[LUIS FELIPE ABBUD] Monografia

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ASSOCIAÇÃO ESCOLA DA CIDADE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO CURSO LATO SENSU ARQUITETURA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE 2014-16

ESPECULAÇÃO | INVESTIGAÇÃO | APRESENTAÇÃO RELATOS E PROPOSTAS DE ATIVIDADES DIDÁTICAS PARA O EXERCÍCIO DO ARQUITETO INTRIGADO

TRABALHO DE CONCLUSÃO LUÍS FELIPE ABBUD


1. CONSTATAÇÕES PRELIMINARES 1.1. UM PROJETO DE ARQUITETURA É CONSTITUÍDO DE VÁRIAS FASES, CADA QUAL COM SEUS CÓDIGOS DE COMUNICAÇÃO E INTERLOCUTORES PRÓPRIOS E DIFERENTES. NO ENTANTO, O ENSINO DA APRESENTAÇÃO DE ARQUITETURA PARECE CONCENTRAR SUA TÔNICA NO DESENHO TÉCNICO NORMATIVO. AO MESMO TEMPO, A PROFISSÃO DA ARQUITETURA DEMANDA O SOLUCIONAMENTO DE PROBLEMAS INUSITADOS, CUJA ENGENHOSIDADE DERIVA DE MOMENTOS DE DÚVIDA, INSEGURANÇA E INCERTEZA. NESTE SENTIDO, O ENSINO DE ARQUITETURA FORNECE UMA TÍMIDA INTRODUÇÃO A OUTROS SUPORTES DE COMUNICAÇÃO PRÓRPIOS PARA O CULTIVO NO ESTUDANTE DA AFINIDADE COM ESSES MOMENTOS DE LIVRE ESPECULAÇÃO ONDE AINDA NÃO HÁ RESPOSTAS EXATAS.


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1.2. A HISTÓRIA DA ARQUITETURA CONTÉM UMA AMPLA VARIEDADE DE LINGUAGENS PARA COMUNICAÇÃO DE IDÉIAS E PROJETOS. NO DECORRER DO TEMPO, ARQUITETOS FORAM CONSOLIDANDO, SOFISTICANDO E REINVENTANDO SEU FERRAMENTAL PARA ALÉM DOS CÓDIGOS TÉCNICOS E NORMATIVOS, AMPLIFICANDO O DOMÍNIO SOBRE ELES E EXPANDINDO SUAS POTENCIAIS FORMAS DE APLICAÇÃO: ILUSTRAÇÕES, ESQUEMAS, COLAGENS, DIAGRAMAS, INSTALAÇÕES, FILMES, PERFÓRMANCES, ETC. 04 | 05


1.3. NAS ÚLTIMAS DÉCADAS OBSERVA-SE QUE A CURIOSIDADE CARACTERÍSTICA DO ARQUITETO O TEM LEVADO A SE AVENTURAR EM OUTRAS CIÊNCIAS E CAMPOS DE CONHECIMENTO QUE GRAVITAM SEUS UNIVERSOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL E INTELECTUAL. COMO CONSEQUENCIA DISSO, SEU RACIOCÍNIO ESTRUTURAL E SUA SENSIBILIDADE GRÁFICA VÊM SENDO MAIS E MAIS APLICADOS EM PESQUISAS ORGANIZAÇÃO E PROCESSAMENTO DE DADOS E INFORMAÇÕES COMPLEXAS.


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1.4. DIANTE DE UMA CRESCENTE INVENTIVIDADE E PROATIVIDADE DE INDIVÍDUOS E COLETIVOS MULTIDISCIPLINARES DA SOCIEDADE CIVIL DEDICADOS PARA A ATENUAÇÃO DE PROBLEMAS URBANOS, ARQUITETOS REPRESENTAM UMA IMPORTANTE PARTICIPAÇÃO, FREQUENTEMENTE COMO PROPONENTES, DE AÇÕES AUTÔNOMAS VERIFICADAS EM CIDADES DO MUNTO TODO. EM OPOSIÇÃO AO ARQUITETO QUE GUARDA PARA SI DIREITOS AUTORAIS E O SEGREDO DE SUAS ENGENHOSAS SOLUÇÕES, O ESPÍRITO DE “ DIY “ (DO IT YOURSELF / FAÇA VOCÊ MESMO) TRAZ CADA VEZ MAIS MANUAIS E RECEITAS DE COMO EXECUTAR PROJETOS E AÇÕES URBANAS, AMPLAMENTE ENCONTRADOS EM BIBLIOTECAS DIGITAIS. 08 | 09


