NOVA em Folha | Edição Maio

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N O V A e m F o l h a

TUDO OU NADA

COM O FIM DO SEMESTRE, SENTIU-SE A NECESSIDADE DE DEITAR CÁ PARA FORA O QUE FOMOS GUARDANDO PARA MAIS TARDE. A ÚLTIMA EDIÇÃO DO NEF DESTE ANO LETIVO É UM TUDO OU NADA DE TODOS OS QUE DELE FAZEM PARTE. DA RESISTÊNCIA CONTÍNUA NA LUTA PELA LIBERTAÇÃO DA PALESTINA A TESTEMUNHOS DE FINALISTAS E DEDICATÓRIAS DOSMESMOS,PROMETEMOSUMAEDIÇÃOINTERESSANTE,ARREPIANTEECOMARTIGOSPARATODOSOSGOSTOS.

UMJORNALD@SESTUDANTESPARA@SESTUDANTES!

2024 Jornal Maio
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Todas as edições, aceitamos propostas de textos, poemas, críticas, receitas, crónicas, bitaites, artigos desportivos, notícias e destaques, reportagens, peças humorísticas,... de qualquer alun@ ou docente da FCSH, os quais são posteriormente revistos pela nossa equipa editorial

Aceitamos ainda propostas de fotografias, ilustrações, montagens,... não só para serem incluídas na nossa edição e na newsletter, mas também para se habilitarem a ser incluídas na capa desse mês!

Basta enviares para o seguinte e-mail: novaemfolha@fcsh unl pt

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A ado(p)ção do acordo ortográfico em vigor é uma decisão individual d@s membr@s da equipa de reda(c)ção e colaborador@s

Após a revisão completa do material recolhido pela equipa editorial, o seu conteúdo e versão final são da responsabilidade e exprimem somente o ponto de vista d@s respectiv@s autor@s Este jornal é impresso em papel 100% reciclado. notas

por GraciaSanTor via Flickr

Maio2024

Direção Beatriz Gomes Martins

Clara Figueiredo

Guilherme Machado

Redação Afonso Noronha

Beatriz Batista

Beatriz Ferreira

Beatriz Gomes

Beatriz I.N. Martins

Carolina Ramos

Diogo D’Alessandro

Revisão Clara Figueiredo

Guilherme Machado

Inês Fonseca

Leonor Moreira

Sofia Fernandes

EdiçãoGráfica Beatriz Gomes Martins

Clara Figueiredo

Madalena Grilo Teles

Guilherme Machado

Inês Moreira

Inês Fonseca

Leonor Moreira

Lourenço Salgueiro

Mariana Arruda

Mariana Carvalho

Mariana Ribeiro

Martin

Margarida Runa

Pedro Lázaro

Pietra Blasi

Tália Moniz

Victoria Leite

Colaboradores AEFCSH

Inês Jorge

Laura Abreu

Matilde Aires Pereira

Núcleo Feminista da FCSH

Ficha Técnica

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Índice

Editorial de despedida

AE em Folha

Abril e a paz: uma História de cooperação entre

povos

Estudantes que falam sem voz

#Ativismo: de George Floyd à Palestina, um

hastag de cada vez

Eleições europeias e ensino superior

O (novo) Mural da FCSH

Ecos de Mundos Opostos

Entre os Fidalgos de Israel e as Nossas Capas

Negras

Movimentos Sociais: uma perspetiva crítica/ O rescaldo

Pinkwashing sionista

O amor não existe

Quem tem medo da Cantina Popular?

Away from home: the first year

"E Depois do Adeus" (à licenciatura)

A Lei(cenciatura) de Murphy

Síndrome da Primavera

One Size Fits Cool Girls

Pressão Lazúli

Incidente em Antares de Érico Veríssimo, e incidentes outros que se apresentam pelo caminho

Agenda Cultural

As descobertas de Nuno Folha: o ensino superior

Chamava-se Catarina, O Alentejo a viu nascer

Eurovision and Politics: A Historical Overview

Eurovisão: Música é Política

I'll write you one first poem

Let’s all get together and manifest Joan Didion back to life

O Apoliticismo Político da Fórmula 1

A democracia corinthiana

Xabi Alonso, O Pensador Invicto

Dedicatórias de finalistas

Passatempos!

novaemfolha.ae@fcsh.unl.pt @novaemfolha.ae @novaemfolha.aefcsh 03 23 25 26 27 28 31 32 34 35 36 37 38 39 40 41 42
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EditorialdeDespedida

E no sétimo dia do primeiro semestre do Ano Um da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Deus (estudantes de comunicação)

disse: E Haverá Uma Publicação Periódica Estudantil Bimensal Repleta De Variedades E Com Vontade De Sair Mais Frequentemente E assim surgiu o NOVA em Folha

Mas antes desta história que acabamos de inventar, já existia jornalismo universitário Um dos melhores exemplos de que nos podemos lembrar é realmente o jornal Diferencial, publicado no Instituto Superior Técnico, e que pode traçar as suas origens ao ano de 1963 (aconselhamos a que vejam as suas edições antigas, assim como as antigas edições desta presente publicação, disponíveis na Biblioteca Mário Sotomayor Cardia) E o poder do “periodismo” ou, realmente, da escrita a nível universitário tem um potencial por vezes difícil de conceber É comum que a criação e a imaginação literária/cronística se vejam prisioneiras das exigências da academia e dos estudos formais, mas a capacidade de manter uma publicação autónoma e que permita às estudantes publicar e escrever com poucas amarras temáticas é importantíssimo, e é algo que acreditamos que deva ser preservado durante os próximos anos E não há evidência mais crua desta realidade que o ano que vivemos É hábito corrente e tema de conversa fácil, falar sobre como as coisas pioraram de um ano para o outro E apesar de isto se verificar na temperatura do planeta e na progressiva irreversibilidade do caos climático, noutros aspetos mais parece que as coisas pioram de um ano para o outro E apesar de isto se verificar na temperatura do planeta e na progressiva irreversibilidade do caos climático, noutros aspetos mais parece que as coisas sempre estiveram mal Sendo que a diferença é a nossa reação perante problemas fundamentais do mundo E este ano vimos uma Faculdade efervescente e atenta ao mundo exterior, assim como autodidata e introspetiva quanto à sua arte interior E foi sempre o nosso objetivo captar para as páginas desta publicação um espírito sério e combativo, assim como leviano e quase cómico que apenas conseguimos associar à nossa Faculdade

Quem faz o NOVA em Folha é esse ambiente da FCSH (de Berna a Campolide) e quem faz esta Faculdade são os seus estudantes (e não os bancos) Assim, felizes por termos podido colaborar com tão intrépida equipa e belíssima comunidade, queremos agradecer:

Pessoas de CC constantemente a gravar coisas que nunca percebemos bem o que são

Aos alunos de Geografia pela sua Ocupa invisível da sala de computadores

A quem, seja em marchas, protestos, vigílias, tendas, okupas, barricadas e ação, luta pela liberdade, pela libertação palestiniana, e assim, por todos nós

À Tia Leninha (obrigatório)

Ao combo mullet + bigode

Às futuras comentadoras de televisão

Aos alunos de Mestrado, sois a razão porque a Torre B se ilumina assim de noite

A todos os estudantes que não tiveram medo de confrontar o fascismo dentro da Faculdade (no pátio e em salas de aula)

A toda a gente, por pelo menos folhearem levemente o jornal na esplanada

Àqueles que adquirem o jornal somente pelas palavras cruzadas e reclamam nas nossas dm’s por serem indecifráveis.

Aos copos de café. Cinzeiros infinitos.

Aos gatinhos e patinhos de berna.

Numa nota mais séria, agradecemos, como direção, colegas e amigos, a todos aqueles que passaram pela nossa redação (que tanto ansiamos poder consolidar-se num lugar físico na faculdade, ou Alcântara, ao pé do Público) durante este ano Desde os que nos pedem para colocar mais do que um texto seu na mesma edição, àqueles que se perderam na nossa caixa de entrada do email e, com muita gentileza, nos vieram relembrar de que queriam muito fazer parte da equipa É de um luxo indescritível poder observar tanta gente, tão diferente, com uma vontade imensa pela escrita, seja para partilhar pensamentos, para anunciar novidades ou para melhorar o dia de quem lê São muitos os que já passaram pelo NeF (grande abraço, José Luís Peixoto!), desde os primórdios do jornal a esta mesma edição, e, se a amostra recolhida nos últimos dois semestres representa o corpo de redatores que por aqui passaram desde o início, então é um privilégio para nós poder dizer que, por um ano, fomos diretores do Jornal com as melhores palavras cruzadas de Portugal Um obrigado à Ana Catarina, nobre ex-diretora, amiga incondicional sem a qual não haveria o NOVA em Folha hoje, como o conhecemos

Do nosso lado, obrigado por este ano e felicidades aos novos licenciados. Um abraço do Gui, da Bia e da Clara.

04 Editorial Maio DireçãodaNOVAemFolha

FOLHAAEEM

No ano em que se assinalam os 50 anos da revolução de Abril, a AEFCSH enfatizou a sua luta pela defesa dos valores de Abril Realizaram-se várias iniciativas ao longo do mês, na nossa Quinzena de Abril

Também no dia 25 de Abril, ao lado de outras estruturas do Movimento Associativo Estudantil a AEFCSH desceu a Avenida da Liberdade rumo ao Rossio, num desfile popular de massas em que os estudantes, à semelhança do que tinham feito em Março, disseram bem alto que querem Mais Abril Aqui.

No dia 27 de Abril a AEFCSH marcou presença na inauguração do Museu Nacional da Resistência e Liberdade, homenageando os presos políticos em Caxias e Peniche

Também no dia 30 de abril, a AEFCSH, juntamente com outras AES, rumou até ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação para entregar a carta aberta “Queremos Mais Abril Aqui!”, reiterando a sua posição de defesa do ensino superior de Abril, um Ensino Superior Público, Gratuito, Democrático e de Qualidade! Entendemos que este Governo e o seu programa não têm respostas aos nossos problemas e a nossa luta intensificar-se-á!

Marcámos também presença na manifestação que assinalou os 76 anos da Nakba, no dia 11 de Maio, estendendo a nossa solidariedade em acções de contacto pela faculdade de mobilização para esta manifestação Além disso, vamos dando passos largos na campanha de recolha de fundos para a UNRWA, sendo que em breve anunciaremos uma doação

Por último, no passado dia 18 de Maio realizámos a nossa Queima das Fitas, um dia de sucesso para todos os estudantes e em que as famílias puderam desfrutar

Além desta atividade, muitas outras se realizaram e continuarão a realizar.

Sempre de portas abertas, a AEFCSH continuará nos próximos meses ao lado dos estudantes, tanto nas semanas que se seguem até ao final das aulas, mas também na época de exames e nas férias, momento em que começaremos desde logo a preparar o próximo ano lectivo!

2024 JornalAE Maio
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AbrileaPaz:UmaHistóriade cooperaçãoentrepovos

Numa altura em que se celebram os 50 anos da Revolução de Abril, e em que a escalada de conflitos a nível mundial é cada vez maior, não devemos deixar cair no esquecimento aquele que é o legado do povo português na luta pela paz e pela libertação e cooperação de todos os povos

A identificação de objectivos comuns da luta pela libertação dos povos africanos e da luta contra o regime fascista em Portugal, indissociáveis do carácter popular e profundamente democrático das lutas do povo português e dos movimentos de libertação nacional dos povos africanos foi o que propiciou a resistência e profunda ligação dos povos português e africano tanto na luta contra o fascismo e colonialismo, como aquando da conquista da independência e no processo de descolonização A separação é clara entre o regime fascista e colonialista de Portugal e o povo português e as forças de libertação das ex-colónias

A luta pela defesa dos interesses e reivindicações populares do povo português, pela democracia e soberania nacionais, tinha como uma das principais frentes o fim da guerra colonial e a independência das então colónias Poderemos questionarnos sobre se seria possível uma solução m guerra dentro do regime fascista e a resposta é clara e objectiva - não Uma solução para o fim da guerra nunca poderia dar-se a partir do governo colonizador, que tinha consigo a conivência da NATO e das suas principais potências Verdade é também que os problemas da guerra colonial e os seus reflexos nas forças armadas foram um gigantesco passo para a Revolução de Abril.

Na situação actual, onde a guerra se alastra no mundo inteiro, desde a Palestina m Ucrânia, passando pela Síria e pelo Sudão, coloca-se a necessidade de criar todas as condições para pôr

fim à guerra e construir a defesa da paz

A guerra não serve, como nunca serviu, aos povos; serve sim todos aqueles que a fomentam enviando mais armas e lucrando com a mesma

Está, na História de Portugal, para sempre inscrito o momento em que, após dois séculos de exploração e opressão colonialista pelo Estado Português, o povo português, em luta contra a ditadura fascista, e os povos das colónias em luta contra a opressão colonial, depois de muitos anos de uma injusta guerra, conquistaram a liberdade e a independência Essa inscrição é clara no 7º artigo da Constituição da República Portuguesa de 1976, onde são defendidos a solução pacífica dos conflitos e os princípios da paz e cooperação entre os povos, orientados pelos valores da soberania, do progresso social e de onde sejam definitivamente afastados os preconceitos Assim, da parte do Governo, no ano em que se celebram os 50 anos da Revolução de Abril, o que se impõe é que cumpra a sua Constituição, de forma a garantir todos os caminhos para alcançar a paz, fazendo uso de todos os seus instrumentos ao seu dispor para forçar ao diálogo e mais soluções políticas

Desta forma, e voltando ao princípio, não é possível negar a convergência da luta dos povos africanos e do povo português pela paz Negar essa convergência é negar Abril e negar todos aqueles que morreram na luta pela libertação e cooperação dos povos. Por isso, no passado dia 25 de Abril saímos m rua também para celebrar a paz e reivindicar o fim da escalada de todos os conflitos, a cooperação entre os povos e o fim de todas as formas de violência.

06 InêsJorge Opinião Maio
Observador
Fonte:

Estudantesquefalamsemvoz–até quando?

Os estudantes são tipicamente um grupo com muita força para defender as suas causas. Isso já era verdade há muitos séculos, mas continuaram incansáveis na ditadura do Estado Novo Durante o regime, eram comuns diversos tipos de protestos, que, por vezes, até levavam à prisão de estudantes Esta realidade ainda se acentuou na segunda metade dos anos 1960, quando, por todo o mundo, eclodiam movimentos de jovens –como o Maio de 68, em França – por melhores condições de vida e contra algumas decisões políticas dos governos Várias associações de estudantes portuguesas já tinham um forte papel contestatório

Um grande exemplo da força destes estudantes deu-se nesta altura, com as Cheias de 1967, que atingiram vários concelhos do distrito de Lisboa e causaram centenas de desalojados, desaparecidos e mortos: números impossíveis de precisar devido ao peso da censura, que justifica que uma catástrofe de tais dimensões não seja conhecida por grande parte da população. Os estudantes tiveram um papel essencial no apoio às vítimas, mesmo que isso fosse omitido

Começando por reuniões de planeamento e visitas às zonas afetadas para compreender os danos, estas ações passaram pela distribuição de mantimentos, pelo socorro direto em conjunto com os bombeiros, pela limpeza de vias de comunicação, pela consciencialização dos habitantes, pelo auxílio a idosos e crianças Os estudantes de Medicina ainda permitiram um maior alcance das campanhas de vacinação promovidas pela Direção-Geral da Saúde e pela Cruz Vermelha, além de instalarem postos clínicos e averiguarem o estado de saúde das vítimas As tarefas dos

“alutadosestudantes continuaaterum impactodemasiado

grandeedesafiador;mas vaicausandodanose

exigindomudanças.Vai mudandoomundo.

estudantes foram diversas e essenciais para evitar que o número de vítimas fosse maior

Para esse efeito, foi fundamental a coordenação da AE do Instituto Superior Técnico, que permitia a organização do apoio universitário Mesmo havendo estudantes com medo de agir em plena ditadura, a verdade é que os que se uniram para apoiar as vítimas das Cheias de 1967 tiveram um papel determinante, possibilitado pela organização e união das forças estudantis.

É um acontecimento que fará 57 anos em novembro deste ano, mas que continua atual A ideia de estudantes que lutam pelo bem-estar de determinados grupos e que acabam por ser abafados continua a ser frequente nas universidades portuguesas, em 2024 Agora, é a proteção do clima e a solidariedade com a Palestina que parecem incomodar A preocupação dos jovens pelo Outro continua a ser desestabilizadora

Assim como em 1967, a luta dos estudantes continua a ter um impacto demasiado grande e desafiador; mas vai causando danos e exigindo mudanças Vai mudando o mundo O reconhecimento pode não estar lá, mas os efeitos claramente estarão.

