito em breve, em qualquer dia desses, olharmos para cima e vermos que nossa redenção se aproxima, quero estar pronto para subir. E espero encontrar você lá também! ] Este artigo foi adaptado do sermão apresentado no dia 16 de junho de 2018, na Conferência Bíblica Internacional, em Roma (Itália). Foi mantido o estilo oral.
NOÉ PERMANECEU FIRME COMO UMA ROCHA EM SUA
MISSÃO, MESMO RODEADO PELO
RIDÍCULO POPULAR
TED WILSON é presidente mundial da Igreja Adventista. Você pode acompanhar o líder por meio das redes sociais: Twitter (@pastortedwilson) e Facebook (fb.com.br/ pastortedwilson)
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MINHA HISTÓRIA
Sementes e frutos A EXPERIÊNCIA DO CASAL DE MISSIONÁRIOS QUE LANÇOU O FUNDAMENTO DA UNIVERSIDADE ADVENTISTA DA ZÂMBIA
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DICK DUERKSEN
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iam ficando doentes, eram substituídos por outros que chegavam. Por causa das enfermidades tropicais, logo se levantaram várias lápides no cemitério do colégio, como memoriais àqueles que se sacrificaram pela mensagem adventista. MUDANÇA PARA A ZÂMBIA Oito anos depois, quando a cidade de Solusi estava cheia de estudantes ávidos, foi solicitado que a família Anderson se mudasse para o norte da Rodésia, hoje território da Zâmbia, para iniciar outra escola. Harry Anderson começou a pé a viagem de quatro meses, a fim de achar um bom terreno para o novo colégio. Para o missionário, a propriedade ideal deveria ser próxima a uma grande cidade e da linha do trem, um terreno plano R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
Foto: Dick Duerksen
sta história começa nos Estados Unidos, em 1895, na primeira escola adventista do mundo, em Batlle Creek, Michigan. Harry Anderson estudava para ser professor, pregador e, talvez, até missionário. Ele também estava apaixonado por Nora, uma jovem brilhante que compartilhava seu sonho de servir na missão além-mar. Ambos haviam sido criados em grandes fazendas. Contudo, a oportunidade veio mais rapidamente do que imaginavam. Dez semanas antes da formatura, a sede mundial da igreja pediu que Herry e Nora partissem “imediatamente” para a África, onde trabalhariam em Solusi, atual Zimbábue. O casal tentou convencer os líderes que esperassem a formatura; porém, o trabalho em terras longínquas tinha pressa. Numa manhã gelada de março, Harry e Nora iniciaram a longa viagem, cuja primeira parada seria a Cidade do Cabo, na África do Sul. Em Solusi, eles se uniram a outras duas famílias de missionários e começaram a construir salas de aulas, preparar a terra do colégio, plantar as sementes e a aprender a língua local. Aquele era um trabalho duro debaixo do calor africano. Conforme alguns missionários
e fértil para o cultivo de trigo e de frutas cítricas, ter nascentes de água e apresentar condições para a perfuração de poços artesianos. Por isso, Anderson negociou com Monze, chefe do povo Batonga, 5 mil acres de terra em um lugar chamado Rusangu. Um ano depois, com um carro puxado por 16 bois, Harry Anderson, a esposa, Nora, e a filhinha Naomi, acamparam perto da nascente Rusangu. “Essa é a melhor nascente da África”, disse ele para a família. Os Anderson passaram aquela noite em barracas e, quando acordaram, um africano alto estava em pé, na frente da tenda de Harry, ao lado de uma árvore, olhando para ele. Harry falava inglês e um pouco do idioma local, mas aquele homem não falava inglês, e sua língua materna era o tonga. O caminho que encontraram foi conversar por meio de sinais. “O senhor é o professor?”, perguntou o nativo. “Sim”, respondeu o missionário. “Então me ensina. Vim para a escola”, replicou o africano. Harry tentou explicar que ainda era necessário construir uma casa com salas de aulas e plantar laranjeiras, mas o homem não o compreendeu. “Ensina-me agora”, foi tudo o que missionário ouviu. Na manhã seguinte, havia outros homens ali, pedindo para aprender. Nora Anderson resolveu o problema. Sorrindo, ela questionou o esposo: “Não viemos aqui para começar uma escola?” Naquele dia Harry levou os homens com ele para dentro da floresta e começou a cortar madeira para construir prédios, mesas, camas e carteiras da escola. À tarde, período em que fazia muito calor, eles se assentavam sob uma árvore e estudavam juntos idiomas e a Bíblia. Dois anos depois, as salas de aulas em Rusangu estavam cheias de alunos, a fazenda tinha grãos maduros e um pomar de laranjeiras pequenas estava produzindo seus primeiros frutos. Certa tarde, quando Harry estava voltando para casa após dar uma aula de Bíblia, dez homens desconhecidos o abordaram perto do pomar de laranjas. A essa altura, toda a família Anderson falava os idiomas da região. Por isso, a conversa foi menos trabalhosa. “Queremos laranjas”, disseram os homens. “Não posso dar laranjas para todos vocês, porque só sobrou uma laranja da colheita deste ano. Porém, se vocês forem até minha casa amanhã à tarde, vão ganhar algo melhor do que laranjas”, garantiu o missionário. SEMENTES LANÇADAS No dia e horário marcados, estavam todos os dez homens esperando por Harry, ao lado do pomar. Após cumprimentá los, o professor pegou sua bolsa, tirou uma laranja e um canivete. Descascou a fruta cuidadosamente e a dividiu em pedaços de tamanho suficiente para que cada um deles provasse um pedacinho. Você precisava ter visto eles saboreando cada gomo daquela laranja! Quando a fruta acabou, Harry os levou para sua casa, onde lhes deu o presente que era muito melhor que uma laranja: o professor deu para cada um deles uma muda de R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
VOCÊS PRECISAM REGAR TODOS OS DIAS, SEM EXCEÇÃO. ELA VAI CRESCER À MEDIDA QUE FOR CUIDADA COM AMOR laranjeira, grande o suficiente para ser plantada no pomar, mas pequena o suficiente para caber nas mãos. “Vou ajudá-los a plantar e mostrar como cuidar dessa laranjeira. Se seguirem minhas instruções e cuidarem dela todos os dias, sua árvore vai dar pelo menos uma laranja no próximo ano.” Os homens ficaram impressionados com o presente e foram até o pomar observar como o missionário lidava com a muda. “Vocês precisam regar todos os dias. Sem exceção. Ela só irá crescer se for cuidada com amor”, enfatizou o missionário. Os homens plantaram as árvores e voltaram para casa. Na manhã seguinte, eles levaram suas famílias para ver as laranjeiras. Eles iam ali dia após dia para cuidar das árvores e aprender sobre Deus. Certo dia tive a oportunidade de visitar a casa que havia pertencido a Harry Anderson. Olhei sua fachada na sombra de uma laranjeira. Estava acompanhado de Life Mutaka, diretor da rede educacional adventista no Sul da Zâmbia e membro da comissão diretiva de uma das maiores instituições de ensino superior da igreja: a Universidade Adventista Rusangu. “Meu avô era um daqueles dez homens”, Mutaka me disse sorrindo. “Foi aqui que ele encontrou Jesus, e o sabor de uma laranja fresca ainda é o meu preferido.” ] DICK DUERKSEN é pastor e mora em Portland, Oregon (EUA)
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WIKIPÉDIA DA IGREJA PREVISTA PARA JULHO DE 2020, ENCICLOPÉDIA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA TERÁ 10 MIL VERBETES. E VOCÊ PODE PARTICIPAR DELA SANDRA BLACKMER
U
