Jornal da UFRN - Abril de 2013 - Ano XV nº 60

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ano XV | nº 60 | abril de 2013 - distribuição gratuita

Reconstruindo a

Memória

Núcleo de Referência da História e Memória da Educação de Jovens e Adultos da UFRN resgata registros da educação popular no Rio Grande do Norte Página 3

Restaurante Universitário promove ações contra o desperdício de alimentos Páginas 6 e 7

Programa de Saúde da Mulher inicia atividades e busca a prevenção Página 9

Projeto revoluciona armazenamento de imagens no HUOL Página 11


NEUROCIÊNCIA

Cientista estuda proteínas que permitem

enxergar o funcionamento do cérebro Cícero Oliveira

Por Maria Ceiça sousa

“É

um prazer a sensação de construir o conhecimento. Mesmo que nosso trabalho não seja mais que um tijolo, é de tijolos que os palácios são construídos”. Hermany Munguba, mestre em Neurociências formado pelo Instituto do Cérebro (ICe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é o autor da frase. Cearense, natural de Fortaleza, Munguba diz ter se apaixonado por neurociências aos 17 anos, quando ainda cursava o Ensino Médio. Entender de que forma elementos abstratos como memória, personalidade e humor podem ter origem em algo concreto e puramente biológico – o cérebro –, era algo que intrigava o jovem estudante. Bacharel em Biomedicina também pela UFRN, o pesquisador afirma ter obtido, ainda na graduação, uma boa base na maioria das técnicas das ciências biomédicas, incluindo a neurociência. “Mas eu acabei indo trabalhar com a exata exceção: a eletrofisiologia. Hoje eu sou apai-xonado por mais essa área, que antes me dava calafrio só de pensar”, conta. Eletrofisiologia é a ciência relacionada ao estudo das propriedades elétricas em células e tecidos do corpo humano. Na neurociência, especificamente, o saber investiga as atividades elétricas registradas em neurônios, como a condução dos estímulos nervosos. A neurociência agrega conhecimentos de áreas como biologia, biomedicina, física, engenharia da computação e educação. Nos últimos vinte e cinco anos, o campo cresceu de maneira exponencial em todo o mundo. Neste contexto, o ICe, criado há dois anos como Unidade Acadêmica Especia-

EXPEDIENTE

Hermany Munguba apresentou a oitava dissertação de mestrado do Programa de PósGraduação em Neurociência do Instituto do Cérebro lizada da UFRN, sedia o Programa de PósGraduação em Neurociências (PGNeuro), que conta atualmente com 25 alunos de doutorado e 18 de mestrado. Em março deste ano, Hermany Munguba apresentou a oitava dissertação do PGNeuro. Considerado como requisito para a obtenção do título de Mestre, o trabalho intitulou-se “Indicadores de cálcio e de voltagem codificados geneticamente na detecção de potenciais de ação e inputs sinápticos em cultura de neurônios hipocampais”. No estudo, orientado pelo professor do ICe Richardson Leão, o mestrando comparou três proteínas desenvolvidas em laboratório que são utilizadas como ferramentas de medição da atividade de células do cérebro. Essas proteínas são espécies de peque-

Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Vice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes Superintendente de Comunicação José Zilmar Alves da Costa Diretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte Guimarães Editor Luciano Galvão Jornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Enoleide Farias, Hellen Almeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia Costa Fotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy Medeiros Revisão Emili Rossetti Foto de capa Arquivo NUHMEJA

nos aparelhos de registro da atividade cerebral e permitem enxergar os neurônios em ação sem a necessidade de eletrodos. Quando células do cérebro são forçadas a expressar essas proteínas, elas “piscam” e pode-se literalmente ver como o cérebro funciona. Além da presença do orientador Richardson Leão, a banca examinadora da dissertação foi composta pelos professores Emelie Svahn Leão (Ice/UFRN) e Olavo Bohrer Amaral (UFRJ). Munguba explica que o campo das neurociências no qual realiza suas pesquisas é extremamente recente e que, por isso, foi necessária a padronização e a efetivação da técnica utilizada. Foi a esse esforço que o pesquisador dedicou uma parte considerável do seu mestrado.

“É, basicamente, fazer a coisa começar a acontecer. Desde fazer com que neurônios expressem as proteínas fluorescentes até a otimização do registro elétrico e óptico desses neurônios”, relata. Quando comparou as três proteínas, o cientista identificou que uma das subclasses analisadas parece ser a mais indicada para o estudo da atividade de neurônios individuais. Ela seria eficaz tanto para o estudo de segmentos pequenos de um neurônio, quanto para o estudo de vários neurônios simultaneamente. “Os resultados do meu trabalho ainda não são totalmente conclusivos, mas estão caminhando para isso”, pondera Munguba. O pesquisador deseja agora registrar outros neurônios, de modo a confirmar os resultados. Só então deverá submeter seu trabalho a publicação. Oportunidade Para Hermany Munguba, fazer o mestrado no Instituto do Cérebro (ICe) significou discutir e aprender a fazer neurociências junto de muitos dos melhores pesquisadores do País. “Isso não se tem em todo lugar”, afirma. “Aqui se pode efetuar um experimento de uma ponta a outra das neurociências: registros eletrofisiológicos, imunohistoquímica, cultura de células e neurocomputação. Além disso, contamos com os melhores microscópios que a Universidade disponibiliza”, relata o cientista. Há quem diga que em toda parte do mundo há um cearense. Se essa afirmativa é verdadeira, não se sabe. A verdade é que, após sua defesa, Hermany Munguba viajou para Estocolmo, Suécia, onde perma-necerá por quatro anos. É lá que o cientista fará seu doutorado em neurociências, no Instituto Karolinska, uma das mais importantes universidades médicas da Europa.

Diagramação Setor de Artes/Comunica Bolsistas de Jornalismo Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Gaston Poupard, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Kalianny Bezerra, Natália Lucas, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Thalita Sigler, Thyara Dias Bolsista de Letras Karla Jisanny Arquivo Fotográfico Taíze Nascimento Endereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970 Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115 E-mail boletim@agecom.ufrn.br – Home-page www.ufrn.br Impressão EDUFRN Tiragem 3.000 exemplares

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Experiência do educador Paulo Freire no RN é objeto de pesquisa do NUHMEJA

RESGATE

Núcleo de História da Educação reconstrói

memória do ensino de jovens e adultos Wallacy Medeiros

Por Luciano Galvão

E

m 1979, o cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga gravava a música “Súplica cearense”, na qual narra a história de um sertanejo sem estudos que pede desculpas a Deus por não saber rezar. Na canção, o personagem credita o clima inóspito da região em que vive à falta de conhecimento do “pobre que nem sabe fazer oração”. Dezesseis anos antes, em 1963, o também pernambucano Paulo Freire dirigia, em Angicos, município da região Central do Rio Grande do Norte, distante 190 quilômetros de Natal, uma experiência pioneira de alfabetização que tentava transformar realidades como aquela retratada na música. A ação do educador completou 50 anos em 2013 e foi lembrada em evento comemorativo realizado no dia 2 de abril, em Angicos. Entre as instituições participantes da celebração esteve o Núcleo de Referência da História e Memória da Educação de Jovens e Adultos do Rio Grande do Norte (NUHMEJA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Marisa Narcizo Sampaio, coordenadora do NUHMEJA, explica que a experiência de 1963 foi a primeira vez em que Paulo Freire pôs em prática, de maneira efetiva, seu método de alfabetização de jovens e adultos. “Foi um marco para além do Rio Grande do Norte. Angicos era apenas o cenário do projeto, mas a ação foi representativa tanto no contexto local, quanto no Brasil e no mundo”, diz a professora. Na ocasião, que ficou conhecida por 40 Horas de Angicos, o educador propunha, em quarenta aulas, ensinar 300 habitantes da pequena cidade a ler e a escrever, além de conscientizá-los sobre o papel do trabalhador na sociedade – em momentos das aulas a que chamou de “politização”. À época, o estado tinha 70% de analfabetos, sendo que um terço dos 30% restantes sabiam somente assinar seus nomes, segundo dados do então Serviço Cooperativo de Educação do Rio Grande do Norte (SECERN). Para Marisa, que é também professora do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo (DPEC) da UFRN, o método pensado por Freire era inovador por valorizar a cultura dos estudantes e por colocar professor e aluno em um mesmo nível no processo de ensino. “Não se pensa mais educação naquele modelo em que o professor é