BeatrizFerreira Política/História Maio
07 IntervençãodosEstudantesdaFMUL-Fonte:FMUL
Cheiasde1967-Fonte Observador

Ativismo:deGeorgeFloydàPalestina, umhastagdecadavez

Estar a par de uma causa nunca foi tão fácil: de noticiários a posts nas redes, a informação flui de forma avassaladora Há que ter em mente, contudo, a militância oca e de modas, o ‘look good by doing good’, porque o que importa é a forma como sou perceived e nada mais

O ativismo performativo é o cúmulo do vazio social Esta dependência de simples e coloridos infographics como forma de mostrar a quem estiver lá para ver de que eu (sim!) sou um cidadão exemplar, empático e espetacular e que todos os que não fazem igual são monstros sem coração e que se estão pouco marimbando para x e y O silêncio do Zé que não põe um story (porque não liga às redes) é comparado ao silêncio de alguém com uma plataforma milionária, cuja “milionarísse” podia, actually, trazer atenção (ou mesmo fundos) para um dado issue A vocalização destas causas adquire, então, um estatuto narcisista, seja

para conseguir a approval dos pares, seja para se manter à tona do “cancelling” digital – porque a tua relevância é medida pela opinião alheia e não por ti enquanto pessoa, um dado chocante para um total de 0 people

Nada disto deve ser confundido com mensagens e apelos transmitidos sob a forma de performances artísticas – algo totalmente legit Todos sabemos que a arte e a política estão intertwined E todos, certamente, nos lembramos aquele quadrado preto acompanhado pela #blackouttuesday que meio mundo e mãe colocou no feed Enquanto acredito que muitos, efetivamente, apoiassem o BlackLivesMatter (e bem), também outros tantos se aproveitaram deste pretexto para mostrarem o badge de #ativista certificado, à espera de que a audience nas suas cabeças os aplaudisse de pé por fazer the bare minimum

Acho relevant referir, também, que pode

Ativismo Performativo Fonte: The Clarion

alidade assa a rrinha”, ntinuo o ir a – que ava de port e al para mo ao spread ida de

MargaridaRuna Crónica Maio
08
AtivismoPerformativo Fonte:PureWow

GuilhermeVaz

ELEIÇÕES EUROPEIAS E ENSINO

SUPERIOR - O TEU VOTO

CONTA

Se há coisa que a “estadia” de um estudante no Ensino Superior português permite perceber é que há uma causalidade objectiva de muitas das dificuldades que vamos enfrentando Problema a problema, entrave a entrave, salta sempre à vista que toda e qualquer dificuldade que se nos coloque à frente é filha das mesmas mães - o RJIES, a Propina e o subfinanciamento crónico, todos estes ferramentas de desvalorização do Ensino Superior Público e do seu carácter gratuito e universal Mais que tudotodos estes elementos são forçosamente elementos de um mesmo processo, o processo de privatização e elitização do Ensino Superior Esse é, também, o projecto que emana de Bruxelas e de Estrasburgo O caminho que a União Europeia traça aos estudantes do Ensino Superior em Portugal é o da erosão curricular, das barreiras económicas à entrada e permanência no Ensino Superior e da volatilidade existencial Mais que isso - é o caminho em que o Ensino Superior deixa autenticamente de ser uma ferramenta de desenvolvimento soberano de um país, passa a ser uma etapa de formação para entrada no mercado de trabalho, focada na dita “interdisciplinaridade” dos currículospretexto para, no caso concreto das ciências sociais, despi-las do seu carácter científico preponderante e, por seu turno, vesti-las como

mera ferramenta de capacitação para o mercado de trabalho e para o “empreendedorismo”

Em linhas gerais, com a presença de Portugal no processo de integração europeia, fomentouse a dinâmica de competição individual entre os estudantes e o seu trabalho individualizado, limitou-se a dinâmica colectiva nomeadamente com ataques à organização do Movimento Associativo Estudantil (quanto mais não seja por via do seu subfinanciamento), aumentou a carga horária e diminuíram-se as condições materiais das Instituições de Ensino Superior (IES) e encerraram-se, entre 1999 e 2019, 66 IES O financiamento das IES, a pretexto do reforço da sua autonomia, passou a também ser executado por fundos europeus, com aplicação condicionada

Não faltam provas, mas seriam necessários muitos mais caracteres para aprofundar esta ideia de que eleições europeias têm consequências objectivas na nossa vida quotidiana, de que a política europeia tem implicações gravosas no nosso dia a dia, desde as taxas de juro que o BCE nos impõe até ao processo de Bolonha e às suas consequências Votar dia 9, em defesa de um país soberano e que cumpra todas as suas potencialidades, é um imperativo de qualquer jovem preocupado com o seu futuro, com o futuro do país e com o futuro

da Europa

A juventude portuguesa merece ver o futuro que Abril traçou cumprido e bem cumprido Merece ser dignificada na sua existência, nos seus sonhos e nos seus objetivos Merece que se realizem as suas aspirações, merece casa para viver, salário justo e um Ensino para todos, e que respeite os estudantes e a sua preponderância no futuro do país Merece, no fundo, ter direito ao sonho e ao sono descansado de um jovem que vive num país livre, soberano e independente, que produz a sua riqueza de acordo com as potencialidades, que se ajusta às suas necessidades, livre de ditames e submissões, um país que defenda a paz e a cooperação entre povos Dia 9, vota em defesa de Abril dinâmica colectiva nomeadamente com ataques à organização do Movimento Associativo Estudantil (quanto mais não seja por via do seu subfinanciamento), aumentou a carga horária e diminuíram-se as condições materiais das Instituições de Ensino Superior (IES) e encerraram-se, entre 1999 e 2019, 66 IES O financiamento das IES, a pretexto do reforço da sua autonomia, passou a também ser executado por fundos europeus, com aplicação condicionada

Atualidade Maio
09

O(Novo) Muralda FCSH

Mais uma vez, o autocarro 756, cruz da experiência dos alunos do triângulo OeirasCascais-Sintra, chega depois da hora para que o motorista nos olhe a todos languidamente antes de serpentear pela Avenida de Ceuta acima, deixando no seu rastro uma amostra social relevante de malta da metadona, estudantes de Ciência de Dados e funcionários do Santander

O utilizador da camioneta - o acólito da arbitrariedade calculada do motorista rezingãodecide deixar-me numa paragem de autocarro recentemente reformada de modo a impedir que lá dormisse gente desagradável - e pior, que lá ficassem pessoas fazendo algo que não esperar pela sua comuta Ao meu redor, a fábula mecânica de uma das artérias da capital! A representação da sombra que deixa sempre a culpa e a paixão em mim de caminhadas ébrias e o ir e vir do reencontro com as paredes brancas e manchadas de história e outras disciplinas inventadas de um antigo Quartel cujas funções se mantêm: é a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa

“falharedondamentenagrande conclusãoquepretendeatingir:de queasverdadeirasmudançaspodem ocorrernummomentoemquea criseétãoprofundaqueos eleitoresvotampordesespero,que oobjetivodaesquerdaeda mobilizaçãosocialdeveresidirno princípiodegestãodeumacrise profunda”[CORTAR]

A NOVA-FCSH é uma agência de talentos e de formação de figuras públicas com um programa de estudos sociais e humanísticos Atravesso a avenida - diferenciando-me dos jaywalkers pelo medo que eu permita que me domine, respeitando a passadeira e o seu ritmo desolador - e dou de caras com os meus primeiros

desafiantes: moços e moças pintam um mural derivativo do Salgueiro Maia a abraçar a Catarina Eufémia enquanto ambos fumam cigarros (Português Soft) e ouvem música de intervenção Apesar de ter decidido interagir com o camarada perguntando-lhe como raio é que se pinta uma música, a questão é desviada para o assunto do dia E tendo em conta que eu, sempre refratário e cínico, nunca crédulo nem ingénuo, nunca estou atualizado com as grandes conversas da fogueira, pus-me a escutá-lo

O prato social e dez cêntimos Qualquer coisa sobre as 72098 jolas que poderíamos comprar no Pato caso nos perdoassem esta dívida, caso nos ilibassem desta indulgência estudantil da Propina Contemplando a sua face coberta de uma terrugem negra e mal aparada, por pouco não me dei conta da procissão que se começava a assomar desde o horizonte trémulo da Avenida de Berna: cento e quatro (eu contei!) trajados seguidos de duzentos e vinte e um (eu estimei!) caloiros vestidos de branco e cobertos de uma tinta que não pinta mas que abençoa com o largo e colosso braço figurativo de uma Instituição tão antiga como o tempo: o apadrinhamento Ou a Praxe

Em passo militar e motivados pelo baque raso de uma colher de pau cujas marcas do tempo conferem a esta belíssima instituição o seu elemento intemporal - tal como a Guarda do Papa, trajando roupa florentina, faz-nos imaginar

um mundo de batalhas campais e cercos românticos que arrasam a Itália - os trajados e os despidos têm a proeza de marchar atentos e altivos, enquanto falam e gritam uns com os outros de forma serena e despida de qualquer abstemiedade A nós nunca nos falhou a ironia que naquele momento me acomete, relacionando a mudez de uma verdadeira cerca militar com o marchar de uma companhia de trajados cujos cânticos deixariam tanto o Baden-Powell como o Otelo Saraiva de Carvalho orgulhosos Mas antes que as contradições se contradissessem de forma tão absurda ao ponto de me fazer colapsar sobre o meu corpo já hirto, cenas chocantes acontecem! De colete laranja e cabelos multicores, dois membros de uma perigosa e radical milícia terrorista conhecida por (pasme-se!) atirar tinta a pessoas, correm e passam por mim deixando para trás um cheiro a tabaco Pueblo e tinta de marcador Antes que eu me pudesse recompor e continuar a manter em consideração o passo desritmado da Praxe e o discurso igual de um homem que já conheci cinquenta e duas vezes nas últimas duas semanas, os dois delinquentes têm a audácia de se colar ao portão da FCSH, isto enquanto uma terceira pessoa, esta de colete gilet jaune mas sem bloquear o passo, começa a gritar ao megafone sobre a catástrofe climática que aí vem: milhões de mortos e refugiados climáticos vítimas de um sistema genocida, facínora e extrativista Havia que fazer algo! Havia que bloquear as escolas, as Faculda-

Crónica Maio
GuilhermeMachado
10

dades, a repartição das Finanças de Frielas, a primeira Circular, a Terceira Circular, a pista do Aeroporto Sá-Carneiro e havia que ocupar a ocupa de Penha de França recentemente desocupada pela aparente desocupação dos seus ocupantes Antes que eu pudesse ajeitar a minha malinha e verificar se ninguém me havia PIKPOKETED, volto a olhar para o mural, que entre todas estas artimanhas tinha ganho novos contornos e vívidas cores que se erguiam sobre mim: agora, sentadas ao pé da Catarina Eufémia, as duas ativistas climáticas estão coladas às suas pernas cortadas pelas matas alentejanas Obviamente, a comoção causada por duas pessoas coladas à Catarina Eufémia atraiu grande atenção da comunidade artística É aqui que a turma de História de Arte se depara com a desorientação da Praxe que, ao ver a sua salvação intra-muros bloqueada, começa a desfazer-se através do desaparecimento individual dos despidos e dos vestidos, deixando para trás apenas uma fileira interminável de mantos negros e trapos brancos Passando por eles, fintando os sociólogos e politólogos na fila da camioneta verde especial, era a malta de Comunicação que procurava compreender as particularidades da crise que se desenvolvia ali na entrada O Rui Tavares apareceu, a tuna começou a tocar mais uma das suas modinhas e a atmosfera era tensa

GuilhermeMachado

Dão-se as dez Hora de ir para Teoria da Cultura O portão esvazia-se Olho para o mural, e ao lado do Salgueiro Maia, um sério e disciplinado estudante trajado recusa-se a fazer parte deste calor humano, fazendo uma pose coimbrã para a posteridade

Finalmente consigo entrar, e apesar da grande festa que se tinha passado às 8h99 da manhã na entrada do Quartel de Berna, a vida continuava soturna e arregimentada no contínuo entre o livro aberto da Torre B e os sinais de fumo da Esplanada (copyright) Sentado num banco e tentando ao máximo desviar-me das gotículas que lá se acumularam de intempéries mal passadas, consigo ouvir do altar elevado da esplanada:

Vais a Antropologia do Parentesco?

Consegui um estágio na Gulbenkian, vão dar-me 2 euros por semana para comer e é por isso que todas as outras tendências do movimento são aventureiras e pequeno-burguesas

Tive a ideia genial de gravar um podcast na esplanada

Vais ao Musicbox hoje?

Eterno teatro, a esplanada FCSH, onde se encenam as polémicas e os diálogos, as conversas e as encenações que transformam um mero quadrado apertado entre um Hospital e uma Avenida num sítio vívido! Estando eu sozinho e agindo como um flanêur não me impede de contemplar esta verdadeira Academia Ateniense com uma quantidade igual ou maior de cheiro a esgoto que por aí vem de trás

E é assim que, distraindo-me com um som que eu pensava ser mais um ativista climático, um militante da JCP ou um trajado furioso, perco o âmago do desaparecimento total da esplanada diante dos meus olhos que viam mas não captavam No mural lá fora, como podem adivinhar, a Catarina Eufémia estava a agora a fumar um cigarro de enrolar e entre ela e o Salgueiro Maia havia um copo de café com pelo menos duas semanas de beatas lá acumuladas, algo cuja estratigrafia ainda não parece ter atraído nenhum arqueólogo

tes de Geografia (agora visíveis) e todos os serviços académicos ali plasmados; apenas ficava um verdadeiro adeus às armas coberto de toda a fanfarronice de um amor não retribuído Aquela Faculdade que eu sustentei e que a mim me deu chão Aquela Faculdade onde eu estudei e não aprendi Aquela Faculdade onde fomos todos figuras antropomórficas num mural para a posteridade

E eu, agora deixado para trás e ainda considerando voltar para casa, finalmente percebo que o único caminho a partir dali era realmente deixar despedidas de rapaz a um sítio que sempre toquei mas que nunca tive como meu Os expedientes fúnebres foram declarados e uma vigília a céu aberto com direito a churrasco e sangria minada foi declarada E no mural que agora se estendia até ao Campo Pequeno, com jornalistas e atores, a cantina inteira, centenas de estudan-

Crónica Maio
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E assim apanhei o 756 de volta para casa

EcosdeMundosOpostos

Se, a partir de hoje, uma pessoa começasse a ir todos os dias a funerais das vítimas do genocídio em Gaza, não só choraria milhares de nomes de crianças, como demoraria décadas a fazê-lo. Se, a partir de hoje, houvesse por dia um funeral de uma vítima inocente, cujo azar foi não ter por onde escapar dos sucessivos ataques em Gaza, o mundo não permitiria a continuação deste flagelo No entanto, o mundo não parece ter parado aquando dos mais recentes ataques do Hamas na faixa de Gaza Desde centenas de mortes diárias a valas comuns, nada disto parece chocar o outro mundo, o mundo que vive para ostentar vestidos opulentos de afamados designers, o mundo que se regozija em noites que ficam bem nos ecrãs e são mais apelativas ao público ignorante do que a crise humanitária a que uma pequena parcela do planeta assiste atualmente Porque, aos olhos dos estultos que se sentam em frente à televisão todos os serões, privilegiados por um apedeutismo tal, o que acontece atualmente numa pequena faixa de território no Médio Oriente passa-lhes pelos olhos apenas por breves segundos, quando fazem o típico zapping pelos canais televisivos, em busca de entretenimento, não de informação E, no final, é com quê que se contentam? Com eventos despojados de qualquer ação ou mensagem de sensibilização, como a Met Gala, que este ano teve como tema a fábula de JG Ballard, " The Garden of Time” - detalhe insignificante,

dado que é um evento que, quer reúna malta vestida com peças ornamentadas a ouro ou com peças que impossibilitam qualquer movimento, é igual ao litro (1) Em nada me espanta esta divisão do planeta em dois mundos opostos, cujos ecos não se atingem mutuamente. Afinal, tal como sempre foi lucrativo para as grandes potências financiar guerras como atos de demonstração de poder, sempre será igualmente lucrativo para os grandes ouvidos da moda e da superficialidade fingirem-se surdos às crises humanitárias Note-se que, nesta generalização, não entram mensagens de apoio às vítimas, como o uso de peças da Trashy Clothing pela Iolanda, a concorrente portuguesa na Eurovisão, para expressar uma posição pró-Palestina - neste caso, a moda pode, sim, ter ouvidos para as crises humanitárias

Esta dualidade entre a violência e o luxo, a destruição e a extravagância, ilustra como uma elite obtusa consegue estender um tapete vermelho num chão que, se fosse uns quilómetros mais perto do Médio Oriente, seria coberto de perda, sofrimento, terror e morte. Mas não, a Met Gala não acontece sobre os escombros de Gaza; acontece em Nova Iorque, um pequeno grande mundo de exuberância vazia, de esplendor isolado Aliás, mais que isolado, o mundo da Met Gala é alheado, alheado da realidade, alheado do desamparo das vítimas do genocídio em Gaza E com isto paro de escrever, frustrada com a disparidade flagrante deste planeta - dois mundos, um que morre e outro que ofusca.