ma das novidades que serão lançadas na 61ª assembleia mundial da Igreja Adventista, nos dias 25 de junho a 4 de julho, em Indianápolis (EUA), é a Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia (ESDA, na sigla em inglês). Esse projeto editorial monumental, votado na última assembleia da igreja em 2015, deve reunir 10 mil verbetes sobre a história da denominação. A ideia é que daqui pouco mais de um ano esteja pronta a versão on-line da ESDA, cujo acesso será gratuito e o conteúdo expandido e atualizado anualmente. Quem oferece mais informações é a teóloga Dragoslava Santrac. Nomeada editora-chefe da ESDA, em maio de 2018, ela substitui na função o historiador Benjamin Baker. Trabalhando sob a supervisão do departamento de Pesquisa, Estatística e Arquivos da Associação Geral, caberá a ela conduzir o processo de produção do material e gerenciar a equipe de colaboradores, que conta com instituições e pesquisadores do mundo todo. Entre eles,
quatro teólogos brasileiros: Adolfo Suárez, Alberto Timm, Carlos Flávio e Renato Stencel. Santrac tem bom preparo acadêmico e cultural. Ela concluiu o programa de PhD em Antigo Testamento na Greenwich School of Theology, no Reino Unido e trabalhou como editora e professora de Teologia na Europa e Caribe. Desde 2015, ela tem lecionado no seminário da Universidade Adventista de Washington (EUA), onde o esposo, Aleksandar, dirige o departamento de religião. O casal tem duas filhas. Segundo Santrac, a ESDA terá o dobro de verbetes da atual enciclopédia adventista, publicada
O GRANDE OBJETIVO DA ESDA É OFERECER UM QUADRO AMPLO DO ADVENTISMO E FAZER COM QUE SEUS LEITORES SE SINTAM PARTE DELE
em 1996. Mais do que uma atualização, trata-se de um projeto totalmente novo. “Escrever novos artigos não sugere reescrever a história, embora envolva corrigir informações incorretas, caso seja necessário. A nova pesquisa trará uma perspectiva atualizada, que falará às gerações adventistas de hoje. Os autores verificarão as fontes antigas e incluirão materiais recentes e relevantes. Vale lembrar que o crescimento significativo da igreja ocorreu nos últimos 50 anos e a erudição adventista também se desenvolveu no mesmo período. A ESDA irá reunir essas informações”, explica a editora-chefe. Além de informações atualizadas, a ideia é que a ESDA não se limite a um olhar norte-americano sobre a história da igreja. Por isso, milhares de colaboradores locais estão sendo acionados para escrever os verbetes que tenham que ver com sua região. Santrac lembra que qualquer adventista pode contribuir nesse processo, seja indicando verbetes, materiais de consulta ou mesmo escrevendo parte do material (saiba mais em adventistarchives.org/encyclopedia). Contudo, antes de ser lançada, a enciclopédia já tem dado bons resultados. Muitas igrejas têm sido reavivadas ao participarem contando a história de pioneiros e do adventismo em sua região. Na América do Sul, por exemplo, estão sendo produzidas 45 biografias. “Queremos que as novas gerações saibam que não apenas pessoas como Tiago White e José Bates fizeram a diferença”, ressalta Santrac. O grande objetivo da ESDA é oferecer um quadro amplo do adventismo e fazer com que seus leitores se sintam parte dele. ] SANDRA BLACKMER é editora associada da Adventist World
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Foto: Merle Poirier
VIDA ADVENTISTA
DEVOCIONAL
ORAÇÃO PELOS INIMIGOS COMO LIDAR COM AQUELES QUE QUEREM TIRAR SUA PAZ? JANET PAGE
Foto: Ben White
M
eu pai foi pastor, e todas as vezes que nossa família se mudava para um novo distrito as pessoas o alertavam sobre “os perturbadores”. Você sabe quem são os perturbadores – aqueles que constantemente causam problemas na igreja ou no trabalho. Papai dedicava uma atenção especial para os excêntricos, irritadiços e reclamadores. Ele procurava identificar o que havia de bom em cada um deles e os elogiava pelos seus pontos fortes. Assim, papai sempre vencia os “perturbadores” e eles se tornavam seus melhores apoiadores. Outra virtude do meu pai é que, quando ele se aborrecia com alguém e acabava machucando essa pessoa, tinha a humildade de pedir desculpas imediatamente. Quando ele e mamãe eram chamados para outra região, os perturbadores choravam ao despedir-se deles. Anos mais tarde, quando me encontrava com algum daqueles membros, eles me falavam com carinho de como foram abençoados pelo ministério do meu pai. O ponto aqui é como lidamos com aqueles que aparentemente, ou verdadeiramente, querem nos prejudicar ou criticar? Como reagimos aos seus olhares zangados, palavras ásperas e comportamento antiético? Se neste momento você estiver se sentindo atacado, pode ser que não acredite, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
mas a oração funciona. Diga a Deus como se sente, peça que Ele mude seu coração e o ajude a ver aquela pessoa como Ele a enxerga. Certa vez, durante meu culto matinal, enquanto tentava ler a Bíblia, reclamei para Deus sobre uma pessoa. Frustrada por não conseguir me concentrar na leitura, comecei a conversar abertamente com Deus. Naquele momento, li
JÁ É TEMPO DE DEIXARMOS QUE JESUS AME OUTRAS PESSOAS, INCLUSIVE NOSSOS INIMIGOS, POR NOSSO INTERMÉDIO
um verso que falou diretamente para mim. Entendi que Ele pedia que eu orasse para que uma pessoa específica fosse abençoada. “De jeito nenhum! Não quero que aquele indivíduo seja abençoado! Não quero que aquela pessoa pareça estar melhor espiritualmente do que eu. Não sou grata pela vida dela”, retruquei àquele pensamento. Depois, acabei orando por aquela pessoa, porque sabia que essa era a vontade de Deus. Pedi que o Senhor a abençoasse espiritual e emocionalmente. Mesmo sem sentir nada positivo, louvei a Deus pela vida dela. Então, algo estranho aconteceu. Meus sentimentos feridos desapareceram. Deus encheu meu coração de compaixão e amor. Não foi fácil, mas me senti livre e preenchida por uma alegria celestial. Não sei por que resisto em fazer o que Deus quer que eu faça, mesmo sabendo que Ele é maravilhoso e quer o melhor para mim. Aprendi que preciso me humilhar diante de Deus, a fim de enxergar o que Jesus suportou por mim na cruz. Dessa maneira, estarei inclinada a perdoar aqueles que me feriram. Por isso, agradeça a Deus por restaurar seus sentimentos feridos, ainda que seu coração não esteja plenamente curado. A verdade é que Deus tem maneiras incríveis de diluir nossa dor. Ore para pensar em maneiras de amar os outros. Para ter interesse em entender suas lutas e enxergá-los como Deus o faz. Sabemos que o grande conflito entre o bem e o mal é uma realidade, e que Deus precisa urgentemente de pessoas que desejem morrer para si mesmas, a fim de ser moldadas por Ele. Já é tempo de deixarmos que Jesus ame outras pessoas, inclusive nossos inimigos, por nosso intermédio. ] JANET PAGE é secretária associada da Associação Ministerial da sede mundial da Igreja Adventista
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NOVA GERAÇÃO
MINHA MENTORA APRENDI COM VOVÓ MARGARET A ENXERGAR NAS CRIANÇAS POBRES DA ÍNDIA A HERANÇA DO SENHOR
ao kahani sunte hai, “venha, vamos ouvir uma história”. Esse era o convite que fazíamos todos os sábados à tarde para as crianças que moravam em casas improvisadas, próximo aos grandes canteiros de construção. Quando íamos de casa em casa chamando por elas, as crianças reconheciam nossa voz, desciam do colo da mãe ou deixavam seus brinquedos e amiguinhos para assistirem ao programa da Escola Sabatina filial. Como pequenos andarilhos, eles seguem seus pais, por onde quer que a família encontre emprego. Por isso, a Escola Sabatina filial provavelmente fosse o único contato dessas crianças com o ensino formal. Era animador cantar e ensinar sobre o evangelho aos pequenos. Eles amavam as músicas e as figuras, mas, acima de tudo, esperavam pelos docinhos e alimentos que levávamos.
