[MARCELO ANAF] Monografia

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CIDADE, o nĂŁo projeto a ser projetado



[AES] arquitetura , educação e sociedade escola da cidade

CIDADE, o não projeto a ser projetado marcelo anaf



Agradeço a todos os envolvidos na produção deste trabalho e na minha participação deste curso em especial: Ângela Amaral Denis Ferri Edson Capitanio Eduardo Colonelli Fernando Botton Katia Holz Luiz Felipe Orlando Marina Colonelli Manuella Leboreiro Sergio Sandler



monografia [AES]

sumário

capítulo 01 capítulo 02 capítulo 03 capítulo 04 capítulo 05 capítulo 06 capítulo 07 capítulo 08

introdução objetivos ementa apresentação do curso conteúdo programático bibliografia obrigatória para o curso expectativas sobre o curso bibliografia para a elaboração da disciplina

09 11 12 15 26 29 31 33

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CIDADE, o não projeto a ser projetado

On a eu l’inspecteur, SEMPÉ , 1960 8


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capítulo 01 introdução

Este trabalho corresponde a monografia de conclusão Partindo das discussões levantadas durante o curso, o de curso da Pós-Graduação da Associação de Ensino presente trabalho visa apresentar a criação de uma disda Escola da Cidade, com tema em Arquitetura, Edu- ciplina eletiva no âmbito da arquitetura e do urbanismo. cação e Sociedade [AES], que ocorreu entre o mês de agosto de 2014 até dezembro de 2015. A disciplina proposta irá debater a cidade e as suas reCoordenado pelas arquitetas Cristiane Muniz e Maira lações entre os meios a partir da análise espacial dela Rios, o curso criou o debate dentro da escola das ati- por meio do projeto coletivo, investigações e produção vidades relacionadas ao ensino superior e propôs um de material de grande potencial intelectual. amplo questionamento sobre o papel do arquiteto contemporâneo perante ao ensino e as relações alunos e O objetivo da matéria será a criação de espaços urescola. banos que propiciem o encontro, a reflexão, o debate e que produza uma cidade com alta qualidade para Durante esse ano e meio foram realizadas várias palestras de profissionais do Brasil e do resto do mundo a fim as atividades humanas e que ao mesmo tempo possua de apresentar e de debater as mais diversas experiên- uma infraestrutura urbana que proporcione acessos e cias relacionadas ao ensino da arquitetura e urbanismo conexões com ambas as partes da cidade. dentro da universidade. 9


CIDADE, o nรฃo projeto a ser projetado

passarelas Leรณn Ferrari , 1981 10


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capítulo 02 objetivos O objetivo da disciplina é discutir e debater os elementos urbanos essenciais que formam a cidade de São Paulo a fim de compreender o funcionamento dela e como este por sua vez forma o espaço do cidadão, que deveria ser diferente do que existe em São Paulo onde por anos o espaço público foi mal utilizado.

constitui a sementeira de, que brotam visões totalizantes. Segundo P.Rimbaud (1973, p .. 283), “a cidade transforma tudo inclusive a matéria inerte, em elemento da cultura.”, De que cultura estaremos falando? Sobre a cultura de massas que alimenta das coisas. ou da cultura profunda, cultura popular, que se nutre dos homens? A cultura de massas denominada cultura por ser “As cidades têm um grande papel na criação dos fer- homogenia é adversária da consciência.” 1 mentos que conduzem a ampliar o grau de consciência. Por isso são um espaço de revelação. A vida de cada Estes debates sobre os elementos tem a função essenum, nesse lugar das grandes mutações, é uma grande cial no objetivo de criar uma imagem sobre o que é incógnita, porque, para a maior parte das pessoas, a a cidade. A partir disso será feito um trabalho que irá cidade, como um todo, ao primeiro contato é impal- modelar e similar a vila que queremos para o futuro. O pável, não se deixando entender apenas como o que objetivo da disciplina é criar formas de ocupação e de aprendemos em suas enormes quantidades, nada mais apropriação de cidade a partir da situação existente e que uma fração do todo. Por isso , a grande maioria a compreensão do papel do arquiteto urbanista perandos cidadãos não percebe a cidade senão pela 1ógi- te ela. ca dos medos, das premonições da sensibilidade que se aguça com o próprio acesso ao trabalho. A desconfiança cede lugar a um dúvida metódica popular, que 1 Pagina, 83-84. Santos, Milton, 1926-2001. O Espaço do Cidadão.

