[NEWTON MASSAFUMI] Anteprojeto

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ASSOCIAÇÃO ESCOLA DA CIDADE – FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO ANTEPROJETO DE MONOGRAFIA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ARQUITETURA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE TÍTULO A RELAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS AMBIENTAIS DOS BIOMAS BRASILEIROS E SUAS CIDADES NA FORMAÇÃO DOS ARQUITETOS URBANISTAS 1.

INTRODUÇÃO

A presente monografia tem o propósito de introduzir e sistematizar, no processo de formação dos arquitetos urbanistas, o estudo da relação entre as cidades, os biomas e o clima, para um desenho ambiental. Entende-se o desenho ambiental como uma síntese propositiva do desejo de intervenção e transformação do meio físico e social, através de planos e projetos urbanísticos e arquitetônicos que incorporem, de modo estruturante, as relações dos aspectos da geografia física, climática e humana no seu resultado. Caberia, a nosso ver, abordar, neste momento, questões relativas à formação do arquiteto urbanista e a possibilidade da inserção e incorporação de questões abrangentes, como parte integrante dos requisitos que levam à formulação dos planos e projetos, tais como as questões relativas às mudanças climáticas, os impactos territoriais que representam a grande medida para a indução às mudanças climáticas em curso. Além disso, a incorporação de parâmetros técnicos ambientais, como o grau de emissão de gás carbônico vigente num determinado território e seu esgotamento para a absorção e o consequente aquecimento da superfície terrestre, os níveis de formação do chamado “efeito estufa” num determinado território e suas possíveis mitigações. Estas possibilidades e abrangências fariam parte de um processo de formulação de parâmetros a serem incorporados no fazer dos planos e projetos, onde as intervenções específicas e locais teriam, invariavelmente, que considerar estes parâmetros macro ambientais, de modo que, independentemente da escala, seriam entendidas como parte de um processo mais amplo, não figurando de modo 1


autônomo, onde os impactos negativos e positivos pleiteados no território vigente poderiam caracterizar e personificar o contexto no qual se projeta. Trata-se de compreender que este repertório ambiental amplo, porém conjugado ao específico, poderá, cada vez mais, fazer parte das questões que permeiam a formação do arquiteto urbanista pela sua peculiar atividade profissional, a qual pressupõe a participação em processos e equipes interdisciplinares que modificam dinâmicas de ocupação urbano-territoriais, capazes de criar condições de mitigação aos impactos através de planos e projetos e que, de modo evolutivo e propositivo, participa das formas e processos que tornam o território antropizado. Ao se considerar os pontos de vista apresentados, se pretende adotar os biomas brasileiros como a caracterização ambiental territorial e como estrutura base para que neles sejam impressos os processos de intervenções. Neste sentido, procuraremos caracterizar os biomas brasileiros e situar conjuntos de cidades relativas a cada um deles de modo a exemplificar os contextos existentes. Além da caracterização, pretende-se analisar cada um dos biomas brasileiros, buscando suas peculiaridades potenciais as quais poderão ser enumeradas como possíveis sistemas estruturadores para os planos e projetos. Para a incorporação destas peculiaridades potenciais pretendemos analisar os sistemas técnicos nas seguintes relações: •

Ocupação e Atividades Urbanas - conjunto de centros urbanos que tenham entre si, relações socioeconômicas e culturais, somadas às atividades de Produção Rural X Geografia Física / Climática e Humana;

Mobilidade - sistemas de transporte para os produtos e passageiros interregionais, regionais e locais X Território Regional - aspectos fundiários e de exploração dos recursos naturais, usos rurais pelo agronegócio;

Produção Urbana e Rural - cadeia produtiva urbana e rural X Produção de Resíduos - geração de resíduos, destinação e tratamento vigentes no local e região;

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Recursos Naturais - enumerar os recursos naturais existentes e os processos de exploração X Tecnologia - relacionar e analisar os processos de transformação dos recursos naturais e uso da tecnologia aplicada às condições locais.