1.5. A DIGITALIZAÇÃO DO FERRAMENTAL DA ARQUITETURA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS CONFERE GRANDE POTÊNCIA ÀS NOVAS GERAÇÕES DE ESTUDANTE, ESTAS CADA VEZ MAIS IMERSAS NO UNIVERSO DAS MÍDIAS DIGITAIS, O QUE LHES DÁ GRANDE FACILIDADE NO APRENDIZADO E MANUSEIO DE SOFTWARES. AO MESMO TEMPO, A INTERNET E OS PORTAIS DE ARQUITETURA FORNECEM UM ACERVO INFINDÁVEL DE INFORMAÇÕES REFERÊNCIAS, TODAS DISPONÍVES E RAPIDAMENTE COMPARTILHAVEIS PELAS MÍDIAS SOCIAIS.


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2. REGISTRO COMENTADO: UMA DISCIPLINA DE DESENHO PARA ESTUDANTES DE 2o ANO 2.1. INTENSÕES DESTE TRABALHO

2.1.1. PRIMEIRA EXPERIÊNCIA: QUARTO ANO, SEGUNDO SEMESTRE

Desde meu ingresso na Escola da Cidade no segundo semestre de 2013 como professor assistente da sequência de Desenho, minhas atividades foram marcadas por semestres muito distintos em relação ao conteúdo e estrutura das disciplinas, as quais tive a grande oportunidade de contribuir na elaboração junto aos demais professores, e que foram sempre confeccionadas de acordo com o período acadêmico em que as respectivas turmas se encontravam.

A disciplina cujas atividades são aprofundadas neste capítulo foi realizada no semestre seguinte do primeiro curso de cujas atividades participei como professor assistente na Escola da Cidade, também conjuntamente com o professor Pedro Barros. O curso foi estruturado segundo a intenção de fortalecer os estudantes em suas capacidades de realizar apresentações de projeto com qualidade estética e dotadas de clareza na comunicação da mensagem pretendida. Tal disciplina fora estruturada e oferecida para uma turma avançada que cursava o segundo semestre do quarto ano letivo, por tanto dotada de conhecimentos mais avançados do ferramental de desenho e representação arquitetônica, e sua meta principal era a confecção de uma apresentação revisada e melhorada de um dentre os diversos projetos já realizados pelo estudante ao longo de seus exercícios acadêmicos. Baseado em aulas expositivas e exercícios focados na confecção de diagramas, tratamento de imagens, e diagramação para apresentações impressas sob a forma de pranchas e libretos, e digitais para apresentação sequencial de slides, essa disciplina pôde lançar mão da utilização e potencialização do ferramental previamente aprendido pelo estudantes ao longo das disciplinas da sequência de Meios Digitais oferecidas na Escola da Cidade.

Diante do que fora identificado como mais exitoso ao longo desses semestres, e da crença de ser sempre saudável e desejável a atualização do arquiteto em formação como panorama de estratégias de ação e comunicação verificados nas prática profissional e acadêmica contemporâneas, este capítulo neste trabalho de conclusão visa se aprofundar na recapitulação e sistematização da disciplina oferecida no primeiro semestre de 2014 para os estudantes do segundo ano letivo da Escola da Cidade, e que foi estruturada juntamente com o professor Pedro Barros. Acredita-se que a exposição das atividades e conteúdos trabalhados ao longo dessa disciplina permitam que a natureza daquilo que se buscou registrar no primeiro capítulo desta publicação possa ser introduzido no estutante de arquitetura desde o início de sua formação, bem como extendido para seu estágio mais próximo de sua conclusão, como será proposto mais adiante no terceiro capítulo.


