Jornal da Alerj 305

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JORNAL DA ALERJ A S S E M B L E I A L E G I S L AT I VA DO E STA DO DO RIO DE JA N EIRO Ano XIII N° 305 – Rio de Janeiro, 1 a 15 de setembro de 2015

Alternativas

PARA SAIR DA CRISE Fórum realiza evento para discutir a situação da indústria automotiva no Sul do Estado. Empresas perderam três mil postos de trabalho em dois anos pÁGINAS 4 e 5

Debate sobre Uber e Resolve Aí traz taxistas para audiência na Alerj pÁGINAS 6 E 7

Feridas crônicas: comissão realiza evento para falar de políticas para a doença pÁGINAS 8 E 9

Alô Alerj cria conta no WhatsApp para receber reclamações da população pÁGINA 12


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Frases

Foto:Rafael Wallace

No Brasil, sedentarismo é um problema de grande importância. As pesquisas mostram que a população gasta bem menos calorias por dia do que gastava há 100 anos”

Em muitos dos casos, professores têm se valido de sua posição de autoridade dentro da sala de aula para impor visões políticas e ideológicas

Foto:Vitor Soares

Foto: Rafael Wallace

Benedito Alves (PMDB), na justificativa de projeto que institui programa de incentivo à prática de atividades físicas

É inadmissível que o Estado esteja na expectativa que os municípios forneçam meios de transporte para jovens sob tutela estadual

Milton Rangel (PSD), sobre projeto de lei que institui programa Escola Sem Partido

Redes Sociais

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Em todas as cidades do Estado foi dia de eleição no 1º turno do Parlamento Juvenil. Estamos construindo ao poucos uma nova política!

Dep. Wanderson Nogueira

Cerimônia na Alerj: Homenagem aos atletas brasileiros medalhistas nos Jogos Parapanamericanos Toronto 2015 �#�orgulho�paralímpico #inclusão�

Dep. Tania Rodrigues

03/09 - Facebook

03/09 - Facebook

Júlio Pinón @jpinon 10/09 Instagram

Comte Bittencourt (PPS), em audiência sobre os problemas de ensino enfrentados pelo Degase

Vacê Sabia?

Foto: Rafael Wallace

Os nomes de logradouros e prédios públicos do Estado do Rio que façam alusão a pessoas, datas e fatos relacionados à ditadura militar poderão ser substituídos. É o que determina o projeto de lei 2.193/13, de autoria dos deputados Paulo Ramos (PSol), Luiz Paulo (PSDB) e do ex-deputado Gilberto Palmares, aprovado no dia 9, em primeira discussão, pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O projeto estipula que os nomes sejam modificados em até 12 meses, a partir da data de publicação da lei. Pela proposta, a substituição poderá ser feita pelo Executivo estadual ou por meio de proposta da Alerj. Segundo Paulo Ramos, a Casa pode dar um exemplo de democracia: “É preciso reconhecer a história e repudiar esse período, e uma forma é a supressão das homenagens aos que praticaram atos desumanos. Essa também será uma forma de homenagear os perseguidos pela ditadura”. A proposta teve pedido de verificação de votos. Foram 47 votos a favor, três votos contrários e uma abstenção. O texto ainda será votado em segunda discussão pela Alerj.

*As mensagens postadas nas redes sociais são publicadas sem edição de conteúdo.

Expediente Presidente - Jorge Picciani 1º Vice-presidente - Wagner Montes 2º Vice-presidente - André Ceciliano 3º Vice-presidente- Marcus Vinicius 4º Vice-presidente - Carlos Macedo 1º Secretário - Geraldo Pudim 2º Secretário - Samuel Malafaia 3º Secretário - Fábio Silva 4º Secretário - Pedro Augusto 1o Suplente - Zito 2 o Suplente - Bebeto 3º Suplente- Renato Cozzolino 4º Suplente- Márcio Canella

JORNAL DA ALERJ Publicação quinzenal da Subdiretoria Geral de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Jornalista responsável: Daniella Sholl (MTB 3847) Editora: Mirella D'Elia Coordenação: Everton Silvalima Equipe: André Coelho, Buanna Rosa, Camilla Pontes, Tainah Vieira, Symone Munay e Vanessa Schumacker.

