Jornal Alerj 219

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JORNAL DA ALERJ A S S E M B L E I A L E G I S L AT I VA D O E S TA D O D O R I O D E J A N E I R O Ano VIII N° 219 – Rio de Janeiro, de 16 a 31 de outubro de 2010 Clarice Castro

l NESTE NÚMERO Com novidades, perfil @alerj comemora dois anos no Twitter PÁGINA 3

Lei promulgada pela Alerj permite que vans e kombis legalizadas utilizem faixas seletivas PÁGINAS 4 e 5

Gilberto Palmares fala de sua luta pela melhoria do transporte público PÁGINAS 12

Foco no Rio

Dos microfones do Plenário para os estúdios de rádio e TV: deputados aliam experiência parlamentar com rotinas como apresentadores

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les estão em toda parte. Para os deputados estaduais que se dividem entre a política e a comunicação, levar à população informação ou o conforto da fé é apenas uma extensão do papel que já lhes cabe na Assembleia Legislativa: o de porta-voz da população fluminense. De veteranos na comunicação e na política, como a deputada Cidinha Campos a estreantes em ambos, como a futura deputada Myrian Rios (as duas no PDT), são vários os casos de parlamentares que exercem as duas funções – que apontam como complementares. Uma dando sustentação ao bom desempenho da outra. Nesse número do Jornal da Alerj, conta-

mos a trajetória de deputados que trouxeram na bagagem a retórica lapidada nas TVs e rádios para exercerem com mais desenvoltura o papel de parlamentares, e também exemplo de caminho inverso, caso de Cidinha Campos, que voltou à TV após 17 anos de afastamento impulsionada pela visibilidade de seu trabalho na Alerj. “Levar aos cidadãos os problemas das cidades, tratar do cotidiano das pessoas. Isto confere credibilidade. Esses parlamentares levam vantagem sobre os demais na reafirmação constante do papel de representante da população”, aponta professor do Departamento de Sociologia e Política da Puc-Rio, Ricardo Ismael. PÁGINAS 6, 7 e 8


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Rio de Janeiro, de 16 a 31 de outubro de 2010

Consulta popular

Frases

Expediente

Rafael Wallace

l Barulho incomoda e pode prejudicar a au-

dição. Muitos brinquedos, por exemplo, emitem sons altíssimos e podem apresentar danos futuros às crianças. Existe algum projeto de lei que trate deste tema? Rebeca Mattos – Petrópolis

Marcelo Freixo (PSol), sobre a chacina que vitimou seis pessoas em São João de Meriti

Não podemos voltar ao tempo em que a defesa da honra era usada para inocentar aqueles que violentavam e assassinavam mulheres

Inês Pandeló (PT), pedindo a aplicação das punições previstas na Lei Maria da Penha

Trata-se de questão séria, que envolve milhões e milhões de reais, a tal ponto que multa virou fonte de arrecadação do município. E fonte de arrecadação para os cofres municipais, para todos nós, é, tradicionalmente, IPTU, ISS, ICMS e transferências federais. Multa não pode ser fonte de arrecadação

Luiz Paulo (PSDB), cobrando o cumprimento da lei que obriga instalação de temporizadores em sinais de trânsito que tenham pardais

siga a @alerj no www.twitter.com/alerj

Deputado André Lazaroni (PMDB)

l Os danos causados por barulho estão relacionados a dois fatores: intensidade e duração. A intensidade é medida em decibéis. Um ponto que precisa ser lembrado sobre as escalas de decibéis é que um aumento de apenas três decibéis duplica a pressão do

Presidente Jorge Picciani 1ª Vice-presidente Coronel Jairo 2º Vice-presidente Gilberto Palmares 3º Vice-presidente Graça Pereira 4º Vice-presidente Olney Botelho 1ª Secretária Graça Matos 2º Secretário Gerson Bergher 3º Secretário Dica 4ª Secretário Fabio Silva 1a Suplente Ademir Melo 2 o Suplente Armando José 3º Suplente Pedro Augusto 4º Suplente Waldeth Brasiel

Sistema de Orientação de Segurança Ao fecharem as salas aonde trabalham fiquem atentos aos aparelhos, como ar-refrigerado, computadores e copiadoras, e até mesmo às luzes. Estes equipamentos podem gerar curtos-circuitos e serem responsáveis por incêndios. No caso de alguma dúvida ou na necessidade de ajuda, procurem os seguranças, que estão treinados para colaborar.

Contatos: 2588-1471 / 2588-1543 / 2588-8437

ERRATA

É necessário investigar se essa chacina é movida pelo tráfico ou pela milícia. O que tem de menos importante é se foi ou não passional

som. Uma britadeira de 120 decibéis emite muito mais que o dobro da pressão sonora do que uma conversa normal de 60 decibéis. Normalmente não percebemos o quanto sons altos podem ser prejudiciais. Apresentei o projeto de lei 3.320/10, que obriga as empresas a informar em embalagens e propagandas de dispositivos sonoros os limites nocivos à audição. O projeto é para alertar o consumidor sobre os riscos da utilização desses aparelhos sonoros, visando uma maior saúde auditiva dos usuários.

ALERJ

AssemblEia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Na edição 218 publicamos o perfil do deputado eleito Luiz Martins (PDT) com a foto de um homônimo do mesmo partido. Eleito para a Assembleia Legislativa com 25.998 votos, Martins exercerá seu primeiro mandato como deputado estadual. Foi assessor da prefeita de Nova Iguaçu e exdeputada estadual, Sheila Gama.