Rosa Pinheiro, Francisco Alves e Marisa Sampaio: NUHMEJA resgata memória da educação o centro de tudo. Se estabelece uma relação equitativa”, afirma. Rosa Aparecida Pinheiro, vice-coordenadora do Núcleo, diz que, nessa perspectiva, a intenção é que o aluno possa refletir sobre a realidade em que vive e seja alfabetizado de acordo com o contexto onde está situado. “O que se quer é formar um sujeito capaz de ler o mundo. Parte-se do princípio de que os alunos têm sempre um saber e então se faz um diálogo entre esses saberes”, esclarece. Nos registros das aulas da experiência de Paulo Freire em Angicos, um apontamento corrobora o ponto de vista defendido pela professora e chama a atenção pela lucidez da afirmação de um dos alunos. “Na parte de politização, saiu uma frase assim: ‘a gente constrói a estrada mas só come poeira’”. Também professora do DPEC, Rosa destaca a importância da experiência de Angicos como ponto de partida de uma nova maneira de pensar a educação, já que, segundo a pesquisadora, os “princípios freireanos” não se limitariam à alfabetização de adultos, mas se estendem hoje à educação básica e mesmo à formação universitária. Resgate Criado em 2010, o Núcleo coordenado pelas professoras tem como objetivo reconstruir a memória da educação de jovens e adultos no Rio Grande do Norte. Para isso, os pesquisadores envolvidos no projeto buscam, registram e organizam dados relativos à educação popular no estado, além de disponibilizar as informações levantadas para o público interessado e de fomentar o desenvolvimento de trabalhos dentro do próprio grupo. Os recursos para a criação do NUHMEJA vieram de chamadas públicas da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

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Diversidade e Inclusão (SECADI), do Ministério da Educação (MEC). Marisa Sampaio afirma que os editais surgiram da percepção dos pesquisadores de que os registros sobre a memória da educação popular encontravam-se dispersos. “O trabalho passou a ser, então, regionalizado. A ideia é recuperar as informações e concentrar os documentos obtidos”, explica. Segundo Rosa Pinheiro, núcleos de história e memória foram estruturados em vários estados, em um contexto nacional de incentivo à preservação da memória. Como exemplos de iniciativas surgidas nessa conjuntura, a professora cita a criação de bibliotecas e museus em todo o País, além da instalação da Comissão Nacional da Verdade, grupo vinculado à Casa Civil da Presidência da República destinado a investigar e esclarecer violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro durante o Regime Militar. Desde o início, o trabalho do NUHMEJA tem utilizado como roteiro as comemorações de aniversário de experiências educacionais históricas, como as 40 Horas de Angicos, e as ocasiões e homenagens que as datas ensejam. Em 2011, por exemplo, aconteceram solenidades pelo cinquentenário da campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, projeto da Prefeitura de Natal que, no início dos anos 1960, instalou bibliotecas populares, praças de cultura e museus de arte popular em regiões periféricas do município, além de matricular 17 mil alunos – entre crianças e adultos – em escolas públicas da cidade improvisadas em espaços abertos, sem paredes e cobertos com palhas de coqueiro. Marisa Sampaio conta que os eventos em torno da data comemorativa possibilitaram o contato dos pesquisadores com pessoas que

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participaram da campanha, o que facilitou a coleta de depoimentos e o resgate de registros documentais. Como exemplo, a professora relata um caso em que, durante sessão solene na Câmara dos Vereadores de Natal em homenagem ao projeto, uma ex-aluna que assitia ao evento pela televisão foi até o local, discursou, identificou-se em fotos expostas em painéis e ofereceu seu depoimento para os colaboradores do NUHMEJA. Francisco Alves, pesquisador do Núcleo, frisa que há um trabalho de produção cuidadoso no registro dos relatos e na normalização dos trabalhos elaborados. “Temos várias entrevistas gravadas em vídeo, além de fotografias, livros e monografias, tanto levantadas pela pesquisa quanto produzidas por nós”, afirma. Outras instituições participam conjuntamente do grupo, como a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA). Esta última, com campus em Angicos, colaborou para a participação ativa do NUHMEJA nas comemorações pelo cinquentenário do projeto de Paulo Freire na cidade. Pacto Durante as comemorações dos 50 anos da experiência de Angicos, a UFRN assinou, juntamente com outros dez órgãos públicos, o Pacto Paulo Freire pela Educação de Jovens e Adultos. O documento tem como objetivo reiterar o comprometimento das instituições na promoção de políticas públicas para a educação. As pesquisadoras à frente do NUHMEJA avaliam positivamente a assinatura do pacto e consideram relevante o fato de a ocasião não ter se limitado à memória do acontecimento histórico, mas também de ter tentado olhar para o futuro e reconhecer que ainda há assuntos a serem resolvidos na educação de jovens e adultos. “Há 50 anos, o Brasil estava questionando sua posição no mundo e via que ainda possuía muitos não-alfabetizados. Era preciso correr contra o tempo e por isso projetos como 40 Horas de Angicos faziam sentido naquele momento”, diz Marisa Sampaio. Rosa Pinheiro complementa o ponto de vista da coordenadora: “hoje é preciso pensar a alfabetização no contexto de continuidade escolar”, pondera. “Temos um corpo formado de educadores, secretarias e comissões, então não se pode mais limitar a projetos. Eles devem ficar apenas como referência emblemática”, opina a professora.


Anastácia Vaz

NOTAS Expansão A UFRN está trabalhando no Plano de Expansão da Instituição no estado. Em reunião no dia 8 de abril, a reitora Ângela Paiva discutiu com a UFERSA, a UERN e o IFRN o crescimento do ensino superior no Rio Grande do Norte, que, segundo ela, “deve ocorrer de forma integrada, para que as demandas sejam supridas sem que haja uma sobreposição entre elas”. Expansão II Enildo Santos, assessor da Reitoria para o Projeto de Expansão, explicou que os estudos vêm sendo feitos desde janeiro de 2012 e que “um conjunto de proposições está sendo maturado junto às outras instituições públicas de ensino superior”. Memória A Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP) da UFRN lançou neste mês o Projeto Somos UFRN, que vai expor histórias profissionais vividas na Instituição através de fotografias e textos. Os professores Willington Germano, Selma Jerônimo e Alex Galenno e os técnicoadministrativos Narcisa Medeiros e Alva Costa estão entre os homenageados da primeira exposição. Aula Magna O Secretário de Desenvolvimento e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Álvaro Toubes Prata, ministrou a Aula Magna alusiva à abertura oficial do semestre letivo 2013.1, intitulada “Universidade: Inovação e Empreendedorismo”. O evento aconteceu no dia 11 e lotou o Auditório da Reitoria. Convite A Organização das Américas para a Excelência Educativa (ODAEE) convidou a UFRN para tomar parte no órgão como Afiliado Preferencial. Criada em 2008, a ODAEE engloba a Rede de Relações Interinstitucionais na Ibero-América, que atualmente conta com mais de 400 instituições afiliadas. Prêmio Entre os objetivos da ODAEE está o fomento ativo e consequente das relações de amizade e cooperação mútua entre os setores educativos da Ibero-América. Para 2013 está prevista a realização do no VII Prêmio Sapientia e a Excelência Educativa, que neste ano contará com duas edições, uma na cidade de Lima – Peru, no mês de junho, e a segunda edição na cidade de Barranquilla – Colômbia, no mês de novembro.