LeonorMoreira Opinião
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Maio 1“igualaolitro”éumaexpressãonortenhaquesignifica“indiferente”,algoquenãoédointeressedeninguém

EntreosFidalgos deIsraeleas NossasCapas

Negras

O sol de Maio brilha intensamente sobre as tendas e as cabeças dos estudantes ocupantes, causando heliopatia e queimaduras Gritos ecoam pela escadaria do nosso querido livro-edifício, cordas vocais rompem com rugidos pela Palestina, e uma bandeira preta, verde, e vermelha estende-se orgulhosa e provocadoramente na lateral do prédio Fumos tricolores esvoaçam, esvaindo-se no céu azul

Este tem sido o cenário da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas nas últimas semanas Não procuro, neste texto, simplesmente apoiar a causa Palestiniana, pois tal seria redundante e pouco interessante Procuro, mais do que isso, saudar e incentivar a luta académica não-partidária

Infelizmente, as Associações de Estudantes, quase sem exceção, caíram nas garras do sectarismo e do

Estudantes por Justiça na Palestina FCSH

dogmatismo Muitas delas tornaramse em meros ramos universitários das infames “jotas”, em detrimento da união estudantil, amiúde subtilmente e sem constar nos seus respetivos estatutos Isto enfraquece-nos, divide-nos, e torna impossível a concretização das nossas lutas, tanto as que brotam dos acontecimentos atuais como as que vêm de outrora. Delapida-nos de uma forma marcada e categórica

Apelo a que ultrapassemos a linha ideológica do partido laranja, do partido vermelho, ou do partido rosa Tenhamos orgulho daquilo que somos, com somente uma cor a representar-nos: o negro das nossas capas Que todos os estudantes, sem exceção, se unam em defesa dos nossos interesses coletivos

Isto, claro, não tem nada que ver com a praxe ou com o traje académico, na sua forma física Mais

do que isso, peço que nos identifiquemos como aquilo que somos e partilhamos: o nosso estatuto de estudante Somos descendentes da Primavera Estudantil, da oposição à repressão e ao Estado Novo. Ganhemos de novo esse ardor, esmeremo-nos, com fulgor e brio Não fiquemos calados quando vemos que todas as universidades em Gaza foram sistematicamente destruídas Como dizia Zeca Afonso, em referência a José Ribeiro Santos, morto pela PIDE, “quando um estudante morre, os sinos tocam assim” Infelizmente, não temos a velha torre ou a Cabra de Coimbra Contudo, a meu ver, quando os nossos hipotéticos sinos tocarem, devíamos incluir a morte dos milhares de estudantes palestinianos na nossa memória.

AfonsoNoronha Atual//Política Maio
13
Foto: GCE Lisboa Foto:

MOVIMENTOS SOCIAIS: UMA PERSPETIVA CRÍTICA

A ideia de que o ser humano é um ser social e, consequentemente, um ser político, é essencial para o guiar de muitas das ciências sociais que estudamos nesta faculdade Não obstante, parece que estamos num momento histórico em que a pessoa ocidental ou ocidentalizada se vê como um átomo, como um pequeno enterpreneur of the self, com a potencialidade de se tornar grande, enorme

Será esta atomização algo que viria inevitavelmente, teleologicamente, como resultado de uma evolução? Ou será ela resultado de algo bem planeado e socialmente construído?

Bom, divergências neste tema são abissais mas penso que é simples encontrar o projeto de individualização neoliberal e os seus instrumentos de fragmentação à nossa volta É evidente o crescimento das secções de autoajuda nas livrarias, é evidente a uberização do trabalho – este fenómeno de alienação da própria experiência do trabalho como experiência social e explicitamente marcada por dinâmicas de poder e desigualdade, que também vemos com o teletrabalho - a teleaprendizagem/homeschooling, o complexo internético falsamente meritocrático; tudo isto foi introduzido para afastar as camadas trabalhadoras e estudantis do ativismo político que põe em causa o status quo

Com os novos protestos em solidariedade com os palestinianos em centenas de universidades, parece que esta dinâmica do pós-Guerra Fria de hegemonia do neoliberalismo está a começar de ser colocada em causa, e a resposta policial forte deixa claro que nos tornarmos sujeitos políticos e não meros consumidores é algo que o capitalismo avançado teme

Como não tenho o dom de prever o futuro, não consigo dizer se materialmente, mas consigo ver que o acentuar das contradições capitalistas

tem feito crescer os sentimentos de ansiedade sobre o futuro Isto não parece implicar uma ascensão de movimentos sociais de cariz anticapitalista apenas tal como observado no século passado, aumenta, também, a reação racista, machista, homofóbica e transfóbica

Em O Planeta Doente, de 1971, Guy Debord conduz-nos pelas sublevações da população negra de Los Angeles em agosto de 1965, mostrando-nos precisamente como as contradições do capitalismo pedem o atrelamento da lógica da mercadoria ao complexo da legalidade: “O que é um polícia? É um servidor ativo da mercadoria, é um homem totalmente submetido à mercadoria, graças à ação do qual determinado produto do trabalho humano permanece uma mercadoria cuja vontade mágica consiste em ser paga” Debord fala-nos de uma “juventude sem futuro mercantil [que] optou por uma outra qualidade do presente” Um dos fetiches do neoliberalismo é o foco na quantidade: o processo académico é desde o ensino primário quantificado; o desemprego só importa a partir de certa percentagem da população ativa; o genocídio na Palestina tornou-se uma reportagem de números, números os quais há quem diga serem insuficientes para se considerar um genocídio Debord fala-nos que “para o pensamento dialético, e portanto para a História e para o proletariado, o qualitativo é a dimensão mais decisiva do desenvolvimento real”

Números serão sempre manipuláveis, números serão sempre possíveis de esticar com o passar do tempo, mas a consciência social, que nos faz querer um mundo mais justo, a consciência histórica destas contradições que nos prendem, isso moverá com a materialidade, e deverá mover-se com a emancipação humana em mente

Saímos, gritámos, cantámos…
“Fascismo nunca mais”, mas estamos no segundo impasse narrativo da nossa democracia. Martin
BeatrizGomes Atualidade
Maio
14
Orescaldo

PINKWASHING SIONISTA

A desumanização dos colonizados, de quem é vítima do imperialismo e de discriminações racistas, xenófobas e religiosas é uma tática utilizada pelas potências do norte global há séculos Já em Robinson Crusoé, vemos que a personagem principal quer transformar Sexta-feira num perfeito homem inglês, porque a sua cultura, modo de estar e hábitos são inferiores aos ingleses, que são sinónimo de modernidade, civilização e ‘bons costumes’. Tal técnica de desumanização está a ocorrer com o pinkwashing israelita, que leva a que se acredite que lutar pela libertação da Palestina é inerentemente anti-LGBT+

Em Israel/Palestine and the Queer International, Sarah Schulman fala-nos sobre “homonacionalismo”, fenómeno em que “gays, lésbicas e bissexuais [que] já ganharam uma grande panóplia de direitos legais [e que] através do casamento, paternidade/maternidade, e família, se tornam aceites e realinhados com ideologias nacionalistas e patrióticas dos seus países [deixando de ser] temidos como uma ameaça à família e nação ( ) [A sua] integração sob os termos mais normativos é exposta como um símbolo do comprometimento daquele país com o progresso e modernidade” Sublinha que este processo cria um outro, normalmente racializado, levando estas pessoas nãoheterossexuais a juntar-se a movimentos opositores à imigração e à diferença racial e cultural

existente; 2 Destacar a homofobia palestiniana, enquanto se ignora a agência das pessoas queer palestinianas; 3 Contrapor estas duas experiências como um discurso civilizacional, destinado a destacar uma superioridade humana israelita e relegar a Palestina para a subhumanidade; 4 Representar Israel como um refúgio gay para israelitas, palestinianos, e internacionais, com o objetivo de atrair turismo e outras formas de solidariedade e apoio. Para melhor compreender este fenó-

man, os nacionalistas que empre-gam táticas de pinkwashing, “constroem um outro, frequentemente muçulmano ou Árabe, Sul Asiático, Turco ou de origem africana, como ‘homofóbico e fanaticamente heterossexual’”

Os nacionalistas têm se esforçado para fazer uma higienização da vida queer nas suas nações, higienização essa que bebe de conceções patriarcais de género e do racismo estrutural.

Assim, pinkwashing acontece quando um governo explora ideias homonacionalistas através de políticas, legislação e marketing Schulman considera que este processo tem a sua extremação em Israel, embora esteja presente por muitas outras nações

Sa’ed Atshan, antropólogo palestiniano, fala-nos de quatro pilares essenciais do pinkwashing: 1. Destacar os direitos LGBT+ em Israel, enquanto se ignora a homofobia

meno, o antropólogo mobiliza a realidade da “etno-heteronormatividade”, um “resultado da vida como sujeitos queer racializados experienciando opressão entrelaçada vinda de sistemas duais de etnocracia, por um lado, e de hetero normatividade e masculinidade tóxica, pelo outro” (Queer Palestine and The Empire of Critique) Esta formulação permite melhor compreender o ativismo queer palestiniano, que tende a ser apagado pelo pinkwashing israelita.

Pegando nas palavras de Sarah Schul-

Esta ideia de superioridade civilizacional acaba por ser apenas performativa: o exual é ilegal em Israel, hormonal para pessoas proteção legal para iscriminação em locais ma mulher israelita se utra mulher, tem de ir a e apenas depois o o como legal em Israel o pinkwashing esta que ser escondida ação, esta construção os como menos nos civilizados que os entais continua a ser justificação para o a acontecer, tal como povos nativos eram u que se fizessem zação formal pode ter acabado, mas a colonialidade continua presente

“If I had known that bombs raining down on us would take you from me, I would have gladly told the world how I adored you more than anything I’m sorry I was a coward” Estas palavras que se leem numa plataforma que espalha palavras de pessoas queer à volta do mundo refletem exatamente o que se passa com pessoas queer na Palestina neste momento: não morrem por homofobia ou transfobia, mas sim pelas bombas do país que se diz como a única democracia do Médio Oriente.

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NúcleoFeminista Atualidade Maio

Oamornãoexiste

O amor não existe O que há são paixões por versões daquele que diz amar. O amor é uma grande farsa.

Embriagados em nós mesmos, obcecados pelo eu, o amamos Apaixonamo-nos por aquilo que nos é igual Idolatramos deuses que criamos à nossa imagem e fazemos juras a pessoas imaginadas à nossa semelhança

A verdade parte-nos o coração, tudo é projeção e o amor, na verdade, não existe Quando a diferença vem à luz, quando a distorção do eu no outro se faz ver, fica claro, os olhares reconhecem-se a si um no outro e amam-se

Pergunto-me como seria o amor se ele de facto existisse O amor, se ele fosse real, seria parecido com desligar-se de si, com tornar-se a imagem do objeto da afeição Se esse amor existe, a sua expressão em forma de vivência são apenas rudimentares reflexos de uma realidade muito distante, fora de mim.

VictoriaLeite EscritaCriativa 16 Maio

“Quem tem medo da Cantina Popular?”

Com entrevista a Isabel, Membro da Cantina Popular FCSH.

O que é a cantina popular?

É uma organização independente, autogerida, horizontal, que valoriza o apoio mútuo, a entreajuda, a cooperação e que procura ajudar estudantes, principalmente os que se encontram em situações mais precárias, face ao aumento dos preços da cantina e do bar Funciona todas as quintas-feiras na Esplanada de FCSH, encontrando apenas constrangimento ao seu funcionamento o seu número reduzido e a sobrecarga escolar que, com a altura de exames, os faz encontrarse menos disponíveis O espaço revelou-se também como um problema Logo na primeira cantina, que foi organizada na esplanada não coberta, no seu horário normal - das 13h às 15h - foram avisades pelos funcionários do Com Sabor sobre o direito ao espaço Deram ordens para tirar as mesas e dispersar Isto levou a que tivessem de procurar outras zonas, que às vezes até podem dar menos visibilidade à cantina

Segundo a informação que obtiveram, é uma ideia inédita em faculdades, não integrando esta nenhum movimento A comida que servem é vegan, marcando também a sua inclusividade, visto que a cantina da FCSH não apresenta opções totalmente veganas - apenas vegetarianas e que nem sempre servem todos os estudantes Funciona através de donativo livre para que toda a gente tenha acesso à comida

Como surgiu? Quem participa?

Surgiu a ideia entre amigos, num momento em que a FCSH queria aumentar o preço do prato social e que a AEFCSH não tinha modos concretos e que, apesar de se manifestar sobre isso, não tomou ação direta Começou com um grupo mais pequeno e foram vendo como se conseguiriam organizar

A maior parte são alunos de Antropologia e História e, depois da primeira edição, houve logo adesão e juntaram-se alguns alunos de Arqueologia Nesta cantina apareceu muita gente para comer, tendo sido apontado para 40 pessoas e acabando mais estudantes por ser servides Receberam até donativos antes desta acontecer por, através da divulgação prévia, apoiantes da sociedade civil terem considerado uma iniciativa relevante e inovadora

Quando foi despejada a Ocupação de um edifício devoluto em Santa Engrácia, no dia 2/05/2024, foram também alocados recursos para lá Na ultima semana, também em solidariedade, colaboraram com a Ocupa na FCSH com o tema “Fim ao genocídio, fim ao Fóssil”

Como se organizam?

Fazem reuniões semanais (às vezes duas por semana) e há sempre um debriefing pós-cantina, para terem em conta o estado de carga de cada estudante, quanta comida foi servida e o dinheiro que foi doado A prioridade é assegurar a cantina seguinte, ou seja, apesar de poder haver excedente, que pode vir a ser doado à Cantina dos migrantes e

e para a Gralha, o objetivo é que o dinheiro seja circular e que mantenha a cantina a funcionar Nenhum dos membros beneficia, sendo dirigido o dinheiro para as compras da semana seguinte

Têm uma equipa de cozinha, às vezes duas - se houver sobremesa - uma equipa de limpeza, outra de transporte, outra de coordenação e outra de gráfica Estas equipas são rotativas, consoante a disponibilidade de cada um Quais são os seus objetivos?

Neste momento servem de 40 a 60 pessoas, o objetivo é sempre servir o maior número de alunes possível, agregar mais pessoas e dar a conhecer a mais estudantes A cantina está aberta a novos integrantes, basta apenas contactar

Esta cantina surge como uma forma de ação direta que mostra a capacidade dos estudantes de criarem espaços autogeridos, mesmo dentro das próprias instituições Numa altura em que se enfrenta uma crise de habitação, inflação e de qualidade de vida geral, surge este tipo de resposta que evidencia algo que está também errado no seio da educação, onde é suposto estudantes conseguirem ter as suas necessidades básicas asseguradas para que consigam suceder academicamente, que existem entraves económicos que delimitam o próprio espaço da faculdade

Fora dos muros da mesma encontramos outras expressões análogas e de certas formas interligadas: a Cantina Popular da Rede de Apoio Mútuo em Santa Apolónia, que se realiza todos os sábados; a cozinha Migrante dos Anjos, organizada e para migrantes; as refeições em centros sociais ou espaços como a Disgraça com refeições benefit; ou RDA69 que inclusive assegurou várias refeições à comunidade no período de quarentena Vivem-se períodos soturnos em que comunidades não asseguram nem o pão em cima da mesa É necessário saudar e ajudar estas organizações voluntárias, mas também perceber como representa a falha sistemática que enfrentamos, que obriga as mesmas a existir

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InêsMoreira Entrevista Maio
Companhia em Nova Sintra, Guiné

Away From Home: The First Year

Maio chegou, os exames também, as frequências, a Queima das Fitas, os finalistas estão prestes a entrar numa nova fase da vida deles (parabéns por sobreviverem à faculdade!!!) e os caloiros estão a acabar o primeiro ano de licenciatura, muitos deles longe de casa Este artigo é sobre eles, sobre os que passaram o seu primeiro ano sozinhos, longe de tudo o que conheciam Assim fizeram-se entrevistas a 5 alunas/os do primeiro ano que vieram de longe para estudarem na FCSH, nomeadamente Íris Barros, Emilie dos Anjos, Margarida Lopes, Graça Marques e uma estudante que preferiu manter-se anónima

B: -De onde é que tu vens?

