REVISTA ARTE INCITATUS | nov/dez14

Page 1

Revista Digital ARTE INCITATUS • Ano 1 • Nº 01 • n ov/dez • 2014

A revista que respira e inspira

CRISE NO ABASTECIMENTO DE

ÁGUA

EM SÃO PAULO LEIA TAMBÉM Glalcia Dohe | pág. 14 Dicas de como viver bem.

Cinthya Vaz | pág. 26 Uma análise sobre a Arte e a Vida.

Genadir Garcia |

pág. 22

Qual é a face do Sr. Mercado?

NO MÍNIMO - PÁG. 18

Saiba quem são e o que pensam as “feminazis”, com David Ferreira MÚSICA- PÁG. 10

Banda FACTOIDE também está na área. 3 D - PÁG. 32

Ambiente Naturais em ambientes 3D realistas. com Glalber Nery. FALA, MULHER! - PÁG. 06

Rosana Dare nos diz sobre o confronto entre Ideologia Partidária e a Paixão pela Política. MÚSICA- PÁG. 34

A incursão pelo mundo da música com Cláudio Magalhães.


ATÉ À ÚLTIMA

GOT A

ÁGUA Revista Arte Incitatus | pág. 2


CRISE HÍDRICA | Por Agnaldo Ruivo

S

ão Paulo, a maior e mais rica capital do país passa atualmente pela maior estiagem de sua história, e a contar pelos índices de chuvas dos últimos meses o cenário futuro poderá ser ainda mais temerário. Sem chuvas significativas a mais de 10 meses, São Paulo observa incrédula os resultados que a falta de chuva vem causando - reservadores secando e o medo de um colápso no abastecimento está cada vez mais iminente. E que cenário poderá ser visto em diante?

A contar com a grande dependência que temos em relação à agua, o que podemos dizer é que teremos uma situação de desespero em busca de água para saciar a sede. Reajustes nos alimentos, prestadores de serviços e indústrias deixando a capital em busca de melhores condições hídricas. O fenômeno da falta de chuva em São Paulo, e nas demais regiões sudeste, pode estar alterando o sentido que temos com a água, onde comumente se pensa ser um liquido em abundância, em que o consumo é dado de forma a acreditar em um bem infinito. continua na página 30

Revista Arte Incitatus | pág. 3


EDITOR IA L

S

ejam todos bem vindos a esta nova forma de aproximação com a sociedade, com o público que esperamos encontrem alguma reflexão e entretenimento com nossa revista ARTE INCITATUS que ora se apresenta na esperança que possa levar uma visão livre e diferenciada sobre assuntos relevantes e que fazem parte do nosso dia a dia. ARTE INCITATUS deverá ser assim, uma revista que reunirá pessoas e ideias com multiplos aspectos em que suas opiniões sejam tratadas em seus artigos como assunto diverso pelo olhar de quem observa a minúcia, e que compreendam com a percepção de suas artes o que pode estar ignorado, desconhecido ou oculto. Incitatus (em latim) significa impetuoso, e é isto que se pretende com esta revista, que a arte incitatus de cada colunista tenha naquilo que mais a aproxima da inspiração, da razão e da criação: A impulsividade inovadora e destemida de se pensar livremente.

DIREÇÃO, EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO

Agnaldo Ruivo

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO

Rosana Dare Banda Factoide Glálcia Dohe David Ferreira Genadir Garcia Cinthya Vaz Glalber Nery Cláudio Magalhães

on line BLOG

www.arteincitatus.blogspot.com.br FACEBOOK

www.facebook.com/revistaarteincitatus FALE CONOSCO

revistaarteincitatus@gmail.com

Esperamos que apreciem.

Agnaldo Ruivo Editor

A revista ARTE INCITATUS tem registro em cartório e é uma publicação bimestral gratuita que conta com a colaboração voluntariosa de seus colunistas. COTIA - SP 2014

Revista Arte Incitatus

| pág. 4


SUMÁRIO 06 Mulher!

Rosana Dare

Paixão pela Política

09

10

Meio Ambiente

Atração

Inovação Tecnológica

Banda Factoide

chuvas

18

22

Mínimo

Negócios

David Ferreira

Genadir Garcia

Fêmea sem feminismo

A Face do Sr. Mercado

14

Glálcia Dohe

arte incitatus

amor na vida

26

30

Arte

Contraponto

Cinthya Vaz

Agnaldo Ruivo

A Arte e a Vida

Seca em São Paulo

32

34

37

Arte digital

Música

Conto

Glalber Nery

Cláudio Magalhães

Agnaldo Ruivo

O real valor do Metal

A Pedra de Roseta

realistas

Bem.

Revista Arte Incitatus

| pág. 5


Ideologia partidária?

Não obrigada. Sexismo na política? Menos ainchão e mãos firmes, as- política nesse país. Porda! suntos que normalmen- tanto, esse papel se asPrefiro seguir o que te, passam por pelo me- semelha ao do rato que entendo como instinto. E nos, 3 camadas de não me refiro ao quesito maquiagem antes “Gosto de tratar - de assuntos - com mais visceral da coisa, o de chegar à apre- pés no chão e mãos firmes... antes de que causa cegueira à ra- ciação daqueles zão e cede lugar à impul- que podem ques- chegar à apreciação daqueles que potioná-los com co- dem questioná-los com conhecimento de sividade. nhecimento de causa”. Me refiro ao que salta causa. Sim, esses aos olhos. Ao que urge são poucos. Mas, são os coloca um sino no pesuma providência. Gos- que realmente poderiam coço do gato? Claro! E é to de tratar com pés no determinar os rumos da exatamente por isso que Revista Arte Incitatus

| pág. 6


me fascina...Ora.. O que é a política senão um grande pendurar de sinos em pescoços por aí?

