DISTRIBUIÇÃO
GRATUITA
ano XV | nº 62 | junho de 2013 - distribuição gratuita
UFRN cria curso de
Medicina
no interior Nova graduação terá atividades nas cidades de Caicó, Currais Novos e Santa Cruz. Proposta pedagógica atende a demandas da região Páginas 6 e 7
Diretoria de Meio Ambiente conscientiza comunidade universitária Página 3
Escola Agrícola de Jundiaí capacita alunos e combate desemprego no campo Página 9
Administração Pública é tema de debate durante XVIII Seminário do CCSA Página 11
INOVAÇÃO
Laboratório vence competição em robótica educativa e exporta tecnologia para a África Fotos: Anastácia Vaz
Por Juliana Holanda
Á
frica. O continente será beneficiado por um projeto de robótica educati va desenvolvido por pesquisadores do Laboratório NatalNet da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A equipe foi uma das vencedoras de uma competição internacional para cons trução de robôs educacionais com custo aproximado de US$ 10 (dez dólares), que serão usados para popularizar a tecnologia em escolas do continente africano. Organizado pela Rede Africana de Robótica (AFRON, na sigla em inglês), o evento contou com a participação de im portantes instituições estrangeiras, como a Universidade de Harvard, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts e a Universi dade da Califórnia em Berkeley. O robô premiado foi construído pelo professor do Instituto Metrópole Digital da UFRN Rafael Vidal Aroca, como parte de seu doutorado. “É muito gratificante saber que nosso trabalho pode aumentar o interesse dos jovens africanos pela ciência e, quem sabe, até motivá-los a trabalhar na área”, afirma. Batizada de N-Bot, a estrutura hoje faz parte do acervo da AFRON e recentemente
Equipe do Laboratório NatalNet quer levar tecnologia aos países em desenvolvimento foi exibida em uma exposição no Museu de Tecnologia da Universidade da Califór nia em Berkeley, juntamente com outros vencedores da competição. O N-Bot é tão simples que pode ser construído por qualquer pessoa. “As crian ças não terão problema em montar o apa relho. Isso irá auxiliá-las em outras disci plinas escolares, que podem se tornar mais atraentes para os estudantes com o uso da robótica”, conta Rafael Aroca. O robô é comandado por sons. “Qualquer computador ou celular pode
controlar o N-Bot. O que importa é a frequência de som que chega ao circuito do robô. Em um simples apertar de tecla, e o aparelho se move”, explica o professor. Durante o doutorado em robótica educativa, Aroca fez uma pesquisa envol vendo mais de duzentos estudantes de seis universidades brasileiras. “90% dos entre vistados disseram que gastariam até R$ 50 para comprar seu próprio robô e 70% afir maram que as disciplinas escolares seriam mais interessantes se fossem estudadas no contexto de robótica”, relata.
A popularização da tecnologia tem como objetivo aumentar o interesse dos jo vens de todo o mundo pelo tema. “O setor tecnológico é prioritário para o cresci mento de um país. A robótica precisa ser divulgada em toda parte, principalmente em países em desenvolvimento, como é o caso da maioria das nações africanas”, diz o pesquisador. Para o professor da Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN Aquiles Medeiros Filgueira Burlamaqui, um dos criadores do N-Bot, a robótica só crescerá quando a tec nologia estiver sendo ensinada na base do sistema educacional. “O grande problema é a carência de profissionais no Brasil e no mundo. Até 2020, a robótica será uma das áreas de pesquisa mais importantes do mundo e o número de profissionais precisa aumentar”, comenta. Segundo o coordenador do NatalNet, Luiz Marcos Garcia Gonçalves, o labo ratório investe em difusão científica há mais de uma década. O objetivo é expor tar a tecnologia desenvolvida na UFRN, ajudando a quem tem interesse e não tem condições de investir em hardwares de alto custo. “O prêmio é um reconheci mento de que estamos no caminho certo. O que fazemos aqui é visto como inova ção não apenas no Brasil, mas em todo o mundo”, analisa.
Robôs desenvolvidos pelo NatalNet custam US$ 10 e podem ser construídos por crianças
EXPEDIENTE Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Vice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes Superintendente de Comunicação José Zilmar Alves da Costa Diretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte Guimarães Jornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Enoleide Farias, Hellen Almeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia Costa Fotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy Medeiros Revisão Regina Célia Costa e Karla Jisanny Foto de capa Anastácia Vaz Diagramação Setor de Artes/Comunica
Bolsistas de Jornalismo Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Gaston Poupard, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Kalianny Bezerra, Natália Lucas, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Thalita Sigler, Thyara Dias Bolsista de Letras Karla Jisanny Arquivo Fotográfico Saulo Macedo (bolsista) Endereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970 Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115 E-mail boletim@agecom.ufrn.br – Home-page www.ufrn.br Impressão EDUFRN Tiragem 3.000 exemplares
Jornal da UFRN
2
ano XV | nº 62 | junho de 2013
CONSCIENTIZAÇÃO
Projetos da Diretoria de Meio Ambiente promovem ações educacionais com a comunidade universitária Wallacy Medeiros
Por Marcos Neves Jr.