Professora Débora Aloise e aluna Vanessa Lucena: a pesquisa trará dados relevantes para orientar o planejamento de políticas públicas

SAÚDE

Estudo da FACISA faz levantamento dos

casos de toxoplasmose em Santa Cruz Cedida

Por Luciano Galvão

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ontribuir para a definição de políticas públicas em saúde para o município de Santa Cruz. Esse é um dos objetivos da pesquisa conduzida pela professora Débora Aloise, da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O propósito do estudo é avaliar a ocorrência de casos de toxoplasmose na cidade de 36 mil habitantes, localizada na região agreste potiguar. A doença é provocada por um parasita – encontrado em fezes de animais, sobretudo de gatos e outros felinos – sendo adquirida pela ingestão de alimentos que contenham cistos do agente causador. Além de levantar os números relacionados à doença, a pesquisa procura identificar os fatores que provocam maior propensão em seres humanos à infecção pelo Toxoplasma gondii, parasita causador do mal. Executado com o auxílio de alunos do curso de Enfermagem da FACISA e de agentes de saúde do município, o trabalho consiste na coleta e na análise de amostras de sangue dos habitantes da região. Para obter o material, os pesquisadores realizam visitas a residências em todos os bairros da cidade, ocasião em que fazem a apresentação do projeto aos moradores e, após a aceitação, realizam a coleta de sangue dos voluntários. Segundo Débora Aloise, a relevância do projeto se dá por não haver, atualmente, registros a respeito dos casos de toxoplasmose na cidade de Santa Cruz. A profes-

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Pesquisadores coletam amostras de sangue dos moradores da cidade sora comemora o fato de os moradores colaborarem com a pesquisa. “Até o momento, todos têm aderido à nossa proposta. A presença dos agentes de saúde contribui bastante para ganharmos a confiança das pessoas”, afirma. Além da coleta de sangue, os participantes do estudo respondem a um questionário por meio do qual são levantados dados socioeconômicos dos voluntários e informações sobre seus hábitos e condições de saúde. Chamada de questionário epidemiológico, a série de perguntas visa a relacionar os resultados aferidos no estudo com os possíveis fatores causadores da doença. A análise das amostras de sangue é feita por meio do teste ELISA, sigla inglesa para “método de ensaio imunossorvente ligado por enzimas”. O processo detecta, no plasma sanguíneo do paciente, a presença de anticorpos específicos para o agente causador da infecção, o que permite concluir que houve contato do indivíduo examinado com o microorganismo. O estudo pretende coletar 600 amostras em todos os bairros de Santa Cruz. Os re-

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sultados preliminares apontam a existência de anticorpos para a toxoplasmose em 75 dos 115 exemplares analisados, todos de habitantes do centro da cidade. Vanessa Lucena, aluna do 6º período de Enfermagem da FACISA e colaboradora do projeto, explica que, na maior parte dos casos, os pacientes sequer percebem que possuíram a doença, pois a toxoplasmose costuma ser assintomática ou produz sintomas parecidos com os de uma gripe. “O anticorpo encontrado nos testes é o da fase crônica da doença, que indica contato antigo e que não apresenta sintomas”, diz a estudante. Débora Aloise, no entanto, alerta sobre a possibilidade de a toxoplasmose causar dificuldades de enxergar, o que pode evoluir para cegueira provocada por lesões na retina. Segundo a pesquisadora, os sintomas mais graves podem ocorrer inclusive em pessoas que não apresentem deficiência em seu sistema imunológico. Também são objeto de análise do estudo os elementos que possam colaboram para o risco de danos à visão. “Iremos investigar quais são os fatores genéticos e imunológicos que podem contribuir para o quadro de lesão ocular”, afirma a professora. No momento, o projeto encontra-se em fase de apreciação ética, análise à qual é submetida toda pesquisa científica que envolva seres humanos. Também foi firmada parceria com uma clínica particular de Santa Cruz para a realização de análises oftalmológicas. “Nossa pesquisa trará dados significativos para os gestores da saúde do município, e as informações obtidas poderão ser utilizadas para o planejamento de programas de prevenção e proteção de pacientes de risco”, afirma Débora Aloise.


RECONHECIMENTO

Licenciatura em Teatro recebe conceito 4 em avaliação do Ministério da Educação Fotos: Anastácia Vaz

Por Luciano Galvão

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esde 2009, Stephane Vasconcelos é aluna da Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi em uma experiência no Ensino Médio que a estudante do 9º período tomou gosto pelas artes cênicas. “Eu participava de um grupo de teatro na escola e aquilo despertou em mim uma paixão. Desde aquela época eu tinha certeza de que não queria outra coisa”, conta. Em março deste ano, o curso de Stephane recebeu conceito 4 em avaliação realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educação (MEC). Variando entre 1 e 5, as notas atribuídas pelo órgão às carreiras de nível superior levam em conta a qualificação e a produtividade acadêmica dos professores, a qualidade das instalações físicas e a organização curricular do curso. A Licenciatura em Teatro recebeu 4.8 no quesito “Corpo Docente e Tutorial”, 4.4 em “Infraestrutura” e 4.1 em “Organização Didático-Pedagógica”. Robson Haderchpek, coordenador do curso, credita o êxito na avaliação ao empenho com que os docentes realizam seu trabalho. “Temos apenas sete professores, mas todos se dedicam muito. Desenvolvemos atividades na graduação, na pós-graduação e em projetos de pesquisa, iniciação científica e extensão”, afirma.