ditar que lugar de mu- de onde vivem, é sim, na lher, quando se “ Lugar de mulher, assim como de homens atreve a entrar para a política, de bem, que realmente buscam mudar para é se limitar a melhor a realidade de onde vivem, é sim, na POLÍTICA,.....” ações de cunho social, que estão equivocados. POLÍTICA, se essa for sua vocação. E a vontade, Não que estas não se- aliada à capacidade de jam necessárias e im- FAZER ACONTECER, são portantes: são. Mas, é a única coisa que imporimportante salientar que ta, quando o assunto é o uma mente aberta à po- BEM COMUM. lítica, independente de ser masculina ou feminiRecado dado? na, tem sede de buscar,

Não tenho a menor paciência pra ficar com “mimimi”, muito menos, sangue de barata para me “colocar no meu lugar” o qual, segundo um descortês senhor, dia desses, esbravejou quando me viu questionar “...é importante salientar que uma assuntos relacionados à segurança pú- mente aberta à política, independente blica, infra-estrutura de ser masculina ou feminina, tem sede e arrecadação x inde buscar, de realizar, e, principalmente, vestimento no mude interagir com as questões...” nicípio, claramente desejaria que fosse a cozinha, o sofá ou qual- de realizar, e - principalquer outro onde ele e os mente - de interagir com demais não pudessem as questões que envolser questionados por vem a administração púRosana Dare uma mente tão capacita- blica. é formada em da para debate quanto a Administração de Empresa, fez deles, e, SURPRESA! uma Portanto, que fique aqui MBA Finanças Empresariais pela FGV e atualmente é mente feminina. bem claro: Lugar de muPresidente do Projeto Lótus. lher, assim como de hoSinto informar àqueles mens de bem, que realque ainda tem a mentali- mente buscam mudar dade retrógrada de acre- para melhor a realidade Revista Arte Incitatus

| pág. 7


Revista Arte Incitatus

| pรกg. 8


Meio ambiente

Balões caçam partículas no ar para estudar

formação de CHUVA

P

esquisadores brasileiros e norte-americanos estão utilizando torres e balões para medir a distribuição vertical dos aerossóis e de núcleos de condensação de nuvens na Camada Limite Atmosférica (CLA) da Amazônia. Aerossóis são materiais particulados presentes na atmosfera, que podem vir de fontes primárias sejam elas naturais, como poeiras de desertos ou erupções vulcânicas, ou antropogênicas, derivadas de queimadas ou combustão fóssil - ou de fontes secundárias, resultantes de mecanismos de condensação de produtos gasosos, como aerossóis de sulfato, de nitrato ou orgânicos. O projeto vem sendo conduzido em duas regiões na Amazônia Central: uma com ar e paisagem de floresta primitiva e outra próxima à cidade de Manaus, que é influenciada pela poluição. Um dos objetivos do projeto é entender melhor como a cobertura florestal pode influenciar a formação de nuvens, especialmente como o ar da camada limite é injetado na camada de nuvens, e como esses processos são alterados sob a influência da poluição de uma cidade como Manaus. “Além das torres de fluxo, utilizamos balões presos em cordas, o que representa um aspecto muito interessante do projeto, uma vez que isso permite fazer uma ponte para cobrir a lacuna entre as medidas da superfície, feitas nas torres, com as obtidas pelos balões”, disse Celso von Randow, do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais). “Estamos investigando o perfil completo dos aerossóis pela CLA [Camada Limite Atmosférica] e trabalhamos com modelagem computacional para analisar o transporte turbulento desses elementos pelas camadas de nuvens”, completou.

Os pesquisadores já realizaram medições com balão em uma área ocupada por floresta primitiva. O balão pode atingir 1.800 metros de altitude. Em breve, será adquirido um segundo balão, para medições em outro sítio. Estão também sendo usados outros instrumentos, como anemômetros sonoros, para medir a turbulência, além da combinação dos dados com medições obtidas por outros projetos, de modo a conseguir resultados mais completos. “Muito desse esforço é feito para entender a estrutura da turbulência na floresta, isto é, como a floresta realmente influencia o fluxo de ar por entre as copas das árvores e acima delas. Como queremos compreender melhor a química atmosférica e a formação de aerossóis, temos feito muitas medições. Instalamos sensores para ozônio, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. Temos também medido aerossóis e como essas partículas se tornam os núcleos de condensação das nuvens”, disse Randow. “Com o balão, avaliamos ainda as condições termodinâmicas na Camada Limite Atmosférica. Os resultados de todas essas medições são combinados com simulações computacionais em alta resolução, o que permite estudar o ciclo completo dos gases e partículas na CLA, desde a emissão até o transporte para a camada de nuvens”, disse.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/

Revista Arte Incitatus

| pág. 9


BAN FACT Revista Arte Incitatus

| pรกg. 10


NDA OIDE Revista Arte Incitatus

| pรกg. 11


Edu Albinfer - Voz e Violão • Fabio Rosa - Guitarra • Jhun Stephano - Baixo • San Ribeiro - Bateria • Roma Silva - Tecla

A

banda de Pop Rock Factoide apresenta novidades já para 2015. Os rapazes decidiram finalmente lançar o seu primeiro álbum! Após anos de maturação os integrantes que sempre tiveram a mesma ideologia, de fazer músicas que digam algo para o público, decidiram então concluir este antigo sonho.

ainda segue sem nome, mas deverá ser intitulado “O Amanhecer”. Com 12 músicas confirmadas, este será o primeiro trabalho oficial que a banda lançará, mesmo que de forma independente.

Sempre bem recebida e ovacionada pelo público, podePrevisto para 2015, o Álbum mos dizer que os shows são o Revista Arte Incitatus

| pág. 12


ados

grande diferencial que a banda possui. Há anos no cenário musical da região, os rapazes de Cotia já fizeram a alegria de milhares de pessoas.

“Será um momento de registro da nossa identidade”. (Dema Pereira) “É o momento de conhecerem nossas ideias em forma de músicas”. (Edu Albinfer) “Será a realização de um sonho”. (Jhun Stephano)

http://www.factoide.com/ Revista Arte Incitatus

| pág. 13


v I V E R Glâlcïa Dohe

B E M

“Deus tem uma resposta para todos os problemas antes que eles surjam.

Seja no âmbito pessoal ou coletivo”.