C
omemorado todo 5 de junho, o Dia Mundial do Ambiente foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, na Conferência de Estocolmo, na Suécia, em 15 de dezembro de 1972. No Brasil, porém, a celebração foi ampliada e virou Semana do Meio Ambiente, sempre envolvendo a data original em variadas atividades voltadas para a sustentabilidade. Seja em um dia ou em uma semana, de acordo com o Programa das Nações Uni das para o Meio Ambiente, estão entre os objetivos da data mostrar o lado humano das questões ambientais, promover a com preensão da necessidade de mudança de atitude em relação ao uso dos recursos naturais, além de capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvim ento sustentável. Atenta a esses esforços globais, a Di retoria de Meio Ambiente (DMA), órgão da Superintendência de Infraestrutura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vem desenvolvendo proje tos voltados para a conscientização da co munidade acadêmica, público alvo de suas campanhas, por meio do programa DMA Comunica. “A função não é só divulgar, mas, principalmente, educar”, explica Jô Carvalho, coordenadora da iniciativa. Para cumprir a missão de educar, o DMA Comunica desenvolve projetos ao longo de todo o ano, além de ações pon tuais, especialmente na Semana do Meio Ambiente. Destacam-se entre esses proje tos a Cesta Ecológica – conjunto de even tos que divulga a questão ambiental – e as Exposições Itinerantes e Interativas – res ponsáveis pela campanha anual de consci entização da UFRN. Cesta Ecológica Desde 2009, quando foi lançada a ini ciativa, a Cesta Ecológica é realizada em dois momentos do ano, coincidindo com cada final de semestre letivo. Na primeira edição, acontece vinculada à Semana de Meio Ambiente da UFRN, em junho. Já a segunda se volta para o encerramento das atividades acadêmicas, em novembro. Mas o fato de o projeto acontecer duas vezes no ano não significa ausência de atividades no espaço de tempo entre as edições. Materiais utilizados nas ações são exibidos nesse intervalo nos setores de au las, na Biblioteca Central Zila Mamede e no Restaurante Universitário, bem como
Projetos são desenvolvidos ao longo de todo o ano e visam à conscientização. Exposições abordam a questão ambiental de diferentes formas na CIENTEC, fechando o ciclo na segunda edição da Cesta. Com um vasto número de atividades durante o evento, a Cesta Ecológica traba lha a sensibilização do público de diversas formas, especialmente com arte. Exposições fotográficas, recitais, performances teatrais e apresentações musicais compõem o leque de opções oferecido aos participantes. Também estão lá os formatos mais tradicionais. Apresentações de trabalhos acadêmicos, banners, projetos e experi mentos de pesquisa e divulgação cientí fica. Todos os gostos são contemplados nas atividades com o intuito de levar a cons ciência ambiental e sustentável a um pú blico cada vez maior e mais diversificado. De acordo com a organização, a pro posta de muitos eventos em um mesmo espaço foi pensada para levar à reflexão sobre a questão ambiental de diferentes formas. “O objetivo da DMA é promover vivências e a integração entre os setores da Universidade e estimular o debate”, afirma Jô Carvalho. E esse modelo tem agradado. Segun do Eryka Marillya, bolsista do programa DMA Comunica, os debates promovidos a partir das campanhas contribuem de for ma significativa para o seu envolvimento nas questões ambientais. “Sinto ter uma responsabilidade com o meio ambiente. Tenho multiplicado o conhecimento ad quirido com o desenvolver das campanhas levando para casa”, conta Eryka. Exposições Na primeira edição deste ano da Cesta
Jornal da UFRN
3
Ecológica, entre os dias 5 e 7 de junho, a DMA realizou o lançamento da campanha de 2013, no Centro de Convivência Djalma Maranhão, no Campus Central da UFRN. Sob o nome “Químicos, Nós Precisamos. Como Utilizamos?”, o tema do tratamento de resíduos químicos é fruto de pesquisas e visitas de campo do projeto de extensão Exposições Itinerantes e Interativas, nas quais se constatou a relevância do assunto em setores da Universidade. Entre os locais visitados estão os laboratórios da Diretoria do Instituto de Química e o de Biofísica e Farmacologia do Centro de Biociências, o Hospital Uni versitário Onofre Lopes (HUOL), a Ma ternidade Escola Januário Cicco (MEJC) e o Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (NUPLAM). Esses são os principais alvos das ações pelo fato de, em decorrência de suas atividades, gerarem resíduos químicos. Anualmente, a UFRN produz 10 toneladas de detritos com potencial perigoso ao meio ambiente e à saúde hu mana, de acordo com dados da Superin tendência de Infraestrutura. Por isso os painéis da exposição apresentam a im portância e a presença das substâncias no dia-a-dia, informando como o geren ciamento deve ser feito e as diretrizes le gais para garantirem o manejo correto e prevenirem acidentes. Com isso, a pretensão é tornar o manuseio e o descarte corretos para esses materiais cada vez mais difundidos no co tidiano universitário. Em seus materiais a campanha apresenta alternativas baseadas
ano XV | nº 62 | junho de 2013
nos chamados cinco R’s da educação am biental: “Repensar”, “Recusar”, “Reduzir”, “Reutilizar“ e “Reciclar”. Os cinco R’s consistem nas seguintes condutas: repensar a forma de consumo, produção e descarte adotados; recusar possibilidades que gerem impactos ambi entais significativos; reduzir os desperdí cios, preferindo produtos menos residuais e de maior durabilidade; reutilizar um ma terial antes de descartá-lo, evitando que vá para o lixo o que pode ser reaproveitado e, finalmente, reciclar materiais, iniciando um novo ciclo sustentável. Em anos anteriores, o projeto abor dou os temas “Não abandone animais no Campus” (2012), “Nem tudo que é sólido desmancha no ar” (2011), “Biodiversidade no Campus: fauna e flora em equilíbrio. Equilíbrio?” (2010) e “Para você o que é essa tal sustentabilidade?” (2009). Jô Carvalho avalia positivamente os resultados alcançados pelas exposições, uma vez que vêm conseguindo “aproxi mar a comunidade universitária desses temas e promover uma maior integração entre parceiros envolvidos com o estudo e pesquisa em torno de questões ambien tais importantes”. Sobre a implicação das ações da DMA na sociedade, Jô explica que, embora as atividades sejam realizadas apenas com pessoas ligadas à UFRN, a conscientização chega também a outros públicos. “É ne cessário limitar o alvo das campanhas por questões logísticas, mas as pessoas levam a mensagem para suas casas, aplicam e mul tiplicam novas práticas”, afirma.
EDUCAÇÃO
NOTAS Docência A Medida Provisória 614, assinada em maio pela presidenta Dilma Roussef, altera a estruturação do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal. A partir de agora é exigida a titulação de doutor para quem pretende ingressar na carreira docente nas instituições públicas federais. A MP modifica a Lei nº 12.772, de 28 de dezembro de 2012, a qual tirava a exigência de pós-graduação em concurso para contratação de novos professores. A Medida atende propostas apresentadas ao Governo pela CAPES, SBPC, Andifes e Proifes. Inovação A Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em Saúde (R-BITS) traz em sua primeira edição de 2013, artigo sobre o projeto E-Guia, sistema desenvolvido pela UFRN, que traz informações aos deficientes visuais que utilizam transportes urbanos, especificamente ônibus,por meio da utilização dos dispositivos móveis. O E-Guia já mereceu destaque no Boletim Especial, publicação eletrônica da Agência de Comunicação (AGECOM). Para ler o artigo acessar: http://www.periodicos.ufrn. br/index.php/reb/index. Inovação 2 A Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) também trabalha em um projeto denominado Identificador Audível de Locais e Objetos (IALO), que oferece maior autonomia para os portadores de necessidades especiais do sistema visual. De acordo com o professor orientador do projeto Josenalde Oliveira, o IALO tem transmissores que transformam a mensagem visual em áudio e é ideal para locais públicos, como os corredores de supermercados. A EAJ apresentou o invento na Expo Milset Brasil, realizada em maio, em Fortaleza-Ce. Educação O Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) do Centro de Educação (CE) anuncia para novembro, de 11 a 14, o 7º Seminário Educação e Leitura: desafios e criatividade (SEL), no Hotel Praiamar, em Natal. Na programação, 20 minicursos, além de simpósios coordenados por associações científicas parceiras, como a Associação de Leitura do Brasil (ABL) e a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL), por meio do Grupo de Trabalho Leitura, Literatura Infantil e Juvenil. O Seminário tem apoio da CAPES, CNPq e FAPERN. Informações: http://www.seminarioeducacaoeleitura. com.br/apresentacao.