Editor de Arte: Rodrigo Cortez Editor de Fotografia: Rafael Wallace Secretária da Redação: Regina Torres Estagiários: Andressa Garcez (publicidade), Carolina Lessa, Felipe Teixeira, Gabriel Deslandes, Gustavo Natario, Iara Pinheiro (foto), Isabela Cabral, Lucas Moritz, Octacílio Farah (foto), Paulo Corrêa (publicidade), Priscilla Binato, Rayza Hannah (publicidade), Tomás Battaglia e Vitor Soares (foto). Impressão: Imprensa Oficial

Tiragem: 2 mil exemplares Telefones: (21) 2588-1404 / 1383 Rua Primeiro de Março s/nº, sala 406 Palácio Tiradentes - Centro Rio de Janeiro/RJ - CEP 20.010-090 Email: dcs@alerj.rj.gov.br Site: www.alerj.rj.gov.br www.twitter.com/alerj www.facebook.com/assembleiarj Instagram: @instalerj Capa: Octacilio Barbosa (foto)


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HOMENAGEM

Foto: Amanda ALexandre

Jorge Picciani, observado pela deputada Tania Rodrigues, cumprimenta atletas paralímpicos durante evento no plenário

Atletas que valem ouro Campeã dos Jogos Parapan Toronto 2015, equipe brasileira recebeu moções de congratulação e aplauso i saBela caBral

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tletas medalhistas dos Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015 receberam moções de congratulação e aplauso na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) no dia 3. Em cerimônia no Palácio Tiradentes, 20 paratletas convidados foram recepcionados pelo presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), e pela vice-presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência, deputada Tania Rodrigues (PDT). O Brasil conquistou o primeiro lugar nos jogos, que terminaram, em agosto, no Canadá. Foram 257 medalhas no total: 109 de ouro, 74 de prata e 74 de bronze. Segundo Tania, o bom resultado é produto da história do paradesporto no país,

que surgiu em 1958 e foi impulsionado pela criação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em 1995. “Estamos colhendo os frutos de 20 anos de atuação do comitê e temos formado atletas desde a infância. Estive em Toronto e a música que mais ouvi foi o Hino Nacional Brasileiro”, disse. O vice-presidente do CPB, Mizael Conrado, também esteve no evento. Picciani parabenizou os medalhistas e afirmou que a homenagem é de todo o parlamento fluminense e de toda a população do Estado do Rio.

Campeões Ouro na modalidade salto em distância, Pedro Paulo Neves se emocionou ao subir no pódio em sua primeira competição internacional. “É uma sensação incrível naquele momento, ouvindo o Hino tocar, vendo a bandeira do Brasil subir”, contou. O carioca Brian D’Angelo conquistou medalha de ouro no futebol de 7, praticado por pessoas com paralisia cerebral. “Foi um gostinho muito bom ser campeão na minha primeira competição oficial na seleção”, afirmou.

Quadro de medalhas

Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015 ouro

prata

bronze

total

1) Brasil

109

74

74

257

2) Canadá

50

63

55

168

3) EUA

40

51

44

135


4 caPA Capa

Para acelerar o CRESCIMENTO

Fórum: sugestões para diminuir a crise na indústria automotiva

A

Vanessa S chumacker

e

Gustavo Natário

indústria automotiva do Sul Fluminense é um dos setores que mais sofrem com a crise econômica no Brasil. A região, que abriga o segundo maior polo automotivo do país – mais de 20 empresas, entre montadoras e fornecedores –, perdeu três mil postos de trabalho nos últimos dois anos. Dos 12 mil empregos locais, apenas 70% estão ativos e mais de 3 mil trabalhadores estão em contratos de lay-off, jornada de trabalho reduzida ou de férias forçadas. Para propor medidas e debater a grave situação do setor, o Fórum de Desenvolvimento do Rio realizou uma reunião com representantes de montadoras, cadeia de fornecedores, sindicatos e federações da indústria e do transporte, no dia 8, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O governador Luiz Fernando Pezão, que participou do evento, propôs incentivos para a renovação das frotas de táxi do Estado. Ele acredita que o momento