E

xiste um principio que diz “Deus tem uma resposta para todos os problemas antes que eles surjam. Seja no âmbito pessoal ou coletivo”. Sempre ouvimos de diversas religiões e filosofias, que

Revista Arte Incitatus

| pág. 14

para encontrar a felicidade, devemos busca-la dentro de nós mesmos. Como disse Sócrates: “Saiam da caverna, da escuridão que há em seus espíritos! Para alcançarem a Luz, é necessário busca-la! Porem aonde busca-la? Dentro de nós

mesmos! – Conheça-te a Ti mesmo!”. Para nos conhecer e encontrar a felicidade faz-se necessário uma mudança de padrões mentais, comportamentais e de valores de vida! Uma expansão da nossa consciência! Porém, o que é verdade para uma pessoa e a torna feliz, pode não ter sentido para outra e tampouco fazê-la feliz. Isso vai depender de suas crenças, conveniências e educação.


Para muitas pessoas a felicidade está no superficial e por este motivo é que nunca se sentem felizes profunda e completamente. Elas possuem a felicidade “momentânea”, muitas vezes para satisfazer o Ego, alguma desilusão ou uma falta. Temos uma espécie de programação em nosso mental aonde a felicidade vem com prazo de validade, durando em media de 3 a 4 meses. Ele curte o que conquistou porém, logo tem seu prazer momentâneo saciado e se esquece, até mesmo, de como realizou aquela conquista. Isso faz parte do Ser

Humano. Entretanto, quando nos permitimos olhar para dentro de nós em Essência, como Seres Humildes, Altruístas e em Unidade com o Universo Supremo, percebemos que buscamos a Felicidade em coisas “mornas” e damos um valor imensurável para elas, nos tornando igualmente pequenos e quase sem valor. Enquanto poderíamos usar nossa Sabedoria para mudar nossas vidas e refletir positivamente na vida de outras tantas pessoas. A Felicidade é um estado de espirito em total plenitude e paz com o Todo! Ela está em você realmente “Ser” e não apenas “Ter”. Sair da visão do “Eu” e entrar na visão

“Nós”. Observar nossos arredores e avaliar qual o reflexo de nossas atitudes. Se minha vida atual está turbulenta, cheia de processos, faltas, desamores.. está na hora de rever meus valores “morais e espirituais”, adquirindo novas atitudes, onde passe a contribuir para um Bem Maior e sendo merecedor da Lei do Retorno da Felicidade!

Glâlcïa Dohe° - Metafísica & Coach de Bem Estar Personal & Professional Coach, Palestrante Motivacional Psicoterapeuta Floral, Reiki Master, Radionicista Consultora em Harmonização de Ambientes Contato: 4612 5192 / 96604-8115 glalciadohe@atmanzen.com.br

Revista Arte Incitatus

| pág. 15


A revista ARTE INCITATUS também está nesta campanha de conscientização...

ECONOMI Revista Arte Incitatus

| pág. 16


IZE ร GUA Revista Arte Incitatus

| pรกg. 17


No Mínimo...

dei sem c s

MACHO

FÊMEA S

Revista Arte Incitatus

| pág. 18


‘Eis nosso erro: sermos machos sem

ixarmos de ser machistas ou fêmeas m deixarmos de ser feministas, buscando num sufixo, a alternativa à implicidade de nossa existência’. A segunda e rápida coisa a registrar é que ao invés de lutarmos por igualdades inconcebíveis, definitivamente achemos o que há de interesse comum, direita e indiretamente a todos: a capacidade intelectual e

construtiva dos indivíduos e da sociedade, o absoluto acesso aos direitos e deveres (trabalhistas, da economia doméstica, da concepção e educação dos filhos, etc.). | por David Ferreira

O SEM MACHISMO

SEM FEMINISMO

Revista Arte Incitatus

| pág. 19


Dia destes, minha filha - com quem faço dupla num feminismo positivo e suave (sim, o homem pode ser feminista – aliás, é mais racionalmente feliz quanto mais feminista for!) - deu-me a conhecer a quantas anda por aí essa questão. “Pai, vê só isso!”, e abriu alguns vídeos na internet em que se mostrava uma militante brasileira de um movimento leste-europeu em dois momentos: num, debulhando-se em lágrimas de ódio visceral contra os homens e, noutro, confessando ter encontrado o amor de sua vida, um homem; em outro vídeo, em cujo tí-

Revista Arte Incitatus

| pág. 20

tulo se apresentava a palavra “feminazi”, um grupo musical formado por mulheres jovens pouco interessadas em “make -up” ou elegância declarando numa letra sem muita melodia que tinham o direito de uso, por assim dizer, da vagina e do aborto, e outras coisas mais que eu não quis ouvir.

tal termo teria sido empregado pelo apresentador americano de rádio, nos anos de 1990, Rush Limbaugh, se referindo a protestos de mulheres contra um projeto de lei que permitia aos patrões a cobertura parcial de planos de saúde, com redução na proporção dos preços de anticoncepcionais. O fato é que o neologismo parece “Feminazi”, de ter pegado. O último vídeo cara, me deixou era um blog de uma moça em pânico, porque bonita esclarecendo que intui tratar-se de feminismo não é o oposto uma ilógica sugesdo machismo, que nada tão da contração tem a ver com humaentre feminismo, com minismo e sandria, com usar nazismo. ou não maquiagem, Impossível! Embora num di- com andar de salto ou “dar de cionário digital haja a definição quatro”. de militante do feminismo radical, extremista e misândrico. O curioso é que toda essa disNa rede consta também que cussão parece não existir para


muitas garotas que ainda brigam aos sopapos e puxões de cabelos por um menino; jovenzinhas que acham o máximo excitar a rapaziada nos bailes ou postar a anatomia curvilínea em trajes mínimos, recadinhos românticos e “selfies” com biquinhos no facebook. Não parece interessar tampouco às incontáveis mulheres que desmoronam ante os encontros e desencontros dos casais das novelas. Curioso! Bem, sem entrar no aspecto histórico das conquistas das mulheres – votar e ser votada, trabalho e profissão, política, educação, arte, enfim, há uma maravilhosa história ainda em curso de lutas e vitórias! – quero apenas dizer rapidamente duas coisas: onde percebo que nós, pessoas dos dois sexos estamos errando na escala evolutiva e,

segundo, fazer um apelo a toda gente: que não radicalize. Relaxe um pouco! Nem tanto ao céu e nem tanto ao inferno, OK?!