A
SUA PAIXÃO PELO CUIDADO DAQUELAS CRIANÇAS ERA CONTAGIANTE
Era maravilhoso ver seus olhinhos brilhando quando ouviam as histórias da Bíblia, especialmente a de Davi e Golias. A narrativa era acompanhada de uma canção em hindi e por muitas risadas enquanto eles observavam a encenação. Ao ajudar Margaret Nathaniel na Escola Sabatina filial e no Clube de Aventureiros que ela organizou em várias partes da cidade de Hosur, no estado de Tamil Nadu, na Índia, entendi melhor por que o salmista escreveu que os filhos são a herança do Senhor (Sl 127:3). Sua paixão pelo cuidado daquelas crianças era contagiante. Ela planejava as atividades durante a semana, preparando o material para as lições e distribuindo tudo para os professores. Ela nunca deixou de me envolver no seu ministério, mesmo durante minhas breves visitas a Hosur. Vovó Margaret, como a chamo, inspirou minha vida e a de muitos. Ela me ensinou a importância de cuidar desses pequeninos que tinham a mente ainda em formação. Por isso, digo que o dom da mentoria não tem preço. Ela me ensinou a ser sal enquanto vivo e ando neste mundo. Aprendi a organizar e a executar as atividades que não beneficiavam apenas as crianças, mas também seus pais. Inspirada por vovó Margaret, passei a integrar o EYES, um grupo de jovens da igreja de língua inglesa de Hosur que trabalhava pela comunidade. Visitávamos um orfanato próximo à igreja e formamos laços importantes entre os jovens adventistas e os órfãos. Passamos um dia com essas crianças visitando o Museu de Ciências de Bangalore, metrópole mais próxima de Hosur. Elas experimentaram o dom do tempo e do amor e nós aprendemos o senso de responsabilidade e proteção em relação ao próximo. Minha experiência com a vovó Margaret mostra que todo Timóteo precisa de um Paulo como mentor. O legado acontece quando passamos adiante, de uma geração para outra, a paixão de servir ao Mestre. ] BEERSHEBA MAYWALD, natural de Tamil Nadu, Índia, cursa mestrado em Novo Testamento no Instituto Internacional Adventista de Ensino Avançado (IAAS), nas Filipinas
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Foto: Arquivo pessoal
BEERSHEBA MAYWALD
PRIMEIROS PASSOS
EXPERIMENTE 1 Agradeça Pode ser pessoalmente, reconhecendo o que alguém fez para você, ou escrevendo um cartão ou bilhete. 2 D ê nome para suas bênçãos Separe um tempinho cada dia para pensar nas coisas pelas quais pode agradecer. 3 C ompartilhe Escolha alguns brinquedos e roupas em boa condição para doar para alguém que precisa. Ser agradecido é também compartilhar.
GRATIDÃO
DEUS QUER QUE VOCÊ RECONHEÇA, APROVEITE E COMPARTILHE OS PRESENTES QUE ELE LHE DÁ BONITA JOYNER SHIELDS
Ilustração: Xuan Le
Q
uando eu era garotinha e minha mãe me pedia que fizesse alguma coisa, às vezes eu não queria obedecer. Porém, eu sabia que não seria educado e certo eu dizer para a mamãe que não iria fazer o que ela havia mandado. Assim, eu fazia o que ela me havia pedido, ainda que mal-humorada, não por amor à minha mãe, mas porque tinha que fazer. A Bíblia nos ensina a viver com uma atitude diferente dessa. Ela nos ensina que somos mordomos ou administradores das inúmeras bênçãos que Deus nos deu, como tempo, nossas habilidades, dinheiro, saúde e a natureza. E Ele pede que sejamos agradecidos, que tenhamos uma atitude que o apóstolo chamou de “ação de graças” (Ef 5:20). Deus quer que desfrutemos os presentes que Ele nos dá, mesmo quando isso exije que façamos
“Dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:20, NVI)
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coisas que não queremos fazer. Por exemplo, Ele nos pede que demos a Ele um sétimo do nosso tempo, o sábado. Para honrá-Lo nesse dia, podemos ser agradecidos porque temos um tempo para descansar, apreciar Sua criação e compartlihar a amizade com nossos irmãos na igreja. O Senhor pede também que devolvamos para Ele um décimo do que ganhamos, como sinal de gratidão pela habilidade que Ele nos dá para ganharmos nosso pão de cada dia. Ele também nos pede que façamos coisas boas para ajudar outras pessoas, apresentando assim o amor Dele para outros. Além disso, as pessoas que praticam a gratidão são muito mais felizes e isso pode ajudá-las até a tirar melhores notas na escola. Sabia disso? Então, que tal começar a praticar a gratidão? ] BONITA JOYNER SHIELDS é diretora associada do departamento de Mordomia Cristã da sede norte-americana da Igreja Adventista
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BOA PERGUNTA
O QUE É “A LEI DO ESPÍRITO DE VIDA” A QUE PAULO SE REFERIU EM ROMANOS 8:2? ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ
contexto de Romanos 8:1-4 tem que ver com o fluxo da argumentação de Paulo sobre a ligação entre a lei, o pecado e a morte. Ao que parece, esse trecho específico desenvolve a ideia de Romanos 7:6, em que a libertação da lei, do pecado e da morte está relacionada com a nova vida em Cristo (Rm 6:1-14). Vejamos: 1. O texto. Paulo começou a discussão com uma declaração resumida (v. 1) sobre a vida dos fiéis, desenvolvida nos versos seguintes. No verso 2, ele combinou a libertação por meio da “lei do Espírito de vida” (experiência individual do cristão) com a morte de Jesus (fonte dessa nova vida). Portanto, o que Cristo fez mudou a vida dos crentes, algo que a lei não podia fazer (v. 3). 2. A declaração. A sentença resumida com a qual Paulo começou esse trecho indica que algo novo (“agora”) havia chegado: o sacrifício de Jesus. Essa intervenção divina havia resolvido o problema da condenação da lei, a qual Paulo associou com a transgressão de Adão (Rm 5:12, 17). Aqueles que estão em Cristo são libertados dessa herança de pecado, que conduz à morte eterna, e passam a viver uma nova vida. Paulo explicou como isso acontece. 3. A lei do Espírito. No verso 2, Paulo explicou o primeiro verso: a lei do Espírito nos liberta da lei do pecado e da morte. Na verdade, essas duas leis são
O
ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ, pastor, professor e teólogo aposentado, foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica
A MENSAGEM DE PAULO É QUE A DEBILIDADE DA CARNE É SUPERADA E O ESPÍRITO NOS CAPACITA A OBEDECER AOS JUSTOS REQUISITOS DA LEI DE DEUS
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Foto: Adobe Stock
A LEI DO ESPÍRITO
a mesma, porém observadas de perspectivas diferentes: a lei sob o poder da carne produz morte, enquanto a lei sob o poder do Espírito produz nova vida. Assim, Cristo nos liberta do poder cósmico do pecado e da morte (justificação) e o Espírito nos liberta do poder escravizador do pecado em nossa vida diária (santificação). Segundo Paulo, a lei sem o Espírito é a lei da carne, ou seja, a tentativa humana de ser aceito por Deus com base nas próprias obras (Rm 7:7-12). 4. Lei, Cristo e Espírito. Paulo escreveu que o problema não é a lei em si (Rm 7:12), mas a relação que mantemos com ela. É a debilidade da carne que enfraquece a lei (Rm 8:3). Quando confrontada com o pecado e a morte, a lei não tinha poder, porque a carne é hostil a Deus e não pode submeter-se a Ele (v. 7). A solução foi a morte sacrifical do Filho de Deus, que condenou o pecado na carne, libertando-nos da condenação da lei (v. 3) e capacitandonos a viver em obediência à vontade de Deus, por meio do Espírito. Logo, na vida cristã, existe um lugar específico para a lei de Deus. Ela é restaurada à sua função. Cristo morreu por nós “a fim de que as justas exigências da lei [a lei do Espírito de vida] fossem plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a carne [buscando a aceitação de Deus por meio das obras da lei], mas segundo o Espírito” (v. 4). A mensagem de Paulo é que a debilidade da carne é superada e o Espírito nos capacita a obedecer aos justos requisitos da lei de Deus. ]
PERSPECTIVA
DEVER RELIGIOSO OS DIREITOS HUMANOS DE HOJE REFLETEM PRINCÍPIOS BÍBLICOS DE LONGA DATA. DEFENDÊ-LOS É UMA QUESTÃO DE TESTEMUNHO NELU BURCEA
Foto: Vladislav Klapin
H