Na mesma edição, citamos que o deputado eleito Gustavo Tutuca (PDT) é vereador, quando, na verdade, não ocupou o cargo na Câmara de Vereadores de Piraí

Ouça sonoras dos deputados

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JORNAL DA ALERJ Publicação quinzenal da Diretoria Geral de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Jornalista responsável Pedro Motta Lima (MT-21570) Coordenação: Fernanda Galvão e Cristiane Laranjeira Reportagem: Fernanda Porto, Marcela Maciel, Sérgio Jardim e Vanessa Schumacker Estagiários: André Coelho, André Nunes, Constança Rezende, Fellippo Brando, Gabrielle Torres, Maria Rita Manes, Paulo Ubaldino, Raoni Alves, Ricardo Costa, Thaís Mello, Thaisa Araújo Fotografia: Rafael Wallace e Clarice Castro Diagramação: Daniel Tiriba Telefones: (21) 2588-1404/1383 Fax: (21) 2588-1404 Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 CEP20010-090 – Rio de Janeiro/RJ Email: dcs@alerj.rj.gov.br www.alerj.rj.gov.br www.noticiasalerj.blogspot.com www.twitter.com/alerj http://alerj.posterous.com Impressão: Gráfica da Alerj Diretor: Octávio Banho Montagem: Bianca Marques Tiragem: 2 mil exemplares

Veja nossos álbuns do Picasa http://bit.ly/alerjpicasa


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mídias digitais

Estamos superconectados Perfil @alerj no Twitter completa dois anos com quase três mil seguidores e ajuda a divulgar as atividades da Casa e dos deputados, interagindo com a população fluminense

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A ndré Nunes

Twitter já é um fenômeno mundial. Criado em agosto de 2006, o microblog explodiu como novo serviço de troca de mensagens pela Internet. Em textos – ou tuítes – de até 140 caracteres, como os torpedos de celulares, essa ferramenta conquistou, em três anos, 6 milhões de adeptos e passou a ser utilizada não só pelos fãs de novas tecnologias digitais, mas por veículos de comunicação do mundo inteiro e por órgãos públicos para propagar com rapidez notícias e ações desenvolvidas por diversos setores. Em 31 de outubro de 2008 a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aderiu à nova onda digital com a criação de seu próprio perfil (twitter.com/alerj). A ferramenta permitiu uma comunicação ágil, objetiva e moderna com a população fluminense e os tuítes foram rapidamente integrados às atividades da Casa e de seus deputados. Também passaram a ser acompanhados por 2.582 pessoas (número de seguidores até o fim de outubro), que sugerem, comentam e elogiam os projetos, mensagens e assuntos em pauta na assembleia, divulgados por meio da rede social. Até o fim do mês, 6.151 mensagens tinham sido disparadas pelo @alerj, que está listado em 142 grupos. “Ferramentas como o Twitter já fazem parte da cultura moderna e do dia a dia da sociedade, não apenas dos jovens, como muitos pensam. A Assembleia, assim como os demais poderes e órgãos públicos, devem buscar sempre uma sintonia com a população”, afirma Pedro Motta Lima, diretor geral de Comunicação Social da Alerj. “O serviço foi rapidamente aceito pelo Parlamento fluminense devido, sobretudo, a sua capacidade de trocar informações de forma rápida. Em poucos caracteres é possível falar o essencial sobre entretenimento, cultura, trabalho e, é claro, política.”, acrescenta.

2.582 seguidores

Os seguidores enviam sugestões, comentários e opinam sobre as atividades da Casa e dos parlamentares

Mais novidades do @alerj Logo que foi criado, o @alerj era utilizado como forma de retransmitir as reportagens publicadas no site oficial da Assembleia (http://www.alerj.rj.gov.br/). Em seguida, passou a divulgar o calendário de atividades semanais da Casa, como a agenda do Ônibus da Comissão de Defesa do Consumidor, das comissões permanentes e CPIs e as datas de audiências públicas. Os seguidores também podem acompanhar, em tempo real, as votações em plenário. Esse ano, foi criada a “enquete da quinzena”, para saber a opinião da população sobre os projetos aprovados pelos parlamentares e demais assuntos em debate na Casa. Em comemoração ao segundo aniversário o @alerj está ainda mais incrementado. Seus seguidores podem conhecer as instalações do Palácio Tiradentes por meio da #VisitaTuitada, que disponibiliza fotos das dependências do palácio, de 1926. Ou até mesmo ouvir podcasts (áudios) dos programas de rádio gravados com os deputados sobre os projetos e discussões da Casa.

6.151 tuítes

142 listas

Dados apurados em 31 de outubro de 2010


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transportes

Fotos de Clarice Castro

fluir Para o trânsito

Na Alameda São Boaventura, Niterói, as vans usam a seletiva. Medida valerá para todo o estado após regulamentação do Detro

Lei promulgada em agosto passado pela Alerj permite a circulação de vans e kombis nas faixas seletivas em todo o Estado do Rio, a exemplo do que já acontece em Niterói

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Vanessa S chumacker

e

Constança R ezende

s usuários do transporte alternativo no Estado do Rio de Janeiro irão economizar mais tempo nas viagens, principalmente de ida e volta do trabalho, graças à Lei 5.801/10, de autoria do deputado Paulo Ramos (PDT), promulgada em agosto deste ano pela Assembleia Legislativa do Rio. A lei autoriza vans e kombis legalizadas a trafegarem pelas vias seletivas no Estado do Rio de Janeiro, como já é permitido aos táxis e ônibus. Segundo Ramos, que é presidente da Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Alerj, a permissão beneficiará tanto passageiros como operadores do transporte alternativo. “A norma evitará engarrafamentos e aumentará o número de viagens feitas por cada motorista, fazendo com que eles possam sobreviver da atividade. Também resolve uma injustiça com o transporte alternativo, legalizado desde 2000, em relação aos demais transportes”, afirmou o parlamentar. O comerciário Luis Antônio Alves, morador de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, usa diariamente o serviço das vans para chegar ao trabalho no Centro da cidade. Para ele, as vans são mais rápidas e confortáveis. “Sempre preferi vans ou kombis e agora que passarão a trafegar pelas vias seletivas, acredito que vou reduzir pela metade o tempo que gasto atualmente para chegar ao trabalho e voltar para casa. Isso

vai me trazer mais disposição e mais tempo para mim e para a minha família”, argumentou Alves. O presidente da Federação das Cooperativas de Transporte Alternativo do Estado (Fecotral), Vinícius Mesquita, lutava há 16 anos pela autorização das vans na seletiva. Ele acredita que a lei irá poupar, no mínimo, 30 minutos por dia de viagem na Avenida Brasil, por exemplo. “A medida irá diminuir o estresse no trânsito tanto dos motoristas, quanto dos passageiros, melhorando a qualidade de vida de todos. Além de reduzir o trânsito, já que cada veículo tem capacidade para 16 pessoas, que poderão optar igualmente entre ir de van, táxis ou ônibus”, frisou. Apesar da promulgação da lei, resta ainda aos permissionários do transporte alternativo aguardar pela regulamentação do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro). O órgão está definindo quais linhas poderão usufruir da permissão. Motoristas comemoram redução no tempo de viagem Profissionais do transporte alternativo ficaram animados com a nova norma. O motorista Reabias Gomes dos Reis enumerou os benefícios que a nova lei vai trazer tanto para os profissionais quanto para os usuários. “Certamente haverá uma redução de cerca de uma hora no meu tempo de viagem, de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, até o Centro. Hoje, sem pegar a via seletiva, levo uma hora e meia, dependendo do trânsito, até duas horas”, contou Gomes, que espera lucrar mais quando a seletiva na Avenida Brasil estiver liberada às vans. “Com a redução de tempo no trajeto poderei fazer mais viagens e com isso aumentar o meu rendimento. Estou muito animado com essa lei e sei que meus colegas de trabalho também ficarão satisfeitos”, aposta.