I: Eu venho do Arquipélago da Madeira

E: Venho de Tomar, cidade dos templários, que também é conhecida pela festa dos tabuleiros

M: Venho de Leiria

G: Do Fundão, distrito de Castelo Branco, ao pé da Serra da Estrela

0: Da Margem Sul

B:- Foi muito difícil sair de onde tu vivias para vires para aqui? Em que aspetos (financeiramente/emocionalmente-mentalmente, arranjar alojamento etc...)

I: Foi difícil vir para Lisboa, pois eu sabia que ia ter bastantes saudades dos meus pais e namorado e também foi bastante difícil de arranjar alojamento em Lisboa porque, as rendas de casas a estudantes são muito caras e durante alguns meses, tive de ficar com senhorios que eram horríveis e que arrendavam quartos a estudantes que não tinham condições nenhumas para serem arrendados

E: Um pouco, questões financeiras, mas também porque deixei amigos para trás

M: O alojamento não foi difícil porque já cá tínhamos casa, mas foi difícil porque todos os nossos amigos ficaram em Leiria e nós não conhecemos ninguém da nossa idade que more perto de nós, passar a partilhar quarto com alguém (o meu irmão) foi bem difícil

G: Não achei difícil Já estava a precisar de uma mudança de cenário e como tenho cá família sabia que tinha pessoas em quem contar

Obviamente que o alojamento é algo que pesa na carteira dos meus pais, especialmente porque não há nenhum sítio barato para viver aqui

0: Continuo-o a morar na Margem Sul, no entanto teve de haver uma grande logística financeira, dado as propinas e o meio de transporte

B:-Qual foi a maior diferença entre a tua terra e Lisboa?

I: Existe bastantes diferenças que encontrei aqui em Lisboa que não se vê na Madeira Existe muito transito e muito sons de buzinas, e as pessoas também são muito apressadas

E: Uma das grandes diferenças é o sossego que tinha, era mais campo e Lisboa é mais cidade

M: Lá tínhamos amigos e quartos individuais e aqui não temos nenhuma das duas

G: Acho que a maior diferença é o tipo de pessoas Aqui em Lisboa à muita diversidade no que toca à mentalidade e vocações das pessoas, lá em cima é toda a gente do mesmo background

0: Para mim a maior diferença foi o tipo de pessoas pois acho que as pessoas são mais acessíveis na Margem Sul e talvez também o ritmo de vida, lá não é tão rápido e cansativo como aqui Admito que odiava viver na minha terrinha, mas agora ao fim do dia só quero voltar para casa

B:-Fizeste praxe? Se sim, o que achaste? Se não porquê?

I: Não participei na praxe porque tinha medo que fosse muito humilhante para os caloiros como também preferia só me focar nos meus estudos

E: Não, queria me dedicar mais nos estudos e não ter distrações

M: Não fiz porque sendo o primeiro ano achei que me devia focar, também nunca tive muita curiosidade em relação à praxe, dizem que é bom para conhecer pessoas quando vens para a universidade sozinha, mas acho que me saí muito bem sem essas coisas

G: Sim, e adorei!!!! É uma ótima experiência quando o grupo que organiza tem o nosso melhor interesse em mente Nunca houve nenhuma pressão para fazermos nada, e foi excelente para conhecer pessoas

0: Não fiz, simplesmente por não achar que fosse para mim

B:-Tiveste muita dificuldade em adaptares-te à vida universitária?

I: Tive algumas dificuldades a adaptar-me só mesmo porque a educação é completamente diferente que a do secundário Como também os professores da nossa faculdade não ajudaram muito a integrar os alunos na faculdade

E: Eu acho que tive um pouco de dificuldade porque tinha feito uma grande pausa nos estudos por questões de trabalho e agora voltar a ganhar o ritmo foi complicado

M: Nem por isso, tenho um grupo de amigos decentes, então sempre que alguém precisa de ajuda (notas, informação ) há sempre gente disposta a ajudar

18 BeatrizL.N.Martins Entrevista Maio
StanhopeAlexanderForbes,TheTermnus,PenzanceStation,Cornwal,1925,NatonalRaiwayMuseum,York UK Detal

BeatrizL.N.Martins

G: Acho que não É extremamente diferente da vida na secundária, mas gosto mais Não há aquela pressão a vir de todos os lados e a autonomia sabe bem

0: Sinceramente ainda estou a tentar adaptar á vida universitária, ainda estou muito perdida

B:-O primeiro ano da licenciatura está a acabar aliviada/o ou preocupada/o?

I: Estou aliviada que o primeiro ano de licenciatura já está quase a acabar, mas ao mesmo tempo estou um pouco preocupada porque é nos finais de maio que começam a maior parte dos testes e apresentações

E: Este primeiro ano termino um pouco preocupada, simplesmente por ter muitos trabalhos e frequências no fim do semestre

M: Por um lado estou aliviada porque este semestre está a ser muito desgastante tanto fisicamente como mentalmente sinto-me esgotada Por outro lado, estou preocupada porque tenho muitos trabalhos para fazer e pouco tempo, e também estou preocupada com as minhas notas

G: Aliviada, ainda estou a aprender esta nova andança da faculdade, mas não diria que estou preocupada

0: Preocupada, como é que passou tão rápido?!

B:-O que é que te ajudou a aguentar o primeiro ano da faculdade sozinha/o? (alguma coisa em específico)

I: A minha tia e a sua mãe que vivem aqui em Lisboa e sempre que me sentia sozinha ou stressada por causa da escola, elas vinham me buscar para passear

E: O apoio do meu namorado

M: Música, acho que teria dado em doida se não pudesse ouvir música todos os dias, ajuda a desligar da realidade

B: Qual foi a tua parte preferida da faculdade e qual foi a que menos gostaste? Porquê?

I: A minha parte preferida da faculdade foi fazer muitos amigos e a parte que menos gostei penso que foi ter que me mudar para Lisboa porque preferia ficar na Ilha

E: O aspeto que gostei mais na faculdade é a diversidade de estilo das pessoas O que gostei menos foram as manifestações que perturbam os alunos, como quando se puseram frente das portas dos edifícios, o que dificultou a passagem para os alunos irem para as aulas

M: As pessoas, foram todos muito simpáticos alunos e professores, não vi muito da rivalidade tóxica de que muitos me falaram O que menos gostei foi a comida da cantina, também não gostei muito da falta de esclarecimento, às vezes temos dúvidas e o balcão académico não ajuda muito

G: Gosto da autonomia e do fato de conhecer pessoas com os mesmos interesses O que menos gosto deve ser, provavelmente, os constantes protestos Sei que têm boas intenções, mas ver a faculdade em que estudo vandalizada fez-me questionar a minha escolha, não gosto que a direção leva essas coisas tão de leve

0: O que eu mais gostei foi de estudar algo que eu gosto e conhecer pessoas de sítios diferentes, o que menos gostei foi a viagem diária de casa para a universidade e vice-versa

B:-Do que sentes mais falta agora que vives aqui em Lisboa? (pessoas, amigos, família namorado/a, tradições, comida etc...)

I: Sinto falta dos meus pais, namorado e também da comida tradicional da Madeira como também sinto falta de viver lá

E: Sinto mais falta dos amigos e do convívio

M: Parece que só estou a falar de pessoas simpáticas para aqui e para acolá mas tenho muitas saudades dos meus amigos

G: COMIDA!!!! Tive que aprender a cozinhar mas aos fins de semana sabe sempre bem estar à mesa com os meus pais a comer a melhor comida alguma vez feita

0: Dos meus dias mais tranquilos, dos meus pais e da minha melhor amiga

G: Acho que o facto de ter feito amigos não passado muito tempo ajudou Estava muito nervosa que não conseguisse conectar com ninguém e passar os dias na universidade sozinha

0: O apoio dos meus pais, os amigos que fiz e música

B:-Se soubesses como ia ser, farias a mesma escolha de estudar em Lisboa?

I: Sim

E: Sim, sem dúvida nenhuma

M: Sim, se não fosse em Lisboa seria noutro lado, mas estou a gostar disto aqui, não acho que gostaria de ir para outro sítio

G: Sim, há sempre a pergunta do "e se" tivesse ido para outro sítio, mas aconteceram coisas muito boas que não trocaria

0: Sim, porque aconteceram muitas coisas boas e no fim tudo vai valer a pena

E estas foram as experiências de 5 alunas, away from home, the first year.
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Entrevista Maio

"E Depois do Adeus" (à licenciatura)

Estamos em maio, o “mês dos finalistas”, e, com ele, chegam os últimos momentos na faculdade Num ensino cheio de obstáculos, há que dar voz àqueles que o integraram e que agora partem para novos desafios

Qual a tua idade e curso?

Catarina Silva (C): Ciências da Comunicação, 20 anos

Mariana Aleixo (M): Ciências da Comunicação, 21 anos

Sofia Martins (S): 20 anos, Geografia e Planeamento Regional

Tomás Mendes (T): 21 anos, Tradução

Como reagiste ao saber que tinhas sido colocad@?

M: Foi a minha 1ª opção e uma grande emoção, chorei de felicidade e alívio porque o secundário foi dedicado a aumentar a média para entrar

S: Com grande alegria! Foi a minha 1ª opção e não podia ter ficado mais orgulhosa Senti que o esforço durante o secundário tinha sido recompensado

T: Fiquei feliz mas não posso dizer que foi um alívio pois sabia que tinha média para entrar

A expectativa que tinhas antes de teres sido colocado no curso que frequentaste correspondeu à realidade ou nem por isso?

M: Por um lado foi melhor, por outro pior Pior porque é muita teoria no primeiro ano Por outro lado, gostei da nova rotina e das pessoas que conheci

S: Ao início não, vinha com expectativas e o choque de realidade custou Agora, gosto do que faço

T: Esperava que o curso fosse teórico, mas o equilíbrio entre teórico e prático surpreendeu-me pela positiva

Tinhas falado com alguém do curso?

M: Não sabia como era o curso, vim à descoberta do que seria- Preferi a universidade pois queria a parte teórica e não profissionalizante

Quais as cadeiras que mais e menos gostaste?

S: Gostei de Planeamento Regional e Urbano, a cadeira que me fez ganhar gosto pelo curso, e a que não me cativou foi Sistemas de Informação Geográfica

T: Linguística Inglesa e Gramática do Português porque os professores aumentaram-me o gosto pela área Detestei Teoria da Tradução Os temas e textos eram interessantes, mas a maneira como foi lecionado, não

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Foto: GraciaSanTor via Flickr
Entrevista Maio
Foto: NOVA FCSH
MarianaVitóriaArruda

MarianaVitóriaArruda

Quais as principais diferenças entre o ensino obrigatório e o superior?

M: Não termos manuais e serem aulas com imensa gente

S: O distanciamento entre professores-alunos, devido ao elevado número de alunos por turma e de matéria dada em cada UC

T: Poder ir ao wc Gosto do estilo das aulas Estar num debate com o professor é interessante, podermos questionar sem pressão Também a comunidade Há gente que só agora estou a ver pela 1ª vez As pessoas vão ou não, o que é mixed feelings, terem oportunidade de estar na universidade e desperdiçar

Quais os maiores desafios que os universitários enfrentam atualmente?

M: Falta de alojamento e pagamento de propinas Podia haver valorização fora da sala de aula Tem de haver investimento no material prático

S: A nível financeiro, há custos com alojamento, propinas, alimentação, transportes

T: Propina, alojamento e a qualidade dos transportes

Qual a maior diferença entre o teu eu caloir@ e o teu eu finalista?

M: Tenho uma mente ainda mais aberta e saí do meio onde vivia. Tornei-me extrovertida, à vontade, capaz de falar com os outros e confiante.

S: O meu “eu” caloira estava desanimada, desmotivada e preocupada com o futuro O meu “eu” finalista está feliz com o percurso feito, tranquila e confiante com o futuro

T: Algo que tenho a agradecer é o serviço de Psicologia, pois, eu caloiro, ao chegar aqui, era muita gente Também não saber quem era Eu finalista, aprendi a ver a vida de outra maneira Algo que adoro na FCSH é a esplanada, a única com faculdade

Qual o momento mais marcante ao longo da tua licenciatura?

M: Saber que entrei no mestrado, também chorei

S: Passei muitos bons momentos mas realço as 1ªs semanas do 1ºano, onde tudo era novidade e onde fiz as minhas mais importantes amizades

T: Conheci colegas e professores com quem gostaria de manter contacto

O que te deu motivação para prosseguir os estudos?

C: Tens mesmo que gostar, percebi que era isto que queria e decidi estudar o máximo que conseguisse É uma mais valia para encontrar emprego

M: Não me queria especializar nalgo sem saber como era Mas com o contacto com professores profissionais da área, torna-se complicado resistir à pressão académica O mestrado é um complemento Ainda não me sinto preparada para trabalhar na área

Qual a tua opinião relativamente à praxe?

C: Não precisas de vir para a praxe para fazer amigos

M: Gostei muito da praxe É válido não gostarem mas experimentem

S: Faço parte e acho que é uma ótima forma de construirmos amizades, convivermos com pessoal de outros anos e entrar no espírito académico

T: Quem gosta vai, quem não não vai

Do que é que vais sentir mais falta do tempo passado na faculdade? E menos?

C: Vou sentir menos falta do curso em si

M: Dos intervalos Menos falta de acordar cedo

S: Dos tempos de convívio com amigos em ambiente descontraído Não vou sentir falta do final de semestre

T: Esplanada, churrascos e croquetes de espinafres Ter um propósito fixo O quão ligada às causas sociais a nossa faculdade é Menos, o stress das aulas obrigatórias

Quais os teus planos para o futuro?

M: Mestrado, estágio e entrar numa redação

S: Fazer o mestrado e ingressar no mercado de trabalho

T: Mestrado Apesar de ter escolhido Tradução, não tenho interesse em seguir a área

Tens algum conselho para @s futuros caloir@s do teu curso?

C: O melhor que levo da faculdade é o que vivi fora dela

M: Foram os melhores anos da minha vida A faculdade não é só estudar

S: Aproveitem! Ano de caloiro só há um e passa rápido Tenham calma que no final corre bem

T: Aproveitem e façam amigos Mantenham-se fiéis a vocês próprios Não desrespeitem os professores Quando falarem em estágios, cursos, seminários, apresentações, anotem e vão Se não gostarem do curso, mudem

O adeus à licenciatura é um momento agridoce na vida dos estudantes, com todas as suas vantagens e desvantagens. E, como, “o bom filho à casa torna”, aqui vos esperamos para matarem saudades da FCSH. Parabéns, finalistas!

Entrevista Maio
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PedroLázaro

Alei(cenciatura)deMurphy

Durante toda a nossa curta existência fomos confrontados com vários dilemas e, consequentemente, decisões que tivemos de tomar. Algumas podem não se ter revelado as mais corretas, mas a verdade é que nos trouxeram até este exato momento da nossa vida.

Imagem:GraduatesdeJudyPokras

E é nesta altura que percebemos o quão fugaz o tempo é e que a ponderação de decisões e consequentes escolhas se aproximam E atenção, isto não se aplica somente aos finalistas Contudo, são eles que param e pensam: “A licenciatura está feita e agora? Será que reunimos as competências necessárias para sabermos o que decidir quando essa mesma decisão pode influenciar o rumo que a nossa vida tomará?” No fundo, há que decidir rapidamente o que fazer numa realidade que claramente está a colapsar, paulatinamente, não alavancando quaisquer benefícios

Traçando uma espécie de linha cronológica, a meu ver, o facto de se ser jovem já implica lidar com imensas coisas, desde todas as mudanças provenientes com a puberdade, a descoberta da nossa identidade, a escolha do curso científicohumanístico, profissional, etc, a seguir Mais tarde, virá a decisão se quer ingressar ou não no ensino superior e dar-se-á início à dita “fase adulta” Aliás, para complementar este texto, achei que seria de extrema relevância perceber o que difere, então, um jovem de um adulto Neste momento, tu que estás a ler isto, deverás estar a perguntar-te que raio de pergunta é esta,mas não desistas para já! Recorri ao meu Dicionário Escolar da Língua Portuguesa (sim,

aquele da capa cor-de-laranja), e eis que o mesmo define juventude como o “período da vida humana que se segue à infância e antecede a idade adulta” e adulto como “pessoa que atingiu o seu desenvolvimento; maduro; que atingiu a maioridade” Chego à conclusão de que esta definição apenas permite diferenciar aqueles que podem inscrever-se no Big Brother daqueles que não podem e que já se tem arcabouço para, finalmente, falar de saúde mental, pois se fores jovem isso são seguramente “fitas e coisas da cabeça”, porque “ainda não sabes o que é a vida”

Ou seja, na verdade, já somos meio que adultos Ora vejamos: temos de tomar decisões que vão influenciar o nosso futuro? Sim Temos contas para pagar? Não, mas, caso ingressemos no ensino superior, temos de nos preocupar com uma data de despesas, que muitos pais não conseguem suportar Temos de trabalhar? Muitos de nós, sim, e, por vezes, devido a estes aspetos que referi anteriormente Sabemos lidar com a nossa ansiedade? Muito pouco, talvez Acabamos o 1º grau do ensino superior e depois? Vamos trabalhar? Continuamos a estudar? Fazemos ambos? São perguntas que nos atormentam a todos nós, neste momento, apoiadas por um cenário de crise, quer habita-

cional, económica, etc O ordenado que vamos receber é justo face ao esforço de anos de estudo? Esse mesmo ordenado vai ser suficiente para pagar rendas de casa exorbitantes e faturas de supermercado estrondosas? Se formos de carro, haverá possibilidade de pagar o combustível do mesmo?