á 70 anos foi aprovado um acordo inovador para defender um conjunto de princípios e valores que orientaria a comunidade internacional após o trauma da Segunda Guerra Mundial. Sete décadas mais tarde, a Declaração Universal dos Direitos Humanos se tornou uma referência para as legislações ao redor do globo. Trata-se de uma carta de compromisso das nações signatárias em favor da proteção de uma vida digna e plena de seus cidadãos. Hoje esse documento pode ser lido em 514 idiomas e dialetos, o que faz dele o documento mais traduzido do mundo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem sido chamada de idealística, pois apresenta uma visão abrangente e integral da dignidade dos seres humanos, ao contemplar aspectos sociais, políticos e econômicos. Entre seus 30 artigos, está o direito à igualdade perante a lei; ao trabalho e à educação; ao lazer e ao descanso; e o direito de participar da vida cultural, artística e científica da comunidade à qual pertence. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019
NOSSA MOTIVAÇÃO PARA A DEFESA DA LIBERDADE DE CRENÇA E DOS DEMAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO SER HUMANO É A IMITAÇÃO DO CARÁTER DE DEUS Em 2017, a ONU lançou uma campanha de conscientização pública sobre o documento, que se estendeu até 10 de dezembro de 2018, quando a declaração completou 70 anos. Numa época em que a violência e repressão ainda dominam as manchetes, o objetivo da mobilização foi simples: informar e discutir sobre o respeito aos direitos humanos fundamentais. Para mim, que sou religioso, o artigo 18 da declaração tem um significado especial. Nele está escrito: “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular” (disponível em nacoesunidas.org/docs). Embora o
artigo 18 se refira especificamente à liberdade religiosa, esse não é um direito humano isolado, pois está intrinsicamente ligado a outras liberdades, como a de reunião, pensamento e expressão. Como adventista do sétimo dia, creio que há uma declaração mais antiga e até mais fundamental do que o artigo 18. Ao ler a Bíblia, aprendo que todos nascemos livres e iguais; que fomos dotados pelo Criador com a centelha divina; e que homens, mulheres e crianças têm o mesmo valor e dignidade diante de Deus. Além disso, as Escrituras ensinam que toda pessoa tem seu direito individual – na realidade, a obrigação – de escolher livremente se adora ou não a Deus e se segue ou não Sua vontade. Isso significa que temos a responsabilidade de defender permanentemente a liberdade de religião ou crença para todas as pessoas, independentemente se concordamos ou não com elas. Esse dever não tem que ver somente com um documento aceito internacionalmente, mas, acima de tudo, porque reflete o caráter amoroso de Deus. ] NELU BURCEA é diretor associado do departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da sede mundial da Igreja Adventista
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H
á uma grande luta entre os exércitos do bem e do mal acontecendo neste momento, e todos nós estamos envolvidos. Como saber de que lado ficar? Escrito especialmente para o público infantil, o livro Guerra no Céu, uma adaptação do clássico O Grande Conflito, de Ellen G. White, revela detalhes imperdíveis desse combate milenar.
ARIANE M. OLIVEIRA é formada em Pedagogia e atua como editora de livros infantojuvenis na Casa Publicadora Brasileira. Ama trabalhar com crianças e desenvolve um ministério infantil voluntário há mais de 20 anos. Casada com o Pr. Vinícius Mendes de Oliveira, é mãe da Ana Clara.
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RETRATOS
Trabalhadores rebocam uma das paredes do novo restaurante da Universidade Adventista Central da África, em Ruanda. A ampliação do campus, que deve ser concluída em setembro, inclui também um novo e grande prédio para a faculdade de medicina Fotografia: Gerald A. Klingbeil
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INTERNACIONAL
APOIO MUNDIAL Ofertas da igreja ao redor do globo beneficiarão projetos missionários na África de língua portuguesa MATEUS TEIXEIRA
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pesar de estarem separados por quase 4 mil quilômetros, nos extremos do continente, Moçambique e São Tomé e Príncipe são unidos pelo idioma e por grandes necessidades. Os dois países de língua portuguesa na África, que pertencem ao território da Divisão Sul-Africana Oceano Índico, serão o destino das ofertas missionárias do primeiro trimestre. Os recursos provenientes de todo o mundo tornarão possível o estabelecimento de um centro de reabilitação de dependentes químicos, bem como a construção de uma nova igreja para alcançar públicos diferenciados e de um auditório multifuncional para uma escola de ensino fundamental e médio em São Tomé e Príncipe. Já no caso de Moçambique, as ofertas missionárias ajudarão na construção de uma escola e de um orfanato para crianças cujos pais foram vítimas do HIV. Outra parte dos recursos será destinada à expansão do Departamento de Alimentação e Nutrição da universidade adventista no país. Depois de aceitarem o chamado para servir na Universidade Adventista de Moçambique (UAM), em 2016, o pastor Heraldo Lopes e a 40
esposa, Malu, notaram que a desnutrição entre os próprios alunos era um dos problemas que demandavam atenção. Certa vez, Heraldo encontrou um rapaz cozinhando uma pequena porção de arroz com um pouco de repolho e ouviu dele que aquela seria a única refeição do dia para uma família de três integrantes. Sabendo que os estudantes não conseguiriam ter um bom aproveitamento na escola se estivessem com fome, o casal foi em busca de ajuda. A primeira resposta às orações foi uma doação feita por um missionário para a construção de uma cantina, o que possibilitou refeições diárias para todos. Com o passar do tempo, a universidade ganhou novos prédios e áreas de estudo. A igreja da UAM, que estava em péssimas condições, foi reformada. Uma nova biblioteca também foi construída no campus e novos livros foram doados para o acervo. Como resultado, a universidade recebeu o mais alto nível de credenciamento concedido pelo governo do país. Além disso, a implantação de um instituto de missões fortaleceu o trabalho de preparar missionários. Nos últimos anos, a igreja também cresceu no arquipélago de São Tomé e Príncipe, o segundo menor país da África e uma das menores economias do continente africano. Em três anos, o número de igrejas nesse território saltou de 70 para 110. Graças a projetos como a Missão Calebe e às transmissões da TV Novo Tempo, a igreja se tornou mais conhecida e respeitada pelas autoridades locais e a população em geral. No entanto, o adventismo na região continua tendo necessidade do básico para poder trabalhar. Como conta Fernando Lopes, brasileiro que administra a sede adventista no arquipélago, faltam Bíblias e outros materiais evangelísticos, por exemplo. O pastor Fernando conta que, certa vez, recebeu em sua casa um jovem que lhe pediu um exemplar das Escrituras. Ministrar estudos bíblicos sem ter uma Bíblia em mãos era motivo de constrangimento para o rapaz. “Ao receber o livro de presente, o jovem disse emocionado: ‘Agora o soldado vai armado para a guerra’”, conta Lopes. Graças à generosidade de adventistas espalhados pelo mundo e do envio de Bíblias, guias de estudo e outros materiais, como fez recentemente a CPB, novas frentes de trabalho devem se abrir na África. ] MATEUS TEIXEIRA é estudante de Teologia e Jornalismo na Universidade Adventista del Plata, na Argentina
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Foto: Divisão Sul-Africana Oceano Índico
Depois de receber apoio financeiro da igreja mundial em 2015, a Divisão Sul-Africana Oceano Índico será novamente beneficiada com as ofertas missionárias. Parte dos recursos será destinada à expansão do departamento de Nutrição da Universidade Adventista de Moçambique
DISCIPULADO
Na tentativa de discipular as novas gerações, a igreja na América Central tem investido em recursos para incentivar o estudo da Bíblia
FOCO NAS NOVAS GERAÇÕES
Programa realizado no território da Divisão Interamericana levou 12 mil adolescentes ao batismo em 2018 LIBNA STEVENS
ormada pelo México, Caribe, América Central e cinco países mais ao norte da América do Sul, a Divisão Interamericana é o território administrativo que concentra o maior número de adventistas. Investir nas novas gerações tem sido uma das ênfases da igreja nessa parte do mundo. Por isso, 2018 foi o Ano da Criança e do Adolescente.