é propício devido às Olimpíadas de 2016 e que isso aqueceria a indústria do Sul Fluminense. A implantação seria por meio de linhas de créditos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES). A reunião foi conduzida pelo presidente da Alerj e do Fórum, deputado Jorge Picciani (PMDB). Ele lembrou que o parlamento vai intermediar a discussão: "A Alerj trabalha na articulação entre o setor produtivo, os órgãos de fomento e financiamento e as federações, na busca de soluções que possam retomar o crescimento do Estado, principalmente nesse momento de dificuldade". A superintendente Nacional de Estratégia para Micro e Pequeno Empreendedorismo da Caixa, Eugênia de Melo, disse que, além de apoiar a renovação dos táxis, o banco vai oferecer condições especiais em linhas de crédito para capital de giro e investimento para socorrer a indústria

automotiva e o setor de autopeças. "As agências da Caixa estão preparadas e de braços abertos para receber os representantes do setor. As condições especiais serão concedidas a empresas que se comprometerem a não demitir funcionários durante a crise atravessada pelo setor automotivo". Ricardo Santos de Lima, taxista há quase 15 anos, recebeu com entusiasmo a notícia de novos incentivos e financiamentos: “Quanto mais facilidades tivermos para trocar os nossos veículos, melhores serviços vamos conseguir oferecer. O cliente é o que mais se beneficia”, comentou Lima. Pezão também apresentou outras medidas para fomentar a indústria local: "Podemos comprar novos ônibus escolares e isentar impostos para garantir mais empregos. Também temos que aprimorar a infraestrutura local para melhorar a logística das empresas. A pista de descida da Serra das Araras deve ser duplicada


Fotos: Iara Pinheiro

Foto: Divulgação

Pezão disse que dará incentivos para a renovação da frota de táxis. Picciani e Rechuan também se uniram em prol do setor industrial no sul do Estado

e estamos estudando a criação de uma terceira pista na Via Dutra". Moradora de Resende, a deputada Ana Paula Rechuan (PMDB), que teve a ideia de botar a discussão em pauta, demonstrou preocupação com a situação dos municípios. Segundo ela, o número de desempregados na região provoca impactos no comércio e na rede pública de saúde. "Todas as empresas oferecem plano de saúde a seus funcionários e familiares, com o número alto de desempregos no setor, cresceu a procura pelo SUS. Além disso, muitos alunos migraram do ensino particular para o público", explicou. A deputada disse ainda que o mercado de caminhões e ônibus foi o que acumulou maior queda no primeiro semestre: "O mercado de caminhões perdeu mais de 40% de vendas, o de ônibus chegou a 60% e o de carros, 21%". Segundo ela, é preciso que haja uma redução do IPVA nas compras e facilidade na obtenção de linhas de crédito. (colaborou Isabela Cabral)

Bilhete Único Outra solução apontada no evento foi a criação do Bilhete Único do Sul Fluminense. Para o presidente da Fetranspor, Lelis Marcos Teixeira, a medida é interessante porque diminuiria os gastos das empresas e não teria impacto no orçamento do Governo. “Em momento de crise, temos que apresentar propostas que não aumentem os gastos do Estado”, disse. Após a reunião, a deputada Ana Paula Rechuan decidiu apresentar um projeto de lei para que o Bilhete Único seja estendido ao Sul do Estado. "Isso não acarretaria gastos para o Estado, sendo necessário apenas a implantação da biometria na região. Dessa forma, a indústria terá um gasto a menos com fretamento de veículos para levar os funcionários até a empresa, além de o bilhete favorecer o transporte entre municípios e a preservação dos empregos do setor", defendeu.