Ferramenta da COMPERVE auxilia pesquisadores ao fornecer estatísticas sobre estudantes universitários Wallacy Medeiros
Por Luciano Galvão
U
m centro de informações estatísti cas sobre os estudantes da Univer sidade. Um repositório de dados acerca do acesso ao ensino superior. Uma coleção de estudos a respeito da realidade da educação no Rio Grande do Norte. Esse é o Observatório da Vida do Estudante Universitário (OVEU), página da internet desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que possi bilita a consulta de estatísticas sobre os alu nos da Instituição. Dados acerca dos cursos, caracte rísticas socioeconômicas dos discentes, sua trajetória escolar e seu desempenho acadêmico são informações que podem ser encontradas no OVEU. O propósito da ferramenta é tornar disponíveis estatísti cas que fundamentem estudos científicos e contribuam para o conhecimento sobre as pessoas que ingressam na Universidade. Criado em 2004 pelo Núcleo Per manente de Concursos (COMPERVE) da UFRN, o Observatório guarda ainda monografias, teses e dissertações que abordam a temática educacional e que tenham sido desenvolvidas a partir de da dos fornecidos pela COMPERVE. Além disso, podem ainda ser acessadas provas de vestibulares organizados pelo Núcleo desde 1977. “O Observatório é uma fonte de infor mação muito rica”, afirma Iloneide Ramos, professora do Departamento de Estatística da UFRN e coordenadora de Estatística da COMPERVE. Iloneide salienta que a iniciativa tem também como objetivo dar subsídios aos gestores universitários para o planejamento de projetos e de ações de as sistência ao estudante. A base de dados do OVEU é mantida com informações colhidas por meio do
Estatística Iloneide Ramos: “Observatório é uma fonte de informação muito rica” formulário de inscrição do Vestibular da UFRN, no qual, além de escolher o curso que irá concorrer, o candidato a uma vaga na Universidade responde também a uma série de perguntas que traçam seu perfil econômico e social. A partir de 2014, no entanto, o Obser vatório precisará passar por adaptações em sua estrutura. Desse ano em diante, o ingresso nos cursos de graduação da Ins tituição se dará exclusivamente por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), prova realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio nais Anísio Teixeira (INEP), não havendo mais o vestibular tradicional. “O INEP possui dados socioeconômi cos dos candidatos do ENEM e disponibi liza todos eles para as universidades. Nós temos uma senha que dá acesso a essas in formações e estamos estudando as manei ras de aproveitá-las”, conta Iloneide Ramos. Exemplo A iniciativa da COMPERVE inspirou outras instituições. A Secretaria de Esta do da Educação e da Cultura (SEEC) do
Rio Grande do Norte estuda a possibili dade de desenvolvimento de ferramenta semelhante para a Rede Estadual de En sino. Além disso, as universidades fede rais de Sergipe (UFS) e do Ceará (UFC), assim como a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), também demonstraram interesse em executar um trabalho no mesmo sentido. Karine Symonir, aluna do mestrado em Demografia da UFRN que trabalhou no desenvolvimento do OVEU, explica que, no caso da UNEB, o interesse sur giu por meio do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD), pro jeto que visa à promoção do intercâmbio científico entre as instituições de ensino superior brasileiras. Em 2012, Karine e Daniel Ambrósio, programador da COMPERVE, visitaram a universidade, que tem sede em Salvador, para colaborar na produção de um obser vatório daquela instituição. Daniel conta que, na oportunidade, foram ministrados treinamentos com professores e servidores da UNEB e apresentadas palestras com o relato da experiência na UFRN. Solicitações Além das informações disponibilizadas no site, os interessados também podem ob ter dados por meio de solicitações. Os pe didos podem ser feitos por pesquisadores vinculados a qualquer instituição de ensino e, em caso de divulgação das informações concedidas, a COMPERVE requer como contrapartida a entrega de uma cópia do trabalho desenvolvido para ser publicada no Observatório. O OVEU pode ser acessado no endereço www.comperve.ufrn.br por meio da opção “Observatório da Vida do Estudante Universitário” no menu do site. Solicitações de dados podem ser encami nhadas por e-mail ao endereço estatistica@ comperve.ufrn.br. Reprodução
Site abriga informações valiosas para pesquisas e ações acadêmicas
Jornal da UFRN
4
ano XV | nº 62 | junho de 2013
ENSINO
Laboratório de Acessibilidade da Zila Mamede
garante autonomia a estudantes com necessidades especiais Por Juliana Holanda “Temos que nos adequar às diferenças. Cada um tem uma singularidade e isso precisa ser respeitado“
F
azer todo o ensino fundamental e médio tendo como única fonte de in formação os ensinamentos repassa dos pelos professores em sala de aula. Essa é a realidade de muitos estudantes brasileiros que possuem necessidades especiais. Para garantir que todos os alunos te nham igualdade de condições no acesso ao material didático, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) criou o Laboratório de Acessibilidade. O espaço existe há dois anos, e, atualmente atende a pessoas com transtorno bipolar, com déficit de atenção e com deficiência visual parcial ou total. O presidente da Comissão Perma nente de Apoio a Estudantes com Neces sidades Educacionais Especiais (CAENE) da UFRN, Ricardo Lins, conta que todos os que necessitam do serviço estão sendo atendidos. “Temos que nos adequar às diferenças. Cada um tem uma singulari dade e isso precisa ser respeitado”, defende Lins. Localizado na Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), o laboratório conta com computadores, notebooks, scanners, impressoras, lupas, gravadores e sistemas especializados que possibilitam a conversão de textos em formatos digitais ou impres sos de forma adaptada a cada necessidade. “Nosso trabalho é pegar o conteúdo que é ministrado em sala de aula, digitalizar e devolver para o aluno de forma que fique melhor para seu estudo”, esclarece o coor denador do local, Sidney Soares Trindade. Os documentos podem ser transfor mados em Braille, impressões ampliadas, áudio e arquivos digitais, que permitem tanto a ampliação das letras em computa dores quanto a leitura do material por pro gramas gratuitos, disponíveis na internet. “Na maioria das vezes, o atendimento é feito a distância e o material é enviado por e-mail”, explica o coordenador. “Nosso
Ricardo Lins Presidente da Comissão de Apoio a Estudantes com Necessidades Especiais
Fotos: Anastácia Vaz
Sydney Trindade, coordenador do Laboratório: “nosso objetivo é facilitar a vida dos universitários” objetivo é facilitar a vida dos universitári os”, complementa. Sidney é deficiente vi sual e sabe a importância do trabalho do laboratório para os usuários. “Sei como a integração é um processo importante. En tendo bem esses estudantes porque passei por situações semelhantes”, afirma. Um dos beneficiados é o aluno do 5º período de História Arthur Cavalcante da Silva. “O Laboratório de Acessibilidade mudou minha vida”, afirma. “Antes eu só
tinha acesso à informação de sala de aula e procurava alguma coisa na internet como uma videoaula, mas eu não tinha nenhu ma autonomia de leitura”, enfatiza. Só ao chegar à UFRN, Arthur passou a ter acesso a textos impressos e em áudio. “O serviço que mais uso aqui é o da digi talização. Tenho que ler muita coisa”, des taca. Os novos recursos potencializaram a educação do jovem. “Consigo me manter acima da média da turma”, ressalta.