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Thaisa Araújo

Seletiva já funciona em Niterói

Taisa e Mariana tiveram o tempo de viagem reduzido e, com isso, ganhraram mais qualidade de vida

O motorista Reabias Gomes dos Reis aposta na redução do tempo do trajeto para aumentar o número de viagens Técnico do Detro elogia seletiva O diretor técnico operacional do Detro, João Cassimiro, enxerga melhoras no trânsito na criação do corredor metropolitano em Niterói, na região metropolitana do Rio, projeto semelhante ao criado na Alerj. A novidade já funciona desde março deste ano, quando foi inaugurado o corredor metropolitano, na Alameda São Boaventura, no bairro do Fonseca. “A experiência lá foi muito positiva. Nas vans intermunicipais foi constatada uma redução de aproximadamente 20 minutos no tempo do deslocamento. Beneficiando aos passageiros e aos próprios permissionários", afirmou Cassimiro. Engenheiro diz que medida é provisória Para o engenheiro de trânsito e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ), Abílio Borges, o tráfego pelas vias seletivas é uma solução provisória para os problemas de congestionamento. O ideal, em sua opinião, seria a normatização de todos os tipos de transporte, com a criação de novas linhas. Para o engenheiro, em vez de melhorar, a medida pode até piorar o tráfego nos locais com faixas seletivas. "Como não têm pontos e horários de parada, as vans podem tumultar as vias seletivas", conclui.

ENQUETE Você acha que o fato de vans e kombis poderem trafegar pelas vias seletivas diminuirá o tempo de viagem ou tornará o trânsito mais tumultuado? Para votar na próxima enquete, basta acessar www.noticiasalerj.blogspot.com

70%

30%

Diminuirá o tempo de viagem

O trânsito ficará mais tumultuado

Proposta semelhante à lei do deputado Paulo Ramos funciona com sucesso em Niterói, na região metropolitana do Rio. Implantado em março deste ano, o corredor metropolitano da Alameda São Boaventura, no Fonseca, agradou motoristas, proprietários de vans e principalmente usuários do transporte alternativo. Pela alameda circulam diariamente 270 ônibus e 1.830 veículos nos horários de pico, mas somente os coletivos, táxis e vans podem trafegar pelo corredor – uma faixa localizada no lado esquerdo das duas pistas da via. Quem desrespeitar a faixa, pode ser multado, como acontece na seletiva da Avenida Brasil. A estudante de Direito, Mariana Sattamini, mora em Maricá e estuda no Centro de Niterói. Costumava levar até duas horas no mesmo percurso que, hoje, faz na metade do tempo. “Foi um enorme avanço para o trânsito na região e para a população que faz o trajeto. Além de poder dormir mais pela manhã, também chego em casa mais cedo e consigo ter mais tempo para estudar”, comemora. Para Taisa Moreira de Assunção, estudante de Pedagogia no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em São Gonçalo, a medida trouxe economia e conforto. “Minha qualidade de vida melhorou muito. Antes ficava muito mais cansada e estressada com o trânsito. Agora, com o bilhete único e o corredor metropolitano, gasto menos e tenho muito mais conforto”, avalia. O motorista da van que faz a linha Maricá-Niterói, Hermes Matos Barbosa, confessa que, no início, fez críticas à mudança. Com o passar do tempo percebeu a melhora no tráfego na alameda. Agora, faz coro à fala das estudantes. “No primeiro dia de funcionamento, a nova conexão deixou o trânsito engarrafado até a RJ -104 na altura de Tribobó, em São Gonçalo, mas depois os motoristas foram se acostumando ao novo sistema. Sete meses após o funcionamento o que vejo é o usuário satisfeito e menos estressado”, avaliou Barbosa.


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Dos estúdios a capa

Clarice Castro

Deputados comunicadores conciliam a vida parlamentar com as lentes e os microfones em seus programas de rádio e TV

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M aria R ita M anes , Paulo Ubaldino, R icardo Costa

m toda a sua trajetória profissional, que começa muito antes do seu ingresso na política, a deputada Cidinha Campos (PDT) sempre foi uma combativa comunicadora, destemida e intransigente na defesa da população. E é voltando às suas origens, após 17 anos longe da telinha, data que deixou seu último programa, que Cidinha reestreou na televisão no último dia 18. “Voltar à mídia depois de todo esse tempo foi uma surpresa enorme tanto para população quanto para mim. Eu não contava mais em fazer televisão depois de quase vinte anos sem exercer a profissão. Agora com 68 anos aceitei mais esse desafio de voltar as minhas origens”, afirmou Cidinha, que pode ter sua habilidade como repórter conferida no documentário nacional Uma noite em 67, sobre os bastidores do festival de música da TV Record daquele ano – que esteve em cartaz há alguns meses atrás. No novo programa, Cidinha Livre, que vai ao ar na Band diariamente, das 13h às 14h, a parlamentar pretende tratar de temas como polícia, política e entretenimento, abordando as principais notícias da cidade com uma mistura de jornalismo e entretenimento. E as notícias serão comentadas pela comunicadora. “Não hesitarei em emitir minha opinião sobre qualquer assunto, doa a quem doer”, frisou, afirmando que também tratará de temas comuns ao Parlamento. “Pretendo usar o espaço do programa para informar sobre assuntos rele-