NÚMEROS 1,3 milhão

veículos produzidos no país até julho

6,01%

produção do Sul fluminense em relação ao país

26%

Setor industrial em relação ao PIB do Estado

18%

queda na produção de veículos

10%

queda de postos de trabalho na indústria em agosto


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UBER X

Comissão de Transporte traz, pela primeira ve

A

Fotos: Iara Pinheiro

Vanessa s chumacker

Dionísio Lins (alto) é contra o Uber; Mangabeira defende o app: "é um serviço em benefício da cidade"

Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) estuda proibir aplicativos que atuam no serviço de transporte particular de passageiros, como Uber e Resolve Aí. Em audiência pública no dia 9, o vice-presidente da comissão, deputado Dionísio Lins (PP), disse que os aplicativos são ilegais e precisam ser impedidos de atuar. O parlamentar vai enviar à mesa diretora ofício pedindo que o projeto de lei 3.022/15, de sua autoria, seja colocado em pauta para votação em regime de urgência: "O Uber é ilgeal, considero transporte pirata. O Resolve Aí está ocupando pontos de táxi, quero saber de onde veio essa licença”. Para o presidente da comissão, deputado Marcelo Simão (PMDB), os serviços estão tirando a vaga de profissionais regularizados e habilitados para

a função de taxista. "Essa concorrência é desleal", defi niu o parlamentar. Representante do Uber no Brasil, Daniel Mangabeira esteve, pela primeira vez, na Alerj. Ele disse que o aplicativo é uma nova forma de fazer transporte urbano e de prestar serviço de transporte na cidade. "O Uber está aqui em uma discussão muito maior, de um mercado novo", disse. Mangabeira destacou que leis federais permitem o funcionamento do serviço. "De acordo com a legislação brasileira, operamos no mercado de forma legal, porém, ainda não regulamentada. O Uber não é concorrente, é complementar e não entra em conflito com os táxis. Ele contribui para reduzir o número de carros nas ruas", afi rmou. Estudo feito pelo aplicativo, acrescentou Mangabeira, apontou que 80% dos passageiros usariam o próprio carro se não houvesse o Uber e 70% iriam de táxi. "É importante discutir a regulação em


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X TÁXI

ez, diretor do Uber no Brasil para audiência

benefício da cidade", disse. Ele propôs a criação de uma taxa, a ser paga pelos motoristas do Uber, e que seria revertida para um fundo de investimento na melhoria de ônibus, táxis e trens da cidade. De acordo com o representante do Uber, a medida será implantada na Cidade do México, onde o aplicativo já é regulamentado: "O pagamento da taxa foi a forma que o poder público encontrou para subsidiar o transporte público por meio do transporte privado". Legislação Segundo o presidente da Associação de Assistência aos Motoristas de Taxi do Brasil (Aamotab), André de Oliveira, o Uber é uma prestação de serviço "ilegal". "Queremos desmascarar essa farsa. Já temos 30 mil táxis no Rio. Aumentar o número de carros na rua vai provocar um caos no trânsito", disse André. "Já temos aplicativos, como o 99 Táxis e o Easy Táxis, que atendem muito bem,

inclusive com oferta de táxis de luxo, especiais ou executivos." O secretário de Estado de Transportes, Carlos Roberto Osório, disse que não cabe ao Governo do Estado legislar sobre o transporte de passageiros. "É competência dos municípios a questão da regulação do transporte individual de passageiros por cobrança. Se existe necessidade de mudança, o fórum é a Câmara de Vereadores. A posição do Estado é fazer cumprir a lei, e ela diz que o sistema individual de passageiros por cobrança só pode ser feito por táxis registrados", afirmou Osório. No dia 25 de agosto, a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aprovou o projeto de lei 122/14, que regula o transporte individual remunerado. Novos serviços têm que ser operados por taxistas licenciados, o que, na prática, impede a operação do aplicativo Uber. O projeto espera a sanção ou veto do prefeito Eduardo Paes.