Textos didáticos são impressos de forma adequada às necessidades de cada aluno.
Jornal da UFRN
5
ano XV | nº 62 | junho de 2013
Notebooks e tablets A UFRN também disponibiliza notebooks para alunos carentes que possuem deficiência visual. Eles ficam com os com putadores adaptados às suas condições, durante toda a graduação, tendo acesso integral ao conteúdo de seu curso. “Os estudantes passam por uma ava liação, recebem o material ajustado às necessidades, assinam um termo de com promisso e de responsabilidade e passam o semestre todo com o aparelho, renovando [o empréstimo] até o final da graduação”, explica o presidente da CAENE. Até o final deste ano, o Laboratório de Acessibilidade da UFRN também deve oferecer tablets aos seus usuários. O ma terial está em processo de licitação e irá beneficiar principalmente os universi tários que necessitam de escrita ampliada, que terão acesso a um material mais leve, economizando uma grande quantidade de papel usada para impressão aumentada. A estudante do 4º período de Pedago gia Erlane Cristhynne Felipe dos Santos, que possui deficiência visual, utiliza o ser viço desde que ingressou na Universidade e aguarda ansiosamente pelos tablets. “Durante toda a minha trajetória esco lar eu nunca tive nenhum apoio. Sempre precisei me virar e quando cheguei aqui na Universidade fiquei muito feliz em saber que teria esse auxílio”, conta. Erlane virou bolsista de apoio técnico e é responsável pela digitalização de tex tos. A futura pedagoga afirma que o labo ratório é um suporte fundamental que garante sua permanência no ensino supe rior. “Meu rendimento acadêmico é muito melhor”, diz. O Laboratório de Acessibilidade da UFRN funciona das 8h às 22h, de segunda a sexta-feira. Alunos que tenham interesse em utilizar o serviço devem procurar os coordenadores de seus cursos, que são os responsáveis pelo encaminhamento à CAENE. Visitas devem ser agendadas pelo telefone (84) 3342.2501 ou pelo site www. caene.ufrn.br.
EXPANSÃO
UFRN cria curso de Medicina no interior para suprir carê Cione Cruz
Por Williane Silva
P
ara cada 10 mil norte-riogran denses há aproximadamente 14 médicos. Já na Região Sudeste, que possui a melhor distribuição de pro fissionais no Brasil, a proporção é de 26 para cada 10 mil habitantes. Considerando a má distribuição de médicos nas diferentes regiões do País e a necessidade de fixar especialistas em saúde fora das capitais, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) oferece, a partir de 2014, o curso de Me dicina no interior do estado. A nova graduação é uma proposta multicampi, o que significa que terá atividades desenvolvidas em mais de uma sede: no Centro Regional de Ensino Superior do Seridó (CERES), que tem campi situados nos municípios de Cai có e Currais Novos, e na Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), localizada em Santa Cruz. “O desafio era criar um curso com modelo pedagógico em consonância com as demandas de saúde da popula ção para formar profissionais que fa çam promoção, prevenção, recuperação e reabilitação”, explica a vice-reitora da UFRN, Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes. “Além das necessidades médicas e estruturais, também levamos em consi deração a posição geográfica dos mu nicípios envolvidos”, esclarece a vicereitora, que é também coordenadora da Comissão para Implantação do Curso de Medicina e seu Projeto Pedagógico. Para Fátima Ximenes, o curso nasce com a preocupação de formar médicos com habilidades técnicas e que possam aprender convivendo com a comuni dade. “Nossa missão é formar profissio nais tão bons quanto os que estudam em Natal e que além das competências téc nicas possam desenvolver atitudes éticohumanistas”, reforça. Como o panorama da saúde no Trai ri e no Seridó é diferente da realidade da capital, foi preciso criar um projeto pedagógico diferenciado, mas que obe decesse às Diretrizes Curriculares Na cionais. “É preciso respeitar as especifi cidades de cada local para entender as necessidades dos pacientes”, explica a vice-reitora. Segundo o coordenador do curso de Medicina do CERES/FACISA, George Dantas, a nova graduação terá um mé todo inovador. “O curso será organizado em cinco módulos por semestre com
Trabalhos da Comissão para Implantação do Curso de Medicina desencadearam série de reuniões e audiências públicas nas cidades sede Cícero Oliveira
quatro semanas de duração cada”. George explica que o projeto peda gógico será baseado no método PBL, si gla inglesa para Problem-Based Learning (aprendizagem baseada em problemas), metodologia que usa como ferramenta de ensino situações que precisam ser solucionadas pelos alunos. O objetivo é ter um programa com uma técnica constante de ensino e dar ao estudante a oportunidade de aprender e vivenciar, ao mesmo tempo, um assunto. O professor diz ainda que o foco é integrar o conjunto de disciplinas inici ais, chamado de ciclo básico, com o ciclo clínico – componentes curriculares es pecíficos como ginecologia, oftalmologia e cardiologia. “O aluno não vai estudar de forma isolada a Fisiologia do Cora ção, por exemplo. Ele terá contato com um paciente com problema de pressão arterial e estudará o que é preciso para tratá-lo”. Outro diferencial é que a graduação terá forte vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS), pois desde os primeiros módulos os discentes estarão presentes nos hospitais da rede pública. “Nosso aluno vai aprender no cenário real. Ele vai estudar e trabalhar na comunidade”, enfatiza. Trajetória A preocupação de oferecer educa ção médica de qualidade em interação
Jornal da UFRN
6
Vice-reitora Fátima Ximenes: “curso está em consonância com demandas da população“ com a comunidade é histórica na UFRN. Criada em 1958 e transformada em uni versidade federal em 1960, a Instituição
ano XV | nº 62 | junho de 2013
tem tradição na formação de profissionais na área da saúde: seus primeiros cursos foram Farmácia, Odontologia e Medicina.