Entendo que o cenário possa parecer um tanto negativo e problemático, todavia a formulação da Lei de Murphy tem acompanhado a minha forma de pensar ao longo dos últimos tempos e, sinceramente, é complicado evitar a sua presença, tendo em conta a conjugação de tantos fatores precários Nenhum de nós sabe o que o futuro tem reservado para nós nem se este é o pior cenário possível dentro de todas as possibilidades Muitas vezes, a ideia de ter de lidar com ele pode parecer assustadora, mas de nada adianta ignorar o inevitável, há que arregaçar as mangas e, sem medos, reivindicar um futuro melhor O nosso futuro melhor O teu futuro melhor

PS: Isto foi escrito por alguém que adota diariamente uma postura nada otimista sobre a realidade, mas não me queria despedir de forma tão triste, portanto, façam o que eu digo, não façam o que eu faço

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Crónica Maio

Síndrome da Primavera

Uma entrevista a Olga Cunha

Boa tarde Olga! Obrigada pela disponibilidade e ajuda.

Boa tarde É com muito gosto e espero corresponder às expectativas

Primeiramente, o que é exatamente a Síndrome da Primavera e quais são os seus sintomas mais comuns?

Geralmente associamos a chegada da primavera a boa disposição, energia e dias maiores No entanto, existem pessoas para as quais esta altura traz uma sensação de fadiga, alguma desmotivação, tristeza, dificuldade de concentração, alteração dos padrões de sono, diminuição do apetite, irritabilidade, dores de cabeça e dores musculares

Estes são alguns dos sintomas, porém aquilo que geralmente as pessoas chamam “Síndrome da Primavera” o nome que se dá é “Astenia da Primavera” A mudança da hora para umas pessoas não tem efeito e para outras tem e, portanto, normalmente é uma coisa que leva duas a três semanas, e depois passa O ritmo biológico adapta-se

Quais são os fatores psicológicos e ambientais que podem contribuir para o seu surgimento?

Segundo as investigações, as causas da Astenia da Primavera vem dos neurotransmissores que são produzidos pelo cérebro, nos quais podemos encontrar com a serotonina, a melatonina e o cortisol Estes neurotransmissores influenciam normalmente a forma como nos sentimos, a forma como dormimos, e pode também ser regulado, mas não só, pela exposição solar

Com o aumento do número de horas por dia, há pessoas que são mais sensíveis e levam mais tempo a adaptar-se à mudança nessa produção dos neurotransmissores No entanto, também podem existir outros fatores que influenciam como, por exemplo uma coisa que também acontece muita nesta altura, as alergias ao pólen As alergias ao pólen podem ter efeitos semelhantes àqueles da Astenia da Primavera ou, até mais comum nos jovens, pode vir com o stress associado às avaliações de uma forma mais geral ou de um estilo de vida mais sedentário Tudo isto pode realmente influenciar e interferir com o nosso dia a dia, mas é normal

Quais são as diferenças entre a Astenia da Primavera e outras condições psicológicas, como a depressão sazonal ou diagnóstico de depressão ou ansiedade?

A grande diferença para outro tipo de distúrbios como a depressão, ou até a depressão sazonal, tem sobretudo a ver com a durabilidade A depressão sazonal é considerada uma perturbação, um distúrbio emocional que está ligado à mudança das estações do ano Os sintomas normalmente começam no início do outono, agravando-se no inverno, e depois começam a desaparecer no início da primavera No entanto, ressalto que não quer dizer que seja assim e igual para toda a gente

A grande diferença é que enquanto a Astenia da Primavera não requer propriamente grande tratamento ou acompanhamento médico ou profissional, a depressão sazonal, assim como a depressão e a ansiedade, pode requerer

MarianaRibeiro Entrevista Maio 23

Na sua experiência clínica, como é que aborda os casos em que os sintomas da Astenia da Primavera estão interligados com problemas de saúde mental mais amplos, como depressão e ansiedade?

Normalmente na minha experiência, sempre que alguém solicita uma sessão no serviço de Psicologia, nós não fazemos diagnósticos do pé para a mão E, portanto, o que tentamos, e eu tento, é perceber o que é que trás a pessoa ao serviço, quais são os seus sintomas E, normalmente, isto leva duas a três sessões para realmente perceber a motivação da pessoa e aferir qual será a melhor intervenção junto da mesma É assim, a forma de lidar com questões de saúde mental não é só nesta época do ano, deverá ser ao longo do ano inteiro porque, ainda que não evitemos que a ansiedade e o stress surjam mais nesta altura, pode-se minimizar este impacto E, portanto, há toda uma série de fatores Há coisas que partem de nós, o poder de minimizar O que se deve acautelar é, primeiro, perceber que há sintomas que são normais, que passam, são temporários e, uma boa socialização, um grupo de amigos, uma rede de suporte ajuda, aliás, é o mais importante Se, entretanto, estes sintomas que falámos anteriormente se prolongarem por mais das tais 3 semanas, então aí sim, se calhar será uma boa altura para procurar ajuda profissional, perceber o que é que se passa e não deixar, que é o que muitas vezes acontece, que a crise se instale verdadeiramente porque depois nessa fase já são sempre aplicadas medidas de remediação, e não de prevenção, que é o ideal que aconteça

Como é que a Astenia da Primavera pode afetar o funcionamento diário e a qualidade de vida das pessoas que as experienciam? E, além da intervenção clínica, existem estratégias de autocuidado preventivas e eficazes que as pessoas, principalmente os jovens, podem adotar para gerenciar os sintomas da astenia, mas também com as questões de saúde mental associadas que os estudantes estão propensos a enfrentar durante esta época do ano?

Claro que o caso da Astenia da Primavera ser temporário, que é normalmente temporário, pode interferir com o dia a dia A grande diferença é que a Astenia da Primavera é uma coisa passageira, tem um duração de 2 a 3 semanas Neste sentido, para minimizar o impac normalmente o que se recomenda é, no fundo, o normalmen recomendado para nos sentirmos melhor, nomeadamente aquilo que s os hábitos de vida saudável E isto não é só comum para astenia, m também para outras situações de saúde mental

As coisas mais comuns que se costuma recomendar são hábitos higiene de sono, o acordar e o deitar dentro dos mesmos horários, um atividade física regular (não tem de ser atleta de alta competição mas t uma atividade física, por exemplo, uma caminhada, ir ao ginásio minutos pelo menos 3 a 4 vezes por semana), a questão da alimentaç equilibrada, que normalmente nesta altura de grande stress e ansieda relativamente às avaliações e entregas de trabalho, os jovens descura imenso e acabam por ir buscar mais alimentos processados e o famo fast food em detrimento, por exemplo, dos hidratos de carbono que s bons para o cérebro, a fruta, os vegetais e sobretudo a hidratação: a águ E depois a questão da redução do próprio stress, ou seja, organizar agenda do dia a dia Claro que nesta altura pode ser mais difícil, mas coisas que podem ajudar e o ideal é que as pessoas comecem a pens logo nisto no início do semestre porque é muito fácil ter a tendência pa procrastinar

Obrigada pela sua disponibilidade e ajuda a informar e aconchegar quem se vê entre algum destes sintomas ou problemas de saúde mental, mas também a fazer conhecer a Astenia da Primavera, que muitos desconhecem.

Obrigada eu

Como estudante, sei bem que a vida académica pode ser um desafio constante, repleta de pressões incessantes e expectativas elevadas A chegada da primavera deveria ser um alívio, mas, para muitos de nós, pode trazer consigo uma avalanche de sentimentos inesperados e desafiadores

Quero que saibam que não estão sozinhos Esta entrevista com a nossa psicóloga teve como objetivo não só informar, mas também desmistificar esses sentimentos que podem parecer isolantes É normal sentirmo-nos diferentes com a mudança das estações, assim como com todas as mudanças A realidade é que estamos em transformação constante e devemos tentar, com toda a perseverança, aceitá-lo e reconhecer esses sinais em nós mesmos

A mensagem que quero deixar-vos é de esperança e resiliência

Aproveitem as estratégias discutidas na entrevista: cuidem da vossa saúde mental, pratiquem o autocuidado e não hesitem em procurar ajuda se necessário A nossa universidade tem recursos e profissionais prontos para nos apoiar

A Astenia da Primavera é real, assim como todas as outras condições de saúde mental, e a sua consciencialização e apoio social são fundamentais Se notarem que amigos, familiares ou conhecidos não se encontram bem, estendam-lhes a mão A compreensão e o apoio mútuo podem fazer uma enorme diferença, principalmente na vida de quem enfrenta uma dificuldade mental ou se encontra numa fase mais difícil

Finalizo com um agradecimento enorme à Psicóloga Olga Cunha pela sua disponibilidade para a realização desta entrevista e pelo seu empenho em ajudar todos os estudantes da NOVA FCSH

Entrevista Maio
MarianaRibeiro
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Olga Cunha, psicóloga na FCSH (Foto: NOVA FCSH)

ONE SIZE FITS COOL GIRLS

Uma cool girl, segundo Amy Dunne, é atraente, brilhante, uma mulher engraçada que adora futebol, piadas maliciosas, cerveja barata e o mais importante uma que come como se não houvesse amanhã enquanto permanece um XS Desde sempre, mulheres são bombardeadas com este rótulo de cool girl, despreocupada, mas impecável, que usa a quantidade certa de maquilhagem para parecer que não tem nada e uma que se deve vestir bem (sem mostrar que se importa) A internet trouxe consigo uma infinidade de cool girls diferentes, e, na era digital, onde a linha entre o virtual e o real é cada vez mais dúbia, os jovens consomem como uma realidade de filtros. No meio de todas as referências que criam uma identidade geracional, uma que aparenta ser progressista, em respeito para com todos os corpos e etnias, surge uma pequena etiqueta, de uma das maiores empresas de fast fashion do mundo ocidental “one size fits all” Recentemente assisti o documentário “Brandy Hellville & The Cult of Fast Fashion”, que acompanha a ascensão e queda da grande casa italiana de “roupa descartável” para as cool girls californianas- a Brandy Melville, sem compreender o seu peso

O documentário expõe as diferentes problemáticas escondidas nas camisas de banda indie ou a roupa interior com padrões delicados Para além dos problemas evidentes da fast fashion, algo analisado com atenção, é a forma peculiar de atrair clientes, de vender roupa e publicitar a marca, compreendendo como jovens consomem conteúdo, e, que em última análise, reflete o comportamento geracional de jovens socializadas no meio digital, do Tumblr ao TikTok Estas adolescentes consideram a realidade os vídeos massivos de compras das suas influencers preferidas, que constantemente refletem a última moda com a percepção inóspita de que o hiperconsumismo é normal

A estratégia da marca é vender roupas para uma rapariga em particular: a clássica cool girl, quem todas querem ser, vendendo nas redes sociais uma curadoria de fotos descontraídas do que seria o próprio perfil de uma jovem Existe ainda a necessidade de parecer sempre melhor, de parecer exatamente como esta versão descontraída mas além do real, que perpetua a necessidade de pertença destas jovens, que compreendem na Brandy, o tipo de rapariga que querem e devem ser Ao definir o seu público alvo e a recriar exatamente aquilo que elas desejam, torna-se uma marca irresistível

É exposto que o CEO da empresa, em conjunto com alguns gerentes, detém um grupo privado, o “Brandy Melville Gags”, com

comentários machistas, anti-semitas e até nazis A empresa é criticada por condutas racistas de segregação de trabalhadoras negras nos depósitos das lojas, enquanto as suas colegas brancas permanecem expostas no balcão como modelos principais A venda desta narrativa transcende as redes sociais para as lojas, em que jovens de 16 anos são modelos e recebem ordens para observar clientes, contratando-as com base na sua aparência Essas trabalhadoras eram diariamente fotografadas, em locais como o peito e as pernas, para posteriormente, serem publicadas na página oficial da marca. Essas fotografias eram selecionadas diretamente pelo CEO da empresa que, todos os dias, analisava centenas de fotografias das adolescentes, separando as melhores. A aparência destas raparigas torna-se essencial, pois deviam ter uma beleza delicada, mas padronizada, aquilo que a sociedade considera atraente, focando-se em manter o peso ideal para continuar a utilizar as roupas da marca Várias ex-trabalhadoras assumem ter desenvolvido distúrbios alimentares durante o período de trabalho, competindo com os tamanhos que cada vez se tornavam menores Era expectável que permanecessem o padrão de beleza inatingível que é esperado para todas as adolescentes

Questiona-se o porquê de se perdurar a velha narrativa de que o peso é uma variável determinante para a beleza feminina, quando movimentos progressistas de inclusão de todos os tipos de corpo têm sido defendidos Ou o porquê de se ignorar os discursos racistas e machistas da marca por peças de qualidade questionável produzidas em armazéns chineses É evidente que uma peça de roupa não é apenas uma camisola, ou um par de calças, ditando uma mensagem do que somos e como o mundo nos vê Ao construir a narrativa viciante de uma beleza contínua e perfeita, somos sugados para o mundo de uma cool girl, que está sempre a par das últimas tendências, compra como se o mundo não fosse acabar amanhã e partilha com o mundo os cinco tops brancos idênticos que não precisa Tudo isto enquanto permanece numa corrida interna consigo mesma e os padrões de beleza impossíveis estabelecidos pela sociedade O documentário permite uma reflexão, de que, no fundo, esta “Brandy Melville” não é uma pessoa real, mas sim uma ficção criada para induzir um padrão de beleza desatualizado A falta de preocupação das cool girls transcende a aparência e mostra que os valores progressistas da nossa geração não são nada além de uma publicação de “All Bodies are Beautiful” e “Black Lives Matter”

TáliaMoniz Cultural Maio
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Pressão Lazúli

Helena acordou atrasada O despertador não tocou Esqueceu-se de o ativar na noite anterior A própria noite já sabia que tinha autorização para estragar o dia que nunca lhe chegou a pertencer Levantou-se, cabisbaixa por não ser capaz de enfrentar os míseros raios de sol que penetram as persianas, muda Muda de cordas vocais enquanto nada muda Dirigiu-se à cozinha, começou o ritual do pequeno-almoço Começou a preparar um pão misto, abriu-o e colocou uma fatia de queijo O fiambre tinha um cheiro estranho; apercebeu-se da sua podridão; não o dispôs Ligou a máquina de café, só para ver que já não tinha cápsulas Nada bebeu, prosseguiu com a rotina Casa de banho Quarto; roupa; que tempo vai estar? Escolheu e seguiu viagem

Chegou à paragem um minuto atrasada Pensou que com certeza a carris se atrasaria mais um dia, quer dizer, não fazia sentido ter seguido o horário logo quando ela se atrasou Falacioso Ainda não ativou a sua voz Desenhou uma solução e fez para a ver concretizada Nos seus passos acelerados, assertivos, vêem-se todas as suas versões Há manchas daquilo que já disse, do que já fez; nem as suas sapatilhas sabem mais como marcar a calçada portuguesa (e vice-versa) O chão já se habituou a Helena, mas parece querer vê-la de perto Escorregou e embateu Deixou-se ficar sentada uns segundos, não fez caso dos burburinhos que ouvia Piscou os olhos três vezes (a velocidades diferentes, quiçá), esforçou os joelhos e ergueu-se Seguiu viagem

Mergulhada nas conversas alheias que captura, imagina o que faria se um microfone se sobrepusesse ao seu caminho Se tivesse um megafone na mala, falaria? Se a sua existência dependesse da sua opinião sobre algo, dá-la-ia? Debate-se sobre o que teria a acrescentar ao mundo que o mundo já não saiba. Pensa em alertar quem a ouvisse para a cor disposta pelas árvores lisboetas ultimamente; pensa em assumir uma postura de liquidificadora, falar sobre polémicas, dilemas, situações debatidas, batidas e rebatidas nas notícias diárias, pegando no que já existe e dispondo em vias mais empapadas; pensa em acrescentar pontos aos discursos que apanha do ar Porém, não se importa Pura e simplesmente, não tem o que dizer É a metalinguagem negativa do ser A fotografia que ficou demasiado tempo de molho e saiu perturbadoramente apática É a influência do sistema de plágio de trabalhos universitários, aplicado aos diálogos que caça com a sua rede de borboletas Num metro quadrado, apanhou quatro borboletas laranjas É isto que os outros querem ouvir ou o realizador grita “CORTA” aqui? Continua sem ativar a sua voz, não tem o que dizer Terá sangue nas veias? O contra pode estar contra ela quanto tempo quiser Os dias podem continuar a correr-lhe mal Sabe que fará vida da vida que a vida não lhe dá Se lhe perguntarem se tem algo a acrescentar, dirá que não apanha espigas desde os 13, e que isso diz muito sobre a nossa política, tanto quanto os outros têm a dizer A bola rola, o zero também é número O rasto que pode vir a deixar por aí não a aquece, nem a arrefece, alma perdidamente desalmada É insossa e gosta de o ser Sem definições conceituais, sem ex-libris, parto sem contacto direto bacterial-vaginal, vive Sem ponto final a pôr, sabe que outrem se reunirá em maçonaria de pontuação, concluindo que reticências será a solução

InêsFonseca Crónica Maio
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The Artwork In oil on canvas, Quiet Bus Arte

IncidenteemAntaresdeÉricoVeríssimo,e incidentesoutrosqueseapresentampelo caminho

Confrontada com a catástrofe que se alastrou pelo Rio Grande do Sul nas últimas semanas, confesso que as emoções foram várias e por vezes incoerentes. Na tentativa de lidar com a impotência da distância, combinada com o desespero de ver tomadas por água da chuva as ruas de Porto Alegre - um lugar que durante toda a minha infância representou uma espécie de abertura ao mundo além daquilo que o dia-a-dia me oferecia, recorri aos meus mais velhos amigos, os livros.