Para Robson Haderchpek (detalhe), a infraestrutura do curso impressionou os avaliadores Para os cursos de Teatro, o exame possui uma peculiaridade no que diz respeito à contabilização de publicações acadêmicas: além de artigos, livros e teses, são consideradas também as produções artísticas realizadas pelos docentes. “Todos os nossos professores têm muitas produções, e isso contribui bastante”, diz Robson. A infraestrutura do curso também impressionou os avaliadores. Os espaços de convivência e laboratórios abrigados pelo novo prédio do Departamento de Artes (DEART), inaugurado no final de 2011, receberam elogios da comissão do INEP, assim como as salas de aula e a bibliografia a disposição dos alunos. Além disso, encontra-se em fase final de obras o teatro multiuso do DEART, espaço amplo que permitirá a adaptação

para diferentes tipos de espetáculo. O local contará com assentos que poderão ser dispostos de diferentes formas em relação ao palco. Segundo o coordenador, outro elemento que colaborou para a avaliação positiva no exame foi a estrutura curricular do curso: a grade propõe ao aluno a formação pedagógica e o estudo dos fundamentos do teatro nos primeiros níveis da graduação e oferece, nos períodos finais, a possibilidade de os estudantes escolherem entre disciplinas específicas, agrupadas em blocos de ênfase. Dramaturgia, estética e história do teatro; cenografia e tecnologias cênicas; atuação e encenação são os blocos nos quais estão organizados os componentes curriculares. Robson Haderchpek ressalta, ainda, a colaboração da Pró-Reitoria de Plane-

Estudantes aprendem todas as vertentes do Teatro: dramarturgia, encenação, cenografia e atuação

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jamento (PROPLAN), que orientou a coordenação a respeito dos documentos exigidos pelo INEP e manteve contato constante com o órgão. Estudantes e professores também são ouvidos pelo grupo de examinadores, além da Comissão Permanente de Avaliação da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), órgão interno responsável por acompanhar e dar respaldo ao planejamento dos cursos da Universidade. O conceito positivo é compatível com a ideia que os alunos da Licenciatura em Teatro têm sobre a graduação. “É claro que nosso curso possui algumas deficiências, mas, no geral, é muito bom”, diz Stephane Vasconcelos, discente do 9º período. Entre as virtudes do curso, a estudante aponta a existência de vários projetos em que os alunos podem se envolver. “Eu passo o dia na UFRN, só fazendo coisas relacionadas a Teatro. Aqui a gente aprende todas as vertentes”, conta. A exemplo de Stephane, Thácito Régis, estudante do 7º período, diz ter despertado seu interesse pelas artes cênicas após uma experiência no Ensino Médio, quando teve a oportunidade de participar de oficinas de teatro na escola. Thácito conta que, antes da graduação, o Teatro para ele era apenas o ator. Hoje, afirma, percebe que há outros elementos indispensáveis, como encenação e dramaturgia. O aluno ressalta, também, a relevância de se formarem educadores para atuar no ensino básico: “como é uma licenciatura, o curso prepara do ponto de vista pedagógico, e isso também é muito importante”.


ALIMENTOS

Restaurante Universitário prom Fotos: Wallacy Medeiros

Por Kalianny Bezerra

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uzentas e oitenta refeições. É essa a média de desperdício todos os dias pelos usuários do Restaurante da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) somente no almoço, o que equivale a 11,5% do total servido. Nas três refeições do dia, o número é de aproximadamente 4.600 pratos fornecidos. O problema do desperdício não se limita à UFRN. No Brasil, segundo dados do Centro de Agroindústria de Alimentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), 26,3 milhões de toneladas de alimento acabam no lixo todos os anos. Com essa quantidade, seria possível alimentar mais de 10 milhões de pessoas. Diante dessa situação, o Restaurante Universitário (RU) desenvolve uma série de ações para evitar e conter o mal aproveitamento de alimentos na unidade. A primeira das iniciativas aconteceu em março deste ano, com a 1ª Semana de Conscientização contra o Desperdício, quando foram realizadas atividades com o objetivo de orientar os usuários do restaurante. Na ocasião, foram expostos banners com desenhos de pratos cheios, avisos nas mesas, exibição de vídeos e, em um dos dias, 280 pratos foram empilhados, chamando a atenção para o número de pessoas que poderiam se alimentar com a

Paulo Campos, da PROAE, ressalta a importância de convencer os alunos: “eles são multiplicadores, e passam adiante o que aprendem na Universidade” comida desperdiçada. De acordo com a diretora do Restaurante Universitário, Kátia Maria Bezerra, o problema maior está na falta de conscientização das pessoas. “Os usuários por diversas vezes não colocam em seus pratos a quantidade certa que vão consumir”, diz. Além da Semana de Conscientização, Kátia Bezerra destaca que outras medidas estão sendo tomadas. “Monitoramos e realizamos diagnósticos do volume de alimentos desperdiçados, mas também buscamos a capacitação dos funcionários

para a redução do desperdício nas etapas de armazenamento, pré-preparo e distribuição”, explica. Outra ação desenvolvida é uma pesquisa de aceitação dos cardápios junto aos clientes, que contribui para identificar e corrigir possíveis falhas ou insatisfações que colaborem para as sobras nos pratos. “Avaliamos temperos, variedade, apresentação e sabor”, pontua a diretora do Restaurante. Quanto ao que resta das refeições, Kátia Maria explica para onde vai: “Os restos são coletados diariamente pela

Escola Agrícola de Jundiaí e destinados à produção de ração para animais”. Anualmente, o valor reservado à compra de alimentos para o Restaurante Universitário é de R$ 5 milhões. A unidade responsável pelo local é a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAE), que tem como objetivo planejar, coordenar, supervisionar e executar atividades de promoção e assistência ao estudante. Segundo o pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis, Paulo Roberto Paiva Campos, o RU atende a cerca de 70% dos alunos economicamente carentes da Instituição. “É por isso que é importante evitar os gastos com a alimentação. Precisamos conscientizar o usuário a colocar no prato apenas aquilo que vai comer”, declara. Paulo Campos aponta que é necessária uma ação conjunta entre a PROAE, a equipe do RU e os órgãos representativos dos estudantes. “Precisamos de uma política de convencimento. É preciso, sim, que a Universidade eduque seus discentes porque eles são multiplicadores. O que aprendem aqui dentro, passam adiante, e não podemos perder a oportunidade de conscientizá-los para um mundo mais sustentável”, fala o pró-reitor adjunto. Copos Plásticos Ainda dentro da política de sustentabilidade da UFRN, o Restaurante Universitário iniciou, também em março, outra ação de combate ao desperdício. Dessa vez, o alvo da campanha foram os copos plásticos.

“Precisamos ser mais conscientes em relação ao que fazer com os resíduos na cozinha e repensar a nossa forma de fazer compras “

Priscila Rolim Professora do Departamento de Nutrição da UFRN

Somente no almoço do RU são desperdiçadas 280 refeições todos os dias. O número equivale a 11,5% dos pratos servidos

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move ações contra o desperdício Desde o último mês, os recipientes descartáveis deixaram de ser disponibilizados pela diretoria do local, que incentivou, através das mídias sociais, os usuários a levarem seus próprios copos. Paulo Campos afirma que o dinheiro gasto com copos plásticos durante o ano era suficiente para comprar um carro de R$ 40 mil. “Cinco mil copos eram distribuídos no restaurante só no almoço, sendo que apenas três mil eram realmente utilizados. O resto era rejeitado sem uso”, diz o próreitor. “Muitas vezes, quando as pessoas vão pegar um copo, vem mais de um junto e acaba que os usuários deixam por isso mesmo”, acrescenta. Kátia Bezerra orienta aos frequentadores que levem seus copos ou canecas. “Copos de alumínio, por exemplo, facilitam na hora de fazer a higienização. É importante ressaltar que essa ideia de sustentabilidade seja empregada também fora do RU”, afirma. Sustentabilidade e estratégias “A questão do desperdício está bem evidenciada, principalmente quando associamos o conceito de tal palavra à sustentabilidade”. É o que explica a professora do Departamento de Nutrição da UFRN, Priscilla Moura Rolim. Segundo ela, antigamente, o desperdício de alimentos era uma questão ligada somente à fome. Atualmente, no entanto, a ideia de sustentabilidade está também ligada a questões econômicas, ambientais e sociais.