ência de médicos na região Wallacy Medeiros
Baixe agora o aplicativo do Jornal da UFRN Disponível no Google Play
Em Currais Novos, projeto foi discutido com gestores públicos e a comunidade Com o objetivo de interiorizar o ensi Novos, com o intuito de discutir a im no e a prática, em 1966 – durante a gestão plantação do novo curso com gestores do médico Onofre Lopes –, foi criado o públicos, profissionais da saúde, estu Centro Rural Universitário de Treina dantes, professores e a comunidade. mento e Ação Comunitária (CRUTAC). A nova graduação, que foi aprovada O projeto piloto foi instalado em Santa pelos Conselhos Superiores da UFRN Cruz, cidade localizada na região Agreste e pelo MEC, tem previsão de início das Potiguar, e realizou experiências na aten atividades para o segundo semestre de ção médico-social à população rural e 2014, com a oferta de 40 vagas anuais e serviu como modelo para outros estados. uma duração de seis anos. Inicialmente, Seguindo a política de expansão, a expectativa é abrir concurso para pro recentemente posta em prática com o fessores com 42 vagas. Para este ano, Plano de Reestruturação e Expansão das serão investidos R$ 14.016.483 em obras Universidades Federais (REUNI), foi e equipamentos, R$ 8.292.870 em re possível investir na cursos humanos e R$ criação dos cursos de 4.918.320 em custeio Gestão Hospitalar e do curso. de Gestão em Siste Os elementos que Nova graduação mas de Saúde, além nortearam a concep oferecerá 40 vagas. da implantação da ção do curso foram o Atividades terão Faculdade de Ciên Plano de Desenvolvi início no segundo cias da Saúde do Trai mento Institucional ri, em 2008, também (PDI), o Plano de semestre de 2014 em Santa Cruz, que Gestão 2011-2015, e hoje funciona com os as Diretrizes Curricu cursos de Nutrição, lares Nacionais Enfermagem e Fisioterapia. Em junho de 2012, o Ministério da Dados Educação (MEC) disponibilizou 1.615 De acordo com a Demografia Médica vagas de Medicina no país, principal do Brasil, estudo organizado pelo Con mente, para cidades do interior do selho Federal de Medicina (CFM) e o Norte e Nordeste, devido à baixa rela Conselho Regional de Medicina do Es ção entre o número de médicos por ha tado de São Paulo (CREMESP), em 2011, bitante e a distribuição geográfica dos a média nacional de médicos registrados cursos existentes. por mil habitantes no Brasil é de 1,95. O Após a determinação do MEC, a Sudeste aparece com 2,61, sendo a me UFRN instituiu a Comissão para Im lhor distribuição de profissionais entre plantação do Curso de Medicina e seu as regiões brasileiras. Já o Nordeste está Projeto Pedagógico, com a participação com 1,19, à frente apenas no Norte. da Pró-Reitoria de Graduação (PRO No mesmo ano, o Rio Grande do GRAD), da Pró-Reitoria de Planeja Norte registrou uma média de 1,39, mento (PROPLAN) e dos professores do sendo a unidade federativa que possui a curso de Medicina de Natal. segunda melhor distribuição na região, A comissão desencadeou uma série perdendo apenas para Pernambuco com de reuniões e audiências públicas nas 1,51. Porém, os potiguares estão em 13º cidades de Caicó, Santa Cruz e Currais lugar entre os 27 estados brasileiros.
[ ]
Jornal da UFRN
7
ano XV | nº 62 | junho de 2013
DIREITO
Grupo de Estudos da Seguridade Social e Trabalho quer aproximar Universidade dos menos favorecidos Wallacy Medeiros
Por Luciano Galvão “Queremos que a Universidade seja
S
er um espaço onde se pensa o bemestar da sociedade. É essa a pro posta do Grupo de Estudos da Se guridade Social e Trabalho (GESTO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Criado em 2009, por iniciativa do professor Zéu Palmeira Sobrinho, do Departamento de Direito Privado da UFRN, o Grupo se propõe a fomentar, dentro do espaço acadêmico, o debate a respeito dos Direitos Sociais – conjunto de garantias fundamentais que per mitem aos cidadãos uma vida digna e em condições de igualdade dentro de uma sociedade democrática. Para o professor, debater questões do Direito do ponto de vista dos menos favo recidos é obrigação de uma universidade pública. “Queríamos trazer um viés de soli dariedade para o curso de Direito”, afirma. “Na nossa área, temos várias bases de pesquisa voltadas para o mercado, como aquelas que estudam royalties do petróleo e Direito Empresarial. Mas, como ficam as pessoas que realmente precisam da Universidade?”, indaga Palmeira, atual mente coordenador de pesquisa e exten são do GESTO. Idosos expostos a situações de cruel dade, crianças obrigadas a trabalhar, pro fissionais acidentados no exercício de suas ocupações, pessoas vítimas de dis criminação e alcoólatras são exemplos de indivíduos que necessitam de apoio da Instituição, citados pelo pesquisador. Além de mesas-redondas, projetos, minicursos, exibições de filmes e orienta ção de trabalhos científicos, o Grupo pro move semestralmente o Seminário de Se guridade Social e Trabalho, oportunidade em que profissionais de áreas diversas são convidados para debater assuntos jurídicos que estejam em discussão na sociedade. A nona edição do Seminário discutiu o trabalho doméstico e o sistema previden ciário brasileiro. O evento aconteceu no final de abril, mês em que foi promulgada pelo Congresso Nacional a Emenda Cons titucional nº 72, que alterou a Constituição e estendeu a empregados domésticos os direitos trabalhistas que já eram assegura dos aos demais profissionais. Anderson Lanzillo, coordenador do GESTO e, também, docente do Departa mento de Direito Privado, destaca o caráter
produtora de um conhecimento que ajude às pessoas que precisam“ Zéu Palmeira Sobrinho Idealizador do Grupo de Estudos da Seguridade Social e Trabalho
Anastácia Vaz
Para Anderson Lanzillo, coordenador do Grupo, debates oferecem visão ampliada da realidade e trazem discussão dos Direitos Sociais para dentro da Universidade pluralista do evento. “A contribuição de pessoas de várias áreas, que lidam de ma neiras diferentes com os problemas, nos dá uma visão mais ampliada da realidade e nos permite ir além das estatísticas”, re lata o professor. “Muitas vezes não basta responder a perguntas, mas é preciso le vantar novas questões”. Lanzillo considera positivos os resul
Jornal da UFRN
8
tados do último Seminário, que debateu temas como os desafios da fiscalização, as maneiras de garantir condições adequadas de trabalho e formas de evitar a exploração de mão-de-obra infantil no ambiente do méstico. “O auditório em que aconteceram as palestras ficou lotado. Isso revela que há interesse da comunidade universitária so bre o tema”, diz.
ano XV | nº 62 | junho de 2013
O coordenador ressalta que a colabo ração com o Grupo não é restrita aos alu nos e professores de Direito, embora sejam eles, atualmente, a maioria dos compo nentes. Para Anderson, a participação de pesquisadores com outras formações en riquece as análises. “O que não queremos é chover no molhado”, enfatiza. Início A ideia de formar o Grupo de Estudos da Seguridade Social e Trabalho nasceu em 1995, quando o professor Zéu Palmei ra Sobrinho ainda lecionava na Univer sidade Federal da Paraíba (UFPB). Lá, o pesquisador reunia docentes e alunos para discutirem temas relativos aos direitos hu manos e assuntos relacionados à matéria. Em 2009, ao transferir-se para UFRN, Palmeira se dispôs a dar continuidade aos estudos na Instituição. O coordenador do GESTO, Anderson Lanzillo, conta que não havia na Universidade uma proposta de análise e discussão dos Direitos Soci ais. “Trouxemos esse debate para dentro da Universidade”. Segundo Zéu Palmeira Sobrinho, as ações desenvolvidas pelos integrantes se guem a orientação teórica de Paulo Freire, pedagogo pernambucano mundialmente reconhecido por destacar o potencial emancipador da educação. “Tentamos fazer uma leitura crítica do mundo, para pensar maneiras de promover a dignidade humana”, explica Palmeira. O pesquisador destaca que, apesar de os estudos resultarem em uma boa quan tidade de trabalhos acadêmicos, não há cobrança no que diz respeito à produ tividade dos membros. “Estamos mais preocupados em criar um espaço para a reflexão”, explica. Para o professor, as produções rea lizadas dentro do Grupo estimulam os estudantes a inserirem-se na realidade de maneira profunda e geram oportunidades para que os alunos possam comparar os elementos teóricos vistos em sala de aula com os fatos sociais. Zéu Palmeira Sobrinho revela que o próximo passo do GESTO é institucio nalizar-se como uma base de pesquisa e, a partir daí, fundar um programa de pósgraduação em Direitos Sociais na UFRN. “Até aqui não contamos com muitos recursos financeiros e nosso projeto ainda é algo muito franciscano. Queremos que a Universidade seja produtora de um co nhecimento que ajude às pessoas que pre cisam”, afirma o professor.