Trata-se de adotar uma prática de execução de planos elaborada e experimentada pelo arquiteto catalão Joaquim Sabaté, que vem desenvolvendo planos e projetos em escalas metropolitanas e adotado premissas e modos de fazer que se unem à conceitos urbanísticos contemporâneos os quais podemos sintetizá-los como: •

A cidade contemporânea se configura como uma estrutura cada vez dispersa, descontínua, imprevisível e interligada;

Os planos e projetos pressupõem uma compreensão integrada dos sistemas técnicos tais como, o sistema de uso e ocupação do território, o sistema de mobilidade, o sistema ambiental, dentre outros;

Os planos e projetos adotam concepções como respostas diretas aos cenários das previsões da realidade os quais contém dinâmicas socioambientais em permanentes alterações.

Como conclusão, serão selecionadas cidades e/ou conjuntos de cidades com até 20.000 habitantes para a elaboração de estudos de caso para a formulação de estratégias de ensino e aprendizagem. No Brasil, mais de 60% dos municípios tem a população estimada em 20 mil habitantes pelo senso de 2010, e tais comunidades urbanas requerem, a nosso ver, uma contribuição técnica da universidade brasileira uma vez que não estão sendo consideradas com a necessidade legal de elaboração de planos diretores, conforme previsto pelo Ministério das Cidades do governo federal. Nestas comunidades podemos, provavelmente, encontrar as originárias condições socioculturais e urbanas brasileiras para buscar posicioná-las em rede como sistema de interdependência, configurando-se em espaços regionais definidos. Ao se buscar a delimitação dos espaços regionais no território, através da rede de interligações e interdependências socioeconômicas e culturais, podem ser obtidos inúmeros recortes definidos do território geral, a serem considerados como áreas de 3


estudo e de investimento intelectual, na busca de planos e projetos que colaborem na sua autossuficiência e emancipação desejável e aguardada pela comunidade preexistente em tais localidades. O território geral brasileiro se conformou pela sedimentação histórica dos processos naturais e humanos distribuídos, de forma extensiva, e pode ser entendido como uma existência viva e dinâmica sobre a qual iremos procurar colaborar para que, cada vez mais, prossigam na sua consolidação e para que permaneçam onde estiveram até o momento, e que, nestas localidades possam se desenvolver e criar dinâmicas específicas e peculiares. Os aspectos técnicos mais gerais e amplos do macroambiente, apropriados e conectados às características locais, poderão contribuir para que os planos e os projetos, alinhados com as comunidades destas regiões, promovam uma inovadora versão de conviver e ocupar, com perenidade e maior autossuficiência, o território. Estes ensaios didático-pedagógicos, através da universidade, poderão criar condições propícias à formação de um escopo de atividades no território nacional com abrangência não só físico-espacial como interdisciplinar, e, sobretudo, promover maior aproximação da universidade com as inúmeras realidades que efetivamente

formam

a

multidiversidade

socioambiental

vigente

no

Brasil,

inaugurando também, vínculos mais permanentes de convivência técnica e sociocultural. A disciplina hora sugerida para o 4º e 5º anos da Sequência de Urbanismo da Escola da Cidade, poderá ser um ponto de partida para a indução de programas e atividades integradas, não só na sequência das disciplinas de Urbanismo da Escola da Cidade, como nas demais sequências que hoje constam de nossa estrutura curricular, como também na conjunção de iniciativas que poderão se formar pela reunião de outras instituições de ensino, ONGs de atuação regional, movimentos sociais e ambientais de âmbito nacional, internacional entre outras.

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2.