Foto: Libna Stevens
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O programa de discipulado realizado ao logo de doze meses nas igrejas locais e escolas adventistas reforçou os princípios cristãos e incentivou os participantes a estudar, viver e compartilhar a mensagem do evangelho com amigos e vizinhos. O resultado foi o batismo de 12 mil crianças e adolescentes. A iniciativa proporcionou uma viagem pelos 66 livros da Bíblia. À medida que estudavam e aprendiam valores importantes para o desenvolvimento do caráter, como veracidade, cortesia, respeito, gratidão, perdão, pontualidade, serviço, responsabilidade, obediência, integridade, otimismo e bondade, eles recebiam distintivos e pins
que eram colocados em mochilas personalizadas. Segundo Dinorah Rivera, diretora do Ministério da Criança e do Adolescente para essa região, um dos objetivos da iniciativa foi conscientizar sobre a importância de envolver as crianças em todos os aspectos da missão da igreja. “Precisamos prepará-las para defender nossos valores e princípios, e incentivá-las a ser semelhantes a Jesus no caráter e no espírito de missão e serviço. Elas precisam entender que também fazem parte da comissão da igreja de ir e alcançar outras pessoas para o reino de Deus”, enfatiza. O presidente da Divisão Interamericana parabenizou os diretores
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regionais, professores e todos os que ajudaram a tornar essa iniciativa um sucesso. “Deus precisa ser importante em nossa vida e Ele procura testemunhas fiéis tanto entre adultos como entre as crianças”, enfatizou o pastor Elie Henry. Os líderes da iniciativa seguiram um manual, usaram distintivos, pins, mochilas e o aplicativo para celular chamado VE.app, que oferecia atividades, versos bíblicos, mensagens e jogos para reforçar o traço de caráter enfatizado a cada semana e mês do ano. Dinorah explica que o programa de discipulado das novas gerações está sob o guarda-chuva do programa geral da Divisão Interamericana intitulado “Senhor, Transforma-me!”, que tem buscado envolver todos os membros na missão. As crianças e os adolescentes de cada sede administrativa regional dentro do território da Divisão Interamericana que completaram o programa com excelência foram homenageados em dezembro com certificado, troféu e uma mochila nova. ] LIBNA STEVENS é diretora associada do departamento de Comunicação da Divisão Interamericana
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DA TRAGÉDIA À ESPERANÇA Como os adventistas apoiaram os sobreviventes da calamidade em Brumadinho e auxiliaram o trabalho incansável das equipes de resgate LEONARDO SAIMON
tragédia em Brumadinho (MG), na tarde do dia 25 de janeiro, fez Minas Gerais reviver o horror que assombrou o estado há cerca de três anos, quando uma calamidade semelhante varreu o subdistrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana (MG). Foi por volta de 12h30 que a barragem contendo 12,7 milhões de m³ de rejeitos de minério de ferro se rompeu na Mina Córrego do Feijão, soterrando de maneira rápida e avassaladora o que encontrou pela frente. Leonardo Arruda conta como recebeu a notícia. “Eu não tinha ideia da proporção da tragédia. Quando cheguei ao local do acidente, soube que já havia mais de 300 pessoas desaparecidas”, relata o morador de Brumadinho, que perdeu vários amigos.
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Em meio ao cenário caótico, chamou a atenção a onda de solidariedade. Equipes de resgate conquistaram respeito e admiração pelo trabalho incansável na tentativa de encontar sobreviventes, localizar corpos e salvar animais que agonizavam na lama. Uma articulista do site do jornal El País chegou a sugerir que o Prêmio Nobel da Paz deste ano fosse entregue aos Bombeiros que trabalharam em Brumadinho. O ímpeto solidário também mobilizou voluntários da igreja, que, entre outras ações, reuniram mantimentos e outros artigos de primeira necessidade para as famílias afetadas. Voluntários que participavam do projeto Missão Calebe resolveram parar suas atividades corriqueiras e olhar para Brumadinho. Um ponto missionário que ficava próximo ao Instituto Médico Legal (IML), por exemplo, decidiu dedicar tempo para acolher as famílias enlutadas. “Um amigo sugeriu que atendêssemos as famílias que estavam de luto, abraçando-as e compartilhando da dor que elas estavam sentindo. Foi um momento bem difícil”, relembra Thiago Silva, um dos líderes do grupo. Um dia depois da tragédia, representantes do escritório estadual da Agência Adventista de Recursos Assistenciais (ADRA) visitaram o local do acidente e conversaram com as autoridades para identificar as principais necessidades. Pouco tempo depois, uma Unidade Móvel da ADRA partiu de Alegrete (RS) com o objetivo de atender duas cidades duramente afetadas pelo rompimento da barragem: Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira. Cerca de 900 refeições, incluindo desjejum, almoço e jantar, foram distribuídas diariamente para moradores, bombeiros e voluntários que prestavam assistência no local. Enquanto uma equipe realizava visitas na comunidade, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros prestavam atendimentos básicos e psicossociais. “A ADRA está aqui para que, através de suas ações, traga esperança e solidariedade às pessoas que perderam tanto”, afirmou na ocasião o pastor Paulo Lopes, diretor da agência humanitária na América do Sul. Em 2015, a ADRA também acompanhou o drama vivido pelas famílias de Mariana. Na época, a agência A ajuda da igreja distribuiu 600 kits de higiene e 330 chegou em mil litros de água potável para GoverBrumadinho (MG) nador Valadares, uma das cidades por meio de que tiveram o abastecimento afetado. voluntários e Como enfatiza Paulo Lopes, apedo caminhão sar de as tragédias serem parte da da ADRA. Na existência num mundo afetado pelo unidade móvel pecado, elas também são uma oporda agência, além tunidade para aliviar o sofrimento e do atendimento compartilhar esperança. ] psicossocial, foram oferecidas 900 refeições diariamente
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LEONARDO SAIMON é assessor de comunicação da sede administrativa da Igreja Adventista para a região central de Minas Gerais
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Foto: Bárbara Katherinne
SOLIDARIEDADE
SOCIEDADE Apesar de estar funcionando há pouco mais de três meses, projeto da ADRA no Amazonas atende cerca de 100 pessoas por dia e já se tornou uma referência no antedimento aos refugiados na região
SERVINDO AOS REFUGIADOS
Projeto da ADRA BRASIL no Amazonas fortalece o trabalho da igreja com imigrantes venezuelanos que vivem na capital do estado CÍGREDY NEVES
agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) estima que cerca de 15 mil venezuelanos estejam morando em Manaus (AM). Em resposta a essa situação, a ADRA Brasil Regional Amazonas, por meio do seu Núcleo de Desenvolvimento, viu a necessidade de criar o projeto CARE (Centro de Apoio e Referência a Refugiados e Migrantes). Inaugurado em dezembro de 2018, o local passou a atender pessoas que chegam sem documentos e que perderam o contato com familiares.