App polêmico O Uber é um aplicativo que já existe em 300 cidades de 58 países. No Brasil, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio contam com o serviço. Na capital paulista, a discussão teve fim no dia 9, quando a Câmara de Vereadores proibiu, em segunda discussão, o funcionamento do app. Outras 12 cidades que ainda não contam com o serviço já têm projetos de lei para proibi-lo: Vitória, Maceió, Curitiba, Salvador, Recife, Manaus, Goiânia, Cuiabá, Aracaju, Natal, João Pessoa e Campo Grande. Em algumas localidades, houve denúncias de sequestro e descaso quanto à verificação dos antecedentes criminais dos motoristas que prestam o serviço.


SAÚDE

Feridas crônicas teimam em não cicatrizar

Foto: Octacilio Barbosa

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Doença atinge cerca de 5 milhões de pessoas em todo o Brasil

U Buanna R osa

e

S ymone Munay

ma fratura de perna levou o entregador Hélio Silveira da Silva, de 55 anos, a viver cinco anos com os transtornos de um paciente de ferida crônica, uma doença silenciosa e cercada de desinformação. As feridas crônicas são um dos mais graves problemas de saúde pública da atualidade. Estimativas do Ministério da Saúde apontam que o problema afeta a rotina de aproximadamente 5 milhões de brasileiros. No Rio, cerca de 350 mil pessoas convivem com a enfermidade e suas sequelas, o que motivou a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) a discutir políticas públicas para melhorar a vida de pessoas como Hélio. Nascido e criado na Rocinha, Zona Sul do Rio, apesar de curado, o entregador não consegue usar sapatos ou tênis. “Fui vítima de uma trombose e, salvo anos depois pela boa vontade de uma médica que me levou a uma clínica particular, porque, no Hospital Miguel Couto, onde fui atendido, não tinha cirurgião vascular”, diz. Apesar do tratamento das feridas crônicas ser um desafio a mais para o Sistema Único de Saúde (SUS), pois requer a criação de políticas públicas especializadas, foi no Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio (Uerj), que, em apenas quatro meses, Hélio se curou. As feridas crônicas são uma doença que representa enorme prejuízo social, tanto para o doente, impossibilitado de exercer as suas atividades cotidianas, quanto para os seus familiares. O presidente da Comissão de Saúde da Alerj, deputado Jair Bittencourt (PR), lembrou que é a 10ª maior causa de afastamento do trabalho no Brasil. “Mais de 200 mil trabalhadores estão afastados temporariamente por causa

das feridas crônicas. É um dado alarmante que mostra que o Estado precisa se conscientizar e atuar na causa”, afirma. Presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, o médico Carlos Eduardo Virgini conta que três mil pacientes aguardam atendimento só no município do Rio. Ele ressalta que, em alguns casos, o tratamento pode levar até 20 anos. "O resultado varia conforme o organismo do paciente, podendo ser rápido ou lento. O problema é que essa é uma doença que traz enormes problemas pessoais e desconforto, independente do tempo que leva para ser tratada.” Segundo Virgini, uma ferida crônica é aquela que está há três meses sem cicatrizar. O tratamento só pode ser feito em ambulatórios, acrescenta. (leia entrevista na página 9) Pé diabético Entre as principais feridas crônicas diagnosticadas estão a úlcera venenosa, que ocorre quando as varizes não são tratadas e evoluem por anos, não cicatrizando. O chamado “pé diabético” atinge 20% dos pacientes diabéticos e pode levar à amputação. E, por último, a úlcera por pressão, que afeta principalmente idosos, cadeirantes e portadores de paralisia, que ficam muito tempo na mesma posição, em contato com a cama ou a cadeira de rodas. O secretário de Estado de Saúde, Felipe Peixoto, anunciou que pretende criar um cronograma de ações para prevenir e tratar as feridas crônicas no Estado. “Queremos incorpora-lás aos programas de prevenção e tratamento que já existem na Secretaria”, declarou Peixoto, no Seminário para Discussão e Construção de uma Política Pública para Atenção da Pessoa com Feridas Crônicas, realizado, em agosto, no plenário da Alerj.