CARACTERIZAÇÃO ANÁLISE E PROBLEMATIZAÇÃO

PARTE 1 - BIOMAS BRASILEIROS E SUAS CIDADES Os 5.391 municípios brasileiros distribuídos em toda a extensão do território brasileiro estão, de alguma forma, interligados por extensões físicas e analógicas, constituindo-se numa extensa rede de interdependências. Estas relações se ativaram ao longo do tempo cristalizando, em regiões ou localidades específicas, marcas que denotam suas histórias acrisoladas nestas relações, nas manifestações socioculturais de suas comunidades, nos resultados de sua produção e na sua infraestrutura de ocupação territorial, assim como na estrutura urbanística de seus núcleos urbanos. A extensa rede dos municípios brasileiros se constituiu através de inúmeros conjuntos específicos os quais, de modo mais intenso, se relacionam e geram entre si interdependências de modo a manifestarem maneiras de sobrevivência para sua comunidade num determinado território específico. As relações destes territórios específicos, por sua vez, estão sujeitas, ao longo do tempo, às demandas externas que podem alterar substancialmente a posição do conjunto de cidades no cenário regional ou, até mesmo, gerar núcleos com certo destaque em relação aos demais, de modo que este passa a ser um agente de atrações diante dos demais, formando um polo de atração que se pode denominar de “cidade mãe”. Identificar estes conjuntos urbanos relacionados entre si para determinar um território específico será, a nosso ver, a seleção pretendida para os estudos de caso e, através destes que se buscará compreender as relações e intensidades hierárquicas dos fluxos de influências socioeconômicas, socioculturais, a gestão dos recursos e as ações que imprimem nas comunidades a sua emancipação. A estruturação técnica do corpo básico de informações para o reconhecimento do território específico selecionado será formado por um sistema de banco de dados, obtido por plataformas digitais tais como o sensoriamento remoto – programa QGIZ e se dará pela seleção do conjunto de cidades que constitui uma determinada rede e que, por estar inserido num determinado Bioma, o represente nas maneiras de 5


sobreviver, de produzir relações socioculturais peculiares e de buscar formas interdependentes para se emancipar, potencializando, inclusive, sua inserção no Bioma específico. Nº de Municípios

%

Brasil

5.391

100

Até 20.000 habitantes

3.741

69

Até 15.000 habitantes

3.221

60

Até 10.000 habitantes

2.430

45

Até 5.000 habitantes

1.229

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fonte:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm

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BIOMA – DEFINIÇÃO “Um bioma é um conjunto de ecossistemas que vivem em equilíbrio, formando uma unidade biológica dentro de um determinado espaço geográfico. Essa unidade é caracterizada por seu clima, fauna, flora, geografia, paisagem”. BIOMA

ÁREA ORIGINALKM²

%

Amazônia

4.196.943

49

Cerrado

2.036.448

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Mata Atlântica

1.110.182

13

Caatinga

844.453

10

Pampa

176.496

2

Pantanal

150.355

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fonte:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm

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BIOMA AMAZÔNIA Ocupando os estados do Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia, Amapá, Maranhão e Tocantins, o bioma Amazônia compõe um conjunto de ecossistemas interligados pela Floresta Amazônica e pela bacia do Rio Amazonas, formando a maior floresta tropical do mundo, com 4,1 milhões de km² e retendo 1/3 da madeira tropical do planeta.

É considerado um ecossistema frágil e, mesmo assim, sofre constantemente muitas intervenções humanas ilegais. Com baixíssima densidade habitacional – 02 habitantes / km² - e índices socioeconômicos baixíssimos, apresenta falta de infraestrutura em um ambiente úmido, com chuvas abundantes, sendo sua bacia hidrográfica a maior do mundo com aproximadamente 1.100 afluentes. Possui fauna e flora riquíssimas, contando com mais de 2.500 espécies de árvores e 20% de todas as espécies vivas de plantas e animais catalogados no mundo, sendo a detentora de diversas espécies de madeira, borracha, castanha, peixes e

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minĂŠrios.

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BIOMA CERRADO O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, com 2 milhões de km² distribuídos em 10 estados. É considerada uma Savana Tropical, clima tropical, com uma estação chuvosa e outra seca, gramíneas e vegetação predominantemente baixa, com galhos retorcidos e raízes de até 20 metros devido ao solo ácido e pouco fértil.

Este bioma é chamado de “caixa d’água brasileira” por abrigar em seu território as três maiores bacias hidrográficas da América do Sul, favorecendo a biodiversidade da fauna e da flora. Sofre queimadas constantes e sua destruição alcança os 3 milhões de hectares por ano, e sua população, atualmente, se aproxima dos 15 milhões de habitantes.

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(Vegetação Original)

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BIOMA MATA ATLÂNTICA A Mata Atlântica é, atualmente, uma das florestas tropicais mais ameaçadas e degradadas do planeta. Orginalmente ocupava 13% do território nacional, estendendo-se por toda a costa brasileira desde o nordeste, sudeste até o sul do país, com 1,3 milhões de m². Hoje porém, restam apenas 07% de toda a sua extensão original.