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2.1.1. UMA NOVA EXPERIÊNCIA: SEGUNDO ANO, PRIMEIRO SEMESTRE Nesse novo semestre letivo, em sintonia com as demandas encaminhadas pela coordenação da sequência de Desenho, foi elaborado um novo curso que deveria manter as tônicas da estrutura do semestre anterior: trabalhar o discurso, a organização do raciocínio, e proporcionar exercícios que desenvolvessem a clareza e objetividade na apresentação de um projeto de arquitetura, bem como sua qualidade estética a partir da introdução de elementos e linguagens complementares ao desenho normativo a serem aplicados de acordo com o conteúdo a ser transmitido. Porém, diferentemente do nível avançado dos estudantes relatados no exemplo anterior, os estudantes do primeiro semestre do segundo ano se encontravam em um momento muito mais próximo do início do curso de Arquitetura, caracterizado pelos seguntes condicionantes: conhecimento básico teórico e prático pelos cursos da sequência de Desenho do primeiro ano letivo de desenho normativo (curso lecionado pelos professores Hermann Tatch e Geraldo Vespasiano Puntoni) e de desenho livre de observação (curso lecionado pelos professores Carla Caffé e Paulo Van Poser); nenhum, pouco ou incompleto domínio do ferramental tecnológico, por ainda não ter atendido às aulas oferecidas pela sequência de Meios Digitais; número insifucuente de exercícios realizados pelo estudante sobre os quais poderiam trabalhar aspectos da apresentação, bem como pouca experiência acadêmica teórica e prática para elaboração de um projeto avançado o suficiente a confecção de uma apresentação com informações suficientes.

Diante desses fatores, foi elaborado um curso que teve sua estrutura baseada em dois pontos principais: APRESENTAÇÕES Esporadicamente foram realizadas aulas teóricas visando apresentar conceitos técnicos que representassem uma continuidade ao conteúdo básico das disciplinas do primeiro ano letivo, em especial às aulas de desenho normativo e de projeto. Carregadas sempre de um vasto repertório de exemplos de apresentações, que faziam também amplo uso de referências provenientes de campos externos à arquitetura, as apresentações visavam focar em fundamentos básicos da percepção humana e trabalhar na sensibilidade do estudante para uma confecção e interpreração atentas de um projeto de arquitetura, e introduzindo alguns conceitos elementares para operarem com mais propriedade os ferramentais físico e digital. EXERCÍCIO PRÁTICOS Estruturados para serem desenvolvidos em estúdio no horário da aula e em casa para serem apresentados na aula da semana seguinte, os exercícios , desenvolvidos coletiva ou individualmente, resultavam sempre em apresentações avaliadas. O limitado conhecimento operacional de programas de computador de desenho fez com que os estudantes realizassem de forma manual e analógica determinadas operações que o computador está pré-configurado para executar, de modo a sensibilizá-lo a comprender a razão dessas operações, e, principalmente, entender como estas foram estabelecendo ao longo do tempo as convenções utilizadas até os dias de hoje pelos arquitetos.


2.2 PROGRAMA ORINGINAL DA DISCIPLINA DE DESENHO PARA ESTUDANTES DE 2o ANO DIA E HORÁRIO 4ª feira das 14h00 às 17h30 2º ano | 1º semestre 2014

Pedro Armando Barros

64 Estudantes

Luís Felipe Abbud

OBJETIVOS Estimular o aumento das possibilidades investigativas e discursivas no campo da arquitetura e do projeto por meio do desenho, a ser explorado no decorrer do curso com referencias e exercícios. Expandir o desenho enquanto ferramenta de análise e criação arquitetônica. Desenvolver clareza de comunicação sobre o projeto arquitetônico em assuntos de ordem conceitual, formal, espacial, estrutural, funcional e cultural.

EMENTA Focar no desenho como ferramenta livre de criação projetual, reflexão analítica e comunicação partindo de suas convenções de representação técnica até a livre confecção de linguagens que complementem e facilitem a compreensão do projeto.

METODOLOGIA As aulas serão compostas por apresentações teóricas com referências e exercícios de participação individual e coletiva. O curso trabalhará os elementos fundamentais de representação do desenho técnico de arquitetura, juntamente com a exploração de ferramental teórico e gráfico para investigação e compreensão projetual focados na dinâmica e apropriação humana da cidade ou edifício, como diagramas de fluxos rastreamento, levantamento estatístico, mapas de presença e distribuição de programa. O curso será dividido em três etapas cada qual representando uma escala de compreensão e análise, sintonizados com o calendário da disciplina de Projeto do semestre. Serão realizados exercícios em estúdio com orientação programada e exercícios de casa. Os trabalhos devem ser desenvolvidos ao longo das aulas sob a orientação dos professores, sendo a presença do aluno condicionada a sua participação nas atividades. Ênfase em atividades coletivas, na qual a participação do outro é essencial para a realização do produto a ser avaliado individualmente. 14 | 15


2.3 APRESENTAÇÕES 2.3.1. FUNDAMENTOS DA VISÃO HUMANA Essa apresentação visou explorar o fato de que, à excessão de maquetes, modelos físicos e instalações em que o volume é experienciado de fato em três dimensões, apresentações de arquitetura são operadas e experienciadas eminentemente no plano bidimensional (em projeções, monitores e mídias impressas), a partir do qual serão apresentadas emulações de imagens tridimensionais. Nesta direção foram retomados os aspectos fundamentas do funcionamento da visão humana enquanto mínimo denominador biológico de percepção compreensão básico para a estruturação de um discurso: sua visão monocular, bidimensional volumétrica, frequência cromática e polarização para simulação estereoscópica.