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Ping-pong com o médico Carlos Virgini Presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e professor de Cirurgia Vascular e Endovascular da Universidade de Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Carlos Virgini é uma referência quando o assunto são as feridas crônicas. O médico, que trabalha no Hospital Universitário Pedro Eernesto (Hupe), falou com o JORNAL DA ALERJ: Que hospitais públicos oferecem o tratamento? O Pedro Ernesto e a Policlínica Piquet Carneiro, ambas unidades da Uerj. O custo é bem alto, mas algumas cidades como Salvador e Londrina já oferecem esses tratamentos em toda a rede pública de saúde. Que tecnologia é usada nos casos agudos da doença? A escleroterapia ecoguiada, que consiste no tratamento das varizes com laser ou, no nosso caso, injeção de espuma densa com o auxílio de aparelho ultrassom. É realizado em ambulatório e não é necessária a internação. O paciente volta pra casa no mesmo dia que realiza o procedimento. Na Uerj, esse tipo de processo é feito para pacientes com úlcera venosa. Como os pacientes podem receber esse tipo de tratamento na Universidade do Estado do Rio? O paciente precisa procurar a Central de Regulação de Vagas e ser avaliado. Obtendo a indicação do órgão, ele é encaminhado para o tratamento. Foto: Rafael Wallace

Custo da doença pode chegar a R$ 5 mil/mês por paciente No Brasil, são gastos, em média, pelos governos estaduais R$ 8 milhões no tratamento de feridas crônicas de alta complexidade, por ano, informa a enfermeira, especialista em lesões de pele da Sociedade Brasileira de Enfermagem e Dermatologia, Marinês Marques. Só no Rio de Janeiro, um paciente com ferida crônica, gasta, com curativos, cerca de R$ 5 mil por mês, afirma a diretora da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro, Ana Mósca. O filho de Cristina Pliego, Felipe, de 3 anos (foto acima), nasceu com epidermólise bulhose, uma ferida crônica que provoca bolhas na pele causadas por qualquer tipo de trauma. Para tratar as feridas dele, Cristina gasta, por mês, R$ 8 mil. “Com esse dinheiro, compro vitaminas, curativos e outros insumos necessários, como luvas”, conta. Há um ano, Cristina entrou com um recurso na Justiça e conseguiu que o Estado custeasse o gasto: “Trimestralmente, o Governo me paga R$ 24 mil, para a compra de tudo que o Estado não tem como disponibilizar na rede pública”.

Cuidados • Visitas ao médico na observação de sinais e pequenos machucados • Cuidado com os pés de pessoas diabéticas: evitar sapatos apertados, nunca andar descalço e cuidado no corte das unhas • Se possível tratar precocemente as varizes dos membros inferiores • O paciente com ferida crônica não deve fumar


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COLUNA

UM PALÁCIO DE HISTÓRIAS

pARLAMENTO JUVENIL

Foto: Octacilio Barbosa

Foto:Rafael Wallace

Eleição movimentou o Ciep 434, em Caxias, que teve 14 estudantes inscritos

Personagens políticos s ymone munay

Desde que foi inaugurado, em 1926, com a chegada de Washington Luís ao poder, o Palácio Tiradentes recebeu diversas personalidades que fizeram história na política nacional e internacional. Em 1947, o presidente norteamericano Harry Truman esteve por aqui e discursou no plenário. Nesse mesmo ano, a Casa teve em sua bancada o deputado comunista (e escritor) Jorge Amado, que engrossou a lista de parlamentares ao lado de Maurício Grabois e João Amazonas. Foi nas escadarias do Palácio Tiradentes que Juscelino Kubitschek, após a homologação de sua candidatura presidencial, em 1955, foi carregado nos ombros por correligionários. Dois anos depois, o presidente da Câmara, Ulysses Guimarães, e o vicepresidente da República, João Goulart, estiveram juntos no salão nobre da Casa durante um evento social. Em 1961, o Dia do Servidor Público trouxe ao plenário o então primeiro-ministro Tancredo Neves. Em 2007, o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi homenageado com a Medalha Tiradentes. Seu discurso de agradecimento durou duas horas e 10 minutos. E a mais alta comenda da Casa também foi concedida, em 2012, a Michelle Bachelet, atual presidente do Chile.