Foto: Fernando Borges
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Ali elas recebem apoio psicológico, orientação jurídica e ajuda para preparar o currículo, além de poder fazer ligações telefônicas internacionais e acessar a internet gratuitamente. Quem chega ao CARE também é atendido por uma assistente social, cadastrado no Sistema Nacional de Emprego (SINE) e encaminhado para outros serviços oferecidos pela prefeitura e o estado. No espaço também são realizados cursos gratuitos que R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
incentivam o empreendedorismo. Maria, nome fictício para preservar sua identidade, está entre as pessoas que foram atendidas pelo projeto. Ela era contadora pública na Venezuela e sofreu violência política. Estava grávida de 5 meses quando foi espancada pelos cha mados “coletivos”, defensores do governo de Nicolás Maduro. Felizmente, conseguiu chegar a Pacaraima, em Roraima, na fronteira entre os dois países, e
foi socorrida. Sua filha nasceu prematuramente. Por algum tempo, os graves ferimentos causados pelos agressores lhe provocaram muita dor e colocaram sua vida em risco. Depois de chegar a Manaus, em setembro do ano passado, ela descobriu o CARE, onde foi encaminhada ao Instituto da Mulher e conseguiu atendimento médico pelo SUS. Dezenas de refugiados chegam diariamente ao núcleo da ADRA à procura de auxílio. Muitos deles possuem qualificação profissional, mas lhes falta oportunidade de trabalho. Felizmente, muitos dos que têm sido atendidos pela agência humanitária adventista já mudaram de perspectiva. “Algumas dessas pessoas já estão empregadas e recuperaram a autoestima”, conta Rosimélia Figueiredo, coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento. O diretor da ADRA Brasil Regional Amazonas, Brad Mills, acrescenta que o projeto CARE tem sido um ponto de referência no município. “Conseguimos facilitar o acesso às informações necessárias para que os refugiados se adaptem mais rapidamente e consigam emprego”, destaca. Para o chefe do escritório da Acnur em Manaus, Sebastian Roa, a implantação do projeto proporcionou aos imigrantes serviços diferenciados em um só lugar. O plano para os próximos meses é ampliar o leque de serviços e parcerias. Há uma rede de voluntários dispostos a atender, incluindo médicos, dentistas, enfermeiros e psicólogos. No entanto, também há necessidade de insumos e medicamentos para atender essa demanda. ] CÍGREDY NEVES é jornalista e atua como assessora de comunicação da ADRA Brasil Regional Amazonas
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LOGOS
INESPERADA PARA ALGUNS E AGUARDADA POR OUTROS, A VINDA DE CRISTO SURPREENDERÁ A TODOS FERNANDO DIAS
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arcar datas para a segunda vinda de Jesus tem sido uma tentação para os cristãos ao longo da história. Adventistas e evangélicos em geral não estão livres dessa armadilha. Se a Igreja Adventista foi vacinada contra essa tendência no início do movimento, infelizmente ainda é possível encontrar especulações entre um ou outro membro. Por incrível que pareça, os primeiros discípulos já eram inclinados a especular sobre a data da segunda vinda de Cristo. “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século”, eles pediram (Mt 24:3). Em Seu sermão profético (Mt 24–25), o Salvador os advertiu contra duas posturas errôneas: o sensacionalismo (capítulo 24) e a indiferença (capítulo 25). Ele sabia que somos susceptíveis a oscilar entre essas duas atitudes em relação a Seu retorno. 44
Mesmo hoje, muitos tentam marcar a data da vinda de Jesus ou dos eventos finais. Outros estabelecem uma data-limite e dizem que Cristo pode vir a qualquer dia antes do prazo que eles descobriram. Esses cálculos não autorizados por Deus (Mt 24:36) levam a negligenciar o preparo para o encontro com Cristo, pois ainda haveria algum tempo até o cumprimento da profecia, ou a desprezar os demais aspectos da vida, já que o tempo seria tão breve que não valeria a pena cuidar de nada mais. Alguns somam um período de tempo mencionado na Bíblia à data de um fato com o fim de descobrir a data do cumprimento de uma profecia. Em 2018, quando o Estado de Israel completou 70 anos, alguns calcularam a data do “arrebatamento” a partir desse evento. O ano terminou e nada aconteceu, mas há ainda quem tente descobrir novas datas para o fim. TEMPOS PROFÉTICOS A Bíblia aponta períodos proféticos prévios à volta de Cristo. O profeta Daniel relatou: “Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas
maravilhas? Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por Aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão” (Dn 12:6-7). O homem vestia o mesmo traje que o sumo sacerdote usava no Dia da Expiação (Lv 16:4, 32) e representa Cristo, nosso sumo sacerdote celestial (Hb 8:1; 9:11), oficiando no Dia da Expiação antitípico (Dn 8:14; Hb 9:7), quando há um juízo prévio de cada pecador (Lv 16:29-33; 23:27-29). Em vista da dúvida do profeta a respeito do “fim destas coisas” (Dn 12:8), Deus lhe revelou outros períodos de tempo: 1.290 dias (v. 11) e 1.335 dias (v. 12). Anteriormente, Deus já lhe havia revelado outros prazos proféticos: 2.300 “tardes e manhãs” (Dn 8:14, 26); 70 semanas proféticas (9:24–27), divididas em períodos de “sete semanas” e 62 “semanas” (v. 25) e uma última “semana”, com a unção do Messias no início da semana e Sua morte na metade desta (v. 26, 27). O período de “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
Foto: Adobe Stock
A qualquer momento
EM SUA SABEDORIA, AO NÃO NOS REVELAR A DATA DA VINDA DE CRISTO E DOS EVENTOS QUE A ANTECEDEM, DEUS QUIS NOS PROTEGER DOS PERIGOS DO SENSACIONALISMO E DA INDIFERENÇA
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(Dn 7:25; 12:7; Ap 12:14) equivale a três anos e meio, 42 meses (Ap 11:2; 13:5) ou 1.260 dias (Ap 11:3; 12:6). Aplicando o princípio de que, na profecia, um dia equivale a um ano (Nm 14:34; Ez 4:6), descobrimos um período de 1.260 anos de apostasia e opressão (Dn 7:25; Mt 24:22, 29; 2Ts 2:1-12; Ap 11:2, 3; 12:6, 14). Esse tempo se cumpriu entre os anos de 538 e 1798, respectivamente datas de ascensão e queda do papado como potência política. Os demais períodos de tempo previstos por Daniel também levam em conta o princípio profético dia/ano e se encaixam uns nos outros, conforme se pode ver no diagrama. Entender que esses períodos de tempo se relacionam entre si e seguem o princípio de que um dia equivale a um ano previne o sensacionalismo. O ano 457 a.C., data do decreto para a reconstrução de Jerusalém, é o ponto de partida para as profecias de tempo (Dn 9:25; Ed 7). As demais datas articulam entre si. NÃO HAVERÁ MAIS TEMPO Daniel selou o livro que escrevia (Dn 12:4). No Apocalipse, o apóstolo João viu um livro selado ser aberto (Ap 5:1–6:17; 8:1). À medida que o livro era aberto, ocorriam sinais da vinda de Cristo (Ap 6). Depois, João presenciou os seis primeiros anjos tocarem suas trombetas (Ap 8, 9), o que tipifica o anúncio do Dia do Juízo (Lv 25:9; Js 6:5, 20; Is 27:13; 58:1; Jl 2:1). Então, antes de o último anjo tocar sua trombeta (Mt 24:31; 1Co 15:52; 1Ts 4:16; Ap 10:7; 11:15), João viu um “anjo forte” segurando um livro aberto (Ap 10:1). Este anjo de Apocalipse 10 é semelhante a Cristo (ver Ap 1:12-16). Ellen G. White comentou: “O poderoso Anjo que instruiu João não era ninguém menos que Jesus Cristo” (Cristo Triunfante, p. 344). O Anjo aparece entre as nuvens (Ap 10:1), assim como o Filho do Homem veio entre nuvens até o Ancião de Dias para receber autoridade para julgar (Dn 7:13, 14). Como na visão de Daniel 12, o Anjo também faz um juramento: “Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu e jurou por Aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora” (Ap 10:5, 6). A palavra grega traduzida por “demora” é chronos, que significa “tempo”. A maioria dos tradutores da Bíblia parece não ter percebido muito bem o sentido na frase “já não haverá tempo” e preferiu traduzir chronos por