vantes acontecidos na Alerj, como, por exemplo, uma votação de projeto de lei importante. Temos que estar no Legislativo, Executivo, Judiciário, na rua, enfim, não só na Alerj. Sempre que decisões que envolvam o Estado do Rio forem tomadas, serão noticiadas e argumentadas por mim”, anunciou a pedetista, que se viu transformada em fenômeno na internet pelos milhares de acessos a vídeos em que fazia denúncias no plenário da Casa – devidamente registradas pela TV Alerj (Canal 12 da Net). De temática semelhante, o programa Eu & você é apresentado pelo deputado Gerson Bergher (PSDB) na CNT, às 12h de domingo. A partir da próxima semana, o programa de variedades será novamente transmitido pela TV Alerj, às 21h, nas terças-feiras. “Aproveitamos para tratar também de temas políticos com os quais lidamos”, afirma Bergher. Outra figurinha tarimbada na telinha e no plenário é o carismático Wagner Montes (PDT). Recorde de votos na história do Estado do Rio de Janeiro com mais de meio milhão de eleitores, ele comanda de forma irreverente o programa Balanço Geral, que vai ao ar de segunda à sexta, das 12h às 13h30, pela Rede Record de Televisão. Na televisão, o parlamentar cobra das autoridades a resolução dos problemas mais comuns da cidade e do estado, como saúde e segurança pública. Ele acredita que essa enxurrada de votos aconteceu por conta de seu programa. “Acho que 70% desses votos eu devo à televisão. Sem dúvida nenhuma, veio das pessoas que me assistem, que conhecem meu trabalho, minha dignidade, meu caráter e também pelo mandato que levo muito a sério”, afirma ele, que adotou na campanha o bordão “Escracha!”, criado para a TV. “Por onde eu passo o pessoal fala ‘Escracha!’. Começou numa brincadeira e hoje está na boca do povo. Estou pensando em lançar mais dois novos: o ‘Arregaça’ e o ‘Pra cima deles!’”, ri. Montes também afirma que as duas funções são comple-


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ao Parlamento Rafael Wallace

mentares. Segundo ele, ambos prestam serviço à população, mas com uma diferença: o alvo. “Consigo assimilar as duas coisas com tranqüilidade. Além de informar, o meu programa tem muita utilidade pública. A maior diferença é que aqui, no programa, eu falo para mais de três milhões de pessoas por dia. Então, o pau canta. Na Alerj, não consigo atingir tanta gente, mas tenho o mesmo dever que na TV. Eu sou um cobrador de responsabilidade pelo povo”, conclui. Mais contido no trabalho na televisão, onde está há oito anos, o deputado Edino Fonseca (PR) é rodeado pela esposa e pelas filhas na apresentação do programa Despertando a fé, que vai ao ar na Band aos sábados, das 9h30 às 10h. No programa, que tem a fé como tema, “independente da religião a ser seguida”, o parlamentar também trata de temas em discussão na Alerj. “Não costumo misturar os assuntos da Casa com os do programa, até porque meu enfoque na televisão é outro. Porém, quando há algo que eu considere importante eu falo no programa, sim. Também é bom ter esse tipo de atitude porque vemos a interação do público por meio de emails e ligações para darem suas opiniões. Um bom exemplo disso foi quando quiseram criar a delegacia especial para homossexuais. Eu era completamente contra porque, para mim, eles são pessoas normais e, por isso, não precisam de um tratamento diferenciado. Eles não lutam tanto pela igualdade? Então, uma delegacia especial seria um tipo de discriminação”, exemplificou Fonseca. Para o analista político Ricardo Ismael, os políticos com programas na TV ou rádio acabam levando vantagem sobre os demais na solidificação de uma imagem como defensores dos interesses da população. “Quem está nos meios de comunicação fora do período eleitoral ganha uma visibilidade preciosa”, afirma. “Sobretudo quando o espaço é ocupado com a defesa de interesses comuns”, exemplifica. (colaborou Fernanda Porto)

Clarice Castro

Wagner Montes no Balanço Geral, da Record, Cidinha Campos apresenta o Cidinha Livre, na Band, e Pedro Augusto comanda seu programa na Rádio Tupi

Atuação também nas ondas do rádio Saindo da TV e indo para o rádio encontramos outro campeão de audiência e de votos. Radialista há 32 anos, o deputado Pedro Augusto (PMDB), a exemplo dos outros, também alia política com a comunicação de massa. Fora do Legislativo, Augusto é conhecido pela devoção a Nossa Senhora Aparecida. Ele chega a promover anualmente caravanas à Basílica de Aparecida, em São Paulo. Segundo o deputado, nem sempre o fato de ser uma pessoa pública garante eleição. “Acho que depende muito. Não adianta você ser um homem do rádio, por exemplo, fazer sucesso e não desenvolver um trabalho fora dele. Conheço pessoas que eram do rádio e não conseguiram se eleger”, ressalta o parlamentar. “O rádio é o grande amor da minha vida e também a razão pela qual me tornei um político, um deputado”, afirma. O programa Show do Pedro Augusto, que vai ao ar pela Rádio Tupi (1280 AM / 96,5 FM) desde 1991, de segunda a sábado, das 13h às 15h, é o programa de rádio mais ouvido no Brasil, segundo o Ibope, chegando a atingir cerca de 400 mil ouvintes por minuto. Colega de partido do radialista, o deputado Fábio Silva (PR) trilha caminho igualmente bem sucedido no rádio, embora com uma temática mais religiosa que política. Ele apresenta na Rádio Melodia (97,5 FM) o programa Grande Parada, com as trinta músicas mais pedidas da semana. O programa vai ao ar aos domingos, às 12h. Ele também comanda inserções com a programação nas igrejas, chamado Pelas Igrejas.


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capa

l Para deputados, trabalho nos microfones complementa atuação na Casa

Fotos: Rafael Wallace

“Acho que meu trabalho como apresentadora caminha lado a lado com o de parlamentar. Vejo meu programa na TV como uma forma de conhecer e enfrentar as dificuldades da cidade. Na Alerj, procuro apresentar formas de resolvêlos, na sua maioria por minha atuação à frente da Comissão de Defesa do Consumidor. Me convenci de que tenho muito para acrescentar na televisão brasileira”

“Tenho usado a televisão, há mais de 35 anos, como médico, para mostrar os cuidados com a saúde do ser humano, diante das doenças, e, como político, mostrar os erros dos seres humanos, para que caminhem para o entendimento. A TV deve ser responsável por apresentar fatos e opiniões, e também por ouvir o contraditório, que muitas vezes permanece omisso”

“O povo do Rio de Janeiro merece tudo e mais um pouco, de cada um dos senhores deputados que foram eleitos. O meu desejo é que todos tenham o maior sucesso e que procurem honrar esses votos, fazendo alguma coisa por esse povo tão sofrido, tão descrente, mas muito querido por todos nós. Precisamos, de alguma maneira, levar a paz a todos os moradores do estado”