pJ na reta final Projeto teve primeiro turno agitado e 55 cidades com representantes escolhidos s ymone munay

U

e

tomás BattaGlia

ma festa democrática. Assim foi o 1º turno da 9ª edição do Parlamento Juvenil (PJ), projeto da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em parceria com as secretarias de Estado de Educação e de Esporte, que visa a aproximar o jovem da política. O 2º turno também já foi realizado. Aconteceu no dia 15, mas seu resultado só será divulgado após o fechamento deste número do JORNAL DA ALERJ. No 1º turno, ocorrido no dia 3, 55 cidades souberam quais alunos virão à Alerj no fi m do ano, já que apenas uma escola do município tinha candidatos – ao todo, 231 escolas da rede pública de ensino participaram e 515 estudantes se inscreveram. “O que se pretende com o PJ é aprimorar o processo democrático para a evolução de todos”, disse o coordenador do projeto, deputado Wanderson Nogueira (PSB). Lara Carvalho, de Duas Barras, foi a única inscrita no município. “Como já tinha sido eleita

para representar a cidade na edição passada e gostaram do meu projeto, acabei sendo escolhida novamente”, declarou. Luiza Barros do Nascimento, de Iguaba Grande, também foi reeleita no 1º turno: “Meu projeto quase passou na comissão e, por isso, me mandaram de novo”. Votação eletrônica As eleições para o 1º turno foram marcadas por duas novidades: as inscrições online e a votação realizada através de um aplicativo de celular testado com sucesso no Ciep 479 Mário Simão Assaf, em Cachoeiras de Macacu, na Região Metropolitana. Os 373 estudantes locais votaram no modo eletrônico por meio do dispositivo ApertaQuem e puderam ter acesso à foto e ao nome dos candidatos. Assim que a votação foi encerrada, os jovens souberam do resultado: venceu Wesley Pereira, com 211 votos válidos. O Parlamento Juvenil segue os mesmos moldes de um parlamento convencional, com direito à escolha da Mesa Diretora, Regimento Interno e votação em plenário. Durante uma semana (em novembro), os estudantes passam a ter as mesmas atribuições de um deputado estadual. Para mais informações, acesse www.parlamento-juvenil.rj.gov.br.


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CULTURA

Virtuose do piano

Foto: Rafael Wallace

Álefy Santos, que começou a tocar aos 12 anos, fez sua estreia em apresentação solo

Jovem de 17 anos toca peças de Mozart e Bach em apresentação no Parlamento

C

Gabriel D eslandes

lássicos da música erudita, como Jesus, Alegria dos homens (Johann Sebastian Bach) e Für Elise (Beethoven), ressoaram no salão nobre do Palácio Tiradentes no dia 10. As peças musicais fizeram parte da sexta edição do projeto Música no Museu na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O projeto existe há 18 anos e leva música clássica aos principais pontos do Centro do Rio. Dessa vez, o espetáculo ficou por conta do pianista Álefy Santos, de 17 anos. Álefy começou a estudar piano aos 12 anos na Escola Municipal Maestro Heitor Villa-Lobos, em Niterói, e já participou de concertos no Teatro Municipal de Niterói com outros instrumentistas. “Essa é a minha primeira apresentação solo, e a emoção de tocar nesse espaço é muito