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2.3.2. SISTEMAS CROMÁTICOS Apresentação concentrada na sensibilização e comportamento da visão humana com cores, visando a familizarização com as diferenças de aplicações e operações nos dois sistemas cromáticos: o CMYK, subtrativo e da cor-pigmento, aplicado em pinturas e mídia impressa, e o RGB, aditivo e da cor-luz, utilizado em mídias digitais como monitores, lâmpadas e filtros. Nela foram apresentados também noções e relações como cores complementares, suplementares, matiz, saturação, e outros frequentemente utilizados em software de manipulação de imagem. 16 | 17


2.3.3. UNIVERSO AMPLIADO DAS ESCALAS Exposição apresentando exemplos variados e discutindo a relatividade do assunto da escala: efeito, importância, necessidade de seu uso, sua utilização na ciência, na cultura de massa e no imaginário coletivo, de modo a expandir o universo de preocupações da arquitetura e perceber as amplitudes e os limites do seu exercício.


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1:1

1:2

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1:1

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Apresentação das escalas convencionadas para o exercício da arquitetura no sistema métrico, abordando as operações matemáticas para suas transposições, aumento e diminuição, e a sensibilização com o universo de informações pertinentes para cada escala em sua respectiva fase de detalhamento do projeto.

1 : 2,5

x 25.00

x 100.00

2.3.4. AS ESCALAS NOTÁVEIS

1:2

1 : 100 1 : 200 1 : 250 1 : 500 1 : 1000

1:1 / 2.0 x 0.5

/ 2.5 x 0.4

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/ 50.00 x 0.02

/ 100.00 x 0.01

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2.4. EXERCÍCIOS

2.4.1. REDESENHO DO EDIFÍCIO CANÔNICO Retomando os modos de representação aprendidos pelo estudante na disciplina de desenho normativo do ano anterior, representados por plantas, cortes e elevações, solicitou-se a cada um dos estudantes que escolhesse um projeto de arquitetura construído ou apenas projetado em qualquer época da história, para que fossem redesenhados à mão no intervalo de uma semana o em escala 1:200, baseando-se em qualquer imagem ou fonte disponível publicada sobre o respectivo projeto. Na entrega dos exercícios, solicitou-se que todos fossem colocados na lousa lado-a-lado, alninhando-se os cortes pela mesma cota base e as plantas abaixo deles. 20 | 21


2.4.2. DIAGRAMAS DE ANÁLISE DO EDIFÍCIO Na aula da semana seguinte, sobre as mesmas bases confeccionadas pelo estudante, pediu-se para que fosse feita uma análise livre de compreensão do funcionamento do edifício escolhido, e que fossem realizados diagramas em camadas de papel vegetal sobre o desenho do projeto, visando representar gráfica e cromtáticamentemente suas percepções sob temáticas variadas: partido conceitual, composição volumétrica, fluxos, distribuição de programas funcionais, estrutura, conforto térmico, etc. Cada estudante deveria fazer uma apresentação curta e sintética, ao longo da qual seriam também avaliados a sua capacidade de elaboração de um discurso, de organização da sequencia de informações, prontidão para responder a dúvidas e esclarecimentos, bem como sua postura e entonação durante uma apresentação oral.


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2.4.3. COMPARAÇÃO DE ESCALAS Visando exercitar de outra forma o ferramental para sensibilização da compreensão de das escalas de edifícios e ambientes a serem trabalhados como projeto, neste exercício proposto foi solicitado para que os estudantes pesquisassem e estabelecessam, por meio de fotografias de satélite de quaisquer lugares do planeta, relações de aproximação de tamanho entre edifícios, ou elementos componentes da infra-estrutura ou da malha urbana de natureza variada, tais como pontes, dimensões de quadras e espessuras de ruas. Após uma breve explicação de como realizar uma operação de adequação da escala em programas de computador próprios ao tema do exercício, os alunos deveriam imprimir em escala, recortar os elementos e os posicionar em um quadro coletivo separado por escala.