“A Casa nunca influenciou no meu comprometimento e proposta com o programa, mas é inevitável que algumas das questões relacionadas ao Parlamento, que eu considere relevantes para a preservação da família, sejam tocadas dentro de um contexto abordado. Acredito, inclusive, que quando isso ocorre, aumenta a interação dos telespectadores com o programa”

Deputada Cidinha Campos (PDT)

Deputado Gerson Bergher (PSDB)

Deputado Pedro Augusto (PMDB)

Deputado Edino Fonseca (PR)

Myrian Rios quer levar para a TV debates travados na Alerj Divulgação

Com uma notoriedade conquistada em 35 anos de televisão, Myrian Rios (PDT) irá conciliar, a partir de fevereiro, sua estreia na vida política com o trabalho no programa Porta a Porta, no canal da comunidade católica Canção Nova. Ela é âncora do programa, exibido no canal 24 da Sky e replicado no rádio, 1060 AM, segundasfeiras às 12h, e terças e sextas às 20h. Para Myrian, o programa – que atualmente tem o objetivo de evangelizar pessoas e mostrar testemunhos daquelas que encontraram alento no trabalho da comunidade paulista Canção Nova – poderá receber influência de sua atuação na política. “Embora eu não tenha abertura para falar sobre projetos de lei na TV, acredito que a política está em todos os temas que interessam aos nossos telespectadores e ouvintes. Está no prato de arroz e feijão na mesa da população e na escola de nossos filhos. Então, vou levar assuntos como condições de trabalho, de educação, de alimentação, sem citar projetos de lei”, afirma.

Missionária há oito anos, Myrian credita seu interesse pela política ao trabalho social que desenvolveu durante esse período na comunidade católica. Ela conta que pouco depois de entrar no grupo assumiu o papel de madrinha das obras sociais, como o posto médico, a escola e um lugar que serve de abrigo aos andarilhos da Via Dutra. Durante visita da primeira dama do estado, Adriana Ancelmo, ao abrigo, Myrian foi convidada para exercer um trabalho semelhante junto aos internos do Degase, em Bangu. “Foi quando eu passei a ter contato com as necessidades das pessoas. Como missionária, fazia orações, pregava a palavra de Deus, ouvia as queixas e tentava ajudar de alguma maneira. Mas percebi, que, como parlamentar eu poderia ir além”, contou a deputada eleita, explicando que, logo depois, recebeu convite da assessoria do ministro e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para ingressar no partido. (Fernanda Porto)


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ORÇAMENTO

Rafael Wallace

Contas em dia A comissão aprovou as contas do TCE por unanimidade. Já as contas do Governo receberam um voto contrário e outro em separado

Contas do Governo e do TCE são aprovadas na Comissão de Orçamento e seguem para avaliação em Plenário

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F ernanda Porto

Comissão de Orçamento, Fiscalização Financeira e Controle da Alerj aprovou, no dia 27, os pareceres favoráveis do relator, deputado Edson Albertassi (PMDB), às prestações de contas do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do governador Sergio Cabral Filho referentes ao ano passado. Os ofícios serão transformados em decretos legislativos e incluídos na pauta de votação. “As contas do TCE não suscitaram nenhuma pergunta, não houve qualquer dúvida. Foram aprovadas. O material enviado pelo Poder Executivo gerou algumas questões de deputados da oposição, que, na minha opinião, são contribuições para o processo e auxiliam na eficácia do trabalho da comissão”, afirma o parlamentar, que é presidente da comissão, função da qual se afastou para relatar os projetos. Albertassi aposta que as contas serão aprovadas sem dificuldade. “A Assembleia

está antenada com o que a população do Rio apontou, ao eleger o governador com 66% dos votos. Isso aconteceu porque ele gerenciou bem o Estado. São políticas inovadoras, sobretudo nas áreas de Segurança e Saúde. Temos agora a condição de somar, para que em 2011 a execução seja ainda melhor”, afirmou. As contas do TCE foram aprovadas por unanimidade, com cinco votos, enquanto as do governador receberam um voto contrário, do deputado Alessandro Molon (PT), e um favorável com restrições, do deputado Luiz Paulo (PSDB). Ambos questionaram procedimentos adotados na pasta de Saúde. Molon, que chegou a elogiar a inclusão do valor transferido pelo Estado ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) na base de cálculo da Receita, criticou a inclusão de verbas para Farmácia Popular e Programa de Suplementação Alimentar na função Saúde, o que, segundo ele, falseia a meta de 12% de gastos dessa área, determinados em lei. “E estes programas não podem ser incluídos por não serem universais e gratuitos”, alegou ele, que também citou exemplos da mesma prática na educação. Já Luiz Paulo queixou-se

da não aplicação da Lei 4.928/06, de sua autoria, que defende o uso do Registro de Preços de Medicamento Hospitalar para a aquisição de remédios em larga escala pelo estado. “Isto, inclusive, poderia gerar uma adesão dos municípios e tornar os medicamentos mais baratos”, afirmou o parlamentar, que teve o apoio de Albertassi e do líder do Governo, deputado Paulo Melo (PMDB), nessa defesa. Presente à audiência, o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa, minimizou a critica dizendo que o sistema de Registro de Preços já é utilizado pelo Governo na aquisição de diversos produtos. “Não há discordância em relação a essa proposta e o que já vem sendo feito pelo Governo”, afirmou ele, que explicou que apenas 3% das compras da Secretaria de Saúde são feitas com dispensa de licitação. Também estiveram presentes à reunião o presidente do TCE, José Maurício Nolasco, que apresentou aos parlamentares o relatório sobre o uso dos R$372 milhões da dotação orçamentária para o órgão em 2009, o secretário de Estado de Fazenda , Renato Villela, e o deputado Altineu Cortes (PP). O Orçamento do Governo do estado em 2009 foi de R$46, 6 bilhões.