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capítulo 03 ementa

A disciplina propõe o debate sobre o qual será o futuro da cidade, para isso será proposto um exercício único, que será gerado a partir de discussões sobre que tipo de metrópole queremos e quais são os elemento que a compõe, essa proposta será elaborada por meio dos próprios alunos e desenvolvida em conjunto com o professor.

O curso será dividido em quatro módulos: Módulo 1 - o que é a cidade ? Visa a compreensão do significado da cidade e qual o papel dela e dos cidadãos nos dias de hoje.

Módulo 2 - quais os elementos da cidade ? Questiona quais equipamentos e elementos existem na Durante o curso o estudante irá ler, observar e deba- formação de uma cidade. ter sobre os mais diversos elementos e escalas urbanas. As aulas serão trabalhadas em dois modelos opostos, Módulo 3 - como funciona a cidade ? o atelier onde as atividades ocorrerão em equipe, e a Faz a síntese de como os elementos em sua totalidade aula expositiva, onde acontecerão os seminários e os se dialogam. diversos debates. Essas atividades irão ocorrer com o apoio de professores convidados, arquitetos, planeja- Módulo 4 - qual a cidade ideal ? dores urbanos, artistas, geógrafos, economistas e dos Como construir a cidade a partir dos elementos estupróprios estudantes. dados. 12


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Rien n'est simple SempĂŠ, 1962

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Guggenheim Helsinki Moreau Kusunoki, 2015

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capítulo 04 apresentação do curso

O curso “Cidade, o não projeto a ser projetado” parte de uma intenção de compreender o espaço urbano construído, interpretá-lo e modificá-lo com ações que podem ser pontuais, locais, macro ou micro, onde o estudante deverá traçar estratégias e identificar que algumas mudanças podem mudar este espaço de maneira positiva ou negativa.

será escolhido a partir de um debate com o corpo discente sobre a cidade, o espaço público, tecido urbano, espaço construído, o habitar a cidade e sobre questões da economia urbana, fluxos e usos.

A metodologia desenvolvida inter-relaciona noções teóricas, modelos paradigmáticos, estudos de caso e ensaios projetuais, como linha de investigação e proPara isso ocorrerão durante todo o curso leituras so- dução de conhecimento. bre a produção, a organização, a expansão e sobre a geografia da cidade, além de vários outros textos que Vale lembrar que o curso se dividirá em quatro etapas, irão dar suporte para a realização da disciplina. Com o que é a cidade, quais os elementos da cidade, como elas o aluno irá ter a possibilidade de verificar e com- funciona a cidade e qual a cidade ideal, onde em cada preender melhor as questões que se ocorrem no territó- uma dessas os alunos irão propor uma forma de aprerio a ser discutido. sentar a temática a ser explorada. Com isso posto, vale ressaltar que o espaço a ser debatido deverá estar dentro da cidade de São Paulo e 15


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Etapa 1. O que é a cidade. Nessa etapa os estudantes irão interpretar e questionar o papel da cidade nos dias de hoje, qual o significado de viver em cidade e o que significa a cidade. Durante o módulo ocorrerão debates, leituras e proposições. A forma de apresentação do trabalho final dessa etapa deverá ser um produto que possa ser exposto, apresentado e interpretado por qualquer pessoa de modo simples e eficaz, não é necessário que produto final tenha ou siga uma linguagem arquitetônica de modo que ele possa ser mostrado para um público não especializado. Ao começar a debater a cidade os alunos serão apresentados a dois livros por meio dos quais iremos fazer os debates e formar as primeiras ideias sobre o tema. O primeiro livro que será introduzido é um livro de Marshall Berman, “Tudo que é solido se desmancha no ar”, Livro que em seu primeiro capítulo o escritor debate as questões sobre a condição do homem moderno e o que é o processo de modernidade. 16