Apresenta uma biodiversidade incrível e peculiar, mas, completamente ameaçada por sua exploração predatória. A sua flora é muito rica, com árvores altas e em alguns trechos dos remanescentes, o grau de biodiversidade é considerado o maior do planeta. Abrange as bacias dos Rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco.

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(Vegetação Original)

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BIOMA CAATINGA A Caatinga ocupa quase 10% do território brasileiro, com 736.833 km², distribuídos pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e parte do Piauí e de Minas Gerais. É uma região de clima semiárido, com solo raso e pedregoso, porém fértil, onde o índice pluviométrico varia de 300 a 800 mm por ano. Contêm os três estratos de vegetação na sua paisagem: o arbóreo, o arbustivo e o herbáceo.

A vegetação deste bioma possui características bem peculiares como é o caso do Cacto, que armazena água para garantir alguma sobrevivência no clima seco. Devido à aridez da região, mesmo nos períodos de chuva, o solo não consegue armazenar água e a temperatura média de 27°C gera uma intensa evaporação. Os rios que nascem na região permanecem inteiramente secos por períodos que variam de 05 a 07 meses por ano, com exceção do Rio São Francisco, que mantém seu fluxo com as águas vindas de outras regiões. Apresenta alta biodiversidade com uma população aproximada de 20 milhões de habitantes.

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Há ainda na região as chamadas “ilhas de umidade” ou brejos, geralmente localizadas próximas às serras, e, devido à maior quantidade de chuvas, esses espaços apresentam solos muito férteis e muita água. No início do ano, durante a época de chuvas, o solo se cobre de plantas e as árvores ficam cobertas de folhas, além do aumento da fauna devido às condições de maior abundância de água.

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(Vegetação Original)

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BIOMA PAMPA Localizado no sul do país e ocupando 63% do território do Rio Grande do Sul, este bioma se caracteriza por ser uma região plana, com vegetação de pequeno porte, predominantemente com gramíneas e subarbustos. Apresenta um clima úmido e, no litoral do Rio Grande do Sul, domina um ecossistema alagado com densa vegetação. As chuvas são regulares o ano todo, e como a temperatura média é baixa, há pouca evaporação. Apresenta fauna muito diversificada e muito influenciada por essas regiões alagadas, denominadas de banhados.

É uma região muito apropriada para a criação do gado e para cultivo por possuir o solo muito rico, o qual, devido à exploração intensiva, atualmente apresenta diversos locais onde ocorrem erosão, desertificação e muita degradação.

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(Vegetação Original)

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BIOMA PANTANAL O Pantanal ocupa uma planície territorial de 228.000 km² situada na Bacia do Alto Paraguai e estendendo-se por parte do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraguai e Bolívia. É uma região alagada pelo Rio Paraguai e seus afluentes, que formam extensos pântanos. Possui clima úmido e quente no verão, e seco no inverno, com alto índice pluviométrico.

A vegetação rasteira é mais comum nas áreas planas, que também são utilizadas para a pecuária animal, sendo que, nas regiões intermediárias apresenta alguns arbustos e nas regiões altas podem ser encontradas árvores de grande porte. É considerado pela UNESCO um Patrimônio da Humanidade devido a sua biodiversidade, embora atualmente 15% da sua área original já tenha sido desmatada.

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(Vegetação Origina)l

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PARTE 2 - SISTEMAS TÉCNICOS DAS CIDADES Os sistemas técnicos são parcelas específicas e estruturantes da forma com que se ocupa um território e podem ser identificados nos seus diversos modos e configurações por operacionalizarem, com funções, os processos de transformação do território ao longo do tempo. Os sistemas técnicos são inúmeros e serão selecionados para que se possam obter sínteses do resultado das relações diretas e indiretas entre os diferentes sistemas, através de análises específicas, comparativas e de sobreposições que se viabilizam pelos programas disponíveis de sensoriamento remoto. Os sistemas técnicos estarão georeferenciados por níveis e formarão camadas sobrepostas com algumas parcelas a serem selecionadas. Em cada um dos conjuntos de sobreposições pode-se obter conclusões sínteses as quais serão revertidas em bases para as proposições e hipóteses de intervenções desejáveis. A seleção dos sistemas técnicos existentes e as sobreposições dos sistemas do ambiente geral demonstrarão ainda as potencialidades para futuras transformações nos territórios específicos e serão nas condições específicas onde poderão ser introduzidas as mais significativas possibilidades socioeconômicas, culturais e ambientais para a produção de energia, do manejo mais adequado do solo, do subsolo, dos recursos naturais existentes e dos sistemas produtivos, visando a suficiência autônoma das comunidades urbanas e rurais. Será significativo e estruturador a busca de infraestruturas ambientais perenes na obtenção de recursos naturais vitais como a manutenção e a proteção das fontes naturais para a obtenção da água, seu tratamento e uso, como também, seu reaproveitamento; o sistema de aproveitamento da água de chuva em todo o território pela disseminação do seu reaproveitamento na cultura e na produção a céu aberto ou não; na geração de energia elétrica através da energia solar e eólica na escala de todo o território específico, como também, e aliadas à tais medidas regionais, planos setoriais visando a auto suficiência dos núcleos urbanos. 35