CheiasnoRioGrandedoSul 2024(Foto:RFI)

Quando abri pela primeira vez o romance Incidente em Antares, do meu conterrâneo Érico Veríssimo, acreditava saber o que me esperava, um reencontro com o meu estado, com o chimarrão, o churrasco e as gurias No entanto, e não saberia explicar bem o porquê, uma parte de mim acreditou que aquelas páginas poderiam representar uma espécie de fuga da realidade, uma viagem a um outro Rio Grande do Sul Saúdo a minha inocência, palavra que utilizo por achar que estupidez talvez tenha demasiada força, mas, como podem imaginar, não foi possível fugir de nada Aliás, diria que, pelo contrário, vi a realidade exposta à minha frente de forma inequívoca

A atemporalidade é, definitivamente, uma característica louvável, associada à boa literatura Porém, e sou obrigada a frisar que não pretendo com isto tirar do Veríssimo qualquer mérito, visto que noutra ocasião poderia facilmente escrever extensamente com o único propósito de lhe tecer elogios, a sobrevivência de Incidente em Antares ao feitiço do tempo parece-me estar associada, além do génio, a uma persistente incapacidade dos governantes, aqui, lá ou em qualquer lugar, de corresponder com interesses que não estejam intrinsecamente associados com a classe dominante

A linha temporal traçada por Veríssimo das vicissitudes da política na-

Livro:IncidenteemAnteresdeÉricoVeríssimo Fonte:LiloeiroOnline

quela pequena cidade do interior gaúcho é passível da mais completa extrapolação para o cenário atual, a mentira, a corrupção, a moral hipócrita, o descaso impetuoso O autor desenha o retrato perfeito da negligência, o governo municipal de Antares não reconhece a legitimidade da luta dos grevistas, o que resulta num levantamento dos mortos, em estado putrefato, que assombra e perturba todos os habitantes da cidade Voltando aos últimos acontecimentos, penso que um governo que ignora as alterações climáticas, negligenciando a legislação ambiental, enquanto assiste à miséria do seu povo pelas consequências desta, é ainda mais pútrido do que os cadáveres que se dispõe no coreto em Antares, enoja e enraivece

Acredito que seja inevitável compreender, porque a realidade nos força, que a mudança dos tempos e das vontades muitas vezes é só máscara para a manutenção de um status quo opressor De Antares ao Vale do Taquari, ficção em conluio com a realidade, de 1970 a 2024, as mesmas causas para novos problemas Talvez o mais perfeito retrato dos nossos tempos seja, justamente, o reconhecimento da herança de tantos erros do passado, que continuam a impregnar o presente e parecem caminhar para o futuro, ou para o resquício de futuro que estes mesmos erros nos permitem imaginar

CarolinaRamos Recensãoliterária Maio
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Agenda cultural verão!

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Culturaeliteratura

Museusgratuitosao Domingo!

Avisar a navegação que já desde algum tempo que todos os Museus sob a alçada da DGPC (Património Cultural) ainda são gratuitos ao Domingo Estás interessado em ter o date dentro da Gulbenkian e não no seu jardim? Gostarias de ver a decoração duvidosa do quarto da Rainha D Maria Pia no Palácio da Ajuda? Ou então fazer um piquete à porta do Museu de Arqueologia até 2025? Aproveita esta oportunidade de lutar contra a ressaca de domingo de manhã

LivrosemLisboa

Em Lisboa há centenas de livrarias e milhares de pessoas proprietárias de livros que estão dentro de uma tote bag há vinte e dois anos (Amiga Genial ou A Peste), e de modo a manter este equilíbrio ténue, é fundamental manter um mapa mental de todas as livrarias onde, seja em segunda mão ou por preços exorbitantes, possamos contribuir para o ecossistema de livros não lidos e de outros lidos em demasia Recomendamos, portanto, algumas:

Livraria Letra Livre, Cç do Combro - O único sítio onde se encontrou a publicação de todas os artigos do jornal “A Batalha”

Livraria Tantos Livros, Livreiros, Av Marquês de Tomar - Café e tem todos os livros antigos da Europa-América

Livraria Snob, Tv de Santa Quitéria - Eles editam livros de poesia de autores contemporâneos e têm tudo o que seja ciências sociais, humanidades, etc

Piena, Libri, Persone, Visioni, R Cavaleiro de Oliveira - Livraria italiana, trabalhadoras simpáticas e um ambiente muito caloroso

Livraria Martins, Av Guerra Junqueiro - A Prova de que uma livraria moderna e brilhante pode sempre manter um nível de conforto e abertura sem paralelo. Muito forte na área dos Clássicos e da língua inglesa

Livraria Sistema Solar (a editora), R Passos Manuel - Por ser da Sistema Solar, tem um grande foco no ensaio, na crítica literária e romance menos conhecido. Feira do Livro de Lisboa.

Feiradolivro

16 até 29 maio

Parque Eduardo VII

2.ª a 5.ª feira - 12h00 às 22h00

6.ª feira e vésperas de feriado - 12h00 às 23h00 sábados - 10h00 às 23h00 domingos e feriados - 10h00 às 22h00

Não percas a Hora H para a oportunidade de encontrares livros com, pelo menos, 50% de desconto! De segunda a quinta-feira, na última hora da Feira destes dias.

PoesiaemLisboa

“Sob o manto diáfano da fantasia, a nudez forte da verdade” Barras do Eça perdidas por Lisboa, uma cidade conhecida pela sua poesia escondida em salinhas fumarentas, que por vezes parece existir como um segredo “aberto” Sem nunca deixarmos de EXIGIR aos nossos leitores que leiam poesia, também acreditamos que a poesia lida, cantada, sussurrada, desmontada e invertida seja a sua forma mais sincera Assim, seja nas noites de segunda-feira no BOTA, nas fantásticas edições da Poesia Vadia (@p.o.e.s.i.a.v.a.d.i.a) ou no Festival de Poesia de Lisboa (setembro), é fundamental que dediquemos este verão ao ato mais antigo que conhecemos: falar e declamar, juntos ou isolados

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AgendaCultural

Festivaisdemúsica

OutJazz

Todos os domingos até 29 de setembro

RockinRio

15, 16, 22 e 23 de junho

SumolSummerFest

CoolJazz

9 a 31 de julho

5 e 6 de julho

VodafoneParedesdeCoura FestivalJardinsdoMarquês SuperBockSuperRock

14 a 17 de agosto

3 a 10 de julho

18, 19 e 20 de julho

FNACLive

1junho

Jardins da Torre de Belém Entrada Livre!

Concertos de Jorge Palma, Pedro Abrunhosa, Chico da Tina, NAPA, emuitosmais!

1-9 CINEMAITALIA junho

O novo festival de Cinema italiano em Cascais, completamente gratuito!

Com o calor a aproximar-se, chegam as sessões de cinema fora de casa nos terraços, nos parques de estacionamento, e até nas piscinas! Deixamos aqui uma lista dos principais promotores destes eventos em Lisboa:

CineConchas

The Black Cat Cinema Cine Society

Poolside Cinema: TV Series Edition no Sheraton Cinemateca Portuguesa Parque Mayer

FIA–FeiraInternacionaldoArtesanato'24 VisionArtFairLisbon FeiraMedievaldeAlhosVedros GrandeMercadoMedievaldeÓbidos FeiradoVinhoedavinha-Anadia

22 junho

Brevemente na terrinha mais próxima de ti! Não te esqueças que ainda vais a tempo de pedir estadia àquele teu amigo que apanha 2 comboios e 3 autocarros para ir a casa, mas que te promete que a festa da sua terrinha é a melhor! Boas férias e bons bailes de verão!

AgendaCultural
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Cinemaaoarlivre
dejunhoasetembro
Comconcertos,comese bebes,atividadesemuito mais! ArraialLisboaPride Praça do
Comércio
Festasdaterrinha
Feirinhas

PedroLázaro Crónica

As Descobertas de Nuno Folha: o ensino superior

As aulas estão a terminar e Nuno Folha está a preparar-se para os Exames Nacionais de 12º ano que se estão a aproximar Apesar de estarmos em maio, está imenso calor e, como é hábito, Nuno está a passar a tarde de sábado em casa dos tios Enquanto o primo está a nadar na piscina, Nuno Folha está a ler um livro na espreguiçadeira

- Então, já pensaste a que curso e instituição te vais candidatar? –perguntou o primo de Nuno Folha ao deitar-se na toalha

- Ainda não pensei sobre o assunto, sinceramente Pensei que teria tempo

- Mas ainda há que pensar? Ouve, a vida de um universitário é do melhor que há

O primo de Nuno Folha começou a enumerar todas as suas experiências enquanto estudante universitário, quer seja dentro e fora do campus, a explicar as vantagens de morar fora da casa dos pais e, por fim, a importância da aquisição de um grau académico superior

Nuno Folha ficou espantado com a vida que o primo levava longe daquela cidade e da sua família Como tal, nessa mesma noite decidiu sentar-se em frente ao computador e começar a procurar tudo aquilo que precisava saber sobre o ensino superior “Ora bem, esta faculdade em Lisboa tem exatamente o curso que eu quero Está bem localizada, parece ter boas instalações (se bem que, por vezes, as fotografias enganam), vejamos mais informações ” – pensou Nuno Folha ao fazer scroll no site da instituição

- O quê? 697€ por ano? – questionou Nuno Folha escandalizado –Mais seguro escolar e custos administrativos? Ah, mas espera, os beneficiários da bolsa da DGES ficam isentos de pagar a 1ª propina no ato da inscrição, assim como os custos administrativos, mediante apresentação do pedido Isso já facilita bastante – disse Nuno Folha com alívio

“Bem, vou precisar de um sítio para morar Perto da faculdade, de preferência, para evitar grande deslocações”

- 550€ por um quarto partilhado sem janela? Mas quanto é que estes senhorios pensam que é o ordenado mínimo em Portugal?

“Tenho de procurar mais longe, então E, sendo assim, vou precisar de passe para me deslocar”

- Bem, pelo menos o passe é gratuito Haja alguma coisa barata nesta vida

“Bem, ao menos, espero que todo este esforço dê frutos no futuro e me garanta um emprego certo e estável, com um salário digno”

Após uma exaustiva pesquisa de 2 horas e 37 minutos, Nuno Folha constatou:

- Claro que o meu primo adora aquela vida O meu tio tem um excelente emprego onde ganha milhares por mês Consegue pagar quarto, propinas e tudo o resto. Com o meu pai a ganhar o ordenado mínimo e com aquilo que a minha mãe ganha dos biscates que faz – Nuno Folha suspira profundamente

Ao regressar da casa de banho, Nuno Folha deitou-se na cama e disse em tom de frustração:

- Honestamente, não sei se vale muito a pena ir para a faculdade

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31 Abril Victoria
Leite
“Chamava-se

Catarina/ O Alentejo a viu nascer/ Serranas viram-na em vida/ Baleizão a viu morrer”

tempo, parecia pouco necessário repetir aquilo que fez derramar o sangue de Catarina Contudo, os ventos de mudança que agitaram o país no passado 10 de março e a celebração dos 50 anos da revolução de abril sugerem que a passagem do tempo apaga memórias que talvez seja preciso resrestituir Por esse motivo, para assinalar o aniversário de tão trágico incidente e relembrar aos nossos leitores o preço que a liberdade e os direitos (que hoje consideramos absolutamente fundamentais) custaram, o Nova em Folha propõe evocar a coragem da jovem mulher que não arredou pé e morreu fazendo frente à autoridade exploradora, através dos olhos de uma interlocutora muito especial: Maria Catarina Baleizão do Carmo, filha primogénita de Catarina Eufémia

Fui recebida na casa da entrevistada, em Baleizão, no largo que homenageia a sua mãe, de braços abertos, com um sorriso e muita boadisposição Apesar da idade que tem (76 anos) e que tinha aquando do incidente no fatídico dia de maio, Maria Catarina continua a ser frequentemente interpelada por jornais e canais de televisão a quem responde de boa-vontade, apesar de, como repetiu várias vezes durante a entrevista, não se envolver nessas “coisas da política”

Uma conversa com Maria do Carmo, filha de Catarina Eufémia

Foi a 19 de maio de 1954 que Catarina Eufémia, símbolo da resistência alentejana ao regime do Estado Novo, do empoderamento feminino e da luta proletária, foi assassinada em Baleizão às mãos do tenente Carrajola Apesar dos setenta anos que celebra este mês, a história da jovem mulher que morreu por “pão e trabalho” para alimentar os filhos continua a fazer parte do imaginário nacional e a inspirar o orgulho revolucionário do pós-25 de abril Até há pouco

Contou-me uma das muitas narrativas que existem sobre o episódio da morte da sua mãe, cada qual uma versão diferente daquilo que se passou, envolta em mitos que mesmo os historiadores mais aptos ainda não conseguiram despistar A gravidez de Catarina Eufémia, disseme, não foi comprovada pela autópsia do corpo, e a seara afinal não era de trigo, que as mulheres iam fazer a colheita da fava Mas, acima de tudo, e contrariamente ao que eu tinha lido na própria manhã, disse-me que a mãe não militava no Partido Comunista Português, como a propaganda de esquerda nos fez acreditar

“O meu pai (...) sabia disso tudo. Agora a minha mãe foi criada numa família que não tinha qualquer instrução sobre política, nem o que era o partido nem o que não era. Só que depois de casarem, ( ) o meu pai também dava-lhe umas luzes”

Mariana Cascalheira, companheira e vizinha de Catarina Eufémia, disse uma coisa diferente na

entrevista que deu a Miguel Patrício em 2003: “Ela falava muito do Partido Comunista Era do que ela falava sempre Toda a gente, mesmo patrões, dizia que ela era comunista”

A minha pesquisa não me permitiu sair desta encruzilhada, pelo que suponho que nunca vamos saber exatamente o envolvimento de Catarina no clandestino PCP Independentemente disso, Maria Catarina não parece importar-se com a reivindicação que o partido fez da luta da mãe: “eu nunca fui contra, eu deixei-os [o partido] sempre trabalhar à vontade”