“O homem só pode ser moderno quando o próprio consegue contemplar e entender o tempo e discutir o seu lugar” 2 Outra leitura nesse primeiro momento é o livro de Massimo Cacciari, um italiano que desenvolve seus trabalhos no âmbito da filosofia, cultura e política, e que escreve um documento chamado “A cidade”, que consiste em um conjunto de textos que nascem a partir de conferências por meio das quais o autor percorre a história da cidade através da sua essência. O autor começa o seu texto falando sobre a raiz étnica de Polis e Civita e define o conceito dinâmico de cidade. Durante a leitura será debatido a cidade europeia, o advento da metrópole e a cidade território. “Uma vez que não faz muito sentido falar de cidade em sentido geral, é bom começar por fazer alguns esclarecimentos do ponto de vista histórico-terminológico. A cidade enquanto tal não existe. Existem diferentes e distintas formas de vida urbana. Não é por acaso que o termo «cidade» pode ser dito de diferentes maneiras. 2 BERMAN, Marshall, 2011. Tudo que é solido se desmancha no ar


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Por exemplo, em latim não existe termo correspondente ao grego pólis. A diferença respeitante à origem da cidade é uma diferença essencial. Quando um grego fala de pólis pretende, antes de mais, indicar a sede, a residência, o lugar em que um determinado génos, uma determinada estirpe, uma gente (gens/génos) tem as suas raízes. Em grego, o termo pólis remete de imediato para uma ideia forte de enraizamento. A pólis é o lugar onde determinada gente, específica no que toca a tradições e costumes, tem a sua sede, reside, onde tem o seu próprio éthos. Em grego, éthos é um termo que indica a mesma raiz do termo latino sedes, e não tem nenhum significado unicamente moral, como pelo contrário o termo latino mos. Os mores latinos são tradições, costumes; o éthos grego -termo muito anterior a qualquer costume e tradição- é a sede, o lugar onde a minha gente tradicionalmente mora, reside. E a pólis é precisamente o lugar do éthos, o lugar que serve de sede a determinada gente.”3 Com as leituras feitas será apresentado o plano de Hausmann para Paris, a cidade de Brasília, e os planos para a cidade de Maastritcht. Junto a isso será 3 CACCIARI, Massimo, 2010. A cidade.

apresentado o trabalho e projeto realizado por Angelo Bucci, Fernando de Mello Franco e Milton Braga, “instalação urbana Outrem”, instalação que transformava um trem em lanterna para mostrar a cidade através de seus vazios urbanos. Os objetivos dessa etapa é que os alunos entendam e compreendam a função e o significado de cidade.

parque de estacionamento Massimo Cacciari, 1982 17


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Etapa 2. Quais os elementos da cidade.

Com a leitura do ensaio de Cristian Norberg-Schulz os alunos irão aprender a identificar e a ler melhor o lugar O que é que define uma cidade? Em São Paulo quais e a diferenciar o significado, as diferenças e os sentidos são os elementos que irão definir e a diferenciar de do lugar, fazendo então uma análise dos fenômenos Moscou, Bogotá, Nova Iorque ou Paris, nesse módulo do lugar. a leitura de Cristian Norberg-Schulz, sobre a fenomenologia e o significado do lugar são mais do que obri- A partir da leitura desses conceitos a turma em conjunto gatórios. É a partir dele que o grupo de estudo irá inter- irá eleger um território para ser modificado e estudado. pretar e objetivar a leitura sobre o lugar identificando a Após essa escolha a classe irá fazer uma visita ao local. partir dele os elementos que justificam o porquê nossa Ao mesmo tempo os alunos irão fazer leituras de textos cidade é diferente de uma outra qualquer. de Herman Hertzberger, sobre os elementos da cidade (parte “A” do livro “lições de arquitetura”). Nessa lei“Nós temos usado a palavra ‘habitar’ para indicar a re- tura os alunos serão divididos em 12 grupos para que lação total homem-meio. […] Quando o homem habita, possam ser analisados os 12 pontos que Hertzberger ele está simultaneamente locado no espaço e exposto traz em seu livro. Este documento de Hertzberger é um a um certo caráter ambiental. As duas funções psicoló- convite sobre o sentido da arquitetura na atualidade e gicas envolvidas, podem ser chamadas “orientação” ele traz pontos sobre como o ser humano vive e dialoe “identificação”. Para ganhar o suporte existencial o ga com a urbanidade. homem tem que ser capaz de orientar-se; ele tem que saber onde ele está. Mas também ele tem que identifi- “A arquitetura não pode ser outra coisa senão o intecar-se com o meio, isto é, ele tem que saber como ele resse pela vida cotidiana, tal como vivida por todas as está num certo lugar”4 pessoas; é como o vestuário, que não deve apenas nos vestir, mas ajustar-se bem a nós. O essencial é que, seja 4 NORBERG-SCHULZ, Christian. 2002. Uma nova agenda lá o que se faça, onde quer que se organize o espaço e para a arquitetura 18