Dentro da questão econômica está inserida a capacidade de produção, distribuição e utilização daquilo que é produzido. A questão ambiental diz respeito ao uso racional da energia. Já a questão social refere-se tanto à fome, quanto à empregabilidade. “É necessário garantir emprego para as pessoas, e a alimentação coletiva gera essa demanda”, diz Priscilla. Uma das formas como a UFRN trabalha a questão da sustentabilidade é o gerenciamento de resíduos do Restaurante Universitário. “O Departamento de Nutrição e o RU têm várias parcerias para fazer análises sobre como evitar o desperdício”, aponta a pesquisadora. A consequência de uma dessas parcerias está s e

materializando num Trabalho de Conclusão de Curso. Orientada pela professora Priscilla Rolim, a estudante Séphora Louyse Silva de Aquino realiza, desde o ano passado, treinamentos com a equipe do Restaurante da UFRN, com vistas a aproveitar melhor os alimentos e evitar o desperdício. O TCC é intitulado “Produção de refeições e sustentabilidade: avaliação da geração de

resíduos em um restaurante universitário”. A professora ainda destaca algumas dicas de como evitar que alimentos sejam jogados no lixo. “As compras sem planejamento eficiente, o armazenamento inadequado e o preparo desorganizado e em excesso devem sempre ser evitados. Precisamos ser mais conscientes em relação ao que fazer com os resíduos na cozinha e repensar a nossa forma de fazer compras”, ressalta.

O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam alimento no mundo

39 mil toneladas US$ 16 bilhões:

de alimentos são desperdiçadas diariamente em restaurantes, mercados, feiras, entre outros estabelecimentos

soma que o País perde de tudo o que se produz por ano em alimentos, segundo a ONU

26,3 milhões 65%

de toneladas de do lixo domiciliar, alimento são no Brasil, jogados no lixo é comida por ano

Fontes: ONU e Instituto Akatu

Kátia Bezerra aponta que problema está na falta de conscientização das pessoas

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COMPROMISSO

Divisão de Segurança Patrimonial investe em

tecnologia e lança campanha no Campus Central

“S

egurança, compromisso de todos!”. Esse é o tema da campanha que a Divisão de Segurança Patrimonial (DSP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) lançou no mês de março deste ano. O trabalho é composto pela distribuição de material informativo à comunidade acadêmica, veiculação de chamadas na TV Universitária e na rádio Universitária FM, além de investimentos em tecnologia de segurança e capacitação de pessoal. Para Rubens Matias de Sousa, coordenador administrativo da Central de Vigilância Eletrônica (CVE), “a DSP tem a função de salvaguardar o patrimônio, manter a ordem acadêmica e a segurança das pessoas”. Com a chegada dos novos alunos na Universidade, o departamento entregará panfletos com dicas sobre como evitar riscos e sobre cuidados com o patrimônio público. Serão distribuídos ainda marcadores de página e adesivos com os contatos da Divisão. Também está sendo realizado investimento no monitoramento eletrônico e na compra de carros para aumentar a frequência das rondas. A DSP ainda planeja promover seminários, palestras e audiências públicas, além da capacitação de seus funcionários. Hoje a UFRN conta com 139 servidores do quadro permanente e 182 funcionários terceirizados trabalhando na segurança da Instituição. Os profissionais são distribuídos em quatro equipes de plantões, com 15 homens por dia fazendo a ronda motorizada em turnos de 12 horas. A Divisão trabalha em três vertentes: o sistema eletrônico de monitoramento por meio de câmeras, o humano, com vigilan-

tes e seguranças e o mecânico, com portões e cancelas. O monitoramento eletrônico busca agilizar as ações DSP. “Nós acompanhamos pelos monitores todos os movimentos que nossas câmeras podem filmar. No caso de alguma ocorrência, acionamos os seguranças que estão na ronda ou os vigilantes”, explica Rubens Matias de Sousa. Atualmente, o setor de monitoramento funciona 24 horas, com um total de 25 operadores em um turno diurno com quatro pessoas e outro noturno, com seis. A segurança do Campus é feita em dois níveis: o primeiro cobre a área externa do Campus e possui 43 câmeras móveis e fixas, já o segundo nível cobre a área interna, ou seja, os departamentos, o Restaurante Universitário, a Biblioteca Central Zila Mamede, o Centro de Convivência entre outros setores. Para melhorar a visualização por meio desses equipamentos, está sendo feito um trabalho de poda das árvores e melhoria da iluminação. “Como o sistema de segurança eletrônica foi instalado em 2007, a estrutura física da UFRN mudou e precisamos readequá-la, mudando a localização de algumas câmeras fixas”, explica Olavo. Já para agilizar e modernizar o serviço, a Central de Monitoramento Eletrônico do Campus Central está sendo modificada. “Com a conclusão dessa reforma, teremos mais monitores e operadores trabalhando. Isso vai auxiliar as ações humanas de vigilância”, destaca Rubens. Além disso, “as cancelas serão substituídas por portões porque elas quebram muito e não são tão eficazes”, afirma Olavo Bilac dos Santos, coordenador técnico da Central de Vigilância Eletrônica (CVE). “Nosso trabalho não é de invadir a privacidade das pessoas, até porque

Portões n Os portões do Campus Central são abertos às 5h e fechados às 23h. n Aos sábados, a entrada do Restaurante Universitário (RU) é fechada às 14h, permanecendo aberta a entrada do Núcleo de Educação da Infância (NEI).

filmamos áreas públicas do Campus. O monitoramento serve para garantir a segurança”, enfatiza Olavo Bilac. As imagens são guardadas durante 20 dias e podem ser liberadas caso seja necessário. Comissão Como medida para melhorar o trabalho da Divisão, foi criada a Comissão para Avaliação e Redimensionamento da Segurança na UFRN. O grupo, composto por sete membros, elaborou um relatório com informações levantadas junto à Pró-Reitoria de Administração (PROAD), a DSP e a Ouvidoria. De acordo com o documento, entre as demandas que necessitam aprofundamento estão o cercamento do campus; o controle do fluxo de veículos; a discussão a respeito da participação da vigilância terceirizada, bem como a definição de suas atribuições e a fiscalização do serviço desempenhado; a avaliação da implantação de segurança armada; o apoio operacional aos campi do interior e o estabelecimento de parcerias com outros órgãos públicos. Ainda de acordo com o relatório, os

segurança com a assessoria técnica de um especialista, para não ficarmos no mundo das opiniões “

José Daniel Melo Presidente da Comissão de Segurança da UFRN

seguir uma rotina; nunca aceite ou dê carona a estranhos; evite estacionar em locais de pouca visibilidade e denuncie à DSP qualquer ocorrência.

uma guia de autorização; no caso de arrombamento, chame a segurança e não entre no local;

Lanchonetes e restaurantes Não deixe bolsas penduradas nas cadeiras; não deixe objetos sobre as mesas.

Seu carro Não deixe documentos no veículo; certifique-se de que as portas e janelas estão fechadas; não deixe objetos em locais visíveis; em caso de arrombamento ou furto, comunique à DSP imediatamente.

Patrimônio Mantenha as cortinas e janelas das salas fechadas após o expediente; para transportar objeto público, deve-se portar

Para fazer qualquer denúncia, o telefone da DSP é 0800 84 20 50.