ENSINO TÉCNICO
Escola Agrícola de Jundiaí combate desemprego no campo
ao capacitar mão de obra para o mercado formal Fotos: Anastácia Vaz
Por Gaston Poupard
D
esde 2011, a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), unidade acadêmica especializada em ciências agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), forma alunos pelo Pro grama Nacional de Acesso ao Ensino Téc nico e Emprego (PRONATEC). No primeiro ano, a Escola localizada no campus Macaíba formou 345 alunos. Em 2012, esse número subiu para 8 mil e para 2013, a previsão é atender a 18 mil estu dantes, segundo informa João Inácio Filho, coordenador estadual do Programa no RN. O PRONATEC oferece cursos volta dos para públicos com diferentes neces sidades. Os Cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) são oferecidos a alunos que concluíram ou estão cursando o En sino Médio em escolas públicas e que se jam beneficiados por projetos sociais do Governo Federal. Nesse caso, os cursos acontecem de maneira concomitante com o ensino médio. Já os Cursos Técnicos (TEC) destinamse a alunos concluintes do Ensino Médio ou a profissionais que já estejam no mer cado de trabalho. De acordo com João Inácio Filho, a iniciativa investe recursos na capacitação profissional para levar os alunos ao mer cado de trabalho formal o mais breve pos sível. Segundo o coordenador, a ação é uma resposta rápida e eficaz para a falta de mão-de-obra qualificada no campo.
Números No Rio Grande do Norte, a EAJ é o cen tro das atividades do PRONATEC desde 2011. Atualmente, o Programa está pre sente em 32 municípios do estado, e poderá
Para João Inácio Filho, coordenador do PRONATEC, ação é resposta eficaz à falta de qualificação alcançar 50 cidades ainda neste ano. Independentemente da mudança de gestores nos municípios, a Escola Agrícola de Jundiaí mantém as atividades com o objetivo de suprir a escassez de profissio nais especializados no mercado. Com isso, a unidade quer combater o desemprego no campo e garantir a ocupação de vagas no mercado formal. Para explicar a dimensão da iniciativa, João Inácio diz que existem dois tipos de instituições atendidas pelo PRONATEC: aquelas que solicitam cursos – as deman dantes – e as que oferecem a formação – as ofertantes. Prefeituras e secretarias de educação
estaduais e municipais são as demandan tes, enquanto as ofertantes são as institui ções de ensino credenciadas pelo Pro grama, como a Escola Agrícola de Jundiaí. A definição dos cursos oferecidos surge das necessidades detectadas no mer cado e a demanda por profissionais é afe rida por meio das solicitações feitas pelas prefeituras. Com base nessas informações, a EAJ planeja e fomenta a abertura de no vas turmas de ensino técnico que supram as carências identificadas. Para tanto, são abertos editais de seleção de professores que atendam aos requisitos e que, de preferência, sejam provenientes da mesma região na qual o curso acontecerá.
Escola Agrícola de Jundiaí deve atender a 18 mil alunos em 2013 por meio do PRONATEC
Jornal da UFRN
9
ano XV | nº 62 | junho de 2013
As formações mais solicitadas são as de Auxiliar Administrativo e de Informática, havendo também demanda para capacita ções mais específicas, como a de Turismo, solicitada em Touros, cidade litorânea do norte do estado. Presença na área Rural João Inácio Filho lembra que os cursos técnicos ofertados pelo PRONATEC le vam o saber para além dos muros da Uni versidade. “Agentes, professores e supervi sores vão onde existirem alunos dispostos a aprender ou a se qualificar. Os educado res estão presentes nos assentamentos, vi larejos e comunidades rurais” diz o coor denador estadual do Programa. A ação incentiva também o empreen dedorismo nas regiões em que atua. “O cenário mudou”, afirma João Inácio ao co mentar sobre a atividade econômica dos locais. “O comércio aqueceu porque a ren da das pessoas tende a subir e a circulação de bens, produtos e serviços funciona de maneira mais dinâmica. Isso acaba benefi ciando de maneira direta o setor varejista dos municípios”, afirma o coordenador. Devido aos diferentes perfis de alunos do PRONATEC, os métodos de apren dizagem do Programa não são uniformes. Entre os estudantes, é possível notar pes soas de distintas idades: adolescentes, jo vens e adultos. João Inácio explica que cada discente tem características de aprendizado especifi cas, e que isso precisa ser levado em consi deração. “O aluno que já está trabalhando e saiu do ambiente acadêmico há tempo não é o mesmo que vem acompanhando os es tudos com certa frequência”, aponta. “Muitos ficam tímidos e precisam tra balhar a autoestima para que se sintam in centivados a voltarem à sala de aula”, explica o coordenador estadual do PRONATEC.