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l curtas Apaes A Comissão de Educação da Alerj vai apresentar uma emenda ao Orçamento estadual para 2011 com o objetivo de garantir maior repasse de verbas para as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) do estado. Foi o que anunciou o presidente do colegiado, deputado Comte Bittencourt (PPS), durante audiência pública no dia 27. “Este é um tema que precisa ser aprofundado. Por isso, o colegiado vai apurar mais dados junto às 62 Apaes existentes no estado, para que possamos trabalhar de forma propositiva em prol dessas associações. Precisamos saber como estão os repasses feitos pelas prefeituras para as Apaes. Vamos apresentar as emendas, mas lembramos que a execução das mesmas depende do Poder Executivo”, esclareceu o parlamentar.

Fórum Os membros do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro apoiaram, no dia 26, a criação da Rede de Formação Profissional Tecnológica Continuada, proposta que prevê a implantação de um sistema, em forma de portal na internet, em prol da formação e qualificação de mãode-obra eficiente, para suprir as necessidades do estado. A iniciativa partiu do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, presidido pelo presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB). "Esse portal vai disponibilizar os conteúdos de formação para o trabalhador. O acesso será gratuito e disponível a qualquer pessoa que se interesse por se capacitar. Hoje apresentamos aos conselheiros uma iniciativa que está sendo construída e que precisa da participação do Estado", comentou a secretária executiva do Fórum, Geiza Rocha. "Até o final do ano o portal deve estar no ar, ainda para testes, mas já com os conteúdos disponibilizados. No ano que vem já deve estar funcionando normalmente", completou.Segundo a secretária do Fórum, a participação do Conselho Estadual de Educação é importante porque um dos objetivos da rede é capacitar os alunos que se formam no Ensino Médio, com vistas ao primeiro emprego.

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direitos humanos

Exame em xeque Necessidade de laudo criminológico, feito por psicólogos, foi debatida em audiência na Casa

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M arcela M aciel

importante que qualquer lei”, destacou o parlamentar. Segundo o representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ivan Vieira, a responsabilidade na decisão não pode ser transferida para os psicólogos. A sentença não pode apenas ficar restrita à avaliação da perícia criminológica. Para a representante do Conselho Regional de Psicologia (CRP) Márcia Badaró a questão é ética. “Não é mais possível acreditar em um instrumento onde a gente diga se alguém vai voltar a delinquir. Não temos bola de cristal”, queixou-se Márcia. O argumento dos psicólogos é compreendido pelo defensor público Leonardo Guida, que também lembra da importância do exame criminológico. “Consigo entender as razões dos profissionais, mas não podemos abrir mão de um instrumento que nos permite ter um acesso mais ágil à liberdade dos nossos assistidos”, ressaltou. Juiz titular da Vara de Execuções Penais, Carlos Augusto Borges destacou que o mérito da questão não é dado sobre o bom comportamento mas, sim, sobre a sua capacidade de ressocialização.

sicólogos, defensores públicos, promotores e juízes têm debatido a realização do exame criminológico, feito para avaliar a personalidade do criminoso, sua periculosidade, eventual arrependimento e a possibilidade de voltar a cometer crimes. Embora não seja mais obrigatório para a progressão de regime, após a Lei 10.792/03, que alterou a Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), a mudança gerou diferentes interpretações acerca do exame. “O próprio Plano Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário, já adotado pelo Estado do Rio, entende que não é função do psicólogo fazer o exame, assim como o Conselho de Psicologia também entende não ser ético. No entanto, com as decisões judiciais, em consequência do pedido frequente de defensores, promotores e juízes, daqui a pouco teremos psicólogos presos por tentarem ser éticos”, Fellippo Brando constatou o presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo (PSol). Para discutir esta situação, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio realizou uma audiência no dia 26 onde foi criado um grupo de trabalho para debater a realização de exames criminológicos no sistema prisional. De um lado, foram ouvidos profissionais que não sentem segurança para Marcelo Freixo mediou a discussão acerca do exame dar um parecer quanto à recuperação ou não dos presos e, de outro, os que defendem a neO representante do Ministério da Saúcessidade de uma conclusão psicológica de Martinho Braga Batista explicou que para a decisão de benefícios garantidos, o Estado do Rio aderiu ao Plano Nacional em diferentes casos, às pessoas em privade Saúde do Sistema Penitenciário em ção de liberdade. Freixo ressaltou ainda 2004. “O plano visa garantir a inclusão das que os conselhos regionais devem ser pessoas recolhidas em estabelecimentos responsáveis por orientar os profissionais. prisionais nas ações de promoção e aten“Eles existem exatamente para isso, até ção à saúde, preconizadas pelo Sistema por uma questão ética, que é muito mais Único de Saúde (SUS)”, explicou.


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CUMPRA-SE

Clarice Castro

O deputado Carlos Minc levou a questão dos alunos da rede federal de ensino ao conhecimento do secretário Julio Lopes

Passe livre em pauta Lei que garante gratuidade em ônibus para estudantes da rede pública foi discutida em reunião de Comissão

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André Coelho

roblemas relatados por alunos, pais e diretores de instituições federais de ensino em relação ao descumprimento da Lei 4.510/05, a chamada Lei do Passe Livre, serão solucionados ainda em novembro. O acordo foi feito em uma reunião organizada pelo presidente da Comissão Especial pelo Cumprimento das Leis da Alerj, deputado Carlos Minc (PT), com o secretário de Estado de Transportes, Júlio Lopes, no dia 28. O encontro contou, ainda, com a presença de representantes das empresas de ônibus, da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), de diretores de escolas e também do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro). “Não se trata de achar culpados, mas de dialogar e normatizar o cumprimento de uma lei.

É do interesse de todos nós que o aluno chegue à escola”, ressaltou o deputado. Júlio Lopes afirmou que sua secretaria vai trabalhar em parceria com a Seeduc. “O Detro vai fiscalizar o respeito a este direito dos estudantes”, garantiu. Segundo Minc, o desrespeito a esta lei não é generalizado. “Ele se concentra em algumas empresas, e principalmente nos ônibus intermunicipais”, relatou. Subsecretário de Estado de Educação, Sérgio Mendes disse que a Seeduc não tinha a informação de que deveria fazer o cadastro dos estudantes das escolas federais para repassá-lo às empresas para a confecção do cartão, que garante o direito. “Vamos repassar estas informações às empresas assim que as recebermos dos colégios federais”, prometeu. O próreitor de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado (IFRJ), Luiz Edmundo Vargas, e o diretor do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-RJ) de Nova Iguaçu, Luciano Constantin, comprometeram-se a enviar a listagem completa de seus alunos.