Dicas de segurança No Campus Procure andar em grupo, principalmente à noite; evite

principais desafios apresentados pela DSP são o planejamento de ações contra o consumo de drogas no Campus, a necessidade de resolução de questões relativas ao trânsito e a qualificação permanente dos profissionais. Das ocorrências registradas pela Divisão nos últimos anos, destacam-se as colisões de veículos e os furtos a prédios e automóveis. Já na Ouvidoria, nos últimos cinco anos foram registradas 61 manifestações por escrito relacionadas à segurança. Dessas, a maioria se deu por furto de carros ou de objetos no interior de veículos, seguidas por reclamações sobre o uso de drogas nos setores de aulas e sobre os procedimentos de abordagem dos vigilantes. Verificou-se, no entanto, que o número de relatos desse tipo sofreu redução significativa nos últimos três anos e, atualmente, o tipo de ocorrência mais comum são assaltos praticados nas paradas de ônibus. O presidente da Comissão, José Daniel Diniz Melo, avalia que “é preciso renovar o plano de segurança, mas com uma assessoria técnica de um especialista para não ficarmos no mundo das opiniões”. “É preciso renovar o plano de

Cícero Oliveira

Por Williane Silva

Jornal da UFRN

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SERVIDORAS

Projeto Saúde da Mulher quer provar

que prevenção é o melhor remédio Anastácia Vaz

Por Marcos Neves Jr.

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uito presente na sabedoria popular e indicada para evitar os mais diversos problemas do cotidiano, a velha máxima “prevenir é melhor do que remediar” está na ponta da língua do povo em todo o País. No entanto, justamente quando o assunto é saúde, especialmente falando dos cânceres de mama e do colo do útero, o Brasil ainda precisa avançar na prática desse ditado. Embora tenham bons prognósticos se descobertos no estágio inicial e tratados da maneira adequada, os dois tipos de tumor foram responsáveis pela morte de 17.691 mulheres brasileiras em 2010. O número, considerado alto pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), é atribuído pelo órgão à possibilidade de a detecção estar acontecendo em fases mais avançadas da doença, o que dificulta sua cura. Diante de tal cenário, nasceu em março deste ano, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o projeto Saúde da Mulher, vinculado ao Programa de Qualidade de Vida, da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP). Coordenado pelas enfermeiras Lúcia Freire e Luciana Eduardo, a equipe quer conscientizar a comunidade acadêmica, sobretudo o público feminino, no que diz respeito à prevenção do câncer do colo do útero e ao diagnóstico precoce de câncer de mama. “Vamos trabalhar a promoção à saúde. Infelizmente, muitos procuram ajuda médica somente quando não suportam mais. Queremos mostrar a importância da prevenção e criar essa cultura nas mulheres da Universidade”, explica Luciana Eduardo. O objetivo é ampliar a política de atenção e assistência integral na UFRN e, além de prevenir os tumores, promover o pré-natal e o tratamento de doenças sexualmente transmissíveis como o HPV e a AIDS. Lançado em uma data emblemática, 8 de março, dia internacional da mulher, o projeto comemorou seu primeiro mês realizando atividades em outra data de grande significado: o dia mundial de combate ao câncer, celebrado em 8 de abril. Com pôsteres, folhetos e muito diálogo, a equipe ensina o autoexame da mama e instrui sobre a importância do preventivo no diagnóstico precoce. De acordo com dados do INCA, o

Enfermeira Luciana Eduardo diz que muitas mulheres procuram ajuda médica somente quando não aguentam mais: “queremos mostrar a importância da prevenção” câncer de mama é o mais comum entre mulheres e tem sido anualmente responsável por 22% dos novos casos registrados. Já o do colo de útero, segundo mais comum na população feminina, é a quarta causa de morte pela doença no Brasil. No Rio Grande do Norte, a estimativa de 2012 indica 580 casos de câncer de mama e 230 de colo do útero. Desses, 210 do primeiro tipo e 80 do segundo foram na capital potiguar. Estatísticas apontam para uma melhora na antecedência do diagnóstico. Na década de 1990, 70% dos casos de câncer do colo do útero eram identificados na fase invasiva, quando já é difícil a reversão. Atualmente, 44% dos diagnósticos são de lesão precursora do tumor, mas para Aldair Paiva, oncologista e coordenador do Serviço de Onco-Hematologia do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), os números ainda revelam a falta de conhecimento da população sobre a doença e o baixo investimento do poder público em prevenção. “É totalmente possível evitar o cân-cer do colo do útero. Além dos meios mecânicos, como o uso de preservativo, existe a vacina contra o HPV, que ainda é cara, e a educação para a população de risco”, afirma o médico. “Prevenir salva a vida, evita os tratamentos invasivos e acaba saindo mais

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barato. Vale a pena aos governos investirem nessa solução”, opina Aldair. O especialista reforça a importância do teste de Papanicolau, exame que previne a doença e leva o nome do seu idealizador, o médico grego Georgios Papanicolau. Nesse contexto, além de ações em eventos, o Saúde da Mulher pretende se aproximar ainda mais do público feminino da UFRN, realizando as chamadas consultas coletivas. Com duração média de 20 minutos, um dos momentos mais importantes da reunião é a demonstração do autoexame da mama, na qual é utilizado um par de seios de pano que contém pequenos nódulos e podem ser identificados no aprendizado da técnica. A prevenção do HPV e do câncer do colo uterino também é bem enfatizada nos encontros. “Essas atividades já aconteciam de maneira esporádica, mas resolvemos sistematizar as ações para torná-las mais eficientes”, afirma Luciana Eduardo, explicando o surgimento do projeto, sediado na Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS). A enfermeira ainda ressalta que o DAS tem totais condições de prestar assistência por meio de atendimentos individuais agendados e dos exames periódicos. Números ambulatoriais de 2012 mostram que foram realizadas 422 con-

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sultas ginecológicas, 106 preventivos e 647 atendimentos de planejamento familiar. Outros procedimentos relacionados à saúde da mulher, como biópsia e eletrocauterização do colo do útero, colposcopia, inserção de DIU e curativos ginecológicos também são realizados pela equipe de profissionais do DAS, composta por médicos, nutricionistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Segundo Lúcia Freire, diretora do DAS e uma das coordenadoras do Saúde da Mulher, o projeto busca proporcionar às servidoras e seus familiares qualidade de vida e bem estar em sua plenitude, nos âmbitos físico, mental e social, conforme conceito da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ela ainda ressalta que, durante esse contato com as pacientes, já foi possível colher alguns bons frutos do trabalho. “Houve um caso de diagnóstico precoce obtido em nossos consultórios. A paciente foi encaminhada para o tratamento adequado e já se recuperou. Recebemos, inclusive, um contato do marido em gratidão”, relata Lúcia. Mas ela tem consciência de que o trabalho está apenas começando: “precisamos sensibilizar os gestores de unidades para levar esse conhecimento a um número cada maior de mulheres na comunidade acadêmica”.


SUSTENTABILIDADE

Horto da UFRN contribui para preservação ambiental

com produção de 20 mil mudas em 2013 Fotos: Anastácia Vaz

Por Juliana Holanda

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arantir a sustentabilidade ambiental é um dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), metas que foram consideradas como prioridade pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive o Brasil, para o século XXI. Para contribuir com o desenvolvimento sustentável e com a preservação ambiental, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) possui, dentro de seu Campus Central, um horto que irá produzir este ano mais de 20 mil mudas de árvores. O espaço existe há vinte anos e é destinado a atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de ser responsável pela produção de espécies ornamentais e florestais que são utilizadas para ambientação, arborização e recuperação de áreas degradadas. Segundo o biólogo coordenador do Programa de Arborização – ProÁRVORE, Bruno Rafael Morais de Macedo, o cultivo florestal começou há quatro anos. “Antigamente, só havia lavoura de mudas para jardim. Agora, além das espécies de ornamentação, produzimos árvores nativas do Rio Grande do Norte”, afirma. Cultivar plantas da região garante a preservação de tipos oriundos da caatinga e da mata atlântica potiguar. “Natal está dentro dos dois biomas. Assim, podemos produzir árvores características das duas áreas”, comenta o biólogo.