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de que maneira, ele terá inevitavelmente certo grau de influência sobre a situação das pessoas. A arquitetura, na verdade, tudo aquilo que se constrói, não pode deixar de desempenhar algum tipo de papel nas vidas das pessoas que a usam, e a principal tarefa do arquiteto, quer ele goste, quer não, é cuidar para que tudo o que faz seja adequado a todas estas situações. Não é apenas uma questão de eficácia no sentido de ser prático ou não, mas de verificar se o projeto está corretamente afinado com as relações normais entre as pessoas e se ele afirma a igualdade de todas as pessoas. Toda intervenção nos ambientes das pessoas, seja qual for o objetivo específico do arquiteto, tem uma implicação social. A arte da arquitetura não consiste apenas em fazer coisas belas – nem em fazer coisas úteis, mas em fazer ambas ao mesmo tempo. Tudo o que projetamos deve ser adequado a cada situação que surja; em outras palavras, não deve ser apenas confortável mas também estimulante – e é esta adequação fundamental e ativa que eu gostaria de designar como ‘forma convidativa’: a forma que possui mais afinidade com as pessoas.”5

capítulos sobre, “público e privado”, “demarcações territoriais”, “diferenciação territorial”, “zoneamento territorial”, “de usuário a morador”, “o intervalo”, “demarcações privadas no espaço público”, “conceito de obra pública”, “a rua”, “o domínio público”, “o espaço público como ambiente construído”, “o acesso público ao público e ao privado”. Essas análises têm por fim que os conceitos possam ser debatidos e expostos. No fim desta etapa os alunos, em conjunto novamente, deverão produzir um material gráfico e visual que possa ser exposto, apresentado e interpretado por qualquer pessoa de modo simples e eficaz. Vale ressaltar que a análise do território escolhido pela equipe de estudo deverá estar presente no estudo dessa fase do projeto. O objetivo dessa etapa é fazer com que os alunos compreendam e possam usufruir de conceitos que irão os auxiliar para o resto do trabalho.

No livro de Hertzberger os alunos irão analisar os 5 HERTZBERGER, Herman, 2015, Lições de arquitetura 19


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Etapa 3. Como funciona a cidade? O terceiro módulo do curso, tem como propósito interpretar o funcionamento da cidade, as atividades econômicas, as questões de habitação, fluxos e modo de vida. Nele será analisado as redes de mobilidades, as redes de distribuição de bens de consumo e outros elementos. Para a compreensão desse tópico a classe irá ler “O Espaço do cidadão”, livro de Milton Santos

walking city, archigram, 1964 20

onde o autor explora as questões de atividade econômica e a herança social que distribuem o homem desigualmente no espaço, fazendo com que certas noções consagradas para a maioria das pessoas não tenham validade. Sendo essas a rede urbana ou o sistema de cidades, nesse livro aparece também as análises de mobilidade e imobilidade. Após a leitura a classe irá realizar um debate sobre o funcionamento da cidade.


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Outra prática que será estudada e debatidas nesse módulo serão as pequenas práticas urbanas criativas, atividades de experimentação que é uma forma vital para abordar a complexidade crescente das cidades.

zam o campo da arte, arquitetura e o design. Além dessas os alunos ver e analisar as propostas apresentadas por Marcos Rosa em seu livro de micro planejamento urbano e outras atividades que se assemelham com as citadas com a condição que elas atuem no espaço “Se definimos o arquitetônico como um espaço aber- público. to à intervenção e, se entendemos o arquiteto como aquele que age em seu ambiente, apontamos para a possibilidade de uma outra investigação da cidade e para outra forma de se planejar o urbano. Aceitamos a cidade real, como um produto de decisões políticas, projetos e vontades coletivas e pessoais e acreditamos existir nessa cidade enorme potencial para reorganização, rearticulação, recodificação. Indicamos a tarefa de mapear os campos onde tais formas de reorganização acontecem, de identificar novos campos com abertura e potencial identificados. Chamamos essa tarefa de microplanejamento.”6 Nesse momento do curso os alunos irão buscar e pesquisar práticas realizadas pelo grupo inglês, Assemble um coletivo londrino que trabalha com ações que cru6 Pagina 20. ROSA. Marcos L. 2011, Microplanejamento urbano.