Representante da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado (Fetranspor), Edmundo Fornasari garantiu que os cartões de gratuidade começarão a ser confeccionados assim que a Seeduc repassar os dados sobre os estudantes das escolas técnicas federais. “Os cartões demoram cerca de 10 dias úteis para ficar prontos, pois é preciso que o aluno vá até um posto de cadastramento da Fetranspor para tirar a foto e pedir o cartão”, explicou. Dentro deste prazo, foi acordado entre os diretores, secretarias, deputado e empresas, que os alunos poderão circular nos ônibus uniformizados e apresentando a carteira de estudante de seu colégio.Para Ângela Saraiva, mãe de uma aluna do IFRJ de Nova Iguaçu, o acordo foi positivo. “Minha filha estava passando constrangimento no ônibus porque não tinha o cartão. Acho que esta reunião vai resolver o problema. Espero que ela não tenha mais que passar por isso”, relatou.


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l ENTREVISTA

gilberto palmares (PT) Thaisa Araújo

‘Os idosos são a faixa etária que mais cresce e terão atenção especial’

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R icardo Costa

eeleito para seu terceiro mandato, o deputado Gilberto Palmares (PT) ergue a bandeira da melhoria do Transporte Público em seus projetos e discussões na Alerj. Criou e presidiu a CPI das Barcas, motivada pelo acidente na rampa do cais de Paquetá. “Deste trabalho surgiram várias propostas, como o retorno das barcas de madrugada e a redução do valor das passagens”, disse o parlamentar, explicando que sua reeleição para a Casa Legislativa não se deve apenas à sua atuação na CPI. Autor de várias leis ligadas à Defesa do Consumidor, Palmares também é coordenador da Escola Legislativa e está à frente das principais propostas voltadas para cidadania e educação. “Luto pela igualdade e transformação social do País e tenho consciência de que é através de políticas públicas de cultura, educação e formação política de jovens e adultos que se alcança a verdadeira cidadania”. O que o senhor pode destacar como resultado da CPI das Barcas? As barcas ainda estão longe de funcionar corretamente. Porém, o pouco que caminhou se deve, efetivamente, ao trabalho da CPI. O serviço é privatizado desde 1998, ou seja, são 12 anos, e só agora ouvimos falar em redução de tarifa em vez de aumento. No relatório final da CPI tem um artigo em que denunciamos os aumentos abusivos que vêm sendo praticados neste meio de transporte. Também é fruto do trabalho da CPI a lei aprovada no ano passado, que exige que o reajuste seja definido pela Agetransp, que deve informar antes à Alerj todos os indicadores utilizados. O que ainda tem sido questionado pelo senhor sobre as barcas? Para Cocotá eles querem aumentar a tarifa de R$ 3,40 para R$ 3,90, o que corresponde a 13%. Vamos contestar, porque duvido que consigam provar a legalidade deste aumento com a inflação abaixo de 5%. Em relação às barcas da madrugada,

entre meia noite e 5h, a emA reeleição foi o reconhepresa tirou de circulação. Nós cimento de seu trabalho? denunciamos o caso porque o Sim. A CPI das Barcas foi um contrato prevê que as barcas elemento importante, mas não funcionem 24 horas por dia. atribuo apenas a ela. Neste Fomos às ruas de madrugada mandato consegui aprovar e provamos que existem pasuma série de projetos de lei sageiros que necessitam desque tiveram efeito na vida te transporte nestes das pessoas. horários. Com apoio Fui o autor A chegada de da Comissão de Denovos parlamentares da lei que fesa do Consumidor, reduz o vajovens é importante entramos na justiça lor do IPVA para traduzir a e conseguimos que diversidade de ideias para carros a barca da madruflex. O carentre os jovens e os gada voltasse a funro movido a mais experientes cionar. álcool, que é um comQuais as expectativas e bustível renovável, menos poplanos do senhor para o luente, tem o valor de IPVA próximo mandato? igual a 2% e a gasolina de Pretendo dar continuidade aos 4%.A lei estadual deste titrabalhos já realizados aqui, po de imposto era anterior como a luta na área de transa existência dos carros flex. porte. Na saúde, continuaApresentamos a proposta de rei brigando para tirar o Rio um valor intermediário, que desta posição de estado com foi aprovado, e assim houve maior número de mortes por a redução para 3%. tuberculose. Também tenho a intenção de tratar de alguns Qual a expectativa quanto temas novos, como os apoà estrutura da Casa com os sentados e a previdência. Os novos deputados? idosos são a faixa etária que Uma das características do mais cresce no País e darei Poder Legislativo é que ele atenção especial a eles. tem que expressar a diver-

sidade da sociedade através de cada deputado, que são de distintas regiões, profissões, gênero, áreas de atuação e faixas etárias, como veremos fortemente no próximo mandato na Alerj. A chegada de novos parlamentares é importante para traduzir a diversidade de ideias entre os jovens e os mais experientes. Como o senhor acredita que a internet colaborou para a reeleição? Notei muita diferença no uso da internet em beneficio da campanha, principalmente no uso das redes sociais e blogs. Eu sou tuiteiro assumido. Adotei essa como forma mais regular de comunicação em meu gabinete e chamamos de Informe Palmares. A cada 15 dias soltamos um informativo eletrônico e repassamos para uma rede de cerca de cinco mil pessoas cadastradas. Na questão das barcas um dos instrumentos que a gente mais utilizou para receber reclamações e sugestões da população foi exatamente o email que criamos para CPI.



Encarte especial

Novas caras do P Clarissa Garotinho (PR) Quinta deputada mais votada desta legislatura, com 118.863 votos, Clarissa exerce mandato de vereadora no Rio de Janeiro e é filha do exgovernador e deputado federal eleito Anthony Garotinho (PR-RJ).

Alexandre Corrêa (PRB) Pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, Corrêa é estreante no Parlamento estadual e nunca exerceu cargos eletivos. Ligado ao senador reeleito Marcelo Crivella (PRB-RJ), ele foi eleito com 112.676 votos.

Rafael Picciani (PMDB) Filho do presidente da Alerj, Rafael também é estreante no Parlamento estadual. Presidente da Juventude do PMDB, foi o terceiro mais votado do partido, com 96.034 votos. Antes de ser eleito, atuava como empresário.

Miguel Jeovani (PR) Empresário do ramo de supermercados radicado em Araruama, cidade da Região dos Lagos. Nunca exerceu cargos eletivos. Miguel Jeovani faz sua estreia no Parlamento após receber 44.135 votos.