achemos o que há de interesse comum, direita e indiretamente A coisa pode ter começado a todos: a capacidade com um mito apócrifo de que intelectual e construtiva dos vasos foram postos no sol, indivíduos e da sociedade, o um rachou e outro estufou, absoluto acesso aos direitos e e desde então o mundo é o deveres (trabalhistas, da ecomundo com macho e fêmea, nomia doméstica, da concepfazendo-se pesado à mulher ção e educação dos filhos, pela longeva organização social etc.). Finalmente, que não patriarcal, mas também pela existiríamos um sem o outro. teimosia de machos mandões e A humanidade não existira sefêmeas odientas que não com- não pela infinita misericórdia preendem que nada seriam um de Deus que criou estes seres sem o outro, e levam então a à sua imagem e semelhança – possibilidade de um diálogo “homem e mulher os criou”. para o campo feroz das hosti- Proponho, portanto, que nós lidades em desespero de causa. homens e mulheres, respeiteEis nosso erro: sermos machos mo-nos como seres morais, sem deixarmos de ser machis- antes de nossas necessidades, tas ou fêmeas sem deixarmos naturais ou culturais, de sexo e de ser feministas, buscando sensação de poder. num sufixo, a alternativa à simplicidade de nossa existência. A segunda e rápida coisa a registrar é que ao invés de lutarmos por David Ferreira é escritor, autor do livro “As Crônicas dos Coveiros do Cemitério igualdades Verde”,2014. inconcebíveis, definitivamente Revista Arte Incitatus

| pág. 21


A face do

Sr. Mercado | Por Genadir Garcia

P

arece haver uma necessidade humana, muito bem traduzida pelos meios jornalísticos, de vincular qualquer coisa a um rosto. As revistas periódicas de notícias quase sempre estampam nas suas capas o personagem do momento, como que querendo dizer, “este é o rosto da estória toda”. Nada contra, até porque a história é construída por pessoas de carne e osso, e na maior parte das vezes por pessoas que representam alguma coisa para a sociedade. A representação, seja ela de cunho político ou social, é uma das conquistas da modernidade, aliás. Não que não existisse antes, mas sim, que a sua consciência hoje é mais palpável, coloquemos assim. Pois bem, mas há certas entidades que, por mais que se façam tentativas de concretizá-la na figura de alguém, não se consegue dar-lhas um rosto preciso, facilmente reconhecível por todos. A solução, às vezes, passa por deificá-la atribuindo-lhe status de nome próprio. Assim é, por exemplo, o Mercado Revista Arte Incitatus

- Senhor Mercado - como gostam de chama-lo alguns. Pois esse “Senhor Mercado”, ator derrotado nas urnas de 2014, foi cantado em verso e prosa pela mídia que afirmava que este preferia um candidato a outro. O Mercado, no dizer das inúmeras reportagens publicadas ao longo da campanha, tinha uma vontade definida, clara, um querer sem contradição. E assim, as razões para tal vontade foram todas explicadas, seja pelo descontrole inflacionário, seja pelo intervencionismo estatal, seja pela corrupção etc., (mazelas é que não faltaram). Composto o personagem, sempre lhe faltou um rosto que o concretizasse, o máximo que se conseguiu foi apontar para seus amigos. E assim a coordenadora da campanha de Marina Silva e o futuro ministro da Fazenda de Aécio Neves apareceram como amigos do Mercado. “Diz-me

| pág. 22

com quem andas que dir-te-ei quem és”, mas se o Sr. Mercado sinalizava a retribuição da amizade, com as sucessivas altas do índice Bovespa, permanecia ainda como “Amigo Invisível”, pois nunca se pôde formatar seu rosto e eleger alguém que o representasse. Mas, afinal de contas, qual é a face do Sr. Mercado? Num âmbito mais restrito à esfera dos investimentos, fora das campanhas políticas e das


reportagens sensacionalistas, também se tenta definir ou fazer representar este senhor por alguns dos seus expoentes. Warren Buffett, Benjamin Graham, John Templeton, George Soros, Philip Fisher, Peter Lynch e alguns poucos que se deram bem com o cidadão. O primeiro citado, aliás, gosta de destacar a característica maníaca-depressiva do Sr. Mercado: num dia, ele quer vender tudo a preço de banana, pois está na fase “down”, no outro dia, tomado de insana euforia, não vende nada a não ser que lhe paguem um preço absurdo. Sabendo que o cidadão é bipolar, estes grandes investidores, invariavelmente, pregam que o melhor momento para tomar alguma coisa do Sr. Mercado é quando este está no auge

da sua depressão, e o melhor momento para devolver-lhe as

coisas e quando ele está soltando rojões. A tese do “contrarismo” nos negócios com o Sr. Mercado tem feito a glória e a desgraça de muita gente, pois poucos sabem até vai a insanidade do suposto sujeito, que costuma estender suas manias em ciclos não muito previsíveis. Há quem afirme que sabe ler com certeza absoluta os encefalogramas do camarada, mas por enquanto, permanece a desconfiança de que ninguém ainda se deu bem o suficiente analisando estes gráficos, apesar da crescente sofisticação dos sistemas de análise. Enigmático. Assim também se pode definir o Sr. Mercado. Tal qual a Esfinge de Sófocles, está pronto a devorar quem não tem competência suficiente para decifrar suas charadas. E o número dos que são deglutidos conta-se na casa de 92%, segundo alguns estudos. Isto porque, como é corrente se afirmar entre os investidores: “quando você descobre a resposta, o Sr. Mercado muda a pergunta”. De vez em quando, sabemos por notícias amplamente veiculadas na mídia, que mesmo os que têm talento para passar adiante, tal qual Édipo Rei, viram perso-

nagens de uma tragédia ainda maior. Uma Esfinge, sabemos, nada mais é que um monstro mitológico. Mas, na ausência de um rosto amigável, é exatamente esta faceta monstruosa do Sr. Mercado que tanto assusta e fascina as pessoas. Nem humano nem monstruoso, a dificuldade de achar um rosto para o Sr. Mercado é que ele, definitivamente, não é nada além de um espaço. Como espaço, ele é continuamente formatado pelo incessante movimento. Tal qual a web, que nada mais é que pessoas e máquinas conectadas ponto-a-ponto, assim também o Mercado é um espaço de interação contínua entre atores (pessoas físicas e instituições) que lançam suas apostas ora intensamente numa direção ora noutra e assim determinam o nível das cotações, das sucessivas altas e baixas. continua...