alta”, disse o jovem pianista. O repertório incluiu peças de Bach, Mozart, Beethoven, Franz Liszt, Francisco Mignon e Arnaldo Rebello, além das músicas-tema dos filmes Piratas do Caribe e Sherlock Holmes, escritas pelo compositor alemão Hans Zimmer. O professor Marcos Leite aposta no sucesso de seu aluno: “O progresso de Álefy é surpreendente, inclusive porque muitas peças que ele executou, como a Quinta Sinfonia de Beethoven, são de nível superior. Ele venceu as dificuldades”. Família A mãe de Álefy também acompanhou o concerto do filho emocionada: “Hoje é um dia muito especial porque ele adora tocar e é um dom. Sempre apoiei a carreira dele na música e não tiro o sonho do meu filho nunca”. Para o produtor do projeto, Fernando Costa e Silva, trazer a música para o Palácio Tiradentes representa associar a arte aos espaços públicos. “É preciso abrir caminho e momentos agradáveis para que o jovem volte a manifestar seus talentos”, afirmou.

Pintores especiais Inclusão pela Arte é o nome da exposição que será aberta no Salão Nobre do Palácio Tiradentes, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no dia 21 de setembro, quando se comemora o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A exposição, uma iniciativa da deputada Tania Rodrigues (PDT), com apoio da Subdiretoria Geral de Cultura da Casa, poderá ser vista até 28 de setembro, das 10h às 17h. A entrada é gratuita. A mostra vai contar com duas seções: obras de autoria de pintores com deficiência que utilizam a boca e pés e homenagem ao escultor e pintor Flávio Nakan (in memoriam), com dez quadros e esculturas do artista, que morreu em março deste ano. São 18 expositores da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP), sob a organização do publicitário Marcelo Cunha. (colaborou Symone Munay)


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TECNOLOGIA

! ! P A Z M U A D N MA

Serviço que já atendeu 175 mil pessoas em 14 anos, Alô Alerj expande sua atuação com conta no WhatsApp, o (21) 988904742, além do atendimento via telefone, e-mail e chat online

camilla Pontes

Informações como essas da ilustração ao lado poderão ser dadas, a partir de agora, através do WhatsApp do Alô Alerj, o (21) 98890-4742. As pessoas também poderão enviar fotos e vídeos acompanhando a sua mensagem. O serviço, que ouve a população desde 2001, recebe todo o tipo de demanda e encaminha as questões para os órgãos responsáveis. Com uma média de 100 atendimentos por dia, já atendeu 175 mil pessoas em 14 anos. Além do WhatsApp, o cidadão pode ainda falar com os atendentes do Alô Alerj via telefone 0800 022 0008, e-mail aloalerj@aloalerj.rj.gov.br e chat online, através do site www.alerj.rj.gov.br/aloalerj. Segundo o subdiretor de Informática da Alerj, Adolpho Konder, as principais ligações para o serviço são reclamações ou problemas com concessionárias de água, esgoto, luz e telefonia, além de denúncias em favor dos direitos do consumidor. “Acreditamos que os cidadãos associam o número do Alô Alerj a um número geral, porque o nosso número vem escrito nas notas fiscais dos produtos e está identificado nas placas das lojas”, explica Konder. O procedimento é o seguinte: em todos os contatos, é gerado um protocolo de atendimento – no WhatsApp, será igual. Através desse número, o usuário pode acompanhar o encaminhamento de sua solicitação. Se o usuário não for atendido na própria ligação, o pedido é encaminhado para o setor responsável, que tem 30 dias para responder. Geralmente, a resposta é feita por carta, mas, em breve, também será feita por e-mail. Funcionária do setor há 12 anos, Gisele Assemany, 48 anos, disse que há usuários conhecidos entre os atendentes por conta das inúmeras vezes que ligaram. É o caso do "sr. Eduardo", que já pediu carro fumacê, obras de saneamento e asfalto para a sua rua. Gisele conta que ele já foi atendido em diversas demandas. “Como aqui é um canal de comunicação com as comissões da Casa e as secretarias do Estado, sempre repassamos os pedidos ao órgão responsável quando não é possível resolver apenas com informação”, relata. Também há casos peculiares, como pedidos de carro, emprego e instrumentos musicais. “Informamos que a Alerj não faz doação desse tipo”, frisa Gisele. Há também denúncias de crimes, que a funcionária conta que são encaminhadas para a Comissão de Segurança da Casa.


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