Estudante Adler Santana é colaborador do projeto. Trabalho contribui com desenvolvimento sustentável e recuperação de locais degradados O plantio de mudas regionais segue uma tendência mundial de preservação ambiental que busca garantir a biodiversidade. Macedo explica que essa produção é necessária para o bom desenvolvimento de todas as cidades. “O plantio de espécies locais tem que estar presente em espaços urbanos. O cultivo dessas plantas é algo indispensável para a existência de comunidades sadias”, enfatiza. A coleta de sementes em áreas florestais é a primeira etapa do processo de arborização e de recuperação de locais degradados. Em seguida, as mudas são germinadas e cultivadas no horto e depois plantadas no campus da UFRN, podendo também ser doadas a entidades públicas. Hoje, o horto possui mais de 40 tipos

de árvores, que serão usadas para replantio. “O trabalho é intenso. Dependendo da espécie, uma muda pode demorar até seis anos para ter condições de ser aproveitada”, diz o coordenador do ProÁRVORE. O jardineiro José Helenilson Azevedo da Silva, que trabalha no horto há um ano e meio, conta que as plantas usadas para arborização são as que compõem a maioria das produzidas no local. “Elas são liberadas quando atingem uma altura entre 1,5 e 1,8 metros. Já as que serão utilizadas para recuperação de áreas degradadas, são replantadas quando estão entre 60 centímetros e 1 metro de altura”, explica. Até o final de 2013, o horto da UFRN deve se transformar em espaço autossustentável. Atualmente, o espaço faz recicla-

Segundo Bruno Macedo, cultivo de árvores nativas contribui para preservação ambiental

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gem de garrafas plásticas e fabrica adubo a partir das folhas das árvores. “Estamos esperando equipamentos que vão permitir uma fabricação maior de fertilizantes naturais, assim vamos investir em autossustentabilidade”, avalia Macedo. Ensino, pesquisa e extensão A professora dos cursos de Ecologia e Engenharia Florestal da UFRN Gislene Maria da Silva Ganade utiliza a estrutura do horto desde 2008 para atividades de ensino, que envolvem cerca de cem alunos por ano, e de pesquisa. Gislene considera que o espaço é “importantíssimo” para a Universidade, pois oferece infraestrutura para atividades de pesquisa que geram novas tecnologias para produção de plantas nativas. A docente coordena 20 estudantes que analisam a produção de mudas dessas espécies. “No momento, estamos trabalhando com maior foco nas árvores de caatinga para utilização em experimentos de restauração de caatinga degradada”, afirma. O estudante do segundo período do curso de Ecologia Adler Santana de Medeiros participa do projeto e explica que alguns experimentos são feitos nesse bioma, embora a região tenha uma alta mortalidade de mudas. Para Adler, a existência do horto é o que viabiliza a pesquisa. “Os custos seriam muito altos se a equipe tivesse que viajar todos os finais de semana. Aqui na UFRN a gente consegue acompanhar as plantas todo dia e aguá-las para garantir seu desenvolvimento”, analisa.


INOVAÇÃO

Ferramenta desenvolvida pelo LAIS revoluciona

gerenciamento de imagens na medicina Reprodução / Imagem Open-PACS

Por juliana holanda

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pen-PACS. Esse é o nome do sistema que mudou a forma de utilizar imagens no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), beneficiando médicos, gestores e pacientes. A ferramenta começou a ser desenvolvida em 2011 por pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) do HUOL e há cinco meses está sendo utilizada por profissionais do Hospital. O equipamento foi idealizado para coletar e armazenar exames de forma livre, para que o HUOL não mais dependa de aparelhos produzidos por grandes fabricantes que atuam no mercado internacional na área de saúde, o que permite que os gestores possam adquirir produtos independentemente da marca. “Desenvolvemos o modelo ideal para o gestor público. O Open-PACS utiliza um protocolo universal de comunicação e isso permite que ele se adapte a qualquer mudança ou sistema”, explica o coordenador do projeto e do LAIS, Ricardo Valentim. De início, os pesquisadores criaram um programa que objetivava prioritariamente armazenar imagens. O equipamento ampliou em dezoito vezes a capacidade do Hospital de arquivar dados e, hoje, o Onofre Lopes possui mais de sete mil documentos salvos. Segundo Ricardo Valentim, a carência do setor prejudicava o funcionamento do HUOL. “Quando um aparelho estava cheio, o conteúdo precisava ser apagado e, às vezes, os pacientes deixavam de ser atendidos”, afirma. De acordo com o médico ultrassonografista Marcello Freire, que trabalha no Hospital há 17 anos, o arquivamento tem várias utilidades. Freire explica que as informações servem, principalmente, para comparar a situação do paciente. “A gente pode fazer um laudo checando exames anteriores e avaliar a evolução do quadro. O sistema foi uma coisa muito boa, que veio para somar com os esforços das equipes de saúde”, analisa. Um resultado secundário é a utilização dos arquivos para a residência médica. “Nossos residentes têm mais de sete mil exames à disposição, o que amplia o contato com diversas ocorrências e, consequentemente, gera maior crescimento

Anastácia Vaz

Médico Marcello Freire, do HUOL, diz que sistema permite ver evolução dos pacientes profissional”, avalia o ultrassonografista. Benefícios tecnológicos Passada a fase inicial, o produto evoluiu para uma ferramenta de comunicação, surgindo o nome Open-PACS, ou Open Picture Archiving and Communication System (Sistema Aberto de Arquivamento de Imagem e de Comunicação, na tradução literal). Hoje, a iniciativa permite que os médicos acessem os exames realizados no HUOL de qualquer lugar do mundo e a qualquer hora do dia, garantindo o sigilo médico. O ultrassonografista Mar-

cello Freire admite estar maravilhado com essa possibilidade. “É fantástico. Posso fazer um laudo de emergência estando em minha casa. Isso permite que o paciente seja atendido mais rapidamente. E, na Medicina, a agilidade pode salvar vidas”, afirma. Os benefícios do Open-PACS não param por aí. Como os arquivos são salvos e exibidos em alta definição, a qualidade das imagens foi ampliada, possibilitando um diagnóstico mais preciso. “O sistema facilita o processo de laudagem”, assegura Freire. Sendo os exames expostos em telas de