Revista Arte Incitatus

| pág. 23


Neste espaço, para cada contrato de compra efetuado corresponde também a um contrato de venda. Um mesmo ator pode comprar e vender para vários outros atores. Em princípio, um movimento de alta nada mais é que pessoas fechando acordos (para si mesmas ou para as instituições que representam) nas quais os compradores aceitam pagar os valores exigidos pelos vendedores, que estão no Revista Arte Incitatus

comando do movimento. Ao contrário, um movimento de baixa nada mais é que pessoas fechando acordos nas quais os vendedores aceitam receber os valores exigidos pelos compradores, que estão agora no comando do movimento. Parece que algo está errado aqui, mas não está. São os vendedores que respondem pelos movimentos de alta ao exigir cada vez mais de afoitos compradores para fechar os contratos. E

| pág. 24

na direção contrária, são os compradores que determinam o movimento de baixa, ao retirar suas ordens de compra e coloca-las em pata-

mares cada vez mais baixos, obrigando os vendedores


a se adequar. Neste jogo, o ganhador é aquele que conseguir prever e antecipar a intensidade do movimento, seja ele pra cima ou pra baixo, simples assim. Ao falar em pessoas conectadas ao mercado, exclui, de propósito, as máquinas (robôs) que estão cada vez mais sendo as responsáveis pelos fechamentos dos contratos, baseadas em programações predefinidas. O assunto não cabe neste artigo e, portanto, fica para uma próxima edição. Assim como são falaciosas aquelas representações gráficas em que a parte Norte e Nordeste do país aparece com a cor vermelha e a parte Sul e Sudeste com a cor azul para indicar uma suposta divisão do país entre os candi-

100% de um Estado fosse Garantido ou Caprichoso, também são falsas a maioria das afirmações da mídia sobre o Mercado quando este não é visto como simples

os Gurus, que costumam arrastar multidões para suas ideias. Mas não há Deus sustentando esse mundo. As grandes viradas de sorte que o mercado proporciona, às vezes gloriosas, muitas vezes trágicas, são, tal como no mundo real, frutos da liberdade e da responsabilidade dos agentes que apertaram seus botões e enviaram suas ordens. Embora muitos insistam na esideia, neste campo, não há paço e movimenem quem colocar a culpa to, mas como se fosse um pelas mazelas decorrentes agente, uma representação dos nossos atos. Porque o antropomórfica, de onde se Mercado em si mesmo não pode deduzir suas vontades e tem rosto, nem coração, preferências. nem ninguém que lhes possa Como espaço e movimento, assumir a representação. Se o Mercado é campo rico de você olhar sem medo, com possibilidades, de estudos, a mente limpa, verá apenas análises e interpretações espaço e movimento. diversas sobre o comportamento dos agentes. Campo fascinante, porém assustador, moinho de sonhos e construtor de pesadelos para a maioria dos que o adentram sem preparo prévio. Como todo espaço humano, sujeito Genadir Garcia é graduado e licenao caos das emoções interco- ciado em Filosofia pela USP e MBA nectadas que a todos afetam em Gestão Empresarial. datos que foram aos segundo de certa forma, é campo turno das eleições, como se fértil para profetas e messias, Revista Arte Incitatus

| pág. 25


A ARTE

A

través de estudos arqueológicos, hoje sabemos que a vontade de se expressar através de algum tipo de linguagem, sempre esteve presente nos pensamentos dos seres humanos desde a Pré História, época que leva este nome por não tem nenhum registro de escrita, mas foram encontrados muitos desenhos e símbolos, que são chamados de arte rupestre; ou seja, o homem daquela época queria deixar uma marca, talvez ele não pensasse que estas marcas durariam tanto tempo, mas provavelmente gostaria que outros as vissem. Para alguns a arte esta ligada a beleza, decoração ou criação, mas na verdade é algo muito maior, ela esta totalmente ligada a história do mundo, aos maiores acontecimentos, pois se trata de uma expressão, uma linguagem, que não tem fronteiras, idioma, raça ou tempo . Quando olhamos para um desenho, uma pintura ou uma escultura , este trabalho nos diz algo, e mesmo sem saber quem fez, onde e quando tiramos alguma coisa desta experiência. Revista Arte Incitatus

| pág. 26


E

A VIDA Cinthya Vaz Como um dos conceitos da arte contemporânea diz : O observador resignifica a obra , atribuindo-lhe um sentido carregado se suas referencias , pois quem vê a obra dá a finalização do trabalho . Desenhos, pinturas e esculturas já foram ferramentas de grandes serventias a várias civilizações durante um bom tempo, serviram para retratar exatamente a realidade. Após a invenção da fotografia o pintor pôde colocar o seu olhar sobre a situação que esta retratando, pois não é mais preciso se prender a uma regra, a arte encontrou a autonomia, deu ao pintor a verdadeira liberdade continua.... Revista Arte Incitatus

| pág. 27


de criação e a pós-modernidade, deu a arte a possibilidade de se trabalhar além das formas e cores também com conceitos . Uma exposição de Arte Contemporânea pode trazer muitas duvidas, nos encantar, chocar, divertir, provocar... Ou seja, mexe com o observador, e esta é a magia da arte, ver através de criações a capacidade que o homem tem de pensar, elaborar ideias, e externar tudo isso deixando registros de coisas que estão em sua mente, e que através do olhar de outros, estes trabalhos farão surgir novas ideias, formas de pensar e opiniões. Eu, como artista plástica e amante de todas as linguagens da arte , faço um convite a vocês que estão lendo este texto: Deixe que a ARTE esteja sempre presente em sua vida, seja ao ver trabalhos de artistas famo-

Revista Arte Incitatus

| pág. 28


sos ou anônimos, assistindo apresentações de teatro, dança , ouvindo uma música, participando de oficinas de artesanato, observando qualquer tipo de expressão artística... Etc. Apenas dê esta oportunidade aos seus sentidos, viva esta experiência e tire suas próprias conclusões de como a Arte pode tocar sua Vida.