Nos setores urbanos, a geração de sistemas de produção e serviços próprios e interrelacionados entre si e com os demais núcleos urbanos do conjunto de cidades, na perspectiva da maior autonomia socioeconômica. Na mesma medida, a criação de infraestruturas ambientais locais para a utilização adequada dos recursos naturais como o reaproveitamento de água de chuva, a produção de energia, a agricultura urbana, a reciclagem de resíduos orgânicos, a produção de componentes através da reciclagem, a utilização de materiais provenientes de fontes renováveis nas edificações, mobiliários e objetos; o tratamento dos resíduos orgânicos e inorgânicos; a utilização de um sistema de mobilidade própria nas diversas escalas e autossuficiência para a utilização de combustíveis, além de diversos itens que poderão ser acrescentados à partir do contato mais estreito com cada uma destas localidades.

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3.

CONCLUSÃO – ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM PARA O DESENHO AMBIENTAL

A seleção de um conjunto de cidades situadas num determinado bioma brasileiro, tendo os aspectos socioeconômicos e culturais como estruturadores do território específico estabelecido, nos apresenta o recorte do território geral a ser adotado para o estudo de casos. Uma vez definido o território específico, pretende-se atribuir a este, um conjunto de fatores que, conjugados em camadas técnicas, conforme experiência apontada por Joaquim Sabaté, possam fazer parte de uma estratégia técnica para colaborar no reconhecimento e na criação de diretrizes, as quais farão parte essencial dos planos e projetos, as quais, por sua vez, serão o ponto de partida do processo de aproximação real com as comunidades deste território. Pretende-se, através deste viés, imprimir dinâmicas aos planos e projetos os quais venham a figurar como promotores de um processo que se inicia através deles para um diálogo com os mais diferentes atores que atuam nos territórios específicos, assim como, para uma primeira referência como ponto de partida do processo de planejamento e das previsões a curto, médio e longo prazo. Além disso, selecionar e priorizar intervenções e atividades de gestão do território, incluindo-se a educação socioambiental que poderá ocorrer em fases e etapas deste modo de fazer e atuar, de modo a que se tornem permanentes. Será no bojo destas práticas que se pretende criar um ambiente formador para o desenvolvimento de habilidades ao conjunto de estudantes, professores, monitores e demais parcelas que compõem a estrutura de ensino e aprendizagem das escolas de arquitetura e urbanismo. Os planos e projetos seriam desenvolvidos, na sua primeira fase, à distância, e realizados por equipes interdisciplinares nas escolas, através dos recursos obtidos nos programas de sensoriamento remoto. Posteriormente, através do contato direto com os diversos atores destes territórios específicos, para o amadurecimento das proposições dos respectivos planos e projetos. 37