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2.4.4. ABSTRAÇÃO POÉTICA DA FUNCIONALIDADE DA ESCOLA De modo a provocar o estudante a se sensibilizar ao funcionamento do espaço de sua vivência, a identificar temas e assuntos pertinentes a uma análise de projeto, e, ao mesmo tempo a, estimulá-lo a buscar formas variadas e inusitadas de comunicação, foi solilcitado para que a turma, dividida em grupos, confeccionasse um objeto físico poético que representasse o edifício da Escola da Cidade em algum aspecto de sua organização ou funcionamento que julgasse pertinente. O objeto poderia ser realizado com a técnica e o material que desejasse, e deveria ser apresentado para toda classe e justificado em uma apresentação coletiva.


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2.4.5. A MAQUETE COLETIVA Voltando a trabalhar na direção de realizar operações em escala e de estimular o estudante a produzir suas próprias bases para análise e especulação projetual, e relacionando o curso com a disicplina de projeto do mesmo semestre que trazia como tema um novo edificio anexo ao prédio da escola, a equipe de alunos foi incumbida de realizar coletivamente uma maquete do prédio da Escola da Cidade baseada nas informações provindas dos desenhos de suas plantas, cortes e elevações em escala 1:100. A partir dessa maquete poderia ser produzida livremente mais informação sobre o comportamento espacial e funcional do edifício, realizados agora, diferentemente do exercício poético, respeitando suas medidas e proporções reais.


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2.4.6. A AUTO ESCALA HUMANA Preservando o mesmo estímulo ao uso combinado de ferramentas digitais e analógicas, solicitou-se que cada estudante fotografasse a si próprio de frente e de pefil, e que digitalmente ajustasse sua fotografia no tamanho nas escalas 1:100, 1:50, 1:25 e 1:20, essas frequentemente utilizadas em desenhos normativos de arquitetura. Uma vez ajustadas, as fotografias devem ser impressas, recortadas e posicinadas na maquete coletiva em escala 1:100, de modo que o estudante pudesse ganhar maior afinidade com as proporções e informações de cada escala, bem como estabelecer relações entre o próprio corpo e sua experiência de ocupação do espaço de sua vivência.


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2.4.7. FOTOGRAFIA PANORÂMICA Foi realizada uma oficina de introdução e familiarização com a fotografia enquanto recurso a ser utilizado como base para desenhos e montagens de fotoinserção. Nessa atividade foram fornecidos os fundamentos de enquadramento e posicionamentode uma câmera fotográfica sobre um tripé para captura de imagens, bem como o procedimento de montagem de uma fotografia panorâmicas precisa, que também pode ser extendido para a livre aplicação com os recursos mais limitados de equipamentos mas práticos acessíveis como câmeras de telefone celular.


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2.4.8. SEQUÊNCIA TEMPORAL: TIMELAPSE, ANIMAÇÃO E APRESENTAÇÃO SE SLIDE Representando a última etapa dos exercícios propostos para este semestre letivo, uma vez pronta a maquete coletiva, os estudantes deveriam utilizá-la como base para realização uma apresentação sequencial contendo uma análise sobre o funcionamento da Escola da Cidade, ou do edifício anexo ao edifício trabalhado na disciplina de projeto. Essa apresentação deveria se utilizar dos conceitos e do ferramental apresentado ao longo do curso, e que poderia ser confeccionada experimentando o funcioamento de animações básicas feitas em programas de computador, após uma breve oficina oferecida sobre o assunto.


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3. NOVA PROPOSTA PARA DISCIPLINA ELETIVADE DESENHO O LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO CULTURAL E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA 3.1. REORGANIZANDO AS EXPERIÊNCIAS ANTERIORES Por sua produção coletiva e colaborativa, por seu conteúdo aberto, especulativo e investigador, e pelo retorno positivo dos estudantes que dela participaram na ocasião de seu oferecimento, acredita-se a experiência da disciplina apresentada neste trabalho poderia ser colocada em prática novamente, tanto no contexto da Escola da Cidade, como eventualmente em outras faculdades de arquitetura.

eletivas, muitos dos quais já tiveram sua vivência externa realizada com frutíferas experiências estágio ou intercâmbio com outras faculdades ao redor do mundo, acredita-se que a repetição do mesmo conteúdo apresentado neste trabalho como uma disciplina eletiva não traria para ele grandes adições ou contribuições inusitadas, em especial no que se refere à sensibilidade para o uso de ferramental de representação arquitetônica e a sintonia com o referencial contemporâneo.