CINEROLEUM Studio Assemble, 2010 21


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Durante o estudo destes projetos e atividades os alu- exposição sobre os projetos de referência de modo que nos serão apresentados aos ideais e pensamentos do o produto possa ser interpretado por qualquer pessoa arquiteto curitibano Jaime Lerner, onde eles irão obser- de modo simples e eficaz. var, ler e debater os conceitos de acupuntura urbana e dinâmicas urbanas. “Acredito que algumas “magias” da medicina podem, e devem ser aplicadas as cidades, pois muitas delas estão doentes, algumas quase em estado terminal. Assim como a medicina necessita da interação entre médico e paciente, em urbanismo também é preciso fazer a cidade reagir. Cutucar uma área de tal maneira que ela possa ajudar a curar, melhorar, criar relações positivas e em cadeia. É indispensável intervir para revitalizar, fazer o organismo trabalhar de outra maneira.”7 O objetivo dessa etapa é criar uma base de conhecimentos para a última etapa, que os textos e propostas apresentadas sirvam de referência para a criação de uma imagem de cidade e que as propostas sirvam de base para a intervenção urbana. Ao fim dessa etapa os alunos deverão realizar uma 7 Pagina 7. LERNER, Jaime, 2011, Acupuntura urbana. 22

KINOFORUM Marcos L. Rosa, 2010


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KINOFORUM Marcos L. Rosa, 2010

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Etapa 4. Qual a cidade ideal?

cumentado e que o produto possa ser exposto e ser interpretado por qualquer pessoa de modo simples e Qual é a cidade ideal? Estamos felizes com nossa ci- eficaz. dade? O que podemos fazer para melhorá-la? São essas as questões que dão base para o último módulo Os objetivos dessa proposta é fazer com que os alunos da disciplina. passem de debatedores a provocadores, e que a partir de suas intervenções, levantem possibilidades para a Nesse módulo será realizada uma proposta de um pro- cidade. O fato de que o projeto tenha que ser construjeto a ser apresentado ao público que resuma de modo ído, visa a explorar e alimentar o interesse dos alunos geral as leituras e as atividades realizadas em todo o pela construção e não apenas pela teoria, fazendo com curso. Para auxiliar o projeto final, iremos ver e debater que entre eles além de apreender a projetar, aprendam o livro e os projetos de Jan Gehl, “Cidade para pesso- a executar as suas ideias. A metodologia desenvolvida as”, livro que de certo modo mostra como as cidades inter-relaciona noções teóricas, modelos paradigmátipodem se transformar em espaços melhores e obter a cos, estudos de caso e ensaios projetuais, como linha dimensão humana que a tanto faz falta. de investigação e produção de conhecimento. O trabalho final a ser desenvolvido será livre. O corpo discente irá decidir o que será feito, desde que o projeto possa ser construído, montado e executado por eles próprios. Vale ressaltar que o projeto ficará exposto e deverá ser utilizado pela população da cidade no local em que ele for realizado. Outra questão obrigatória é que o projeto fique do24

Balanço no minhocão coletivo muda, 2013


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Técnicas e recursos didáticos.

exemplos apresentados, através da comparação com modelos conhecidos e questionamentos pelos professores, de modo a criar oportunidade para a discussão sobre temas complementares tais como – aspectos políticos, socioeconômicos, instrumentos de gestão. Desse conjunto de conhecimentos serão formulados temas para os estudos de caso a serem desenvolvidos pelos alunos.