Liguei o gravador e deixei Maria Catarina contar aquilo de que se lembrava, ou que se lembrava de lhe terem contado (tinha 6 anos na altura), sobre a manhã sangrenta de 19 de maio O seu pai era cantoneiro (fazia a manutenção das estradas) em Quintos, a 6km da terra natal de Catarina e a última que a viu viver “Tínhamos as sopinhas todos os dias porque ele era empregado do Estado”, contudo viviam longe da abundância, o que impulsionava Catarina Eufémia a procurar trabalho onde lho oferecessem Diz-se que terá incitado as companheiras à greve, depois das sucessivas recusas do agrário de subir a jorna, de 12 escudos para 12$50 No dia em que, chegada ao Monte do Olival, onde era suposto fazerem a colheita da fava, levando o filhito mais novo de oito meses ao colo, viu umas mulheres do Penedo Gordo (a 20km de distância) a trabalhar no terreno, incitou-as a juntarem-se ao protesto O feitor, isto é, o homem que administrava a propriedade rural do agrário, ficou sobressaltado com tamanho alarido e chamou a guarda de Beja “Veio um tenente, quando ele chegou ( ) as pessoas já estavam ali, não desarradavam pé, e pôs-se ali atrás dos molhos de favas, ( ) ele vinha do monte em jeitos de não ser muito visto e então quando saiu detrás das favas, enfrentou as mulheres e perguntou o que elas queriam e a minha mãe estava com o meu irmão ao colo de oito meses e avançou, as outras ficaram atrás e ela avançou” João Tomaz Carrajola não era da região nem dotado de particular sensibilidade Aproximou-se das mulheres de arma em riste e perguntou: “Que é que vocês estão aqui a fazer, burras? ( ) Nós estamos aqui, queremos trabalho, queremos dar de comer aos nossos filhos Ah, queres dar? Toma, deu-lhe duas chapadas na cara Ela, entretanto, desequilibrou-se com o menino ao colo Ao ela desequilibrar-se ele deulhe três tiros logo ali à queima-roupa ( )” O tenente nunca foi penalizado pelo que fez Após o escândalo que a morte de Catarina provocou nas redondezas, Carrajola foi transferido para outra

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MarianaCarvalho História/Cultural Maio EstátuadeCatarinaEufémiaemBaleizão

esquadra, mas chegou a ser condecorado pelas autoridades do Estado Novo “Levantou-se o povo de Baleizão, nós não podíamos ir à rua, metemo-nos todos em casa, porque a guarda depois ( ) não deixava ninguém sair, ( ) as ruas estavam despovoadas, com as casas cheias de gente” Maria Catarina entrelaçou no seu relato diversas passagens de jornais, livros e outros documentos, como uma carta que o pai escreveu a Catarina Eufémia quando fazia a tropa no Ultramar ou um poema de autoria anónima sobre a morte trágica da mãe Teceu grandes elogios às obras líricas e ao cancioneiro que lhe fazem homenagem, sendo um dos exemplos mais significativos o “Cantar Alentejano” inserido no álbum Cantigas do Maio, de Zeca Afonso Lançado em 1971, antes da revolução, e produzido por José Mário Branco em França, Cantigas do Maio foi o álbum que inaugurou o apogeu da carreira do ainda José Afonso e da música de intervenção em Portugal (ou música popular portuguesa, como teimosamente a discográfica Orfeu insistia em chamar-lhe) Com um repertório de nove músicas claramente contestatórias do regime, foi visado e proibido pela censura Curiosamente, a única canção que conseguiu escapar, ainda que sem total impunidade, foi a segunda senha da revolução, os passos sobre o cascalho que anunciavam a libertação do povo, que “mais ordena”, da tirania fascista: o “Grândola Vila Morena” Em 1978, a Sociedade Portuguesa de Autores considerou Cantigas do Maio o melhor álbum de sempre de música popular portuguesa Goste-se ou não se goste da sua nostalgia bucólica, a importância que teve e ainda tem é inquestionável A Grândola continua a fazer parar multidões de milhares que se juntam para celebrar a liberdade pela qual os Capitães de Abril lutaram, mas também os artistas, através da música, da literatura, das artes visuais e de todas as manifestações que tentaram fazer passar pelas garras apertadas da censura Cantigas do Maio é um álbum que, como Catarina, simboliza a resistência face ao opressor que desabrochou em abril, mas já vinha a amadurecer desde maio

“Venham ver, Maio nasceu/ Que a voz não te esmoreça/ A turba rompeu”

Na senda das recomendações culturais, a conversa que tive com a Maria Catarina e a pes-

quisa que fiz em torno da morte da sua mãe e do trabalho camponês no latifúndio fez-me lembrar a obra de José Saramago que inaugurou o seu estilo tão característico, que fascina uns e atormenta outros tantos: Levantado do Chão Neste livro, de 1980, o prémio Nobel descreve a vida dos “camponeses sem terra”, os trabalhadores agrícolas que, como refere a citação de Almeida Garrett que inspira a narrativa, “é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico” A pesquisa e os testemunhos que o autor reuniu na sua estadia em Lavre, em terras de Montemor-oNovo, nos quatro anos que antecederam a publicação da obra, foram compilados num romance que segue três gerações da família Mau-Tempo Entre descrições poetizadas da paisagem e do trabalho agrícola e relatos crus da violência do regime salazarista sobre os camponeses desterrados, Saramago conta uma história que a passagem do tempo apagou, a História do suor e do sangue derramado para que o Alentejo fosse coroado o “celeiro” da nação Levantado do Chão é a prova de que a Revolução foi bem-sucedida, de que os esforços de Catarina, de Germano Vidigal e de José Adelino dos Santos (mártires da luta camponesa proletária, em memória de quem Saramago escreveu o livro) não foram em vão Foi também em maio que Germano Vidigal, natural de Évora, foi assassinado à mão de dois agentes da PIDE, no posto da guarda de Montemor-o-Novo Era um membro ativo do PCP na clandestinidade e foi um dos principais organizadores das célebres “marchas da fome” na região, que se traduziram em conquistas ao nível de melhorias salariais para os camponeses Após múltiplas concentrações e uma declaração de greve, Germano e outros mil e quinhentos homens foram encerrados na praça de touros de Montemor durante dois dias Vidigal saiu antes dos seus companheiros, mas nunca chegou a ser libertado: sucumbiu à tortura a que os agentes Barros e Carrilho o sujeitaram, tendo falecido no dia 28 de maio de 1945, recusando dar qualquer informação à polícia política

Exceto que, em parte, a revolução ainda está por cumprir Quando visitou Baleizão a 24 de maio de 1974, Álvaro Cunhal declarou a urgência de “liquidar a exploração do homem pelo homem” De facto, 50 anos depois, verificamos que aqueles que eram vítimas de exploração na época, os protagonistas de Levantado do Chão e as tantas Catarinas que povoavam o Alentejo e outras regiões agrícolas, conseguiram ver as suas condições de trabalho e de vida melhoradas Foi legislado o horário laboral e estabelecidos salários

mínimos, licenças de maternidade, paternidade e de ausência por motivos de saúde, bem como o direito à greve Contudo, a exploração persiste, agora sobre demografias diferentes Foi este tema que encerrou a entrevista com Maria Catarina, a quem não surpreende o aumento de eleitores de extrema-direita na freguesia historicamente mais comunista do Baixo Alentejo “Não me admira haver esta mudança ( ) as pessoas como veem o que se passa por aí, que é uma imigração descontrolada, vocês nem sabem o que a gente vê por aqui Abalam uns, vêm outros, ( ) e os patrões que os trazem fazem um dinheirão com estas vindas e está tudo aí sem trabalhar” Para muitos destes escravos modernos, vítimas de redes de tráfico humano e ludibriados por visões romantizadas da Europa, Portugal é uma porta de entrada Sem habilitações e incapazes de compreender a língua, são despejados para espaços sobrelotados e dedicam-se ao trabalho agrícola sazonal, que é escasso e extremamente penoso A falta de perspetivas de futuro obriga os desgraçados a abandonar o país, sabe Deus para onde vão E o ciclo repete-se, agora com novas vítimas

No mês passado celebrámos a Revolução, descemos a Avenida e cantámos a uma só voz o Grândola Em maio, já os cravos murcharam e a inspiração revolucionária arrefeceu, por isso importa levantar a vista da celebração nostálgica e olhar adiante, perceber o que ainda falta mudar e melhorar para que Portugal se torne a “terra da fraternidade” que Zeca anunciou

FotodeCatarinaEufémia

MarianaCarvalho História/Cultural Maio 33

EurovisionandPolitics: AHistoricalOverview

This year’s Eurovision Song Contest, held in Malmö, Sweden, has been marked by unprecedented chaos, not the usual good kind of chaos but a 'dumpster-on-fire' kind of turmoil Controversies, protests, and boycott calls have led many to describe it as the most politicized Eurovision yet The event faced criticism from two opposing sides Some argued that the European Broadcasting Union (EBU) and the Eurovision organization should not have allowed Israel to participate due to its ongoing genocide Others complained about the heavy politicization, citing Eurovision's rules that explicitly exclude political content, insisting it should remain a purely musical contest

The issue with this latter stance is that it often comes from those not deeply familiar with Eurovision’s history Officially, the contest aims to be apolitical, but in practice, this is not the case For example, in 2022, Eurovision banned Russia due to its invasion of Ukraine a clearly political decision However, this year Israel was allowed to participate Israel first submitted a song titled “October Rain” talking about the October 7th attack, but the EBU required them to change the lyrics because it was deemed too political The lyrics had to be changed more than once but despite this change, it’s still apparent what the song now titled “Hurricane” is about

This inconsistency has led to accusations of double standards against the EBU Critics argue that if Eurovision can ban a country for its wartime actions one year and then claim to be non-political the next, it undermines the credibility of its apolitical stance Eurovision has never been a stranger to political controversy In 1964, the contest saw one of its earliest political disruptions when a protester stormed the stage in Copenhagen with a banner reading “Boycott Franco and Salazar,” targeting the fascist regimes in Spain and Portugal This incident set the tone for future political expressions on the Eurovision stage

In 2019, when the contest was being held in Israel, Iceland’s band Hatari displayed Palestinian flags during the voting, protesting against Israel's occupation of Palestine Later on, they were forced to pay a fine of 5000€ The 2022 contest saw Ukraine’s Kalush Orchestra winning with "Stefania," amidst the ongoing war with Russia, symbolizing European solidarity with Ukraine

This year’s Eurovision was rife with controversies from the outset Even before the contest began, the organization banned any display of Palestinian symbols by both the audience and contestants The controversy intensified during the first semi-final's opening number when Swedish-Palestinian singer Eric Saade wore a Palestinian scarf around his wrist As a result, Eurovision refused to upload his performance to YouTube, claiming he had ‘sadly’ decided to politicise his act This decision faced significant public backlash, with Saade later defending his as a cultural expression and criticizing Eurovision for politicizing his e

of the most significant controversies was the disqualification of the contestant The EBU justified this by emphasizing its commitment well-being and safety of all participants, but this explanation only public outrage Throughout the event, numerous contestants and personnel reported harassment by the Israeli delegation, including orized recordings and verbal torment Despite multiple complaints EBU, no actions were taken against the Israeli delegation, hting perceived double standards within the organization

ese incidents underscore that while Eurovision aspires to be a m for musical and cultural exchange, it often reflects the political s of the time This year, the intersection of politics and mance was more apparent than ever, prompting calls for significant s in how Eurovision handles political issues and participant conduct

BeatrizBatista Cultura/Política
Maio
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Músicaévida.Vidaépolítica. Logo,MúsicaéPolítica

O Festival da Eurovisão deste ano foi marcado por muita polémica em relação às decisões tomadas pela EBU (European Broadcasting Union) e à tensão gerada pela participação de Israel, à qual uma larga parte do público se tem oposto desde sempre, exacerbada este ano no seguimento dos inegáveis conflitos militares por parte do Estado de IsraelnaFaixadeGaza.

No regulamento do concurso podemos ler: “O Festival da Eurovisão é um evento não político”; porém, tem sido um pouco difícil compreender qualéocritérioquedistingueoaceiteeonãoaceite,umavezquenosúltimosanoshouvevariadosexemplosdedoublestandardsnoquetocaà permissão de gestos e mensagens de índole política Inspirada pelo caos, decidi fazer uma análise de algumas recentes canções e participações queaEBUaceitou,ou,pelomenos,tolerou,apesardostemassensíveis

Da forma mais parcial possível, começo com uma das minhas favoritas: Itália em 2018, com Nonmiavetefattoniente (= Não me fizeram nada), uma canção que menciona os ataques terroristas que durante a segunda metade dos anos de 2010 aterrorizaram a Europa (Paris em 2015, Nice em 2016, Barcelona, Londres e Manchester em 2017), promovendo uma mensagem de paz, tolerância e união, assim como de recusa ao ódio apesardomedoprovocado:“Youhaven'tdoneanythingtome/Youhaven'twonanything/Becausethere'smorethanyourpointlesswars”;“Let's swapourskin,deepdownwe'reallhuman/Becauseourlivesaren'tapointofview/Andthereisnopacifistbomb” Nãoexistequalquerregistode polémicaseotemaerademasiadopolíticoparaaEurovisão,apesardasclarasreferênciasaeventosconcretos Apesardabarreiralinguísticaeum stagingbastantesimples,aparticipaçãotevebastantesucessonotelevotoeacabouem5ºlugar

Vencedora da edição de 2016, a Ucrânia conquistou o público com uma canção emotiva intitulada 1944, ano em que o governo soviético começou uma operação de limpeza étnica do povo Tártaro da Crimeia, deportando milhares para territórios sob o controlo russo, entre os quais estava a bisavó da cantora O refrão, em língua tártara da Crimeia, é retirado de uma canção folclórica desse território, consiste de versos cuja tradução para inglês apelam ao sentimento de perda e isolamento: “I couldn’t spend my youth there / because you took away my peace / I couldn’t experience my homeland” A canção também é caracterizada pela presença de diversos elementos referentes à tradição musical dos povos Tártaros e do Cáucaso Esta participação da Ucrânia ganhou grande relevância dado à circunstância da recente anexação da Crimeia por parte da Rússia, apenas dois anos antes, tornando-se ainda mais atual

A Croácia em 2023 deu bastante que falar, e os próprios participantes Let 3, ofereceram diversas interpretações alternativas à canção Mama ŠČ!, salientando sempre que acima de tudo é uma canção contra a guerra (para a Eurovisão, uma guerra genérica, para os media, a invasão da Ucrânia pela Rússia) A letra repete várias vezes a menção a uma mística entidade maternal, tractores e psicopatas: “Mommy bought the tractor (x6)”; “Th psychopath (Mommy, we're going to war) / Evil little psychop war)” Fontes (= a wikipédia, porque todos os artigos bons em croata) mencionam que o trator pode referir-se ao presidente bielorusso Lukashenko ter oferecido a Putin u para o seu 70º aniversário Continuam depois a fazer p infantilidade das decisões destes líderes autoritários, daí o da mamã e da guerra, chamando-lhes de psicopatas pe Também a atuação contribui para esta paródia, uma vez artistas estão vestidos com roupas que se assemelham militares, mas com cores vibrantes e maquilhagem exager participação croata foi uma experiência multi-sensorial e a recomendada

RepresentantesdaCroáciaem2023

Nenhuma destas participações levantou quaisquer probl a EBU, apesar do conteúdo Podemos realmente pôr limites artística? A música é um reflexo da vida, a política é u inevitável da experiência humana, logo, a música é política

Cultura Maio RaffaellaTomaiuolo 35
Representanteucranianaapósvencerofestival,em2016

I’ll write you one first poem and let’s leave it at that Can I tell you what’s been happening? Things’ve been changing so fast since you first left and I’ve stopped checking your shadow underneath the crooked door or looking for you in the next room or looking for you in the mirror, to see if you were only an illusion or hoping you’d answer when I call for you after I open the door or crying because crying is the only way I know how to remember you. Do you also feel the silence of my yearning for these things to be true?

How could I erase the thing I have if all I have is the memory of you?