APOIO
Programa Por Amor à Vida ajuda servidores e familiares na luta contra a dependência química Fotos: Anastácia Vaz
Por Thalita Sigler
A
dependência química é conside rada uma doença que atinge o ser humano física, psicológica e so cialmente. É caracterizada crônica, pro gressiva, incurável, porém tratável. Altera o funcionamento normal do corpo de uma pessoa e pode repercutir em todos os âm bitos de sua vida. Buscando a prevenção, a assistência e a reinserção de acometidos pelo transtorno tanto na sociedade quanto em suas ativi dades laborais, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) investe no Programa Por Amor à Vida. “O que sinto ao participar do grupo é o meu crescimento pessoal, moral e espiri tual” é o que relata um dos participantes (*). Ele conta a história de um amigo que também faz parte do Por Amor à Vida e hoje é de seus mais antigos componentes. O homem relata que o amigo tinha cerca de 200 faltas, situação que chamou a atenção do diretor do centro onde tra balhava. O gestor identificou o problema e, após uma conversa, o encaminhou para o programa e, desde então, o servidor tem conseguido mudar sua participação no ambiente de trabalho. Atualmente, o Por Amor à Vida possui três linhas de ação: o Grupo de Apoio aos Acometidos pela Doença do Alcoolismo (GADA), o Grupo Familiares de Alcoolista (Al-Anon) e o Narcóticos Anônimos (NA). São realizadas reuniões semanais, separa damente para cada projeto, na Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS). A iniciativa surgiu em 1989, após um estudo realizado junto aos servidores da Instituição em que foi detectado um grande número de ausências, afastamen tos e problemas motivados por dependên cia química. A proposta tem como base
Rafaela Duarte, assistente social, destaca que ação incentiva pessoas a buscarem auxílio duas outras atividades desenvolvidas an teriormente pela UFRN, o projeto Uma Dose de Vida, composto por familiares e alcoolistas, e o Programa de Prevenção à Dependência Química. O caminho considerado ideal para que alguém faça parte do grupo é através da identificação feita pelas chefias de Departa
mentos da UFRN. São realizados seminári os para que esses gestores tomem conhe cimento do programa, possam identificar possíveis pessoas que tenham dependência química e sejam capacitados a falar com es ses servidores a respeito e encaminhá-los para o acompanhamento especializado. A identificação por parte das chefias,
Participantes comemoram recuperação de companheiros e descrevem crescimento pessoal, moral e espiritual
Jornal da UFRN 10 ano XV | nº 62 | junho de 2013
no entanto, não é pré-requisito para par ticipação nos grupos: os servidores e mem bros da comunidade que tiverem interesse podem participar sem a necessidade desse intermédio. Mesmo com enfoque em ser vidores da Universidade, as reuniões são abertas a toda a comunidade. Divulgação Atualmente a divulgação do pro grama, em particular a do projeto AlAnon, é feita por duas estagiárias do De partamento de Serviço Social (DESSO), Maria Luiza Oliveira e Rafaela Lemos. São produzidos pelas estudantes mate riais permanentes de divulgação como panfletos, cartazes e banners. Antes do início da distribuição do material foi aplicado um questionário a respeito do Por Amor à Vida, além da realização de uma mesa-redonda. Após essas etapas, um novo questionário será aplicado para avaliar o conhecimento da comunidade acadêmica sobre o programa. “Espera-se um resultado positivo a médio e longo prazo”, afirma Maria Luiza. “As pessoas muitas vezes tem dificul dade de procurar ajuda e saber da existên cia de um grupo talvez as incentive a bus car auxilio”, destaca Rafaela. A estudante ressalta também o valor do trabalho de divulgação, que revela a importância des sas iniciativas para a vida das pessoas que sofrem direta ou indiretamente com a de pendência química. O Por Amor à Vida é desenvolvido pela Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS), pela Pró-Reitoria de Gestão de Pes soas (PROGESP) e pela Coordenadoria de Apoio Psicossocial do Servidor (CAPS). Os encontros do GADA acontecem nas segundas-feiras, das 9h às 11h; do AlAnon, nas terças-feiras, das 15h às 17h; e do NA, nas quartas-feiras, das 9h às 11h. (*) A identidade dos integrantes foi preservada
entrevista
“As universidades federais são ilhas de excelência no setor público, mas precisam melhorar suas atividades-meio” Fernando Coelho é doutor em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenador do curso de Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo (USP). A convite do professor Antônio Sérgio Fernandes, do Departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Coelho proferiu palestra durante o 18º Seminário de Pesquisa do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), evento que reuniu alunos e professores da Instituição, entre os dias 20 e 24 de maio, em torno de conferências, mesas-redondas, exibições de filmes, exposições culturais e minicursos. Durante a conferência intitulada “A área de administração pública no Brasil: alcances, limites e possibilidades”, Fernando Coelho traçou um panorama do Anastácia Vaz
Por Luciano Galvão
Jornal da UFRN: Qual o perfil do pro fissional de Admi nistração Pública? Fernando Coe lho: Em um curso de Administração ou Administração Pública, o aluno normalmente recebe muitos conhecimentos da área de Admi nistração. No entanto, também é preciso receber conhecimentos da Política, porque o profissional de Administração Pública precisa entender que muitas vezes o fun cionamento das organizações não é basea do simplesmente por um conjunto de leis, mas também por meio de processos políti cos de tomada de decisão. O gestor tem que saber conviver com esse tipo de ambiente e por isso é necessário ter o que se chama de uma formação técnico-política. JUFRN: O que é uma formação técni co-política? Coelho: Durante boa parte do séc. XX, havia separação entre o político e o técnico. Existia a ideia de que os políticos eram pessoas eleitas que apontariam ide ias, enquanto os técnicos iriam transfor má-las em projetos. Por muito tempo, de fato, a administração pública funcionou dessa forma. Ultimamente, começa a se perceber que o perfil do gestor público requer uma formação não apenas técnica: não basta conhecer todos os modelos, instrumen tos e processos se não se tem capacidade de trabalhar essas questões nas organiza ções. Se você não vencer resistências, não souber gerir conflitos de interesses e não articular as propostas com determinados atores – sejam eles políticos, membros da sociedade ou mesmo da burocracia – isso não vai para frente. Essa é a ideia do técni co-político do ponto de vista prático. JUFRN: A UFRN oferece um curso a distância de Administração Pública que atende a várias cidades do interior do es
campo no qual é especialista, apresentando o histórico da profissão, o diálogo com outras áreas do saber, a configuração atual do mercado e os desafios futuros da Administração Pública. Em entrevista ao Jornal da UFRN, o professor falou sobre as competências do gestor público – que vão desde habilidades técnicas à capacidade de articulação política –, sobre a necessidade de interiorização da formação para aperfeiçoar a execução de políticas públicas nos pequenos e médios municípios do estado e sobre o destaque das universidades federais quando se fala em eficiência no setor público. A respeito desse último ponto, no entanto, Coelho faz uma ressalva: “se repensássemos nossas atividades-meio, aperfeiçoaríamos nosso trabalho”.