“demora”. O verbo grego chronizo, derivado do substantivo chronos, significa “demorar” ou “atrasar- se” (Mt 25:5). O substantivo chronos, no entanto, nunca significa “demora”. Como se pode observar, há muitas semelhanças entre Daniel 12 e Apocalipse 10. A diferença é que, enquanto na profecia de Daniel Cristo jurou que haveria períodos de tempo, em Apocalipse Cristo jurou que não haverá mais um chronos, isto é, um tempo. Por isso, Ellen G. White escreveu: “Esta mensagem anuncia o fim dos períodos proféticos” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 108). Os períodos preditos por Daniel terminaram em 1844, quando se completaram os 2.300 anos e iniciou no santuário celestial o Dia da Expiação profético (Dn 8:14). Depois, não há mais profecia de tempo para se cumprir. Ellen G. White enfatizou: “Tenho sido advertida repetidamente com referência a marcar tempo. Nunca mais haverá para o povo de Deus uma mensagem baseada em tempo. Não devemos saber o tempo definido nem para o derramamento do Espírito Santo nem para a vinda de Cristo” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 188). “O tempo não tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o será” (Primeiros Escritos, p. 75). Deus, em Sua sabedoria, quis nos proteger dos perigos do sensacionalismo e da indiferença ao não nos revelar a data da vinda de Cristo e dos eventos que a antecedem. “E por que Deus não nos deu esse conhecimento? Porque não faríamos dele o devido uso […]. Não devemos viver em excitação acerca de tempo. Não nos devemos absorver com especulações relativamente aos tempos e às estações que Deus não revelou” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 189). Mais importante que saber quando Cristo virá, é prepararse para encontrá-Lo. ] FERNANDO DIAS, pastor e mestrando em Teologia, é editor na CPB
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MEMÓRIA
Alcides Campolongo, aos 94 anos, em São Carlos (SP), por causa de problemas respiratórios. O foco de sua vida longeva sempre foi o evangelismo. Além de ter realizado mais de cem conferências públicas e levado milhares de pessoas ao batismo, ele foi pioneiro no televangelismo no Brasil. Com voz calma e palavras bem pronunciadas, fez história como apresentador do primeiro programa evangélico da TV brasileira, o Fé Para Hoje, veiculado inicialmente na extinta TV Tupi e, mais tarde, pela TV Gazeta, Bandeirantes, Record e Novo Tempo. Mas sua influência foi além da tela. Campolongo publicou textos durante uma década no jornal Diário de S. Paulo. Por isso, a Associação Paulista de Imprensa lhe outorgou a carteira de jornalista. Como líder de vários departamentos na Associação Paulistana da Igreja Adventista, ele também deixou um importante legado como relações públicas e pioneiro na implantação de cursos antitabagistas no Brasil. Deixa a esposa, Neide. Em novembro de 2015, a Revista Adventista publicou um perfil dele. Veja também a matéria postada no site do periódico por ocasião do falecimento (revistaadventista. com.br) Antonio Luiz de Moraes, aos 86 anos, em Santo André (SP), vítima de AVC. Carinhosamente conhecido como “Tiozinho”,
era membro da Igreja de Vila Assunção. Deixa a esposa, Maria Helena, dois filhos e dois netos. Cecília de Medeiros Moraes, aos 87 anos, em Curitiba (PR), vítima de insuficiência cardiorres-piratória. Catarinense de Blumenau, foi batizada em Castro (PR), em 1969. Era membro da Igreja de Itapema (SC) desde 1986, onde serviu no ministério de assistência social. Destacou-se como mãe e esposa exemplar. Viúva, deixa três filhos, dois netos e quatro bisnetos. Christiano Fuckner, aos 79 anos, em Itajaí (SC), vítima de AVC e infecção abdominal. Nascido numa família adventista em Iacanga (SP), foi batizado em 1955. Por 68 anos foi membro da Igreja de Santo Amaro, onde serviu como secretário, diácono, e diretor esportivo do Ministério Jovem. Educou seus filhos de acordo com a mensagem adventista. Deixa a esposa, Eladir, três filhos e quatro netos. Jacira de Oliveira Castro, aos 86 anos. Filha de pioneiros do adventismo em Alto Caparaó (MG), frequentava a Igreja Central do Rio de Janeiro. Dedicou a vida à igreja, trabalhando como professora e instrutora bíblica nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Levou muitas pessoas ao batismo. Deixa um filho.
Manoel da Silva, aos 79 anos, em Navegantes (SC), vítima de infarto. Batizado havia 19 anos, desde 2012 era membro da Igreja de Escalvado, onde destacou-se por sua atuação como diácono, assiduidade na Escola Sabatina e fidelidade nos dízimos e ofertas. Deixa a esposa, Alvorina, três filhos, três netos e quatro bisnetos. Maria Benedita Ferreira Gonçalves, aos 65 anos, vítima de infarto. Foi uma diaconisa atuante na Igreja de Dom Bosco, em Poços de Caldas (MG). Em sua atuação profissional como cabelereira, procurava encorajar e orientar espiritualmente as clientes. Destacou-se como um exemplo de esposa, mãe e avó. Deixa o esposo, Lauresto, três filhas e um filho adotivo, e cinco netos. Maria Isolina Spada, aos 79 anos, em Colombo (PR), vítima de um AVC decorrente de diabetes. Gaúcha de Camaquã, foi funcionária na CPB na década de 1960, em Santo André (SP). Deixa o esposo, Odair, três filhos, 14 netos e cinco bisnetos. Maria Xavier de Lima Lemos, aos 69 anos, no Rio de Janeiro, vítima de câncer cerebral. Batizada havia 50 anos, era membro da
Igreja de Paciência, onde serviu como diaconisa por muitos anos. Seus hinos favoritos eram “Se Tu Buscares a Jesus” (HASD, 117) e “Além do Rio” (HASD, 570). Viúva, deixa um filho. Marinho Dias, aos 97 anos, em Uberlândia (MG). Conheceu a mensagem adventista há 70 anos, sendo um dos primeiros adventistas batizados nessa cidade. Ajudou a estabelecer a Igreja Central de Uberlândia e as de Almerindonópolis e de Cachoeira Dourada (GO). Destacou-se por sua disciplina na leitura diária da Bíblia. Deixa a esposa, Leny, dois filhos, quatro netos e três bisnetos. Nadir Alves Da Cruz, 72 anos, vítima de parada cardíaca. Serviu como diaconisa e diretora do ministério de assistência social na Igreja de Santa Teresinha, em São Gabriel da Palha (ES). Deixa cinco filhos e quatro netos. Nadismar Marques de Araújo Silva, aos 50 anos, em Boqueirão (PB), depois de cinco anos de luta contra um câncer no ovário. Serviu à igreja local como líder dos Ministérios da Criança, da Mulher, Jovem, Pessoal e Escola Sabatina, além de atuar por mais de 20 anos como tesoureira. Sua fidelidade e dedicação, mesmo em meio à doença, foi um belo testemunho. Deixa o esposo, Luiz Carlos, e um casal de filhos.
“ B E M - AV E N T U R A D O S O S M O R T O S Q U E , D E S D E A G O R A , M O R R E M N O S E N H O R ” 46
(APOCALIPSE 14:13)
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EM FAMÍLIA
QUEM ME ROUBOU DE MIM?