Os conteúdos disciplinares deverão ser desenvolvidos através de aulas expositivas dadas pelos professores – conceituação e estudos de caso (projeção de slides, data show, etc.), leituras programadas de textos com debates em sala ou análise escrita, estudos de caso sob a forma de seminários por parte dos alunos, e exercícios analíticos e projetuais elaborados em grupo e discutidos coletivamente em sala. Distribuição da classe para os trabalhos

Para cada etapa de trabalho será apresentado uma Para o desenvolvimento dos trabalhos a turma será proposta ou trabalho que deverá apresentar conteúdos sempre dividida em equipe e trabalhará de forma horirelevantes à etapa de trabalho envolvida. zontal, de modo que todos os participantes saibam em sua totalidade do produto a ser desenvolvido a forma de produção deverá se assemelhar a ao modo de deAulas expositivas. senvolvimento de uma oficina de arquitetura, possibilitando que a disciplina simule em sua máxima realidade A dinâmica prevista é de compor 2 módulos de aulas o trabalho de projetar o espaço. de 1,5 hora cada, perfazendo 3 horas (com intervalo de 15 minutos). O primeiro módulo de 1,5h será dedi- Ao trabalhar dessa forma os alunos poderão comparcado normalmente à exposição conceitual com base tilhar da melhor forma possível seus conhecimentos e em caso paradigmático selecionado. O segundo mó- pensamentos. dulo de 1,5h será dedicado à análise dos conceitos e 25


CIDADE, o não projeto a ser projetado

capítulo 05 conteúdo programático ETAPA 01, o que é a cidade Aula 01, Apresentação do curso e do objeto de trabalho. Debate sobre o que é a cidade.

cidade de Brasília, e os planos para a cidade de Maastritcht, e seminário com Angelo Bucci ou Milton Braga sobre a “instalação urbana outrem”. Aula 05, Apresentação, exposição e debate do trabalho 01, “o que é a cidade”.

Aula 02, Leitura e debate do primeiro capítulo do livro de Marshall Berman, “Tudo que é solido se desmancha no ar, ETAPA 02, quais são os elementos da cidade. modernidade: ontem, hoje e amanhã”. Discussão sobre o homem moderno e modernidade. Discussão e orien- Aula 06, tação do trabalho 01. Debate sobre os elementos da cidade, e apresentação dos conceitos de Cristhian Norberg-Schoulz, e leitura Aula 03, do texto de sobre o conceito do lugar e fenomenologia Debate sobre o livro “a cidade” de Massimo Cacciari, e escolha do espaço a ser estudado. debates sobre o conceito e a formação da cidade. Discussão e orientação do trabalho 01. Aula 07, Aula 04, Debate e melhor conceituação sobre o espaço escoApresentação da cidade de Hausmann para Paris, da lhido para o estudo da classe e debate o genius loci 26


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do território a partir do capítulo 9 do livro “uma nova Aula 12, agenda para a arquitetura” de Kate Nasbitt. Discussão Apresentação dos conceitos de acupuntura urbana, e orientação do trabalho 02. dos trabalhos do grupo inglês “Assemble”, das práticas apresentadas na exposição “Small Scalle, Big ChanAula 08, ges” realizada no MoMA, e debate das propostas Leitura do território e visita ao território a ser estudado. encontradas no livro “microplanejamento urbano” de Marcos Rosa. Discussão e orientação do trabalho 03. Aula 09, Debate, leitura e apresentações dos conceitos do livro Aula 13, de “Lições de arquitetura” de Herman Hertzberger. Dis- Apresentação, debate e seminários do trabalho 03 socussão e orientação do trabalho 02. bre as práticas urbanas criativas. Aula 10, Etapa 04, Qual a cidade ideal. Apresentação, exposição e debate do trabalho 02, elementos da cidade Aula 14, Apresentação dos conceitos de Jan Gehl em “cidade ETAPA 03, como funciona a cidade? para pessoas”. Aula 11, Apresentação e debate sobre como funciona a cidade, explanação e debate sobre o livro de Milton Santos “O Espaço do cidadão”. Discussão e orientação do trabalho 03.

Aula 15 e 16, 17 Discussão e orientação do trabalho 04. Aula 18, Apresentação, exposição e debate do trabalho 04 e encerramento do curso. 27


CIDADE, o nĂŁo projeto a ser projetado

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capítulo 06 bibliografia obrigatória para o curso BERMAN, Marshal, Tudo que é solido desmancha no ar, Companhia das letras, 2011 BUCCI, Angelo. São Paulo, razões da arquitetura: da dissolução de edifícios e de como atravessar paredes. São Paulo: Romano Guerra, 2010. 152 p. CACCIARI, Massimo. A cidade. Gustavo Gili, 2010 GEHL, Jean. Cidade para pessoas. Sao Paulo, Perspectiva, 2014. HERTZBERGER, Herman, 2015, Lições de arquitetura LEPIK, Andres. Small scale big change: new architectures of social engagement. New York: The Museum of modern arts. 2010. 137 p. LERNER, Jaime. Acupuntura urbana. Rio de Janeiro: Record, 2011. 125 p. SANTOS, Milton. O Espaço do Cidadão. NESBITT, Kate (org.). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica. São Paulo: Cosac Naify, 2006. ROSA, Marcos L. ( org. ). Micro Planejamento, práticas urbanas criativas. São Paulo: Editora de Cultura, 2011. 232 p.