De modo a dar continuidade às experiências representadas por esse curso, sugere-se que sua essência possa ser adaptada para uma nova interface mais próxima de seu oferecimento enquanto Disciplina Eletiva. Para tanto, deve-se levar em consideração que diante do contexto em que se encontra o estudante de um ano avançado a partir do qual são oferecidas disciplinas

Neste caso, foi estruturada uma nova atividade de modo a levar adiante o domínio da representação da arquitetura do estudante para novas dimensões de representação, alinhado com o espírito analítico e investigativo característicos da figura do arquiteto.


3.2. ESPECULAR | INVESTIGAR | REPRESENTAR Propõe-se então uma nova interface de atividades dentro do sistema de disciplinas eletiva oferecidos na Escola da Cidade. O Laboratório de Investigação Cultural e Representação Gráfica teria duração semestral e funcionaria como uma plataforma dentro do qual seriam realizadas atividades de modo a trabalhar e potencializar os conhecimentos do estudante em representação espacial e funcional de arquitetura e urbanismo, somado ao levantamento de informações e da estruturação de sua comunicação de forma gráfica. Os temas, sempre relacionados a questões atuais e candentes referentes a temas expandidos do universo da arquitetura, urbanismo e sociedade e que representem interesse que se extenda à sociedade civil, como sistemas políticos, estruturas governamentais, sistemas de produção, dentre outros. As informações coletadas e editadas que seriam processadas e materializados coletivamente sob a forma de mapeamentos, linhas do tempo, diagramas, organogramas funcionais, dentre outros, e tornando o resultado final das atividades semestrais do Laboratório no compromisso da publicação efetiva de seus resultados.

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3.2. ESTRUTURA DO LABORATÓRIO Uma vez que seus temas seriam sempre variados, o Laboratório poderia ser oferecido semestralmente de forma contínua, e teria autonomia para eleição dos temas a serem pesquisados e desenvolvidos ao longo do semestre, num processo envoltendo diretamente os estudantes dele participantes desde o início de suas atividades. Uma vez que ações em prol da colaboração entre diferentes disciplinas são muito bem vindas dentro da Escola da Cidade, a temática semestral e o conjunto de atividades assumidos pelo Laboratório poderiam ainda ser elaborados conjuntamente com outras disciplinas, núcleos ou laboratórios da Escola, de modo que os conteúdos possam ser aprofundados e publicados.


O Laboratório funcionaria ainda como uma plataforma ativa de aproximação direta dos estudantes com a infra-estrutura que a Escola da Cidade já dispõe para a publicação e difusão de informação impressa (Gráfica Flavio Motta), digital (Baú da Escola), palestra (Seminários no auditório da Aliança Francesa) e exposição (Piso Térreo e demais espaços comunais do edifício da Escola da Cidade), bem como os diversos grupos de discussão e compartilhamento de informações por estudantes nas plataformas digitais de redes sociais, de modo a estimular e potencializar ainda mais a extensão da produção acadêmica realizada dentro da faculdade para que atinja a sociedade civil.

projeto

história

urbanismo

tecnologia LAB

3.4. PARTICIPAÇÃO E CRÉDITO Cada edição do Laboratório teria um número máximo de 10 estudantes participantes, e sua carga de trabalho e créditos seria contabilizada como uma Disciplina Eletiva oferecida pela sequência de Desenho, com a participação dos estudantes condicionada a um regime de rotatividade semestral. Não obstante, a participação voluntária das atividades deste laboratório seriam abertas para os estudantes interessados. PRIMEIRO

SEGUNDO

TERCEIRO

QUARTO

QUINTO

estúdio vertical baú

meios digitais

seminários

desenho

gráfica flávio motta

SEXTO

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4. BIBLIOGRAFIA 4.1. Teoria, Estética Comparada, Linguística e Narrativa BOSI, Alfredo. Reflexões Sobre a Arte. São Paulo: Editora Ática, 1986. CAMPOS, Haroldo de (org.). Ideograma – Lógica, Poesia, Linguagem. São Paulo: Cultrix, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1977. GONÇALVES, Aguinaldo José. Laokoon Revisitado: Relações Homólogas entre Texto e Imagem. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. HERDEG, Walter; PASCAL, David. The Art of the Comic Strip. Zurich: The Graphics Press, 1972.