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computador ou de televisão, o equipamento gera uma economia significativa, já que não há necessidade de imprimir o material para análise médica. “O HUOL pode economizar R$ 30 mil por ano só com a revelação das imagens”, garante o coordenador do projeto, Ricardo Valentim. A pesquisadora do LAIS e aluna da graduação em Engenharia Biomédica da UFRN Leila Cavalcanti destaca o impacto ambiental do projeto: “os produtos químicos usados na revelação desses exames são muito danosos ao meio ambiente. O Open-PACS tem uma preocupação socioambiental, porque, no fim das contas, vai diminuir o uso de agentes poluentes”. Além dos aspectos ambientais, a visualização por meio eletrônico também aumenta a quantidade de informações que podem ser analisadas pelos médicos. “Quando se imprimem os exames, são escolhidas apenas algumas imagens e ângulos, mas, com o Open-PACS, se houver 100 imagens, o médico vai ter acesso a todas e com possibilidade de exibição em três dimensões”, explica o pesquisador do LAIS e estudante do curso de Engenharia da Computação da UFRN Marcel Ribeiro Dantas. Os pesquisadores ainda ressaltam que o sistema foi totalmente financiado pela UFRN através de bolsas de iniciação científica e do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Projetos dessa natureza envolvem milhões de reais e o Open-PACS foi feito com alguns mil reais. É um diferencial enorme para a UFRN”, destaca Ricardo Valentim. Próximos passos Este semestre, os centros cirúrgicos e as UTIs do HUOL ganham um monitor para que os exames sejam analisados em alta definição, sem necessidade de contato físico, o que atua diretamente na diminuição de risco de infecção hospitalar. “Qualquer iniciativa que reduza o risco de infecção é de extrema importância para os hospitais”, analisa o médico Marcello Freire. O Open-PACS está em pleno funcionamento e pode ser implantado em qualquer hospital universitário ou público do Brasil, mas continua sendo melhorado. O próximo objetivo da equipe é fazer a migração do sistema para dispositivos móveis. “Queremos que o Open-PACS tenha a melhor acessibilidade possível, por isso estamos ampliando as formas de acesso”, explica Ricardo Valentim.


EXTENSÃO

Circuito Cultural reúne criações artísticas produzidas dentro e fora da Universidade Por Kalianny Bezerra

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aya Dança Contemporânea, Grupo Parafolclórico, Sexteto Potiguar, Pau e Lata, Grupo de Dança da UFRN, Projeto Encantos da Vila, Grupo de Teatro Arkétipos, Grupo Musical Potibones. Todas são ações artísticas de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Com o objetivo de preservar e difundir as artes produzidas por esses projetos, além de promover a formação do público e abrir espaços para novas produções, o Núcleo de Arte e Cultura (NAC) da UFRN desenvolveu o Circuito Cultural Universitário (Une)Versos da Arte, projeto de extensão que busca o encontro entre as ações culturais produzidas dentro e fora da Instituição. Iniciado em 2012, com o nome Circuito Artístico Cultural Mestre Zé Correia, o projeto se materializou e desenvolveu suas ações em 21 escolas de Natal. Foram rea-lizadas oficinas e cursos de dança, teatro, música e pintura com os estudantes, apoiados pelas secretarias de Educação do estado e do município. A primeira instituição na qual o Circuito atuou foi a Escola Estadual Castro Alves, localizada no bairro de Lagoa Nova, onde o grupo Gaya apresentou danças contemporâneas para professores e alunos do colégio. No ano passado, já rebatizado como

(Une)Versos da Arte, o projeto foi aprovado no edital do Programa de Extensão Universitária do Ministério da Educação (PROEXT/MEC/SESU). A troca do nome justificou-se pela ampliação da proposta feita pelo NAC, que, segundo a coordenadora do Núcleo, Teodora de Araújo Alves, propõe levar as produções artísticas para os campi do interior, em prol da intensificação da cultura norte-riograndense. Foi, então, a ideia de “unir” os “versos” de cada lugar que inspirou a nova denominação. Entre as ações promovidas pelo Circuito, estão apresentações artísticas produzidas no Campus Central da UFRN e nas unidades acadêmicas do interior do estado, oficinas e cursos sobre temas culturais relacionados às demandas de cada cidade, assim como rodas de conversas entre artistas, estudantes, professores e população urbana e rural acerca dos processos criativos apresentados pelo artista local e pela academia. A primeira de várias ações de 2013 já aconteceu. Em abril, alunos da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (FACISA) e professores e estudantes da rede básica de ensino de Santa Cruz puderam acompanhar oficinas e espetáculos desenvolvidos por Projetos de Extensão da UFRN. “Queremos a preservação, a fruição, a divulgação e a inovação de bens culturais e artísticos, juntamente com parceiros sociais”, explica a coordenadora do NAC. Formado em 2008 por professores e alunos do curso de música, o Potibones, projeto de Extensão da Escola de Música Fotos: Rodrigo Sena

da UFRN, foi um dos grupos que se apresentou durante o Circuito Cultural Universitário (Une)Versos da Arte na FACISA, em Santa Cruz. Para o professor e coordenador do projeto, Gilvando Pereira da Silva, a oportunidade de se apresentar para estudantes, professores e outros artistas no interior do RN foi única. “Essa experiência com certeza vai dar mais visibilidade ao Potibones. É mais uma abertura que temos para divulgar nosso trabalho e compartilhar com o povo potiguar a música instrumental”, diz o professor. Para Gilvando, é importante essa troca de informação: “tomar conhecimento das coisas é essencial”. Teodora Alves destaca que, antes de o projeto ser desenvolvido nas escolas de Natal ou ir para alguma cidade do interior, é feita uma visita diagnóstica, a fim de entender a vida cultural do lugar. “Também são feitas reuniões com os coordenadores dos polos e, assim, definimos onde iremos trabalhar. Essas são reuniões de planejamento”, explica Teodora, acrescentado que a próxima unidade a receber o Circuito será o Centro Superior de Ensino do Seridó (CERES) de Caicó. Ação Social De acordo com o edital do PROEXT 2013, a que o Circuito (Une)Versos se submeteu, as sugestões do projeto devem seguir diretrizes específicas, tais como serem de natureza acadêmica e terem relação com a sociedade. No que diz respeito à academia, as propostas são avaliadas quanto à consideração do preceito de união entre ensino, pesquisa e extensão, à interdisciplinaridade e ao impacto na formação do estudante. Já no que tange as relações com o público de fora da Universidade, os projetos são examinados de acordo com seu impac-

Circuito promove apresentações, oficinas, cursos e rodas de conversa sobre processos criativos

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to social, sobretudo quanto à inclusão da comunidade, e com o nível de interação do conhecimento e experiência acumulados na academia com o saber popular. Por conta dessas características, o coordenador do grupo Potibones, Gilvando Pereira, destaca a iniciativa do Circuito. “Trabalhar com unidades de ensino mais carentes dentro de Natal é um diferencial, porque existe uma necessidade entre essas pessoas de ouvir música instrumental”, ressalta. “A partir do momento que se escuta a música, a comunidade se propõe a aprender mais sobre música instrumental”, afirma o professor. Cláudia Moreira, estudante de Artes Visuais, participou da produção do projeto à época em que ele ainda se chamava Mestre Zé Correia. “Fazemos a intermediação. Levamos a Universidade ao colégio e viceversa”, conta. A estudante também participou das atividades do (Une)Versos da Arte desenvolvidas em abril em Santa Cruz. Cláudia faz parte do Grupo de Aquarela e Pastel da UFRN (GUAPE) e, durante o Circuito, ministrou uma oficina de pintura para uma turma de 15 alunos. “Apresentei aos alunos técnicas básicas da aquarela, como misturar cores, e qual a noção que eles deviam ter a respeito dessa arte”, diz. Para a Cláudia, a união de vários projetos dentro do Circuito faz-se necessária para dar retorno à sociedade sobre os trabalhos desenvolvidos dentro da Instituição Federal. “A Universidade deve servir à comunidade, levando sempre o conhecimento”, defende.


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