Um abraço a todos e até a próxima ! Cinthya Vaz Giorgi

Artista plástica e Decoradora

Revista Arte Incitatus

| pág. 29


Seca em São Paulo

A

crise no abastecimento de água não se deve apenas ao calor recorde e ao menor índice de chuvas já registrado nos últimos 84 anos. Especialistas defendem que o desmatamento em bacias hidrográficas contribui para diminuir a quantidade e a qualidade das águas, tanto superficiais quanto subterrâneas. O percentual de reserva florestal no Cantareira é de aproximadamente 30%, o restante foi todo degradado

Revista Arte Incitatus

pela ocupação humana com construções irregulares de moradias. De acordo com um levanta-

mento realizado pelo “Pacto pela Restauração da Mata

| pág. 30

Atlântica”, os reservatórios considerados críticos pela Agência Nacional de Águas (ANA) perderam em média 80% de sua cobertura florestal. Mas certo que o desmatamento não é a causa da seca, ela está mais próxima de gestões fracassadas dos órgãos reguladores e da própria companhia de distribuição de São Paulo que pela demora em projetos de construções de captações de água e de re-


servatórios, impôs agora à população um alto preço para que ela se conscientizasse, mesmo que oferecendo bônus (o que em si já se trata de um contrassenso mercadológico, visto que o mais usual é que se tenham aumentos de preços quando a oferta se escassa), o perigo iminente de um colapso hídrico bate em nossas portas. Recentemente ouvimo que o desmatamento na Amazônia também impacta negativamente a quantidade de chuva que chega ao sudeste, o estudo revela

que até 70% da precipitação em São Paulo, na estação chuvosa, depende do vapor d’água amazônico, e mesmo que já haja controvérsias a este respeito, não podemos deixar de ressaltar que o clima parece mesmo ter mudado e de forma drástica. È é plano de governo que este desmatamento continue com os projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que prevê grandes empreendimentos na região e o aumento da destruição da floresta, assunto que chegou a ser questionado até mesmo no último encontro de líderes na ONU, em outubro 2014. Especialistas dizem que para

cada árvore que cai, é menos água chegando para São Paulo. E quanto aos mananciais exauridos, o que restará deles?

Especialistas afirmam que é muito difícil sua recuperação, pois dizem que o solo fica pobre e seco, funcionando como uma esponja “chupando” grande volume de água, até que ele recomponha os aquíferos subterrâneos. Afirmam que em alguns casos é até impossível reverter esta degradação. Agora estamos assim, com o perigo de passar os próximos anos com a mais rigorosa experiência de se conviver com calor excessivo e com falta d’água, em que teremos que aprender a conviver com odores atípicos vindos de corpos e lares que terão de acostumar a existir sem saneamento básico. Água não é apenas um alimento que sacia a sede e que “varre” as calçadas, é também um meio de transporte que leva junto aos dejetos e esgotos das residências, as doenças que se ocultam ou que espreitam cada ser que poderá tornar-se um reservatório de contágio.

Agnaldo Ruivo Editor

Revista Arte Incitatus

| pág. 31


A plataforma é o programa 3D Studio Max, vray e plug-ins Multiscatter, Ghost Town, AdvancedPainter, GrassGen, etc. Supondo que esses plug-ins estejam instalados e configurados no seu programa 3D Studio Max, utilize unidade de medida em metric /meters. Atmosfera: Em environment click em None e selecione VraySky. Abra o Material Editor e faça uma cópia (Instance) do VraySky para o primeiro slot. Ajuste as coordenadas de VraySky, Sun Intensity Multiplier para 0,025. Em Top crie um VraySun, clique em sim para repassar os mapas. Posicione VraySun Target para coordenadas XYZ em zero e posicione VraySun em X= 500m Y=-300m Z=1000m e diminua sua intensidade para 0,025, pra conseguir um tom e intensidade azulado do céu semelhante ao real. Em Sun Light adicione o Vray Sun e nas propriedades do Vray Sun filter color= red=243 green=205 blue=104. Terreno: crie um plane básico com tamanho 500m X 500m centralize- o nas coordenadas X=0 Y=0 e Z=0 e aumente a quantidade de seguimentos para 100X100. Apesar de haver

inúmeras ferramentas para criar terrenos realistas no Max, há o método Displace, as possibilidades aumentam usando um desenho em tons de cinza ou os conhecidos HeightMaps ou “Mapas de Altura” que podem ser desenhados em programas gratuitos como o Gimp. Aplique o mapa criado como uma cópia (Instance) no Map de parameters do Displace para obter o deslocamento da malha no eixo Z, em Strength eu deixei com 50, mas dependendo do desenho formado no seu HeighMap é interessante testar outras combinações até o resultado ideal. Para o Mapa do relevo deve ser mescladas duas texturas, uma para o topo com vegetação em evidência e outra para baixo nas bordas da praia, utilize o material TopBottom do Max que oferece controle, além de definir a altura automaticamente, ganhando muito tempo com ajustes UVW map.