EscritaCriativa
I’llwriteyouone firstpoem Maio DariaRosa 36
‘A Carta’, de Federico Zandomeneghi (sem data)

Let’sallgettogetherandmanifest JoanDidionbacktolife

Joan Didion had a lot to say – and that is clear when you come across a renowned, world-famous writing career spanning many decades and 18 books Yet, you can never get enough of those incisive observations and striking descriptions That being said, one could only expect to devour her books like Tony Montana did with all that coke in Scarface – so, yes, after the first book (preferably The White Album) there’ll be no going back You’ve been warned Nevertheless, not only did she spew tiger-like sharp prose about the 60’s and 70’s Los Angeles counterculture but also wrote two of the rawest, most soul-clenching books related to grief and personal loss ever (The Year of Magical Thinking and Blue Nights) Talented eclecticism is a blessing, indeed

Kicking her career off with a contemplative essay piece on self-respect, Didion was everything we ever needed and more without being a try-hard She could definitely be seen (I mean, she has been seen as such for a long time) as the epitome of the cool girl, especially because she did not care That coolness does not, in any way, refer solely and vaguely to her sense of style – although her iconic scarf + sunglasses + cigarette in hand combo did make history, at least for the demographic popularly known on social media as “the girls that get it” It’s more about that unflinching authenticity, elegant writing, and powerful language Those three factors were, more often than not, intertwined with some intellectuality that wasn’t pretentious or performative – like many authors and screenwriters from that particular time In fact, it was grounded on firm roots of curiosity and vulnerability

Didion’s legacy certainly goes beyond her written work – meaning, it is somewhat impossible to reduce such a unique persona, whose visual identity and flair remain relevant and timeless after some 60 years, to simply a collection of books, essays, and screenplays Her capacity to capture with surgical precision the pure essence of be it an era, a place or a tribe can be regarded as a touchstone for Literary Journalism After all,

Didion was one of the main characters of the movement known as “New Journalism” – which rose in the sixties and seventies and was pivotal to introducing an approach established on subjectivism and stylish language to news writing

One could affirm that her brilliance was substantial in allowing her work to endure the test of time That relevance lies in the accurate and aware approach that Didion would have when poking out the many layers and complexities that found home within American society Thus, the underlying truths she exposed and tackled, were very often the results of structural problems in society that remain pertinent because of unchanging aspects of the human condition Yet the way she exposed these problematic situations was unparalleled, and can potentially give readers new perspectives of old problems Personally, I feel like “Play It As It Lays” (1970) – in which the main character struggles with existential despair in Hollywood – could still be seen as current when you replace the actress struggling with her quest for meaning and identity with your average LA digital influencer who eventually gets fed up with going through an alienated life

In essence, Joan Didion’s greatness lies not only in her literary prowess and acute observations but also in the unique way she would articulate complex twists found in American society – many of these were simply inherently human, making her work relatable to not exclusively American readers Her legacy is a beacon for both readers and writers – and anyone else who’s into literature, really –, offering some light for those who are curious at heart May her work continue to be devoured by all generations to come, and revered by all those people who have a weakness for reading splendid combinations of words on a paperback

Cultura Maio PietraBlasi
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Maio ConstançaPereira

OApoliticismoPolíticodaFórmula1

Ser-se mulher e fã de qualquer desporto é um desafio – maior parte deles são dominados por homens, maior parte dos seus adeptos são homens, e maior parte do que acreditamos é posto em causa diariamente Ser mulher e fã de fórmula 1 é, hoje em dia, quase paradoxal

Nos últimos anos, tem existido um esforço ativo para mudar o paradigma que tanto restringe os desportos motorizados a um universo quase completamente masculino Esses esforços passam pela iniciativa F1 Academy, por exemplo, que é uma competição entre mulheres de modo a que estas ganhem visibilidade no desporto, e, quem sabe, eventualmente fazerem parte dos 20 na grelha de partida A promoção de iniciativas como estas é um marco importante e louvável no desporto, que tenta agora incluir mulheres na linha da frente (sendo que estas já fazem parte das equipas de engenharia, estratégia, entre outros)

No entanto, a FIA (Fédération Internationale de l'Automobile) transforma estes esforços numa atividade completamente performativa ao revelar o pouco que se preocupa com mulheres no desporto Recentemente, Christian Horner, o diretor da equipa Red Bull, foi alvo de graves alegações de “conduta imprópria”, nomeadamente, de cariz sexual Estas alegações ocuparam um centro de debate nas redes sociais, mas não no desporto, onde tudo pareceu decorrer normalmente – aliás, a alegada vítima foi suspensa das suas atividades, enquanto Horner continua a passear-se pelo paddock

Enquanto fã, parte de mim pensou que as ações da FIA foram isoladas, que talvez os pilotos tivessem algo a dizer, a comentar, uma breve frase de apoio a vítimas de tantos Christian Horners no mundo Tal não aconteceu – maior parte dos pilotos, quando questionados, responderam com comentários infelizes e encolher de ombros “Só quero pilotar” foi uma frase comum – talvez demasiado comum – a sair da boca destes homens com uma enorme plataforma e alcance a nível mundial

Não sei o que esperava Não fiquei desiludida, pois as expectativas eram baixas no que toca a um desporto dominado por homens privilegiadosde classe alta, mas fiquei incomodada Senti que parte de mim traía os meus próprios valores ao continuar a admirar e ver assiduamente um desporto que pouco ou nada se importava com aquilo com que eu me importava

No entanto, não ficou por aí O último grande prémio, em Miami, contou com a presença de Donald Trump nas garagens da McLaren, uma presença gritante, uma chapada de luva branca por parte da FIA à sua audiência Isto porque o pouco ‘politicismo’ existente no desporto foi calado – sendo o desporto ‘apolítico’, mensagens desse cariz (“imagens, símbolos, gestos, palavras ou ações”, como indica a própria federação) deixariam de ser permitidas

Isto não impediu alguns – um, Lewis Hamilton – pilotos de continuarem a promover aquilo em que acreditam De facto, o próprio afirmou que as novas regras não iriam alterar o seu comportamento, algo que deve ser valorizado No entanto, coloca-se a questão – se símbolos, imagens, gestos, palavras e ações políticos são proibidos num desporto que se apelida de ‘não político’, que fazia Donald Trump na garagem da McLaren?

Lando Norris, piloto dessa mesma equipa e vencedor do seu primeiro grande prémio precisamente em Miami parece ter a resposta: “ele [Trump] veio ter comigo depois da corrida para me dar os parabéns Ele disse que era o meu amuleto da sorte [ ] Donald é alguém a respeitar de inúmeras maneiras, e suponho que tenha sido uma honra ele ter tirado um momento da sua vida para reconhecer aquilo que eu fiz” O mesmo piloto que fez parte daqueles que encolheram os seus ombros face a alegações de assédio, o mesmo que queria apenas ‘pilotar’, afirma abertamente estar grato pela presença de alguém que ele admira, sendo esse alguém Donald Trump

Sinto-me traída por um desporto que tanto admiro – um que fecha as suas portas, ou pelo menos dificulta a abertura das mesmas, a todos aqueles que não são privilegiados Um em que até aqueles que podem falar se mantém calados, onde o apoliticismo é apenas um disfarce, e o pouco político que há é afogado em hipocrisia

Desporto 38

Corinthians no Campeonato Paulista de 1982

Ademocraciacorinthiana

Hoje volto aqui para contar uma das histórias mais impressionantes do futebol brasileiro, talvez até mundial O ano é 1982, o Corinthians, tradicional clube da capital paulista, vinha de uma temporada que tinha ido bem abaixo das expectativas O clube, porém, passava por uma troca de gestão, e Waldemar Pires assumia a presidência com a promessa de trazer inovações ao time e retomar a disputa na elite do futebol nacional Pires, então, anuncia Adilson Monteiro Alves como seu diretor de futebol O jovem sociólogo é referido, no livro “Casagrande e seus demônios” (livro esse, que conta a história de um dos protagonistas da história que aqui vos trago) como alguém com ideias revolucionárias no âmbito da gestão esportiva. Com ajuda do publicitário, abertamente corinthiano, Washington Olivetto, Alves começa então sua empreitada dentro do clube alvinegro

Liderado, dentro de campo, por Sócrates (que além de jogador era médico, ativista político e merecedor de um texto só para si), Casagrande, Zé Maria, dentre outros granes jogadores, o Sport Clube Corinthians Paulista instaura, então, uma democracia dentro do

clube, na qual todas as decisões que envolviam a instituição - exceto as escalações para os jogos - eram tomadas mediante uma votação que contemplava todos os funcionários do clube cada um com o mesmo poder de voto, ou seja, o voto do presidente, do capitão ou do roupeiro valiam exatamente a mesma coisa na tomada de decisões

Por si só essa democracia já seria algo incrível, mas quando paramos para entender o contexto por trás, esse fenômeno fica ainda mais grandioso A democracia corinthiana aconteceu em plena ditadura militar, onde o conceito de democracia era cada vez mais sucateado Mesmo que não tenha ocorrido no auge da ditadura, é inegável a importância dessa atitude do clube para a queda do regime totalitário

O Corinthians foi pioneiro no uso de escritas no uniforme utilizado nos jogos, usando frases como “eu quero votar para presidente” ou estampando a campanha “Diretas já”, que pedia o fim da ditadura e a estituição de um regime democrático no país O movimento dentro do clube também divulgou as eleições de 15 de novembro de 1982, que seriam as primeiras eleições para governador desde o

começo da ditadura, e ainda pedindo para que os votantes tomassem cuidado e votassem em algum candidato que defendia a democracia

Esse fato fez com que o governo fizesse ameaças ao clube paulista, insinuando que iriam interferir diretamente no clube, mas para o desagrado dos governantes, o clube não mudou em nada sua postura

O fim do movimento dentro do clube veio com a saída de Sócrates e Casagrande para clubes da Itália, após um período acumulando resultados ruins, e vendo times com um sistema de gestão mais tradicional assumindo o protagonismo dentro do país, além da proposta para a volta das eleições presidenciais ter sido rejeitada no congresso nacional, sendo crucial para a saída de Sócrates, que havia dado sua palavra que só sairia do clube caso a proposta fosse recusada

E assim, após um período, em geral, de sucesso dentro de campo, e de muito triunfo na luta pela volta da democracia no país (que viria a ser instaurada pouco tempo depois da queda do movimento do clube paulistano), se encerrou uma das maiores histórias de luta política dentro do futebol que o mundo já viu, a Democracia Corinthiana

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XabiAlonso,OPensadorInvicto

Xabier Alonso Olano, mais conhecido no mundo da bola por Xabi Alonso, jogador e treinador espanhol natural da província de Gipuzkoa (pequena cidade do país basco), criou e orientou uma das melhores equipas da história do futebol alemão e europeu que ficará eternizada para sempre na memória dos amantes da redondinha, o Bayer Leverkusen 2023/24

Xabi, dotado de uma visão de jogo, de uma qualidade de passe e sobretudo de uma inteligência tática acima da média, transformaram-no num dos mais brilhantes médios da sua geração, onde foi peça fulcral no bicampeonato europeu e no único campeonato mundial da história da seleção espanhola, além de brilhantes participações a nível de clubes A sua astúcia e inteligência ainda nos tempos de jogador já adivinhavam que ia dar um grande treinador, e deu!

O caminho para chegar ao Bayer Leverkusen foi curto, mas criterioso: começou na equipa sub-14 do Real Madrid, dando o salto para a equipa da sua terra, onde tinha começado a carreira de jogador, a Real Sociedad B, orientando-a durante 3 temporadas No período em que treinou a “sua” Real, Xabi Alonso recusou a proposta de um clube histórico e muito tradicional na Alemanha, o Borussia Mönchengladbach por alegar que ainda não estava preparado para o mais alto nível, dando desde logo provas da sua maturidade e conhecimento da sua própria realidade Foi neste momento que Xabi Alonso deu o primeiro passo de sucesso na sua carreira de treinador.

No início de Outubro de 2022 tudo muda, para Xabi e para o Leverkusen Os “Farmacêuticos” encontravam-se na zona de descida de divisão decorridas oito jornadas da Bundesliga, perfazendo o seu pior arranque no campeonato desde 1979 Oito meses volvidos, no final da temporada 2022/23, e já com um grande ADN Xabi Alonso, o Leverkusen terminou em sexto lugar e alcançou a primeira semifinal europeia da história do clube em vinte e um anos, perdendo-a para o seu mestre e antigo treinador José Mourinho, uma das suas grandes inspirações

2023/24, a temporada da história Xab Al foi buscar algumas das suas princip de jogo aos seus antigos trein inspirações A Guardiola “roubou” a na posse de bola, a Mourinho a co defensiva e a Ancelotti a liberdade p de todos os jogadores Mesclo princípios com as suas próprias ideia um dos treinadores mais completos d europeu Imprimiu um futebol of deslumbrante, dificílimo de descodi qualquer adversário, uma verdadeira de vitórias

O plantel constituído, entre outros j pela melhor dupla de laterais do Grimaldo e Frimpong, pelo génio da Florian Wirtz e pelo autossuficiente

Boniface, liderados por Xabi Alonso, a Bundesliga de forma invicta, pela vez na história Destronar o Bayern undecacampeão (11) em título já ganhar pela primeira vez na hi Leverkusen eleva o patamar, vencer invicta coloca os comandados de Xab da história

Foram 90 pontos (a um ponto do histórico de 91 pontos), 28 vitórias, 6 e 0 derrotas Pela primeira vez na h campeonato alemão houve um cam conhecer o sabor da derrota O interno foi inquestionável, tendo ain da taça da Alemanha para fazer a do invicta ou o triplete invicto, visto que estão na grande final da liga eur perder um único jogo O Leverkusen Alonso, já tem o seu lugar ao sol em t melhores equipas da história do alemão, mas se fizer o triplete invicto á à conversa de melhor equipa d juntamente com o FC Barcelona Guardiola, o Real Madrid de Zid Manchester United de Ferguson Mais do que montar um equipa h invicta, Xabi Alonso deixou um indelével e inolvidável no coração de gentes de Leverkusen que viram fina seu clube triunfar

Xabi Alonso já está nas páginas dou futebol, com o seu Bayer Ne escrevendo os seus primeiros versos muitas páginas ainda por escrever, ele um pensador invicto

LourençoRosa Desporto Maio
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PlaylistdeVerão

Com o fim das aulas e o início do longo, quente e húmido verão português, o departamento cultural do NeF reuniu uma lista de músicas que podem servir de soundtrack para as tuas férias Na areia a apanhar sol, numa esplanada a beber jola ou no quarto a praticar a arte do bed rotting, esta playlist promete acompanhar cada um dos teus estados espíritos no verão deste ano. Bom proveito!

TEARS FOR FEARS EVERYBODY WANTS TO RULE THE WORLD CHAPPEL ROAN HOT TO GO! CAPITÃO FAUSTO NA NA NADA
RITA LEE
A FÚRIA DO AÇÚCAR EU GOSTO É DO VERÃO RUSH LORDE SOLAR POWER DAVID BOWIE HEROES YOU MAKE LOVING FUN FLEETWOOD MAC PESTE & SIDA SOL DA CAPARICA
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SOPHIA CHABLAU E UMA ENORME PERDA DE TEMPO DELÍCIA/LUXÚRIA BALA DESEJO PASSARINHA SABRINA CARPENTER EXPRESSO STRAWBERRY FIELDS FOREVER THE BEATLES
CHARLIE XCX B2B LANA DEL REY
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CLAIRO
SEXY TO SOMEONE
DepartamentoCultural Cultura Maio 41
TROYE SIVAN

“Nunca esquecerei as primeiras miúdas a quem dirigi a palavra na faculdade Aparentemente a Madeira até tem cenas de jeito” <3

Mar Ferreira

FINALISTAS - DEDICATÓRIAS

Se algo é verdade, é que eu aprendi muito aqui E também é verdade que grande parte do que aprendi se deve a vocês. Entre sessões de estudo intensivas, divisão de tarefas em trabalhos e resumos e apontamentos emprestados, vocês estiveram lá, sempre dispostos a ajudar-me naquilo que eu precisasse, da melhor forma que vos era possível. Mas aquilo que quero frisar é que vocês foram muito além disso

Cada um mais diferente do outro, e de mim também, a vossa forma de ser, as vossas opiniões, as vossas perspectivas, as vossas ações, os vossos gostos, as vossas irritações, as vossas realidades, tudo isso ajudou a construir o meu, o nosso percurso por aqui. E aquilo que nesta casa se tornou possível, abriu caminhos infinitos para o resto das nossas vidas, alguns dos quais tenho a certeza de que iremos explorar e descobrir. Vocês foram além, vocês fizeram magia, vocês são, agora, parte de mim. E, por isso, estou-vos eternamente grata.

Matilde Pereira

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PARAPASSARES OTEMPO...

Vertical

1 Nome pouco convencional de um sino na Universidade de Coimbra

4. Tendas

5. Harold, PM australiano que em 1967 foi nadar numa praia e nunca mais foi visto

Horizontal

2 Cefalópode conhecido por ter enveredado pela política

3 Sobrenome do excelso escritor português, ilustre antigo membro deste mesmo jornal

6 Lendário ao nível de ter escrito o melhor romance aborrecido de sempre, Do Lado de Swann

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