O QUE FAZER QUANDO VOCÊ MESMO SABOTA SEUS PLANOS E SE VITIMIZA? TALITA CASTELÃO
Ilustração: Adobe Stock
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ano está apenas começando e com certeza você tem muitos planos e metas. A gente sempre espera que as coisas melhorem no aspecto financeiro, na área espiritual, nos relacionamentos, na saúde, no trabalho, nos estudos e na qualidade de vida. Aí o ano passa e, como tudo continuou mais ou menos do mesmo jeito, a gente fica com a sensação de ano perdido, como se alguém houvesse nos roubado de nós mesmos e de nossos projetos. Será possível fazer de 2019 um ano diferente? É importante planejar e saber aonde se quer chegar. Gosto de ir a casamentos e imaginar como os noivos pensam que sua vida será a partir daquele “sim”. Com certeza, eles pensam em mudanças boas. Mas também recebo casais no consultório que em menos de um ano de casamento se sentem completamente perdidos, como se tivessem sido roubados de si mesmos. Não se entendem e normalmente cada qual responsabiliza o outro pela mudança na vida, por não mais fazerem as coisas que gostavam de fazer antes do casamento, e assim por diante. É verdade que tanto na vida a dois como em outras situações muita coisa muda, mas às vezes muda demais. E muda tanto que nos perdemos no caminho e nos esquecemos de quem somos e do que gostamos. Quando desejamos realizar projetos, precisamos seguir algumas etapas. A primeira é definir exatamente uma meta alcançável, no prazo de tempo e com as possibilidades reais que se tem. É muito importante estabelecer prazos. Isso ajuda a não perder o foco e não ficar paralisado. A segunda coisa é saber que você é a pessoa que precisa cuidar do seu projeto. Não adianta ficar responsabilizando o outro pelas coisas que você deseja alcançar. Costumamos culpar as pessoas do entorno pela nossa procrastinação. Mas na grande maioria das vezes somos nós que nos acomodamos e não queremos pagar o preço de investir numa realização que dá trabalho. Por último, é preciso driblar as barreiras que aparecem e não desanimar na primeira dificuldade. Não é o seu pai, mãe ou cônjuge que lhe impede de fazer algo. Normalmente é você mesmo R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
QUEM NÃO VIVE OS PROJETOS QUE IDEALIZA SIMPLESMENTE RESPIRA, MAS NÃO TEM VIDA
que se sabota e se vitimiza. Então, se não deu certo por um caminho, tente outro e outro, até chegar ao seu destino. Claro que no percurso você pode ter a interferência de alguém ou de algo. Porém, muitas vezes por conta de uma interferência, você deixa de fazer até o que poderia fazer sozinho e abandona todo o plano. Outro perigo mais grave ainda é abandonar a si mesmo. É ir deixando de se cuidar, de fazer as coisas de que se gosta e estar com as pessoas com quem se quer estar de verdade. Então, para evitar tudo isso, seja a prioridade na sua agenda. Muitos foram para tão longe de si mesmos que até acham estranha a ideia de gastar tempo consigo. Não se trata de egoísmo nem falta de empatia, mas é indubitavelmente um ato de sobrevivência. Pois quem não vive a própria vida e os projetos que idealiza simplesmente respira, mas não tem vida. Por isso, seja qual for a situação, dê um tempo para si. Faça uma lista de tudo que deseja realizar e não desanime. É fazendo as coisas de um jeito diferente que a gente alcança novos resultados. ] TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências
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VEREDITO FAVORÁVEL DOUTRINA ADVENTISTA SOBRE O JUÍZO INVESTIGATIVO É DEFENDIDA DE MODO CONSISTENTE E CLARO VINÍCIUS MENDES
O
juízo investigativo é a crença adventista mais desafiada ao longo dos anos. Ela tem sentado no banco dos réus dos tribunais evangélicos e sofrido incontáveis acusações. Partindo de pressuposições essencialmente protestantes, os críticos entendem que crer no juízo investigativo limite a onisciência divina, imponha ao cristão uma constante dúvida sobre seu estado perante Deus e resulte em tentativa de salvação pelas obras. A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem consistentemente respondido a essas objeções, em especial a partir da década de 1980. Incontáveis teses doutorais foram escritas sobre os diversos assuntos que dialogam com essa temática, o que acabou enriquecendo nossa teologia sobre o santuário com profunda base bíblica. Porém, como ocorre muitas vezes nos tribunais, em que a linguagem jurídica não é acessível para o público em geral, esses estudos têm ficado restritos aos círculos teológicos. Outro desafio é o volume de informação. Poucas pessoas teriam tempo de ler todas essas teses. Pensando nisso, o teólogo e editor Marvin Moore deu início a uma grande empreitada. Ele dedicou um ano revisitando as melhores teses e livros sobre o tema e um ano e meio escrevendo suas conclusões. O resultado é a obra Na Corte Celestial: Em Defesa do Juízo Investigativo (286 p., R$ 76), lançada no início deste ano pela CPB. Em primeiro lugar, o autor responde afirmativamente à pergunta R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
se a Bíblia sustenta a ocorrência de um juízo investigativo. Na sequência, analisa a relação entre o juízo investigativo, a justificação pela fé e o grande conflito. Depois de uma abordagem histórica, Moore investiga o tema a partir da perspectiva bíblico-teológica. Ele se concentra em analisar as referências ao assunto em Levítico, Daniel e Hebreus e as relaciona com a doutrina do santuário. Por fim, apresenta a posição de Ellen G. White a respeito do tema e conclui refletindo sobre a relevância do juízo investigativo. Na Corte Celestial oferece um veredito abalizado e favorável a uma das principais doutrinas adventistas. Mais do que isso, a obra mostra a base bíblica para entendermos que, por meio do juízo divino, a salvação é aplicada na vida de todos que se aproximam com fé do trono da graça (Hb 4:16). ] VINÍCIUS MENDES é pastor e editor de livros na CPB
TRECHO
“De fato, alguns pregadores e evangelistas adventistas têm usado o juízo investigativo para pressionar as pessoas a viverem a santificação.
‘Você nunca vai saber quando seu nome será considerado no juízo!’, advertem de modo ameaçador. [...] Essa visão deixa as pessoas em um constante estado de incerteza sobre sua situação com Deus. Entretanto, essa maneira de enxergar o juízo pode ser facilmente eliminada tendo a verdade bíblica da justificação pela fé em contraponto” (p. 16, 17). 49
ENFIM
MENOS É MAIS
APESAR DA PRESSÃO DA SOCIEDADE CONSUMISTA ATUAL, O QUE POSSUÍMOS NÃO DEVE NOS POSSUIR NEM NOS DEFINIR GERALDO BEULKE
V
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É MELHOR TER POUCO COM TRANQUILIDADE DO QUE MUITO COM UM IMENSO VAZIO NA ALMA atrás do vento” (Ec 4:6, NVI). Esse texto nos remete a duas aplicações relacionadas ao consumismo. Primeira, o preço a ser cobrado por uma vida centrada em consumir e acumular pode ser muito mais caro do que o valor dos bens adquiridos. Segunda, com as duas mãos cheias de bens adquiridos para nós mesmos, ficamos ocupados demais para estendêlas em ajuda a quem precisa e em adoração a Deus. O foco em adquirir e acumular nos rouba a energia e o tempo necessários para o trabalho demorado de amar os outros e a Deus. Em parte, esse foi o problema daquele rico produtor da parábola de Lucas 12:15-21. Lendo com atenção o texto bíblico, reparamos como os planos daquele homem gravitavam em torno do próprio
ego. Seus bens o definiam, pois o possuíam. Por isso, Jesus introduziu a parábola afirmando que “a vida de um homem não consiste na quantidade de seus bens”. O consumismo é um “parasita” transmitido pela mosca da ganância (Eugene Peterson, A Linguagem de Deus [Mundo Cristão, 2011], p. 73). Somos todos vulneráveis. Às vezes há anticorpos bíblicos suficientes em nossa mente; outras vezes, não. De quando em quando, nos vemos pensando, à semelhança daquele fazendeiro, em construir um celeiro maior. Deixamos de ver dádivas, dinheiro e bens como amor a ser compartilhado e começamos a calculá-los como meios de nos render prestígio, influência e atenção. Portanto, precisamos viver por estes princípios: a vida de uma pessoa não consiste na quantidade de seus bens, então é melhor ter um punhado com tranquilidade do que dois punhados à custa de muito esforço e de correr atrás do vento. Aquilo que possuímos não deve nos possuir. ] GERALDO BEULKE, pastor em Tatuí (SP), está cursando o doutorado em Teologia pelo Unasp
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
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ivemos numa sociedade em que tudo está à venda e numa época em que se crê que quanto mais se consome mais se tem garantias de bem-estar, prestígio e valorização. Há quem afirme que estamos nos desequilibrando na linha perigosa entre ter uma economia de mercado e ser uma sociedade de mercado (Michael J. Sandel, O Que o Dinheiro Não Compra [Civilização Brasileira, 2017], p. 14). Essa cultura de mercado resultou no que conhecemos como consumismo, que não é apenas um comportamento, mas uma visão de mundo (Mark Driscoll, Quem Você Pensa Que É? [Mundo Cristão, 2014], p. 18). Os bens carregam significados, emitem sinais sociais às pessoas ao redor e podem interferir em nossa identidade. Assim, roupas de grife, carros de última geração e novidades tecnológicas podem produzir um falso senso de segurança e se tornar uma muleta psicológica e social. O consumismo pode ser considerado uma compulsão caracterizada pela busca incessante de objetos novos sem que haja real necessidade deles. Torna-se uma forma de idolatria, cuja trindade a ser adorada consiste em móveis, imóveis e automóveis, exigindo em seu altar o sacrifício do tempo, da saúde, da paz, do convívio social e do bem-estar familiar. Quando cedemos a essa forma de idolatria, aquilo que possuímos passa a nos possuir. O conselho bíblico, sempre atual, é ainda mais significativo para nossos dias: “Melhor é ter um punhado com tranquilidade do que dois punhados à custa de muito esforço e de correr
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