Revista Arte Incitatus

Artista Digital

| pág. 32


Revista Arte Incitatus

| pรกg. 33


O Real Valor do Metal

| Cláudio Magalhães

U

ma das mais tradicionais e respeitadas bandas do rock pesado brasileiro foi formada na capital paulista em meados de 1981 com o nome de Salário Mínimo. China Lee (vocal), Junior Muzilli (guitarra), Magoo (baixo) e Beá (bateria) se juntaram com o propósito de tocar Rock e assim os ensaios começaram ao som da banda Casa das Máquinas. A banda remonta uma história no fim dos anos 70 com a banda Primeiro Pecado, que era os olhos de Junior Muzilli e Beá. Inclusive a região era a beca de bandas como Santa Gang. Após alguns contratempos o Salário Mínimo se efetivou com China, Junior, Beá e Magoo. O primeiro show foi para um público de mais de 500 pessoas no Colégio Industrial, na Vila Maria, Zona Norte de São Paulo. Este foi o pontapé inicial para a carreira da banda na região norte, já que vieram de Santo Andre, apenas Junior Muzilli era da Vila Maria. As músicas na época eram Delírio Estela, Cabeça Metal, Perigo, Ano 2000, mas as duas primeiras é que tinham mais a cara da banda e a que podia ouvir como a cara também da banda. A atmosfera musical no mundo estava mudando e o metal começou a crescer não só nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas em países como o Brasil. E é desta safra que vem bandas de renome como Centurias, Viper, Revista Arte Incitatus

| pág. 34

Avenger, Virus, Harppia, Korzus, Cérbero, Vodu, entre tantas outras. Com o objetivo de fazer música de fácil assimilação, pesada e com um ponto forte no visual, duas composições se destacaram e foram parar no disco “SP Metal” (1984), produzido pelo Luis Carlos Calanca, proprietário da loja/selo Baratos e Afins. Junto às bandas Avenger, Virus e Centúrias, o Salário começou a mostrar garra com “Cabeça Metal” e “Delirio Estelar”. Duas coisas importantes que fazem do Salário Mínimo, uma banda honesta: primeiro, cantam em português e a segunda é que querem fazer o som que eles mesmos compõem e conseguem passar todo o feeling próprio para seu público. O SP Metal alavancou uma série de espaços através do próprio lançamento que ocorreu no Clube das Bandeiras em Pinheiros, além do Madame Satã, Lira Paulistana, Rainbow Bar, Teatro Mambembe, Praça do Rock e o Salário sempre foi um dos cabeças deste movimento. Tocou no Festival Heavy, na Raio Laser, junto


à Banda Improviso, este festival reuniu bandas de porte como Vipér, Karisma, Virus, Abutre, Centurias. Como a estrada desgasta e faz mudanças, logo algumas começaram a aparecer e houve duas baixas com a saída de Beá e Magoo, substituídos, por Nardis Lemme e Thomas Wandy, respectivamente. Com o som mais pesado, optaram também pela entrada de um novo guitarrista e com isso um novo Membro se firmou na for- mação do Salário: Arthur Crown. As músicas compostas nesta época fez surgir o primeiro LP, intitulado Beijo Fatal. Fica difícil comparar as composições, por que o primeiro trabalho havia sido uma coletânea e as duas músicas, “Cabeça Metal” e “Delírio Estelar”, viraram clássicos do metal nacional. Beijo Fatal mostrou uma cara mais hard rock da banda, com a inclusão de mais um guitarrista e letras que eram ligadas ao amor sacana, banal, erótico, o amor pornográfico que as noites de São Paulo traziam aos jovens. Incluíram uma balada “Sob o Signo de

Vênus” e uma cover de Rosa de Hiroshima (Secos e Molhados), que mais tarde não saiu na versão em cd, mas foram incluídos mais cinco bônus, inclusive composições da banda Extravaganza. Vale lembrar que o LP teve participação da RCA na distribuição e vendeu por volta de 100 mil cópias, o que fez crescer ainda mais a popularidade da banda em todo o Brasil. O tempo passa e nem tudo que fazemos mostra uma face agradável, isso ocorre em qualquer parte do mundo e as bandas foram se dissolvendo ao tempo, enquanto muitas bandas passaram a visitar o Brasil e as gravadoras abrirem um vão nas portas o Salário manteve-se em seu rumo, fazendo honestamente o que sempre propôs, seu hard/heavy de qualidade, em português e mantendo uma união entre banda e público. Mesmo assim a Banda sofreu uma primeira parada no início dos anos 2000, com isso China Lee se juntou a Micka (ex-Santuário) e formou a banda Extravaganza, que chegou a gravar um disco chamado O Prazer é seu, em 1993, além dos dois os integrantes que gravaram o disco foram: Thiago Chassereaux (baixo), Danilo Namoratto (bateria) e Tony Lapetina (teclados). O som da banda estava mais para o hard oitentista americano do que para o épico que o Santuário fazia. Já pela parte de Junior ele voltou a tocar com sua antiga banda, o Primeiro Vício, junto com o Beá e o William Kusdra. O Primeiro Vicio foi uma base para o Salário Mínimo, acredito que para o Júnior cotinua.... Revista Arte Incitatus

| pág. 35


seja aquela paixão eterna, um filho que se vê de vez em quando, de qualquer forma houve uma gravação de um cd e algumas gravações de estúdio e um show na Biblioteca Kennedy, em Santo Amaro, reduto original da banda. Vale lembrar que o Bea, infelizmente veio a falecer; Em meados de 2002 já era hora de pensar em um retorno e o vocalista traz de novo o Salário Mínimo para os palcos, mudança na formação, desta vez, além de China, estão Xan Costa na bateria, Alan Flávio na guitarra e Emerson Tanaka no baixo. Houve um show nesta época em comemoração ao aniversário da casa Led Slay e havia mais de 1.000 pessoas no local cantando as músicas. Esta mesma formação é a que está na contracapa do cd Beijo Fatal, relançado pela Baratos Afins em 2003. Houve algumas alterações na banda, caso da saída Alan Flavio, Emerson Tanaka, Xan Costa, além da permanência de músicos como Kenzo Shimobokulo (in memorian – 2011) na guitarra e