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CIDADE, o nĂŁo projeto a ser projetado

Desfile Saul Steinberg, 1945 30


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capítulo 07 expectativas sobre o curso O curso planejado parte de uma estrutura crescente onde o aluno irá adquirir conhecimento a partir de leituras e apresentações que ocorreram ao longo do curso, para tanto a disciplina só obterá sucesso caso os alunos tenham interesse nos textos apresentados e nos assuntos que serão debatidos. Apesar de ser um curso que apresenta muitas leituras e muitas teorias, o curso pretende que no fim os alunos fação um projeto que possa ser construído e executado, a fim de que o projeto saia da sala de aula e ganhe uma dimensão real, onde o estudante irá desenvolver habilidades de construção e de desenvolvimento de projeto. Ao mesmo tempo este trabalho final servirá para criar uma discussão com a sociedade sobre o papel do espaço público e suas potencialidades.

Mesmo sendo um curso longo e intenso, a matéria visa ser uma atividade que não atrapalhe o desenvolvimento das outras disciplinas e atividades da escola. Concluindo é possível imaginar que se o curso pudesse ser executado em sua integridade os alunos iriam ter uma grande evolução em seus pensamentos sobre o que é a cidade e sobre como ela funciona e quais seus elementos, ao mesmo tempo que no fim deste o aluno estaria apto a começar a discutir melhor.

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CIDADE, o não projeto a ser projetado

capítulo 08 bibliografia da monografia

LA BIBLIOTEQUE DE PARIS Sempé, 1975 32


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BERMAN, Marshal, Tudo que é solido desmancha no ar, Companhia das letras, 2011 BUCCI, Angelo. São Paulo, razões da arquitetura: da dissolução de edifícios e de como atravessar paredes. São Paulo: Romano Guerra, 2010. 152 p. BURDETT, Ricky; SUDJIC, Deyan (Ed.). Living in the endless city: the urban age project by the London School of Economics and Deutsche Bank's Alfred Herrhausen Society. London: Phaidon Press, c2011. 430 p. CACCIARI, Massimo. A cidade. Gustavo Gili, 2010 CHOAY, Françoise. O Urbanismo. São Paulo: Editora Perspectiva, 1997. DUPAS, Gilberto. Tenções contemporâneas entre o público e o privado. São Paulo: Paz e Terra, 2003. 145 p. FIX, Mariana. Parceiros da Exclusão. São Paulo, Boitempo Editorial, 2000. GEHL, Jean. Cidade para pessoas. Sao Paulo, Perspectiva, 2014. HARVEY, David. Rebel cities: from the right to the urban revolution. New York: Verso, 2012. 187 p. HERTZBERGER, Herman, 2015, Lições de arquitetura JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. LEFEVRE, Henri. O Direito à Cidade, 1987, Centauro

Editora, 2006 – 6ª edição. LEPIK, Andres. Small scale big change: new architectures of social engagement. New York: The Museum of modern arts. 2010. 137 p. LERNER, Jaime. Acupuntura urbana. Rio de Janeiro: Record, 2011. 125 p. LINCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo, Martins Fontes, 1997. SANTOS, Milton. O Espaço do Cidadão. MARICATO, Erminia. Habitação e Cidade. São Paulo, Atual Editora Ltda, 1997. NESBITT, Kate (org.). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica. São Paulo: Cosac Naify, 2006. ROSA, Marcos L. ( org. ). Micro Planejamento, práticas urbanas criativas. São Paulo: Editora de Cultura, 2011. 232 p. SECCHI, Bernardo. O Projeto da Cidade Contemporânea. In: A Cidade do Século Vinte. São Paulo, Perspectiva, 2009. SOUZA, Monica Virginia de. Politicas Públicas e Espaço Urbano Desigual: Favela Jardim Maravilha (SP). Estudos Avançados 23, 2009. 33


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