olha muito pouco para os municípios. blico que movimenta as atividades. Nesse A partir de 1988, com a nova Consti ambiente haverá uma série de conflitos, e tuição Federal, os municípios receberam eles, per se, gerarão ineficiência. A demora uma série de atribuições que antes não faz parte do processo democrático, porque tinham. Eles foram levados a cooperar alguns atores concordam com um projeto em diversas políticas públicas dos gover e outros discordam. nos federal e estadual sem estarem, muitas Não quero dizer que no setor público vezes, preparados para isso. não há deficiências. Elas existem e precisam Contudo, os políticos começam a per ser trabalhadas, por exemplo, quando o ceber que, em um ambiente democrático, uso do recurso público acontece sem a ob onde há competição política, eles precisam servância da qualidade do gasto público. mostrar resultados para poderem se legiti Acontece que, em uma sociedade mar. O político é eleito para quatros anos como a brasileira, em que não há confi e, se não aportar resul ança no Estado e que, tados, pagará o preço ao mesmo tempo, se de não ser reeleito ou espera tudo do Es “Os cursos de de não conseguir fazer tado, acaba se criando Administração sucessor. esse senso comum. Se Pública precisam À medida que per perguntarmos para cebem isso, os prefei qualquer cidadão o chegar no interior, tos se dão conta de que ele pensa da ad onde há demanda que precisam de gente ministração pública, as pela formação” capacitada e de uma primeiras palavras que boa gestão de recursos virão na cabeça serão para que suas ideias “ineficiência”, “morosi funcionem na prática. Por isso, os mu dade”, “desperdício” ou “corrupção”. nicípios têm se tornado o ambiente por Essa visão é construída do ponto de execlência para se pensar a gestão pública vista midiático. Nas páginas empresari nessa década. ais vêem-se inúmeras matérias sobre os Quando os municípios se abrem para grandes cases de sucesso, enquanto a res isso, o ensino de Administração Pública – peito do setor público estão noticiados os que antes se encontrava concentrado nas grandes cases de fracassso. Mas existem capitais – precisa começar a se interio ilhas de excelência no setor público que rizar. A Federal do Ceará, por exemplo, são polos de eficiência. abriu o curso de Adminsitração Pública JUFRN: As universidades federais, em Juazeiro do Norte, não em Fortaleza. de um modo geral, são um exemplo des Esse cursos precisam chegar no interior, sas ilhas de excelência? onde existe um grande contingente de Coelho: Do ponto de vista de cumprir funcionários na gestão municipal que pre suas atividades-fim, sim, não tenha dúvi cisam desse tipo de formação. da. No entanto, as universidades federais JUFRN: O Estado carrega a imagem ainda precisam melhorar muito em suas de ser uma máquina enorme e ineficien atividades-meio, de maneira a produzir te, enquanto as empresas são vistas como impactos positivos nas atividades-fim. grandes polos de eficiência. Isso é uma Dentro das universidades públicas, verdade ou uma falácia? independente de serem federais ou es Coelho: Isso é uma falácia. Há ine taduais, nós cumprimos muito bem ficiência tanto no setor público quanto no nossas atividades de ensino, pesquisa e privado. No setor privado há uma estru extensão. Somos referência. Mas se re tura de poder que pertence a alguém e que pensássemos, por exemplo, as compras, vai criar mecanismos de incentivo para se a gestão de pessoas e os processos, aper atingir um objetivo. feiçoaríamos nosso trabalho, que muitas No setor público não: é o interesse pú vezes trava na burocracia.
[ ]
Fernando Coelho, especialista em gestão pública tado. Qual a importância da interioriza ção da formação? Coelho: Nos últimos vinte anos, quan do se discute a reforma do Estado no Bra sil, as discussões se voltam muito para a União e, em parte, para os estados. A gente
Jornal da UFRN 11 ano XV | nº 62 | junho de 2013
Trabalho de recuperação de obras ajuda na preservação de acervos da Universidadde
LIVROS
Laboratório de Restauração e Conservação recupera
obras raras da Biblioteca Setorial do CCHLA Fotos: Wallacy Medeiros
Por Thaisa Mendonça
C
ento e vinte e sete livros. Esse é o número de exemplares da Biblio teca Setorial do Centro de Ciên cias Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) enviados para recupe ração no Laboratório de Restauração e Conservação (LABRE) do Departamento de História. São volumes de edições raras – obras de referência das áreas de Psicologia e Ciências Sociais. Alguns, inclusive, não se encontram mais disponíveis no mercado. De acordo com Margareth Furtado, bibliotecária do CCHLA, embora a quan tidade de livros seja pequena em relação ao acervo total da Biblioteca Setorial – que conta com mais de 20 mil títulos – a inter venção de especialistas foi necessária para evitar que exemplares com mofo contami nassem outros. Foi então que surgiu a ideia de contatar o LABRE, que conta com equi pe habilitada para esse tipo de atividade. O trabalho de recuperação teve iní cio em fevereiro deste ano. Na primeira fase, que corresponde ao diagnóstico e à elaboração de um laudo acerca da situação detectada, ocorreram visitas das restaura doras Evanucia Gomes, do Laboratório, e Zaira Ferreira, da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM). Além das restauradoras, também parti ciparam dessa etapa as professoras Maria de Fátima Vitória de Moura e Vânia Andrade, dos departamentos de Química e de Mi crobiologia, respectivamente. Na ocasião,
Conceição Guilherme, Evanucia Gomes e Margareth Furtado: recuperação valoriza coleções foram dadas instruções a respeito de como tratar a parcela do acervo com problema. Após a análise do material, o laudo identificou mofo ocasionado por fungos. “Esses fungos geralmente são do próprio ambiente e a recomendação foi que os li vros fossem retirados do acervo e que fosse feita a limpeza das estantes”, conta Margareth Furtado. Outro conselho da equipe do LABRE, foi a compra de equipamentos desumidi ficadores, para melhorar a qualidade do ar dentro da Biblioteca. Segundo a biblio tecária, a necessidade foi levada ao conhe cimento do diretor do CCHLA, professor Herculano Campos, que se prontificou em providenciar os equipamentos. Conceição Guilherme, professora do Departamento de História e coordenadora
do LABRE, revela que o material está sen do trabalhado aos poucos, tendo em vista a grande quantidade de documentos que circulam pelo Laboratório. “Neste mo mento o material com mofo está isolado, e os livros estão envoltos em plásticos den tro das caixas. Mas eles vão passar pelos procedimentos de conservação”, disse. A primeira etapa do processo cons ta de uma desinfestação dos fungos. Em seguida é realizada limpeza com algodão e trincha e, depois – a depender da situação dos livros – é feita uma lavagem para a re tirada dos fungos já tratados. Por último, é feita limpeza com água. Evanucia Gomes, restauradora do Laboratório, diz que ainda não há um prazo para a conclusão do serviço. “Como nós temos material de outras instituições,
Jornal da UFRN 12 ano XV | nº 62 | junho de 2013
precisamos ir aos poucos. Não podemos ocupar todo o espaço com este trabalho, principalmente desse tipo. Nós temos que tratá-lo a parte e, como estamos a todo va por com coleções de manuscritos, temos que dividir o tempo”, explica. Histórico O Laboratório de Restauração e Con servação de Documentos foi criado em 1988, a partir de um projeto coordenado pelo professor Cláudio Galvão, com a fi nalidade de iniciar uma política de preser vação de acervos no Departamento de História. “Começamos no final dos anos 80, e ao longo dos anos 90, o LABRE foi se consoli dando, por meio de projetos com a PróReitoria de Pesquisa e, principalmente, a Pró-Reitoria de Extensão”, conta Con ceição Guilherme. “Ao longo desses anos a gente só tem crescido, a ponto de termos conseguido Evanucia como restauradora por meio de um concurso. Nós criamos o cargo de restaurador na Universidade, para que pudéssemos atender as demandas do próprio Laboratório e termos um corpo técnico de qualidade como nós temos hoje”, comemora. Segundo a professora, a parceria entre o Laboratório de Restauração e Conser vação e a Biblioteca Setorial do CCHLA é de suma importância para fortalecer a política de permanência e valorização das coleções de obras da Universidade. “A gente ajuda na longevidade do acervo e o trabalho conjunto ainda contribui para consolidar a interlocução dentro da própria Instituição”, acrescenta.