houve o retorno do fundador Junior Muzilli, na guitarra para que começasse a estruturar a base do que hoje é o Salário Mínimo. O primeiro trabalho depois de muito templo chama-se “Simplesmente Rock” e mostra a força da banda com músicas como Eu Não Quero Querer mais e Sofrer fazem parte do repertório de shows, além da regravação de Delirio Estelar. Muitos consideram esta a melhor formação da banda, mas acho que com a Entrada de Marcelo Campos em 2011 a banda se estabeleceu com uma pegada forte e uma amizade muito constante no palco, percebe-se pelas brincadeiras e descontração ao vivo. O peso no nome Salário Mínimo pode ser medido pelos últimos anos onde a banda foi convidada para fazer abertura dos show que condizem com sua história, nomes consagrados internacionalmente como Uriah Heep, Scorpions, UDO e Twisted Sister, ainda fez parte do cast do Super Peso Brasil, ao lado de bandas importantes como Centúrias, Metalmorphose, Stress e Taurus. Acho que um dos pontos mais fortes da carreira do Salário, foi a participação do SP Metal, pois foi um passo importante para o movimento heavy metal brasileiro e este disco será lembrado eternamente com o a grande obra brasileira do metal, e o Salário Mínimo está ali. Discografia: SP Metal - 1984 (com as bandas Virus, Salário Mínimo, Avenger e Centúrias) Beijo fatal – 1987 Simplesmente Rock – 2010 www.bandasalariominimo.com.br

Willian Lopes, bateria, ambos tocaram na banda entre 2006 a 2009, outro que passou pelo Salário foi Marcelo Ladwig (King Bird), entre 2009 a 2011 e gravou o Simplesmente Rock. Emerson Tanaka deu lugar em 2008 para Diego Lessa e também Revista Arte Incitatus

| pág. 36

Cláudio Magalhães é escritor, jornalista e crítico musical


A Pedra de Roseta

| Agnaldo Ruivo le não tinha tanta certeza quanto ao local de sua concepção, podia ter sido numa noite no banco da praça, no assento traseiro do automóvel ou até mesmo numa tarde num quarto barato de hotel. José já não tinha dúvidas, o filho havia sido gerado na casa de seus pais, numa noite ruidosa pela intermitência de uma forte chuva. Várias vezes o ato sexual fora interrompido e recomeçado por causa do constante medo de que alguém os surpreendesse, e talvez por isso a criança desde cedo se mostrasse com um enorme espanto a tudo que a cercava. Diziam os pais, secretamente, que o coito interrompido é que causara na criança o entusiasmo criador e a inspiração. Possui uma necessidade nata de recriar algo ocorrido para em seguida proferir algumas palavras em forma de desígnios, e por ter nascido em vinte e cinco de dezembro lhe deram o justo nome de Jesus. Os pais gostavam de acreditar que a criança possuísse de fato alguns dons, principalmente o de proferir parábolas, e quando o menino pronunciava algumas palavras, logo eles anotavam em um caderno tudo aquilo que eles acreditavam ser de uma ordem e realidade superiores. No frontispício do caderno, os pais orgulhosos anotaram em letras caprichosamente decoradas em baixo relevo o prodigioso título: “Assim Jesus disse...”. A criança cresceu outros tantos problemas na vida ela experimentou e sentiu acontecer, mas continuou a anotar neste caderno o que podia dizer de tudo que tivesse de ser dito, compreendido, materializado, feito, desfigurado, moldado... Até que suas palavras se tornassem verdadeiramente a cruz que tencionado à crucificação ele havia desde sempre buscado. Não sei como e nem porque, mas o caderno manuscrito acabou em minha posse, onde num canto obscuro e esquecido do pequeno sebo eu o adquiri. Lido, não saberia dizer se seu conteúdo é um amontoado de besteiras, frases e máximas insignificantes que sempiterno se repetem na fala de qualquer um de nós, ou se nele estejam contidas verdades tão grandiosas e reveladoras como as de Cristo em seu tempo. Com o tempo aprendi que observar é melhor do que julgar e do pouco que restou daquele caderno, hoje perdido, somente estas poucas linha foram anotadas: ”Escrevo para que gerações futuras conheçam as virtudes e os defeitos de outras gerações parecidas com as delas mesmas, e que possam se conformar com o fato de não serem os modelos e padrões estabelecidos

E

na perfeição. Que possam entender estar vivendo em tempos das coisas tolas e superficiais, pois que escrever é preparar um testemunho de amor e de ódio, sentença de juízo em que a própria palavra seja a máxima de todo um julgamento”. ASSIM JESUS DISSE: * Mesmo a dureza da rocha não suporta a ação do tempo, o desgaste provoca poeira que se acumulando em forma de pó transforma toda a matéria. * Não há prova maior do abatimento moral, do que aquela que nós levamos a acreditar cegamente em Deus. * Na vida não existem amigos e nem inimigos, existem interesses em comum. * A escravidão branca é o mal de se nutrir sempre do mesmo alimento e no mesmo lugar. * Tomamos a palavra mais pelo que a ouvimos e menos pelo que a dizemos. Transmitimo-la pelo que possuímos de senso comum, menos pelo seu significado. * Os anos de convivências faz com que percebamos as nossas falhas. Só as cometemos tendo por justificativa nossa própria falta voluntária. * Duas mulheres ofendiam-se no meio da praça, discutindo e não se entendendo, cada qual defendia sua dignidade perante a outra com uma ardilosa indiscrição. O povo se amontoava em volta para ouvir de suas bocas o que sentiam em seu peito. Porém, em verdade vos digo: Ninguém, senão o Divino tem na fala a prontidão de seus dias. * Tu estarás ocupado para me ouvir ainda hoje, então creias que haveremos de conversar no infinito. * Estais entediados com alguma desilusão? Em verdade vos digo que nada como uma decepção atrás de outra para debelar teu pasmo. Do que fora feito de Jesus eu não sei dizer, seus passos parecem ter sumido da história. Somente deixou umas palavras escritas num caderno esquecido numa prateleira qualquer de um sebo, o qual em tê-lo adquirido eu tenha produzido um sopro de ar da mesma forma que o vento espalha poeira nos lares. Feito o desgaste da rocha em pó, acumulei em palavras toda a matéria.

Agnaldo Ruivo é editor da revista Arte Incitatus

Revista Arte Incitatus

| pág. 37


DISTOPIA

Por vezes. o pior inimigo pode estar dentro de n贸s mesmos.

F R A M E POR F R A M E

Revista Arte Incitatus

| p谩g. 38


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.