Ao incorporar o território geral brasileiro como tema de estudo de caso e o considerar como parte significativa da estruturação da estratégia didática e pedagógica, pode-se compreender que se busca incorporar não só uma escala abrangente das questões territoriais no cotidiano da formação do arquiteto urbanista, mas introduzir o reconhecimento do território nacional como base para as mais diferentes possibilidades que propiciem investigações das maneiras e posturas que ocorram através do corpo universitário envolvido nestes programas. Ao mesmo tempo, inseri-los nos contextos nacionais para uma relação mais permanente e interativa, que possibilite pesquisas de aprofundamento visando formas de ordenamentos cada vez mais participativos, reduzindo a distância entre a universidade e as realidades contextuais brasileiras, sobretudo pelo contato permanente como forma de superar possíveis barreiras criadas, muitas vezes, pelas distâncias físicas, culturais e de conhecimento específicos dos recursos técnicos que dispomos. Viabilizar a aproximação com os mais distantes e diferentes contextos, se os compararmos aos contextos urbanos e metropolitanos aos quais a universidade tem estado mais próxima e acostumada a considerar para os estudos de casos selecionados nas escolas de arquitetura e urbanismo. As atividades programadas poderão resultar em planos regionais e municipais participativos, onde se podem priorizar ações e atividades que envolvam as comunidades locais e o corpo universitário na concretização de aspectos de transformação das condições anteriormente existentes. Será necessário que o plano pedagógico pretendido seja entendido em sua formulação que deverá contar com a ampliação da sua estrutura disciplinar para outras unidades universitárias, de modo a serem incorporadas disciplinas que formem, como um todo, as bases para uma atuação conjunta e que proporcionem, de maneira equivalente nas demais unidades universitárias, planos e projetos nas áreas e disciplinas equivalentes, para um real atendimento técnico das necessidades destas localidades.

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Está sendo prevista a atuação conjunta de outras áreas do conhecimento como medicina, direito, agronomia, biologia, geografia, sociologia e outras que se fizerem necessárias. A concretização da atividade, inserida no contexto local como parte do plano e do projeto, será, concomitantemente, formadora para o corpo universitário atuante e deverá reverter na experimentação real pontual que poderá ser levada à realidade local, como ponto de partida para as futuras possibilidades potenciais de transformação e emancipação. Nestas localidades, a universidades e seu corpo técnico proporcionariam uma amostragem de um ensaio do que poderá ser levado adiante por profissionais e dar continuidade às diretrizes apontadas no âmbito dos estudos de casos pelo corpo universitário. Caso haja uma possibilidade real para a continuidade na efetivação dos planos e projetos, a Associação da Escola da Cidade e as demais unidades universitárias envolvidas, ou alguma outra entidade equivalente, poderão atuar no sentido da continuidade das diretrizes apontadas pelos estudos encerrados na disciplina e seus agregados.

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4.

BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS • AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os Domínios da Natureza no Brasil. 1ª ed. São Paulo, Ateliê Editorial, 1977. • FURLAN, Sueli Ângelo. “Paisagens sustentáveis: São Paulo e a sua Cobertura Vegetal”. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri & OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de (orgs). Geografias de São Paulo 2 – A Metrópole do Século XXI. São Paulo, Contexto, 2004. • LEITE, Carlos. Cidades sustentáveis, cidades inteligentes: desenvolvimento sustentável num planeta urbano. Porto Alegre, Bookman, 2012. • LEITE, Maria Angela Faggin Pereira. “ A Natureza e a Cidade: Rediscutindo suas Relações. In: SOUZA, Maria Adélia & Santos, Milton ( orgs. ). O Novo Mapa do Mundo – Natureza e Sociedade de Hoje: uma Leitura Geográfica. São Paulo, Hucitec, 1994, pp. 139-145. • MARCONDES, Maria José A. Cidade e Natureza: Proteção dos Mananciais e Exclusão Social. São Paulo, Studio Nobel/Edusp, 1999. • RODRIGUES, Cleide. Qualidade Ambiental Urbana: Como Avaliar? Ver. Depto. Geografia. São Paulo, nº II, FFLCH-USP, 1997. • SABATE, Bell. Proyectar el território. Barcelona: Ediciones UPC, 2009. • SACHS,

Ignacy.

Estratégias

de

Transição

para

o

século

XXI:

Desenvolvimento e Meio Ambiente. São Paulo, Studio Nobel/Fundap, 1993. • SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 2006. • SECCHI, Bernardo. A cidade do século vinte. São Paulo: Perspectiva, 2009. • SANTOS, Milton. 1992: A Redescoberta da Natureza. São Paulo, Igeog – USP, 1992. • SCHUTZER, José Guilherme. Cidade e Meio Ambiente. São Paulo, edusp, 2012.

Newton Massafumi Yamato Outubro | 2015 40


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