Gustavo Tutuca (PSB) Filho do prefeito de Piraí, Arthur Henrique, o Tutuca. Estreante na Assembleia Legislativa, também atuou como secretário municipal de Administração. Recebeu 44.015 votos e pretende lutar pela inclusão digital.

Bernardo Rossi (PMDB) Bacharel em Direito e vereador em Petrópolis por dois mandatos, é atualmente o presidente daquela Casa legislativa. Vai exercer seu primeiro mandato como deputado estadual, após receber 43.607 votos.

Waguinho Sempre Juntos (PRTB) Vereador e expresidente da Câmara de Belford Roxo, Waguinho irá exercer seu primeiro mandato como deputado estadual, após receber 34.820 votos.

Aspásia Camargo (PV) Vereadora do Rio de Janeiro por dois mandatos, será seu primeiro como deputada estadual. É professora universitária e pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas.

Roberto Henriques (PR) Ex-vice prefeito de Campos dos Goytacazes e ex-secretário de Governo daquele município. Em seu primeiro mandato como deputado estadual, Henriques foi o mais votado na cidade

Nilton Salomão (PT) Irá exercer seu quarto mandato na Casa, após receber 31.249 votos. Na última legislatura, foi suplente da sua coligação. Tem base política em Teresópolis, e é autor de leis voltadas para a terceira idade.

Zaqueu Teixeira (PT) Delegado, foi chefe de Polícia Civil durante a gestão de Benedita da Silva no Governo estadual. Irá exercer seu primeiro mandato, após receber 30.583 votos. É representante do município de Queimados.

José Luiz Nanci (PPS) Médico anestesiologista, está em seu quinto mandato como vereador no município de São Gonçalo, com atuação voltada para a Saúde. Irá estrear no Parlamento fluminense, após receber 28.798 votos.

Átila Nunes (PSL) Irá exercer seu 11º mandato – esteve na Casa na última legislatura como suplente. Tem atuação voltada para questões de consumidor e para defesa de religiões espiritualistas.

Enfª Rejane (PCdoB) Vice-presidente do Conselho Regional de Enfermagem, foi presidente do Sindicato dos Enfermeiros e diretora da CUT. É sua estreia na Alerj com 21.033 votos. Pretende atuar em favor de sua categoria profissional.

Thiago Pampolha (PRP) Mais jovem parlamentar da nova legislatura. Estreante na política, Pampolha recebeu 19.329 votos. É comerciante, e tem sua base eleitoral na Zona Oeste da capital, em bairros como Bangu e Santa Cruz.


O mais votado

Encarte especial

Parlamento

Samuel Malafaia (PR) Irmão do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, foi deputado estadual durante o mandato 2003-2007, quando foi corregedor da Casa. Foi eleito para os próximos quatro anos com 134.515 votos.

Lucinha (PSDB) Exercendo seu quarto mandato como vereadora na capital, para o qual foi a mais votada da cidade, a tucana estreia no Parlamento fluminense, com 67.035 votos. Tem reduto eleitoral na Zona Oeste do Rio.

Andreia do Charlinho (PDT) Mulher do prefeito de Itaguai, Charles Busatto, o Charlinho. Atuou como secretária de Educação no município. Foi eleita com 62.599 votos, a terceira mais votada do seu partido.

Rafael do Gordo (PSB) Vereador em São Gonçalo, é filho de Eduardo Gordo (PTdoB), seu colega na Câmara Municipal daquele município. Rafael chega à Assembleia Legislativa após receber 55.831 votos.

Márcio Pacheco (PSC) Cantor, advogado e ligado à Igreja Católica, Márcio Pacheco é vereador do Rio de Janeiro, onde atuou como presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Recebeu 39.537 votos.

Ricardo Abrão (PDT) Chega à Alerj para exercer seu segundo mandato como deputado estadual – cargo que ocupou no mandato 2003-2007. É filho do ex-prefeito de Nilópolis, Farid Abrão David. Teve 37.742 votos.

Marcus Vinícius (PTB) Presidente estadual do PTB, irá exercer seu segundo mandato – nesta legislatura ocupou uma cadeira como suplente. Com base em Petrópolis, é genro do ex-deputado federal Roberto Jefferson.

Felipe Peixoto (PDT) Vereador em Niterói por três mandatos, atualmente atua como líder do seu partido naquela Casa legislativa. Em sua estreia no Parlamento fluminense, obteve nas urnas 32.855 votos.

Samuquinha (PR) Estreante na Assembleia Legislativa do Rio, Samuquinha já exerceu, por três vezes, mandato de vereador no município de Duque de Caxias. Nestas eleições, conquistou 32.563 votos.

Claise Maria Zito (PSDB) Mulher do prefeito de Duque de Caxias e exdeputado estadual José Camilo Zito, Claise nunca exerceu cargo eletivo. Recebeu 33.664 votos na sua estreia no Parlamento.

Bebeto (PDT) Ex-jogador de futebol, tetracampeão do mundo em 1994 e baiano de nascimento, Bebeto irá exercer seu primeiro mandato como detentor de cargo eletivo. Ele obteve 28.328 votos.

Luiz Martins (PDT) Eleito para a Assembleia Legislativa com 26.002 votos, onde exercerá seu primeiro mandato como deputado estadual. Foi assessor da prefeita de Nova Iguaçu e exdeputada estadual Sheila Gama.

Myrian Rios (PDT) Atriz e apresentadora de programas de rádio e TV na emissora católica Rede Canção Nova, Myriam Rios recebeu 22.169 votos para seu primeiro mandato como deputada estadual, e vai atuar pela educação.

Xandrinho (PV) Advogado e vereador em Nova Iguaçu por três mandatos. Nesta última legislatura atuou como líder do Governo durante o mandato do ex-prefeito e senador eleito Lindberg Farias (PT-RJ). Foi eleito com 16.151 votos.

Rosângela Gomes (PRB) Vereadora em Nova Iguaçu por dois mandatos, onde foi presidente da Comissão dos Direitos da Mulher. Para seu primeiro mandato como deputada estadual teve 10.586 votos.

Janira Rocha (PSol) Servidora do INSS, estudante de Direito e membro do Sindsprev, é uma das fundadoras do seu partido no estado. Ligada à ex-senadora Heloísa Helena, pretende trabalhar por jovens de comunidades carentes.


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