MUKAROVSKY, Jan. Escritos Sobre Estética e Semiótica da Arte. Lisboa: Imprensa Universitária/ Estampa, 1981. SOURIAU, Etienne. A Correspondência das Artes – Elementos de Estética Comparada. São Paulo: Editora Cultrix/ Editora da Universidade de São Paulo, 1983. 4.2. Manuais de Representação Gráfica CHING, Francis D.K. Forma, Espaço e Ordem. Porto Alegre: Bookman, 2013. CHING, Francis D.K. Introdução à Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2015.

JAKOBSON, Roman. Lingüística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1969.

CHING, Francis D.K. Sistemas Estruturais Ilustrados: Padrões, Sistemas e Projeto. Porto Alegre: Bookman, 2015.

MCCLOUD, Scott. Desvendando os Quadrinhos. São Paulo: M.Books do Brasil Editora Ltda., 2005.

CHING, Francis D.K. Representação Gráfica em Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.

CHING, Francis D.K. Técnicas de Construção Ilustradas. Porto Alegre: Bookman, 2010. 4.3. Diagrama: Teoria e Ensaios Críticos MONTANER, Josep Maria. Del Diagrama A Las Experiencias, Hacia Una Arquitecture De La Acción. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2014. EISENMAN, Peter. Supercrítico. São Paulo: Cosac & Naify, 2013. CUMMING, Lisa. Diagram Shift –The Fraudulent Nature of a New Diagram. Issuu, 2011 http://issuu.com/lisacumming/docs/diagram_shift CHAPLIN, Andrew. Diagrams of Dynamism – Vanke Center Shenzhen x Rolex Learning Center EPFL. Issuu, 2013 link de acesso: http://issuu.com/andrew-chaplin/ docs/diagrams_of_dynamism


CHAPLIN, Andrew. The Architecture of Diagrams – A Taxonomy of Architectutal Diagrams. Issuu, 2013 link de acesso: http://issuu.com/andrew-chaplin/ docs/architecture_of_diagrams/1 4.4. Infográficos – Manuais e Referências Visuais BURDETT, Ricky. SUDJIC, Deyan. The Endless City: The Urban Age Project by the London School of Economics and Deutsche Bank’s Alfred Herrhausen Society. London: Phidon Press, 2007. BURDETT, Ricky. SUDJIC, Deyan. Living The Endless City: The Urban Age Project by the London School of Economics and Deutsche Bank’s Alfred Herrhausen Society. London: Phidon Press, 2011. HELLER, Steven. LANDERS, Rick. Raw Data Infograpic Designers’ Sketchbooks. London: Thames & Hudson, 2014.

LIMA, Manuel. Visual Complexity: Mapping Patterns of Information. New York: Princeton Architectural Press, 2011.

FRAMPTON, Adam. SOLOMON, Jonathan D. WONG, Clara. Cities Without Ground: A Hong Kong Guide Book. Novato: ORO Editions, 2012.

LIMA, Manuel. The Book Of Trees: Visualizing Branches of Knowledge. New York: Princeton Architectural Press, 2014.

LAMERS-SCHÜTZE, Petra (coord.). Teorida da arquitectura: do Renascimento aos Dias Atuais. Köln: Taschen GmbH, 2003.

OMA AMO. Roadmap 2050 – A Practical Guide to a Prosperous, Low Carbon Europe. Issuu, 2010. link de acesso: http://roadmap2050.eu/attachments/files/Volume3_VersionA.pdf 5. Referências Gráficas

KAIJIMA, Momoyo. KURODA, Junzo. Made in Tokyo: Guide Book. Japan: Koichi Kaijima, 2012.

A+T Research Group. Why Density? - Debunking the Mith of the Cubic Watermelon. Vitoria-Gateiz: A+T Architecture Publishers, 2015. CAPILLÉ, Cauê Costa. LASSANCE, Guilherme. VARELLA, Pedro. Rio Metropolitano: Guia Para uma Arquitetura. Rio de Janeiro: RioBooks, 2013.

ROSA, Marcos L. Micro Planejameno: Práticas Urbanas Criativas. São Paulo: Editora de Cultura, 2011.

MOZAS, Javier. PER, Aurora Fernández. Density. Vitoria-Gasteiz: A+T Ediciones, 2006.

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